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Baixar para ler offline
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Histórias das BEMM
2
Ficha técnica
Título: Contos de Natal em Rede
Textos: Alunos do AEMM
Ilustrações: Alunos do AEMM
Coordenação: Rui Abreu
Arranjo gráfico: Graça Silva e José Plácido
Edição: Bibliotecas Escolares Marquês de Marialva
Coleção: Histórias das BEMM, n.º5, dezembro de 2016
Contos de Natal em Rede de alunos do AEMM está licenciado com uma Li-
cença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0
Internacional.
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Esta coletânea é dedicada a todos os que acari-
nharam este projeto, contribuindo para o seu
sucesso, na esperança de que a escrita reflita
as cores do mundo de cada um.
4
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Escritores de Contos de Natal em Rede
As Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas Marquês de
Marialva (BEMM) decidiram lançar um desafio aos alunos, às educa-
doras e aos professores titulares de turma e de Português: escrever
um conto coletivo e em rede (entre turmas), alusivo à época natalí-
cia e envolto no poder mágico das palavras Biblioteca e Leitura.
Em resultado da união de vontades, vem agora a público a mais
recente coletânea Contos de Natal em Rede, integrada num projeto
mais amplo de desenvolvimento transversal do gosto pela escrita
criativa dos alunos – Histórias das BEMM. Pretendia-se também uma
maior ligação entre as BEMM e o meio escolar, num estreitamento
de relações e de cooperação no agrupamento.
As histórias desta coletânea seduzem-nos pela diversidade temá-
tica, pelos mundos criados – reais ou de faz de conta, do passado,
presente ou do futuro – e pelas personagens que os povoam – umas
mais tradicionais, outras mais futuristas; umas mais terrenas, outras
mais fantásticas –, mas todas com algo para revelar. Encantam-nos
pelas ilustrações e fotografias a preto e branco ou a cores, pautadas
por traços encantatórios e repletos de emoções. Cativam-nos pelos
nobilíssimos valores universais, socialmente compartilhados de gera-
ção em geração, e pelos sentimentos de comunhão e fraternidade.
Convidam-nos a refletir sobre o mundo, a vida e os livros, e o senti-
do que lhes damos, nesta época abrilhantada pelo espírito natalício.
Todos os contos configuram um intenso mundo de afetos, fruto da
criatividade, da imaginação e dos sonhos, enfeitados com a sensibili-
dade estética das palavras e dos desenhos dos jovens aprendizes de
escritores e ilustradores.
Sendo uma abordagem estratégica de promoção da escrita criati-
va e colaborativa, com certeza que o envolvimento e a partilha des-
ta experiência, transformada em conhecimento do processo de es-
crita e dos valores a ela associados, foram e serão uma simbólica
lição de vida que enriquecerá a formação pessoal e cívica de todos,
tornando-nos cidadãos mais humanos e pensantes.
Deixem-se, então, conquistar pela magia de Contos de Natal em
Rede e… vivam “felizes para sempre”.
Rui Abreu
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Sumário
Pré-Escolar
Viagem do Pai Natal
A Princesa Ritinha
Um Natal feliz
Pai Natal Sapo Larapo
Um Sonho de Natal
1.º CEB
A Caneta Mágica
O Cientista
Natal na Murtelândia
Numa Noite de Natal
O Conto de Natal
O Presente Especial
Fábrica de Brinquedos
Um Desejo Especial
Um Livro Perdido
A Grande Árvore dos Desejos
O Livro Tão Desejado
2.º CEB
A Verdade do Pai Natal
A Descoberta do Natal
As Fórmulas Mágicas
3.º CEB
A Magia do Natal
A Chegada da Felicidade
O Duende Cor-de-Rosa
O Lenhador Arrependido
O Natal no Pico Congelado
Salpicos de Coca-Cola
Finalmente, um Natal de Sonho
Um Natal Diferente dos Outros
O Livro Milagroso
Partilhar
Cápsula Mágica
Rumo ao Passado
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Os contos do Pré-Escolar
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A Viagem do Pai Natal
Era uma manhã fria e escura. Estávamos em dezembro, muito
perto do Natal. O Pai Natal vinha do céu, no seu trenó e as renas
vinham contentes porque voltavam a ver as crianças felizes. Vi-
nham do polo norte onde, durante muito tempo e com ajuda dos
duendes, trabalharam para fazer todos os presentes.
O Pai Natal, antes de entregar os presentes, precisava de fazer
duas tarefas.
Primeiro foi à Câmara Municipal de Cantanhede deixar alguns
livros para equipar a biblioteca da Praia da Tocha para as pessoas
fazerem as suas leituras durante o verão, porque ler é muito impor-
tante e as pessoas quando estão de férias gostam de ler e a Praia
da Tocha é muito bonita.
Depois, fez uma visita ao presidente dos Estados Unidos. En-
tregou-lhe uma carta onde dizia para ele cumprir todas as promes-
sas que ele fez e eram muitas!
Já era tarde e o Pai Natal tinha que entregar os presentes por-
que as crianças tinham o seu coração a bater muito… à sua espera.
Percorreu muitas casas onde colocou os presentes, passando pela
chaminé. Entrou em casas muito bonitas onde estavam árvores de
Natal cheias de luzinhas a piscar. Estava quase tudo distribuído e o
Pai Natal já estava muito, muito cansado… só faltava uma casa…
era a casa do Santiago. Pegou nas suas renas e aproximou-se da
chaminé, mas ficou muito admirado: a lareira estava acesa! E ago-
ra?!
12
Como não podia entrar pela chaminé, resolveu procurar
uma janela e encontrou uma que estava um bocadinho aberta.
Empurrou e… entrou.
Estava numa sala grande e viu uma árvore de Natal muito
gira. Olhou bem para todo o lado e viu que numa mesa ao pé da
televisão estava um copo de leite e um prato com bolachas de
chocolate.
O Pai Natal ficou muito contente e disse:
– Obrigado, Santiago! Ho! Ho! Ho!
Em seguida, foi colocar os presentes na árvore. Depois, sen-
tou-se num sofá, bebeu o leite e comeu as bolachinhas todas,
pois ele é um grande guloso e comilão.
De seguida, foi até ao seu trenó, virou-se para as suas renas
que eram nove e disse:
– Relâmpago, Raposa, Bailarina, Trovão, Cometa, Cupido,
Empinadora, Corredora e chefe Rodolfo, vamos voltar para ca-
sa! Ho! Ho! Ho!
O Pai Natal levantou voo e desapareceu no céu a voar.
JI Cantanhede, educadora Regina e educadora Mª João
13
Um Natal Feliz
Certo dia, numa manhã de inverno, tudo cheirava a magia. O
Natal e aquela manhã branquinha como nos sonhos tornaram-se rea-
lidade. O chão, as árvores e os telhados branquinhos completavam a
magia. Também os bonecos de neve já nos esperavam na rua. Foi
um dia divertido, só faltava o Menino Jesus!
De repente, fez-se luz e veio à memória a leitura daquela histó-
ria que um dia ouvi na Biblioteca Escolar, quando uma fadinha envi-
ou um coche puxado por cavalinhos para levar a Cinderela à festa do
Príncipe. Também eu pedi à minha Estrelinha para nos conduzir à
“Gruta dos Sonhos”.
O que encontrámos na gruta dos sonhos foram muitas, muitas
cartas enviadas ao Pai Natal pelas crianças de todas as cores e de
todos os países, de Portugal, de Espanha e de todo o planeta Terra.
Essas cartas traziam os sonhos que eles queriam que fossem realida-
de.
O Pai Natal, com a ajuda dos duendes, durante muitos dias e
muitas noites, trabalhou para preparar as prendas e fazer as crian-
ças felizes.
A gruta estava escura como breu e precisaram da ajuda de Ro-
dolfo para a iluminar com o seu nariz vermelho, a acender e a apa-
gar e todas as outras renas se riam a valer daquele nariz.
Acabaram mesmo a tempo! Era a noite de 24 de dezembro e es-
tava tudo pronto… cansados, mas felizes! O Pai Natal colocou as
prendas nos seus sacos vermelhos e, a voar no seu trenó puxado pe-
las suas nove renas, chegou finalmente a todas as casas para distri-
14
buir as tão desejadas prendas. Entrou pelas chaminés sorrateiro que
nem um rato e colocou as prendas debaixo das árvores enfeitadas.
Os meninos, quando acordaram, estavam em pulgas para ver se
os seus sonhos se tinham realizado e se o Pai Natal tinha vindo mes-
mo! Que grande alegria. Eles queriam agradecer-lhe e dar-lhe um
beijinho, mas não conseguiram. Ele já tinha seguido viagem... Se
calhar, tinha ido visitar o Menino Jesus!
JI Ançã, educadora Ester e JI Cantanhede, educadora Regina
15
A Princesa Ritinha
Era uma vez, há muito muito tempo, um lindo e grande castelo.
Nesse castelo vivia um rei, uma rainha e a filha deles: a princesa
Ritinha.
A princesa Ritinha era uma menina muito bonita que tinha mui-
tos vestidos, brinquedos, livros, mas não tinha amigos porque os pais
não a deixavam sair do castelo. O que ela mais gostava era de ter
amigos e amigas para brincar porque passava os dias sozinha no
quarto ou no jardim.
Um dia, andava ela a passear no jardim do castelo e ouviu um
barulho. Foi ver o que era e encontrou uma menina que estava sen-
tada a ler um livro sobre fadas. A Ritinha perguntou-lhe como é que
ela se chamava e o que é que ela estava a fazer ali. A menina disse
que se chamava Francisca, que a mãe dela trabalhava no castelo e
que estava ali porque não tinha tido escola. A Ritinha ficou toda
contente porque tinha uma menina para falar e assim ficaram as du-
as a ler o livro sobre fadas, um livro muito grande e muito bonito.
A Francisca contou-lhe que aquele livro não era dela e que o ti-
nha ido buscar à biblioteca. Mas, a Ritinha não sabia o que era uma
biblioteca porque a mãe nunca a tinha levado lá. A Francisca expli-
cou-lhe que era um sítio onde havia muitos livros e onde os meninos
e os adultos iam buscar livros para ler em casa ou, então, podiam lá
16
estar a ler e a ver os livros. Era um lugar onde havia muita leitura e
muitos, muitos livros e também havia computadores.
A Ritinha disse que gostava de ir a uma biblioteca. Mas como é
que havia de ir se a mãe não queria que ela saísse do castelo? A
Francisca combinou, então, ajudá-la e pensaram logo numa manei-
ra, ou seja, quando a mãe fosse à rua, elas iam também e não dizi-
am nada a ninguém. Mas havia um problema: a biblioteca ainda era
longe e elas demoravam muito tempo a chegar e ainda por cima ha-
via muitos carros e muita confusão na rua porque estava quase a
chegar o dia de Natal. A Francisca lembrou-se que conhecia um du-
ende amigo do Pai Natal e também das renas… podia ser que ele fos-
se com elas. A Ritinha achou que era uma boa ideia e então ficou
combinado.
No dia seguinte, o duende estava à espera delas no trenó do Pai
Natal e lá foram. O trenó levantou voo e era o duende que ia a con-
duzir as renas e elas iam a voar pelo céu. A Ritinha ia a olhar para
baixo com os olhos muito abertos, mas muito contente.
De repente, ouviu-se um grande barulho: era trovoada e, em se-
guida, chuva, muita chuva e o trenó começou a abanar por todo o
lado e eles começaram a ficar com medo. Tremelicavam por todo o
lado. O duende queria parar o trenó, mas com toda aquela tempes-
tade não conseguia aterrar e, muito menos, estacionar com seguran-
ça. Lá fez várias tentativas e, finalmente, aterrou numa praça, no
centro da cidade. Fez uma derrapagem tão grande que o trenó chia-
va por todo o lado: ih... ih... iiih... Assustou toda agente: a princesa
Ritinha, a Francisca e todas as pessoas que por ali passavam.
Perante tamanha confusão, alguém chamou um polícia que veio
logo a correr, mas com cara de zangado. Tinha ouvido o barulho da
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derrapagem e vinha disposto a passar uma multa. A Ritinha, ao ver a
cara do polícia, disse para a sua amiga:
– Não volto a sair de casa sem dizer à minha mãe, nem que seja
para ir à biblioteca. E agora o que vamos fazer?
A Francisca lembrou-se de imediato, que há poucos dias, a mãe
lhe tinha dito que, se estivesse com problemas na rua, devia procu-
rar um polícia e pedir-lhe ajuda. Resolveu, então, aproximar-se do
polícia. O polícia perguntou-lhes quem eram, como se chamavam e
o que andavam a fazer ali sozinhas, num trenó, que não é um trans-
porte para usar no centro de uma cidade onde passam muitos car-
ros.
