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Marcello Lopes dos Santos
Finanças:fundamentoseprocessos
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Finanças: fundamentos
e processos
Finanças: fundamentos
e processos
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-7638-772-5
Finanças: fundamentos
e processos
Autor:
Marcello Lopes dos Santos
2008
Sumário
Demonstrações Contábeis | 9
Introdução | 9
Elaboração e divulgação das Demonstrações Contábeis  | 10
Importância da divulgação das Demonstrações Contábeis para os usuários da Contabilidade | 15
Balanço Patrimonial | 19
Conceito | 19
Estrutura | 19
Ativo | 20
Passivo | 22
Demonstração do Resultado do Exercício | 24
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados | 25
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido | 25
Introdução e conceitos de custos fixos e variáveis | 29
Introdução | 29
Conceito de custo direto e indireto, fixos e variáveis | 32
Classificação dos custos: fixos e variáveis | 33
Análise de indicadores de desempenho | 37
Introdução | 37
Análise horizontal (evolução) | 39
Análise vertical (participação) | 39
Análise de índices | 40
Sistemas de custeamento | 55
Introdução | 55
Departamentalização | 56
Classificação dos sistemas de custeios | 58
Sistema de custeamento II | 65
Custeio por absorção | 65
Classificação dos custos em diretos e indiretos | 66
Custos fixos e variáveis | 67
Custeio Baseado em Atividades (abc) | 67
Implantação de um sistema de custos | 69
Orçamento, provisões e reservas financeiras | 73
Introdução | 73
Conceitos e tipos de orçamento | 75
Organização e processo de elaboração | 76
Itens de um orçamento | 77
Estrutura do plano orçamentário | 77
Orçamento por atividades | 78
Elaboração do orçamento | 78
Ponto de Equilíbrio | 83
Conceituação | 83
Conceitos pertinentes ao Ponto de Equilíbrio | 84
Tipos de Ponto de Equilíbrio | 85
Elementos envolvidos na determinação do Ponto de Equilíbrio | 87
Determinação do Ponto de Equilíbrio de Mercado | 88
Administração do capital de giro e análise das fontes de recursos | 91
Introdução | 91
Decisão de investimento | 92
Administração do capital de giro | 93
Fontes de financiamento de curto prazo | 94
Análise do Resultado Operacional | 99
Índices de Lucratividade ou Rentabilidade | 99
Medidas de análise e avaliação de desempenho | 101
Planejamento e controle financeiro | 109
Processo de planejamento financeiro | 109
Orçamento de caixa | 109
Planejamento de resultados | 114
Consideração de tipos de custos e despesas | 116
Considerações sobre o fechamento da Projeção de Balanço | 120
Planejamento de caixa e Projeção do Balanço Patrimonial | 123
Introdução | 123
Projeção da empresa Crocante S/A | 123
Premissas para projeção detalhada da Demonstração de Resultados | 125
Projeção do Fluxo de Caixa Livre | 132
Definição das premissas | 133
Custos e fontes de investimentos | 137
Inflação | 137
Formação da taxa de juros no mercado | 139
Valores nominais e valores reais | 140
Decisões de investimentos | 140
Fluxos de caixa | 141
Custo de capital | 142
Mercado de capitais | 149
Introdução | 149
Mercado de ações | 150
Debêntures | 158
Mercado de ações e financiamento a longo prazo | 165
Mercado Futuro de Ações | 165
Operações com ADR/GDR | 166
Mercado de derivativos | 167
Fundos de investimentos | 169
Gabarito | 175
Referências | 187
Anotações | 191
Ao ser convidado a participar deste projeto, fiquei imaginando como
poderia transmitir a distância conhecimentos específicos sobre finanças,
aliando os conceitos à prática de modo que o aluno pudesse visualizar e
entender todos os procedimentos, ações e acima de tudo o bom senso que
um gestor financeiro deve ter em suas rotinas diárias.
Neste livro, foram abordados os conceitos pertinentes à área financeira e
sua aplicabilidade direcionada ao cotidiano empresarial, por meio de uma
linguagem acessível, com exemplos numéricos e estudos de casos fictícios
que facultam um aprendizado consistente acerca das metodologias de
gestão financeira na busca contínua de melhorias.
Independentemente de quão embasado esteja um gestor financeiro ou de
quantos livros tenha ele estudado minuciosamente, há questões presentes
no cotidiano de uma empresa que lhe exigirão a simples aplicação de seu
bom senso. Este requisito não se aprende em nenhum curso qualquer ao
redor do mundo e por isso, é umas das chaves para o sucesso em qualquer
carreira profissional.
A área financeira, em seu mais complexo âmbito de interpretação e
aprendizado, requer acima de tudo dedicação e isto se trata de uma árdua,
intensa e longa jornada, para a qual não existe um padrão ou uma cartilha
a seguir que garanta o tão famigerado sucesso. Seja na vida pessoal ou na
profissional é primordial ouvirmos, lermos e aprendermos com as pessoas
que, de uma forma ou de outra, passaram ou estão passando por esta
jornadaenosdeixamsuasexperiênciasparaquepossamosusufruirdeseus
conhecimentos e experiências, traçando, com isso, um caminho próprio.
Para ser um bom profissional é necessário mais que informação: é preciso
suprimir persistência e comprometimento que resultem em credibilidade,
alémdisso,valelembrarquenãoexisteumareceitaparaosucessoimediato
e definitivo.
Espero que esta disciplina possa contribuir para o conhecimento de todos e
tornarmaisagradávelaárduaedifíciljornadaprofissional.Desejotambém
que os frutos decorrentes deste trabalho se reflitam em sua ascensão
pessoal, promovendo a cidadania e responsabilidade social, pois nosso
país necessita de cidadãos reais, ou seja, que pratiquem a cidadania.
Este é o caminho para o crescimento de um País!!
Marcello Lopes dos Santos
Demonstrações Contábeis
Marcello Lopes dos Santos*
Introdução
As Demonstrações Contábeis são elaboradas baseadas nas informações obtidas dos registros con-
tábeis e têm por objetivo revelar aos usuários internos (administradores da companhia, funcionários)
e externos (acionistas, bancos, clientes, fornecedores, Governo, outros credores e agentes regulamen-
tadores) informações sobre a posição patrimonial da companhia e o seu resultado, proporcionando o
conhecimento e a análise de sua situação patrimonial em um determinado momento.
Para a administração da companhia, as informações contidas nas Demonstrações Contábeis além
de demonstrar a evolução de vários grupos contábeis, também servem como um elemento de controle
e auxílio na tomada de decisões, assegurando que o planejamento estabelecido está sendo cumprido e
também atuando como auxiliar na definição das diretrizes que a empresa deverá seguir.
A contabilidade na vida das empresas é o meio mais eficiente de fornecer informações precisas
e ajudar o empresário na gestão e melhoria dos controles do seu negócio. Com a utilização de técnicas
contábeis o empresário controla o seu patrimônio e conhece o resultado no período (lucro ou prejuízo),
permitindo a tomada de decisões mais seguras com base nas informações contábeis.
As Demonstrações Contábeis são um sistema de informação, necessário à gestão das empresas e
um de seus objetivos é o de fornecer informações sobre as mutações que ocorrem no seu patrimônio.
No entanto, muitos consideram e até confundem a contabilidade como mero instrumento de informa-
ção, embora todas as áreas do conhecimento gerem informações.
Estas demonstrações, além de gerar informações, permitem explicar os fenômenos patrimoniais,
construir modelos de prosperidade, efetuar análises, controlar e também prever e projetar exercícios
seguintes. Tais demonstrações, além de possibilitar outras tantas tarefas, constituem um importante
componente da gestão, cujo principal objetivo é o de fornecer informações para o processo de tomada
de decisão e de formulação de estratégias.
* Bacharel em Ciências Econômicas e em Ciências Contábeis.
10 | Finanças: fundamentos e processos
Elaboração e divulgação das Demonstrações Contábeis 
As Demonstrações Contábeis consistem em um conjunto de demonstrativos previstos em Lei ou
consagrados pela prática contábil, normalmente elaboradas ao final do exercício e de acordo com as
Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC e Princípios Fundamentais de Contabilidade, objetivando
uma correta elaboração das peças contábeis, no que diz respeito à sua estrutura ou forma de apresen-
tação, bem como, a uma fiel observância quanto à formalização dos registros.
Podemos segregar as Demonstrações Contábeis em básicas e complementares.
As Demonstrações Contábeis básicas são:
Balanço Patrimonial;:::
	Demonstração do Resultado do Exercício.:::
As Demonstrações Contábeis complementares são:
	Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados;:::
	Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;:::
	Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos;:::
	Demonstração do Valor Adicionado;:::
	Demonstração dos Fluxos de Caixa.:::
Demonstrações Contábeis exigidas pela lei 6.404/76
A Legislação Societária (Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976) determina que, ao término de cada
exercício social, a administração da empresa elabore, com base na sua escrituração contábil, demons-
trações financeiras, consagradas no Brasil como Demonstrações Contábeis, que deverão exprimir com
clareza a situação do patrimônio da empresa e as mutações ocorridas no exercício.
De acordo com o artigo 176 da Lei 6.404/76, as Demonstrações Contábeis exigidas pela legislação
societária são as seguintes:
a)	 Balanço Patrimonial;
b)	 Demonstração do Resultado do Exercício;
c)	 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados.
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido não é obrigatória, mas se apresentada, a
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados fica dispensada.
A Comissão de Valores Mobiliários, através da Instrução nº. 59 de 30 de dezembro de 1986 tornou
obrigatória a divulgação da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido para todas as compa-
nhias abertas.
A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos só é obrigatória para as companhias aber-
tas e fechadas com Patrimônio Líquido superior a R$ 1 milhão.
11|Demonstrações Contábeis
As Demonstrações dos Fluxos de Caixa e do Valor Adicionado não são obrigatórias, mas são de
grande importância como ferramenta de análise e gestão da companhia.
Essas demonstrações devem ser publicadas sempre de forma comparativa ao exercício anterior.
Nas empresas de capital aberto, as Demonstrações Contábeis deverão ser examinadas por auditores
independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sendo o respectivo parecer pu-
blicado junto às referidas Demonstrações Contábeis.
Comparabilidade das Demonstrações Contábeis
A comparabilidade das demonstrações financeiras de um exercício social com as demonstrações
financeiras do exercício social imediatamente anterior é imposta pelo parágrafo 1º do artigo 176:
“§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demons-
trações do exercício anterior.”
Contas semelhantes e de valores não significativos podem ser agrupadas dentro do que dispõe o
parágrafo 2º do artigo 176:
“§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados,
desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é
vedada a utilização de designações genéricas, como‘diversas contas’ou‘contas-correntes’.”
Destinação do Lucro do Exercício
A destinação do lucro de cada exercício deve constar das demonstrações financeiras, conforme
dispõe o parágrafo 3º do artigo 176:
“§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administra-
ção, no pressuposto de sua aprovação pela assembléia geral.”
Notas Explicativas
A elaboração de Notas Explicativas e de outros quadros ou demonstrativos que sirvam para um
melhor esclarecimento das demonstrações é imposta pelo parágrafo 4º do artigo 176:
“§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou Demonstrações
Contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício.”
O parágrafo 5º do mesmo artigo determina o conteúdo das notas explicativas.
“§ 5º As notas deverão indicar:
a) Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de deprecia-
ção, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas
prováveis na realização de elementos do Ativo;
b) Os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (artigo 247, parágrafo único);
c) O aumento de valor de elementos do Ativo resultante de novas avaliações (artigo 182, parágrafo 3º);
12 | Finanças: fundamentos e processos
d) Os ônus reais constituídos sobre elementos do Ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades
eventuais ou contingentes;
e) A taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo;
f) O número, espécies e classes das ações do capital social;
g) As opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício;
h) Os ajustes de exercícios anteriores (artigo 186 parágrafo 1º);
i) Os eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante
sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia.”
Escrituração
O artigo 177 da Lei 6.404/76 faz referência à escrituração da companhia, que serve de base para
elaboração das Demonstrações Contábeis, o qual reproduzimos a seguir:
“Art. 177 A escrituração da Companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da le-
gislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou
critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência.”
O parágrafo 1º do artigo 177 trata da modificação dos métodos ou critérios aplicados pela em-
presa e assim dispõe:
“§ 1º As Demonstrações Contábeis do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de
efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos.”
Disposições tributárias ou especiais não podem modificar a escrituração mercantil nem as De-
monstrações Contábeis previstas pela Lei nº. 6.404/76, conforme dispõe o parágrafo 2º do artigo 177:
“§ 2º A companhia observará em registros auxiliares, sem modificação da escrituração mercantil e das demonstrações
reguladas nesta Lei, as disposições da Lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu obje-
to, que prescrevam métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem a elaboração de outras demonstrações
financeiras.”
No caso de companhia aberta, as Demonstrações Contábeis estão sujeitas também às normas da
Comissão de Valores Mobiliários e são obrigatoriamente auditadas por auditores independentes regis-
trados naquela comissão (artigo 177 parágrafo 3º).
O parágrafo 4º do artigo 177 determina que as Demonstrações Contábeis devem ser assinadas
pelos administradores e por contabilistas legalmente habilitados.
Balanço Patrimonial
O artigo 178 determina a forma de classificação das contas no Balanço Patrimonial:
“Art. 178 No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de
modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.”
Os grupos de contas que formam o Ativo e o Passivo são apontados nos parágrafos 1º e 2º do
artigo 178:
“§ 1º No Ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados,
nos seguintes grupos:
13|Demonstrações Contábeis
a) Ativo Circulante;
b) Ativo Realizável a Longo Prazo;
c) Ativo Permanente, dividido em Investimentos, Ativo Imobilizado e Ativo Diferido.
§ 2º No Passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos:
a) Passivo Circulante;
b) Passivo Exigível a Longo Prazo;
c) Resultados de Exercícios Futuros;
d) Patrimônio Líquido, dividido em Capital Social e Reservas de Capital, Reservas de Reavaliação, Reservas de Lucros e
Lucros ou Prejuízos Acumulados.”
O parágrafo 3º do artigo 178 determina que sejam classificados separadamente os saldos deve-
dores e credores que a companhia não tiver direito de compensar.
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados
O conteúdo da Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados é determinado pelo artigo 186:
“Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará:
I – o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial;
II – as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício;
III – as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período.
A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados deve indicar o montante do dividendo por
ação do Capital Social e pode ser incluída na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (artigo
186, parágrafo 2º).
Demonstração do Resultado do Exercício
A composição da Demonstração do Resultado do Exercício é determinada pelo artigo 187:
“Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará:
I – a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;
II – a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
III – as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas,
e outras despesas operacionais;
IV. o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais e o saldo da conta de correção monetária
(artigo 185 parágrafo 3º);
V – o resultado do exercício antes do imposto de renda e a provisão para o imposto;
VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias e as contribuições para insti-
tuições ou fundos de assistência ou previdência de empregados;
VII – o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.”
O parágrafo 1º do artigo 187 impõe que sejam observados os princípios da competência e do
confronto entre receitas e despesas na apuração do resultado do exercício:
14 | Finanças: fundamentos e processos
“§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados:
a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e
b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.”
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos
A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, cuja finalidade é indicar as modificações
na posição financeira da empresa, tem seu conteúdo determinado pelo artigo 188:
“Art. 188. A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos indicará as modificações na posição financeira da
companhia, discriminando”:
I – as origens dos recursos, agrupadas em:
a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos resultados de
exercícios futuros;
b) realização do capital social e contribuições para reservas de capital;
c) recursos de terceiros, originários do aumento do Passivo exigível a longo prazo, da redução do Ativo realizável a
longo prazo e da alienação de investimentos e direitos do Ativo imobilizado.
II – as aplicações de recursos, agrupadas em:
a) dividendos distribuídos;
b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;
c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo diferido;
d) redução do Passivo exigível a longo prazo.
III – o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações, representando aumento ou redução
do capital circulante líquido;
IV – os saldos, no início e no fim do exercício; do Ativo e Passivo circulantes, montante do capital circulante líquido e o
seu aumento ou redução durante o exercício.
Publicação
Os meios pelos quais as Demonstrações Contábeis devem ser publicadas constam do artigo 289:
“Art. 289. As publicações ordenadas pela presente Lei serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o
lugar em que esteja situada a sede da companhia, e em outro jornal de grande circulação editado na localidade em
que está situada a sede da companhia.”
Além das exigências contidas no artigo 289, a CVM pode determinar que as publicações sejam
efetivadas, também, por outros meios, conforme faculta o parágrafo 1º do mesmo artigo:
“§ 1º A Comissão de Valores Mobiliários poderá determinar que as publicações, ordenadas pela presente Lei, sejam
feitas, também, em jornal de grande circulação editado nas localidades em que os valores mobiliários da companhia
sejam negociados em bolsa ou em mercado de balcão.”
De acordo com o artigo 289 parágrafo 2º, no caso de não ser editado jornal no local onde estiver
situada a sede da companhia, as publicações devem ser feitas em órgão de grande circulação local.
15|Demonstrações Contábeis
Importância da divulgação das Demonstrações Contábeis
para os usuários da Contabilidade
As Demonstrações Contábeis são o principal meio informativo da situação patrimonial e dos re-
sultados da empresa junto àqueles que tenham ou possam vir a ter interesse na avaliação da situação
da empresa em determinado momento ou em seu progresso ao longo do tempo, como por exemplo,
investidores, fornecedores, clientes, empregados, governo, instituições financeiras, etc.
Considerando-se este objetivo (prestar informações ao usuário interno ou externo), faz-se necessá-
rio que, além da aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade, cuidados especiais sejam dedi-
cados no que diz respeito à forma, ao conteúdo e ao nível de detalhes das Demonstrações Contábeis.
Os problemas mais significativos relacionados a estas demonstrações dizem respeito à adequa-
ção em termos de relevância, confiabilidade, comparabilidade, utilidade e inteligibilidade da informa-
ção prestada.
Definindo-se os cotistas ou acionistas e outros investidores como sendo o grupo apropriado para
o foco a ser adotado pela Contabilidade, então a divulgação feita na publicação das Demonstrações
Contábeis pode ser definida como sendo a apresentação de informação necessária para o ótimo funcio-
namento de mercados eficientes de capitais.
Todos os investidores têm necessidade de informação para avaliar os riscos relativos de cada em-
presa, tendo em vista a construção de carteiras diversificadas e combinações de investimentos que
satisfaçam preferências individuais em termos de risco. Os credores e os órgãos governamentais geral-
mente contam com poder suficiente para obter informação adicional que atenda suas necessidades.
Texto complementar
O lento avanço da nova lei das sociedades por Ações
Tramita atualmente no Legislativo Federal, junto à Comissão de Finanças e Tributação, o Pro-
jeto de Lei nº 3.741/2000, que tem por objetivo dar um fecho às revisões e atualizações que vêm
sendo efetuadas na Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações). Esse projeto trata de alterar
e revogar certos dispositivos da Lei nº 6.404/76, definir e estender às empresas de grande porte
disposições relativas à elaboração e divulgação de Demonstrações Contábeis e procura qualificar
um ente único que trate do estudo e divulgação de princípios, normas e padrões de contabilidade
e auditoria no Brasil. Para tal faz-se  necessária a completa revisão do Capítulo XV da Lei 6.404/76,
que trata das Demonstrações Financeiras (mais corretamente seriam se denominadas de Demons-
trações Contábeis).
Há cerca de oito anos, um grupo de trabalho composto por representantes das diversas enti-
dades que tratam de Demonstrações Contábeis  (preparadores, auditores, analistas, investidores,
16 | Finanças: fundamentos e processos
usuários, fiscalizadores e pesquisadores); esse grupo foi constituído pela CVM – Comissão de Valo-
res Mobiliários como Comissão Consultiva para Assuntos Contábeis, preparou o que conhecemos
como o primeiro esboço da revisão pretendida. Esse trabalho original serviu de base para a evolu-
ção e atual posicionamento contido no atual Projeto nº 3.741/2000.
Dentre os aspectos mais importantes constantes do projeto e que tem sido amplamente discu-
tido, estão aqueles relacionados à crescente importância da Contabilidade, que tem levado, como
uma tendência mundial, a busca de uma pretendida internacionalização das normas contábeis. Isto
requer uma harmonização interna (há no Brasil, por direito, inúmeras entidades com poderes legais
de emitir normas contábeis) e um inevitável alinhamento com o desenvolvimento contábil que
ocorre no mundo, como decorrência em especial da necessidade de se obter  maior credibilidade.
Isso tudo sob o reconhecimento de que a Contabilidade é uma Ciência Social e, portanto, com parâ-
metros de medição e comparabilidade idênticos em qualquer parte do mundo.
O resultado que se busca é a redução dos riscos nos investimentos internacionais (e, porque
não, também nos nacionais), sob a forma de empréstimo financeiro ou de participação societária. A
redução de riscos é a meta principal dos diversos financiadores e investidores e seria mais facilmen-
te obtida se decorresse da obtenção de um melhor entendimento das Demonstrações Contábeis,
que pudesse dar maior facilidade de comunicação local ou internacionalmente, com a redução dos
custos do capital (nacional e internacional) o que é de interesse absolutamente vital para o País. Os
principais mercados financeiros do mundo estão acompanhando e incentivando essa harmoniza-
ção e alinhamento, e há prazos já delineados para mercados importantes como o da Comunidade
Européia.
O Conselho Federal de Contabilidade vem há muito, acompanhando e participando ativamen-
te da evolução desse projeto de Lei que permitirá colocar a Contabilidade Brasileira, unificada, ao
mesmo nível da Contabilidade Internacional.
Os principais aspectos do Projeto pela sua importância em relação às nossas práticas tradicio-
nais, estão voltados, entre outros, para o artigo 3º do projeto e seu parágrafo único. O artigo trata da
obrigatoriedade de adoção, por parte das sociedades de grande porte, ainda que não constituídas
sob a forma de sociedades por ações, de apresentar e divulgar suas Demonstrações Contábeis de
maneira uniforme e em concordância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Nor-
mas Brasileiras de Contabilidade.
É entendimento de que todas as empresas de grande porte (que seriam definidas em Lei),
pela sua importância no cenário financeiro, econômico e social, deveriam ter o mesmo nível de
requisitos com relação à prestação de contas para com a sociedade e terem suas Demonstrações
Contábeis examinadas por auditores independentes.
