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A Arte e o
Tempo

D. Luci
MEMÓRIAS

Profª Rose Silva
E. E. Prof. Francisco Alves Brizola

1
O HUMANO NA CIDADE
Como parte do projeto A Cidade que é a nossa cara – A
Arte e o Tempo, elaboramos um livro que narra a vida de
um morador da cidade, pois entendemos que tão ou
mais importante que o patrimônio arquitetônico e
natural das cidades, são as pessoas que nela moram,
com suas memórias, histórias e imaginários.
A cidade por excelência em meio a toda estrutura social
atropela o humano, o particular e torna-nos de certa
forma homogêneos e invisíveis.

Pretendemos voltar nosso olhar para as pessoas e suas
histórias; ouvi-las e recontá-las por meio da sensibilidade
artística de cada aluno envolvido no projeto.
Trabalhamos com ações diretas multidisciplinares,
somando o potencial artístico de todos os alunos
envolvidos, para que possamos construir uma obra
coletiva dedicada a Cidade de Bauru, ressaltando a
importância que esta cidade tem para nós bauruenses.
Voltamos a Arte a serviço do bem comum, de acesso a
todos, construindo a cidadania muitas vezes ignorada,
pela vida agitada que não olha para o lado e não enxerga
o humano.

Enfatizamos que mesmo neste ritmo alucinado das
cidades, com desequilíbrios sociais e realidades
antagônicas, também existe vida pulsante, vida que
inspira e que se refaz a cada novo traçar de trajeto, de
história e de Arte.
Para escolha do nosso personagem construímos um
mapa de conexões e tínhamos que identificar uma
pessoa que nos fosse comum, todos devíamos conhecêla para criarmos uma identidade emotiva com o produto
final. Para ilustrar, iniciamos tecendo um rizoma dos
nossos contatos via rede social, utilizamos o Facebook e
descobrimos que a pessoa que está conectada a todos
nós é uma senhora muito querida por todos , a doce
Dona Luci, inspetora de alunos, a partir da escolha do
personagem iniciamos o trabalho.

Mais do que nunca, trata-se de enxergar o humano que
respira por entre as paredes de concreto da cidade de
Bauru, por meio do olhar sensível da Arte, que revela
que não há nada de impessoal nos espaços urbanos,
mas sim é palco onde acontecem histórias que se
entrelaçam e que habitam lembranças de vida que são
desenhadas no tempo.
2
E tudo começou assim...
No dia 07 de Março de 1952,
nascia na casa da avó materna
Dona Arminda em Pirajuí uma
menininha loirinha, pequenininha,
chamada Luci...ela foi registrada
no Cartório de São Luís do
Guaricanga, sendo a quarta filha
de um total de seis irmãos...

3
E tudo começou assim...
Deixe-me explicar: seus pais já tinham um menino, uma menina, um
menino, uma menina (ela), depois outro menino e finalmente a caçula
que era outra menina.

4
Seus pais Cilas e Iraci eram muito humildes, porém não
lhes faltavam coisas materiais, coisas básicas, eram
muito felizes, pois tinham carinho, atenção, boa
educação e principalmente os ensinaram a amar a Deus,
amar ao próximo, serem sempre honestos e
verdadeiros. O pai não saía de casa para trabalhar sem
antes ler uma passagem da Bíblia e orar com toda
família...e assim eram uma família abençoada
5
A chegada em Bauru

Quando Luci tinha dois anos seu pai que trabalhava numa usina de leite
em Nogueira mudou-se para Bauru e foram morar numa casa alugada na
Vila Cardia. Era uma casa de madeira com uma área na frente e uma
escada de aproximadamente cinco degraus na porta da entrada. Nessa
época 1954 era comum as casas serem assim. Luci morou nessa casa até
os 8 anos de idade, por volta de 1960.

6
A chegada em Bauru

Foi nessa casa que, ainda
muito pequena, Luci caiu em
cima de uma roseira que
tinha ao lado da escada que
dava na entrada da casa. O
mais interessante é que a
roseira era grande e mesmo
ainda tão pequena e caindo
daquela altura na roseira
cheia de espinhos, Luci não
se feriu, não teve sequer um
arranhão...

