O documento discute a fonética e fonologia da língua portuguesa, abordando conceitos como fonema, fone, alfabeto fonético internacional e a representação do sistema fonológico português na escrita alfabética. Em especial, explica que a escrita portuguesa representa os 12 fonemas vocálicos e 2 semivocálicos por meio de 5 grafemas vocálicos e diacríticos, indicando a tonicidade, nasalidade e entonação.
2. OS ESTUDOS DE LINGUAGEM
•Linguística : ciência que estuda a linguagem humana
em seus mais variados aspectos e funcionamento
gramatical, sociolinguístico, pragmático , discursivo
etc. A linguística se firma como ciência no século XX
com os estudos de Ferdinand de Saussure e sua
Teoria do Signo Linguístico.
3. FONÉTICA E FONOLOGIA
• A Fonética é a ciência que apresenta os métodos para a
descrição, classificação e transcrição dos sons da fala/língua, os
FONES, utilizados na linguagem humana. A Fonética
Articulatória compreende o estudo da produção da fala do ponto
de vista fisiológico e articulatório.
• A Fonologia estuda e descreve (com o auxílio da Fonética) os
sons da língua que atuam como FONEMAS (vogais, semivogais
e consoantes) , distinguindo significados entre os vocábulos.
4. NOÇÕES BÁSICAS DE FONÉTICA E
FONOLOGIA.
FONEMA: menor unidade da língua, de natureza psíquica, abstrata,
capaz de distinguir significados entre as palavras, no mesmo ponto da
cadeia sonora.
Ex.: pata ≠ bata , /’pa.ta/ - /’ba.ta/, /p/ ≠ /b/ = são fonemas distintos.
FONE: realização sonora, acústica, do fonema. Os fones são as unidades
sonoras que materializam os fonemas por meio do processo de
oralização/fonação/fala.
Ex.: tia [‘ ʧi.ɐ ] ~ [‘ ti.ɐ ] = [ ʧ ] e [ t ] são variações fônicas ALOFONES
do mesmo fonema /t/.
ARTICULEMAS:. configurações anatômicas adotadas pelo aparelho
fonador durante a produção dos fones/fonemas
•
7. ZONA DE ARTICULAÇÃO DAS CONSOANTES
E VOGAIS.
As semivogais /y/ e /w/ são articuladas numa zona um pouco acima da zona de articulação das vogais altas
/i/ e /u/, e abaixo da zona de articulação das consoantes , com a língua mais elevada do que na articulação
das vogais altas /i/ e /u/.
9. IPA – ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL
O ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL (REFERENCIADO PELA SIGLA AFI E PELA SIGLA EM INGLÊS IPA, DE
(INTERNATIONAL PHONETIC ALPHABET) É UM SISTEMA DE NOTAÇÃO FONÉTICA BASEADO NO ALFABETO LATINO, CRIADO
PELA ASSOCIAÇÃO FONÉTICA INTERNACIONAL COMO UMA FORMA DE REPRESENTAÇÃO PADRONIZADA DOS SONS DO
IDIOMA FALADO. O AFI É UTILIZADO POR LINGUISTAS, FONOAUDIÓLOGOS, PROFESSORES E ESTUDANTES DE IDIOMAS
ESTRANGEIROS, CANTORES, ATORES, LEXICÓGRAFOS E TRADUTORES.
Vogais
Consoantes
10. APARELHO FONADOR HUMANO - ARTICULEMAS
Obs.: No quadro de articulemas de Jardini e Gomes (2005)
são necessários ajustes teóricos quanto à representação das
configurações anatômicas das vogais orais e nasais.
11.
12. FONE - FONEMA - GRAFEMA/LETRA - ARTICULEMAS
[t] ~ [ ʧ ] /t/ ...................... T, t
[d] ~ [ʤ] /d/ ....................... D, d
Aa /a/= [a] ~ [ɐ] /a/ ≠ /ã/ ...................... Aa - am, an
casa [ ‘ka.zɐ ] = /’ka.za/
Os Vedas
Ex.: ata /‘a. ta/ ≠ anta /‘ã. ta/ (a vogal nasal /ã/ é
representada por dígrafo vocálico an.).
- A vogal oral /a/ ≠ vogal nasal /ã/ !