O compromisso de validação das Demonstrações Contábeis por parte dos auditores indepen-
dentes tem sido amplamente utilizado e traz benefícios incontestáveis no sentido de dar maior cre-
dibilidade a essas demonstrações. É sabido que as empresas auditadas são as que melhor cumprem
suas responsabilidades fiscais, previdenciárias, trabalhistas e, finalmente, suas responsabilidades de
cunho social, cada vez mais exigidas do ponto de vista ético.
Está previsto no Projeto, e conta com o apoio do Conselho Federal de Contabilidade, a criação
de um “ente” que responderia pela edição das normas contábeis brasileiras. Muitas das instituições
17|Demonstrações Contábeis
de natureza regulatória governamental vêm demonstrando interesse em transferir a responsabi-
lidade para o estudo e a emissão de pronunciamentos contábeis, incentivando a criação de um
comitê que unificasse os interesses dos diversos interessados, levando em conta a Contabilidade
como Ciência Social, com seus princípios fundamentais e normas técnicas de obrigatória adoção
por todas as empresas.
Está bem encaminhado o processo de constituição de um Comitê Nacional de Pronunciamen-
tos Contábeis, que contaria neste início com o apoio da ABRASCA (Associação Brasileira das Com-
panhias Abertas), da APIMEC Nacional (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do
Mercado de Capitais), do Banco Central do Brasil, da BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo), da
CVM (Comissão de Valores Mobiliários), do Conselho Federal de Contabilidade, do IBRACON Nacio-
nal (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), da  FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas
Contábeis, Atuariais e Financeiras) e da SUSEP (Superintendência de Seguros Privados). Seria natural
que outras entidades, de representação ou de regulação, podem e devem ter participação no Co-
mitê de Práticas Contábeis.
Um aspecto que tem tido a mais plena aceitação por parte das entidades de representação
acima referidas é a inclusão no Projeto da obrigatoriedade de segregação e separação efetiva da
escrituração contábil da escrituração fiscal. O Projeto cria um regulamento específico que deve ser
insistentemente buscado, por ser essa a única maneira de podermos manter uma contabilidade
livre de influências não técnicas. No Projeto a responsabilidade fiscal está claramente definida e
protegida e os registros fiscais, também de responsabilidade dos Contadores, podem e devem ser
mantidos de forma a não haver influência das práticas fiscais na apuração dos resultados contábeis;
estes resultados passariam a ter efeitos societários e não fiscais.
Há, ainda, muitos outros aspectos que merecem nossa atenção e discussões; entendemos que
há uma clara consciência de que precisamos e devemos mudar o direcionamento da Contabilidade
Brasileira, em especial nos seus aspectos de unificação de procedimento e acompanhamento das
melhores práticas contábeis por todas as empresas.
José Martonio Alves Coelho – presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC)
Ampliando conhecimentos
Nos sites indicados podem ser encontrados as normas e pronunciamentos referentes às Demons-
trações Contábeis e as interpretações e comunicados técnicos que auxiliam no entendimento de assun-
tos pertinentes à área contábil.
www.cfc.org.br
www.cvm.gov.br
www.ibracon.com.br
www.crcsp.com.br
18 | Finanças: fundamentos e processos
Atividades
1.	 As Demonstrações Contábeis são elaboradas baseadas em quais informações?
2.	 Qual o objetivo das Demonstrações Contábeis?
3.	 Quais são as Demonstrações Contábeis exigidas pela Lei 6.404/76?
4.	 As Demonstrações Contábeis são elaboradas de acordo com quais normas e princípios?
Balanço Patrimonial
Conceito
O Balanço Patrimonial é um dos componentes das Demonstrações Contábeis, apresentado na
forma horizontal e destinado a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, numa determinada data, o
patrimônio e a composição do Patrimônio Líquido da entidade.
Conforme determina o art. 178 da Lei 6.404/76: “no Balanço Patrimonial, as contas serão classifi-
cadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conheci-
mento e a análise da situação financeira da companhia”.
Essa demonstração deve ser estruturada de acordo com os preceitos da Lei e segundo os Princí-
pios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade.
Estrutura
Ativo Passivo
Patrimônio Líquido
O Balanço Patrimonial é composto por três elementos básicos: o Ativo, representando as aplica-
ções em bens e direitos sendo apresentado à esquerda da demonstração; o Passivo, representando as
origens de recursos que possibilitaram as aplicações em bens e direitos, ou seja, no Ativo da companhia
e é demonstrado à direita do Balanço Patrimonial e o Patrimônio Líquido; representando a diferença
entre o Ativo e o Passivo, ou seja, o valor líquido da empresa.
No Ativo são apresentados os valores aplicados em bens e direitos da companhia representados
no Caixa, em Bancos, Estoques, Créditos a receber, Móveis, Veículos, Equipamentos etc.
20 | Finanças: fundamentos e processos
No Passivo é apresentada a origem que possibilitou a aplicação dos recursos representados por
Empréstimos, Fornecedores etc.
No Patrimônio Líquido são apresentados o Capital Integralizado, Resultado do Exercício, Ajustes
de Exercícios Anteriores, Dividendos, Reavaliações etc.
Ao integralizar capital em dinheiro e bens, estes itens serão registrados no Ativo da companhia
por representarem um direito, conseqüentemente uma aplicação de recurso. Já no Patrimônio Líquido
será registrado o capital integralizado fundamentando a origem dos recursos aplicados.
O Ativo representa o Patrimônio Bruto da empresa, ou seja, os bens e direitos com que a compa-
nhia pode produzir e gerar recursos, enquanto o Passivo representa tão somente a origem dos recursos,
representado por obrigações e pelo Patrimônio Líquido que possibilitaram a formação do Ativo.
As contas referentes ao Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido devem ser apresentadas de forma
ordenada e uniforme, permitindo aos usuários uma adequada análise e interpretação da situação patri-
monial e financeira da companhia.
A Lei 6.404/76, através dos artigos 178 e 179, definiu que as contas integrantes do grupo do Ativo
devem ser apresentadas em ordem decrescente de grau de liquidez e, as contas integrantes do grupo
do Passivo, devem ser apresentadas em ordem decrescente de prioridade de pagamento das obriga-
ções.
Em resumo, no Ativo deverão ser apresentadas em primeiro lugar as contas com maior facilidade
de serem convertidas em dinheiro e no Passivo deve-se apresentar as obrigações por ordem crescente
dos prazos de exigibilidade.
Ativo
O Ativo compreende a aplicação de recursos realizada por meio de bens e direitos e deverá ser
representado da seguinte forma, conforme a Lei 6.404/76:
Ativo Passivo
Ativo Circulante
Ativo Realizável a Longo Prazo
Ativo Permanente Patrimônio Líquido
Ativo Circulante
O Ativo Circulante deverá representar os valores disponíveis e realizáveis durante o exercício so-
cial. São todos os valores representados em dinheiro ou que serão convertidos em dinheiro no decurso
do exercício seguinte à data do balanço.
21|Balanço Patrimonial
Disponibilidades
A intitulação Disponibilidades, dada pela Lei 6.404/76, é usada para designar dinheiro em caixa
e em bancos, bem como valores equivalentes, como cheques em mãos e em trânsito que representam
recursos com livre movimentação para aplicação nas operações da empresa e para os quais não exista
restrição para uso imediato.
O grupo Disponibilidades é composto por:
Caixa;:::
	::: Depósitos Bancários à vista;
	::: Numerários em Trânsito;
	::: Aplicações de Liquidez Imediata.
Contas a receber e outros créditos
São os títulos de crédito, quaisquer valores mobiliários e os outros direitos.
Um dos maiores Ativos das companhias é representado por valores a receber decorrentes de ven-
das de mercadorias e serviços, recebíveis no decurso do exercício seguinte à data do balanço, todavia,
podem ter vencimentos a longo prazo, ou seja, tornam-se recebíveis após o exercício seguinte à data do
balanço e, portanto, devem ser registrados no Realizável a Longo Prazo.
Este grupo é composto por:
	::: Duplicatas a receber (clientes);
	::: (–) Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa;
	::: Adiantamentos a empregados;
	::: Adiantamentos a fornecedores.
Estoques
São os valores referentes às existências de produtos acabados, produtos em elaboração, maté-
rias-primas, mercadorias, materiais de consumo, serviços em andamento e outros valores relacionados
às atividades-fim da entidade.
Despesas antecipadas
São as aplicações em gastos que tenham realização no curso do período subseqüente à data do
Balanço Patrimonial.
Outros valores e bens
São os não relacionados às atividades-fim da entidade.
22 | Finanças: fundamentos e processos
Ativo Realizável a longo prazo
São todos os itens do Ativo Circulante, cujos prazos esperados de realização situem-se após o
término do exercício subseqüente à data do Balanço Patrimonial.
Ativo Permanente
São os bens e direitos não destinados à transformação direta em meios de pagamento e cuja
perspectiva de permanência na entidade ultrapasse um exercício. É constituído pelos seguintes sub-
grupos:
	::: Investimentos – são as participações em sociedades além dos bens e direitos que não se des-
tinem à manutenção das atividades-fim da entidade.
	::: Imobilizado – são os bens e direitos, tangíveis e intangíveis, utilizados na consecução das ati-
vidades-fim da entidade.
	::: Diferido – são as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do
resultado de mais de um exercício social.
Passivo
Conforme o artigo 180 da Lei nº. 6.404/76;“as obrigações da companhia, inclusive financiamentos
para aquisição dos direitos ao Ativo permanente, serão classificados no Passivo Circulante, quando se
vencerem no exercício seguinte, e no Passivo exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo
maior, observado o disposto no artigo 179”.
O parágrafo único do artigo 179 da Lei 6.404/76 estabelece que “na companhia em que o ciclo
operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou lon-
go prazo terá por base o prazo desse ciclo”.
O ciclo operacional em uma empresa industrial ou comercial compreende o período de tempo
que vai desde a aquisição das matérias-primas ou mercadorias até o recebimento do valor das vendas.
A maioria das empresas adota como exercício social o período de um ano, uma vez que seu ciclo
operacional é normalmente inferior a esse prazo. A exceção é feita às empresas de construção civil naval
em que, geralmente suas construções são realizadas em um período maior que um ano.
Ativo Passivo
Passivo Circulante
Passivo Exigível a Longo Prazo
Resultados de Exercícios Futuros
Patrimônio Líquido
23|Balanço Patrimonial
Passivo Circulante
São as obrigações conhecidas e os encargos estimados, cujos prazos estabelecidos ou esperados,
situem-se no curso do exercício subseqüente à data do Balanço Patrimonial ou de acordo com seu ciclo
operacional, se este for superior a esse prazo.
Estas obrigações podem representar valores fixos ou variáveis, vencidos ou a vencer, em uma
data ou datas futuras.
Compõem este grupo: 	
Empréstimos Bancários;:::
	::: Fornecedores;
	::: Impostos a pagar;
	::: Contribuições a recolher;
Provisões de Férias, 13º salário, Imposto de Renda etc;:::
	::: Adiantamentos de clientes;
	::: Outros Credores.
Passivo Exigível a Longo Prazo
São as obrigações conhecidas e os encargos estimados, cujos prazos estabelecidos ou esperados,
situem-se após o término do exercício subseqüente à data do Balanço Patrimonial ou cuja liquidação
deverá ocorrer em prazo superior ao seu ciclo operacional ou após o exercício seguinte.
Compõem este grupo: 	
Empréstimos e Financiamentos;:::
Provisão para Contingências Fiscais;:::
Provisão para Contingências Trabalhistas.:::
Resultados de Exercícios Futuros
Conforme o artigo 181 da Lei nº. 6.404/76;“serão classificadas como resultados de exercícios futu-
ros as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas correspondentes”.
São receitas recebidas antecipadamente, líquidas dos custos e das despesas incorridas, ou seja,
corresponde ao lucro a ser apropriado, contido no recebimento antecipado e deve ser composto da
seguinte forma:
Receita Antecipada Bruta;:::
	::: (–) Custo Incorrido;
	::: Receita Diferida Líquida;
Lucro a apropriar, Lucros do Exercício Seguinte, Lucros Antecipados etc.:::
24 | Finanças: fundamentos e processos
Patrimônio Líquido
A diferença entre os Ativos e os Passivos e o Resultado dos Exercícios Futuros representa o Patri-
mônio Líquido, que é o valor contábil pertencente aos acionistas ou sócios.
Conforme a lei nº. 6.404/76, o Patrimônio Líquido é dividido em:
Capital Social – são os valores aportados pelos acionistas ou sócios, ou por eles gerados, e que:::
estão formalmente incorporados ao capital;
Reservas de Capital –::: são os valores recebidos que não transitaram por seu resultado como
receitas;
Reserva de Reavaliação – representam acréscimo decorrente da diferença entre o valor contá-:::
bil e o valor de mercado, baseado em laudos técnicos;
Reservas de Lucros – representam lucros obtidos pela empresa, retidos com finalidade específica;:::
Lucros ou Prejuízos Acumulados – são resultados obtidos pela empresa, mas retidos sem fina-:::
lidade específica, no caso de lucros ou, à espera de recuperação futura, no caso de prejuízos.
Demonstração do Resultado do Exercício
A Demonstração do Resultado é uma peça contábil que, de forma resumida, apresenta as opera-
ções realizadas pela empresas, durante o exercício social, demonstradas de forma a evidenciar o Resul-
tado Operacional e o Resultado Líquido do período que está à disposição dos sócios ou acionistas.
O artigo 187 da Lei nº. 6.404/76 estabelece a ordem de apresentação das receitas, custos e despe-
sas para fins de publicação a qual apresentamos a seguir:
Receita Bruta deVendas – corresponde ao valor bruto do faturamento das vendas e/ou serviços;:::
(–) Deduções da Receita Bruta – refere-se aos cancelamentos de vendas, abatimentos e aos:::
impostos incidentes sobre o faturamento;
= Receita Líquida de Vendas e Serviços – corresponde à receita bruta menos as deduções;:::
(–) Custo dos Produtos Vendidos e dos Serviços Prestados – refere-se ao custo da mercadoria:::
para revenda e ao custo de produção dos bens e serviços vendidos;
= Lucro Bruto – refere-se à receita líquida deduzida dos custos dos produtos e/ou serviços;:::
(–) Despesas Operacionais – correspondem a todas as despesas para a manutenção das ativi-:::
dades da empresa e como não estão diretamente vinculadas à produção, não podem ser regis-
tradas como custo. Compõem este grupo as despesas com vendas, administrativas, encargos
financeiros e outras receitas e despesas operacionais.
Resultado (Lucro/Prejuízo) Operacional – corresponde ao resultado das atividades principais:::
ou acessórias da companhia;
(+ ou -) Resultados Não operacionais – referem-se aos ganhos ou perdas decorrentes da venda:::
de itens do Ativo permanente;
25|Balanço Patrimonial
= Resultado antes do Imposto de Renda e Contribuição Social – refere-se ao Lucro Líquido an-:::
tes da participação de terceiros no resultado (exemplo: Governo – IR e CS, empregados etc.);
(–) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social – corresponde aos valores apurados:::
de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro do Exercício
(–) Participações e Contribuições – refere-se a participações de terceiros no resultado da com-:::
panhia.
= Resultado (Lucro/Prejuízo) do Exercício – corresponde à parcela que está à disposição dos:::
sócios ou acionistas da companhia no caso de lucro, ou parcela a ser absorvida por lucros fu-
turos no caso de prejuízo.
Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados
Esta demonstração tem como objetivo apresentar os elementos que provocaram alguma modifi-
cação no saldo da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados.
A companhia poderá optar por fazer a demonstração da conta Lucros/Prejuízos Acumulados iso-
ladamente ou em conjunto com as demais contas do Patrimônio Líquido, porém, escolhendo a segunda
opção, deverá elaborar a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido que contém a Demonstra-
ção dos Lucros ou Prejuízos Acumulados.
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido é a demonstração contábil destinada a
evidenciar, num determinado período, a movimentação das contas que integram o patrimônio da enti-
dade e deverão discriminar:
os saldos no início do período;:::
os ajustes de exercícios anteriores;:::
as reversões e transferências de reservas e lucros;:::
os aumentos de capital discriminando sua natureza;:::
a redução de capital;:::
as destinações do Lucro Líquido do período;:::
as reavaliações de Ativos e sua realização, líquida do efeito dos impostos correspondentes;:::
o resultado líquido do período;:::
as compensações de prejuízos;:::
os lucros distribuídos;:::
os saldos no final do período.:::
26 | Finanças: fundamentos e processos
Texto complementar
Companhias abertas e demais sociedades
A CVM por meio da Deliberação 488, de 03 de outubro de 2005, aprovou e tornou obrigatória
para as companhias abertas o Pronunciamento do IBRACON – NPC 27 – sobre a apresentação e di-
vulgação das Demonstrações Contábeis publicadas a partir de 31 de dezembro de 2006.
Para as demais sociedades, continuarão em vigor, as normas prescritas pela Lei 6.404/76.
Apresentamos, a seguir, um quadro comparativo contendo as alterações decorrentes da Deli-
beração 488, de 03 de outubro de 2005 da CVM.
Ativo
Deliberação CVM Lei 6.404/76
1.	 Circulante 1.	 Circulante
2.	 Não Circulante
	 Realizável a Longo Prazo
	 Investimentos
	 Imobilizado
	 Intangível
	 Diferido
2.	 Realizável a Longo Prazo
3.	 Permanente
	 Investimentos
	 Imobilizado
	 Diferido
Passivo
Deliberação CVM Lei 6.404/76
1.	 Circulante 1.	 Circulante
2.	 Não Circulante 2.	 Exigível a Longo Prazo
3.	 Resultados de Exercícios Futuros 3.	 Resultados de Exercícios Futuros
4.	 Patrimônio Líquido
	 Capital Realizado
	 Reservas de Capital
	 Reservas de Reavaliação
	 Reservas de Lucros
	 Lucros ou Prejuízos Acumulados
	 (-) Ações em tesouraria
4.	 Patrimônio Líquido
	 Capital Realizado
	 Reservas de Capital
	 Reservas de Reavaliação
	 Reservas de Lucros
	 Lucros ou Prejuízos Acumulados
	 (-) Ações em tesouraria
Fonte: REIS, Arnaldo Carlos de Rezende. Demonstrações Contábeis. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
27|Balanço Patrimonial
Ampliando conhecimentos
Nos sites indicados podem ser encontradas as normas e pronunciamentos referentes às Demons-
trações Contábeis e às interpretações e comunicados técnicos que auxiliam no entendimento de assun-
tos pertinentes à área contábil.
www.cfc.org.br
www.cvm.gov.br
www.ibracon.com.br
www.crcsp.com.br
Outra dica é o livro Contabilidade Introdutória da equipe de professores da FEA da USP – Uni-
versidade de São Paulo da Editora Atlas, que apresenta todos os conceitos contábeis básicos necessá-
rios ao entendimento da contabilidade, além de ter um livro específico de exercícios.
Atividades
1.	 O que compreende o Ativo de uma companhia?
2.	 O que dispõe o artigo 180 da Lei 6.404/76 quanto ao Passivo Circulante?
28 | Finanças: fundamentos e processos
3.	 O que apresenta a Demonstração do Resultado e qual a ordem estabelecida pelo artigo 187 da
Lei 6.404/76?
4.	 A que se destinam as mutações do Patrimônio Líquido?
Introdução e conceitos
de custos fixos e variáveis
Introdução
Até a Revolução Industrial (Séc. XVIII) só existia Contabilidade Financeira (geral), que foi desenvol-
vida na Era Mercantilista e estava estruturada para atender as empresas comerciais.
Naquele tempo, para apuração do resultado de cada período, bem como para o levantamento do
balanço, bastava efetuar o levantamento físico dos estoques. O contador verificava quanto havia pago
por aqueles estoques e valorizava as mercadorias por aquele valor. Fazendo o cálculo por diferença,
computava quanto possuía de estoques iniciais, acrescia as compras do período e comparando com o
que permanecia em estoque, apurava o valor de aquisição das mercadorias vendidas, o que resultou na
clássica disposição:
Estoques Iniciais + Compras – Estoques Finais = Custo das Mercadorias Vendidas
Com base nessa apuração e no valor auferido com a venda dos produtos (receita) apurava-se o lu-
cro bruto do qual era só deduzir as despesas necessárias à manutenção da entidade durante o período,
à venda dos bens e o financiamento de suas atividades.
Naquela época os produtos eram produzidos por pessoas ou grupo de pessoas que poucas vezes
constituíam empresas jurídicas. As empresas viviam basicamente do comércio e não da fabricação, o
que facilitava o conhecimento e a verificação do valor de compra dos bens existentes, bastando a sim-
ples consulta aos documentos de sua aquisição.
30 | Finanças: fundamentos e processos
Com o surgimento das indústrias, o contador já não dispunha tão facilmente dos dados para po-
der atribuir valor aos estoques. O seu valor de compras na empresa comercial estava agora substituído
por uma série de valores pagos pelos fatores de produção utilizados.
Em uma tentativa de adaptar à empresa industrial os mesmos critérios adotados na comercial, ou
seja, no balanço permaneciam como estoques apenas os valores referentes às compras, nenhum outro
valor atribuído à produção daqueles estoques era ativado (Salários, Energia Elétrica, Depreciação).Tudo
era lançado como despesa.
A partir disso, começou-se a formação dos critérios para avaliação dos estoques.
O valor dos estoques dos produtos existentes na empresa, fabricados por ela, deveriam corres-
ponder ao montante, que seria o equivalente ao valor das compras, passando a compor o custo do pro-
duto os valores dos fatores de produção utilizados para sua obtenção, deixando-se de atribuir aqueles
outros que na empresa comercial já eram considerados como despesas (Despesas Administrativas, de
Vendas e Financeiras).
Ou seja, a contabilidade de custos nasceu da contabilidade financeira por necessidade de se ava-
liar os estoques das indústrias.
Dias atuais
Contabilidade gerencial
Contabilidade financeira Contabilidade de custos
Contabilidade gerencial::: : compreende o ramo da Contabilidade cujo objetivo é o de fornecer
informações fundamentais aos administradores, visando o bom desempenho das atividades
de gerência.
Contabilidade financeira::: : tem como objetivo o controle do patrimônio por meio dos regis-
tros de todos os fatos que estejam relacionados diretamente a este patrimônio. Registrando
e controlando estes fatos, a contabilidade financeira informa aos usuários qual a estrutura de
determinado patrimônio. Essas informações são prestadas através das Demonstrações Contá-
beis, tais como: Balanço Patrimonial, DRE, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido,
Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.