7
A casa da roseira

8
O Banho
Toda vez que a
mãe de Luci ia
dar banho nos
filhos
era
aquela
confusão,
primeiro
fulano...depois
beltrano...

9
O Banho

10
A fuga

Nesse período
seu pai Senhor
Cilas estava
trabalhando
como motorista
de transporte
coletivo; em
casa, Dona
Iraci, após dar
banho em Luci,
pediu que ela
aguardasse
sentada no
degrauzinho do
portão para ver
seu pai passar
com o coletivo,
no entanto...

11
A fuga

...a pequena serelepe desobedeceu
sua mãe e saiu andando pelas ruas
da vila Cardia. Quando seu pai
passou dirigindo o ônibus levou um
susto tremendo ao ver sua
menininha ainda, tão pequena,
andando perdida pelas ruas de
paralelepípedo do bairro...

Ficou desesperado. Não podia parar para socorrê-la, nem levá-la de volta para
casa, pois estava trabalhando, começou a pedir à Deus que cuidasse de sua menina
e num golpe de sorte, ele avistou um vizinho, pediu ao conhecido que ele a levasse
de volta a mãe e só então, pode trabalhar sossegado, agradecendo a Deus por
impedir que o pior acontecesse...

12
Passado um tempo seu Cilas, o
pai de Luci virou
apelido

funcionários

barnabé,

carinhoso

aos

públicos

municipais de cargos mais
baixos...
...ganhava pouco, mas na época

dos Dias das Crianças e Natal ela
e seus cinco irmãos ganhavam

brinquedos e eram momentos de
muita espera e felicidade.

13
A casa própria e os períodos de férias
Em 1960 seu Cilas
conseguiu com a ajuda
de amigos e parentes
finalmente construir a
sua casa própria no
Jardim Bela Vista, nessa
casa Luci morou dos
oito anos até se casar.
Foi uma época feliz, Luci
estudava na Escola
Estadual Moraes
Pacheco e não via a
hora de chegar o
período de férias
escolares para irem
passear no sítio da
família próximo a Pirajuí
na cidade de São Luís do
Guaricanga
14
A casa própria e os períodos de férias
... A ida ao sítio era uma
festa. Seu Cilas ia dirigindo o
carro da família, quando por
eles na estrada, passavam
carros mais modernos e
luxuosos, Luci e seus irmãos
ficavam encantados, mas seu
pai logo lhes dizia: carro
bonito é o nosso, porque é
ele que nos leva onde
queremos.
Luci afirma nunca ter
esquecido essa lição!
15
A casa própria e os períodos de férias

O sítio, era um lugar onde não tinham muitos recursos, sem água
encanada, nem luz elétrica, a luz que tinham a noite era a vinda de um
lampião, beber e se banhar só com água de mina... Mas, apesar de
todos essas dificuldades, as férias no sítio era o mês mais gostoso da
vida de Luci.
16
Na barreirinha
No período das férias de Janeiro,
embora não fossem ao sítio, não era
motivo para tristeza, pois morava ao
lado de sua casa um senhor chamado
Carlos, lá no Jardim Bela Vista, ele
convidava todas as crianças, meninos e
meninas para irem, junto com os seus
três filhos menores, buscar manga,
laranja, gabiroba... na barreirinha, lugar
onde hoje é lá pelos altos da Nações
Norte, na época tinha muita mata de
cerrado e as estradas eram de terra, era
uma aventura e tanto, encontravam
boiada, subiam no barranco para correr
de medo dos bois...

17
O pomar
caminhavam
horas na
estradinha de
terra, mas na
hora de
saborear as
frutas, que
sabor...nunca
mais sentiu
aquele aroma
de fruta madura
misturada com
a inocência da
infância...
18
O pomar

comia aquelas frutas mesmo sem lavar, com as mãos sujinhas de terra,
mantinha s frutas guardadas em um saquinho. Comia a vontade e
depois levava um pouquinho para a mãe que ansiosa aguardava pela
19
colheita das crianças.
Adolescência
Quando era adolescente adorava
brincar com as amigas nas águas
cristalinas da “Fonte do Castelo”,
onde hoje é a Nações Norte,
adorava também brincar de
queima e garrafão...será que
alguém sabe que brincadeira é
essa nos dias atuais? Era uma
brincadeira que desenhava um
garrafão bem grande no chão e
pulava com uma perna só pra lá e
pra cá , mas faz tanto tempo que
ela nem se lembra direito das
regras do jogo...
Ah!Só se lembra do quanto era
bom.
20
Nadar na
fonte do
castelo era
tudo de bom...
na verdade
era um rio
largo, bem
raso e
límpido, onde
dava para
deitar e se
refrescar