As duas meninas apresentaram-se e, embora com medo, disse-
ram que tinham pedido ajuda ao seu amigo duende para as levar de
trenó, porque era mais rápido e precisavam de chegar, sem falta,
naquele dia e cedo, à biblioteca.
O polícia pensou um pouco e, de seguida, disse-lhes que, como o
Natal estava próximo, não ia multar o duende e ofereceu-se para os
levar a todos, a pé, até à biblioteca que ficava ali perto. E lá foram
na companhia do polícia.
Pelo caminho, viam pessoas a fazer coisas estranhas: crianças,
velhinhos a dormir nas ruas, outras de mão estendida para quem
passava... algumas muito mal vestidas e com roupas rotas e sujas.
As meninas, incomodadas com o que viam, perguntaram ao polí-
cia quem eram e o que estavam ali a fazer aquelas pessoas. O polí-
cia respondeu-lhes que eram mendigos: pessoas pobres que não ti-
nham dinheiro para comprar roupa, comida, nem família para os
ajudar e também não tinham casa para morar e, por isso, tinham
que dormir nas ruas e pedir ajuda aos outros.
A Ritinha, muito impressionada, disse:
– Coitadinhos! Eu tenho uma casa tão grande, um quarto tão bo-
nito, tanta roupa, tantos brinquedos e tenho uma família que se
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preocupa comigo. Só não tenho muitos amigos. Brinco muitas vezes
sozinha no meu jardim e dentro do meu castelo. Bem... agora já te-
nho a minha amiga Francisca e o duende.
Entretanto, chegaram à biblioteca. As meninas agradeceram a
ajuda e todos se despediram. Ao entrarem na biblioteca, ficaram
encantadas com o que viram: um ambiente natalício. Muitos motivos
de Natal embelezavam as paredes da biblioteca e muitas árvores de
Natal formavam uma floresta mágica, onde muitos livros pendurados
anunciavam a chegada do Natal. Folhearam alguns e viram não só
contos mas também livros de receitas de Natal.
– Que receitas deliciosas! Hum... Hum... – dizia a Francisca. Que-
riam levá-los todos, mas não podiam, pois outras pessoas também
queriam lê-los. Apesar disso, ainda requisitaram alguns livros.
Saíram da biblioteca e, enquanto caminhavam de regresso ao
trenó, a Ritinha teve uma ideia que partilhou com os seus amigos:
ajudar todos os mendigos, convidando-os para passarem o Natal,
juntos, no castelo. A Francisca achou boa ideia e acrescentou que o
polícia também merecia ser convidado, pois tinha sido amigo.
Ao longo do caminho, foram convidando os mendigos por que
passavam, que logo agradeceram.
Mais tarde, chegaram junto do trenó e lá estava o amigo polícia a
controlar o trânsito. Convidaram-no e ele disse que só ia se pudesse
levar a sua família, os seus filhos..., pois eles iam adorar passar a
noite de Natal num castelo a sério.
Chegou, por fim, a noite do dia 24 de dezembro, a noite de Na-
tal. O castelo cintilava por todo o lado. Toda a família da princesa
Ritinha e da Francisca esperava ansiosamente ajudar os mendigos. O
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cheiro a filhós, rabanadas, a bacalhau, a peru..., que a Ritinha e a
Francisca ajudaram a fazer, anunciava uma grande e gostosa conso-
ada a festejar com a família e os novos amigos.
Ouviram-se passos... os mendigos, o polícia e a família chegavam
curiosos. O grande portão do castelo abriu-se e logo se viu uma
grande árvore de Natal no jardim, com uma estrela bem brilhante
que lhes iluminava a porta por onde deviam entrar para passarem
uma noite de Natal diferente.
Entraram e ficaram boquiabertos: tanta coisa boa e bonita. Nun-
ca tinham visto nem partilhado a riqueza de um castelo. Sobre a to-
alha bordada, as iguarias de Natal faziam crescer água na boca; as
harpas tocavam, ouvia-se cantar Jingle Bells, Jingle Bells... e, num
dos cantos da sala, um grande trenó dourado estava carregado até
ao teto com um grande laço por cima. Era tudo tão maravilhoso que
nem parecia verdade.
Depois de todos comerem e beberem, a Ritinha e a Francisca
pegaram nalguns contos de Natal que requisitaram na biblioteca e
leram histórias em voz alta para todos. De repente, ouve-se TRUZ...
TRUZ... A Ritinha correu para a porta e perguntou:
– Quem é?
– Sou eu, Ritinha, o duende.
A Ritinha abriu a porta, o duende entrou e com ele o Pai Natal,
dizendo: OH! OH! OH! Os novos amigos ficaram surpreendidos, pois
não conheciam o Pai Natal.
O duende e o Pai Natal dirigiram-se ao trenó dourado que já ti-
nha sido trazido horas antes, rasgaram o papel que forrava toda
aquela carga e começaram a distribuir prendas por todos: roupa no-
va para os mendigos, brinquedos para as crianças e até o polícia re-
cebeu uma farda nova. Foi uma noite inesquecível. Terminou muito
tarde e com a promessa de que o próximo Natal seria ainda melhor.
À Ritinha, a partir deste dia, não lhe faltaram amigos. Passou a ir
à biblioteca mais vezes, levando consigo não só a Francisca mas
também algumas das crianças que encontrava na rua e todas juntas
brincavam e liam muitas histórias que as faziam sentir-se felizes.
Assim terminou este conto de Natal!
E que tal? E que tal?
JI Cantanhede, educadora Mª João e JI Ançã, educadora Fátima
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Pai Natal Sapo Larapo
Era uma vez um Pai Natal que andava muito atarefado na sua
enorme fábrica repleta de máquinas que trabalhavam de noite e de
dia para ter prontas a tempo todas as prendas de Natal. Os seus aju-
dantes duendes corriam e saltavam incansavelmente com os seus
pequenos sapatinhos sempre a bater no chão. Ploc ploc ploc! Ploc
ploc ploc!
O Pai Natal preparava-se para a grande viagem que rapidamente
se aproximava. Afinava o trenó e treinava as suas renas para que
tudo estivesse perfeito no grande dia, tão ansiado por todas as cri-
anças do nosso planeta.
Finalmente, chegou o grande dia da partida e, com tudo prepa-
rado, o Pai Natal saiu para distribuir as prendas que levava no seu
trenó, com reboque voador. Mas a viagem era longa! E durante dias
viajou, apreciando as estrelas, as luzinhas lá em baixo dos diferen-
tes países, cumprimentou os pássaros tropicais da grande floresta da
Amazónia e disse adeus aos camelos que lentamente passeavam no
deserto.
A viagem decorria calmamente para conseguir chegar a tempo a
todas as crianças do mundo. Mas as prendas eram tantas e o trenó ia
tão cheio que… catrapumba…! Acabou por cair uma prenda mesmo
em cima da cabeça duma bruxa que voava na sua vassoura. Ela ia
encontrar-se com umas amigas em França. Tinham combinado juntar
21
-se numa Biblioteca, porque estas Bruxas gostavam muito de ler.
Mas gostavam de boas leituras e tinham muito cuidado com os
livros para não se estragarem. Tinham tanto cuidado que até lava-
vam sempre as mãos antes de pegarem num livro. Então, a bruxa
ficou tão zangada que imediatamente lançou um terrível feitiço ao
Pai Natal e disse:
– Vais transformar-te num
Sapo Larapo. Abracadabra,
perna de cabra, que o Pai Na-
tal se transforme num Sapo
Larapo.
– Abracadabra, perna de
cabra, que os duendes se
transformem em Ovelhas Ba-
lhelhas.
– Abracadabra, perna de
cabra, que as renas se trans-
formem em Ratos Sapatos.
O Pai Natal transformado em Sapo Larapo ficou tão assustado
que não sabia o que fazer. Como poderia ele assim distribuir todas
as prendas…
Aí teve uma ideia e pediu à sua Estrelinha da Sorte para os con-
duzir à “Gruta dos Sonhos”. Quando chegaram, o “Encanto” estava
lá. O coche da Cinderela puxado por cavalinhos ajudou o Pai Natal a
transportar todos os presentes. Também uma Fadinha desfez o feiti-
ço da Bruxa Má feito ao Pai Natal, aos Duendes e às Renas. Assim,
conseguiram entregar a tempo todas as prendas. Cansados foram
dormir, mas o relógio acordou-os e viram uma estrela cadente dese-
nhar no céu uma coroa brilhante. Estava frio, pegaram numa lanter-
na e seguiram nessa direção. Então encontraram uma velha casinha
e… surpresa!
Ao cantinho e ao colinho de sua mamã, o Jesus a dormitar,
A noite estava fria, ir-se-ia constipar,
Mas o Pai Natal, resolveu por ali passar,
Deu-lhe uma manta de pelo, para se tapar,
E ainda um brinquedo, para brincar.
Nós levámos-lhe comidinha, para merendar.
E este foi um lindo Conto de Encantar!
JI Ourentã, educadora Cristina e JI Ançã, educadora Ester
22
Um sonho de Natal
Num certo dia de outono, Maria chegou a casa com um ar cansa-
do, mas feliz. Tinha acabado de vir de uma festa muito divertida: o
Halloween.
– A festa acabou e, agora, o que vou fazer? – perguntava ela.
Resolveu ir até à janela do seu quarto, na esperança de ver algo
que a satisfizesse. Mas lá fora o vento soprava forte:
VU...VU...VUUUU....e a chuva caía miudinha.
– Este tempo faz-me lembrar o inverno. Não se pode ir lá para
fora brincar. Ainda há pouco estava feliz e agora sinto-me aborreci-
da. Não me apetece fazer nada! – pensava.
Entretanto, decidiu deitar-se um bocadinho na cama e lembrou-
se que havia uma coisa que gostava muito de fazer quando o tempo
estava cinzento. Gostava de ler. Foi então buscar um livro que tinha
requisitado na biblioteca escolar e dedicou-se à leitura.
Começou…
- E- R - A U - M - A VEZ... mas, de tão cansada que estava, deu
-lhe o sono repentinamente e o livro caiu para o chão, acabando, ali
mesmo, a história que mal tinha começado. Porém, no quentinho da
sua cama, um sonho contava-lhe agora outra história…
Lá ao longe, no escuro, uma figura estranha, vestida de preto,
com um chapéu pontiagudo, de varinha na mão e a voar numa vas-
soura – uma BRUXA –, voava a toda a velocidade de um lado para o
outro. Mostrava-se desorientada. Parecia ter perdido algo que dese-
java muito encontrar, mas pouco depois desapareceu. Passado al-
gum tempo, apareceu novamente e, na ponta da sua varinha, uma
estrela cadente iluminou-lhe o caminho, fazendo-a chegar, num ápi-
ce, junto da sua bola de cristal, de que tanto precisava para a aju-
dar a prever o futuro.
– Minha querida bola, bolinha de cristal, está tanto frio e tanta
chuva, será que vem aí o Natal? – perguntava a Bruxa tremelicando
de tanto frio.
– Já és tão velhinha e não sabes que o Natal vem depois do Hal-
loween ou do Dia das Bruxas? O Natal está quase a chegar. Está na
hora de te ires embora, porque se continuas por aí ainda vais assus-
tar a criançada. Ou melhor, faz uma magia de Natal que a criançada
vai gostar muito e ainda te convida para passares o Natal lá em casa
23
- sugeriu a bola de cristal.
– Assustar a criançada, eu? Vou então fazer uma magia, ou seja,
uma surpresa – disse a Bruxa.
Pegou novamente na sua vassoura e na sua varinha e aí vai ela
outra vez a voar em direção ao céu. Lá, encontra um Cavalo alado a
quem pergunta:
– Sabes por onde devo ir para chegar à floresta o mais depressa
possível? Quero ir lá visitar umas criancinhas que não sabem o que é
o Natal. Nunca o festejaram, nem conhecem o Pai Natal... Quero
surpreendê-las! – acrescentou a Bruxa.
– Olha, eu às vezes vou lá pastar um bocadinho, se quiseres, dou-
te uma boleia, eu sei o caminho – disse o Cavalo.
A Bruxa montou o Cavalo e com ajuda da luz da sua estrela voou
em direção à floresta, que ainda ficava longe. Voaram, voaram, mas
a dada altura uma forte tempestade impediu-os de continuar a via-
gem. Ficaram todos molhados e já não conseguiram ver muito bem o
caminho.
– Olha, parece que vejo qualquer coisa ali em baixo, não sei o
que é… Vamos lá e se pudermos, paramos um pouco para descansar
e esperamos que a tempestade passe – disse a Bruxa, satisfeita.
E assim aconteceu... De-
pressa chegaram.
– É um castelo e parece
abandonado! – exclamou a bru-
xa – Vamos entrar!