- O GRAFEMA representa o FONEMA
na ESCRITA ALFABÉTICA !
14. NOMES DAS LETRAS DO ALFABETO ROMANO
ALFA + BETA = ALFABETO
• “ Tudo o que escreve é muito interessante, por isso limito-me a acrescentar a
doutrina oficial quanto ao nome das letras em português, conforme se pode ler
no Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa de F. Rebelo Gonçalves.
• Segundo este, as vinte e três letras fundamentais do nosso alfabeto
chamam-se: á, bê, cê, dê, é, efe, gê, agá, i, jota, ele, eme, ene, ó, pê, quê,
erre, esse, tê, u, vê, xis, zê. Outras designações menos correntes são: fê,
para f; lê, para l; mê, para m; nê, para n; rê, para r; etc. Às letras
fundamentais do alfabeto acrescem três: k (cá ou capa); w (vê dobrado);
e y (ípsilon). Lembro que esta última é vulgarmente chamada i grego.”
• *** Alfa é o nome da primeira letra do alfabeto grego, deve seu nome à
palavra fenícia "aleph", que neste idioma siginifica "boi"; já a segunda
letra, beta, vem do fenício "beth", que significa "casa".
15. ESCRITA ALFABÉTICA: ALFABETO E
LETRAS/GRAFEMAS
• ESCRITA ALFABÉTICA: tipo de escrita de MOTIVAÇÃO
FONOLÓGICA que utiliza símbolos gráficos/letras/grafemas
para representarem os FONEMAS/SISTEMA
FONOLÓGICO de uma língua. A escrita portuguesa utiliza
o alfabeto romano, letras romanas . Ex.: Grafema Aa
Fonema /a/, Bb /b/, Tt /t/, Mm /m/, Pp /p/, Ss /s/ etc. Há
outras escritas alfabéticas como a escrita do grego, hebraico,
árabe etc.
16. ESCRITA ALFABÉTICA DO PORTUGUÊS: REPRESENTAÇÃO DO
SISTEMA FONOLÓGICO (SEGMENTAL/FONEMA E SUPRASSEGMENTAL:
ACENTO TÔNICO, NASALIDADE E ENTONAÇÃO FRASAL ).
• A escrita alfabética da língua portuguesa (variante brasileira, escrita
do português brasileiro) representa os seguintes aspectos de seu
sistema fonológico:
• a) As LETRAS/GRAFEMAS representam os FONEMAS, unidades do
SISTEMA SEGMENTAL da língua. O alfabeto latino consiste de 26
caracteres: A, B, C, D, E, F, G, H (por questão etimológica), I, J, K, L,
M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z que representam/simbolizam na
escrita os fonemas consonantais, vocálicos e semivocálicos. As letras
I, E e O,U representam tanto as VOGAIS /a, e, ԑ , i, ɔ, o, u/ quanto as
SEMIVOGAIS /y/ e /w/. Ex.: ilha (vogal /i/ ), pai ( semivogal /y/ ), põe (
semivogal y nasal).
17. ESCRITA ALFABÉTICA DO PORTUGUÊS:
REPRESENTAÇÃO DO SISTEMA FONOLÓGICO.
CONTINUAÇÃO...
b) Os DIACRÍTICOS E SINAIS DE ACENTUAÇÃO GRÁFICA representam o SISTEMA
SUPRASSEGMENTAL da língua:
Diacríticos: são pequenos sinais gráficos colocados sobre, sob ou através de uma letra para
modificar ou adaptar seu som e indicam o acento de intensidade e timbre das vogais, nasalidade
das vogais nasais, sibilação do C (pronúncia de /s/ e não de /k/) casa/onça . Na língua
portuguesa, os diacríticos utilizados são a cedilha na letra ⟨c⟩ e, nas vogais, acento agudo, (´),
acento circunflexo, (^), sinal grave (`) e til (~). Em alguns casos, como o sinal grave, a distinção
na pronúncia já foi perdida, restando apenas a função de indicar o fenômeno morfofonêmico da
CRASE A artigo + A preposição = À . O til (~) é indicador de nasalidade das vogais ã e õ, não
indica tonicidade.
Ex.: ór-gão.