Contabilidade de custos:::: é o ramo da contabilidade financeira que utiliza técnicas específicas
para identificar, classificar e registrar os custos ligados diretamente à produção de bens e/ou
serviços. É um componente fundamental da contabilidade gerencial, pois transmite as infor-
mações relacionadas com a estrutura dos custos, facilitando, assim, as tomadas de decisões. É
usada mais especificamente na atividade industrial, bem como na prestação de serviços.
Um dos objetivos da contabilidade de custos é a determinação do CPV (Custo dos Produtos Ven-
didos), já que o mesmo é um elemento fundamental e indispensável na apuração do resultado.
O CPV desempenha na indústria o mesmo papel que o CMV (Custo das Mercadorias Vendidas)
desempenha no comércio. A diferença são as atividades desenvolvidas pelas empresas, pois enquanto
a empresa comercial compra e vende mercadorias, a empresa industrial adquire matéria-prima, trans-
formando-a em outros bens que são vendidos posteriormente.
31|Introdução e conceitos de custos fixos e variáveis
Terminologia em custos
Despesas com matéria-prima ou Custos de matéria-prima.:::
Gastos ou despesas de fabricação.:::
Gastos ou custos de materiais diretos.:::
Despesas ou gastos com imobilização.:::
Custos ou despesas de depreciação.:::
Gasto
Representa as transações assumidas pela entidade visando à obtenção de um produto ou serviço qual-
quer. Nessas operações a entidade se compromete a entregar ativos (dinheiro) ou assume compromissos.
Exemplo: a aquisição de uma máquina industrial é um gasto classificado como investimento.
O pagamento dos salários é um gasto classificado como despesa.
Só existe gasto no ato da passagem para a propriedade da empresa do bem ou serviço, ou seja,
no momento em que existe o reconhecimento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo
dado em pagamento (dinheiro). O gasto implica em desembolso, mas são conceitos distintos.
Desembolso
Pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço. Pode ocorrer antes, durante ou após a
entrada do bem adquirido, portanto, defasado ou não do gasto. Representa uma redução das disponi-
bilidades da entidade.
Investimento
Valores aplicados no ativo, visando proporcionar benefícios futuros.
Exemplo: compra de matéria-prima (gasto contabilizado como investimento circulante –esto-
que); compra de máquinas e equipamentos (gasto que se transforma em investimento permanente).
Custo: gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços.
Exemplo: a compra da matéria-prima para estocagem não é um custo, e sim, um investimento. O
custo só será caracterizado quando a matéria-prima for usada na produção de bens.
Custo
O custo é um gasto, o qual é reconhecido como custo no momento da utilização dos fatores de
produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço.
Exemplo: a energia elétrica utilizada na fabricação de um item qualquer é gasto (na hora de seu
consumo) que passa imediatamente para custo, sem transitar pela fase de investimento. A máquina
provocou um gasto na sua entrada, tornado investimento e parceladamente transformado em custo, à
medida que é utilizada no processo de produção.
Despesa
Gasto com bens/serviços com o objetivo de gerar uma receita.
32 | Finanças: fundamentos e processos
A despesa reduz o Patrimônio Líquido, pois representa uma saída de recursos que não retornam
ao patrimônio. Uma despesa será recuperada por uma receita.
Perda
Acontece com o surgimento de um evento anormal, não caracterizando-se como custo ou mesmo
despesa. São itens que vão diretamente à conta de resultado, assim como as despesas, mas não represen-
tam sacrifícios normais ou derivados de forma voluntária das atividades destinadas à obtenção de receita.
É muito comum o uso da expressão “perdas de material”na fabricação de inúmeros bens, entre-
tanto, a quase totalidade dessas perdas é, na realidade, um custo, já que são valores sacrificados de ma-
neira normal no processo de produção, fazendo parte de um sacrifício já conhecido até por antecipação
para a obtenção da receita almejada.
O gasto com mão-de-obra durante um período de greve, por exemplo, é uma perda e não um
custo de produção.
Caberessaltarqueinúmerasperdasdepequenovalorsão,naprática,comumenteconsideradasdentro
dos custos ou das despesas, sem sua separação. Isto é permitido devido à irrelevância do valor envolvido.
Conceito de custo direto e indireto, fixos e variáveis
Custo::: direto: é aquele que pode ser alocado diretamente a cada produto. Exemplo: Matéria-
prima e Mão-de-obra.
Custo indireto::: : é aquele que não pode ser alocado diretamente a cada produto. É passível de
rateio para que possa integrar a cada produto. Exemplo: Aluguéis, Salário do chefe de produ-
ção, IPTU, etc.
Custos fixos::: : são aqueles que ocorrem independentemente da quantidade produzida.
Mesmo com a possibilidade de classificarmos uma série de gastos como custos fixos é importante
ressaltar que qualquer custo é sujeito a mudanças; os custos que tendem a manter-se constantes nas al-
terações das atividades operacionais são tidos como custos fixos. De modo geral são custos e despesas
necessárias para manter um nível mínimo de atividade operacional, por isso são também denominados
custos de capacidade.
Apesar de serem conceitualmente fixos, tais custos podem aumentar ou diminuir em função da
capacidade ou do intervalo de produção. Assim, os custos são fixos dentro de um intervalo relevante de
produção ou venda, e podem variar se os aumentos ou diminuições de volume forem significativos.
Os custos fixos possuem as seguintes características:
são quantias fixas dentro de certos limites de produção, ou até a capacidade máxima;:::
são fixos em seu total, mas diminuem proporcionalmente ao número de unidades à medida:::
em que a produção aumente;
o controle de sua ocorrência depende da alta administração e não dos supervisores dos de-:::
partamentos.
33|Introdução e conceitos de custos fixos e variáveis
	Custos variáveis::: : são aqueles que ocorrem na proporção da quantidade produzida, ou seja,
variam de acordo com o volume de produção.
São assim chamados os custos e despesas cujo montante em unidades monetárias variam na
proporção direta das variações do nível de atividades. É importante salientar que a variabilidade de um
custo existe em relação a um denominador específico. Dessa forma, é importante ressaltar a diferença
entre custo variável e custo direto. Um custo é variável se realmente acompanha a proporção da ativida-
de com que ele é relacionado. Um custo direto é aquele que se pode medir em relação a essa atividade
ou ao produto, assim a mão-de-obra direta, quando contratada para determinado volume de produção,
é fixa em relação àquele volume, mas é direta em relação ao produto, uma vez que podemos medir os
esforços feitos para cada unidade do produto.
Os custos variáveis possuem as seguintes características:
variam no total em proporção direta ao volume de atividades;:::
permanecem relativamente constantes do ponto de vista unitário, ainda que varie o volume:::
de atividades;
podem ser facilmente apropriados, com certa precisão, aos departamentos;:::
o controle de possível ocorrência e consumo é de responsabilidade dos supervisores dos de-:::
partamentos.
Classificação dos custos: fixos e variáveis
Os custos podem ser classificados levando em consideração a relação entre os custos e o volume
de atividade numa unidade de tempo. Dividem-se basicamente em Fixos e Variáveis.
Por exemplo, o valor global de consumo dos materiais diretos por mês depende diretamente do
volume de produção. Quanto maior a quantidade fabricada maior o seu consumo, dentro de uma uni-
dade de tempo, o valor do custo com tais materiais varia de acordo com o volume de produção; logo
materiais diretos são Custos Variáveis.
Por outro lado, o aluguel da fábrica num determinado mês é de um determinado valor, indepen-
dentemente de aumentos ou diminuições naquele mês do volume elaborado de produtos. Por isso, o
aluguel é um Custo Fixo.
É de grande importância notar que a classificação em fixos e variáveis leva em consideração a uni-
dade de tempo, o valor total de custos com um item nessa unidade de tempo e o volume de atividade.
Não se trata, como no caso da classificação de diretos e indiretos, de um relacionamento com a unidade
produzida. Por exemplo, a matéria-prima é um custo variável, já que, por mês, o seu valor total consu-
mido depende da quantidade de bens fabricados. Entretanto, por unidade elaborada a quantidade de
matéria-prima é provavelmente a mesma; mas isso não lhe tira a característica de variável.
A divisão em fixos e variáveis também tem outra característica importante: considerando a rela-
ção entre período e volume de atividade, não se está comparando um período com outro. Esse fato é de
extrema importância na prática para não se confundir custo fixo com custo recorrente (repetitivo).
34 | Finanças: fundamentos e processos
Por exemplo, se a empresa adota um sistema de depreciação com base em cotas decrescentes
e com isso atribui para cada ano um valor diferente desse custo, continua tendo na depreciação um
custo fixo, mesmo que a cada período ele seja de montante diferente. Também se o aluguel é reajusta-
do mensalmente em função de qualquer índice e nunca é igual em dois períodos subseqüentes, não
deixa de ser um custo fixo, já que em cada período o seu valor é definido e independente do volume
produzido.
Outros exemplos dessa natureza: mão-de-obra indireta – normalmente, é um gasto que, apesar
de variar de período para período, é um custo fixo, pois, por mês, tem o seu montante definido não em
função do volume de produção; conta dos telefones da fábrica – pode ter seu valor diferente em cada
mês, mas não é um custo variável, pois seu montante não está variando em função do volume de pro-
dutos feitos.
Alguns tipos de custos têm componentes das duas naturezas. A energia elétrica é um exemplo,
já que possui uma parcela que é fixa e outra variável; a fixa independe de volume de produção, e é de-
finida em função do potencial de consumo instalado, e a variável depende diretamente do consumo
efetivo.
Ampliando conhecimentos
Os livros “Contabilidade de Custos” de Eliseu Martins e “Gestão de Custos e Formação de Preços”
de Adriano Leal Bruni e Rubens Famá, ambos publicados pela Editora Atlas, trazem todos os conceitos
necessários à área de custos, bem como exercícios para colocar à prova o entendimento conceitual.
Inclusive com um CD de aplicações na HP 12C e na planilha eletrônica Excel.
Atividades
1.	 O que é a contabilidade de custos?
35|Introdução e conceitos de custos fixos e variáveis
2.	 Classifique os eventos abaixo, relativos a uma indústria de manufatura, como Investimento (I),
Custo (C), Despesa (D) ou Perda (P), seguindo a terminologia contábil.
1.	 (	 ) Compra de matéria-prima.
2.	 (	 ) Consumo de energia elétrica.
3.	 (	 ) Gastos com mão-de-obra da produção.
4.	 (	 ) Consumo de combustível dos veículos dos vendedores.
5.	 (	 ) Gastos com pessoal de faturamento (salário).
6.	 (	 ) Aquisição de máquinas.
7.	 (	 ) Depreciação de máquinas da produção.
8.	 (	 ) Comissões proporcionais às vendas.
9.	 (	 ) Remuneração do pessoal da contabilidade geral (salários).
10.	 (	 ) Depreciação do prédio da empresa (administração).
11.	 (	 ) Consumo de matéria-prima.
12.	 (	 ) Aquisição de embalagens a serem utilizadas na produção.
13.	 (	 ) Deterioração do estoque de matéria-prima por enchente.
14.	 (	 ) Remuneração do tempo do pessoal em greve.
15.	 (	 ) Geração de sucata no processo produtivo.
16.	 (	 ) Estrago acidental e imprevisível de lote de material.
17.	 (	 ) Gastos com desenvolvimento de novos produtos e processos.
18.	 (	 ) Gastos com seguro contra incêndio.
3.	 Qual a diferença entre custos fixos e variáveis?
36 | Finanças: fundamentos e processos
Análise de indicadores
de desempenho
Introdução
O produto final de um processo contábil é o conjunto de relatórios denominado demonstrativos
financeiros, que devem oferecer informações:
úteis, para apresentar aos potenciais credores e investidores usarem na hora de suas decisões:::
de investimento ou concessão de crédito;
compreensíveis, para aqueles com razoável entendimento das atividades econômicas;:::
a respeito dos recursos da empresa, de suas obrigações e dos efeitos das transações que pos-:::
sam alterar essas posições;
sobre o desempenho econômico e financeiro da empresa;:::
para ajudar os usuários a avaliar os valores, o tempo e a incerteza de possíveis valores a serem:::
recebidos.
A Lei das Sociedades por Ações (1976), estabeleceu como obrigatória à publicação dos seguintes
demonstrativos financeiros:
Balanço Patrimonial;:::
Demonstração do Resultado do Exercício;:::
Demonstração dos Resultados Acumulados;:::
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;:::
	::: Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos.
38 | Finanças: fundamentos e processos
Além do Relatório da Administração, das Notas Explicativas e do Parecer dos Auditores Indepen-
dentes e Conselho Fiscal, quando for o caso, a referida lei em alteração também pede a publicação
da Demonstração do Fluxo de Caixa. Algumas empresas estão publicando também o Balanço Social,
apesar de não ser ainda obrigatório. As empresas que publicam a Demonstração das Mutações do Pa-
trimônio Líquido não necessitam publicar a Demonstração dos Resultados Acumulados, uma vez que a
primeira contém a segunda.
Balanço Patrimonial – é a fotografia do patrimônio em determinado momento. Demonstra a
posição do patrimônio (conjunto de bens, direitos e obrigações), de forma estática.
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) – apresenta de forma dedutiva e dinâmica a
posição econômica da empresa em determinado período, através da composição das receitas, custos e
despesas e conseqüente resultado.
Demonstração dos Resultados Acumulados – apresenta a composição e destinação dos resul-
tados acumulados da empresa, agrupada no Patrimônio Líquido, na conta de Resultados Acumulados.
Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos – explica a variação do Capital Circulante
Líquido (Capital de Giro Líquido ou Capital de Giro Próprio), ocorrida de um ano para outro. Ajuda a
compreender como e porque a posição financeira mudou no exercício, através da identificação das
origens dos capitais e de suas aplicações nesse período.
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – esta demonstração evidencia a movi-
mentação das contas do Patrimônio Líquido durante o exercício. Sua confecção é indispensável para as
empresas que possuem investimentos avaliados pela equivalência patrimonial, uma vez que essa de-
monstração identifica todas as alterações do Patrimônio Líquido a partir do saldo final do ano anterior,
até atingir o saldo do final do período.
Métodos de análise (técnicas) dos indicadores de desempenho
Os principais métodos de análise são:
determinação da porcentagem de cada conta ou grupo de contas em relação ao seu conjunto:::
– coeficientes;
estabelecimento de relação entre componentes do conjunto – quocientes;:::
comparação entre componentes do conjunto em sucessivos períodos – índices;:::
composição entre componentes de diferentes conjuntos para estabelecimento de::: padrões.
Por que analisar? Basicamente a análise proporciona:
Interpretação da situação econômica e financeira das empresas;:::
Identificação de seus pontos fracos e fortes;:::
Avaliação da capacidade de gerar lucros;:::
Identificação da eficiência em gerenciar ativos.:::
39|Análise de indicadores de desempenho
Análise horizontal (evolução)
Estabelecido o ano inicial da série a ser analisada, como índice 100, calcula-se a variação (evolu-
ção) dos demais períodos através de uma regra de três simples.
Exemplo:
Ano x1 Ano x2 Ano x3
Valor 358.300 425.000 501.000
Índice 100 119 140
Índice 100 118
Análise vertical (participação)
É realizada extraindo-se relacionamentos percentuais entre itens do mesmo conjunto. Estabele-
cido o índice 100 para o total do conjunto, calcula-se através de uma regra de três simples, quanto cada
componente representa percentualmente em relação ao seu conjunto.
Exemplo:
Balanço Patrimonial
ATIVO Ano x1 AV Ano x2 AV
Circulante 350 39 450 40
Realizável a Longo Prazo 100 11 80 7
Permanente 450 50 600 53
Total do Ativo 900 100 1.130 100
As análises horizontal e vertical devem ser utilizadas sempre em conjunto. O crescimento em va-
lores absolutos nem sempre representa um crescimento, se considerado no conjunto.
Exemplo:
Ano x1 AH AV Ano x2 AH AV
Valor 1 150 100 27 200 133 22
Valor 2 400 100 73 700 175 78
Total 550 100 100 900 164 100
Observamos que o Valor 1 evoluiu do ano x1 para o ano x2, 33%, porém no conjunto sua partici-
pação diminuiu de 27% para 22%.
40 | Finanças: fundamentos e processos
Exemplo de Análise Horizontal e Vertical – Demonstrativo de Resultado – DRE
DRE x1 AH AV x2 AH AV
Rec. Operac. Líquida 8.500 100 100 15.000 176 100
(-) Custo Merc. Vendida 1.500 100 18 5.000 333 33
(=) Lucro Bruto 7.000 100 82 10.000 143 67
(-) Desp. Operacionais 2.500 100 29 6.500 260 43
Administrativas 900 100 11 2.200 244 14
Vendas 1.100 100 13 3.000 273 20
Rec./ Desp. Financeiras (300) 100 (4) 300 – 2
Depreciações 800 100 9 1.000 125 7
(=) Lucro Operacional 4.500 100 53 3.500 78 24
(-) Desp. Não operac. 600 100 7 300 50 2
(+) Rec. Não operac. 400 100 5 200 50 1
(=) Lucro antes I.R. 4.300 100 51 3.400 79 23
(-) Imp. de Renda 1.200 100 14 900 75 6
(-) Participações 1.100 100 13 500 45 3
(=) Lucro Líquido 2.000 100 24 2.000 100 14
Na Análise Vertical da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, devemos considerar como
total do conjunto a Receita Operacional Líquida, mesmo que no demonstrativo analisado estejam infor-
madas a Receita Operacional Bruta e suas eventuais deduções. A diferença básica em relação ao Balanço
Patrimonial, para estabelecimento do índice 100, é que o total deste conjunto está na primeira linha, por
se tratar de uma demonstração em forma dedutível.
Análise de índices
A análise de índices ou quocientes relaciona itens e grupos de itens do Balanço Patrimonial e do
Demonstrativo de Resultados.
O uso desses índices é de utilidade para análise de crédito e de tendências, além de auxiliar a
administração ou gerência, contribui para que os analistas entendam o desempenho da empresa no
passado e examinem sua posição no setor de mercado, através da comparação com padrões.
Esses índices são compostos basicamente de cinco grandes grupos:
Índices de Liquidez;:::
Índices de Endividamento;:::
41|Análise de indicadores de desempenho
Índices de Eficiência ou Rotatividade;:::
Índices de Rentabilidade;:::
Índices de Valorização das Ações.:::
Liquidez
Os Índices de Liquidez são calculados a partir de relacionamento de contas do Balanço Patrimonial
e medem a capacidade da empresa de pagar seus compromissos, principalmente os de curto prazo.
Cuidados na avaliação dos resultados reais desse quociente:
o Ativo Circulante engloba itens de Disponibilidade, Contas a receber, Estoques e Despesas:::
Pagas antecipadamente, cujo grau de conversão em caixa é variado;
Estoques podem levar até 90 dias para serem vendidos;:::
Contas a receber podem demorar 30/60/90 dias, dependendo da política de vendas da:::
empresa, adicionando-se ainda o risco da inadimplência;
normalmente existe um descasamento entre Contas a receber e Contas a pagar.:::
Liquidez Corrente
LC =
Ativo Circulante
Passivo Circulante
Esse quociente mostra a capacidade de pagamento da empresa em curto prazo, ou seja, sua ca-
pacidade de honrar suas obrigações que vencem dentro do ciclo operacional da empresa ou no próxi-
mo exercício social (12 meses).
Liquidez Seca
LS =
Ativo Circulante (-) Estoques (-) Desp. Antec.
Passivo Circulante
Esse quociente proporciona uma análise mais conservadora e realista da situação de liquidez da
empresa, uma vez que elimina os riscos da incerteza de venda dos estoques e da realização das despe-
sas antecipadas através da apropriação ao resultado.
Liquidez Imediata
LI =
Disponível
Passivo Circulante
42 | Finanças: fundamentos e processos
Esse índice mostra quanto de recursos a empresa dispõe de imediato para honrar todos os seus
compromissos de curto prazo. Geralmente recomenda-se que esse índice seja o menor possível, sempre
evitando o risco de não possuir recursos disponíveis nas datas de vencimento das obrigações.
Liquidez Geral
LG =
Ativo Circulante (+) Real. Longo Prazo
Passivo Circulante (+) Exigível a Longo Prazo
Esse índice mostra a saúde financeira de longo prazo da empresa. Ao analisarmos os resultados do
Índice de Liquidez Geral devemos ter cuidado, uma vez que, os Passivos a Longo Prazo têm, geralmente,
vencimentos muito mais longos do que os Realizáveis. É conveniente examinar esse quociente em
conjunto com o Índice de Liquidez Corrente.
Endividamento
Os índices de endividamento mostram o relacionamento entre as fontes de capital da empresa,
representadas pelo Patrimônio Líquido (capital próprio) e as exigibilidades (capital de terceiros).
Destacamos a seguir os principais quocientes de endividamento:
Participação de Capitais deTerceiros
Esse índice é normalmente expresso em porcentagem e mostra quanto do Ativo Total (denomi-
nador) é financiado com recursos de terceiros (numerador). Quanto maior o quociente, mais endividada
estará a empresa, e maior será o risco de não conseguir pagar seus compromissos.
Representada pela fórmula =
Exigível Total
Ativo Total
Exigível Total = Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo
Grau de Endividamento
Esse índice mostra a participação do capital próprio no total das dívidas da empresa. Um índice
maior que 1 pode revelar uma dependência em relação ao capital de terceiros. Geralmente as indústrias
necessitam de uma maior quantidade de recursos próprios para financiar suas imobilizações em insta-
lações industriais, contudo, uma empresa comercial, com maior participação do capital de giro no Ativo
Total, normalmente opera com uma parcela menor de capital próprio.
Representada pela fórmula =
Exigível Total
Patrimônio Líquido
43|Análise de indicadores de desempenho
Composição do Endividamento
Esse quociente mostra a participação do endividamento no curto e longo prazo, ou seja, o perfil
da utilização do capital de terceiros. Quanto maior for esse índice, maior será a necessidade de caixa
para saldar os compromissos em curto prazo. Inversamente, quanto menor for esse índice, maior será
a folga de caixa da empresa para pagar seus compromissos de curto prazo. Normalmente, as empresas
procuram concentrar seus pagamentos no longo prazo para melhor usufruir dessa folga.