Pé ante pé entraram e curi-
osos remexeram o interior do
castelo. Um príncipe tinha lá
morado e deixado um tesouro
que estava muito bem guarda-
do num baú acorrentado. A
Bruxa puxou da sua varinha e
disse:
– ABRACADABRA...
O baú abriu-se, deixando
cair bolinhas, sinos, laços...
tudo em ouro. Brilhavam no
escuro.
– Estamos ricos! – dizia o
Cavalo.
24
– Nós não! – afirmou a bruxa. As crianças da floresta é que vão
estar. Este é um bom presente para elas. Vamos ajudá-las a conhe-
cer e a festejar o Natal com muita alegria. Queres ajudar?
O Cavalo respondeu logo que sim. Começaram a pensar na sua
ideia e foram dando uma volta pelo castelo, esperando que a tem-
pestade passasse. Encontraram brinquedos tão engraçados que fica-
ram deliciados a brincar. Descobriram duas pandeiretas e começa-
ram os dois a tocar. Tiveram então uma ideia brilhante:
– E se fossemos pela floresta a tocar estas pandeiretas, certa-
mente que irão aparecer crianças porque elas gostam muito de mú-
sica – sugeriu a Bruxa.
– Boa ideia – respondeu o Cavalo
Repararam, então, que estavam tão distraídos que nem tinham
visto que a tempestade já tinha passado. Saíram os dois do castelo,
levando as pandeiretas e foram pela floresta a tocar. O Cavalo foi
para a esquerda e a Bruxa foi para a direita, cada um tocando na
sua pandeireta. Não demorou muito… logo começaram a aparecer as
crianças que moravam nas casas da floresta e nunca tinha ouvido tal
música por ali, para ver o que se passava. A Bruxa e o Cavalo deram
a volta a toda a floresta e voltaram a encontrar-se com as crianças
todas atrás deles. Foi então que a bruxa disse:
– Não se assustem comigo, porque eu não sou nenhuma bruxa
má, gosto muito de crianças e com o meu amigo Cavalo estamos a
organizar uma festa de Natal no castelo abandonado. Vai haver uma
enorme Árvore de Natal cheia de presentes para todas as crianças.
Querem vir?
Todas as crianças ficaram radiantes. Combinaram então o dia e a
hora para a grande festa de Natal e regressaram às suas casas espa-
lhando a grande notícia.
A Bruxa preparou tudo cuidadosamente com ajuda do seu amigo
cavalo. Foram à cidade, levaram algumas bolas de ouro que estavam
no Baú do Tesouro e assim puderam comprar presentes para todos,
enfeites para decorar o castelo e a Árvore de Natal e ingredientes
para prepararem um belo lanche. Regressaram ao castelo carrega-
dos, mas muito contentes.
Quando chegaram ao castelo, a Bruxa telefonou ao Pai Natal e
pediu-lhe para ele vir distribuir os presentes. Então, ela e o Cavalo
deitaram mãos à obra e começaram a preparar tudo: enfeitaram o
castelo, enfeitaram a árvore… estava tudo magnífico e cintilante.
Depois disto tudo, a Bruxa sentou-se um bocadinho no sofá a des-
25
cansar, porque ela já era velhinha e estava muito cansada. Só acor-
dou no dia seguinte, mas já reconfortada e preparada para conti-
nuar a sua tarefa. Prepararam um belo lanche, fizeram uns bolinhos
de Natal deliciosos… enfim, foi um dia muito atarefado, mas estava
tudo preparado para a festa que seria no dia seguinte. Foram deitar-
se ansiosos pela chegada do grande dia.
O grande dia chegou. Antes da hora marcada já as crianças esta-
vam a aparecer, começando logo a brincar com a sua alegria conta-
giante. Foi um dia maravilhoso, parecia um sonho, tantos meninos e
meninas para brincar, um lanche como nunca tinham visto e como
se ainda não chegasse de emoções começaram a ouvir os sinos das
renas do Pai Natal que voava no seu trenó em direção ao castelo. As
crianças batiam palmas, cantavam, estavam simplesmente maravi-
lhadas: nunca tinham visto uma festa de Natal e esta era fantásti-
ca…
Foi então que a Maria acordou e viu que tudo não passava de um
sonho. Primeiro ficou um bocadinho triste, mas depois surgiu-lhe
uma ideia. Foi a correr ter com a mãe e contou- lhe o seu sonho e a
ideia que este lhe deu.
– Mãe, podemos dar cá em casa uma festa de Natal para aqueles
meninos que vivem no Lar de Crianças ao fundo da nossa rua?
A mãe pensou e achou que era uma boa ideia. As duas preparam
uma linda festa, não esquecendo um presentinho para cada um.
E foi assim que um sonho… acabou por dar origem a uma ideia
genial que se tornou realidade!
JI Ançã, educadora Fátima e JI Ourentã, educadora Cristina
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Os contos do 1.º CEB
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Um desejo especial
Era uma vez um menino chamado André.
André tinha cabelos pretos e olhos verdes.
Verde era a cor do seu gorro e do seu cachecol.
Cachecol que usava quando tinha frio.
Frio tinha cá fora, mas o seu coração estava quente.
Quentinho sentia-se ele, quando se portava bem.
Bem-educado e divertido era o André.
André vivia numa casa velhinha.
Velhinhos eram os seus avós.
Avós que lhe contavam histórias.
Histórias de encantar que estavam nos livros da biblioteca.
Biblioteca onde ele gostava de estar e vivia muitos sonhos.
Sonhos!?... O seu único e palpitante sonho era ver o Pai Natal…
Pai Natal no seu tapete voador foi para Londres.
Londres era a sua Terra Natal.
Natal estava quase a chegar ao Mundo.
Mundo é grande!
Grande é a doença que afetou o Pai Natal.
Pai Natal encontrou um menino.
Menino era o André.
André curou o Pai Natal!
Pai Natal deu um presente ao André.
André ficou muito feliz.
Felizes estavam as renas do Pai Natal.
Pai Natal, alguém para se agradecer e especialmente para se re-
lembrar!
EB1Ançã, turma 14, prof. Teresa e EB1Cant., turma 3A, prof. Octávio
29
A Caneta Mágica
Numa tarde de inverno, há muitos anos atrás, chegou a casa do
Pai Natal o carteiro Joinquo. Era a época da chegada das cartas e
dos desejos das crianças para o Natal que se aproximava.
O duende Felizardo, encarregado de receber a correspondência,
levou as cartas para a biblioteca, onde os seus colegas leitores a
abriam, liam e separavam conforme os desejos pretendidos.
O Carotim encontrou uma carta que lhe despertou a atenção,
pois era muito pequenina e brilhante.
Ao abri-la, teve alguma dificuldade em identificar o pedido e foi
pedir ajuda ao Pai Natal.
O Pai Natal, com os seus óculos mágicos, descobriu que o pedido
era muito especial e difícil de conseguir.
A carta era de uma criança que queria ajudar todas as crianças a
serem felizes e, para isso, pedia uma caneta mágica que, ao escre-
ver os desejos das crianças infelizes, estes se realizavam.
O Pai Natal, com os seus óculos mágicos, conseguiu satisfazer o
desejo do menino e entregou-lhe uma caneta mágica. Com essa ca-
neta mágica, o menino conseguiu derrotar os vilões e, assim, ajudar
os meninos infelizes.
Os vilões eram o gigante, a bruxa feiticeira, o exército dos zom-
bies e a mosca mutante. A bruxa feiticeira morreu queimada, os
zombies ficaram debaixo de uma enorme pedra, a mosca mutante
cortou uma asa e bateu contra o rochedo. Por fim, o menino acertou
no coração do gigante com a sua caneta mágica e o gigante tombou
para trás e morreu.
Os outros meninos ficaram todos muito felizes e receberam mui-
tos presentes.
Finalmente, os meninos agradeceram ao Pai Natal e ao menino
corajoso e viveram felizes para sempre.
EB1Ançã, turma 14, prof. Teresa e EB1Cant., turma 3A, prof. Octávio
30
O Conto de Natal
Num certo dia, numa bela casa, vivia o avô Fernando e a sua
neta, a Capuchinho Vermelho.
A Capuchinho Vermelho andava na escola e gostava muito de
ler. Então, aproveitava todo o seu tempo livre para ir à Biblioteca
Escolar fazer a sua leitura diária.
Um dia, decidiu escrever o seu próprio livro e escolheu como
personagens o seu avô Fernando, a bruxa Mimi, o feiticeiro, o Pai
Natal e ela própria, a Capuchinho Vermelho.
Na sua história, a Capuchinho Vermelho e o avô Fernando par-
tiram em busca do “GRANDE CORAÇÃO DO AMOR”, mas tiveram mui-
tas dificuldades em encontrá-lo, porque a bruxa Mimi não queria a
alegria das crianças e fazia de tudo para prejudicá-los. Até que o
avô teve uma ideia:
– Vamos até ao castelo do feiticeiro – sugeriu o avô.
– Sim! Boa ideia. Ele tem um livro mágico que nos pode ajudar
– respondeu a Capuchinho Vermelho.
Nesse mesmo momento, partiram em direção ao castelo do
feiticeiro. Aí, o feiticeiro deu-lhes o livro mágico, mas só fazia a ma-
31
gia de espalhar o amor por todas as crianças, se eles entregassem o
livro ao Pai Natal.
Avô e neta aceitaram a proposta do feiticeiro e partiram numa
longa viagem em busca do Pai Natal, para que ele, no seu trenó, fos-
se espalhar o amor e a alegria a todas as crianças.
Crianças que mereciam ser felizes.
Felizes iam o avô e a neta na sua fantástica viagem.
Viagem desconhecida e com muitos perigos!
Perigos, havia muitos e eles tinham de ser corajosos.
Corajosa era a borboleta gigante.
Borboleta gigante que lhes ser-
viu de meio de transporte.
Transporte colorido, mágico e
rápido.
Rapidamente queriam chegar à
Floresta das Árvores de Natal.
Floresta das Árvores de Natal,
onde vivia o Pai Natal.
Natal que estava quase… quase a chegar.
Chegou de repente a bruxa Mimi, saindo de uma nuvem.
Nuvem carregada de trovões e de chuva.
32
Chuva que estragou a poção da bruxa.
Bruxa que fugiu a sete pés e o avô e a neta ficaram livres. E vo-
aram… voaram… voaram…
- Voar?... Vamos parar - gritou o avô, quando no meio da escuri-
dão viu uma luz.
Luz que os deixou mudos e que os ia puxando… puxando… pu-
xando…
… e quando ficaram próximos viram que era a luz do nariz da re-
na Rodolfo.
Rodolfo conduziu-os imediatamente até à gruta cintilante do Pai
Natal.
Pai Natal vivia na gruta da árvo-
re mais alta e frondosa daquela
Floresta.
Floresta maravilhosa que eles
nunca tinham visto! Era tão espe-
cial!
Especial era o livro que o Pai
Natal tanto esperava.
Esperava pelo livro que tinha
desenhado o “GRANDE CORAÇÃO
DO AMOR” nas suas páginas e só
com ele podia ir levar a alegria a
todas as crianças.
Crianças que o esperavam.
Esperavam?!... Mas não esperam
mais!... Partiram imediatamente. Lado a lado, o Pai Natal, no seu
trenó, e o avô e a neta, na Borboleta Gigante, deslizavam pelos
céus…
Céus, terra e por todo o universo, segurando sempre o livro má-
gico, eles espalharam alegria e amor.
Amor e alegria foram os presentes daquele Natal. Um Natal dife-
rente, mas mesmo assim especial e único.
33
Único era aquele livro e, por isso, foi devolvido ao feiticeiro.
Feiticeiro simpático de barbas quase até aos joelhos, que ofere-
ceu ao Pai Natal, avô e neta um chocolate quente.
Quentinhos estavam os seus corações, no fim daquela longa via-
gem.
Viagem inesquecível que chegou ao fim e que a Capuchinho Ver-
melho irá guardar para sempre, contando-a no seu próprio livro.
EB1Ançã, turma 32, prof. Suse e EB1Cadima, turma 30, prof. Irene
34
Natal na Murtelândia
Numa manhã de inverno de muito frio com as montanhas co-
bertas de neve, na Murtelândia, reinava um sentimento de mistério
que vinha da floresta.
Na floresta, vivia a bruxa Branca das Neves que aterrorizava
todas as pessoas da Murtelândia com os seus magníficos feitiços,
pois o desejo dela era tornar-se, pelo Natal, a rainha da Murtelân-
dia. Era tudo o que ela pedia, mesmo que fosse enfrentar o nosso
querido Pai Natal
Estragar o Natal para a bruxa Branca das Neves seria um pra-
zer que só conseguiria realizar após a leitura do Manual da Magia
Negra.
A bruxa Branca das Neves foi consultar o Manual da Magia Ne-
gra para escolher um feitiço que queria lançar ao Pai Natal.
