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TRAUMA
ABDOMINAL
R1 Terapia Intensiva Paula C. Breda Colpani
INTRODUÇÃO
▰ Lesões abdominais e pélvicas não reconhecidas são uma causa de morte evitável pós
trauma
▰ A ruptura de um órgão e o sangramento de um órgão sólido ou da pelve podem não ser
facilmente reconhecidos
 Uma quantidade significativa de sangue pode estar ‘oculta’ na cavidade abdominal,
sem sinais iniciais óbvios de irritação peritoneal
▰ A avaliação do paciente geralmente é prejudicada por intoxicações alcoólicas ou por
drogas, lesão ao sistema nervoso e por outras lesões graves em órgãos adjacentes
▰ Por isso: Sempre considerar lesões viserais, vasculares e pélvicas em pacientes
politraumatizados!! 2
ANATOMIA
3
1
ANATOMIA
▰ Abdome anterior: entre as margens costais superiormente, os ligamentos inguinais e a
sínfise púbica inferiormente e as linhas axilares laterais. Contém grande parte das
visceras ocas
▰ Toracoabdome: área inferior à linha mamilar anteriormente e à linha infraescapular
posteriormente e superior às margens costais. Abrange o diafragma, fígado, baço e
estômago, e é um pouco protegida pelo tórax ósseo
▰ Dorso: área localizada posterior às linhas axilares posteriores, da ponta da escápula às
cristas ilíacas. Isso inclui o toracoabdome posterior. A musculatura da região do flanco,
costas e paraespinhal atua como uma proteção parcial contra lesões viscerais.
4
ANATOMIA
▰ Flanco: área entre as linhas axilares anterior e posterior, do sexto espaço intercostal à
crista ilíaca
▰ Espaço retroperitoneal: contido em flanco e dorso
▰ O retroperitoneo contém a aorta abdominal; veia cava inferior; a maioria do duodeno,
pâncreas, rins e ureteres; os aspectos posteriores do cólon ascendente e descendente; e
os componentes retroperitoneais da cavidade pélvica.
▰ Cavidade pélvica: área circundada pelos ossos pélvicos, contendo a parte inferior dos
espaços retroperitoneal e intraperitoneal. Contém reto, bexiga, vasos ilíacos e órgãos
reprodutores internos femininos.
5
6
MECANISMOS DE
TRAUMA
7
2
LESÕES CONTUSAS
▰ Lesão por ‘’golpe direto’’  compressão e esmagamento nas vísceras e ossos pélvicos
▻ Trauma com volante, guidão de motocicleta, dispositivos de contenção
▻ Hemorragia secundária a ruptura de órgãos ocos / deformação de órgãos sólidos
▻ Contaminação da cavidade por conteúdo visceral
▰ Lesão por desaceleração  movimento diferencial entre órgãos fixos e móveis
▻ Colisões; quedas...
▻ Laceração de fígado e baço, lesão em ‘’alça de balde’’
▰ Órgãos mais frequentemente lesados
▻ Baço (44% - 55%) – Fígado (35 – 45%) – Intestino delgado (5% - 10%)
▻ Hematoma retroperitoneal (15%) 8
9
LESÕES PENETRANTES
▰ Ferimentos por arma branca –
lesão por laceração
▻ Fígado (40%)
▻ Intestino delgado (30%)
▻ Diafragma (20%)
▻ Cólon (15%)
▰ Ferimentos por arma de fogo – lesão
por laceração + lesão adicional com
base na trajetória, efeito de cavitação
e possível fragmentação da bala
▻ Intestino delgado (50%)
▻ Cólon (40%)
▻ Fígado (30%)
▻ Estruturas vasculares
abdominais (25%)
10
LESÃO POR EXPLOSÃO
▰ Mecanismos combinados de lesão
▰ Lesão contusa quando o paciente é arremessado ou atingido por um objeto grande
▰ Lesão por fragmentos penetrantes
▰ Lesões relacionadas a pressão da explossão
▻ Lesões timpânicas, lesões pulmonares e lesões intestinais
11
AVALIAÇÃO E
EXAMES
COMPLEMENTARES
12
3
HISTÓRIA
▰ Acidente automobilístico
▻ Velocidade do veículo
▻ Tipo de colisão – impacto frontal, lateral ou traseiro, capotamento
▻ Tipo de dispositivos de restrição – cinto de segurança; airbags
▻ Posição do paciente no veículo e condição dos outros ocupantes
▰ Quedas
▻ Altura da queda – importante para estimar a lesão por desaceleração
13
HISTÓRIA
▰ Trauma penetrante