21
Paqueras e peripécias

Luci teve alguns paquerinhas na adolescência ( só de olhar!) naquela época
as pessoas não ficavam, só olhavam e quando o olhar era
correspondido...ahhh.. Era uma felicidade só, as meninas já diziam que
estavam quase namorando...
22
peripécias

Uma vez Luci e sua melhor amiga Lucrécia, já por volta dos dezenove anos, ao voltar da escola
decidiram que o caminho seria mais rápido se pegassem carona no trem da antiga FEPASA,
carinhosamente chamado pelas pessoas da época de coréinha, e assim fizeram... as amigas
maluquinhas, sem pestanejar, pularam e agarraram na lateral do vagão que pensavam elas,
andaria devagar e conseguiriam pular quando chegassem em seu destino. No entanto, não foi
bem assim que aconteceu... O trem não desacelerou e elas ficaram desesperadas... E agora
como fariam para descer?
23
peripécias
Pularam e caíram de cara no
areião, entrou terra dentro dos
olhos, da boca... se sujaram
todas, os materiais escolares
ficaram esparramados pelo
chão.

Ah! Se soubessem jamais tomariam uma atitude
absurda como aquela. Já imaginaram se tivesse
acontecido o pior? Mas como no caso da roseira, Luci
está sempre muito bem amparada, seja pelas
orações de seu pai ou o acaso a protegia pela sua
própria inocência.
24
A profissão

Aos vinte e quatro anos de
idade, Luci se formou no
magistério da Escola Estadual
Professor Christino Cabral,
agora ela era professora,
essa era uma das profissões
mais comuns para as
mulheres naqueles tempos,
deu aulas de substituição em
algumas escolinhas da
cidade, dentre as quais o
Aparecido Guedes no Bela
Vista e a EMEI Gasparzinho
no Jardim Redentor

25
O primeiro namorado
Em 1972, já com 20 anos
conheceu um rapaz chamado Jair,
que foi seu primeiro namorado.

26
O primeiro namorado

Namoros, naquela época, eram diferentes dos namoros de hoje em dia, em que
tudo acontece muito rápido, naqueles tempos... Ah, naqueles tempos! Bom, até
que o namoro de Luci foi relativamente rápido, em apenas três anos ela já estava
de véu e grinalda em frente à igreja aguardando ansiosamente para concretizar
27
seu sonho de se casar, ter filhos e ser feliz para sempre, como nos contos de fadas.
O casamento
Seu véu branco puro, representando a
virgindade que tanto guardara, era um
sonho se realizando...o sonho de
menina de ter sua família, seus filhos e
viver como as princesas.
Será que as adolescentes de hoje em dia
ainda sonham o mesmo sonho de Lucí?

28
O sonho se desfaz
Desse casamento de treze anos
Luci teve três filhos: César,
Marcelo e Luciane. E tinha uma
vida relativamente feliz, dependia
financeira e emocionalmente do
marido. Mas esse aos poucos se
afastou, resolveu viver outros
sonhos, sonhos onde ela não mais
cabia.

29
O sonho se desfaz

Seu mundo desmoronou quando soube a
verdade, ele arrancou suas roupas do
armário e também os sonhos de Luci,
que agora teria que refazer sua vida,
construir outros sonhos e manter-se viva.
30
O sonho se desfaz

31
O sonho se desfaz
Fingia ser forte,
pois dela
dependiam seus
três filhos, mas
durante a noite,
falando com Deus,
chorava

desesperadamente,
afinal dedicara toda

Como sair daquela situação que a

humilhava socialmente e a tornava
frágil?
De onde tirar forças para continuar?