Ela disfarçou-se de velhinha e pensou oferecer-lhe um copo
com uma poção misteriosa para o adormecer e poder lançá-lo na
masmorra.
35
A bruxa Branca das Neves, disfarçada de velhinha, disse:
- Toma, Pai Natal, este copo com chá quente vai dar-te forças
para o resto da noite.
O Pai Natal adormeceu e a bruxa Branca das Neves arrastou-o
e fechou-o numa masmorra húmida e escura. Parecia que não ia ha-
ver Natal na Murtelândia…
A bruxa, afinal, tinha-se enganado a misturar os ingredientes
da poção… O Pai Natal acordou de repente e, cheio de força, deu
um valente encontrão na porta da masmorra e libertou-se.
A bruxa Branca das Neves, ao saber que ele se tinha libertado,
montou na sua vassoura e fugiu para muito longe da Murtelândia.
Assim, todos os habitantes da Murtelândia puderam ter a sua
festa de Natal!
EB1Ançã, turma 1/4, prof. Teresa e EB1Cantanhede, turma 3A, prof. Octávio
36
Um livro perdido
Numa manhã de inverno, numa casa, um duende valente,
corajoso e com estilo, ouve um grito. Quando se aproxima da ca-
sa, o duende vê que um menino está na biblioteca a gritar. Ele
bate à porta e o menino abre.
Quando entra, o duende pergunta:
– O que tens?
– Eu perdi o meu livro infantil e tenho de fazer a leitura.
O duende encontra um mapa e começa a procurar.
Ao ver o mapa com muita atenção, o duende decidiu pedir
ajuda ao Pai Natal, porque só ele o conseguiria fazer chegar à flo-
resta encantada.
A floresta encantada escondia muitos
mistérios, mas também muitos peri-
gos. Chegava a ser muito assustador
andar sozinho nesta floresta.
Vampiros e trolls pregavam muitas
partidas às pessoas que por lá passa-
vam, comandados pela bruxa Mur-
teléfica que não deixava nada ao
acaso.
O livro estava, agora, na posse da
bruxa Murteléfica e muito bem escondido, num tronco de uma ár-
vore muito antiga com mais de cem anos. Era guardada pelos vam-
piros e trolls que para ela trabalhavam, sem nunca descansar.
Ninguém deveria encontrar o livro, porque este continha um
grande segredo. Quem o lesse ficaria a saber como transformar a
bruxa Murteléfica em Murtebondosa e, com isto, acabariam todas
as maldades.
Só na véspera de Natal, antes de chegar a meia-noite, é que
o duende e o Pai Natal conseguiram entrar na floresta encantada
37
e, com a magia do Natal, quebrar o feitiço que por lá pairava.
Entraram a toda velocidade e, com ajuda das renas, espalha-
ram o espírito de Natal, enfrentaram os trolls e os vampiros que pro-
tegiam o livro infantil. Rapidamente resgataram o livro, leram-no
atentamente e executaram a transformação.
A Murteléfica não deu por nada e quando acordou no dia de
Natal já era Murtebondosa. O que era antes uma bruxa despenteada,
repleta de verrugas, corcunda, mal cheirosa e carrancuda deu ori-
gem a uma bela fada de cabelo doirado, bondosa e muito bem chei-
rosa.
O duende e o Pai Natal, ainda com um pouco de medo, aproxi-
maram-se da casa da bruxa para confirmar se a transformação se
tinha dado.
Assim que a viram tão bela, tiveram a certeza do seu sucesso.
Dirigiram-se a ela e disseram-lhe:
– Bom Natal, Murtebondosa. Ainda te lembras de nós?
– Quem são vocês? Já não vejo ninguém há muito tempo e até
achava que iria passar este Natal sozinha.
– Não precisas de ficar triste e sozinha. Podes passar o Natal
38
connosco na Oficina dos Brinquedos, mas, para isso, neste dia espe-
cial, deves fazer uma boa ação.
– Qual será a ação que devo fazer?
– Deves devolver o livro ao menino que precisa dele para fazer
a leitura.
Naquele momento, e num ápice, saltaram todos para dentro
do trenó e, guiados pelas renas, foram até à casa do menino que os
recebeu com muito entusiasmo na sua biblioteca. Convidou-os a fi-
car para um chá junto à lareira e lerem o livro juntos.
EB1Ançã, turma 1/4, prof. Teresa e EB1Cant., turma 3A, prof. Octávio
39
A grande árvore dos desejos
Quase todas as histórias começam com “Era uma vez...”, mas
esta história é diferente, começa numa linda manhã fria e chuvosa.
O Natal aproximava-se, era inverno, as ruas estavam desertas,
porque o tempo ventoso e húmido convidava a estar em casa, ao
quentinho da lareira.
Sara acordou cedo, naquela manhã. Andava muito entusiasmada
com a chegada do Natal e não queria perder tempo. Ela era uma ra-
pariga de 9 anos, alegre, divertida e cheia de sonhos por realizar.
Vivia com os seus pais e o seu irmão mais novo, o Dinis, na linda ci-
dade de Gnômulo.
Já era tradição daquela cidade que, durante a época natalícia,
se enfeitasse a maior árvore que se encontrava plantada na praça
central.
Todas as famílias contribuíam com enfeites para que a linda ár-
vore ficasse ainda mais vistosa, na noite de Natal. Nessa árvore ha-
bitavam os seres mais simpáticos e
bondosos do mundo: os gnômulos.
Os gnômulos eram seres mági-
cos que viviam em paz e harmonia
com os habitantes daquela cidade.
Eles eram os guardiões da grande
árvore, que depois de enfeitada e
iluminada, de vinte em vinte anos,
à meia-noite do dia 24 de dezem-
bro, dava bagas mágicas que conce-
diam aos habitantes daquela cidade
a realização de um desejo de bon-
dade. Era, por isso, uma árvore
muito valiosa.
Sara saiu do quarto apressada
e, quando chegou à cozinha, encon-
40
trou a mãe e perguntou-lhe:
– Mãe, o Natal está a chegar, já pensaste no desejo bom que
vais pedir este ano?
– Oh, não, ainda estou a decidir, mas há tanto para pedir: a cu-
ra de doenças graves, a paz para os países que estão em guerra… –
respondeu a mãe pensativa.
Depois, a Sara olhou para a sala e viu o seu irmão, na sua habi-
tual leitura matinal, a ler um livro requisitado na Biblioteca Escolar
e quis saber:
– E tu Dinis, o que vais pedir?
– Nada, eu detesto o Natal – respondeu o Dinis, que estava qua-
se sempre de mau humor.
Em casa da Sara, como em todas as casas de Gnômulo, todos
andavam atarefados a preparar os enfeites para a grande árvore.
Passaram alguns dias e a poucos dias do Natal, a grande árvore
estava agora cheia de lindos enfeites e preparava-se para ser ilumi-
nada, quando aconteceu uma coisa terrível.
Uma noite, sem que ninguém se apercebesse, apareceu na cida-
de um gnômulo preto com pintas amarelas e orelhas quadradas. Ele
era um ser maldoso e cruel. Roubou todas a luzes e enfeites da
grande árvore e desapareceu.
Na manhã seguinte, os gnômulos acordaram e viram que a gran-
de árvore estava vazia e apressaram-se a avisar todos os habitantes
do sucedido. Ora, a grande árvore só dava as tais bagas mágicas se
estivesse enfeitada e iluminada na noite de Natal e há vinte longos
anos que muitos esperavam esta noite.
Ao saber do sucedido, todos ficaram aflitos e desesperados, pois
já não tinham mais tempo para refazer os enfeites, faltava apenas
um dia para a noite de Natal. Sara arranjou um plano e tomou uma
decisão: foi ter com os gnômulos e prometeu-lhes que iria encontrar
o culpado.
A sonhadora menina começou, então, a pôr o seu plano em prá-
tica. Mas precisava de um ajudante. Lembrou-se do seu irmão Dinis.
41
Com certeza que seria uma ajuda valiosa, pois, de tanto ler livros de
aventuras e de polícias e ladrões, já pensava como um detetive as-
tuto.
Apesar de Dinis detestar o Natal, não foi difícil convencê-lo a
participar na investigação da recuperação dos enfeites de Natal. O
rapaz adorava um bom mistério e, depois dos elogios rasgados que a
sua irmã lhe fez, em relação às suas capacidades ‘sherlockianas’,
rapidamente puseram um plano em prática.
Os dois irmãos lembraram-se que a D. Leontina, uma das habi-
tantes da cidade, contribuía sempre com um enfeite que tocava um
doce cântico de Natal, apenas percetível aos ouvidos muito sensíveis
dos gnômulos. Mas esta melodia tinha ainda uma outra particularida-
de: só os gnômulos bondosos a conseguiam ouvir.
Seria então necessário recrutar os gnômulos da árvore para pro-
curar pela cidade os enfeites escondidos. E assim foi. Sara e Dinis
arranjaram um mapa da cidade e formaram três patrulhas de gnô-
mulos. Cada patrulha tinha um guia. A Sara ficou responsável pela
patrulha A, o Dinis pela patrulha B e a mãe deles pela patrulha C. O
tempo urgia e era necessário encontrar os enfeites porque a noite
da consoada aproximava-se.
As três patrulhas lançaram-se então na busca do enfeite musi-
cal. Cada uma seguiu um percurso diferente de forma a cobrirem
todas as zonas da cidade, tal como tinham planeado. Os gnômulos e
as suas grandes orelhas pontiagudas seguiam muito atentos e hirtos,
olhando para todo o lado.
Era já de tarde, quando as três patrulhas se voltaram a reunir
junto da árvore para trocar impressões. Muito tristes e cabisbaixos
lá apareceram junto do local combinado. Ninguém tinha ouvido
qualquer cântico de Natal vindo de lado algum. Parecia uma missão
impossível recuperar os enfeites da árvore.
De repente, o Dinis gritou:
– Eia, já sei! Já sei onde poderá estar o gnômulo malvado.
– Então? – disse a Sara desnorteada.
42
E o Dinis explicou:
– Lembram-se da cabana da floresta? Aquela que todos nós dizí-
amos que estaria assombrada e que nunca chegamos perto quando
vamos brincar para a floresta? Pois bem, só pode ser aí que o gnô-
mulo malvado está escondido. Ele sabe que nós nunca nos lembrarí-
amos de procurar aí, pois temos muito medo de nos aproximarmos
daquele sítio.
E numa questão de cinco minutos, as três patrulhas organizaram
-se e puseram-se em marcha até à floresta que circundava a cidade.
Ao aproximarem-se da cabana, viram que havia luz e que a cha-
miné deitava fumo. Estava já a anoitecer e não podiam perder tem-
po. Aquele local era a única réstia de esperança que restava tanto
aos gnômulos como aos habitantes daquela cidade. No entanto, não
se ouvia nada. Nenhum som, nenhuma melodia harmoniosa, nenhum
cântico “perlimpipante” saía da cabana fumegante. A tristeza paira-
va no ar.
Sara deu a mão a um dos gnômulos que já lacrimejava. Juntos
dirigiram-se à cabana. A menina respirou fundo, encheu-se de cora-
gem e bateu à porta. A porta abriu-se, mas ninguém apareceu. Sara
lembrou-se das histórias fantasmagóricas que o irmão lhe contava
acerca daquela cabana e quase dava meia volta para desatar a cor-
43
rer para junto da sua mãe, quando se lembrou do gnômulo que lhe
dava a mão. Sentiu que a agarrava agora com mais força. Olhou para
baixo e, em vez de um, viu dois gnômulos. O seu companheiro de
patrulha e… o gnômulo malvado. Pois claro, a porta não se abriria
sozinha, era óbvio. Os gnômulos é que são uns pequenos seres que
muitas vezes estão fora do alcance do nosso olhar e daí não se ter
apercebido daquele estar mesmo aos seus pés, quando a porta
abriu. Sentiu-se um pouco pateta, mas recuperou assim que o gnô-
mulo bom a começou a puxar para dentro da casinha. Sem trocarem
qualquer palavra, Sara percebeu que o seu companheiro a guiava
até um baú muito velho e com um aspeto pesado.
– É ali – disse o gnômulo exaltado – é ali que estão os enfeites.
Ouço a melodia de Natal como se estivesse na minha árvore.
Entretanto, também já Dinis e a mãe se encontravam ao lado de
Sara. Juntos fizeram um esforço e conseguiram abrir o pesado baú.
E lá estavam eles. Reluzentes e encantadores. Finalmente ti-
nham encontrado os enfeites de Natal. Mesmo a tempo da noite na-
talícia.
Regressaram todos juntos para a cidade, enquanto os gnômulos
assobiavam uma linda melodia. Seria, talvez, a bela melodia que
entoava do enfeite da D. Leontina e que era impercetível aos ouvi-
dos humanos. Ah, e que belo som era aquele! Pensavam os irmãos
Sara e Dinis.