▻ Tempo da lesão e tipo de arma
▻ Distância do agressor
▻ Número de facadas/tiros
▻ Quantidade de sangramento externo observado no local
▻ Magnitude e localização da dor abdominal
▰ Explosões
▻ Distância do paciente ao local da explosão
▻ Explosão em local aberto / fechado
14
EXAME FÍSICO
▰ Sequência sistemática: inspeção, ausculta, percussão e palpação
▰ Ao concluir o exame físico , cubra o paciente com cobertores aquecidos para ajudar
a prevenir a hipotermia
▰ Avaliação pélvica – hemorragia grave pode ocorrer rapidamente  evitar
manipulação  procurar sinais de instabilidade mecânica do anel pélvico:
▻ Evidência de ruptura de uretra (sangramento uretral; hematoma escrotal)
▻ Discrepância de comprimento dos membros ou deformidade rotacional
15
EXAME FÍSICO
▰ Avaliação uretral, perineal, retal, vaginal e glútea
▻ Sangue no meato uretral , equimose de escroto e períneo
▻ Exame retal – avaliação de tônus e integridade da mucosa, identificação de
fraturas palpáveis de pelve
▻ Exame vaginal – quando houver suspeita de lesão, como na presença de
laceração perineal complexa, fratura pélvica ou ferimento por arma de fogo
transpélvica
▻ Região glútea – lesões penetrantes estão associadas a uma incidência de até
50% de lesões intra-abdominais significativas, incluindo lesões retais abaixo da
reflexão peritoneal. 16
AUXILIARES NO EXAME FÍSICO
▰ Sondagem gástrica
▻ Descompressão do estômago; diagnóstico de sangramentos
▻ Podem causar reflexo de vômito
▻ Passar sonda orogástrica se o paciente tiver fratura facial ou possibilidade de
fratura de base de crânio
▰ Sondagem vesical
▻ Alivia a retenção urinária e descomprime a bexiga
▻ Permite a monitorização do débito urinário
▻ Dificulta as imagens do FAST (adiar a passagem da SVD)
▻ Não passar se suspeita/possibildade de lesão uretral 17
EXAMES COMPLEMENTARES
▰ Radiografia
▰ Tórax – pacientes politraumatizados; pacientes com suspeita de lesão
toracoabdominal
▰ Abdome – para demonstrar o trajeto de projeteis (usando clipes nas feridas de
entrada e saída); para procurar pneumoperitônio
▰ Pelve AP – pacientes com dor ou sensibilidade pélvica
18
EXAMES COMPLEMENTARES
▰ FAST
▰ FAST é um estudo aceito, rápido e confiável para identificar o líquido intraperitoneal
▰ Quatro regiões
▻ Espaço pericárdico
▻ Fossa hepatorrenal
▻ Fossa esplenorrenal
▻ Pelve
▰ O exame pode ser repetido diversas vezes, na procura de hemoperitônio progressivo
▰ Exame realizado a beira-leito, no momento da ressuscitação inicial e juntamente
com outros procedimentos diagnósticos e terapêuticos 19
20
FAST
21
VANTAGENS Determinação cirúrgica precoce; não invasivo; exame
rápido; possível ser repetido; não há necessidade de
transportar o paciente
DESVANTAGENS Operador dependente; ar no estômago e subcutâneo
distorce as imagens; pode não ver lesões em
estômago, diafragma e pâncreas; não acessa
completamente as estruturas retroperitoneais; não
identifica bem vísceras ocas
INDICAÇÕES Paciente com trauma abdominal contuso
Trauma abdominal penetrante sem indicação de
laparotomia
EXAMES COMPLEMENTARES
▰ LAVADO PERITONEAL DIAGNÓSTICO
▰ Exame rápido para detectar hemorragia ou contaminação da cavidade
▰ É recomendado que o exame seja realizado pela equipe cirúrgica
▰ Mais útil em pacientes hemodinamicamente instáveis, com trauma abdominal contuso
ou com trauma penetrante com múltiplas trajetórias tangenciais aparentes
▰ Pode ser usado em pacientes estáveis em locais onde o FAST e a TC não estão
disponíveis
▰ Em locais onde a TC e / ou o FAST estão disponíveis, o LPD raramente é usado
porque é invasivo e requer conhecimento cirúrgico
22
LAVADO PERITONEAL DIAGNÓSTICO
23
VANTAGENS Determinação cirúrgica precoce; rápido de ser
realizado; pode detectar lesões no intestino; não