Como superar a vergonha de ser
uma mulher desquitada?
Como sobreviveria ela e os filhos?
Foi difícil digerir a atual situação.
Demorou um ano para Luci acreditar
que seria agora uma mulher
desquitada

sua vida àquele
casamento.
32
O sonho se desfaz
Sem chão, totalmente dilacerada pela
decepção, Luci pensa em desistir,
jogar a toalha, jamais esperaria uma
traição daquelas, ele não só a traíra,
mas desmantelara sua realidade
utópica e feliz.
Hoje, os valores mudaram, mas
naqueles tempos, diferente de hoje,
era feio para a sociedade, uma
mulher ser separada do marido, e ela
sofreu com essa humilhação. Estava
com 36 anos e 3 filhos pequenos,
também não estava trabalhando,
porque era desonroso ao homem que
sua mulher trabalhasse fora, pois, era
como se o marido não fosse capaz de
manter sua família. Ao homem cabia
sustentar financeiramente a família, e
a mulher cabia honrar ao marido,
cuidar dos filhos e trazer a casa
asseada.
No entanto, teve ajuda da família que
sempre esteve ao seu lado, nunca a
desampararam,
ajudavam
em
orações e mantimentos, alimentando
seu corpo e alma.
33
Forças para viver
Embora com muita tristeza, ela que
aprendera desde pequena com seus pais a
ter fé, resolveu dar continuidade na vida,
levantou a cabeça e passou a fazer
pequenos bicos para manter a família

vendia roupas novas e usadas, bijuterias,
lingeries, salgados, vendia de tudo um
pouco, vendia de porta em porta, vendia
na igreja, para a família, todos ajudavam
34
comprando um pouco
Um novo emprego

Luci então prestar um concurso público, e foi trabalhar de inspetora de
alunos na escola Walter Barreto, lembra que naquela época olhava com
encanto uma cartilha que tinha na capa um caminho suave, com aquela
35
repetição de expressões que nada significavam...
Um novo
emprego

Assim como a capa
da
cartilha,
seu
caminho
agora
tomavam um novo
rumo,
empregada
poderia refazer de
vez sua vida e voltar a
ser um pouco feliz

36
Um novo amor
Passados dez anos algo
surpreendente
aconteceu. Lucí já havia
percebido, mas não
queria acreditar, aquele
homem tão charmoso,
que
a
olhava
insistentemente,
fazia
com que pensasse...que
abusado, não sabe que
estou separada e o amor
para mim morreu? Nunca
mais quero saber de
ninguém em minha vida,
não suportaria sofrer
novamente!
37
Uma nova chance

Mas esse homem era persistente,
não desistia, durante seis meses,
passou por sua rua, sorria e lhe
cumprimentava.
Um dia, muito sorrateiramente,
ele armou uma arapuca para
Luci...

38
39

Armei uma arapuca na
beira da estrada...
Armei uma arapuca na beira da
estrada...

Ia ela trabalhar quando passando em frente a
igreja que frequentava viu uma sacola
pendurada na grade do portão, muito curiosa
que era, pensou...
Meu Deus uma sacola...quem será que deixou?
O que será que tem? Vou ver...
Quando Luci estendeu a mão para pegar o
objeto ouviu uma voz que vinha do outro lado
da rua.
Hei, essa sacola é minha, deixe-a aí.
E se aproximou, era Alcides, aquele homem
insistente de olhar penetrante e carinhoso, que
insistia em lhe paquerar.
Luci tremeu, ficou tímida, onde já se viu sentir
aquela empolgação novamente, negou a si o
direito de sentir a alegria que sentira, virou-lhe
a cara e escondeu o sorriso, como se fosse
possível esconder o que declaramos nos olhos.
Estava apaixonada, mas não podia admitir,
sentia medo e vergonha de seus sentimentos...
40
Segunda chance para o amor

Alcides por estar apaixonado,
não desistiu, insistia, forçava a
aproximação. Um dia, em um
congresso da igreja, Luci vendia
seus salgados para ajudar na
renda da família e Alcides
resolveu ajudá-la, pegou seu
tabuleiro de salgados e saiu
vendendo
com
tamanha
desenvoltura que em pouco
tempo tinha vendido tudo, ele
voltou e lhe deu o dinheiro da
venda e assim, definitivamente
selaram a amizade.
41
Segunda chance para o amor
Alcides hoje é um
senhor
aposentado, mas
também
é
vendedor
de
queijos,
mas
mesmo diante a
correria do dia a
dia, não deixa o
tempo apagar a
luz dessa união...
sempre
que
possível
surpreende sua
amada com flores
roubadas de um
jardim qualquer
...quer lembrá-la
do quanto é bom
estarem juntos e
acariciá-la
com
sua dedicação e
amor.
42
Segunda chance para o amor

Uma amizade que se transformou
em uma união feliz. Hoje eles têm
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Adoram viajar pelo Brasil para
viver e reviver a celebração de
terem se encontrado.