Representada pela fórmula =
Passivo Circulante
Exigível Total
Índices de Eficiência ou Rotatividade
Os Índices de Eficiência ou Rotatividade revelam a velocidade com que determinados elementos
do patrimônio giram durante o exercício. Esses índices relacionam itens do DRE e do BP e são expressos
em períodos de tempo (dias, meses ou anos). Os principais quocientes de eficiência são:
Giro dos Estoques
Fórmula =
Custo das Mercadorias Vendidas
Estoque Médio
Estoque Médio =
Estoque Inicial + Estoque Final
2
Demonstra o número de vezes que o estoque girou por causa das vendas. É utilizado para compara-
ção com outras empresas da mesma atividade ou para comparação e análise do estoque da empresa.
O ramo de atividade determina diferenças nos índices de giro: um supermercado ou uma in-
dústria de bebidas apresenta giro de estoques muito superiores ao de uma fabricante de aviões, por
exemplo.
Quanto maior for o giro dos estoques, mais eficientemente a empresa estará gerenciando seus
estoques. No entanto, deve-se ter o cuidado para que os estoques não tenham um nível tão pequeno a
ponto de, em algum momento, resultar em falta, comprometendo as vendas.
Prazo Médio de Renovação dos Estoques
É a transformação das quantidades de giros do estoque em número de dias por período.
Fórmula =
360
Giro dos Estoques
44 | Finanças: fundamentos e processos
Esse índice mostra para as indústrias, o número de dias que decorre em média entre a compra
da matéria-prima, sua transformação em produto e sua venda. No caso das empresas comerciais ou
mercantis mostra o tempo médio entre a compra da mercadoria e sua venda, ou seja, quanto tempo o
estoque da empresa leva para se renovar.
Giro do Contas a receber
Fórmula =
Vendas Líquidas
Contas a receber médio
Determina quantas vezes a empresa gira seu “Contas a receber”, em função das vendas. Quanto
maior for o giro, melhor para a empresa.
Uma concessão de crédito mais seletiva resulta em giro maior. Giros muito altos podem indicar
política de crédito deficiente.
Prazo Médio de Recebimentos
Fórmula =
360
Giro Contas a receber
Indica o número de dias que a empresa leva, em média, para receber efetivamente o valor das
vendas. O desconto de duplicatas reduz o volume das aplicações em Contas a receber, porém depende
da necessidade de Liquidez Imediata da empresa, e principalmente, do custo cobrado pelos bancos.
Giro do Contas a Pagar
Esse índice tem sua melhor aplicação às empresas comerciais, já que as indústrias incluem no
valor de seus estoques, além do valor da compra de matérias-primas, o custo da mão-de-obra, a depre-
ciação e os custos indiretos de fabricação.
Fórmula =
Compras
Conta Fornecedor Médio
Fornecedor Médio =
Fornecedor no Início + Fornecedor no Final
2
Compras = CMV (+) Estoque Final (–) Estoque Inicial
Esse quociente indica quantas vezes, em média, a empresa renova seu“Contas a pagar”.
Prazo Médio de Pagamentos
Fórmula =
360
Giro do Contas a pagar
45|Análise de indicadores de desempenho
Esse quociente indica o tempo de financiamento do capital de giro da empresa através dos forne-
cedores, é o tempo decorrido entre a compra da mercadoria e o pagamento ao fornecedor.
Quanto menos girar o contas a pagar, melhor para a empresa e, conseqüentemente, quanto maior
o número de dias de seu prazo médio de pagamentos, melhor para empresa, desde que não atrase os
pagamentos e não pague encargos por esse atraso.
Posicionamento Relativo
Fórmula =
Prazo Médio de Recebimentos
Prazo Médio de Pagamentos
Esse índice, preferencialmente, deve ser inferior a 1, para não afetar de maneira negativa o fluxo
de caixa.
Há uma forte influência dos índices de eficiência sobre os quocientes de liquidez. Sempre que
diminuímos o Prazo Médio de Estoques, o Prazo Médio de Recebimentos e aumentamos o Prazo Médio
de Pagamentos estamos acelerando a entrada de dinheiro no caixa melhorando, portanto, os índices
de liquidez.
Ciclo Operacional
O Ciclo Operacional ou Ciclo de Caixa é definido como o período de tempo que vai do ponto em
que a empresa faz seu desembolso para adquirir matéria-prima (mercadoria), até o ponto em que é
recebido o dinheiro da venda do produto.
Ciclo Operacional = PME (+) PMR (-) PMP, em que:
PME = Prazo Médio de Estoque
PMR = Prazo Médio de Recebimento
PMP = Prazo Médio de Pagamento
Exemplo de cálculo do Ciclo Operacional
Prazo Médio de Estoque
Estoque Médio =
EI + EF
=
10.902 (+) 8.667
=
19.569
=
9.784
2 2 2 2
Giro do Estoque =
CMV
=
128.375
= 13,12
Estoque Médio 9.784
PME =
360
=
360
= 27 dias
Giro 13,12
46 | Finanças: fundamentos e processos
Prazo Médio de Recebimentos
Contas a receber Médio =
Contas a receber Início (+) Contas a receber no Final
2
(21.488 – 1.056) + (45.748 – 1.350)
=
20.432 + 44.398
=
64.830
= 32.415
2 2 2
Giro do Contas a receber =
Vendas Líquidas
=
208.954
= 6,45
Contas a receber Médio 32.415
PMR =
360
=
360
= 56 dias
Giro 6.45
Prazo Médio de Pagamentos
Compras = CMV (+) Estoque Final (-) Estoque Inicial
Compras = 128.375 + 8.667 – 10.902 = 126.140
Fornec. Médio =
Forn. Início + Forn. Final
=
7.221 + 9.913
=
17.134
= 8.567
2 2 2
Giro do Contas a pagar =
Compras
=
126.140
= 14,75
Fornecedor Médio 8.567
PMP =
360
=
360
= 24 dias
Giro de Contas a pagar 14,75
Ciclo Operacional = PMR + PME – PMP
Ciclo Operacional 56 + 27 – 24 = 59 Dias
59 dias é o tempo decorrido desde a compra da mercadoria até a cobrança da duplicata.
Índices de Rentabilidade
Os Índices de Rentabilidade mostram o retorno auferido pela empresa na utilização de seus ativos
durante um período. Esses índices relacionam o lucro da empresa com seu tamanho, expresso por meio
de suas vendas ou de seus ativos (investimento).
Os principais Índices de Rentabilidade são:
Margem de Lucro sobreVendas
Margem Líquida =
Lucro Líquido
Vendas Líquidas
47|Análise de indicadores de desempenho
Vendas Líquidas = Receita Bruta (menos) Impostos sobre Vendas Deduções e Abatimentos e De-
voluções
Margem Operacional =
Lucro Operacional
Vendas Líquidas
Giro do Ativo
Esse índice expressa quantas vezes o Ativo se transformou em Vendas.
Giro do Ativo Total =
Vendas Líquidas
Ativo Total Médio
Ativo Total Médio =
Ativo Total Inicial (+) Ativo Total Final
2
Giro do Ativo Operacional =
Vendas Líquidas
Ativo Operacional Médio
Ativo Operacional Médio = Capital de Giro Líquido (+) Ativo Realizável a Longo Prazo
(+) Ativo Permanente
Capital de Giro Líquido = Ativo Circulante (-) Passivo Circulante
Retorno sobre o Ativo
O Retorno sobre o Ativo Total (ROA – Return on Assets) estabelece a eficiência dada ao Ativo
Total utilizado nas operações da empresa.
ROA =
Lucro Líquido
Ativo Total Médio
Retorno sobre o Investimento
O Retorno sobre o Investimento (ROI – Return on Investiment) estabelece a eficiência dada pela
administração ao Ativo Operacional utilizado nos negócios da empresa.
ROI =
Lucro Operacional
Ativo Operacional Médio
Os índices ROI e ROA são de grande importância, na medida em que nos permitem comparar em-
presas de qualquer tamanho. Na verdade esses índices mostram que só o tamanho do Ativo não diz nada.
O que vale é o retorno obtido por meio da utilização desses ativos, qualquer que seja seu tamanho.
48 | Finanças: fundamentos e processos
Retorno sobre o Patrimônio Líquido
O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE – Return on Equity) apura a relação entre o ganho
obtido pelos sócios e o investimento que realizaram na empresa.
ROE =
Lucro Líquido
Patrimônio Líquido Médio
Patrimônio Líquido Médio =
Patrimônio líquido Início (+) Patrimônio Líquido Final
2
Índices deValorização das Ações
São quocientes importantes, que nos proporcionam avaliar os valores das ações das empresas.
Valor Patrimonial da Ação (VPA)
VPA =
Patrimônio Líquido
Número de Ações
Esse quociente retrata o valor contábil da ação e pode ser útil para o acionista na hora da venda
de suas ações, pois possibilita comparar com o valor da ação cotada em bolsa ou com o valor oferecido
por um eventual comprador. Quanto maior o preço cotado em bolsa em relação ao valor patrimonial da
ação, melhores são as apostas dos analistas quanto ao futuro desempenho da empresa.
Lucro Por Ação (LPA)
LPA =
Lucro Líquido
Número de Ações
Esse índice é usado como uma medida interna de análise de desempenho. Serve como medida
comparativa entre empresas de diferentes tamanhos e ramos de atividade diversos. Os analistas de
mercado costumam recomendar a compra de ações que mostrem LPA crescente ao longo do tempo.
Índice P/L
P/L =
Preço da Ação
Lucro por Ação
49|Análise de indicadores de desempenho
O mercado interpreta esse índice como sendo o tempo necessário para recuperar o investimento
feito na compra de ações de uma empresa. Um P/L alto pode indicar para o investidor a existência de
expectativa de crescimento dos benefícios gerados pela empresa, já um baixo P/L indica que a expecta-
tiva futura de lucros da empresa é questionável.
Índice de Dividendos por Ação (DPA)
DPA =
Valor dos Dividendos
Preço da Ação
O Índice de Dividendos por Ação, indica o percentual do preço da ação pago sob a forma de
dividendos.Essequocienterevelaapolíticadedistribuiçãodelucros,naformadedividendosdaempresa.
Quanto maior esse índice, maior a possibilidade de atrair novos investidores e como conseqüência maior
liquidez das ações da empresa na Bolsa de Valores.
Texto complementar
As limitações do uso dos coeficientes e índices
Limites e o bom-senso
Uma análise nos conceitos, nas definições e nas propostas dos vários autores da área deixa
claro que não há limites na construção de fórmulas para a elaboração de uma análise de empresas.
Elas podem variar em função do tipo ou da linha do negócio; de acordo com o momento ou com a
finalidade a que se destinam; pelo grau de criatividade e sensibilidade do analista; pelo enfoque que
se quer dar ou investigar etc. Além das fórmulas já consagradas, muitas outras já surgiram e ainda
surgirão. Assemelha-nos, entretanto, que sempre haverá limitações e que jamais o assunto poderá
ser esgotado. Wolfgang (1997 : 34) nos dá uma grande lição.
Vejamos: “O bom senso (common sense) é, sem dúvida, a base mais sólida para sermos lógicos,
práticos e claros. Afinal, o bom-senso é um aliado da lógica, praticidade e clareza. O entusiasmo ou pes-
simismo em excesso e a falta de informações mínimas são inimigos do bom senso. Não devemos con-
fundir arrojo ou medo com bom-senso. O bom-senso fortalece e sustenta mais concretamente idéias e
conclusões.....Contudo, o bom-senso implica a necessidade de certo conhecimento técnico, pesquisa e
questionamento....Por outro lado, o conhecido feeling (percepção, sentimento) muitas vezes pode ser
(e é) invocado para tentar explicar algum fenômeno na análise.... O feeling, mesmo sendo de origem
subjetiva, implica certa sustentação lógica...”
É exatamente isso que se pretende. Primeiramente é preciso deixar claro que o bom senso e
os estudos já provaram que a análise através do coeficiente e índices, já prestou grandes serviços
à gestão e aos negócios. Por outro lado há estudiosos, raros com certeza, que abominam a impor-
tância de tais estudos como instrumentos de gestão, dado exatamente às suas limitações. O que
deve ter faltado é o bom senso. Isto é, certo conhecimento específico e técnico, pesquisas e ques-
50 | Finanças: fundamentos e processos
tionamento. É o que está sendo feito agora. O que se questiona é se os coeficientes e índices são
verdades ou inverdades absolutas. Nem uma coisa nem outra.
Questiona-se também se o conhecimento sobre o ambiente, sobre o mercado e o feeling não
oferecem lógicas suficientes para enriquecer e robustecer um trabalho de análise.
As limitações e o analista
Não há como discutir a limitação do estudo feito através de coeficiente e de índices que se
referem a dados e a informações passadas e, sobretudo, não trabalham com um cenário maior de
informações. Ensaios e opiniões de vários autores quando sinalizam e até mesmo enfatizam as limi-
tações da análise e, conseqüentemente, ao uso de coeficiente e de índices.
O uso dos quocientes oferece grandes limitações mesmo que comparados com: a) a série his-
tórica da própria empresa, b) algum padrão previamente estabelecido, c) quocientes análogos de
empresas pertencentes ao mesmo mercado, d) certos parâmetros de interesse regional, nacional ou
internacional.
A análise em que leva em conta apenas os valores das demonstrações financeiras possui uma
limitação adicional que é não considerar as quantidades físicas expressas naqueles valores.
Mesmo utilizando algumas técnicas previsionais, com as quais alguns autores mais modernos
já estão trabalhando, as limitações não são totalmente eliminadas. Sempre haverá uma margem de
erro, principalmente tratando de previsões.
Sem a presunção de querer eliminar essas margens de erro, é uma análise ambiental consideran-
do o mercado e o seu funcionamento como variável tão ou mais importante do que as potencialida-
des internas da organização. Mais do que isso, amplia na análise dos fatores internos, estudos de infor-
mações que extrapolam as demonstrações financeiras, mas que nela se refletem, pois interferem nas
capacidades e competências da empresa. Finalmente conjuga as informações obtidas pela análise das
várias eficiências da empresa traduzindo isso em ferramenta para gestão ou para tomada de decisão.
Os índices, como medidores das relações entre números integrantes das demonstrações finan-
ceiras de uma empresa, são ferramentas bastante úteis para análise, resumindo grande quantidade
de dados e geralmente de fácil compreensão. Contudo, os índices têm limitações consideráveis que
devem ser lembradas quando avaliamos seu significado em determinado caso.
Leva em conta a rigidez das Demonstrações Contábeis diante dos princípios; ressalta os refle-
xos das mudanças macro-ambientais sobre as demonstrações; considera as mudanças internas etc.
Os índices não esgotam a análise e, isolados, não refletem situações favoráveis ou desfavoráveis na
operação ou administração da empresa. A análise ambiental interna e externa é fundamental para
qualquer avaliação, política de gestão ou tomada de decisão.
Limitações da análise tradicional para efeito de gestão
Dados e informações
As informações geradas pelos dados contábeis são efetivamente limitadas e que para efeito de
gestão, o importante é além de transformar os dados em informações, saber usar convenientemen-
te as informações.
51|Análise de indicadores de desempenho
Vários são os conceitos e definições sobre as demonstrações financeiras, e quanto às suas fun-
ções. O autor Matarazzo (1991, p. 22) ressalta que as demonstrações fornecem dados sobre a empre-
sa de acordo com as regras contábeis fazendo inclusive, uma separação entre dados e informações.
Assim define: “dados são números ou descrição de objetos ou eventos que, isoladamente, não provo-
cam nenhuma reação no leitor. Informações representam para quem as recebe uma comunicação que
pode produzir reação ou decisão, freqüentemente, acompanhada de um efeito surpresa”.
A definição do autor confirma os limites da contabilidade e da análise como fontes de infor-
mações gerenciais. A contabilidade cuja essência são dados, não passa da descrição, classificação,
cumulação e sistematização de dados.
Pela análise tradicional (vertical/horizontal), mesmo que todos os dados contábeis pudessem
ser transformados em algum tipo de informação, e em muitos casos isso não é possível, várias infor-
mações ficariam incompletas ou inaplicáveis.
Por exemplo: as vendas do período 20x1 aumentaram 7,4% em relação ao período 20x0 e que
no período 20x2 caíram 4,3% em relação ao primeiro período. Pois bem, temos aí duas informações
geradas pela análise tradicional que infelizmente não oferecem respostas para uma série de per-
guntas importantes como, por exemplo:
a)	 por que as vendas caíram? Através da análise pura e simples dos dados contábeis é
humanamente impossível responder a pergunta com propriedade;
b)	 se as vendas caíram o que deve ser feito? Não é possível definir o que fazer se não
localizarmos as causas;
c)	 se alguma coisa deve ser feita, por quem, quando e como ela deve ser feita? Também não
é possível responder, pois não se sabe onde o problema está localizado.
Nesta linha de raciocínio poderíamos citar várias perguntas que ficariam sem respostas se a
análise se limitasse aos dados contábeis.
Ao contrário de tudo isso, quando desenvolvemos a mesma análise horizontal/vertical agre-
gando informações sobre o preço do produto, sobre o mercado potencial, sobre a participação
da empresa no mercado e sobre as estratégicas mercadológicas utilizadas naqueles exercícios,
torna-se possível responder grande parte ou quase todas as perguntas formuladas.
Respostas que não satisfazem ao gestor
Falar de limitações justifica pelo fato de que após a conclusão de uma análise é que começa
efetivamente o trabalho visando os seus objetivos: tomar decisões baseadas no seu resultado.
Geralmente os autores indicam que uma análise das demonstrações levanta as seguintes questões
a serem resolvidas:
A situação da empresa no aspecto analisado é anômala ou normal?:::
O resultado da análise revela alguma irregularidade?:::
Quais foram as causas das irregularidades?:::
O resultado revela algum risco ou alguma possibilidade de fracasso na empresa analisada?:::
Quais são as providências por ordem cronológica, a serem tomadas?:::
52 | Finanças: fundamentos e processos
Verificando este elenco de perguntas fica claro que a análise tradicional termina exatamente
no momento em que deveria se tornar uma ferramenta de decisões. Seu limite não deveria estar
apenas na transformação dos dados contábeis nas informações. Deveria ir além, isto é, orientar uma
ou algumas decisões. Uma análise literal do que sugere as perguntas que a análise tradicional tenta
responder seria:
a)	 se não há nada de anormal com a empresa quanto ao aspecto analisado, a pergunta sugere
o término dos trabalhos e prejudica todas as perguntas subseqüentes. Existem no mínimo,
duas falhas gritantes neste processo. A primeira é a de tentar sugerir algum parâmetro
de normalidade sem, entretanto, apresentá-lo ou defini-lo. A segunda falha é limitar a
validade da análise apenas quando há um problema localizado.
b)	 a segunda questão torna-se desnecessária se a resposta dada à primeira for positiva.
c)	 a terceira questão é pretensiosa. Pela análise tradicional limitada aos dados contábeis
é impossível apurar com profundidade as causas de qualquer evento. Chegaria-se no
máximo, a algumas causas superficiais da questão.
d)	 a quarta questão é até patética. Primeiro porque se existe uma situação anômala
caracterizada como perniciosa pela segunda questão, só pode oferecer algum tipo de
risco. Em segundo lugar a empresa é colocada num ambiente de desgraça deixando
claro que somente dever-se-á tomar alguma atitude se houver algum perigo. Não ficaria
melhor se fosse feita da seguinte forma: “a situação levantada pela análise revela alguma
ameaça ou alguma oportunidade para a empresa?”. Mesmo inconsistente a pergunta seria
mais lógica. Por se tratar de dados internos, a pergunta correta deveria ser: “onde estão
os pontos fortes e os pontos fracos da empresa em relação à sua estrutura organizacional
comparados com.... ?”
e)	 a quinta pergunta sugere a “redescoberta da roda”, pela análise. Faça isso, no prazo tal.
Quando um problema é localizado nada mais óbvio do que sugerir caminhos para a sua
solução.
Fonte: Análise Contábil: um enfoque voltado para a gestão de empresas – Wilter Furtado. Disponível em:
<http://www.icone.com.br/downloadlivre/EBook/Antigos/Gestao%20contabil.pdf>
Ampliando conhecimentos
Para complementar os estudos sobre Análise de Indicadores de Desempenho, indico os livros
“Estrutura e Análise de Balanço” de Alexandre Assaf Neto, “Análise Financeira de Balanços” de Dante
Carmine Matarazzo e “Contabilidade Empresarial” de José Carlos Marion, todos publicados pela Editora
Atlas. São livros muito bons, e que não possuem uma leitura“pesada”, aliando o conceito à prática.
53|Análise de indicadores de desempenho
Atividades
1.	 Com base no Balanço Patrimonial e na Demonstração de Resultado abaixo, calcule os seguintes
índices para o exercício de 2006:
a)	 Índice de Liquidez Corrente;
b)	 Índice de Liquidez Seca;
c)	 Índice de Liquidez Geral;
d)	 Giro de Estoques;
e)	 Giro de Contas a receber;
f)	 Dias de venda em estoque;
g)	 Dias de venda em contas a receber;
h)	 Endividamento Geral.
Ativo 2005 2006 Passivo 2005 2006
Caixa 120 88 Fornecedores 124 144
Contas a receber 224 192 Títulos a pagar 1 412 1 039
Estoques 424 368 Total do Circulante 1 536 1 183
Total do Circulante 768 648 Exigível a Longo Prazo 1 804 2 077
Ativo Imobilizado Líquido 5 228 5 354 Patrimônio Líquido
Total do Ativo 5 996 6 002 Capital Social 300 300
Lucros Acumulados 2 356 2 442
Total do PL 2 656 2 742
Total do Passivo 5 996 6 002
Resultado 2006
Vendas 3.756
Custo (2.453)
Lucro bruto 1.303
Depreciações (490)
Juros pagos (613)
Lucro antes dos Impostos 200
Impostos (68)
Lucro Líquido 132
54 | Finanças: fundamentos e processos
2.	 Com base na Demonstração de Resultado, apresentada a seguir, calcular a análise vertical
considerando como 100% o valor das vendas.
Resultado 2006
Vendas 3.756
Custo (2.453)
Lucro Bruto 1.303
Depreciações (490)
Juros pagos (613)
Lucro antes dos Impostos 200
Impostos (68)
Lucro Líquido 132
Sistemas de custeamento
Introdução
Apesar de muitos afirmarem que os métodos de cálculo de custos surgiram com o advento da
revolução industrial, encontra-se fatos na história que mostram que estes métodos já eram empregados
há mais tempo.
Pode-se dizer que os sistemas de custeios originaram-se na preocupação do homem em contar e
identificar as suas necessidades de sobrevivência.