necessita transportar o paciente
DESVANTAGENS Invasivo; risco de lesão em decorrência do
procedimento; requer descompressão urinária e
gástrica prévias; não deve ser repetido; interfere na
interpretação subsequente da tomografia ou FAST;
baixa especificidade; ruim para lesões diafragmaticas
INDICAÇÕES Paciente hemodinamicamente instável com trauma
abdominal contuso
Trauma abdominal penetrante sem indicações de
laparotomia
EXAMES COMPLEMENTARES
▰ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA
▰ Fornece informações relativas à lesão de órgãos específicos e pode diagnosticar
lesões nos órgãos pélvicos e retroperitoneais que são difíceis de avaliar com um
exame físico, FAST e LPD
▰ Requer o transporte do paciente e exposição a radiação
▰ Necessita contraste na maior parte dos casos
▰ Não é indicada em pacientes instáveis e agitados
▰ Na ausência de lesões hepáticas ou esplênicas, a presença de líquido livre na
cavidade abdominal sugere lesão no trato gastrointestinal e / ou no mesentério
24
ESTUDOS CONTRASTADOS
▰ Uretrografia: deve ser realizada antes da inserção de um cateter urinário quando
houver suspeita de lesão uretral
▰ Cistografia: método para diagnosticar uma ruptura da bexiga. É injetado contraste
diluído pela sonda vesical (350ml) e em seguida são realizadas radiografias em
sequência. Também pode ser realizada a tomografia adicionalmente
▰ Pielografia intravenosa: injeção de alta dose de contraste renal EV. Após 2 minutos
inicia-se a visualização dos cálices renais na radiografia
25
AVALIAÇÃO E
MANEJO DAS LESÕES
26
4
LESÕES PENETRANTES
▰ Em todos os casos de trauma penetrante, pode ser necessária cirurgia imediata para
diagnóstico e tratamento
▻ Hipotensão; peritonite; evisceração do omento ou intestino delgado
▰ O manejo não cirúrgico pode ser considerado em pacientes hemodinamicamente
estáveis, sem sinais peritoneais ou evisceração
▻ Exame físico seriado por 24 horas (taxa de precisão de 94%)
▻ TC com contraste duplo ou triplo (via oral, retal e EV) – diagnóstico precoce de
lesões
▻ FAST – ajuda se for positivo, mas não exclui lesão quando negativo
▻ Laparoscopia | LPD
27
LESÕES PENETRANTES
▰ FAFs
▻ Maioria tratados com laparotomia exploradora – a incidência de lesão
intraperitoneal chega a 98%
▰ FABs
▻ Aproximadamente 30% causam lesão intraperitoneal
▻ Podem ser tratadas de maneira mais seletiva
▰ As lesões em flanco e dorso são mais protegidas pela musculatura local
▻ Nos casos sem lesões aparentes é obrigatório uma observação por 24horas, com
exame físico seriado e exame de imagem
▻ Certas lesões de cólon tem apresentação inicial sutil 28
INDICAÇÕES DE LAPAROTOMIA
▰ Trauma abdominal contuso com hipotensão, com FAST positivo ou evidência
clínica de sangramento intraperitoneal ou sem outra fonte de sangramento
▰ Hipotensão com ferida abdominal que penetra na fáscia anterior
▰ Ferimentos por arma de fogo que atravessam a cavidade peritoneal
▰ Evisceração
▰ Sangramento do estômago, reto ou trato geniturinário após trauma penetrante
▰ Peritonite
▰ Ar livre, ar retroperitoneal ou ruptura do hemidiafragma
▰ TC com contraste que demonstra ruptura do trato gastrointestinal, lesão da bexiga
intraperitoneal, lesão do pedículo renal ou lesão do parênquima visceral grave
▰ Trauma abdominal contuso ou penetrante com aspiração de conteúdo
gastrointestinal, fibras vegetais, sangue ou bile no LPD 29
OUTRAS LESÕES ESPECÍFICAS
▰ Diafragma: mais comum a lesão de hemidiafragma esquerdo
▻ Ocorre elevação ou ‘’desfoque’’ do diafragma no raio X
▰ Duodeno:
▻ Aspirado gástrico com sangue ou ar retroperitoneal em um RX abdominal ou
TC deve levantar suspeitas sobre essa lesão
▻ Comum em motoristas/motociclistas envolvidos em colisão frontal – impacto
direto com guidão; volante...