E, assim, os gnômulos, a Sara, o Dinis, a mãe destes e todos os
habitantes da cidade colocaram de novo os enfeites na árvore e vi-
ram brotar as tais bagas mágicas. Naquela noite, a Sara desejou que
o gnômulo malvado se tornasse bondoso para que pudesse partilhar
de toda aquela magia e assim nunca mais praticar o mal. Todos os
habitantes da cidade fizeram desejos semelhantes: que o mal aban-
donasse o interior dos seres maus e todos pudessem sentir a felicida-
de dentro de si. Desta forma, seria impossível o mal voltar a apare-
cer seja lá de que forma.
EB1Cantanhede, turma 4B, prof. Rui e EB1Cordinhã, turma 34, prof. Aida
44
O livro tão desejado
Há muitos anos, numa noite de inverno, o Pai Natal vinha do
Polo Norte com o seu trenó carregado de presentes, para responder
aos pedidos feitos pelas crianças das escolas. Trazia carros, bone-
cas, jogos, livros e muitos mais presentes.
As suas renas, numa curva apertada, deram um salto e um livro
saltou do trenó e caiu, lá do alto. Esse livro tinha sido pedido por
um menino muito pobre que não tinha livros de histórias e se encon-
trava muito doente. Ele tinha escutado a leitura desse livro na bibli-
oteca escolar, na hora do conto e, como gostou tanto da história,
resolveu pedi-lo como presente, para este Natal. O livro ficou irre-
cuperável.
O Pai Natal ficou muito aflito e ligou do seu globo mágico para
os seus ajudantes, os duendes, que tinham ficado a ultimar mais al-
gumas encomendas, na sua oficina dos presentes. Eles, depois de
ouvirem o telefonema urgente do Pai Natal, tentaram imediatamen-
45
te fazer outro mas… algo correu mal…
Os duendes fazem os livros de maneira diferente: ordenam as
letras no estendal da roupa, depois de irem ao mundo das letras,
por um túnel secreto e colam as palavras com a fórmula mágica
“Zizicolagem”.
Como os duendes tinham muita pressa, colaram as palavras den-
tro do livro, mas esqueceram-se de dizer a fórmula para as colar.
Enviaram o livro ao Pai Natal por uma rena que se tinha magoado e
não tinha ido com as outras, mas sabia o caminho.
Na noite de Natal, o Pai Natal entregou o presente pela chami-
né. O menino acordou com o baralho do saco a cair e levantou-se
para ver se tinha recebido o seu presente tão desejado. Muito feliz,
abriu o livro e as letras brincalhonas saltaram, pularam, flutuaram e
riram. O menino ficou surpreendido e, um pouco assustado, escon-
deu-se atrás do pobre pinheiro que apenas tinha uma estrela no to-
po.
As palavras, atraídas pela estrela cintilante, deram as mãos e
formaram grinaldas coloridas que enfeitaram a árvore de Natal.
O menino ficou muito contente, aproximou-se e observou que,
no pinheiro, havia uma grinalda que formava a palavra “Saúde”. As
letras felizes, que sabiam que o menino tinha pedido o livro ao Pai
Natal, rodopiaram como um tornado, cantando “Zizicolagem”. Num
ápice, entraram no livro, colaram-se e tudo ficou silencioso.
O menino pegou no presente e viu que era o livro que ele tinha
desejado: O beijo da palavrinha, de Mia Couto.
EB1Cordinhã, turma 34, prof. Aida e EB1Cantanhede, turma 4B, prof. Rui
46
O Cientista
Era uma vez um cientista chamado Tomás. Ele era alto e tinha
cabelo castanho. Vivia num planeta muito distante. O Tomás andava
a estudar os robots, gostava muito de ter um.
Um Livro contou-lhe que havia um robot numa gruta do planeta
Júpiter.
– Diz-me uma coisa: de onde é que tu vens? – perguntou o To-
más.
– Eu venho da biblioteca escolar de Cantanhede – respondeu o
Livro.
Eles ficaram amigos, mas, no caminho o Livro lembrou-se de
que havia uma bruxa a guardar o precioso robot e avisou o Tomás. O
cientista queria tanto um robot que não desistiu.
O Livro estava sempre a dizer que não havia forma de derrotar a
bruxa. No caminho, o cientista encontrou um livro de magia e ten-
tou ler um feitiço. O Livro avisou-o, quando o ouviu a fazer aquela
leitura. Quando chegaram, o Livro leu um feitiço e a bruxa desmai-
ou. Ele ficou muito feliz, tinha realizado o seu sonho.
O cientista foi de foguetão para casa, mas, quando lá chegou,
algo terrível tinha acontecido: a bruxa já lá tinha estado.
Quando a bruxa acordou, apercebeu-se de que o robot tinha de-
saparecido, mas não se preocupou porque tinha maneira de o locali-
zar.
Rapidamente voou na sua vassoura mágica e chegou ao planeta
do cientista. Procurou a casa do cientista e viu que esta estava pre-
parada para celebrar o Natal.
Então, para se vingar, lançou um feitiço a toda a família, rou-
bando-lhe o Espírito Natalício.
O Tomás ficou terrivelmente assustado e começou a chamar:
– Menino Jesus! Menino Jesus! Preciso que me venhas ajudar.
Precisamos de recuperar o Espírito do Natal.
47
Logo, no céu, apareceu uma estrela cadente, ouviu-se ao longe
o trenó do Pai Natal e a algazarra dos duendes que distribuíam as
prendas, ouviram-se sinos a tocar e uma forte luz vinda da estrela
fez brilhar tudo à sua volta.
Em casa do Tomás recuperou-se o Espírito Natalício, pois era
Noite de Natal.
EB1Cantanhede, turma 3A, prof. Octávio e EB1Ançã, turma 14, prof. Teresa
48
O presente especial
O dia acordou com os campos cobertos de orvalho. Os raios de
sol incidiam nas gotículas de água que pareciam diamantes.
O Pai Natal acordou depois de uma noite passada junto à lareira
e começou a ler a lista de presentes que as crianças tinham enviado.
Dirigiu-se à oficina dos brinquedos com ar de preocupado e muito
pensativo. Entretanto, aproximou-se o duende chefe que lhe per-
guntou:
– Que cara é essa? Por que está tão desani-
mado?
E o Pai Natal respondeu apoquentado:
– Estive a ler a lista dos presentes e fiquei
muito admirado com um dos pedidos, pois
era estranho e ao mesmo tempo especial.
O duende Borboleta (“Borboleta” porque
conseguia estar em todo o lado que até pare-
cia que voava), muito intrigado, quis saber
qual era esse desejo.
E o Pai Natal disse:
– Sabes que uma criança me pediu um livro
mágico e eu não sei como fazê-lo?
O duende Borboleta foi chamar o seu colega
duende Esperteza para tentar resolver aque-
la situação.
– Esperteza, Esperteza, precisamos da tua ajuda!
O duende não aparecia, apesar da insistência do seu amigo.
– Ah! Ah! Ah! Então não sabes onde é que ele se encontra? – per-
guntou o Pai Natal.
– Está na Biblioteca rodeado de livros, no cantinho da leitura.
Como ele não aparecia, foram todos ao seu encontro. Contaram
o problema ao duende Esperteza e ele respondeu:
49
– Parece impossível! Acabei de ler, agora mesmo, um livro que
dava instruções que nos podem ajudar.
Apressadamente, dirigiram-se para a oficina do Pai Natal.
Primeiro, foram buscar pétalas de rosa para fazer as folhas do
livro perfumadas; as cascas do pinheiro são para capa, contracapa e
lombada. E veio logo o nosso amigo pavão que deu uma das suas be-
las penas para escrever o título do livro. Chamaram o bicho-da-seda
para dar uns brilhantes fios da seda, para coser as folhas. O duende
Colorido foi chamado para colorir as folhas do livro. Chamou logo os
seus amigos animais, arco-íris, céu, estrelas… para o ajudarem. A
joaninha ofereceu as suas pintas pretas e o vermelho da sua capa; o
arco–íris trouxe as suas sete cores maravilhosas; as borboletas ofere-
ceram um pouco das suas belas e coloridas asas e o livro ficou fan-
tástico! Até algumas estrelas desceram e pousaram nas folhas do
livro que ficaram tão cintilantes e brilhantes! Também o grilo quis
dar a sua contribuição. É preto, é claro, mas também é uma cor im-
portante!
Era Natal e todos queriam partilhar!
Estava pronto, mas faltava a magia…
Foi então que o duende Anão teve uma
ideia! Foi pedir ao grilo que com a sua cor
preta escrevesse:
Livro meu, livro meu
Conta-me o segredo
Que é só o teu!
Estava tudo pronto e o PAI NATAL já podia entregar o presente
tão desejado. Era verdadeiramente um livro mágico!
Sempre que o menino abria o seu livro mágico e lia estes versos
surgiam as mais belas e extraordinárias personagens que davam voz
às mais belas histórias de encantar que o faziam adormecer, sonhar
e acordar feliz para mais um novo dia.
EB1Ourentã, 3 4, prof. Lucília e Luísa e EB1Cadima, turma 43, prof. Alda
50
Numa noite de Natal
Era uma vez um grande castelo cinzento empoleirado numa alta
montanha com o pico coberto de neve. Nesse castelo morava uma
menina chamada Juliana.
A Juliana era uma menina alta para a sua idade e tinha o cabelo
castanho e comprido. Era uma menina muito bonita! Gostava muito
de ajudar os amigos sempre que eles precisavam. Era também uma
pessoa muito inteligente.
A Juliana era muito feliz no seu castelo. Mas queria encontrar
um grande amor…
Na noite de Natal, estava a Juliana na varanda do castelo, quan-
do de repente ela viu um enorme clarão. Do clarão surgiu uma fada
toda vestida de azul que lhe disse:
– Querida Juliana, dou-te esta chave que serve para abrir o que
procuras. Vai em busca da fechadura certa…
Juliana decidiu, então, partir no seu tapete voador, mas a via-
gem foi curta! Perdeu o equilíbrio e caiu no chão, coberto de neve
fofa e branca. Ela rebolou pela encosta, sem conseguir parar. Rebo-
lou tanto e com tanta velocidade que formou uma bola de neve gi-
gante. Só parou quando bateu na porta de uma gruta.
Depois de se recompor, olhou atentamente em seu redor e che-
gou à conclusão que estava no local que procurava.
Juliana surpreendeu-se quando pegou na chave que a fada lhe
tinha dado e a porta logo se abriu.
Dentro da gruta estava escuro, mas, mesmo assim, não hesitou
em entrar. Após alguns passos, começou a ouvir um barulho seme-
lhante ao das cobras:
– Tsssssss, tsssssss…
– Quem está aí? – perguntou a Juliana muito assustada.
O barulho continuava e aproximava-se cada vez mais.
Num instante, ficou frente a frente com a serpente que, com o
51
seu olhar, a hipnotizava.
A Juliana começou a ficar com muito sono, bocejando sem pa-
rar… Queria fugir e continuar a procurar o seu grande amor, mas foi
impossível resistir e acabou por adormecer profundamente.
Quando a malvada da serpente se preparava para a atacar, sur-
giu uma estrela muito, muito brilhante. O seu brilho era tanto que
cegou a serpente e acordou a Juliana.
A menina levantou-se, fixando a luz que indicava o caminho até
ao seu grande amor: o Menino Jesus, que tinha acabado de nascer.
EB1Ançã, turma 23, prof. Fernando e turma 32, prof. Suse
52
A fábrica de brinquedos
Era uma vez um menino chamado Timi. Ele era um menino bem
comportado e muito gentil. Timi gostava muito da época natalícia:
dos doces, dos enfeites, das canções, dos contos de Natal na Biblio-
teca Escolar e, principalmente, dos presentes. No entanto, deixara
de acreditar no Pai Natal, pois há muito tempo que na sua casa nin-
guém recebia prendas.
Sempre que pensava no Natal ficava angustiado porque sabia que,
mais uma vez, não haveria presentes. E pôs-se a pensar: “Será que
há outros meninos como eu?”
Como ele era um menino muito criativo, resolveu fazer algo para
mudar a situação. Após longas horas de leituras, teve uma ideia! Foi
então que decidiu pedir ajuda aos amigos da escola e descobriu que
a Filipa e o Manuel também não recebiam prendas! Todos os colegas
pensaram numa forma de ajudar estes amigos a ter um Natal mais
feliz.
De repente, alguém se levantou e disse:
– Tive uma ideia brilhante! E se mandás-
semos uma carta para o pai do Tiago que é o
dono da fábrica de brinquedos?
– Que ideia fantástica! - disseram todos
ao mesmo tempo.
- Eu escrevo a carta - disse a Júlia.