SuaorigemfoiemFlorença,cidadequedesdeoséculoXIIsedistinguiupelafabricaçãodetecidos.A
ilustre família dos Médicis, por exemplo, que originalmente se dedicava aos bancos, excursionaram logo
na indústria têxtil, comprando lã em estado bruto e vendendo tecidos acabados, que eram produzidos
por confeccionadores individuais em seus próprios domicílios. Como cada fase desta produção era
realizada por diferentes famílias, os Médicis usaram o método de registros de custos separados por
processo individual.
Sistemas de custos ao longo do tempo
Século XVIII:::
Na Renascença o Sistema de Custos era pouco desenvolvido, devido à maior importância que
se dava ao comércio em relação à produção. São identificadas exceções somente em 1577, quando
empresas mineradoras da Áustria mostravam em seus registros contábeis a acumulação de custos de
materiais, mão-de-obra e certos gastos que eram lançados em uma conta chamada “Fundição” e logo
em seguida creditavam-se a“produtos acabados”.
Século XIX:::
Somente neste século a contabilidade de custo evoluiu, devido à necessidade de incorporar os
gastos de fabricação aos custos totais. O que dificultava a contabilidade de custos era a divulgação
de conhecimento do processo de fabricação, muitas vezes considerado como segredo industrial, e era
reduzido o número de contadores que tinham visão geral sobre o tema.
Finanças: fundamentos e processos contábeis
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Finanças: fundamentos e processos contábeis

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  • 3.
  • 4. Sumário Demonstrações Contábeis | 9 Introdução | 9 Elaboração e divulgação das Demonstrações Contábeis  | 10 Importância da divulgação das Demonstrações Contábeis para os usuários da Contabilidade | 15 Balanço Patrimonial | 19 Conceito | 19 Estrutura | 19 Ativo | 20 Passivo | 22 Demonstração do Resultado do Exercício | 24 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados | 25 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido | 25 Introdução e conceitos de custos fixos e variáveis | 29 Introdução | 29 Conceito de custo direto e indireto, fixos e variáveis | 32 Classificação dos custos: fixos e variáveis | 33 Análise de indicadores de desempenho | 37 Introdução | 37 Análise horizontal (evolução) | 39 Análise vertical (participação) | 39 Análise de índices | 40 Sistemas de custeamento | 55 Introdução | 55 Departamentalização | 56 Classificação dos sistemas de custeios | 58
  • 5. Sistema de custeamento II | 65 Custeio por absorção | 65 Classificação dos custos em diretos e indiretos | 66 Custos fixos e variáveis | 67 Custeio Baseado em Atividades (abc) | 67 Implantação de um sistema de custos | 69 Orçamento, provisões e reservas financeiras | 73 Introdução | 73 Conceitos e tipos de orçamento | 75 Organização e processo de elaboração | 76 Itens de um orçamento | 77 Estrutura do plano orçamentário | 77 Orçamento por atividades | 78 Elaboração do orçamento | 78 Ponto de Equilíbrio | 83 Conceituação | 83 Conceitos pertinentes ao Ponto de Equilíbrio | 84 Tipos de Ponto de Equilíbrio | 85 Elementos envolvidos na determinação do Ponto de Equilíbrio | 87 Determinação do Ponto de Equilíbrio de Mercado | 88 Administração do capital de giro e análise das fontes de recursos | 91 Introdução | 91 Decisão de investimento | 92 Administração do capital de giro | 93 Fontes de financiamento de curto prazo | 94 Análise do Resultado Operacional | 99 Índices de Lucratividade ou Rentabilidade | 99 Medidas de análise e avaliação de desempenho | 101 Planejamento e controle financeiro | 109 Processo de planejamento financeiro | 109 Orçamento de caixa | 109 Planejamento de resultados | 114 Consideração de tipos de custos e despesas | 116 Considerações sobre o fechamento da Projeção de Balanço | 120
  • 6. Planejamento de caixa e Projeção do Balanço Patrimonial | 123 Introdução | 123 Projeção da empresa Crocante S/A | 123 Premissas para projeção detalhada da Demonstração de Resultados | 125 Projeção do Fluxo de Caixa Livre | 132 Definição das premissas | 133 Custos e fontes de investimentos | 137 Inflação | 137 Formação da taxa de juros no mercado | 139 Valores nominais e valores reais | 140 Decisões de investimentos | 140 Fluxos de caixa | 141 Custo de capital | 142 Mercado de capitais | 149 Introdução | 149 Mercado de ações | 150 Debêntures | 158 Mercado de ações e financiamento a longo prazo | 165 Mercado Futuro de Ações | 165 Operações com ADR/GDR | 166 Mercado de derivativos | 167 Fundos de investimentos | 169 Gabarito | 175 Referências | 187 Anotações | 191
  • 7.
  • 8. Ao ser convidado a participar deste projeto, fiquei imaginando como poderia transmitir a distância conhecimentos específicos sobre finanças, aliando os conceitos à prática de modo que o aluno pudesse visualizar e entender todos os procedimentos, ações e acima de tudo o bom senso que um gestor financeiro deve ter em suas rotinas diárias. Neste livro, foram abordados os conceitos pertinentes à área financeira e sua aplicabilidade direcionada ao cotidiano empresarial, por meio de uma linguagem acessível, com exemplos numéricos e estudos de casos fictícios que facultam um aprendizado consistente acerca das metodologias de gestão financeira na busca contínua de melhorias. Independentemente de quão embasado esteja um gestor financeiro ou de quantos livros tenha ele estudado minuciosamente, há questões presentes no cotidiano de uma empresa que lhe exigirão a simples aplicação de seu bom senso. Este requisito não se aprende em nenhum curso qualquer ao redor do mundo e por isso, é umas das chaves para o sucesso em qualquer carreira profissional. A área financeira, em seu mais complexo âmbito de interpretação e aprendizado, requer acima de tudo dedicação e isto se trata de uma árdua, intensa e longa jornada, para a qual não existe um padrão ou uma cartilha a seguir que garanta o tão famigerado sucesso. Seja na vida pessoal ou na profissional é primordial ouvirmos, lermos e aprendermos com as pessoas que, de uma forma ou de outra, passaram ou estão passando por esta jornadaenosdeixamsuasexperiênciasparaquepossamosusufruirdeseus conhecimentos e experiências, traçando, com isso, um caminho próprio. Para ser um bom profissional é necessário mais que informação: é preciso suprimir persistência e comprometimento que resultem em credibilidade, alémdisso,valelembrarquenãoexisteumareceitaparaosucessoimediato e definitivo.
  • 9. Espero que esta disciplina possa contribuir para o conhecimento de todos e tornarmaisagradávelaárduaedifíciljornadaprofissional.Desejotambém que os frutos decorrentes deste trabalho se reflitam em sua ascensão pessoal, promovendo a cidadania e responsabilidade social, pois nosso país necessita de cidadãos reais, ou seja, que pratiquem a cidadania. Este é o caminho para o crescimento de um País!! Marcello Lopes dos Santos
  • 10. Demonstrações Contábeis Marcello Lopes dos Santos* Introdução As Demonstrações Contábeis são elaboradas baseadas nas informações obtidas dos registros con- tábeis e têm por objetivo revelar aos usuários internos (administradores da companhia, funcionários) e externos (acionistas, bancos, clientes, fornecedores, Governo, outros credores e agentes regulamen- tadores) informações sobre a posição patrimonial da companhia e o seu resultado, proporcionando o conhecimento e a análise de sua situação patrimonial em um determinado momento. Para a administração da companhia, as informações contidas nas Demonstrações Contábeis além de demonstrar a evolução de vários grupos contábeis, também servem como um elemento de controle e auxílio na tomada de decisões, assegurando que o planejamento estabelecido está sendo cumprido e também atuando como auxiliar na definição das diretrizes que a empresa deverá seguir. A contabilidade na vida das empresas é o meio mais eficiente de fornecer informações precisas e ajudar o empresário na gestão e melhoria dos controles do seu negócio. Com a utilização de técnicas contábeis o empresário controla o seu patrimônio e conhece o resultado no período (lucro ou prejuízo), permitindo a tomada de decisões mais seguras com base nas informações contábeis. As Demonstrações Contábeis são um sistema de informação, necessário à gestão das empresas e um de seus objetivos é o de fornecer informações sobre as mutações que ocorrem no seu patrimônio. No entanto, muitos consideram e até confundem a contabilidade como mero instrumento de informa- ção, embora todas as áreas do conhecimento gerem informações. Estas demonstrações, além de gerar informações, permitem explicar os fenômenos patrimoniais, construir modelos de prosperidade, efetuar análises, controlar e também prever e projetar exercícios seguintes. Tais demonstrações, além de possibilitar outras tantas tarefas, constituem um importante componente da gestão, cujo principal objetivo é o de fornecer informações para o processo de tomada de decisão e de formulação de estratégias. * Bacharel em Ciências Econômicas e em Ciências Contábeis.
  • 11. 10 | Finanças: fundamentos e processos Elaboração e divulgação das Demonstrações Contábeis  As Demonstrações Contábeis consistem em um conjunto de demonstrativos previstos em Lei ou consagrados pela prática contábil, normalmente elaboradas ao final do exercício e de acordo com as Normas Brasileiras de Contabilidade – NBC e Princípios Fundamentais de Contabilidade, objetivando uma correta elaboração das peças contábeis, no que diz respeito à sua estrutura ou forma de apresen- tação, bem como, a uma fiel observância quanto à formalização dos registros. Podemos segregar as Demonstrações Contábeis em básicas e complementares. As Demonstrações Contábeis básicas são: Balanço Patrimonial;::: Demonstração do Resultado do Exercício.::: As Demonstrações Contábeis complementares são: Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados;::: Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;::: Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos;::: Demonstração do Valor Adicionado;::: Demonstração dos Fluxos de Caixa.::: Demonstrações Contábeis exigidas pela lei 6.404/76 A Legislação Societária (Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976) determina que, ao término de cada exercício social, a administração da empresa elabore, com base na sua escrituração contábil, demons- trações financeiras, consagradas no Brasil como Demonstrações Contábeis, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da empresa e as mutações ocorridas no exercício. De acordo com o artigo 176 da Lei 6.404/76, as Demonstrações Contábeis exigidas pela legislação societária são as seguintes: a) Balanço Patrimonial; b) Demonstração do Resultado do Exercício; c) Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados. A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido não é obrigatória, mas se apresentada, a Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados fica dispensada. A Comissão de Valores Mobiliários, através da Instrução nº. 59 de 30 de dezembro de 1986 tornou obrigatória a divulgação da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido para todas as compa- nhias abertas. A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos só é obrigatória para as companhias aber- tas e fechadas com Patrimônio Líquido superior a R$ 1 milhão.
  • 12. 11|Demonstrações Contábeis As Demonstrações dos Fluxos de Caixa e do Valor Adicionado não são obrigatórias, mas são de grande importância como ferramenta de análise e gestão da companhia. Essas demonstrações devem ser publicadas sempre de forma comparativa ao exercício anterior. Nas empresas de capital aberto, as Demonstrações Contábeis deverão ser examinadas por auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sendo o respectivo parecer pu- blicado junto às referidas Demonstrações Contábeis. Comparabilidade das Demonstrações Contábeis A comparabilidade das demonstrações financeiras de um exercício social com as demonstrações financeiras do exercício social imediatamente anterior é imposta pelo parágrafo 1º do artigo 176: “§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demons- trações do exercício anterior.” Contas semelhantes e de valores não significativos podem ser agrupadas dentro do que dispõe o parágrafo 2º do artigo 176: “§ 2º Nas demonstrações, as contas semelhantes poderão ser agrupadas; os pequenos saldos poderão ser agregados, desde que indicada a sua natureza e não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do respectivo grupo de contas; mas é vedada a utilização de designações genéricas, como‘diversas contas’ou‘contas-correntes’.” Destinação do Lucro do Exercício A destinação do lucro de cada exercício deve constar das demonstrações financeiras, conforme dispõe o parágrafo 3º do artigo 176: “§ 3º As demonstrações financeiras registrarão a destinação dos lucros segundo a proposta dos órgãos da administra- ção, no pressuposto de sua aprovação pela assembléia geral.” Notas Explicativas A elaboração de Notas Explicativas e de outros quadros ou demonstrativos que sirvam para um melhor esclarecimento das demonstrações é imposta pelo parágrafo 4º do artigo 176: “§ 4º As demonstrações serão complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos ou Demonstrações Contábeis necessários para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício.” O parágrafo 5º do mesmo artigo determina o conteúdo das notas explicativas. “§ 5º As notas deverão indicar: a) Os principais critérios de avaliação dos elementos patrimoniais, especialmente estoques, dos cálculos de deprecia- ção, amortização e exaustão, de constituição de provisões para encargos ou riscos, e dos ajustes para atender a perdas prováveis na realização de elementos do Ativo; b) Os investimentos em outras sociedades, quando relevantes (artigo 247, parágrafo único); c) O aumento de valor de elementos do Ativo resultante de novas avaliações (artigo 182, parágrafo 3º);
  • 13. 12 | Finanças: fundamentos e processos d) Os ônus reais constituídos sobre elementos do Ativo, as garantias prestadas a terceiros e outras responsabilidades eventuais ou contingentes; e) A taxa de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações a longo prazo; f) O número, espécies e classes das ações do capital social; g) As opções de compra de ações outorgadas e exercidas no exercício; h) Os ajustes de exercícios anteriores (artigo 186 parágrafo 1º); i) Os eventos subseqüentes à data de encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter, efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da companhia.” Escrituração O artigo 177 da Lei 6.404/76 faz referência à escrituração da companhia, que serve de base para elaboração das Demonstrações Contábeis, o qual reproduzimos a seguir: “Art. 177 A escrituração da Companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da le- gislação comercial e desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência.” O parágrafo 1º do artigo 177 trata da modificação dos métodos ou critérios aplicados pela em- presa e assim dispõe: “§ 1º As Demonstrações Contábeis do exercício em que houver modificação de métodos ou critérios contábeis, de efeitos relevantes, deverão indicá-la em nota e ressaltar esses efeitos.” Disposições tributárias ou especiais não podem modificar a escrituração mercantil nem as De- monstrações Contábeis previstas pela Lei nº. 6.404/76, conforme dispõe o parágrafo 2º do artigo 177: “§ 2º A companhia observará em registros auxiliares, sem modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as disposições da Lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu obje- to, que prescrevam métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem a elaboração de outras demonstrações financeiras.” No caso de companhia aberta, as Demonstrações Contábeis estão sujeitas também às normas da Comissão de Valores Mobiliários e são obrigatoriamente auditadas por auditores independentes regis- trados naquela comissão (artigo 177 parágrafo 3º). O parágrafo 4º do artigo 177 determina que as Demonstrações Contábeis devem ser assinadas pelos administradores e por contabilistas legalmente habilitados. Balanço Patrimonial O artigo 178 determina a forma de classificação das contas no Balanço Patrimonial: “Art. 178 No balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.” Os grupos de contas que formam o Ativo e o Passivo são apontados nos parágrafos 1º e 2º do artigo 178: “§ 1º No Ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, nos seguintes grupos:
  • 14. 13|Demonstrações Contábeis a) Ativo Circulante; b) Ativo Realizável a Longo Prazo; c) Ativo Permanente, dividido em Investimentos, Ativo Imobilizado e Ativo Diferido. § 2º No Passivo, as contas serão classificadas nos seguintes grupos: a) Passivo Circulante; b) Passivo Exigível a Longo Prazo; c) Resultados de Exercícios Futuros; d) Patrimônio Líquido, dividido em Capital Social e Reservas de Capital, Reservas de Reavaliação, Reservas de Lucros e Lucros ou Prejuízos Acumulados.” O parágrafo 3º do artigo 178 determina que sejam classificados separadamente os saldos deve- dores e credores que a companhia não tiver direito de compensar. Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados O conteúdo da Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados é determinado pelo artigo 186: “Art. 186. A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará: I – o saldo do início do período, os ajustes de exercícios anteriores e a correção monetária do saldo inicial; II – as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; III – as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada ao capital e o saldo ao fim do período. A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados deve indicar o montante do dividendo por ação do Capital Social e pode ser incluída na Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (artigo 186, parágrafo 2º). Demonstração do Resultado do Exercício A composição da Demonstração do Resultado do Exercício é determinada pelo artigo 187: “Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I – a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; II – a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III – as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV. o lucro ou prejuízo operacional, as receitas e despesas não operacionais e o saldo da conta de correção monetária (artigo 185 parágrafo 3º); V – o resultado do exercício antes do imposto de renda e a provisão para o imposto; VI – as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias e as contribuições para insti- tuições ou fundos de assistência ou previdência de empregados; VII – o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.” O parágrafo 1º do artigo 187 impõe que sejam observados os princípios da competência e do confronto entre receitas e despesas na apuração do resultado do exercício:
  • 15. 14 | Finanças: fundamentos e processos “§ 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.” Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos, cuja finalidade é indicar as modificações na posição financeira da empresa, tem seu conteúdo determinado pelo artigo 188: “Art. 188. A Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos indicará as modificações na posição financeira da companhia, discriminando”: I – as origens dos recursos, agrupadas em: a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e ajustado pela variação nos resultados de exercícios futuros; b) realização do capital social e contribuições para reservas de capital; c) recursos de terceiros, originários do aumento do Passivo exigível a longo prazo, da redução do Ativo realizável a longo prazo e da alienação de investimentos e direitos do Ativo imobilizado. II – as aplicações de recursos, agrupadas em: a) dividendos distribuídos; b) aquisição de direitos do ativo imobilizado; c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo diferido; d) redução do Passivo exigível a longo prazo. III – o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações, representando aumento ou redução do capital circulante líquido; IV – os saldos, no início e no fim do exercício; do Ativo e Passivo circulantes, montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício. Publicação Os meios pelos quais as Demonstrações Contábeis devem ser publicadas constam do artigo 289: “Art. 289. As publicações ordenadas pela presente Lei serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o lugar em que esteja situada a sede da companhia, e em outro jornal de grande circulação editado na localidade em que está situada a sede da companhia.” Além das exigências contidas no artigo 289, a CVM pode determinar que as publicações sejam efetivadas, também, por outros meios, conforme faculta o parágrafo 1º do mesmo artigo: “§ 1º A Comissão de Valores Mobiliários poderá determinar que as publicações, ordenadas pela presente Lei, sejam feitas, também, em jornal de grande circulação editado nas localidades em que os valores mobiliários da companhia sejam negociados em bolsa ou em mercado de balcão.” De acordo com o artigo 289 parágrafo 2º, no caso de não ser editado jornal no local onde estiver situada a sede da companhia, as publicações devem ser feitas em órgão de grande circulação local.
