Portugal no início do século XIX ainda estava sob o Antigo Regime, com uma economia agrícola e sociedade hierarquizada. Havia uma burguesia e intelectuais que ansiavam por mudanças liberais, como os ideais da Revolução Francesa. As invasões francesas ajudaram a espalhar esses ideais. Após a revolução liberal de 1820, surgiram oposições entre absolutistas e liberais, levando a uma guerra civil de 1823 a 1824.
1. Distinguir na persistência das estruturas arcaicas da sociedade portuguesa, um factor
de resistência do liberalismo, principalmente na nobreza e no papel que esta teve
nesse tempo
Portugal, no início do século XIX, encontrava-se desprovido de ideias iluministas,
traduzidas no liberalismo. Essas naturalmente, tomaram como centro a França, e daí
irradiavam para o restante da Europa.
·
O príncipe D. João (futuro D. João VI), que o Estado de loucura da sua mãe, D.
Maria I, o fizera regente, governava um país profundamente arreigado ao Antigo
Regime. As actividades primárias predominavam. Pesadas obrigações senhoriais
condenavam o campesinato à miséria.
- Economia eminentemente agrícola
A vida era arcaica e simples. Apesar do Marquês de Pombal ter reconstruído uma
Lisboa moderna, a modernidade não chegou a todos.
Instituições como a Real Mesa Censória (zelava pela interdição de obras consideradas
subversivas) e a Intendência Geral da Polícia (repressão aos ideais iluministas),
anteriormente criadas por M. de Pombal, defendiam os interesses do poder político
absolutista, através de acções repressivas e da censura.
·
Porém, uma burguesia comercial ansiava pela mudança. Assim como um grupo
restrito de intelectuais que frequentavam cafés e botequins. Constituíam um terreno
fértil para a propagação dos ideais da Liberdade, da Igualdade e da Fraternidade vindas
de França. Muitos filiavam-se à lojas maçónicas e iniciam uma forte crítica a toda
organização do país, pugnavam pelo exercício de liberdade política e económica, pelo
fim dos privilégios sociais, dos constrangimentos religiosos, do fanatismo, em suma, da
TIRANIA.
O que vai favorecer a concretização destes anseios dos iluminados serão as Invasões
Francesas.
Após a revolução liberal de 1820 em Portugal, surgiram oposições ao novo regime. Os
absolutistas, na sua maioria nobreza e clero - classes privilegiadas, queriam a
restauração do poder absoluto. Também entre os liberais, Haviam os mais moderados
e os mais radicais. A implementação do Liberalismo em Portugal foi difícil. Em 1823 e
1824, D. Miguel faz dois golpes militares com vista à restauração do Absolutismo.
Após a morte de D. João VI, em 1826, põe-se o problema da sucessão, visto que D.
Pedro (o filho primogénito) tinha proclamado a indepêndencia do Brasil em 1822 e era
na altura o imperador deste país. Assim, D. Pedro abdicou da coroa portuguesa em
2. favor da sua filha D. Maria, e combina o casamento desta com D. Miguel. Como D.
Maria é ainda criança, D. Miguel governaria em Portugal, mas com uma condição:
respeitar a Carta Constitucional dada por D. Pedro. D. Miguel aceita, mas logo a seguir
proclama-se rei absoluto e persegue todos os partidários do Liberalismo.
Ao saber disto, D. Pedro regressa a Portugal e junta-se ao liberais, para fazer valer os
direitos da sua filha. Desencadeia-se, então, uma guerra civil entre absolutistas e
liberais que dura dois anos, vencendo definitivamente o Liberalismo.
Antecedentes e Conjuntura (conjunto de factores de origens diversas)
A coexistência do Antigo Regime e de forças predispostas à inovação
Sociedade de ordens, fortemente hierarquizada onde prevaleciam os privilégios do
clero e da nobreza;
Economia agrícola, de fraco rendimento em que os camponeses viviam na
dependência dos senhores das terras;
Sistema político absolutista submetido à regência do príncipe D. João e à repressão
ditada pela Inquisição, pela Real Mesa Censória e pela Intendência da Polícia.