18. O USO DOS SINAIS GRÁFICOS DIACRÍTICOS:
(~), (´), (^), (`), (¸) do C cedilhado ç)
• (~) til: indica a nasalidade das vogais /ã/ e /õ/. Ex.: cão [kãw], balões [ba.’lõyʃ].
• (´) agudo: indica o timbre aberto e a tonicidade da vogal. Ex.: água [‘a.gwɐ], Pelé [pԑ.’lԑ], jiló [ʒi.’lɔ],
Pará [pa.’ra].
• (^) circunflexo: indica o timbre fechado e a tonicidade da vogal: Ex.: tricô [tri.’ko], Tietê [ ʧi. e. ‘te],
lâmpada [‘lã. pa. dɐ].
• (`) grave: indica a CRASE/FUSÃO de duas vogais, do A artigo + A preposição = À. Ex.: Vou à escola.
• (¸) cedilha: uado na letra C (c cedilhado ç ) para indicar a pronúncia sibilante [s], e não a velar [k]
Ex.: caça [‘ka. sɐ ] , moça [‘mo.sɐ].
*** Obs.: A CRASE é um metaplasmo que corresponde à fusão de duas vogais iguais (Ex.: Latim
pede (síncope do d > pee > pé (crase dos es, português). O sinal GRAVE indica a CRASE do A artigo +
A preposição na escrita portuguesa.
19. ESCRITA ALFABÉTICA DO PORTUGUÊS:
REPRESENTAÇÃO DO SISTEMA FONOLÓGICO.
continuação...
• c) Os SINAIS DE PONTUAÇÃO FRASAL representam a ENTONAÇÃO FRASAL . Ex.: A professora
chegou . A professora chegou ? A professora chegou !
• , . ; : - _ ! ? “ ‘
• Não .
• Não ...
• Não !
• Não ?
• Uso do hífen (-) : em GUARDA-ROUPA : o que o hífen indica ? R: O sinal gráfico hífen indica que a
palavra é composta de dois radicais AINDA não cristalizados/fundidos lexicalmente {guard } + {roup}.
Diferente da palavra planalto (planoalto, onde houve uma fusão com perda da vogal o ). Ex.: fusão de
radicias: gasômetro, automóvel.
21. O ALFABETO LATINO, TAMBÉM CONHECIDO COMO ALFABETO ROMANO,
É O SISTEMA DE ESCRITA ALFABÉTICA MAIS UTILIZADO NO MUNDO,[1] E É O
ALFABETO UTILIZADO PARA ESCREVER A LÍNGUA PORTUGUESA E A
MAIORIA DAS LÍNGUAS DA EUROPA OCIDENTAL E CENTRAL E DAS ÁREAS
COLONIZADAS POR EUROPEUS. A SUA ORIGEM REMONTA AO SÉCULO VII
A.C. NA REGIÃO DO LÁCIO (ATUAL LAZIO, NA ITÁLIA), DAÍ A SUA
DESIGNAÇÃO COMO "LATINO". AO LONGO DOS SÉCULOS XIX E XX, O
ALFABETO LATINO TORNOU-SE TAMBÉM O ALFABETO PREFERENCIALMENTE
ADOTADO POR UM NÚMERO CONSIDERÁVEL DE OUTRAS LÍNGUAS, EM
ESPECIAL PELAS LÍNGUAS INDÍGENAS DE ZONAS COLONIZADAS POR
EUROPEUS QUE NÃO TINHAM SISTEMAS DE ESCRITA PRÓPRIOS. (...) O
ALFABETO USADO PELOS ROMANOS CONSISTIA SOMENTE DE LETRAS
MAIÚSCULAS (OU CAIXA ALTA). AS LETRAS MINÚSCULAS, OU DE CAIXA
BAIXA, SURGIRAM NA IDADE MÉDIA A PARTIR DA ESCRITA CURSIVA
ROMANA, PRIMEIRO COMO UMA ESCRITA UNCIAL, E DEPOIS COMO
MINÚSCULAS. AS ANTIGAS LETRAS ROMANAS FORAM MANTIDAS EM
INSCRIÇÕES FORMAIS E PARA DAR ÊNFASE EM DOCUMENTOS ESCRITOS. AS
LÍNGUAS QUE USAM O ALFABETO LATINO GERALMENTE USAM MAIÚSCULAS
PARA INICIAR PARÁGRAFOS, SENTENÇAS E NOMES PRÓPRIOS. AS REGRAS
DE USO DE MAIÚSCULAS MUDARAM COM O TEMPO, E VARIAM UM POUCO
ENTRE IDIOMAS DIFERENTES. O INGLÊS, POR EXEMPLO, COSTUMAVA PÔR
TODOS OS SUBSTANTIVOS INICIADOS EM CAIXA ALTA, COMO O ALEMÃO
AINDA FAZ ATUALMENTE.
