O Talmude é uma compilação de estudos, reunidos desde o tempo de Esdras até o sexto século de nossa era, contendo leis, poesias, orações, ritos, sermões, folclore, regras sobre o procedimento, mas especialmente comentários escriturísticos. Outra definição bastante sintética é esta: Talmude é um repositório de leis judaicas.
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Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
O que é o Talmude: uma compilação de leis e comentários judaicos
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O QUE É O TALMUDE
O Talmude é uma compilação de estudos, reunidos desde o tempo de Esdras até
o sexto século de nossa era, contendo leis, poesias, orações, ritos, sermões, folclore,
regras sobre o procedimento, mas especialmente comentários escriturísticos. Outra
definição bastante sintética é esta: Talmude é um repositório de leis judaicas.
O termo Talmude vem do hebraico Lamad = aprender, vindo a significar depois
ensino, instrução, estudo.
Todo o Talmude não é mais do que um esclarecido comentário à Bíblia,
continuando a ser grande força e fonte do judaísmo.
Talmude é a sua exposição autorizada, dir-se-ia um complemento necessário à
própria Bíblia.
O seu estudo tem-se constituído em uma das grandes missões dos judeus. Todos
procuram nele a luz interna que ilumina e santifica os princípios bíblicos. Tem tido,
através de todas as épocas os seus comentadores, muitos deles notáveis e célebres.
A preocupação com a lei, sua exposição e comentário é unta das notas tônicas em
todas as páginas do Talmude.
Há dois talmudes: um elaborado em Babilônia e outro na Palestina. O da Palestina
é conhecido pelo nome de Jerusalém e foi terminado no ano 400 A.D., enquanto o
talmude de Babilônia, sendo mais completo, se concluiu cerca do ano 500 da nossa era.
A edição principal do Talmude Babilônico foi publicada em Veneza, entre os anos
1522 e 1523, em 12 volumes, sendo todas as edições posteriores reproduções exatas
desta edição. O de Jerusalém foi publicado pela primeira vez também em Veneza, em
1523.
Os talmudes estão escritos em aramaico. O de Babilônia em dialeto oriental e o
de Jerusalém no ocidental.
O Talmude consta de duas partes distintas: a primeira comum ao Babilônio e ao
Palestiniano é a Mishná; a segunda é distinta, porque a parte realizada na Palestina tem
o nome de Talmude, enquanto a elaborada em Babilônia é conhecida como Gemara
(do aramaico – complemento).
A revista da Sociedade Bíblica "A Bíblia no Brasil", novembro e dezembro de
1980, págs. 22 e 23, trouxe um artigo de Ismael da Silva Júnior, que propicia melhor
compreensão sobre este assunto. Leia-o com atenção:
O Talmude
"No início da Era Cristã, apareceu o Talmude, palavra hebraica que significa
doutrinar, ensinar, interpretar, o qual nada mais é do que uma coleção de livros
sagrados, preparados por alguns rabinos judeus, contendo um conjunto de leis, civis e
religiosas, do povo descendente de Abraão.
Segundo alguns autores, o Talmude foi coligido em duas épocas diferentes. O
primeiro volume por Judas e mais alguns rabinos hebreus. Esse Judas, cognominado o
Santo, era descendente de Gamaliel, mestre de Saulo de Tarso, que viveu no II século
da era Cristã.
Concordando com o pensamento dos fariseus, os seus autores admitiram a
existência de uma tradição oral, transmitida por Moisés a Josué, a quem sucedeu na
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direção do povo de Deus, quando demandava a terra de Canaã, conforme está
registrado em Deut. 31:1 a 8; e, por ele, aos anciãos do povo. Estes, por sua vez, fizeram
com que chegasse aos profetas e à Grande Sinagoga e, por fim, a Igreja dos Hebreus.
É isso, em termos gerais, o que afirma o Mispa. Ele foi preparado em virtude da grande
dificuldade que havia na interpretação das leis do Pentateuco, ou dos cinco primeiros
livros das Escrituras Sagradas, escritos por Moisés, sob a inspiração direta do Espírito
Santo de Deus, conforme está escrito em Êx. 17:14 e 24:4.
Mais tarde os comentários críticos e gramaticais, juntamente com os da Tradição
foram reunidos em um só volume, recebendo o nome de Massorá, que significa
Tradição.
"O Talmude está dividido em duas partes: Misná e Gemara.