▰ Pâncreas:
▻ Golpe epigástrico direto que comprime o pâncreas contra a coluna vertebral
30
OUTRAS LESÕES ESPECÍFICAS
▰ Lesões genitourinárias
▻ Contusão, hematoma e equimose em dorso e flanco  potencial lesão renal
 justificam uma tomografia ou pielografia
▻ A hematúria também indica exame de imagem
▻ Trombose da artéria renal e ruptura do pedículo renal secundária à
desaceleração são lesões raras, mas causam dor intensa
▻ Lesões uretrais geralmente estão associadas ao trauma pélvico
31
OUTRAS LESÕES ESPECÍFICAS
▰ Lesão em órgãos ocos
▻ Geralmente causadas por desaceleração súbita
▻ Lesão por dispositivos de contenção (sinto de segurança)
▻ O diagnóstico pode ser difícil e retardado pela ausência de hemorragia local
▰ Lesão em órgãos sólidos
▻ Fígado, baço e rim  se anormalidade hemodinâmica ou evidência de
hemorragia  laparotomia de urgências
▻ Se hemodinâmica estiver estável pode-se gerenciar essas lesões sem
necessidade de cirurgia, com reavaliação constante
32
LESÕES PÉLVICAS
33
5
LESÕES PELVICAS
▰ Fraturas pélvicas são lesões de alta importância
▰ A mortalidade de todos os tipos de fratura pélvica varia entre 5 a 30%
▰ Essa mortalidade aumenta para 10 a 42% em pacientes com hipotensão
associada
▰ Já em fraturas pélvicas abertas a mortalidade chega a 50%
A hemorragia é o principal fator  Potencialmente reversível
A boa tomada de decisão é crucial para uma boa evolução
34
MECANISMOS DE LESÃO
▰ Lesão por compressão AP
▻ Geralmente associada a acidentes automobilísticos
▻ Rotação externa da hemipélvis, com separação da
sínfise púbica e ruptura do complexo ligamentar
posterior
▻ Alargamento do anel pélvio  ruptura do sistema
venoso posterior e os ramos do sistema arterial
ilíaco interno
▻ Hemorragia grave com risco a vida
35
MECANISMOS DE LESÃO
▰ Lesão por compressão lateral
▻ Comum em colisões
▻ A hemipélve gira internamente, reduzindo o volume
pélvico e a tensão nas estruturas vasculares
▻ Maior risco de lesões vesicais e uretrais
▻ Raramente causa hemorragia que leva a morte
▰ Deslocamento vertical da articulação sacroilíaca
▻ Ocorre geralmente em quedas de nível
▻ Força de cisalhamento de alta energia  ruptura dos
ligamentos sacroespinhoso e sacrotuberoso
▻ Também pode causar hemorragia grave 36
MANEJO
▰ Ressuscitação volêmica
▰ Controle da hemorragia
▻ Estabilização mecânica do anel pélvico e contrapressão externa
37
Rotação interna dos membros inferiores
Imobilização da pelve com um lençol ou atadura a nível dos trocanteres
maiores do fêmur
Tração longitudinal nos casos de lesões por cisalhamento vertical
38
MANEJO
▰ Correção cirúrgica
▰ Embolização angiográfica
▰ Mais de uma técnica pode ser necessária para o controle bem sucedido da
hemorragia
▰ É necessário que se tenha uma equipe cirúrgica experiente (cirurgião do trauma;
ortopedista; cirurgião vascular; radiologista intervencionista...)