  • 16. 15|Demonstrações Contábeis Importância da divulgação das Demonstrações Contábeis para os usuários da Contabilidade As Demonstrações Contábeis são o principal meio informativo da situação patrimonial e dos re- sultados da empresa junto àqueles que tenham ou possam vir a ter interesse na avaliação da situação da empresa em determinado momento ou em seu progresso ao longo do tempo, como por exemplo, investidores, fornecedores, clientes, empregados, governo, instituições financeiras, etc. Considerando-se este objetivo (prestar informações ao usuário interno ou externo), faz-se necessá- rio que, além da aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade, cuidados especiais sejam dedi- cados no que diz respeito à forma, ao conteúdo e ao nível de detalhes das Demonstrações Contábeis. Os problemas mais significativos relacionados a estas demonstrações dizem respeito à adequa- ção em termos de relevância, confiabilidade, comparabilidade, utilidade e inteligibilidade da informa- ção prestada. Definindo-se os cotistas ou acionistas e outros investidores como sendo o grupo apropriado para o foco a ser adotado pela Contabilidade, então a divulgação feita na publicação das Demonstrações Contábeis pode ser definida como sendo a apresentação de informação necessária para o ótimo funcio- namento de mercados eficientes de capitais. Todos os investidores têm necessidade de informação para avaliar os riscos relativos de cada em- presa, tendo em vista a construção de carteiras diversificadas e combinações de investimentos que satisfaçam preferências individuais em termos de risco. Os credores e os órgãos governamentais geral- mente contam com poder suficiente para obter informação adicional que atenda suas necessidades. Texto complementar O lento avanço da nova lei das sociedades por Ações Tramita atualmente no Legislativo Federal, junto à Comissão de Finanças e Tributação, o Pro- jeto de Lei nº 3.741/2000, que tem por objetivo dar um fecho às revisões e atualizações que vêm sendo efetuadas na Lei nº 6.404/76 (Lei das Sociedades por Ações). Esse projeto trata de alterar e revogar certos dispositivos da Lei nº 6.404/76, definir e estender às empresas de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de Demonstrações Contábeis e procura qualificar um ente único que trate do estudo e divulgação de princípios, normas e padrões de contabilidade e auditoria no Brasil. Para tal faz-se  necessária a completa revisão do Capítulo XV da Lei 6.404/76, que trata das Demonstrações Financeiras (mais corretamente seriam se denominadas de Demons- trações Contábeis). Há cerca de oito anos, um grupo de trabalho composto por representantes das diversas enti- dades que tratam de Demonstrações Contábeis  (preparadores, auditores, analistas, investidores,
  • 17. 16 | Finanças: fundamentos e processos usuários, fiscalizadores e pesquisadores); esse grupo foi constituído pela CVM – Comissão de Valo- res Mobiliários como Comissão Consultiva para Assuntos Contábeis, preparou o que conhecemos como o primeiro esboço da revisão pretendida. Esse trabalho original serviu de base para a evolu- ção e atual posicionamento contido no atual Projeto nº 3.741/2000. Dentre os aspectos mais importantes constantes do projeto e que tem sido amplamente discu- tido, estão aqueles relacionados à crescente importância da Contabilidade, que tem levado, como uma tendência mundial, a busca de uma pretendida internacionalização das normas contábeis. Isto requer uma harmonização interna (há no Brasil, por direito, inúmeras entidades com poderes legais de emitir normas contábeis) e um inevitável alinhamento com o desenvolvimento contábil que ocorre no mundo, como decorrência em especial da necessidade de se obter  maior credibilidade. Isso tudo sob o reconhecimento de que a Contabilidade é uma Ciência Social e, portanto, com parâ- metros de medição e comparabilidade idênticos em qualquer parte do mundo. O resultado que se busca é a redução dos riscos nos investimentos internacionais (e, porque não, também nos nacionais), sob a forma de empréstimo financeiro ou de participação societária. A redução de riscos é a meta principal dos diversos financiadores e investidores e seria mais facilmen- te obtida se decorresse da obtenção de um melhor entendimento das Demonstrações Contábeis, que pudesse dar maior facilidade de comunicação local ou internacionalmente, com a redução dos custos do capital (nacional e internacional) o que é de interesse absolutamente vital para o País. Os principais mercados financeiros do mundo estão acompanhando e incentivando essa harmoniza- ção e alinhamento, e há prazos já delineados para mercados importantes como o da Comunidade Européia. O Conselho Federal de Contabilidade vem há muito, acompanhando e participando ativamen- te da evolução desse projeto de Lei que permitirá colocar a Contabilidade Brasileira, unificada, ao mesmo nível da Contabilidade Internacional. Os principais aspectos do Projeto pela sua importância em relação às nossas práticas tradicio- nais, estão voltados, entre outros, para o artigo 3º do projeto e seu parágrafo único. O artigo trata da obrigatoriedade de adoção, por parte das sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, de apresentar e divulgar suas Demonstrações Contábeis de maneira uniforme e em concordância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Nor- mas Brasileiras de Contabilidade. É entendimento de que todas as empresas de grande porte (que seriam definidas em Lei), pela sua importância no cenário financeiro, econômico e social, deveriam ter o mesmo nível de requisitos com relação à prestação de contas para com a sociedade e terem suas Demonstrações Contábeis examinadas por auditores independentes. O compromisso de validação das Demonstrações Contábeis por parte dos auditores indepen- dentes tem sido amplamente utilizado e traz benefícios incontestáveis no sentido de dar maior cre- dibilidade a essas demonstrações. É sabido que as empresas auditadas são as que melhor cumprem suas responsabilidades fiscais, previdenciárias, trabalhistas e, finalmente, suas responsabilidades de cunho social, cada vez mais exigidas do ponto de vista ético. Está previsto no Projeto, e conta com o apoio do Conselho Federal de Contabilidade, a criação de um “ente” que responderia pela edição das normas contábeis brasileiras. Muitas das instituições
  • 18. 17|Demonstrações Contábeis de natureza regulatória governamental vêm demonstrando interesse em transferir a responsabi- lidade para o estudo e a emissão de pronunciamentos contábeis, incentivando a criação de um comitê que unificasse os interesses dos diversos interessados, levando em conta a Contabilidade como Ciência Social, com seus princípios fundamentais e normas técnicas de obrigatória adoção por todas as empresas. Está bem encaminhado o processo de constituição de um Comitê Nacional de Pronunciamen- tos Contábeis, que contaria neste início com o apoio da ABRASCA (Associação Brasileira das Com- panhias Abertas), da APIMEC Nacional (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais), do Banco Central do Brasil, da BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo), da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), do Conselho Federal de Contabilidade, do IBRACON Nacio- nal (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), da  FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) e da SUSEP (Superintendência de Seguros Privados). Seria natural que outras entidades, de representação ou de regulação, podem e devem ter participação no Co- mitê de Práticas Contábeis. Um aspecto que tem tido a mais plena aceitação por parte das entidades de representação acima referidas é a inclusão no Projeto da obrigatoriedade de segregação e separação efetiva da escrituração contábil da escrituração fiscal. O Projeto cria um regulamento específico que deve ser insistentemente buscado, por ser essa a única maneira de podermos manter uma contabilidade livre de influências não técnicas. No Projeto a responsabilidade fiscal está claramente definida e protegida e os registros fiscais, também de responsabilidade dos Contadores, podem e devem ser mantidos de forma a não haver influência das práticas fiscais na apuração dos resultados contábeis; estes resultados passariam a ter efeitos societários e não fiscais. Há, ainda, muitos outros aspectos que merecem nossa atenção e discussões; entendemos que há uma clara consciência de que precisamos e devemos mudar o direcionamento da Contabilidade Brasileira, em especial nos seus aspectos de unificação de procedimento e acompanhamento das melhores práticas contábeis por todas as empresas. José Martonio Alves Coelho – presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) Ampliando conhecimentos Nos sites indicados podem ser encontrados as normas e pronunciamentos referentes às Demons- trações Contábeis e as interpretações e comunicados técnicos que auxiliam no entendimento de assun- tos pertinentes à área contábil. www.cfc.org.br www.cvm.gov.br www.ibracon.com.br www.crcsp.com.br
  • 19. 18 | Finanças: fundamentos e processos Atividades 1. As Demonstrações Contábeis são elaboradas baseadas em quais informações? 2. Qual o objetivo das Demonstrações Contábeis? 3. Quais são as Demonstrações Contábeis exigidas pela Lei 6.404/76? 4. As Demonstrações Contábeis são elaboradas de acordo com quais normas e princípios?
  • 20. Balanço Patrimonial Conceito O Balanço Patrimonial é um dos componentes das Demonstrações Contábeis, apresentado na forma horizontal e destinado a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, numa determinada data, o patrimônio e a composição do Patrimônio Líquido da entidade. Conforme determina o art. 178 da Lei 6.404/76: “no Balanço Patrimonial, as contas serão classifi- cadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conheci- mento e a análise da situação financeira da companhia”. Essa demonstração deve ser estruturada de acordo com os preceitos da Lei e segundo os Princí- pios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade. Estrutura Ativo Passivo Patrimônio Líquido O Balanço Patrimonial é composto por três elementos básicos: o Ativo, representando as aplica- ções em bens e direitos sendo apresentado à esquerda da demonstração; o Passivo, representando as origens de recursos que possibilitaram as aplicações em bens e direitos, ou seja, no Ativo da companhia e é demonstrado à direita do Balanço Patrimonial e o Patrimônio Líquido; representando a diferença entre o Ativo e o Passivo, ou seja, o valor líquido da empresa. No Ativo são apresentados os valores aplicados em bens e direitos da companhia representados no Caixa, em Bancos, Estoques, Créditos a receber, Móveis, Veículos, Equipamentos etc.
  • 21. 20 | Finanças: fundamentos e processos No Passivo é apresentada a origem que possibilitou a aplicação dos recursos representados por Empréstimos, Fornecedores etc. No Patrimônio Líquido são apresentados o Capital Integralizado, Resultado do Exercício, Ajustes de Exercícios Anteriores, Dividendos, Reavaliações etc. Ao integralizar capital em dinheiro e bens, estes itens serão registrados no Ativo da companhia por representarem um direito, conseqüentemente uma aplicação de recurso. Já no Patrimônio Líquido será registrado o capital integralizado fundamentando a origem dos recursos aplicados. O Ativo representa o Patrimônio Bruto da empresa, ou seja, os bens e direitos com que a compa- nhia pode produzir e gerar recursos, enquanto o Passivo representa tão somente a origem dos recursos, representado por obrigações e pelo Patrimônio Líquido que possibilitaram a formação do Ativo. As contas referentes ao Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido devem ser apresentadas de forma ordenada e uniforme, permitindo aos usuários uma adequada análise e interpretação da situação patri- monial e financeira da companhia. A Lei 6.404/76, através dos artigos 178 e 179, definiu que as contas integrantes do grupo do Ativo devem ser apresentadas em ordem decrescente de grau de liquidez e, as contas integrantes do grupo do Passivo, devem ser apresentadas em ordem decrescente de prioridade de pagamento das obriga- ções. Em resumo, no Ativo deverão ser apresentadas em primeiro lugar as contas com maior facilidade de serem convertidas em dinheiro e no Passivo deve-se apresentar as obrigações por ordem crescente dos prazos de exigibilidade. Ativo O Ativo compreende a aplicação de recursos realizada por meio de bens e direitos e deverá ser representado da seguinte forma, conforme a Lei 6.404/76: Ativo Passivo Ativo Circulante Ativo Realizável a Longo Prazo Ativo Permanente Patrimônio Líquido Ativo Circulante O Ativo Circulante deverá representar os valores disponíveis e realizáveis durante o exercício so- cial. São todos os valores representados em dinheiro ou que serão convertidos em dinheiro no decurso do exercício seguinte à data do balanço.
  • 22. 21|Balanço Patrimonial Disponibilidades A intitulação Disponibilidades, dada pela Lei 6.404/76, é usada para designar dinheiro em caixa e em bancos, bem como valores equivalentes, como cheques em mãos e em trânsito que representam recursos com livre movimentação para aplicação nas operações da empresa e para os quais não exista restrição para uso imediato. O grupo Disponibilidades é composto por: Caixa;::: ::: Depósitos Bancários à vista; ::: Numerários em Trânsito; ::: Aplicações de Liquidez Imediata. Contas a receber e outros créditos São os títulos de crédito, quaisquer valores mobiliários e os outros direitos. Um dos maiores Ativos das companhias é representado por valores a receber decorrentes de ven- das de mercadorias e serviços, recebíveis no decurso do exercício seguinte à data do balanço, todavia, podem ter vencimentos a longo prazo, ou seja, tornam-se recebíveis após o exercício seguinte à data do balanço e, portanto, devem ser registrados no Realizável a Longo Prazo. Este grupo é composto por: ::: Duplicatas a receber (clientes); ::: (–) Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa; ::: Adiantamentos a empregados; ::: Adiantamentos a fornecedores. Estoques São os valores referentes às existências de produtos acabados, produtos em elaboração, maté- rias-primas, mercadorias, materiais de consumo, serviços em andamento e outros valores relacionados às atividades-fim da entidade. Despesas antecipadas São as aplicações em gastos que tenham realização no curso do período subseqüente à data do Balanço Patrimonial. Outros valores e bens São os não relacionados às atividades-fim da entidade.
  • 23. 22 | Finanças: fundamentos e processos Ativo Realizável a longo prazo São todos os itens do Ativo Circulante, cujos prazos esperados de realização situem-se após o término do exercício subseqüente à data do Balanço Patrimonial. Ativo Permanente São os bens e direitos não destinados à transformação direta em meios de pagamento e cuja perspectiva de permanência na entidade ultrapasse um exercício. É constituído pelos seguintes sub- grupos: ::: Investimentos – são as participações em sociedades além dos bens e direitos que não se des- tinem à manutenção das atividades-fim da entidade. ::: Imobilizado – são os bens e direitos, tangíveis e intangíveis, utilizados na consecução das ati- vidades-fim da entidade. ::: Diferido – são as aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício social. Passivo Conforme o artigo 180 da Lei nº. 6.404/76;“as obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição dos direitos ao Ativo permanente, serão classificados no Passivo Circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no Passivo exigível a longo prazo, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o disposto no artigo 179”. O parágrafo único do artigo 179 da Lei 6.404/76 estabelece que “na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social, a classificação no circulante ou lon- go prazo terá por base o prazo desse ciclo”. O ciclo operacional em uma empresa industrial ou comercial compreende o período de tempo que vai desde a aquisição das matérias-primas ou mercadorias até o recebimento do valor das vendas. A maioria das empresas adota como exercício social o período de um ano, uma vez que seu ciclo operacional é normalmente inferior a esse prazo. A exceção é feita às empresas de construção civil naval em que, geralmente suas construções são realizadas em um período maior que um ano. Ativo Passivo Passivo Circulante Passivo Exigível a Longo Prazo Resultados de Exercícios Futuros Patrimônio Líquido
  • 24. 23|Balanço Patrimonial Passivo Circulante São as obrigações conhecidas e os encargos estimados, cujos prazos estabelecidos ou esperados, situem-se no curso do exercício subseqüente à data do Balanço Patrimonial ou de acordo com seu ciclo operacional, se este for superior a esse prazo. Estas obrigações podem representar valores fixos ou variáveis, vencidos ou a vencer, em uma data ou datas futuras. Compõem este grupo: Empréstimos Bancários;::: ::: Fornecedores; ::: Impostos a pagar; ::: Contribuições a recolher; Provisões de Férias, 13º salário, Imposto de Renda etc;::: ::: Adiantamentos de clientes; ::: Outros Credores. Passivo Exigível a Longo Prazo São as obrigações conhecidas e os encargos estimados, cujos prazos estabelecidos ou esperados, situem-se após o término do exercício subseqüente à data do Balanço Patrimonial ou cuja liquidação deverá ocorrer em prazo superior ao seu ciclo operacional ou após o exercício seguinte. Compõem este grupo: Empréstimos e Financiamentos;::: Provisão para Contingências Fiscais;::: Provisão para Contingências Trabalhistas.::: Resultados de Exercícios Futuros Conforme o artigo 181 da Lei nº. 6.404/76;“serão classificadas como resultados de exercícios futu- ros as receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas correspondentes”. São receitas recebidas antecipadamente, líquidas dos custos e das despesas incorridas, ou seja, corresponde ao lucro a ser apropriado, contido no recebimento antecipado e deve ser composto da seguinte forma: Receita Antecipada Bruta;::: ::: (–) Custo Incorrido; ::: Receita Diferida Líquida; Lucro a apropriar, Lucros do Exercício Seguinte, Lucros Antecipados etc.:::
  • 25. 24 | Finanças: fundamentos e processos Patrimônio Líquido A diferença entre os Ativos e os Passivos e o Resultado dos Exercícios Futuros representa o Patri- mônio Líquido, que é o valor contábil pertencente aos acionistas ou sócios. Conforme a lei nº. 6.404/76, o Patrimônio Líquido é dividido em: Capital Social – são os valores aportados pelos acionistas ou sócios, ou por eles gerados, e que::: estão formalmente incorporados ao capital; Reservas de Capital –::: são os valores recebidos que não transitaram por seu resultado como receitas; Reserva de Reavaliação – representam acréscimo decorrente da diferença entre o valor contá-::: bil e o valor de mercado, baseado em laudos técnicos; Reservas de Lucros – representam lucros obtidos pela empresa, retidos com finalidade específica;::: Lucros ou Prejuízos Acumulados – são resultados obtidos pela empresa, mas retidos sem fina-::: lidade específica, no caso de lucros ou, à espera de recuperação futura, no caso de prejuízos. Demonstração do Resultado do Exercício A Demonstração do Resultado é uma peça contábil que, de forma resumida, apresenta as opera- ções realizadas pela empresas, durante o exercício social, demonstradas de forma a evidenciar o Resul- tado Operacional e o Resultado Líquido do período que está à disposição dos sócios ou acionistas. O artigo 187 da Lei nº. 6.404/76 estabelece a ordem de apresentação das receitas, custos e despe- sas para fins de publicação a qual apresentamos a seguir: Receita Bruta deVendas – corresponde ao valor bruto do faturamento das vendas e/ou serviços;::: (–) Deduções da Receita Bruta – refere-se aos cancelamentos de vendas, abatimentos e aos::: impostos incidentes sobre o faturamento; = Receita Líquida de Vendas e Serviços – corresponde à receita bruta menos as deduções;::: (–) Custo dos Produtos Vendidos e dos Serviços Prestados – refere-se ao custo da mercadoria::: para revenda e ao custo de produção dos bens e serviços vendidos; = Lucro Bruto – refere-se à receita líquida deduzida dos custos dos produtos e/ou serviços;::: (–) Despesas Operacionais – correspondem a todas as despesas para a manutenção das ativi-::: dades da empresa e como não estão diretamente vinculadas à produção, não podem ser regis- tradas como custo. Compõem este grupo as despesas com vendas, administrativas, encargos financeiros e outras receitas e despesas operacionais. Resultado (Lucro/Prejuízo) Operacional – corresponde ao resultado das atividades principais::: ou acessórias da companhia; (+ ou -) Resultados Não operacionais – referem-se aos ganhos ou perdas decorrentes da venda::: de itens do Ativo permanente;
  • 26. 25|Balanço Patrimonial = Resultado antes do Imposto de Renda e Contribuição Social – refere-se ao Lucro Líquido an-::: tes da participação de terceiros no resultado (exemplo: Governo – IR e CS, empregados etc.); (–) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social – corresponde aos valores apurados::: de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro do Exercício (–) Participações e Contribuições – refere-se a participações de terceiros no resultado da com-::: panhia. = Resultado (Lucro/Prejuízo) do Exercício – corresponde à parcela que está à disposição dos::: sócios ou acionistas da companhia no caso de lucro, ou parcela a ser absorvida por lucros fu- turos no caso de prejuízo. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados Esta demonstração tem como objetivo apresentar os elementos que provocaram alguma modifi- cação no saldo da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados. A companhia poderá optar por fazer a demonstração da conta Lucros/Prejuízos Acumulados iso- ladamente ou em conjunto com as demais contas do Patrimônio Líquido, porém, escolhendo a segunda opção, deverá elaborar a Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido que contém a Demonstra- ção dos Lucros ou Prejuízos Acumulados. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido é a demonstração contábil destinada a evidenciar, num determinado período, a movimentação das contas que integram o patrimônio da enti- dade e deverão discriminar: os saldos no início do período;::: os ajustes de exercícios anteriores;::: as reversões e transferências de reservas e lucros;::: os aumentos de capital discriminando sua natureza;::: a redução de capital;::: as destinações do Lucro Líquido do período;::: as reavaliações de Ativos e sua realização, líquida do efeito dos impostos correspondentes;::: o resultado líquido do período;::: as compensações de prejuízos;::: os lucros distribuídos;::: os saldos no final do período.:::
  • 27. 26 | Finanças: fundamentos e processos Texto complementar Companhias abertas e demais sociedades A CVM por meio da Deliberação 488, de 03 de outubro de 2005, aprovou e tornou obrigatória para as companhias abertas o Pronunciamento do IBRACON – NPC 27 – sobre a apresentação e di- vulgação das Demonstrações Contábeis publicadas a partir de 31 de dezembro de 2006. Para as demais sociedades, continuarão em vigor, as normas prescritas pela Lei 6.404/76. Apresentamos, a seguir, um quadro comparativo contendo as alterações decorrentes da Deli- beração 488, de 03 de outubro de 2005 da CVM. Ativo Deliberação CVM Lei 6.404/76 1. Circulante 1. Circulante 2. Não Circulante Realizável a Longo Prazo Investimentos Imobilizado Intangível Diferido 2. Realizável a Longo Prazo 3. Permanente Investimentos Imobilizado Diferido Passivo Deliberação CVM Lei 6.404/76 1. Circulante 1. Circulante 2. Não Circulante 2. Exigível a Longo Prazo 3. Resultados de Exercícios Futuros 3. Resultados de Exercícios Futuros 4. Patrimônio Líquido Capital Realizado Reservas de Capital Reservas de Reavaliação Reservas de Lucros Lucros ou Prejuízos Acumulados (-) Ações em tesouraria 4. Patrimônio Líquido Capital Realizado Reservas de Capital Reservas de Reavaliação Reservas de Lucros Lucros ou Prejuízos Acumulados (-) Ações em tesouraria Fonte: REIS, Arnaldo Carlos de Rezende. Demonstrações Contábeis. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
  • 28. 27|Balanço Patrimonial Ampliando conhecimentos Nos sites indicados podem ser encontradas as normas e pronunciamentos referentes às Demons- trações Contábeis e às interpretações e comunicados técnicos que auxiliam no entendimento de assun- tos pertinentes à área contábil. www.cfc.org.br www.cvm.gov.br www.ibracon.com.br www.crcsp.com.br Outra dica é o livro Contabilidade Introdutória da equipe de professores da FEA da USP – Uni- versidade de São Paulo da Editora Atlas, que apresenta todos os conceitos contábeis básicos necessá- rios ao entendimento da contabilidade, além de ter um livro específico de exercícios. Atividades 1. O que compreende o Ativo de uma companhia? 2. O que dispõe o artigo 180 da Lei 6.404/76 quanto ao Passivo Circulante?
  • 29. 28 | Finanças: fundamentos e processos 3. O que apresenta a Demonstração do Resultado e qual a ordem estabelecida pelo artigo 187 da Lei 6.404/76? 4. A que se destinam as mutações do Patrimônio Líquido?
  • 30. Introdução e conceitos de custos fixos e variáveis Introdução Até a Revolução Industrial (Séc. XVIII) só existia Contabilidade Financeira (geral), que foi desenvol- vida na Era Mercantilista e estava estruturada para atender as empresas comerciais. Naquele tempo, para apuração do resultado de cada período, bem como para o levantamento do balanço, bastava efetuar o levantamento físico dos estoques. O contador verificava quanto havia pago por aqueles estoques e valorizava as mercadorias por aquele valor. Fazendo o cálculo por diferença, computava quanto possuía de estoques iniciais, acrescia as compras do período e comparando com o que permanecia em estoque, apurava o valor de aquisição das mercadorias vendidas, o que resultou na clássica disposição: Estoques Iniciais + Compras – Estoques Finais = Custo das Mercadorias Vendidas Com base nessa apuração e no valor auferido com a venda dos produtos (receita) apurava-se o lu- cro bruto do qual era só deduzir as despesas necessárias à manutenção da entidade durante o período, à venda dos bens e o financiamento de suas atividades. Naquela época os produtos eram produzidos por pessoas ou grupo de pessoas que poucas vezes constituíam empresas jurídicas. As empresas viviam basicamente do comércio e não da fabricação, o que facilitava o conhecimento e a verificação do valor de compra dos bens existentes, bastando a sim- ples consulta aos documentos de sua aquisição.
  • 31. 30 | Finanças: fundamentos e processos Com o surgimento das indústrias, o contador já não dispunha tão facilmente dos dados para po- der atribuir valor aos estoques. O seu valor de compras na empresa comercial estava agora substituído por uma série de valores pagos pelos fatores de produção utilizados. Em uma tentativa de adaptar à empresa industrial os mesmos critérios adotados na comercial, ou seja, no balanço permaneciam como estoques apenas os valores referentes às compras, nenhum outro valor atribuído à produção daqueles estoques era ativado (Salários, Energia Elétrica, Depreciação).Tudo era lançado como despesa. A partir disso, começou-se a formação dos critérios para avaliação dos estoques. O valor dos estoques dos produtos existentes na empresa, fabricados por ela, deveriam corres- ponder ao montante, que seria o equivalente ao valor das compras, passando a compor o custo do pro- duto os valores dos fatores de produção utilizados para sua obtenção, deixando-se de atribuir aqueles outros que na empresa comercial já eram considerados como despesas (Despesas Administrativas, de Vendas e Financeiras). Ou seja, a contabilidade de custos nasceu da contabilidade financeira por necessidade de se ava- liar os estoques das indústrias. Dias atuais Contabilidade gerencial Contabilidade financeira Contabilidade de custos Contabilidade gerencial::: : compreende o ramo da Contabilidade cujo objetivo é o de fornecer informações fundamentais aos administradores, visando o bom desempenho das atividades de gerência. Contabilidade financeira::: : tem como objetivo o controle do patrimônio por meio dos regis- tros de todos os fatos que estejam relacionados diretamente a este patrimônio. Registrando e controlando estes fatos, a contabilidade financeira informa aos usuários qual a estrutura de determinado patrimônio. Essas informações são prestadas através das Demonstrações Contá- beis, tais como: Balanço Patrimonial, DRE, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. Contabilidade de custos:::: é o ramo da contabilidade financeira que utiliza técnicas específicas para identificar, classificar e registrar os custos ligados diretamente à produção de bens e/ou serviços. É um componente fundamental da contabilidade gerencial, pois transmite as infor- mações relacionadas com a estrutura dos custos, facilitando, assim, as tomadas de decisões. É usada mais especificamente na atividade industrial, bem como na prestação de serviços. Um dos objetivos da contabilidade de custos é a determinação do CPV (Custo dos Produtos Ven- didos), já que o mesmo é um elemento fundamental e indispensável na apuração do resultado. O CPV desempenha na indústria o mesmo papel que o CMV (Custo das Mercadorias Vendidas) desempenha no comércio. A diferença são as atividades desenvolvidas pelas empresas, pois enquanto a empresa comercial compra e vende mercadorias, a empresa industrial adquire matéria-prima, trans- formando-a em outros bens que são vendidos posteriormente.