22.
23. - O PORTUGUÊS POSSUI 12 FONEMAS VOGAIS E 02
SEMIVOGAIS:
A) 07 VOGAIS ORAIS: /a/, /ԑ/, /e/, /i/, /o/, /ɔ/, /u/.
B) 05 VOGAIS NASAIS: /ã/, /ẽ/, /ĩ/, /õ/, /ũ/.
Ex.: lá ≠ lã
- A ESCRITA ALFABÉTICA PORTUGUESA POSSUI 05
LETRAS/GRAFEMAS VOCÁLICOS: A, E, I, O, U QUE
SÃO UTILIZADOS NA REPRESENTAÇÃO DAS 12
VOGAIS E DAS 02 SEMIVOGAIS /y/ e /w/.
C) SEMIVOGAIS i =/y/ e u =/w/.
24. - AS 05 VOGAIS NASAIS /ã/, /ẽ/, /ĩ/, /õ/, /ũ/ SÃO
REPRESENTADAS POR DÍGRAFOS VOCÁLICOS:
/ã/ am, an ex.: ata ≠anta, anda, tampa
/ẽ/ em, en ex.: dente, pente, tempo
/ĩ/ im, in ex.: tinta, tímpano, timbre.
/õ/ om, on ex.: onda, ponta, tombo, bom, bomba
/ũ/ um, un ex.: tumba, mundo /’mũ.du/
*** O ã e o õ não são dígrafos porque o til (~) não é letra,
é um diacrítico.
Vogais Nasais: representação gráfica.
25. Obs.: Um trabalho de alfabetização
necessita levar o alfabetizando ao
desenvolvimento da consciência
fonológica de sua língua materna.
Neste aspecto, um alfabetizador
precisa ter formação científica/técnica
em Fonética Articulatória e Fonologia
da língua representada na escrita
alfabética
Consciência
fonológica
26. MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
• 1) Sintéticos: vão da noção da menor parte até a percepção do todo/maior parte
• 2) Analítico/Global: vão da noção da maior parte (o todo) até a percepção da menor
parte . Miriti = mi – ri – ti = ma, me, mi, mo, um = m + i
3) Ecléticos: misturam as modalidades sintéticas e analíticas.
letra/fonema/fone sílaba palavra frase texto
texto frase palavra sílaba
fone/fonema/letra
28. A ESCRITA ALFABÉTICA: CARACTERÍSTICAS
1) “Mapeia” a oralidade, ou seja,
mapeia a linearidade do signo
linguístico (palavra) e sua
articulação segmental (em
unidades sonoras menores: do
que a palavra: fones, fonemas,
sílabas;
2) Simboliza/mapeia:
- Os fonemas (unidades
segmentáveis)
- a pausa entre as sílabas,
palavras e frases;
- A tonicidade e timbre das
vogais;
- A nasalidade das vogais
nasais;
Acasa
técnica téc – ni – ca
/’te. ki. ni. ka/ : todas são sílaba
padrão CV, dentro do padrão
silábico do português.
é
A (artigo átono, as crianças tendem a “
grudar” os artigos com as palavras tônicas,
formando um só vocábulo fonológico)
branca
.
A escrita e divisão silábica ortográfica da palavra TÉCNICA (téc – ni – ca) não representa a
fonologia da sílaba portuguesa, pois em português não temos sílabas travadas em /k/, /d/, /b/ , dentre
outros . A motivação da escrita desta palavra é etimológica. Escritas como sub-je-ti-vo
[su.bi.je.ʒe.ʧ’i.vu], ad-je-ti-vo [a. ʤi.ʒe. ‘ʧi.vu] destacam os prefixos {sub-} e {ad-}, cuja motivação é
morfológica.