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A história de Dona Luci na cidade de Bauru

  • 1. A Arte e o Tempo D. Luci MEMÓRIAS Profª Rose Silva E. E. Prof. Francisco Alves Brizola 1
  • 2. O HUMANO NA CIDADE Como parte do projeto A Cidade que é a nossa cara – A Arte e o Tempo, elaboramos um livro que narra a vida de um morador da cidade, pois entendemos que tão ou mais importante que o patrimônio arquitetônico e natural das cidades, são as pessoas que nela moram, com suas memórias, histórias e imaginários. A cidade por excelência em meio a toda estrutura social atropela o humano, o particular e torna-nos de certa forma homogêneos e invisíveis. Pretendemos voltar nosso olhar para as pessoas e suas histórias; ouvi-las e recontá-las por meio da sensibilidade artística de cada aluno envolvido no projeto. Trabalhamos com ações diretas multidisciplinares, somando o potencial artístico de todos os alunos envolvidos, para que possamos construir uma obra coletiva dedicada a Cidade de Bauru, ressaltando a importância que esta cidade tem para nós bauruenses. Voltamos a Arte a serviço do bem comum, de acesso a todos, construindo a cidadania muitas vezes ignorada, pela vida agitada que não olha para o lado e não enxerga o humano. Enfatizamos que mesmo neste ritmo alucinado das cidades, com desequilíbrios sociais e realidades antagônicas, também existe vida pulsante, vida que inspira e que se refaz a cada novo traçar de trajeto, de história e de Arte. Para escolha do nosso personagem construímos um mapa de conexões e tínhamos que identificar uma pessoa que nos fosse comum, todos devíamos conhecêla para criarmos uma identidade emotiva com o produto final. Para ilustrar, iniciamos tecendo um rizoma dos nossos contatos via rede social, utilizamos o Facebook e descobrimos que a pessoa que está conectada a todos nós é uma senhora muito querida por todos , a doce Dona Luci, inspetora de alunos, a partir da escolha do personagem iniciamos o trabalho. Mais do que nunca, trata-se de enxergar o humano que respira por entre as paredes de concreto da cidade de Bauru, por meio do olhar sensível da Arte, que revela que não há nada de impessoal nos espaços urbanos, mas sim é palco onde acontecem histórias que se entrelaçam e que habitam lembranças de vida que são desenhadas no tempo. 2
  • 3. E tudo começou assim... No dia 07 de Março de 1952, nascia na casa da avó materna Dona Arminda em Pirajuí uma menininha loirinha, pequenininha, chamada Luci...ela foi registrada no Cartório de São Luís do Guaricanga, sendo a quarta filha de um total de seis irmãos... 3
  • 4. E tudo começou assim... Deixe-me explicar: seus pais já tinham um menino, uma menina, um menino, uma menina (ela), depois outro menino e finalmente a caçula que era outra menina. 4
  • 5. Seus pais Cilas e Iraci eram muito humildes, porém não lhes faltavam coisas materiais, coisas básicas, eram muito felizes, pois tinham carinho, atenção, boa educação e principalmente os ensinaram a amar a Deus, amar ao próximo, serem sempre honestos e verdadeiros. O pai não saía de casa para trabalhar sem antes ler uma passagem da Bíblia e orar com toda família...e assim eram uma família abençoada 5
  • 6. A chegada em Bauru Quando Luci tinha dois anos seu pai que trabalhava numa usina de leite em Nogueira mudou-se para Bauru e foram morar numa casa alugada na Vila Cardia. Era uma casa de madeira com uma área na frente e uma escada de aproximadamente cinco degraus na porta da entrada. Nessa época 1954 era comum as casas serem assim. Luci morou nessa casa até os 8 anos de idade, por volta de 1960. 6
  • 7. A chegada em Bauru Foi nessa casa que, ainda muito pequena, Luci caiu em cima de uma roseira que tinha ao lado da escada que dava na entrada da casa. O mais interessante é que a roseira era grande e mesmo ainda tão pequena e caindo daquela altura na roseira cheia de espinhos, Luci não se feriu, não teve sequer um arranhão... 7