1. O Misná, que significa segunda Lei, é o compêndio onde estão registradas as
leis tradicionais, preparadas pelo rabino Judas, o Santo, como já citamos acima. Está
escrito em hebraico castiço, embora, nele, apareçam algumas palavras aramaicas,
gregas e latinas. Está dividido em seis capítulos:
I. Iezaím, dedicado à agricultura. Ensina o que deve ser feito para o bom cultivo
da terra, apresentando, ainda, as principais regras para o pagamento dos dízimos e das
ofertas alçadas;
II. Moede, que determina como devem ser observadas as comemorações das festas
nacionais;
III. Machim, que é um código que dá instruções às mulheres acerca do casamento
e divórcio;
IV. Nezequim, que estuda os males causados nos homens, nos animais, etc.,
contendo, ainda regras para as contribuições mercantis e demais contratos que devem
ser feitos pelo povo hebreu;
V. Cadachim, que é consagrado às coisas santificadas, às ofertas e ao serviço do
templo;
VI. Tcharote, que estuda as coisas limpas e imundas, regras para interpretar o
Misná. Apareceram, então, os comentários que, reunidos em volume, deram origem ao
segundo volume do Talmude, chamado Gemara.
2. O Gemara é também conhecido por suplemento ou ampliação do Talmude.
Existem dois Gemaras: um, de Jerusalém, compilado na Palestina, em 450 A.D., e,
outro na Babilônia, talvez 50 anos depois. O primeiro consta apenas de um volume e o
segundo de doze volumes. Estes últimos são os mais aceitos pelos hebreus.
No Talmude, existem muitas coisas ridículas e absurdas. Maimonada, célebre
rabino do século XIII, residente na Espanha, procurando harmonizá-las, fez dele um
resumo, a que chamou Machaxacor, que quer dizer Mão Forte, e que é considerado um
código das leis completas, apreciáveis não tanto pelo seu fundo, mas pelo seu estilo,
por seu método e pela ordem das matérias nele apresentadas."
Há nestes livros leis que regulam cada ato da vida, algumas minuciosas e
cansativas.
Seria interessante a transcrição de uma parte das Leis talmúdicas, relativas ao dia
de sábado.
Estas leis são provenientes do livro The Bridge Between the Testaments, páginas
106-108.
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"Vamos considerar as leis do Talmude quanto ao sábado. Todos os detalhes
referentes a esse assunto abrangem no Pentateuco o espaço limitado de cerca de quatro
páginas, de formato de oitavo. No Talmude requer isso 156 páginas duplas ou, em
outras palavras, um espaço 300 vezes maior. Esta lei sabática consiste de 24 capítulos
de regulamentos minuciosos e de ordenanças. Seu principal propósito é, comentar e
definir aquilo que está escrito no quarto mandamento do decálogo, proibindo o trabalho
no sábado. Mencionam-se trinta e três espécies de trabalhos proibidos. Em seguida, o
Misná procura definir com exatidão escrupulosa em que consiste o 'trabalho' e o que
pode ou não ser permitido.
Por exemplo 'carregar' algo é proibido. Após muita discussão foi determinado o
máximo de peso que pode ser 'carregado' como talvez o de um figo seco. Mas, se fosse
carregada a metade de um figo em duas ocasiões diferentes, reunir-se-iam estes dois
atos para serem um só e seria isto pecado?
Numa outra parte se lê: Aquele que tiver dor de dentes não pode fazer bochecho
com vinagre e lançá-lo fora, pois isso seria como se tivesse usado remédio. No entanto
poderá bochechar com vinagre e logo tragá-lo, o que seria como se tivesse tomado
alimento.
Regras minuciosas são dadas quanto ao vestuário a ser usado no sábado de manhã,
para que não fosse usada alguma peça de vestimenta que induzisse a algum trabalho.
A mulher não pode sair com seus adornos, prendedores, colares ou anéis, pois em sua
vaidade poderia tirá-los e mostrar a alguma amiga e novamente colocá-los, o que seria
'trabalho' e por conseguinte, pecado.
Também estava proibido às mulheres olharem ao espelho no dia de sábado, pois
poderiam descobrir algum fio de cabelo branco e querer arrancá-lo, o que seria um
grave pecado.
Aos sábados somente haviam de ser comidos alimentos que foram preparados
num dia da semana. Mencionam-se cerca de cinqüenta casos semelhantes, nos quais os
alimentos estavam proibidos. . . .