Os três amigos ficaram muito emociona-
dos com a solução encontrada pelos colegas. E, nesta escola, este
dia foi muito especial porque todos contribuíram para que os três
colegas pudessem ter um Natal mais feliz!
A Júlia escreveu uma linda carta para o senhor Carlos que até
agradeceu a ideia e resolveu, todos os anos, mandar presentes para
os meninos mais pobres.
A partir deste ano, o Natal foi mais feliz para todos!
EB1Cordinhã, turma 12, prof. Isabel e EB1CSul, turma 3B, prof. Manuela
53
Os contos do 2.º CEB
54
55
A descoberta do Natal
Decorria o ano de dois mil e trinta e oito e o Natal já não era o
mesmo. Tudo mudou… O Pai Natal decidiu instalar a sua fábrica de
brinquedos no alto da Serra da Estrela. Já não vivia sozinho, pois
tinha agora uma grande família: a Mãe Natal, o Filho Natal, uma re-
na robótica e um cão.
No cantinho mais isolado da serra, numa aldeia pequenina, en-
contravam-se somente três habitações: a da família Natal, a fábrica
dos brinquedos e a casa do homem que odiava o Natal. Este, por sua
vez, vivia sozinho com o seu filho. Um rapazinho de dez anos, tímido
e triste, pois na vizinhança não havia meninos da sua idade, nem ele
estava habituado a conviver com a família Natal. O seu pai, o ho-
mem que odiava o Natal, sempre evitou que o rapaz soubesse o que
era o Natal, por isso nunca deixou que o filho conhecesse a família
vizinha.
Tudo começou há uns anos atrás, quando o Sr. Natalino, ainda
menino e pobre, procurou, incansavelmente, o Pai Natal pelas ruas
da vila onde vivia, sem nunca o encontrar. Todos os anos, sempre
que voltava para casa, na noite mais desejada pelas crianças, olhava
para o seu pinheirinho e nada encontrava. Cresceu sem acreditar
56
naquilo em que todos os meninos mais acreditavam e esperavam – os
presentes do Pai Natal. Mais tarde, homem adulto, abandonado pela
família e com um filho pequeno para criar, foi isolar-se de todos, na
Serra da Estrela.
Certo dia, o Sr. Natalino, triste por o filho estar isolado e não
saber ler nem escrever, foi à biblioteca escolar buscar um livro para
que o mesmo aprendesse a ler.
Quando chegou a casa, descobriu que o seu filho não estava.
Muito preocupado, saiu à sua procura pela vizinhança e não o encon-
trou. Em pânico, decidiu recorrer à última casa que havia: a fábrica
do Pai Natal. O Sr. Natalino tocou ao sino da porta da fábrica e, al-
gum tempo depois, o duende responsável surgiu à porta perguntan-
do:
─ O que deseja? Um carro, um palácio, …
─ Não, eu apenas quero saber do meu filho José, pois eu fui à
vila e, quando cheguei a casa, ele já não estava.
O Pai Natal, que se encontrava por perto, ofereceu de imediato
a sua ajuda e enviou a rena robótica para acompanhar o Sr. Natalino
na busca do filho. Estes saíram em direção ao bosque que ficava
57
perto da fábrica. Ao chegarem, depararam-se com o José a chorar
junto de um pinheiro. O pai do menino, muito assustado, perguntou:
─ O que é que aconteceu, filho?
─ Eu queria cortar este pinheiro para levar para casa, mas não
consigo ─ respondeu o José.
─ Mas, José, não podemos cortar as árvores, porque elas são es-
senciais para o meio ambiente. Vem comigo para a fábrica, que te-
mos lá um pinheiro para ti ─ declarou a rena robótica.
─ Quando chegaram à fábrica, o Pai Natal, ansioso por saber on-
de estava o menino, recebeu-o de braços abertos. Nessa altura, a
rena robótica entregou ao menino o pinheiro de Natal artificial e o
pai aproveitou para lhe dar o livro sobre o Natal que tinha requisita-
do na biblioteca.
Sentados no chão, à volta de uma lareira, o Pai Natal fez uma
leitura emocionante da história que o pai do menino lhe trouxera.
Com esta história, o Sr. Natalino e o José ficaram a conhecer o signi-
ficado do Natal. A Família Natal convidou-os para passarem a ceia
com eles e, a partir desse momento, o Sr. Natalino e o José festeja-
ram sempre o Natal.
5.ºF , prof. Paula Fidalgo e 6.ºE Paula Abreu
58
Fórmulas Mágicas
Numa manhã de inverno, os duendes e o Pai Natal encontravam-
se numa pequena aldeia, na qual tinham descoberto uma fábrica
misteriosa.
Na quinta onde o Pai Natal e os duendes viviam, havia uma gran-
de plantação de azevinho e de pinheiros que, devido ao clima, esta-
vam a ficar cada vez mais estragados. Deste modo, estes passavam
grande tempo dos seus dias a cuidar deles.
Um dos duendes mais novos, sentindo-se bastante cansado, en-
costou-se a uma estaca da cerca e, do nada, ela rodou e abriu-se na
terra um enorme alçapão, por onde se podia ver uma fábrica subter-
rânea. Muito aflito, correu, apressadamente, para chamar o Pai Na-
tal e os seus amigos e contou-lhes o que vira. De imediato pegaram
nas suas lanternas, numa corda grossa e em várias ferramentas, de
modo a prepararem a descida.
Junto do enorme alçapão, ainda a medo, espreitaram para o in-
terior que tão misteriosamente lançava um finíssimo raio de luz e
depressa perceberam que a descida por aquele buraco sem fim seria
uma tarefa difícil.
O mais destemido dos duendes, não porque fosse forte e muscu-
lado, mas sim porque era o mais audaz de todos, avançou com a
ideia:
– Apertem os pompons! Depressa os nossos barretes ajudarão na
descida. Pai Natal, tu não cabes no buraco! Faz uma leitura atenta
das cartas de Natal, pois o nosso problema com a falta de brinque-
dos rapidamente se poderá resolver.
A queda livre foi tormentosa, mas valeu a pena. Quando todos
chegaram ao chão, depararam-se com um grande salão e, no centro
deste, um extraordinário livro de onde saía a luz. Olharam em volta
e perceberam que estavam numa biblioteca fabulosa, que antecedia
a entrada da fábrica subterrânea. Quem teria construído tudo aqui-
59
lo? Que livros seriam aqueles? Para que serviria ali uma biblioteca?
As questões surgiam umas atrás das outras…
Após a surpresa do momento, focaram-se naquilo que ali os tinha
levado, mas quase desistiram após as várias tentativas para abrir o
grande livro e o folhear. De repente, o Duende mais esperto propôs
que virassem o livro e vissem a contracapa. Foi nessa altura que re-
pararam numa inscrição que dizia: “Apenas o verdadeiro Pai Natal
poderá consultar este livro.”
Depressa reuniram forças e, com muito cuidado, içaram as cordas
e levaram o livro à superfície como se fosse uma joia preciosa. Um
dos duendes já tinha subido e chamado o Pai Natal. Quando este
abriu o livro surpreendeu-se e o seu olhar iluminou-se, pois deparou-
se com centenas de fórmulas mágicas para o tratamento dos azevi-
nhos e dos pinheiros. Também lá encontrou a indicação que podia ir
àquela fábrica buscar todos os brinquedos que lhe faltassem e, dessa
forma, deixar todas as crianças felizes.
5.ºE prof. Paula Abreu e 6.ºF prof. Paula Fidalgo
60
A verdade do Pai Natal
No dia 24 de dezembro de 2015, de manhã, o André, uma crian-
ça muito pobre, dirigiu-se à biblioteca da sua cidade para ler um
conto de Natal. Reparou que, nas estantes dos contos, não existia
qualquer livro.
Admirado, viu que estava
um bilhete em cima de
uma dessas estantes. Ao
lê-lo, ficou a saber que o
Pai Natal tinha levado
todos os contos de Natal
para mostrar ao seu filho
como era a vida do Pai
Natal, nesta época.
De facto, o Pai Natal,
cansado de viver sozinho,
tinha decidido constituir família e teve um filho. O pequenito tinha
dificuldade em compreender por que motivo o seu pai tinha tanto
trabalho nesta época, por isso, o Pai Natal resolveu dedicar um pou-
co do seu tempo à leitura dos livros de Natal que se escrevem para
crianças e mostrar ao filhote como se imagina a vida do Pai Natal.
– Sabes, meu filho, tal como Jesus nasceu e recebeu presentes
na noite de 24 de dezembro, também todos os meninos ficam à es-
pera de receber os seus presentes nesta época. Assim, tenho de fa-
zer muitos brinquedos para as crianças de todo o mundo e aparecer
em muitas lojas, nas montras e nas ruas para as famílias viverem a
quadra natalícia com mais magia.
– Pai Natal, podes continuar a ser um papá assim, pois eu adoro
que sejas amado em todo o mundo, por muitos meninos e pelas suas
famílias!
5.ºE prof. Paula Abreu e 6.ºG prof. Paula Fidalgo
61
Os contos do 3.º CEB
62
63
A magia do Natal
Faltavam algumas semanas para o Natal. O tempo tinha arrefe-
cido bastante e já apetecia vestir roupas mais quentes e estar ao pé
de uma lareira, a beber um chocolate quente.
Era uma tarde de quarta-feira. A escola estava quase deserta. O
vento frio agitava os ramos das árvores quase despidas, fazendo com
que as poucas folhas que ainda resistiam caíssem no chão. Era en-
graçado ver a dança das funcionárias em desespero atrás das folhas
que pareciam estar muito divertidas.
O pequeno João observava aquela cena e não pôde conter o ri-
so. Até as folhas gostavam de brincar! Era um aluno do 5.º C, franzi-
no, moreno, de olhos azuis, cabelos escuros e encaracolados. O Jo-
ãozinho, como carinhosamente lhe chamavam os poucos amigos que
tinha, era um rapaz humilde, tímido, curioso, simpático, bem-
educado, mas que tinha alguma dificuldade em se relacionar com as
64
outras pessoas. Por isso, frequentava regularmente a biblioteca es-
colar, onde podia mergulhar no seu mundo, envolvido nas fantásti-
cas histórias que lia.
Naquele dia, tinha pedido aos pais para ficar na escola, pois
desde o dia anterior que um grosso livro de capas douradas não lhe
saía do pensamento. Só ele sabia da sua existência. Tinha-o avista-
do, por acaso, atrás de uma prateleira, escondido e ele apenas o
descobrira, porque um tímido raio de sol fizera brilhar, por instan-
tes, as suas capas de ouro.
Atravessando o polivalente estranhamente silencioso, João qua-
se que corria em direção à biblioteca. Quando abriu a porta, sentiu
um arrepio. Cumprimentou a D. Olga e a D. Clarinda e foi ocupar o
seu lugar habitual, junto à janela que dava para o bloco A. Depois,
discretamente, levantou-se e caminhou em direção ao sítio onde, no
dia anterior, tinha avistado o misterioso livro. Com as mãos a tremer
e os olhos a piscar, retirou delicadamente o livro do esconderijo e,
como se segurasse um recém-nascido, voltou para o seu lugar e sen-
tou-se.
Antes de abrir o livro, acariciou as suas capas cintilantes e leu o
título: A magia do Natal. Enquanto abria a primeira página em bran-
co, uma súbita tristeza pairou sobre o João e uma lágrima sentida
escorreu pelo seu rosto, caindo sobre o livro. Ele já não tinha um
Natal feliz há alguns anos! Mas, qual não foi o seu espanto ao ver
que, no papel em branco onde a lágrima secara, surgiu a seguinte
mensagem: “Para uma criança especial”.
“Como poderei ser uma criança especial… sem presentes no Na-
tal e os meus pais desempregados?” – questionou-se. No entanto,
não deixou de ficar curioso e foi folheando calmamente o livro dou-
rado na ânsia de descodificar a mensagem.
No final do livro, encontrou uma fotografia de uma família a
festejar o Natal. Aquelas pessoas eram-lhe familiares. Apercebeu-se
de que se tratava dos seus pais, bem mais velhos, sentados em ca-
deiras de baloiço, rodeados por um jovem casal com os seus filhos,
65
um cão e um gato. O jovem pai tinha olhos azuis e cabelo castanho
encaracolado. Via-se nos seus rostos que era uma família unida e
feliz.
Pareceu-lhe que a imagem ganhara vida e compreendeu. Os lin-
dos olhos azuis de Joãozinho transformaram-se num rio. Aquela
inexplicável experiência ensinara-o que o tempo não para: teria de
dominar a sua tristeza, fazer amigos, não desistir dos seus sonhos…
aproveitar aquela idade de ouro.
Concluiu que A magia do Natal não se revelava nos presentes
que se recebe, tal como sempre pensara, mas na vivência harmonio-
sa da família.