  • 8. A casa da roseira 8
  • 9. O Banho Toda vez que a mãe de Luci ia dar banho nos filhos era aquela confusão, primeiro fulano...depois beltrano... 9
  • 11. A fuga Nesse período seu pai Senhor Cilas estava trabalhando como motorista de transporte coletivo; em casa, Dona Iraci, após dar banho em Luci, pediu que ela aguardasse sentada no degrauzinho do portão para ver seu pai passar com o coletivo, no entanto... 11
  • 12. A fuga ...a pequena serelepe desobedeceu sua mãe e saiu andando pelas ruas da vila Cardia. Quando seu pai passou dirigindo o ônibus levou um susto tremendo ao ver sua menininha ainda, tão pequena, andando perdida pelas ruas de paralelepípedo do bairro... Ficou desesperado. Não podia parar para socorrê-la, nem levá-la de volta para casa, pois estava trabalhando, começou a pedir à Deus que cuidasse de sua menina e num golpe de sorte, ele avistou um vizinho, pediu ao conhecido que ele a levasse de volta a mãe e só então, pode trabalhar sossegado, agradecendo a Deus por impedir que o pior acontecesse... 12
  • 13. Passado um tempo seu Cilas, o pai de Luci virou apelido funcionários barnabé, carinhoso aos públicos municipais de cargos mais baixos... ...ganhava pouco, mas na época dos Dias das Crianças e Natal ela e seus cinco irmãos ganhavam brinquedos e eram momentos de muita espera e felicidade. 13
  • 14. A casa própria e os períodos de férias Em 1960 seu Cilas conseguiu com a ajuda de amigos e parentes finalmente construir a sua casa própria no Jardim Bela Vista, nessa casa Luci morou dos oito anos até se casar. Foi uma época feliz, Luci estudava na Escola Estadual Moraes Pacheco e não via a hora de chegar o período de férias escolares para irem passear no sítio da família próximo a Pirajuí na cidade de São Luís do Guaricanga 14
  • 15. A casa própria e os períodos de férias ... A ida ao sítio era uma festa. Seu Cilas ia dirigindo o carro da família, quando por eles na estrada, passavam carros mais modernos e luxuosos, Luci e seus irmãos ficavam encantados, mas seu pai logo lhes dizia: carro bonito é o nosso, porque é ele que nos leva onde queremos. Luci afirma nunca ter esquecido essa lição! 15
  • 16. A casa própria e os períodos de férias O sítio, era um lugar onde não tinham muitos recursos, sem água encanada, nem luz elétrica, a luz que tinham a noite era a vinda de um lampião, beber e se banhar só com água de mina... Mas, apesar de todos essas dificuldades, as férias no sítio era o mês mais gostoso da vida de Luci. 16
  • 17. Na barreirinha No período das férias de Janeiro, embora não fossem ao sítio, não era motivo para tristeza, pois morava ao lado de sua casa um senhor chamado Carlos, lá no Jardim Bela Vista, ele convidava todas as crianças, meninos e meninas para irem, junto com os seus três filhos menores, buscar manga, laranja, gabiroba... na barreirinha, lugar onde hoje é lá pelos altos da Nações Norte, na época tinha muita mata de cerrado e as estradas eram de terra, era uma aventura e tanto, encontravam boiada, subiam no barranco para correr de medo dos bois... 17
  • 18. O pomar caminhavam horas na estradinha de terra, mas na hora de saborear as frutas, que sabor...nunca mais sentiu aquele aroma de fruta madura misturada com a inocência da infância... 18
  • 19. O pomar comia aquelas frutas mesmo sem lavar, com as mãos sujinhas de terra, mantinha s frutas guardadas em um saquinho. Comia a vontade e depois levava um pouquinho para a mãe que ansiosa aguardava pela 19 colheita das crianças.
  • 20. Adolescência Quando era adolescente adorava brincar com as amigas nas águas cristalinas da “Fonte do Castelo”, onde hoje é a Nações Norte, adorava também brincar de queima e garrafão...será que alguém sabe que brincadeira é essa nos dias atuais? Era uma brincadeira que desenhava um garrafão bem grande no chão e pulava com uma perna só pra lá e pra cá , mas faz tanto tempo que ela nem se lembra direito das regras do jogo... Ah!Só se lembra do quanto era bom. 20