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Trauma abdominal: avaliação e manejo das lesões

  • 1. TRAUMA ABDOMINAL R1 Terapia Intensiva Paula C. Breda Colpani
  • 2. INTRODUÇÃO ▰ Lesões abdominais e pélvicas não reconhecidas são uma causa de morte evitável pós trauma ▰ A ruptura de um órgão e o sangramento de um órgão sólido ou da pelve podem não ser facilmente reconhecidos  Uma quantidade significativa de sangue pode estar ‘oculta’ na cavidade abdominal, sem sinais iniciais óbvios de irritação peritoneal ▰ A avaliação do paciente geralmente é prejudicada por intoxicações alcoólicas ou por drogas, lesão ao sistema nervoso e por outras lesões graves em órgãos adjacentes ▰ Por isso: Sempre considerar lesões viserais, vasculares e pélvicas em pacientes politraumatizados!! 2
  • 4. ANATOMIA ▰ Abdome anterior: entre as margens costais superiormente, os ligamentos inguinais e a sínfise púbica inferiormente e as linhas axilares laterais. Contém grande parte das visceras ocas ▰ Toracoabdome: área inferior à linha mamilar anteriormente e à linha infraescapular posteriormente e superior às margens costais. Abrange o diafragma, fígado, baço e estômago, e é um pouco protegida pelo tórax ósseo ▰ Dorso: área localizada posterior às linhas axilares posteriores, da ponta da escápula às cristas ilíacas. Isso inclui o toracoabdome posterior. A musculatura da região do flanco, costas e paraespinhal atua como uma proteção parcial contra lesões viscerais. 4
  • 5. ANATOMIA ▰ Flanco: área entre as linhas axilares anterior e posterior, do sexto espaço intercostal à crista ilíaca ▰ Espaço retroperitoneal: contido em flanco e dorso ▰ O retroperitoneo contém a aorta abdominal; veia cava inferior; a maioria do duodeno, pâncreas, rins e ureteres; os aspectos posteriores do cólon ascendente e descendente; e os componentes retroperitoneais da cavidade pélvica. ▰ Cavidade pélvica: área circundada pelos ossos pélvicos, contendo a parte inferior dos espaços retroperitoneal e intraperitoneal. Contém reto, bexiga, vasos ilíacos e órgãos reprodutores internos femininos. 5
  • 6. 6
  • 8. LESÕES CONTUSAS ▰ Lesão por ‘’golpe direto’’  compressão e esmagamento nas vísceras e ossos pélvicos ▻ Trauma com volante, guidão de motocicleta, dispositivos de contenção ▻ Hemorragia secundária a ruptura de órgãos ocos / deformação de órgãos sólidos ▻ Contaminação da cavidade por conteúdo visceral ▰ Lesão por desaceleração  movimento diferencial entre órgãos fixos e móveis ▻ Colisões; quedas... ▻ Laceração de fígado e baço, lesão em ‘’alça de balde’’ ▰ Órgãos mais frequentemente lesados ▻ Baço (44% - 55%) – Fígado (35 – 45%) – Intestino delgado (5% - 10%) ▻ Hematoma retroperitoneal (15%) 8
  • 9. 9
  • 10. LESÕES PENETRANTES ▰ Ferimentos por arma branca – lesão por laceração ▻ Fígado (40%) ▻ Intestino delgado (30%) ▻ Diafragma (20%) ▻ Cólon (15%) ▰ Ferimentos por arma de fogo – lesão por laceração + lesão adicional com base na trajetória, efeito de cavitação e possível fragmentação da bala ▻ Intestino delgado (50%) ▻ Cólon (40%) ▻ Fígado (30%) ▻ Estruturas vasculares abdominais (25%) 10
  • 11. LESÃO POR EXPLOSÃO ▰ Mecanismos combinados de lesão ▰ Lesão contusa quando o paciente é arremessado ou atingido por um objeto grande ▰ Lesão por fragmentos penetrantes ▰ Lesões relacionadas a pressão da explossão ▻ Lesões timpânicas, lesões pulmonares e lesões intestinais 11
  • 13. HISTÓRIA ▰ Acidente automobilístico ▻ Velocidade do veículo ▻ Tipo de colisão – impacto frontal, lateral ou traseiro, capotamento ▻ Tipo de dispositivos de restrição – cinto de segurança; airbags ▻ Posição do paciente no veículo e condição dos outros ocupantes ▰ Quedas ▻ Altura da queda – importante para estimar a lesão por desaceleração 13
