O documento descreve a Zonamerica, uma área no Uruguai livre de impostos para atrair empresas de tecnologia. A Zonamerica abriga mais de 150 empresas de call centers, finanças, consultoria e biotecnologia, empregando mais de 3,5 mil pessoas. A área oferece serviços e infraestrutura para apoiar as empresas, criando um "oásis" de prosperidade em meio à pobreza ao redor.
1. | 14 | ZERO HORA > SEGUNDA | 28 | MAIO | 2007
Economia >
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Mais oito classificados ao Freio de
Ouro são definidos em Pelotas
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| Entrevista |
FOTOS SEBASTIÃO RIBEIRO
| Federico Ferrari |
TRABALHADOR URUGUAIO
Dois Uruguais
Federico Ferrari trabalha
em uma multinacional de
turismo na Zonamerica,
atendendo operadoras
internacionais. Filho de um
suíço com uma uruguaia,
morou 16 anos na Suíça, mas
há dois voltou para ficar com
a família. Confira abaixo os
principais trechos da entrevista
concedida por Ferrari a ZH.
Zero Hora – O que mudou
no Uruguai nesse tempo que o
senhor passou longe?
Fe d e r i c o
Ferrari –
Houve mu-
danças para
melhor e para
pior. A Zona-
Grandes empresas estão instaladas em uma área diferenciada, a 30 minutos de Montevidéu, onde estão livres de impostos por determinação do governo uruguaio merica, por
exemplo, não Ferrari
existia quando
Zero Hora publi- mais de 150 pequenas e grandes eu fui embora. Mas hoje também
O oásis
ca hoje a segun- empresas – call centers, financeiras, há muito mais pobres. Quando
da e última parte consultorias, empresas de logística, saí, não tinha de me preocupar
da reportagem so- de biotecnologia, de softwares – têm com segurança. Hoje, está fican-
bre a economia do escritórios no local. Além do incen- do parecido com o Brasil.
Uruguai. Uma das principais tivo, encontram ali como suporte
Zonamerica
apostas do país platino, foca- serviços de comunicação, seguran- ZH – O Uruguai é conhecido
da na modernização e na ça, manutenção, limpeza, arquitetu- como a Suíça da América Lati-
atração de novos investidores, ra e consultorias. na. Há semelhanças com a
é a área de informática. A estudante de administração Suíça de verdade?
Laura Landin é uma dos mais de 3,5 Ferrari – (risos) Bem diferen-
mil pessoas que trabalham na Zona- te. Lá, você apresentava a lista de
Enviado especial/Montevidéu da para o país platino. Setores como que o carro se afasta da região cen- merica. Tem 30 anos, é casada (o coisas que precisava mas não
SEBASTIÃO RIBEIRO turismo, biotecnologia e desenvolvi- tral, a paisagem ao longo da estrada marido presta consultoria em infor- conseguia comprar e chegava no
mento de softwares – o Uruguai é ganha novos contornos. Pelo vidro, mática) e mora em Pocitos, zona no- fim do mês o governo te dava.
Para evitar um processo de es- um dos principais exportadores de surgem velhos galpões abandonados, bre de Montevidéu. Laura prefere Me deram passagens para visitar
tagnação econômica, o Uruguai programas de computador da Amé- casas precárias, papeleiros e, vez ou não revelar quanto recebe atuando a família no Uruguai.
aposta na atração de novos inves- rica Latina – encontram espaço para outra, um grupo de estudantes, todos na empresa que presta consultoria
timentos. Não apenas na área in- crescer. O governo uruguaio não usando guarda-pós como uniforme. na área financeira, mas diz que pas- ZH – Muitas vezes, o Uru-
dustrial, com as fábricas de celu- econonomiza incentivos para trazer De repente, as ruas sujas e com sou a ganhar cerca de R$ 2 mil a guai é visto como se tivesse
lose Ence e Botnia, mas também multinacionais nessas áreas – uma jeito de abandonadas dão lugar a mais quando foi para a Zonamerica: parado no tempo. O senhor
na de serviços – responsável pela lei de 1987 estabeleceu a criação de canteiros de grama cortada adorna- – Quando digo que trabalho na sente isso, tem essa visão?
maior parte do Produto Interno zonas francas, livres de impostos, dos por jardins de flores. No meio da Zonamerica, as reações (dos amigos) Ferrari – Um pouco. Em al-
Bruto uruguaio. para estimular os investimentos. pobreza, surge um oásis onde só en- são superpositivas. Hoje, todo mun- gumas coisas. Aqui, por exem-
Zero Hora visitou uma das mais tra quem se identifica e tem motivos do gostaria de trabalhar aqui. As plo, você não consegue transfe-
N a avaliação da economista Ga-
briela Mordecki, da Universi-
dad de la República, investir em em-
expoentes entre essas zonas: a Zona-
merica. Trinta minutos de viagem
pela Ruta 8 separam o centro da capi-
profissionais para ali estar. Lá den-
tro, tudo é impecável – não há um
papel no chão, um objeto fora de lu-
grandes multinacionais estão nessa
área e pagam melhor do que lá fora.
rir dinheiro de um banco para
outro pela Internet sem pagar
uma taxa de uns US$ 25.
presas de tecnologia pode ser a saí- tal, Montevidéu, do local. À medida gar. Espalhadas em grandes prédios, ± sebastiao.ribeiro@zerohora.com.br
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