Era proibido 'atirar' algum objeto ao ar. Se o mesmo objeto havia sido atirado com
a mão esquerda e fora apanhado com a direita, isso seria pecado? É uma interessante
pergunta. Mas não havia discussão alguma quando o objeto fosse apanhado com a
boca, pois nesse caso não haveria delito, sendo que se comeria o dito objeto que então
desapareceria.
Quando pensamos que, segundo a norma da lei talmúdica, da qual apenas
mencionamos pequena parte, tratando também dos contratos, jejuns, festas, injúrias,
casamentos, dízimos e da higiene, tudo discriminado com semelhante minuciosidade,
podemos bem compreender porque Cristo declarou que eles tinham removido, por suas
tradições, todo o significado da lei."
Outras Determinações Sobre o Descanso Sabático
Pode-se dobrar as roupas até quatro ou cinco vezes, e estender os lençóis nas
camas durante a noite de sábado, para usá-los nesse dia, mas não no sábado para (usar)
depois dele ser concluído.
Pode-se guardar alimentos para três refeições. Se ocorrer um incêndio na noite de
sábado, pode-se salvar alimento para três refeições; se for de manhã, pode-se salvar
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alimento para duas refeições; à (hora de) minhah, alimento para uma refeição. Disse R.
José: Em todo tempo podemos salvar alimento para três refeições.
Algumas disposições revelam claramente que havia divergência de opiniões. São
especialmente dignas de nota algumas divergências entre as escolas iniciadas por Hillel
e Shammai, doutores da lei que alcançaram fama no fim do primeiro século antes de
Cristo:
a) Regra de Beth Shammai (conservador): Não se deve vender (algo) a um gentio,
ou ajudá-lo a carregar (um asno) . . . a menos que possa chegar a um lugar
próximo; mas Beth Hillel o permite.
b) Shammai insistia que ao conseguir pássaros para o sacrifício num dia de festa, a
escada não podia ser mudada dum pombal para outro, mas somente de uma
abertura a outra do mesmo pombal. Hillel (mais liberal), porém, permitia ambas
essas coisas.
c) Shammai permitia comer um ovo posto no sábado, mas Hillel o proibia,
afirmando que a proibição de preparar alimento no sábado se aplicava não
somente aos homens mas também às galinhas.
Era considerado ilegal expectorar sobre o solo porque assim talvez se estivesse
regando uma planta.
Um princípio geral estabelecido pelo Rabi Aquiba:
"Toda espécie de trabalho que pode ser realizada na véspera do sábado, não invalida
(quer dizer, não deve ser feito em) o sábado; mas o que não se pode fazer na véspera do
sábado, isso invalida o sábado."
Estas determinações foram transcritas do Ministério Adventista - maio-junho de
1965.
Atos 1:12, faz referência ao caminho que poderia ser percorrido num sábado. A
tradução de Almeida, Edição Revista e Atualizada no Brasil traz uma nota ao pé da
página declarando que a jornada de um sábado era cerca de um quilômetro.
Comentaristas mais precisos afirmam que corresponderia a mais ou menos 1.200
metros.
O Talmude como um livro escrito foi terminado no início da Idade Média, mas a
sua influência tem sido poderosa na preservação da vida, costumes, leis, enfim em
todos os aspectos do judaísmo através dos séculos em todos os lugares aonde este povo
tem chegado.
Em tempos de pressões e perigos o Talmude oferece ao povo judeu uma
tranqüilidade espiritual, tornando-se um oásis no qual ele se refugia em busca de paz e
descanso.
O Talmude tem exercido grande influência sobre o povo judeu, desde que os
educadores desta nação colocam como matéria primordial em suas escolas o estudo
deste livro. A mente das crianças é alimentada por suas histórias e o povo em geral é
ensinado a ter lealdade para com todas as sublimes tradições da Pátria.
Interpretações erradas de Parábolas e de muitos conceitos do Talmude fizeram
com que na Idade Média se levantasse grande oposição a este livro de tradições
judaicas.
Em conseqüência desta oposição ao livro, o Papa Gregório IX mandou queimar
publicamente no dia 12 de junho de 1242 em Paris 24 carroças carregadas de
manuscritos do Talmude. Esta informação me parece exagerada quando se tem
informação do elevado preço para a aquisição de um manuscrito naqueles idos.
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Na Itália muitos foram incinerados no ano de 1322. Em 1562 foi instituída a censura
ao Talmude, existindo ainda hoje muitos exemplares com a marca dessa censura.
Pedro Apolinário – História do texto Bíblico Cap. 19
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