  • 14. HISTÓRIA ▰ Trauma penetrante ▻ Tempo da lesão e tipo de arma ▻ Distância do agressor ▻ Número de facadas/tiros ▻ Quantidade de sangramento externo observado no local ▻ Magnitude e localização da dor abdominal ▰ Explosões ▻ Distância do paciente ao local da explosão ▻ Explosão em local aberto / fechado 14
  • 15. EXAME FÍSICO ▰ Sequência sistemática: inspeção, ausculta, percussão e palpação ▰ Ao concluir o exame físico , cubra o paciente com cobertores aquecidos para ajudar a prevenir a hipotermia ▰ Avaliação pélvica – hemorragia grave pode ocorrer rapidamente  evitar manipulação  procurar sinais de instabilidade mecânica do anel pélvico: ▻ Evidência de ruptura de uretra (sangramento uretral; hematoma escrotal) ▻ Discrepância de comprimento dos membros ou deformidade rotacional 15
  • 16. EXAME FÍSICO ▰ Avaliação uretral, perineal, retal, vaginal e glútea ▻ Sangue no meato uretral , equimose de escroto e períneo ▻ Exame retal – avaliação de tônus e integridade da mucosa, identificação de fraturas palpáveis de pelve ▻ Exame vaginal – quando houver suspeita de lesão, como na presença de laceração perineal complexa, fratura pélvica ou ferimento por arma de fogo transpélvica ▻ Região glútea – lesões penetrantes estão associadas a uma incidência de até 50% de lesões intra-abdominais significativas, incluindo lesões retais abaixo da reflexão peritoneal. 16
  • 17. AUXILIARES NO EXAME FÍSICO ▰ Sondagem gástrica ▻ Descompressão do estômago; diagnóstico de sangramentos ▻ Podem causar reflexo de vômito ▻ Passar sonda orogástrica se o paciente tiver fratura facial ou possibilidade de fratura de base de crânio ▰ Sondagem vesical ▻ Alivia a retenção urinária e descomprime a bexiga ▻ Permite a monitorização do débito urinário ▻ Dificulta as imagens do FAST (adiar a passagem da SVD) ▻ Não passar se suspeita/possibildade de lesão uretral 17
  • 18. EXAMES COMPLEMENTARES ▰ Radiografia ▰ Tórax – pacientes politraumatizados; pacientes com suspeita de lesão toracoabdominal ▰ Abdome – para demonstrar o trajeto de projeteis (usando clipes nas feridas de entrada e saída); para procurar pneumoperitônio ▰ Pelve AP – pacientes com dor ou sensibilidade pélvica 18
  • 19. EXAMES COMPLEMENTARES ▰ FAST ▰ FAST é um estudo aceito, rápido e confiável para identificar o líquido intraperitoneal ▰ Quatro regiões ▻ Espaço pericárdico ▻ Fossa hepatorrenal ▻ Fossa esplenorrenal ▻ Pelve ▰ O exame pode ser repetido diversas vezes, na procura de hemoperitônio progressivo ▰ Exame realizado a beira-leito, no momento da ressuscitação inicial e juntamente com outros procedimentos diagnósticos e terapêuticos 19
  • 20. 20
  • 21. FAST 21 VANTAGENS Determinação cirúrgica precoce; não invasivo; exame rápido; possível ser repetido; não há necessidade de transportar o paciente DESVANTAGENS Operador dependente; ar no estômago e subcutâneo distorce as imagens; pode não ver lesões em estômago, diafragma e pâncreas; não acessa completamente as estruturas retroperitoneais; não identifica bem vísceras ocas INDICAÇÕES Paciente com trauma abdominal contuso Trauma abdominal penetrante sem indicação de laparotomia