Sorriu. A fotografia desapareceu.
8.ºA prof. Ana e 7.ºE prof. Rui
66
A chegada da felicidade
A grande mudança na cidade dos doces aconteceu em 2074, três
dias antes do grande dia – aquele por que todos esperavam ansiosa-
mente trezentos e sessenta e quatro dias –, o fantástico dia de Na-
tal.
Cantadoce não imaginava a tragédia que estava prestes a acon-
tecer! Cantadoce era aquela cidade onde todos desejavam viver e
onde todos eram felizes, porque só aqui se festejava o Natal. À sua
volta existia uma muralha multicolor de gomas de todos os motivos e
sabores que as cidades ao seu redor desejavam destruir. Cantadoce
era o paraíso dos doces: rios de nutella, nuvens de algodão doce,
camas de marshmallow, árvores de pipocas, plantas de chupa-
chupas e ainda o maior parque de diversões do Universo.
Numa cidade muito próxima de Cantadoce, chamada Assombra-
ção, há muito tempo, tinham sido roubados todos os doces e, por
causa disso, os habitantes que nela viviam ficaram frios e arrogan-
tes. Ora, eles sabiam que na cidade ao lado se festejava o Natal, por
isso mandaram um dos duendes da sua comunidade espiá-los en-
quanto os habitantes da cidade Cantadoce descansavam. Esse duen-
de chamava-se Travessura. Apesar do seu nome sugestivo, nenhuma
67
das suas características inspirava simpatia: era mau, frio e muito
arrogante; tinha orelhas pontiagudas, estatura pequena e era muito
feio. Estava esfomeado porque já não comia há alguns dias. Olhou
para as guloseimas. Como tudo lhe parecia bastante apetitoso, não
sabia o que escolher. Decidiu, finalmente, começar pelas plantas de
chupa-chupas. Não gostou. Foi buscar pipocas. Também não gostou.
Provou as restantes guloseimas, mas não gostou de nenhumas. Todas
elas eram, apenas para ele e para os habitantes da sua cidade, aze-
das por causa do seu carácter amargo. Faltava-lhes qualquer coisa…
faltava-lhes o doce.
Tirou o seu saquinho com o pó de magia e soprou-o na direção
dos doces. Travessura voltou a provar os doces um a um, as nuvens
de algodão, as camas de marshmallow, as pipocas, a massa de cho-
colate, os chupa-chupas… e, felizmente, os doces, atingidos pelo pó
mágico, não tinham sofrido nenhuma alteração. Para o duende con-
tinuavam pouco saborosos.
Incapaz de compreender a ineficácia da sua poção mágica, con-
tinuou a espiar os habitantes da cidade. E que descobriu? As ruas
enfeitadas de bolas em tons de dourado e vermelho, crianças a brin-
car alegremente e a saborear as suas guloseimas, adultos sorridentes
e até os animais pareciam sentir-se felizes.
Travessura compreendeu então o que era o amor. Pouco a pouco
sentiu-se agradavelmente contagiado. O mau feitio fugia-lhe mais
depressa do que alguma vez imaginara. Ah! E como era bom deixar
aquela felicidade entrar-lhe no coração e percorrê-lo até à ponta
das unhas e dos cabelos! Era uma luz, era uma flor que desabrocha-
va sem pedir licença e era bom e doce!
O duende sentiu que a sua cidade precisava de conhecer aquele
modo de viver. Assim, regressou a toda a velocidade à sua cidade e
trouxe o seu povo para observar aquela forma de vida. O efeito foi
imediato. O amor venceu a amargura. E as duas cidades celebraram
juntas a noite de Natal.
7.ºD prof. Mª Alberto e 9.ºD prof. Júlia
68
O duende cor-de-rosa
Todos os anos, quando o Natal se aproximava, a criançada, ao
fim da tarde, corria desenfreadamente jardim abaixo para ganhar os
primeiros lugares na sala da biblioteca escolar, onde diariamente a
leitura de um conto natalício os deixava a sonhar.
Dia após dia, o entusiasmo crescia. Porém, ao terceiro dia, o
Paulo e o Jorge estavam longe de imaginar que viriam a ser notícia
mundial.
Na verdade, distraídos com as luzes que enfeitavam a entrada
da escola, os meninos viram-se obrigados a atravessar sozinhos o
jardim central de Cantanhede. A meio do caminho, viram um trenó
puxado pelas renas mágicas sobrevoar o céu. Primeiro ficaram imó-
veis, depois esfregaram os olhos, pensando tratar-se de uma visão e,
lá para a décima esfregadela de olhos, que viram eles? Era mesmo
um trenó e as suas renas mágicas. Além disso, o Pai Natal confirma-
va a rota para deixar alguns brinquedos para as crianças mais neces-
sitadas. Porém saberia ele que dentro do edifício abandonado, onde
se abrigara da neve àquela hora, iria deparar-se com um duende cor
-de-rosa que tremia de frio e medo a um canto, chorando desespera-
do, com as roupitas todas rasgadas? Ao ver a triste cena, o Pai Natal,
que, como todos sabemos, é muito carinhoso e não conseguia ver
ninguém com lágrimas nos olhos, a não ser de tanto rir de alegria,
aproximou-se do pequenito e, tirando o seu barrete, aconchegou-o.
– Que se passa contigo, duendinho? Não estamos propriamente
em época de tristezas! Conta-me a tua angústia.
Foi então que a criatura, assustada, revelou que por causa da
sua cor rosada fora marginalizado e mesmo maltratado pelos outros
duendes que consideravam o verde a única cor aceitável na sua co-
munidade.
– “Duende que é duende, tem de ser verde e não um enfezado
cor-de-rosa, ó rosinha saloia…” – disseram eles, cruéis, até me dei-
xarem neste estado, sozinho e abandonado – lamentou-se o duende
69
infeliz. – Ainda por cima, a comuni-
dade de duendes vivia há várias se-
manas no meio da escuridão, porque
as lâmpadas duendinas que costu-
mam iluminar as suas cabanas tinham
avariado de vez, andando todos mui-
to mal-humorados e soturnos.
O Pai Natal apressou-se a procu-
rar ajuda, já que estava cheiinho de
pressa, pois a hora de distribuir os
presentes estava a escassear.
– Tenho de encontrar alguém que me ajude a resolver esta em-
brulhada. Este pobre duende, em plena quadra natalícia, ser vítima
de discriminação…só porque é cor-de-rosa? Não pode ser! Aguenta-te
aí um pouco, rapazito. Vou procurar ajuda.
Àquela hora, ninguém passava por aquelas bandas, pois a neve
teimava em cair e o frio não convidava ninguém a passeios pelo par-
que. A não ser o Paulo e o Jorge que, de tão entusiasmados que es-
tavam para ir ouvir os contos lidos na Biblioteca, passavam por ali
naquela tarde. “Nem mais”, pensou o Pai Natal. No sítio certo à ho-
ra certa.
Eles, ao ouvirem contar o caso, nem pensaram duas vezes e dis-
ponibilizaram-se de imediato.
– Ali está ele, meninos. A tiritar de medo e de frio… Podem ficar
com o meu barrete que é todo forrado de pelo quentinho. Vai aju-
dar, acreditem.
– Vai descansado, Pai Natal! Trataremos dele com todo o cuida-
do. Podes confiar em nós!
Paulo e Jorge aproximaram-se delicadamente do duende e, fa-
lando-lhe com palavras carinhosas, lá foram conseguindo que ele se
tornasse um pouco mais confiante e aceitasse aconchegar-se no con-
fortável barrete do Pai Natal. Palavra puxa palavra, o pequeno du-
ende lá explicou a sua angústia. Enquanto falava, contou também da
70
aborrecida escuridão em que vivia ultimamente a comunidade de
duendes. E acrescentou:
– Se eles soubessem como as minhas pontiagudas orelhas rosadas
produzem milhares de estrelinhas luminosas quando estou feliz… Se
eles soubessem como a alegria, a paz e a solidariedade pode produ-
zir energia suficiente para iluminar uma cidade…
– Alegra-te, rapazito! – ex-
clamou o Paulo. Para nós, hu-
manos, tu seres duende ou ou-
tra criatura qualquer, cor-de-
rosa, verde ou de qualquer cor
do arco-íris, é igual. Se és bon-
doso e o teu coração tem amor
para dar, serás sempre aceite
e farás de nós seres mais feli-
zes.
Ao ouvir estas palavras, o
duendito esboçou um sorriso e
rapidamente das suas orelhas
com o bico apontado para o
céu começaram a sair explo-
sões de partículas cintilantes
que voaram através da neve
pelo firmamento até alcançarem a escura cidade dos duendes verdes
que se encheu subitamente de luz.
Ao se aperceberem da causa deste ”milagre”, os duendes reco-
nheceram que o que os escurecia era a injusta discriminação com
que agrediam o duende rosado. E o abraço deu-se.
Paulo e Jorge, depois deste episódio, acabaram vendo os seus
nomes nas primeiras páginas dos jornais, que os louvaram pelo ver-
dadeiro espírito natalício que demonstraram, explicando ao mundo
que só o amor puro que não escolhe cor, género, raça ou formato
das orelhas pode verdadeiramente “iluminar” o mundo.
9.ºD prof. Júlia e 8.ºC prof. Raquel
71
O lenhador arrependido
Numa bela manhã, numa floresta verdejante onde os pássaros
cantarolavam alegremente e a água corria pelas ribeiras abaixo, dois
amigos passeavam, conversavam e procuravam um pinheiro para en-
feitar o largo da sua velha aldeia.
De repente, apareceu um lenhador com cara de zangado, trazen-
do consigo um pequeno machado ao ombro. Os amigos ficaram mui-
to assustados com receio do lenhador que se aproximava muito rapi-
damente deles. Então, o lenhador perguntou- lhes:
– O que é que vocês andam aqui a fazer?
– Andamos à procura de um pinheiro para enfeitar e alegrar o Na-
tal da nossa aldeia – responderam eles.
– Mas, nós estamos numa floresta protegida e por isso é proibido
cortar qualquer árvore. Portanto, desapareçam daqui! – disse o le-
nhador.
– Por favor, deixe-nos levar um pinheiro para simbolizar o espírito
natalício! – retorquiram os dois.
– Não, não pode ser! Vou chamar a guarda-florestal – afirmou.
– Não, não chame! Nós vamos embora! – exclamaram.
Nessa altura, os dois amigos, muito tristes e desiludidos, decidi-
ram voltar para a sua aldeia. Mas, pelo caminho, perderam-se. Co-
mo se aproximava a hora do almoço, procuraram algum alimento
para saciar a sua fome. Foram andando, andando até que se aperce-
beram de um cheirinho irresistível a uma sopa acabada de fazer!
Quando o estômago dá horas, todo o cheiro a comidinha se torna
uma pista a seguir, mesmo que perigosa. Caminharam sem pensar,
doidos de fome, até se depararem com um casebre que não fazia
adivinhar o mais ténue sinal de enfeites tão característicos da qua-
dra natalícia. Na verdade, todo o ambiente que envolvia aquele es-
paço era terrivelmente assustador e qualquer um com dois dedos de
juízo arrepiaria caminho para evitar males maiores… Mas, como a
72
curiosidade matou o gato, rodearam o pequeno quintal que envolvia
a casa, dando voltas e mais voltas até a fome os vencer e os impelir
a entrar. Que cheirinho!
Deram com uma janela partida que poderia muito bem ter sido
uma forma de entrar. Mas como estes episódios de fome, ultima-
mente, eram frequentes e redundavam em jantaradas noite fora,
tinham engordado de tal forma que desistiram da ideia. Ainda des-
cobriram um sem número de pequenas entradas, mas… o problema
era sempre o mesmo. Caber… nada!
De tal maneira desorientados de raiva e fome, desataram a discu-
tir, qual deles o mais furioso:
– Bem te avisei que isto de sair de casa sem levar almoço é muito
má ideia!
– Ora, ora! A culpa foi toda tua! Agora utiliza essa tua cabeça du-
ra para sairmos deste sarilho! – retorquiu o mais velho, empurrando-
o. Desequilibrado, bateu com a cabeça num velho escadote de ma-
deira. – Escadote de madeira? Ora! A tua cabeça finalmente serviu
para alguma coisa!
Parecendo um presente dos deuses, treparam atabalhoadamente
até ao telhado. A chaminé parecia ser uma boa solução. Mas, antes
de alcançarem o topo, o telhado, rangendo como uma noite de tro-
voada, fazia prever o pior. E aconteceu: caíram os dois redondos
como bolas de chumbo mesmo em frente ao nariz do… lenhador!
Refeitos da situação patética, tentaram balbuciar algumas palavras
em sua defesa.
– Nós … nós… n… – olhando-se mutuamente sem ter mais o que
dizer.