  • 21. Nadar na fonte do castelo era tudo de bom... na verdade era um rio largo, bem raso e límpido, onde dava para deitar e se refrescar 21
  • 22. Paqueras e peripécias Luci teve alguns paquerinhas na adolescência ( só de olhar!) naquela época as pessoas não ficavam, só olhavam e quando o olhar era correspondido...ahhh.. Era uma felicidade só, as meninas já diziam que estavam quase namorando... 22
  • 23. peripécias Uma vez Luci e sua melhor amiga Lucrécia, já por volta dos dezenove anos, ao voltar da escola decidiram que o caminho seria mais rápido se pegassem carona no trem da antiga FEPASA, carinhosamente chamado pelas pessoas da época de coréinha, e assim fizeram... as amigas maluquinhas, sem pestanejar, pularam e agarraram na lateral do vagão que pensavam elas, andaria devagar e conseguiriam pular quando chegassem em seu destino. No entanto, não foi bem assim que aconteceu... O trem não desacelerou e elas ficaram desesperadas... E agora como fariam para descer? 23
  • 24. peripécias Pularam e caíram de cara no areião, entrou terra dentro dos olhos, da boca... se sujaram todas, os materiais escolares ficaram esparramados pelo chão. Ah! Se soubessem jamais tomariam uma atitude absurda como aquela. Já imaginaram se tivesse acontecido o pior? Mas como no caso da roseira, Luci está sempre muito bem amparada, seja pelas orações de seu pai ou o acaso a protegia pela sua própria inocência. 24
  • 25. A profissão Aos vinte e quatro anos de idade, Luci se formou no magistério da Escola Estadual Professor Christino Cabral, agora ela era professora, essa era uma das profissões mais comuns para as mulheres naqueles tempos, deu aulas de substituição em algumas escolinhas da cidade, dentre as quais o Aparecido Guedes no Bela Vista e a EMEI Gasparzinho no Jardim Redentor 25
  • 26. O primeiro namorado Em 1972, já com 20 anos conheceu um rapaz chamado Jair, que foi seu primeiro namorado. 26
  • 27. O primeiro namorado Namoros, naquela época, eram diferentes dos namoros de hoje em dia, em que tudo acontece muito rápido, naqueles tempos... Ah, naqueles tempos! Bom, até que o namoro de Luci foi relativamente rápido, em apenas três anos ela já estava de véu e grinalda em frente à igreja aguardando ansiosamente para concretizar 27 seu sonho de se casar, ter filhos e ser feliz para sempre, como nos contos de fadas.
  • 28. O casamento Seu véu branco puro, representando a virgindade que tanto guardara, era um sonho se realizando...o sonho de menina de ter sua família, seus filhos e viver como as princesas. Será que as adolescentes de hoje em dia ainda sonham o mesmo sonho de Lucí? 28
  • 29. O sonho se desfaz Desse casamento de treze anos Luci teve três filhos: César, Marcelo e Luciane. E tinha uma vida relativamente feliz, dependia financeira e emocionalmente do marido. Mas esse aos poucos se afastou, resolveu viver outros sonhos, sonhos onde ela não mais cabia. 29
  • 30. O sonho se desfaz Seu mundo desmoronou quando soube a verdade, ele arrancou suas roupas do armário e também os sonhos de Luci, que agora teria que refazer sua vida, construir outros sonhos e manter-se viva. 30
  • 31. O sonho se desfaz 31
  • 32. O sonho se desfaz Fingia ser forte, pois dela dependiam seus três filhos, mas durante a noite, falando com Deus, chorava desesperadamente, afinal dedicara toda Como sair daquela situação que a humilhava socialmente e a tornava frágil? De onde tirar forças para continuar? Como superar a vergonha de ser uma mulher desquitada? Como sobreviveria ela e os filhos? Foi difícil digerir a atual situação. Demorou um ano para Luci acreditar que seria agora uma mulher desquitada sua vida àquele casamento. 32