  • 32. 31|Introdução e conceitos de custos fixos e variáveis Terminologia em custos Despesas com matéria-prima ou Custos de matéria-prima.::: Gastos ou despesas de fabricação.::: Gastos ou custos de materiais diretos.::: Despesas ou gastos com imobilização.::: Custos ou despesas de depreciação.::: Gasto Representa as transações assumidas pela entidade visando à obtenção de um produto ou serviço qual- quer. Nessas operações a entidade se compromete a entregar ativos (dinheiro) ou assume compromissos. Exemplo: a aquisição de uma máquina industrial é um gasto classificado como investimento. O pagamento dos salários é um gasto classificado como despesa. Só existe gasto no ato da passagem para a propriedade da empresa do bem ou serviço, ou seja, no momento em que existe o reconhecimento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo dado em pagamento (dinheiro). O gasto implica em desembolso, mas são conceitos distintos. Desembolso Pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço. Pode ocorrer antes, durante ou após a entrada do bem adquirido, portanto, defasado ou não do gasto. Representa uma redução das disponi- bilidades da entidade. Investimento Valores aplicados no ativo, visando proporcionar benefícios futuros. Exemplo: compra de matéria-prima (gasto contabilizado como investimento circulante –esto- que); compra de máquinas e equipamentos (gasto que se transforma em investimento permanente). Custo: gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Exemplo: a compra da matéria-prima para estocagem não é um custo, e sim, um investimento. O custo só será caracterizado quando a matéria-prima for usada na produção de bens. Custo O custo é um gasto, o qual é reconhecido como custo no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço. Exemplo: a energia elétrica utilizada na fabricação de um item qualquer é gasto (na hora de seu consumo) que passa imediatamente para custo, sem transitar pela fase de investimento. A máquina provocou um gasto na sua entrada, tornado investimento e parceladamente transformado em custo, à medida que é utilizada no processo de produção. Despesa Gasto com bens/serviços com o objetivo de gerar uma receita.
  • 33. 32 | Finanças: fundamentos e processos A despesa reduz o Patrimônio Líquido, pois representa uma saída de recursos que não retornam ao patrimônio. Uma despesa será recuperada por uma receita. Perda Acontece com o surgimento de um evento anormal, não caracterizando-se como custo ou mesmo despesa. São itens que vão diretamente à conta de resultado, assim como as despesas, mas não represen- tam sacrifícios normais ou derivados de forma voluntária das atividades destinadas à obtenção de receita. É muito comum o uso da expressão “perdas de material”na fabricação de inúmeros bens, entre- tanto, a quase totalidade dessas perdas é, na realidade, um custo, já que são valores sacrificados de ma- neira normal no processo de produção, fazendo parte de um sacrifício já conhecido até por antecipação para a obtenção da receita almejada. O gasto com mão-de-obra durante um período de greve, por exemplo, é uma perda e não um custo de produção. Caberessaltarqueinúmerasperdasdepequenovalorsão,naprática,comumenteconsideradasdentro dos custos ou das despesas, sem sua separação. Isto é permitido devido à irrelevância do valor envolvido. Conceito de custo direto e indireto, fixos e variáveis Custo::: direto: é aquele que pode ser alocado diretamente a cada produto. Exemplo: Matéria- prima e Mão-de-obra. Custo indireto::: : é aquele que não pode ser alocado diretamente a cada produto. É passível de rateio para que possa integrar a cada produto. Exemplo: Aluguéis, Salário do chefe de produ- ção, IPTU, etc. Custos fixos::: : são aqueles que ocorrem independentemente da quantidade produzida. Mesmo com a possibilidade de classificarmos uma série de gastos como custos fixos é importante ressaltar que qualquer custo é sujeito a mudanças; os custos que tendem a manter-se constantes nas al- terações das atividades operacionais são tidos como custos fixos. De modo geral são custos e despesas necessárias para manter um nível mínimo de atividade operacional, por isso são também denominados custos de capacidade. Apesar de serem conceitualmente fixos, tais custos podem aumentar ou diminuir em função da capacidade ou do intervalo de produção. Assim, os custos são fixos dentro de um intervalo relevante de produção ou venda, e podem variar se os aumentos ou diminuições de volume forem significativos. Os custos fixos possuem as seguintes características: são quantias fixas dentro de certos limites de produção, ou até a capacidade máxima;::: são fixos em seu total, mas diminuem proporcionalmente ao número de unidades à medida::: em que a produção aumente; o controle de sua ocorrência depende da alta administração e não dos supervisores dos de-::: partamentos.
  • 34. 33|Introdução e conceitos de custos fixos e variáveis Custos variáveis::: : são aqueles que ocorrem na proporção da quantidade produzida, ou seja, variam de acordo com o volume de produção. São assim chamados os custos e despesas cujo montante em unidades monetárias variam na proporção direta das variações do nível de atividades. É importante salientar que a variabilidade de um custo existe em relação a um denominador específico. Dessa forma, é importante ressaltar a diferença entre custo variável e custo direto. Um custo é variável se realmente acompanha a proporção da ativida- de com que ele é relacionado. Um custo direto é aquele que se pode medir em relação a essa atividade ou ao produto, assim a mão-de-obra direta, quando contratada para determinado volume de produção, é fixa em relação àquele volume, mas é direta em relação ao produto, uma vez que podemos medir os esforços feitos para cada unidade do produto. Os custos variáveis possuem as seguintes características: variam no total em proporção direta ao volume de atividades;::: permanecem relativamente constantes do ponto de vista unitário, ainda que varie o volume::: de atividades; podem ser facilmente apropriados, com certa precisão, aos departamentos;::: o controle de possível ocorrência e consumo é de responsabilidade dos supervisores dos de-::: partamentos. Classificação dos custos: fixos e variáveis Os custos podem ser classificados levando em consideração a relação entre os custos e o volume de atividade numa unidade de tempo. Dividem-se basicamente em Fixos e Variáveis. Por exemplo, o valor global de consumo dos materiais diretos por mês depende diretamente do volume de produção. Quanto maior a quantidade fabricada maior o seu consumo, dentro de uma uni- dade de tempo, o valor do custo com tais materiais varia de acordo com o volume de produção; logo materiais diretos são Custos Variáveis. Por outro lado, o aluguel da fábrica num determinado mês é de um determinado valor, indepen- dentemente de aumentos ou diminuições naquele mês do volume elaborado de produtos. Por isso, o aluguel é um Custo Fixo. É de grande importância notar que a classificação em fixos e variáveis leva em consideração a uni- dade de tempo, o valor total de custos com um item nessa unidade de tempo e o volume de atividade. Não se trata, como no caso da classificação de diretos e indiretos, de um relacionamento com a unidade produzida. Por exemplo, a matéria-prima é um custo variável, já que, por mês, o seu valor total consu- mido depende da quantidade de bens fabricados. Entretanto, por unidade elaborada a quantidade de matéria-prima é provavelmente a mesma; mas isso não lhe tira a característica de variável. A divisão em fixos e variáveis também tem outra característica importante: considerando a rela- ção entre período e volume de atividade, não se está comparando um período com outro. Esse fato é de extrema importância na prática para não se confundir custo fixo com custo recorrente (repetitivo).
  • 35. 34 | Finanças: fundamentos e processos Por exemplo, se a empresa adota um sistema de depreciação com base em cotas decrescentes e com isso atribui para cada ano um valor diferente desse custo, continua tendo na depreciação um custo fixo, mesmo que a cada período ele seja de montante diferente. Também se o aluguel é reajusta- do mensalmente em função de qualquer índice e nunca é igual em dois períodos subseqüentes, não deixa de ser um custo fixo, já que em cada período o seu valor é definido e independente do volume produzido. Outros exemplos dessa natureza: mão-de-obra indireta – normalmente, é um gasto que, apesar de variar de período para período, é um custo fixo, pois, por mês, tem o seu montante definido não em função do volume de produção; conta dos telefones da fábrica – pode ter seu valor diferente em cada mês, mas não é um custo variável, pois seu montante não está variando em função do volume de pro- dutos feitos. Alguns tipos de custos têm componentes das duas naturezas. A energia elétrica é um exemplo, já que possui uma parcela que é fixa e outra variável; a fixa independe de volume de produção, e é de- finida em função do potencial de consumo instalado, e a variável depende diretamente do consumo efetivo. Ampliando conhecimentos Os livros “Contabilidade de Custos” de Eliseu Martins e “Gestão de Custos e Formação de Preços” de Adriano Leal Bruni e Rubens Famá, ambos publicados pela Editora Atlas, trazem todos os conceitos necessários à área de custos, bem como exercícios para colocar à prova o entendimento conceitual. Inclusive com um CD de aplicações na HP 12C e na planilha eletrônica Excel. Atividades 1. O que é a contabilidade de custos?
  • 36. 35|Introdução e conceitos de custos fixos e variáveis 2. Classifique os eventos abaixo, relativos a uma indústria de manufatura, como Investimento (I), Custo (C), Despesa (D) ou Perda (P), seguindo a terminologia contábil. 1. ( ) Compra de matéria-prima. 2. ( ) Consumo de energia elétrica. 3. ( ) Gastos com mão-de-obra da produção. 4. ( ) Consumo de combustível dos veículos dos vendedores. 5. ( ) Gastos com pessoal de faturamento (salário). 6. ( ) Aquisição de máquinas. 7. ( ) Depreciação de máquinas da produção. 8. ( ) Comissões proporcionais às vendas. 9. ( ) Remuneração do pessoal da contabilidade geral (salários). 10. ( ) Depreciação do prédio da empresa (administração). 11. ( ) Consumo de matéria-prima. 12. ( ) Aquisição de embalagens a serem utilizadas na produção. 13. ( ) Deterioração do estoque de matéria-prima por enchente. 14. ( ) Remuneração do tempo do pessoal em greve. 15. ( ) Geração de sucata no processo produtivo. 16. ( ) Estrago acidental e imprevisível de lote de material. 17. ( ) Gastos com desenvolvimento de novos produtos e processos. 18. ( ) Gastos com seguro contra incêndio. 3. Qual a diferença entre custos fixos e variáveis?
  • 37. 36 | Finanças: fundamentos e processos
  • 38. Análise de indicadores de desempenho Introdução O produto final de um processo contábil é o conjunto de relatórios denominado demonstrativos financeiros, que devem oferecer informações: úteis, para apresentar aos potenciais credores e investidores usarem na hora de suas decisões::: de investimento ou concessão de crédito; compreensíveis, para aqueles com razoável entendimento das atividades econômicas;::: a respeito dos recursos da empresa, de suas obrigações e dos efeitos das transações que pos-::: sam alterar essas posições; sobre o desempenho econômico e financeiro da empresa;::: para ajudar os usuários a avaliar os valores, o tempo e a incerteza de possíveis valores a serem::: recebidos. A Lei das Sociedades por Ações (1976), estabeleceu como obrigatória à publicação dos seguintes demonstrativos financeiros: Balanço Patrimonial;::: Demonstração do Resultado do Exercício;::: Demonstração dos Resultados Acumulados;::: Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido;::: ::: Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos.
  • 39. 38 | Finanças: fundamentos e processos Além do Relatório da Administração, das Notas Explicativas e do Parecer dos Auditores Indepen- dentes e Conselho Fiscal, quando for o caso, a referida lei em alteração também pede a publicação da Demonstração do Fluxo de Caixa. Algumas empresas estão publicando também o Balanço Social, apesar de não ser ainda obrigatório. As empresas que publicam a Demonstração das Mutações do Pa- trimônio Líquido não necessitam publicar a Demonstração dos Resultados Acumulados, uma vez que a primeira contém a segunda. Balanço Patrimonial – é a fotografia do patrimônio em determinado momento. Demonstra a posição do patrimônio (conjunto de bens, direitos e obrigações), de forma estática. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) – apresenta de forma dedutiva e dinâmica a posição econômica da empresa em determinado período, através da composição das receitas, custos e despesas e conseqüente resultado. Demonstração dos Resultados Acumulados – apresenta a composição e destinação dos resul- tados acumulados da empresa, agrupada no Patrimônio Líquido, na conta de Resultados Acumulados. Demonstração das Origens e Aplicação de Recursos – explica a variação do Capital Circulante Líquido (Capital de Giro Líquido ou Capital de Giro Próprio), ocorrida de um ano para outro. Ajuda a compreender como e porque a posição financeira mudou no exercício, através da identificação das origens dos capitais e de suas aplicações nesse período. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido – esta demonstração evidencia a movi- mentação das contas do Patrimônio Líquido durante o exercício. Sua confecção é indispensável para as empresas que possuem investimentos avaliados pela equivalência patrimonial, uma vez que essa de- monstração identifica todas as alterações do Patrimônio Líquido a partir do saldo final do ano anterior, até atingir o saldo do final do período. Métodos de análise (técnicas) dos indicadores de desempenho Os principais métodos de análise são: determinação da porcentagem de cada conta ou grupo de contas em relação ao seu conjunto::: – coeficientes; estabelecimento de relação entre componentes do conjunto – quocientes;::: comparação entre componentes do conjunto em sucessivos períodos – índices;::: composição entre componentes de diferentes conjuntos para estabelecimento de::: padrões. Por que analisar? Basicamente a análise proporciona: Interpretação da situação econômica e financeira das empresas;::: Identificação de seus pontos fracos e fortes;::: Avaliação da capacidade de gerar lucros;::: Identificação da eficiência em gerenciar ativos.:::
  • 40. 39|Análise de indicadores de desempenho Análise horizontal (evolução) Estabelecido o ano inicial da série a ser analisada, como índice 100, calcula-se a variação (evolu- ção) dos demais períodos através de uma regra de três simples. Exemplo: Ano x1 Ano x2 Ano x3 Valor 358.300 425.000 501.000 Índice 100 119 140 Índice 100 118 Análise vertical (participação) É realizada extraindo-se relacionamentos percentuais entre itens do mesmo conjunto. Estabele- cido o índice 100 para o total do conjunto, calcula-se através de uma regra de três simples, quanto cada componente representa percentualmente em relação ao seu conjunto. Exemplo: Balanço Patrimonial ATIVO Ano x1 AV Ano x2 AV Circulante 350 39 450 40 Realizável a Longo Prazo 100 11 80 7 Permanente 450 50 600 53 Total do Ativo 900 100 1.130 100 As análises horizontal e vertical devem ser utilizadas sempre em conjunto. O crescimento em va- lores absolutos nem sempre representa um crescimento, se considerado no conjunto. Exemplo: Ano x1 AH AV Ano x2 AH AV Valor 1 150 100 27 200 133 22 Valor 2 400 100 73 700 175 78 Total 550 100 100 900 164 100 Observamos que o Valor 1 evoluiu do ano x1 para o ano x2, 33%, porém no conjunto sua partici- pação diminuiu de 27% para 22%.