  • 22. EXAMES COMPLEMENTARES ▰ LAVADO PERITONEAL DIAGNÓSTICO ▰ Exame rápido para detectar hemorragia ou contaminação da cavidade ▰ É recomendado que o exame seja realizado pela equipe cirúrgica ▰ Mais útil em pacientes hemodinamicamente instáveis, com trauma abdominal contuso ou com trauma penetrante com múltiplas trajetórias tangenciais aparentes ▰ Pode ser usado em pacientes estáveis em locais onde o FAST e a TC não estão disponíveis ▰ Em locais onde a TC e / ou o FAST estão disponíveis, o LPD raramente é usado porque é invasivo e requer conhecimento cirúrgico 22
  • 23. LAVADO PERITONEAL DIAGNÓSTICO 23 VANTAGENS Determinação cirúrgica precoce; rápido de ser realizado; pode detectar lesões no intestino; não necessita transportar o paciente DESVANTAGENS Invasivo; risco de lesão em decorrência do procedimento; requer descompressão urinária e gástrica prévias; não deve ser repetido; interfere na interpretação subsequente da tomografia ou FAST; baixa especificidade; ruim para lesões diafragmaticas INDICAÇÕES Paciente hemodinamicamente instável com trauma abdominal contuso Trauma abdominal penetrante sem indicações de laparotomia
  • 24. EXAMES COMPLEMENTARES ▰ TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA ▰ Fornece informações relativas à lesão de órgãos específicos e pode diagnosticar lesões nos órgãos pélvicos e retroperitoneais que são difíceis de avaliar com um exame físico, FAST e LPD ▰ Requer o transporte do paciente e exposição a radiação ▰ Necessita contraste na maior parte dos casos ▰ Não é indicada em pacientes instáveis e agitados ▰ Na ausência de lesões hepáticas ou esplênicas, a presença de líquido livre na cavidade abdominal sugere lesão no trato gastrointestinal e / ou no mesentério 24
  • 25. ESTUDOS CONTRASTADOS ▰ Uretrografia: deve ser realizada antes da inserção de um cateter urinário quando houver suspeita de lesão uretral ▰ Cistografia: método para diagnosticar uma ruptura da bexiga. É injetado contraste diluído pela sonda vesical (350ml) e em seguida são realizadas radiografias em sequência. Também pode ser realizada a tomografia adicionalmente ▰ Pielografia intravenosa: injeção de alta dose de contraste renal EV. Após 2 minutos inicia-se a visualização dos cálices renais na radiografia 25
  • 26. AVALIAÇÃO E MANEJO DAS LESÕES 26 4
  • 27. LESÕES PENETRANTES ▰ Em todos os casos de trauma penetrante, pode ser necessária cirurgia imediata para diagnóstico e tratamento ▻ Hipotensão; peritonite; evisceração do omento ou intestino delgado ▰ O manejo não cirúrgico pode ser considerado em pacientes hemodinamicamente estáveis, sem sinais peritoneais ou evisceração ▻ Exame físico seriado por 24 horas (taxa de precisão de 94%) ▻ TC com contraste duplo ou triplo (via oral, retal e EV) – diagnóstico precoce de lesões ▻ FAST – ajuda se for positivo, mas não exclui lesão quando negativo ▻ Laparoscopia | LPD 27
  • 28. LESÕES PENETRANTES ▰ FAFs ▻ Maioria tratados com laparotomia exploradora – a incidência de lesão intraperitoneal chega a 98% ▰ FABs ▻ Aproximadamente 30% causam lesão intraperitoneal ▻ Podem ser tratadas de maneira mais seletiva ▰ As lesões em flanco e dorso são mais protegidas pela musculatura local ▻ Nos casos sem lesões aparentes é obrigatório uma observação por 24horas, com exame físico seriado e exame de imagem ▻ Certas lesões de cólon tem apresentação inicial sutil 28
  • 29. INDICAÇÕES DE LAPAROTOMIA ▰ Trauma abdominal contuso com hipotensão, com FAST positivo ou evidência clínica de sangramento intraperitoneal ou sem outra fonte de sangramento ▰ Hipotensão com ferida abdominal que penetra na fáscia anterior ▰ Ferimentos por arma de fogo que atravessam a cavidade peritoneal ▰ Evisceração ▰ Sangramento do estômago, reto ou trato geniturinário após trauma penetrante ▰ Peritonite ▰ Ar livre, ar retroperitoneal ou ruptura do hemidiafragma ▰ TC com contraste que demonstra ruptura do trato gastrointestinal, lesão da bexiga intraperitoneal, lesão do pedículo renal ou lesão do parênquima visceral grave ▰ Trauma abdominal contuso ou penetrante com aspiração de conteúdo gastrointestinal, fibras vegetais, sangue ou bile no LPD 29