  • 33. O sonho se desfaz Sem chão, totalmente dilacerada pela decepção, Luci pensa em desistir, jogar a toalha, jamais esperaria uma traição daquelas, ele não só a traíra, mas desmantelara sua realidade utópica e feliz. Hoje, os valores mudaram, mas naqueles tempos, diferente de hoje, era feio para a sociedade, uma mulher ser separada do marido, e ela sofreu com essa humilhação. Estava com 36 anos e 3 filhos pequenos, também não estava trabalhando, porque era desonroso ao homem que sua mulher trabalhasse fora, pois, era como se o marido não fosse capaz de manter sua família. Ao homem cabia sustentar financeiramente a família, e a mulher cabia honrar ao marido, cuidar dos filhos e trazer a casa asseada. No entanto, teve ajuda da família que sempre esteve ao seu lado, nunca a desampararam, ajudavam em orações e mantimentos, alimentando seu corpo e alma. 33
  • 34. Forças para viver Embora com muita tristeza, ela que aprendera desde pequena com seus pais a ter fé, resolveu dar continuidade na vida, levantou a cabeça e passou a fazer pequenos bicos para manter a família vendia roupas novas e usadas, bijuterias, lingeries, salgados, vendia de tudo um pouco, vendia de porta em porta, vendia na igreja, para a família, todos ajudavam 34 comprando um pouco
  • 35. Um novo emprego Luci então prestar um concurso público, e foi trabalhar de inspetora de alunos na escola Walter Barreto, lembra que naquela época olhava com encanto uma cartilha que tinha na capa um caminho suave, com aquela 35 repetição de expressões que nada significavam...
  • 36. Um novo emprego Assim como a capa da cartilha, seu caminho agora tomavam um novo rumo, empregada poderia refazer de vez sua vida e voltar a ser um pouco feliz 36
  • 37. Um novo amor Passados dez anos algo surpreendente aconteceu. Lucí já havia percebido, mas não queria acreditar, aquele homem tão charmoso, que a olhava insistentemente, fazia com que pensasse...que abusado, não sabe que estou separada e o amor para mim morreu? Nunca mais quero saber de ninguém em minha vida, não suportaria sofrer novamente! 37
  • 38. Uma nova chance Mas esse homem era persistente, não desistia, durante seis meses, passou por sua rua, sorria e lhe cumprimentava. Um dia, muito sorrateiramente, ele armou uma arapuca para Luci... 38
  • 39. 39 Armei uma arapuca na beira da estrada...
  • 40. Armei uma arapuca na beira da estrada... Ia ela trabalhar quando passando em frente a igreja que frequentava viu uma sacola pendurada na grade do portão, muito curiosa que era, pensou... Meu Deus uma sacola...quem será que deixou? O que será que tem? Vou ver... Quando Luci estendeu a mão para pegar o objeto ouviu uma voz que vinha do outro lado da rua. Hei, essa sacola é minha, deixe-a aí. E se aproximou, era Alcides, aquele homem insistente de olhar penetrante e carinhoso, que insistia em lhe paquerar. Luci tremeu, ficou tímida, onde já se viu sentir aquela empolgação novamente, negou a si o direito de sentir a alegria que sentira, virou-lhe a cara e escondeu o sorriso, como se fosse possível esconder o que declaramos nos olhos. Estava apaixonada, mas não podia admitir, sentia medo e vergonha de seus sentimentos... 40
  • 41. Segunda chance para o amor Alcides por estar apaixonado, não desistiu, insistia, forçava a aproximação. Um dia, em um congresso da igreja, Luci vendia seus salgados para ajudar na renda da família e Alcides resolveu ajudá-la, pegou seu tabuleiro de salgados e saiu vendendo com tamanha desenvoltura que em pouco tempo tinha vendido tudo, ele voltou e lhe deu o dinheiro da venda e assim, definitivamente selaram a amizade. 41
  • 42. Segunda chance para o amor Alcides hoje é um senhor aposentado, mas também é vendedor de queijos, mas mesmo diante a correria do dia a dia, não deixa o tempo apagar a luz dessa união... sempre que possível surpreende sua amada com flores roubadas de um jardim qualquer ...quer lembrá-la do quanto é bom estarem juntos e acariciá-la com sua dedicação e amor. 42
  • 43. Segunda chance para o amor Uma amizade que se transformou em uma união feliz. Hoje eles têm 7 netos que são a alegria da casa. Adoram viajar pelo Brasil para viver e reviver a celebração de terem se encontrado. 43