  • 41. 40 | Finanças: fundamentos e processos Exemplo de Análise Horizontal e Vertical – Demonstrativo de Resultado – DRE DRE x1 AH AV x2 AH AV Rec. Operac. Líquida 8.500 100 100 15.000 176 100 (-) Custo Merc. Vendida 1.500 100 18 5.000 333 33 (=) Lucro Bruto 7.000 100 82 10.000 143 67 (-) Desp. Operacionais 2.500 100 29 6.500 260 43 Administrativas 900 100 11 2.200 244 14 Vendas 1.100 100 13 3.000 273 20 Rec./ Desp. Financeiras (300) 100 (4) 300 – 2 Depreciações 800 100 9 1.000 125 7 (=) Lucro Operacional 4.500 100 53 3.500 78 24 (-) Desp. Não operac. 600 100 7 300 50 2 (+) Rec. Não operac. 400 100 5 200 50 1 (=) Lucro antes I.R. 4.300 100 51 3.400 79 23 (-) Imp. de Renda 1.200 100 14 900 75 6 (-) Participações 1.100 100 13 500 45 3 (=) Lucro Líquido 2.000 100 24 2.000 100 14 Na Análise Vertical da Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, devemos considerar como total do conjunto a Receita Operacional Líquida, mesmo que no demonstrativo analisado estejam infor- madas a Receita Operacional Bruta e suas eventuais deduções. A diferença básica em relação ao Balanço Patrimonial, para estabelecimento do índice 100, é que o total deste conjunto está na primeira linha, por se tratar de uma demonstração em forma dedutível. Análise de índices A análise de índices ou quocientes relaciona itens e grupos de itens do Balanço Patrimonial e do Demonstrativo de Resultados. O uso desses índices é de utilidade para análise de crédito e de tendências, além de auxiliar a administração ou gerência, contribui para que os analistas entendam o desempenho da empresa no passado e examinem sua posição no setor de mercado, através da comparação com padrões. Esses índices são compostos basicamente de cinco grandes grupos: Índices de Liquidez;::: Índices de Endividamento;:::
  • 42. 41|Análise de indicadores de desempenho Índices de Eficiência ou Rotatividade;::: Índices de Rentabilidade;::: Índices de Valorização das Ações.::: Liquidez Os Índices de Liquidez são calculados a partir de relacionamento de contas do Balanço Patrimonial e medem a capacidade da empresa de pagar seus compromissos, principalmente os de curto prazo. Cuidados na avaliação dos resultados reais desse quociente: o Ativo Circulante engloba itens de Disponibilidade, Contas a receber, Estoques e Despesas::: Pagas antecipadamente, cujo grau de conversão em caixa é variado; Estoques podem levar até 90 dias para serem vendidos;::: Contas a receber podem demorar 30/60/90 dias, dependendo da política de vendas da::: empresa, adicionando-se ainda o risco da inadimplência; normalmente existe um descasamento entre Contas a receber e Contas a pagar.::: Liquidez Corrente LC = Ativo Circulante Passivo Circulante Esse quociente mostra a capacidade de pagamento da empresa em curto prazo, ou seja, sua ca- pacidade de honrar suas obrigações que vencem dentro do ciclo operacional da empresa ou no próxi- mo exercício social (12 meses). Liquidez Seca LS = Ativo Circulante (-) Estoques (-) Desp. Antec. Passivo Circulante Esse quociente proporciona uma análise mais conservadora e realista da situação de liquidez da empresa, uma vez que elimina os riscos da incerteza de venda dos estoques e da realização das despe- sas antecipadas através da apropriação ao resultado. Liquidez Imediata LI = Disponível Passivo Circulante
  • 43. 42 | Finanças: fundamentos e processos Esse índice mostra quanto de recursos a empresa dispõe de imediato para honrar todos os seus compromissos de curto prazo. Geralmente recomenda-se que esse índice seja o menor possível, sempre evitando o risco de não possuir recursos disponíveis nas datas de vencimento das obrigações. Liquidez Geral LG = Ativo Circulante (+) Real. Longo Prazo Passivo Circulante (+) Exigível a Longo Prazo Esse índice mostra a saúde financeira de longo prazo da empresa. Ao analisarmos os resultados do Índice de Liquidez Geral devemos ter cuidado, uma vez que, os Passivos a Longo Prazo têm, geralmente, vencimentos muito mais longos do que os Realizáveis. É conveniente examinar esse quociente em conjunto com o Índice de Liquidez Corrente. Endividamento Os índices de endividamento mostram o relacionamento entre as fontes de capital da empresa, representadas pelo Patrimônio Líquido (capital próprio) e as exigibilidades (capital de terceiros). Destacamos a seguir os principais quocientes de endividamento: Participação de Capitais deTerceiros Esse índice é normalmente expresso em porcentagem e mostra quanto do Ativo Total (denomi- nador) é financiado com recursos de terceiros (numerador). Quanto maior o quociente, mais endividada estará a empresa, e maior será o risco de não conseguir pagar seus compromissos. Representada pela fórmula = Exigível Total Ativo Total Exigível Total = Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo Grau de Endividamento Esse índice mostra a participação do capital próprio no total das dívidas da empresa. Um índice maior que 1 pode revelar uma dependência em relação ao capital de terceiros. Geralmente as indústrias necessitam de uma maior quantidade de recursos próprios para financiar suas imobilizações em insta- lações industriais, contudo, uma empresa comercial, com maior participação do capital de giro no Ativo Total, normalmente opera com uma parcela menor de capital próprio. Representada pela fórmula = Exigível Total Patrimônio Líquido
  • 44. 43|Análise de indicadores de desempenho Composição do Endividamento Esse quociente mostra a participação do endividamento no curto e longo prazo, ou seja, o perfil da utilização do capital de terceiros. Quanto maior for esse índice, maior será a necessidade de caixa para saldar os compromissos em curto prazo. Inversamente, quanto menor for esse índice, maior será a folga de caixa da empresa para pagar seus compromissos de curto prazo. Normalmente, as empresas procuram concentrar seus pagamentos no longo prazo para melhor usufruir dessa folga. Representada pela fórmula = Passivo Circulante Exigível Total Índices de Eficiência ou Rotatividade Os Índices de Eficiência ou Rotatividade revelam a velocidade com que determinados elementos do patrimônio giram durante o exercício. Esses índices relacionam itens do DRE e do BP e são expressos em períodos de tempo (dias, meses ou anos). Os principais quocientes de eficiência são: Giro dos Estoques Fórmula = Custo das Mercadorias Vendidas Estoque Médio Estoque Médio = Estoque Inicial + Estoque Final 2 Demonstra o número de vezes que o estoque girou por causa das vendas. É utilizado para compara- ção com outras empresas da mesma atividade ou para comparação e análise do estoque da empresa. O ramo de atividade determina diferenças nos índices de giro: um supermercado ou uma in- dústria de bebidas apresenta giro de estoques muito superiores ao de uma fabricante de aviões, por exemplo. Quanto maior for o giro dos estoques, mais eficientemente a empresa estará gerenciando seus estoques. No entanto, deve-se ter o cuidado para que os estoques não tenham um nível tão pequeno a ponto de, em algum momento, resultar em falta, comprometendo as vendas. Prazo Médio de Renovação dos Estoques É a transformação das quantidades de giros do estoque em número de dias por período. Fórmula = 360 Giro dos Estoques
  • 45. 44 | Finanças: fundamentos e processos Esse índice mostra para as indústrias, o número de dias que decorre em média entre a compra da matéria-prima, sua transformação em produto e sua venda. No caso das empresas comerciais ou mercantis mostra o tempo médio entre a compra da mercadoria e sua venda, ou seja, quanto tempo o estoque da empresa leva para se renovar. Giro do Contas a receber Fórmula = Vendas Líquidas Contas a receber médio Determina quantas vezes a empresa gira seu “Contas a receber”, em função das vendas. Quanto maior for o giro, melhor para a empresa. Uma concessão de crédito mais seletiva resulta em giro maior. Giros muito altos podem indicar política de crédito deficiente. Prazo Médio de Recebimentos Fórmula = 360 Giro Contas a receber Indica o número de dias que a empresa leva, em média, para receber efetivamente o valor das vendas. O desconto de duplicatas reduz o volume das aplicações em Contas a receber, porém depende da necessidade de Liquidez Imediata da empresa, e principalmente, do custo cobrado pelos bancos. Giro do Contas a Pagar Esse índice tem sua melhor aplicação às empresas comerciais, já que as indústrias incluem no valor de seus estoques, além do valor da compra de matérias-primas, o custo da mão-de-obra, a depre- ciação e os custos indiretos de fabricação. Fórmula = Compras Conta Fornecedor Médio Fornecedor Médio = Fornecedor no Início + Fornecedor no Final 2 Compras = CMV (+) Estoque Final (–) Estoque Inicial Esse quociente indica quantas vezes, em média, a empresa renova seu“Contas a pagar”. Prazo Médio de Pagamentos Fórmula = 360 Giro do Contas a pagar
  • 46. 45|Análise de indicadores de desempenho Esse quociente indica o tempo de financiamento do capital de giro da empresa através dos forne- cedores, é o tempo decorrido entre a compra da mercadoria e o pagamento ao fornecedor. Quanto menos girar o contas a pagar, melhor para a empresa e, conseqüentemente, quanto maior o número de dias de seu prazo médio de pagamentos, melhor para empresa, desde que não atrase os pagamentos e não pague encargos por esse atraso. Posicionamento Relativo Fórmula = Prazo Médio de Recebimentos Prazo Médio de Pagamentos Esse índice, preferencialmente, deve ser inferior a 1, para não afetar de maneira negativa o fluxo de caixa. Há uma forte influência dos índices de eficiência sobre os quocientes de liquidez. Sempre que diminuímos o Prazo Médio de Estoques, o Prazo Médio de Recebimentos e aumentamos o Prazo Médio de Pagamentos estamos acelerando a entrada de dinheiro no caixa melhorando, portanto, os índices de liquidez. Ciclo Operacional O Ciclo Operacional ou Ciclo de Caixa é definido como o período de tempo que vai do ponto em que a empresa faz seu desembolso para adquirir matéria-prima (mercadoria), até o ponto em que é recebido o dinheiro da venda do produto. Ciclo Operacional = PME (+) PMR (-) PMP, em que: PME = Prazo Médio de Estoque PMR = Prazo Médio de Recebimento PMP = Prazo Médio de Pagamento Exemplo de cálculo do Ciclo Operacional Prazo Médio de Estoque Estoque Médio = EI + EF = 10.902 (+) 8.667 = 19.569 = 9.784 2 2 2 2 Giro do Estoque = CMV = 128.375 = 13,12 Estoque Médio 9.784 PME = 360 = 360 = 27 dias Giro 13,12
  • 47. 46 | Finanças: fundamentos e processos Prazo Médio de Recebimentos Contas a receber Médio = Contas a receber Início (+) Contas a receber no Final 2 (21.488 – 1.056) + (45.748 – 1.350) = 20.432 + 44.398 = 64.830 = 32.415 2 2 2 Giro do Contas a receber = Vendas Líquidas = 208.954 = 6,45 Contas a receber Médio 32.415 PMR = 360 = 360 = 56 dias Giro 6.45 Prazo Médio de Pagamentos Compras = CMV (+) Estoque Final (-) Estoque Inicial Compras = 128.375 + 8.667 – 10.902 = 126.140 Fornec. Médio = Forn. Início + Forn. Final = 7.221 + 9.913 = 17.134 = 8.567 2 2 2 Giro do Contas a pagar = Compras = 126.140 = 14,75 Fornecedor Médio 8.567 PMP = 360 = 360 = 24 dias Giro de Contas a pagar 14,75 Ciclo Operacional = PMR + PME – PMP Ciclo Operacional 56 + 27 – 24 = 59 Dias 59 dias é o tempo decorrido desde a compra da mercadoria até a cobrança da duplicata. Índices de Rentabilidade Os Índices de Rentabilidade mostram o retorno auferido pela empresa na utilização de seus ativos durante um período. Esses índices relacionam o lucro da empresa com seu tamanho, expresso por meio de suas vendas ou de seus ativos (investimento). Os principais Índices de Rentabilidade são: Margem de Lucro sobreVendas Margem Líquida = Lucro Líquido Vendas Líquidas
  • 48. 47|Análise de indicadores de desempenho Vendas Líquidas = Receita Bruta (menos) Impostos sobre Vendas Deduções e Abatimentos e De- voluções Margem Operacional = Lucro Operacional Vendas Líquidas Giro do Ativo Esse índice expressa quantas vezes o Ativo se transformou em Vendas. Giro do Ativo Total = Vendas Líquidas Ativo Total Médio Ativo Total Médio = Ativo Total Inicial (+) Ativo Total Final 2 Giro do Ativo Operacional = Vendas Líquidas Ativo Operacional Médio Ativo Operacional Médio = Capital de Giro Líquido (+) Ativo Realizável a Longo Prazo (+) Ativo Permanente Capital de Giro Líquido = Ativo Circulante (-) Passivo Circulante Retorno sobre o Ativo O Retorno sobre o Ativo Total (ROA – Return on Assets) estabelece a eficiência dada ao Ativo Total utilizado nas operações da empresa. ROA = Lucro Líquido Ativo Total Médio Retorno sobre o Investimento O Retorno sobre o Investimento (ROI – Return on Investiment) estabelece a eficiência dada pela administração ao Ativo Operacional utilizado nos negócios da empresa. ROI = Lucro Operacional Ativo Operacional Médio Os índices ROI e ROA são de grande importância, na medida em que nos permitem comparar em- presas de qualquer tamanho. Na verdade esses índices mostram que só o tamanho do Ativo não diz nada. O que vale é o retorno obtido por meio da utilização desses ativos, qualquer que seja seu tamanho.
  • 49. 48 | Finanças: fundamentos e processos Retorno sobre o Patrimônio Líquido O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE – Return on Equity) apura a relação entre o ganho obtido pelos sócios e o investimento que realizaram na empresa. ROE = Lucro Líquido Patrimônio Líquido Médio Patrimônio Líquido Médio = Patrimônio líquido Início (+) Patrimônio Líquido Final 2 Índices deValorização das Ações São quocientes importantes, que nos proporcionam avaliar os valores das ações das empresas. Valor Patrimonial da Ação (VPA) VPA = Patrimônio Líquido Número de Ações Esse quociente retrata o valor contábil da ação e pode ser útil para o acionista na hora da venda de suas ações, pois possibilita comparar com o valor da ação cotada em bolsa ou com o valor oferecido por um eventual comprador. Quanto maior o preço cotado em bolsa em relação ao valor patrimonial da ação, melhores são as apostas dos analistas quanto ao futuro desempenho da empresa. Lucro Por Ação (LPA) LPA = Lucro Líquido Número de Ações Esse índice é usado como uma medida interna de análise de desempenho. Serve como medida comparativa entre empresas de diferentes tamanhos e ramos de atividade diversos. Os analistas de mercado costumam recomendar a compra de ações que mostrem LPA crescente ao longo do tempo. Índice P/L P/L = Preço da Ação Lucro por Ação
  • 50. 49|Análise de indicadores de desempenho O mercado interpreta esse índice como sendo o tempo necessário para recuperar o investimento feito na compra de ações de uma empresa. Um P/L alto pode indicar para o investidor a existência de expectativa de crescimento dos benefícios gerados pela empresa, já um baixo P/L indica que a expecta- tiva futura de lucros da empresa é questionável. Índice de Dividendos por Ação (DPA) DPA = Valor dos Dividendos Preço da Ação O Índice de Dividendos por Ação, indica o percentual do preço da ação pago sob a forma de dividendos.Essequocienterevelaapolíticadedistribuiçãodelucros,naformadedividendosdaempresa. Quanto maior esse índice, maior a possibilidade de atrair novos investidores e como conseqüência maior liquidez das ações da empresa na Bolsa de Valores. Texto complementar As limitações do uso dos coeficientes e índices Limites e o bom-senso Uma análise nos conceitos, nas definições e nas propostas dos vários autores da área deixa claro que não há limites na construção de fórmulas para a elaboração de uma análise de empresas. Elas podem variar em função do tipo ou da linha do negócio; de acordo com o momento ou com a finalidade a que se destinam; pelo grau de criatividade e sensibilidade do analista; pelo enfoque que se quer dar ou investigar etc. Além das fórmulas já consagradas, muitas outras já surgiram e ainda surgirão. Assemelha-nos, entretanto, que sempre haverá limitações e que jamais o assunto poderá ser esgotado. Wolfgang (1997 : 34) nos dá uma grande lição. Vejamos: “O bom senso (common sense) é, sem dúvida, a base mais sólida para sermos lógicos, práticos e claros. Afinal, o bom-senso é um aliado da lógica, praticidade e clareza. O entusiasmo ou pes- simismo em excesso e a falta de informações mínimas são inimigos do bom senso. Não devemos con- fundir arrojo ou medo com bom-senso. O bom-senso fortalece e sustenta mais concretamente idéias e conclusões.....Contudo, o bom-senso implica a necessidade de certo conhecimento técnico, pesquisa e questionamento....Por outro lado, o conhecido feeling (percepção, sentimento) muitas vezes pode ser (e é) invocado para tentar explicar algum fenômeno na análise.... O feeling, mesmo sendo de origem subjetiva, implica certa sustentação lógica...” É exatamente isso que se pretende. Primeiramente é preciso deixar claro que o bom senso e os estudos já provaram que a análise através do coeficiente e índices, já prestou grandes serviços à gestão e aos negócios. Por outro lado há estudiosos, raros com certeza, que abominam a impor- tância de tais estudos como instrumentos de gestão, dado exatamente às suas limitações. O que deve ter faltado é o bom senso. Isto é, certo conhecimento específico e técnico, pesquisas e ques-
  • 51. 50 | Finanças: fundamentos e processos tionamento. É o que está sendo feito agora. O que se questiona é se os coeficientes e índices são verdades ou inverdades absolutas. Nem uma coisa nem outra. Questiona-se também se o conhecimento sobre o ambiente, sobre o mercado e o feeling não oferecem lógicas suficientes para enriquecer e robustecer um trabalho de análise. As limitações e o analista Não há como discutir a limitação do estudo feito através de coeficiente e de índices que se referem a dados e a informações passadas e, sobretudo, não trabalham com um cenário maior de informações. Ensaios e opiniões de vários autores quando sinalizam e até mesmo enfatizam as limi- tações da análise e, conseqüentemente, ao uso de coeficiente e de índices. O uso dos quocientes oferece grandes limitações mesmo que comparados com: a) a série his- tórica da própria empresa, b) algum padrão previamente estabelecido, c) quocientes análogos de empresas pertencentes ao mesmo mercado, d) certos parâmetros de interesse regional, nacional ou internacional. A análise em que leva em conta apenas os valores das demonstrações financeiras possui uma limitação adicional que é não considerar as quantidades físicas expressas naqueles valores. Mesmo utilizando algumas técnicas previsionais, com as quais alguns autores mais modernos já estão trabalhando, as limitações não são totalmente eliminadas. Sempre haverá uma margem de erro, principalmente tratando de previsões. Sem a presunção de querer eliminar essas margens de erro, é uma análise ambiental consideran- do o mercado e o seu funcionamento como variável tão ou mais importante do que as potencialida- des internas da organização. Mais do que isso, amplia na análise dos fatores internos, estudos de infor- mações que extrapolam as demonstrações financeiras, mas que nela se refletem, pois interferem nas capacidades e competências da empresa. Finalmente conjuga as informações obtidas pela análise das várias eficiências da empresa traduzindo isso em ferramenta para gestão ou para tomada de decisão. Os índices, como medidores das relações entre números integrantes das demonstrações finan- ceiras de uma empresa, são ferramentas bastante úteis para análise, resumindo grande quantidade de dados e geralmente de fácil compreensão. Contudo, os índices têm limitações consideráveis que devem ser lembradas quando avaliamos seu significado em determinado caso. Leva em conta a rigidez das Demonstrações Contábeis diante dos princípios; ressalta os refle- xos das mudanças macro-ambientais sobre as demonstrações; considera as mudanças internas etc. Os índices não esgotam a análise e, isolados, não refletem situações favoráveis ou desfavoráveis na operação ou administração da empresa. A análise ambiental interna e externa é fundamental para qualquer avaliação, política de gestão ou tomada de decisão. Limitações da análise tradicional para efeito de gestão Dados e informações As informações geradas pelos dados contábeis são efetivamente limitadas e que para efeito de gestão, o importante é além de transformar os dados em informações, saber usar convenientemen- te as informações.
  • 52. 51|Análise de indicadores de desempenho Vários são os conceitos e definições sobre as demonstrações financeiras, e quanto às suas fun- ções. O autor Matarazzo (1991, p. 22) ressalta que as demonstrações fornecem dados sobre a empre- sa de acordo com as regras contábeis fazendo inclusive, uma separação entre dados e informações. Assim define: “dados são números ou descrição de objetos ou eventos que, isoladamente, não provo- cam nenhuma reação no leitor. Informações representam para quem as recebe uma comunicação que pode produzir reação ou decisão, freqüentemente, acompanhada de um efeito surpresa”. A definição do autor confirma os limites da contabilidade e da análise como fontes de infor- mações gerenciais. A contabilidade cuja essência são dados, não passa da descrição, classificação, cumulação e sistematização de dados. Pela análise tradicional (vertical/horizontal), mesmo que todos os dados contábeis pudessem ser transformados em algum tipo de informação, e em muitos casos isso não é possível, várias infor- mações ficariam incompletas ou inaplicáveis. Por exemplo: as vendas do período 20x1 aumentaram 7,4% em relação ao período 20x0 e que no período 20x2 caíram 4,3% em relação ao primeiro período. Pois bem, temos aí duas informações geradas pela análise tradicional que infelizmente não oferecem respostas para uma série de per- guntas importantes como, por exemplo: a) por que as vendas caíram? Através da análise pura e simples dos dados contábeis é humanamente impossível responder a pergunta com propriedade; b) se as vendas caíram o que deve ser feito? Não é possível definir o que fazer se não localizarmos as causas; c) se alguma coisa deve ser feita, por quem, quando e como ela deve ser feita? Também não é possível responder, pois não se sabe onde o problema está localizado. Nesta linha de raciocínio poderíamos citar várias perguntas que ficariam sem respostas se a análise se limitasse aos dados contábeis. Ao contrário de tudo isso, quando desenvolvemos a mesma análise horizontal/vertical agre- gando informações sobre o preço do produto, sobre o mercado potencial, sobre a participação da empresa no mercado e sobre as estratégicas mercadológicas utilizadas naqueles exercícios, torna-se possível responder grande parte ou quase todas as perguntas formuladas. Respostas que não satisfazem ao gestor Falar de limitações justifica pelo fato de que após a conclusão de uma análise é que começa efetivamente o trabalho visando os seus objetivos: tomar decisões baseadas no seu resultado. Geralmente os autores indicam que uma análise das demonstrações levanta as seguintes questões a serem resolvidas: A situação da empresa no aspecto analisado é anômala ou normal?::: O resultado da análise revela alguma irregularidade?::: Quais foram as causas das irregularidades?::: O resultado revela algum risco ou alguma possibilidade de fracasso na empresa analisada?::: Quais são as providências por ordem cronológica, a serem tomadas?:::
  • 53. 52 | Finanças: fundamentos e processos Verificando este elenco de perguntas fica claro que a análise tradicional termina exatamente no momento em que deveria se tornar uma ferramenta de decisões. Seu limite não deveria estar apenas na transformação dos dados contábeis nas informações. Deveria ir além, isto é, orientar uma ou algumas decisões. Uma análise literal do que sugere as perguntas que a análise tradicional tenta responder seria: a) se não há nada de anormal com a empresa quanto ao aspecto analisado, a pergunta sugere o término dos trabalhos e prejudica todas as perguntas subseqüentes. Existem no mínimo, duas falhas gritantes neste processo. A primeira é a de tentar sugerir algum parâmetro de normalidade sem, entretanto, apresentá-lo ou defini-lo. A segunda falha é limitar a validade da análise apenas quando há um problema localizado. b) a segunda questão torna-se desnecessária se a resposta dada à primeira for positiva. c) a terceira questão é pretensiosa. Pela análise tradicional limitada aos dados contábeis é impossível apurar com profundidade as causas de qualquer evento. Chegaria-se no máximo, a algumas causas superficiais da questão. d) a quarta questão é até patética. Primeiro porque se existe uma situação anômala caracterizada como perniciosa pela segunda questão, só pode oferecer algum tipo de risco. Em segundo lugar a empresa é colocada num ambiente de desgraça deixando claro que somente dever-se-á tomar alguma atitude se houver algum perigo. Não ficaria melhor se fosse feita da seguinte forma: “a situação levantada pela análise revela alguma ameaça ou alguma oportunidade para a empresa?”. Mesmo inconsistente a pergunta seria mais lógica. Por se tratar de dados internos, a pergunta correta deveria ser: “onde estão os pontos fortes e os pontos fracos da empresa em relação à sua estrutura organizacional comparados com.... ?” e) a quinta pergunta sugere a “redescoberta da roda”, pela análise. Faça isso, no prazo tal. Quando um problema é localizado nada mais óbvio do que sugerir caminhos para a sua solução. Fonte: Análise Contábil: um enfoque voltado para a gestão de empresas – Wilter Furtado. Disponível em: <http://www.icone.com.br/downloadlivre/EBook/Antigos/Gestao%20contabil.pdf> Ampliando conhecimentos Para complementar os estudos sobre Análise de Indicadores de Desempenho, indico os livros “Estrutura e Análise de Balanço” de Alexandre Assaf Neto, “Análise Financeira de Balanços” de Dante Carmine Matarazzo e “Contabilidade Empresarial” de José Carlos Marion, todos publicados pela Editora Atlas. São livros muito bons, e que não possuem uma leitura“pesada”, aliando o conceito à prática.
  • 54. 53|Análise de indicadores de desempenho Atividades 1. Com base no Balanço Patrimonial e na Demonstração de Resultado abaixo, calcule os seguintes índices para o exercício de 2006: a) Índice de Liquidez Corrente; b) Índice de Liquidez Seca; c) Índice de Liquidez Geral; d) Giro de Estoques; e) Giro de Contas a receber; f) Dias de venda em estoque; g) Dias de venda em contas a receber; h) Endividamento Geral. Ativo 2005 2006 Passivo 2005 2006 Caixa 120 88 Fornecedores 124 144 Contas a receber 224 192 Títulos a pagar 1 412 1 039 Estoques 424 368 Total do Circulante 1 536 1 183 Total do Circulante 768 648 Exigível a Longo Prazo 1 804 2 077 Ativo Imobilizado Líquido 5 228 5 354 Patrimônio Líquido Total do Ativo 5 996 6 002 Capital Social 300 300 Lucros Acumulados 2 356 2 442 Total do PL 2 656 2 742 Total do Passivo 5 996 6 002 Resultado 2006 Vendas 3.756 Custo (2.453) Lucro bruto 1.303 Depreciações (490) Juros pagos (613) Lucro antes dos Impostos 200 Impostos (68) Lucro Líquido 132
  • 55. 54 | Finanças: fundamentos e processos 2. Com base na Demonstração de Resultado, apresentada a seguir, calcular a análise vertical considerando como 100% o valor das vendas. Resultado 2006 Vendas 3.756 Custo (2.453) Lucro Bruto 1.303 Depreciações (490) Juros pagos (613) Lucro antes dos Impostos 200 Impostos (68) Lucro Líquido 132
  • 56. Sistemas de custeamento Introdução Apesar de muitos afirmarem que os métodos de cálculo de custos surgiram com o advento da revolução industrial, encontra-se fatos na história que mostram que estes métodos já eram empregados há mais tempo. Pode-se dizer que os sistemas de custeios originaram-se na preocupação do homem em contar e identificar as suas necessidades de sobrevivência. SuaorigemfoiemFlorença,cidadequedesdeoséculoXIIsedistinguiupelafabricaçãodetecidos.A ilustre família dos Médicis, por exemplo, que originalmente se dedicava aos bancos, excursionaram logo na indústria têxtil, comprando lã em estado bruto e vendendo tecidos acabados, que eram produzidos por confeccionadores individuais em seus próprios domicílios. Como cada fase desta produção era realizada por diferentes famílias, os Médicis usaram o método de registros de custos separados por processo individual. Sistemas de custos ao longo do tempo Século XVIII::: Na Renascença o Sistema de Custos era pouco desenvolvido, devido à maior importância que se dava ao comércio em relação à produção. São identificadas exceções somente em 1577, quando empresas mineradoras da Áustria mostravam em seus registros contábeis a acumulação de custos de materiais, mão-de-obra e certos gastos que eram lançados em uma conta chamada “Fundição” e logo em seguida creditavam-se a“produtos acabados”. Século XIX::: Somente neste século a contabilidade de custo evoluiu, devido à necessidade de incorporar os gastos de fabricação aos custos totais. O que dificultava a contabilidade de custos era a divulgação de conhecimento do processo de fabricação, muitas vezes considerado como segredo industrial, e era reduzido o número de contadores que tinham visão geral sobre o tema.