  • 30. OUTRAS LESÕES ESPECÍFICAS ▰ Diafragma: mais comum a lesão de hemidiafragma esquerdo ▻ Ocorre elevação ou ‘’desfoque’’ do diafragma no raio X ▰ Duodeno: ▻ Aspirado gástrico com sangue ou ar retroperitoneal em um RX abdominal ou TC deve levantar suspeitas sobre essa lesão ▻ Comum em motoristas/motociclistas envolvidos em colisão frontal – impacto direto com guidão; volante... ▰ Pâncreas: ▻ Golpe epigástrico direto que comprime o pâncreas contra a coluna vertebral 30
  • 31. OUTRAS LESÕES ESPECÍFICAS ▰ Lesões genitourinárias ▻ Contusão, hematoma e equimose em dorso e flanco  potencial lesão renal  justificam uma tomografia ou pielografia ▻ A hematúria também indica exame de imagem ▻ Trombose da artéria renal e ruptura do pedículo renal secundária à desaceleração são lesões raras, mas causam dor intensa ▻ Lesões uretrais geralmente estão associadas ao trauma pélvico 31
  • 32. OUTRAS LESÕES ESPECÍFICAS ▰ Lesão em órgãos ocos ▻ Geralmente causadas por desaceleração súbita ▻ Lesão por dispositivos de contenção (sinto de segurança) ▻ O diagnóstico pode ser difícil e retardado pela ausência de hemorragia local ▰ Lesão em órgãos sólidos ▻ Fígado, baço e rim  se anormalidade hemodinâmica ou evidência de hemorragia  laparotomia de urgências ▻ Se hemodinâmica estiver estável pode-se gerenciar essas lesões sem necessidade de cirurgia, com reavaliação constante 32
  • 34. LESÕES PELVICAS ▰ Fraturas pélvicas são lesões de alta importância ▰ A mortalidade de todos os tipos de fratura pélvica varia entre 5 a 30% ▰ Essa mortalidade aumenta para 10 a 42% em pacientes com hipotensão associada ▰ Já em fraturas pélvicas abertas a mortalidade chega a 50% A hemorragia é o principal fator  Potencialmente reversível A boa tomada de decisão é crucial para uma boa evolução 34
  • 35. MECANISMOS DE LESÃO ▰ Lesão por compressão AP ▻ Geralmente associada a acidentes automobilísticos ▻ Rotação externa da hemipélvis, com separação da sínfise púbica e ruptura do complexo ligamentar posterior ▻ Alargamento do anel pélvio  ruptura do sistema venoso posterior e os ramos do sistema arterial ilíaco interno ▻ Hemorragia grave com risco a vida 35
  • 36. MECANISMOS DE LESÃO ▰ Lesão por compressão lateral ▻ Comum em colisões ▻ A hemipélve gira internamente, reduzindo o volume pélvico e a tensão nas estruturas vasculares ▻ Maior risco de lesões vesicais e uretrais ▻ Raramente causa hemorragia que leva a morte ▰ Deslocamento vertical da articulação sacroilíaca ▻ Ocorre geralmente em quedas de nível ▻ Força de cisalhamento de alta energia  ruptura dos ligamentos sacroespinhoso e sacrotuberoso ▻ Também pode causar hemorragia grave 36
  • 37. MANEJO ▰ Ressuscitação volêmica ▰ Controle da hemorragia ▻ Estabilização mecânica do anel pélvico e contrapressão externa 37 Rotação interna dos membros inferiores Imobilização da pelve com um lençol ou atadura a nível dos trocanteres maiores do fêmur Tração longitudinal nos casos de lesões por cisalhamento vertical
  • 38. 38
  • 39. MANEJO ▰ Correção cirúrgica ▰ Embolização angiográfica ▰ Mais de uma técnica pode ser necessária para o controle bem sucedido da hemorragia ▰ É necessário que se tenha uma equipe cirúrgica experiente (cirurgião do trauma; ortopedista; cirurgião vascular; radiologista intervencionista...) 39