Olhando em redor, os irmãos reconheceram, perplexos, uma
quantidade absurda de pequenos pinheiros cortados, amontoados ao
fundo da sala, prontos talvez a serem vendidos ou mesmo para servi-
rem de lenha na lareira daquele homem. Estas pequeninas árvores,
conheciam-nas eles muito bem, faziam parte da floresta protegida
da sua aldeia, aquela mesma onde ninguém poderia abater nenhuma
73
delas.
– Como ousaste mentir a toda a comunidade? Mentiroso! Traidor!
Vamos contar este crime a toda a aldeia… A não ser… que prometas
não mais cometer esta atrocidade contra a natureza.
O lenhador, como pedido de desculpa, ofereceu-lhes um dos pi-
nheirinhos para que servisse de árvore de Natal colocada no centro
da praça da aldeia. Prometeu também nunca mais fazer mal à natu-
reza e nunca mais mentir.
Há males que vêm para bem. E o espírito natalício inundou toda a
aldeia.
8.ºC e 9.C prof. Teresa e 8.ºE prof. Raquel
74
O Natal no Pico Congelado
Estávamos no ano de 1900, no virar do século. Era dezembro e o
Natal já estava à porta. Na pequena ilha do Gelo, muito próxima do
Pólo Norte, todos os habitantes da aldeia de Pico Congelado traba-
lhavam na decoração da árvore de Natal gigante que ficava junto à
igreja, no meio da praça.
No meio de tanta alegria e entusiasmo, as pessoas esqueciam
por momentos o grande drama que viviam há séculos. Os Piratas das
Trevas, vindos do sul, que não gostavam do Natal, talvez porque
nunca tinham entendido o seu verdadeiro espírito, saqueavam a al-
deia, destruindo tudo à sua passagem. E todos os anos, a árvore, que
era erguida com tanto trabalho e esperança, era destruída cruel-
mente por eles, porque era o símbolo mais importante do Natal.
No entanto, os habitantes de Pico Congelado, apesar de terem
de reconstruir tudo, depois da invasão, todos os anos continuavam a
decorar a árvore na esperança de que tudo mudasse. Na verdade,
todos pensavam numa lenda antiquíssima, segundo a qual a solução
estaria escrita em algum lado, perdida no tempo e no espaço
Nessa aldeia, vagueava pelas ruas um mendigo, de olhos tristes
75
e roupas rasgadas. Para caminhar, apoiava-se num cajado de madei-
ra de castanheiro. Tinha um ar misterioso que intrigava toda a gen-
te. Costumava abrigar-se numa antiga biblioteca, em ruínas, situada
longe do centro da aldeia. Aí passava as longas noites de inverno a
ler, à luz do luar. Parecia que procurava alguma coisa entre os mui-
tos livros espalhados pelo chão.
Faltavam dois dias para o Natal. A aldeia era dominada por um
sentimento contraditório: uma alegria cheia de receio, porque os
piratas deviam estar a meio do caminho…
Era já de noite e, na biblioteca abandonada, o mendigo lia. Su-
bitamente, pela janela de vidros partidos, entrou uma brisa mais
forte e um raio de luar que incidiu sobre um livro de capas rasgadas,
com o título em letras douradas: “O verdadeiro espírito de Natal”.
Os olhos do mendigo brilharam como a luz de uma estrela… e
pensou: “Será que este ano vou ter um Natal quentinho e com comi-
da abundante?”
De repente, o Livro começa a falar e o mendigo assusta-se.
– Se me leres até ao fim, terás um Natal de sonho! Se consegui-
res decifrar o enigma que eu tenho nas minhas páginas, os piratas
não voltarão a atormentar esta cidade.
76
O mendigo diz:
– A sério? Vou já tentar decifrá-lo.
– Espera, eu ainda não te disse tudo – disse o Livro. Quando os
piratas forem embora, vão deixar-te um tesouro! Mas, afinal, como
te chamas?
– Eu sou o mendigo João. quero saber todos os seus pontos fra-
cos.
– Há quanto tempo estás aqui?
– Não sei ao certo…mas já devem ter passado alguns anos, pois
já li muitos livros. Mas nunca te tinha encontrado, foste uma grande
surpresa.
– Então, já deves saber bastantes coisas sobre os piratas! Posso
dar-te mais algumas dicas, se quiseres…
– Mas é claro que sim! Desembucha já!
– Eles detestam que os tratem como derrotados e principiantes
no ramo da pirataria, mas espera um segundo…
O livro nunca mais respondia. E João, irritado, gritou furiosa-
mente:
– Responde lá, seu Livro velho!
O Livro começou a chorar, pois não gostava de ser ofendido. Jo-
ão, arrependido com os seus atos, disse sussurrando:
– Desculpa, não costumo ser assim. Mas quando penso naqueles
piratas… fico fora de mim.
Por entre soluços, o Livro disse:
– Tudo bem, compreendo-te perfeitamente. Por esse motivo,
escondi-me nesta misteriosa biblioteca.
O Livro contou-lhe tudo sobre os piratas. Nesse mesmo dia, eles
apareceram. João pôs mão à obra, refletindo sobre o que o livro lhe
tinha dito.
Conseguiu derrotá-los, agradeceu ao Livro e também foi home-
nageado pelos habitantes do Pico Congelado.
Graças a João, nos Natais seguintes não houve mais percalços.
E João teve o Natal que sempre sonhou!
8.ºB prof. Ana e 7.ºA prof. Zélia
77
Salpicos de Coca-Cola
Há muitos, muitos anos, numa fábrica de brinquedos situada na Lapó-
nia, aconteceu uma coisa extraordinária: os brinquedos ganharam vida e
começaram a procurar o Pai Natal, porque preferiam estar com crianças do
que estarem fechados numa velha fábrica.
Os duendes do Pai Natal receberam uma mensagem, via Teleduende,
dos brinquedos a manifestarem a sua tristeza e de imediato o avisaram.
O Pai Natal ficou surpreendido com o estado de espírito dos brinque-
dos, ficando muito triste a pensar numa maneira de resolver o problema,
pois faltavam alguns dias para o Natal.
Pensou, pensou, pensou até que teve uma brilhante ideia. Resolveu
convidar todas as crianças de uma aldeia da Lapónia para passarem um dia
na fábrica e, assim, distraírem os brinquedos. Mal as crianças da aldeia
souberam do convite, ficaram muito felizes.
Muito entusiasmadas, elas resolveram criar um calendário para sabe-
rem quanto tempo faltava para o Natal, pois era a primeira vez que o iriam
festejar.
Houve um pequeno imprevisto, a Mãe Natal ficou contagiada com um
vírus chamado “Natalismo”, alterando-lhe a personalidade, o que originou
78
uma grande discussão com o Pai Natal.
Então mandou retirar as decorações, brinquedos e tudo com ligação ao
Natal. Os duendes estranharam tal comportamento. Reuniram-se todos e
chegaram a um acordo: enviaram uma mensagem urgente ao Pai Natal, via
Teleduende.
Ele, ao saber da situação, pegou na sua mota da neve e foi sempre a
acelerar!
Ao chegar à fábrica, algo estava errado. Onde estariam as suas decora-
ções de Natal?
Chamou o duende supremo, pois ele saberia dar-lhe uma explicação.
– O que se passou aqui?
– Ao certo não sei, mas…
– Como não sabes?! Tu é que és o responsável da fábrica!
– Eu creio que tenha sido a sua esposa.
– Como assim? Ela adora o Natal tal como eu!
– Então não se lembra que ela foi contagiada por um vírus?
– Ora!... Chamemos, de imediato, o Dr. Rodolfo que ele tem sempre
uma solução mágica e, geralmente, muito doce que cura sempre as maze-
las do corpinho e da alma também. E a Dona Natalícia anda mesmo a preci-
sar de uma poção mágica que lhe cure aquele mau humor e devolva a ale-
gria e o espírito natalício. Que te parece?
O Pai Natal, ao contrário do que todo o mundo pensa, não é sempre
aquele velhote bonacheirão que acede, sem condições, a todos os pedidos
que recebe. Mas… nesta situação difícil, a única coisa que lhe apetecia era
desenrascar-se e livrar-se deste problema que afetava tantas pessoas e tor-
nava difícil alcançar o espírito natalício. E sem ele, não haveria Natal.
Não havia alternativa. Faltavam poucos dias para a noite mágica de
Natal. De novo, acelerou na sua mota-natal em busca do Dr. Rodolfo. Pro-
curou por montes e vales (que o diabo do homem esconde-se sempre nos
mais recônditos lugares) e foi encontrá-lo dentro dum pequeno iglu perdido
na imensidão gelada e branca da Antártida, a brincar com os pinguins.
- Aleluia, criatura! Como quer que alguém o encontre neste fim de
mundo?!...
- Tirei uns diazitos para vir visitar os meus primos. Está com um ar
exausto e um tanto desesperado. Que se passa, amigo?
Enquanto o Pai Natal gaguejando, explicava o seu caso urgente, já o
79
vírus “Natalismo” se tinha propagado por toda a fábrica, impedindo que os
duendes trabalhassem com a alegria habitual do Natal. E a situação piorava
de minuto a minuto.
– Vamos imediatamente para o Norte! – exclamou Rodolfo – até porque
lá é que somos felizes…
E munido de toda a parafernália de poções que sempre o acompanha-
vam para onde quer que fosse, saltou para o banquinho do side-car do Pai
Natal e voaram bem mais depressa que a velocidade da luz.
Ao chegarem à fábrica, encontraram as portas fechadas e o cenário
prometia preocupações e muito talento. Deram a provar todas as poções
que levavam e nada de encontrar cura. Cansados e quase a desistir, para-
ram para beber uma coca-cola que salpicou sem querer o nariz da Mãe Na-
tal que, subitamente no meio de tremeliques, exclamou:
– Onde é que eu estou? Que nuvem de escuridão e tristeza é esta que
me rodeia? Então não percebem que o Natal se aproxima e a luz e alegria
são necessárias à felicidade das crianças? E porque não há um único enfeite
suspenso nesta triste fábrica?
Rapidamente a Mãe Natal se recompôs, tal como os duendes, e lá vol-
tou a vontade de repor todas as decorações de Natal, pelo que a alegria
dos brinquedos e das crianças regressou ainda com mais brilho e, naquele
ano, o Natal foi o mais alegre e festivo de que há memória.
7.ºA prof. Zélia e 8.ºD prof. Raquel
80
Finalmente, um Natal de sonho
Ao contrário dos outros Natais, a mãe não se encontrava atare-
fada na cozinha a amassar os biscoitos de gengibre que o José e a
Maria adoravam, nem a construir o presépio pelo qual ansiavam o
ano inteiro. Entre lágrimas, o seu rosto iluminado pelas chamas da
lareira deixava adivinhar o peso negro dos dias, ao folhear o álbum
de fotos. Os sorrisos da família unida feriam como punhais. Emanuel
partira para a guerra há alguns meses. A falta que o seu querido ma-
rido lhe fazia…
Sob fogo cruzado, Emanuel, do outro lado do planeta, com to-
das as suas forças, tentava aguentar-se. As feridas que as armas lhe
pudessem provocar iriam certamente ser menos dolorosas do que a
dor que a saudade da família lhe causava.
Acordado pelo mensageiro, Emanuel abre uma carta que o co-
mandante lhe enviara. O mundo caiu aos seus pés: como iria suster-
se firme na missão para coordenar o campo de prisioneiros? Estava
tão sedento de esperança, essa luz que lhe faltava há tantos dias.
Noite após noite, dia após dia, os rostos daqueles homens tornavam-
se imagens cada vez mais familiares. E o rótulo de inimigos foi-se
dissipando, difícil de sustentar perdido no meio do mar de saudades
que invadia cada um dos lados da guerra.
Era Natal.
À noite, durante a ronda, ia ouvindo os lamentos que em tudo
se assemelhavam aos seus. Uma esposa que ficara grávida sozinha
naquele povoado longínquo; o riso das crianças preso na memória; o
dia do aniversário passado com desconhecidos. Tantas, tantas histó-
rias parecidas com a sua. Histórias de seres humanos como ele que
de inimigos tinham apenas a bandeira. E o espírito natalício come-
çou a crescer, imparável, em cada rosto, em cada lágrima derrama-
da, em cada olhar sufocado de saudade e desespero. Eram todos tão
iguais no sofrimento…
A sua esposa e seus filhos em grande esperança de que o pai vi-
81
esse e, que finalmente acabasse aquela guerra que só os fazia sofrer
de ambos os lados. Até que Maria, por entre lágrimas, pediu à mãe e
ao irmão que começassem os preparativos porque não podiam ficar
parados sem fazer nada: tinham que festejar o Natal pois é uma
época de felicidade e união. Ainda meio cabisbaixos, a Maria come-
çou a falar de todos os momentos em família, como se o seu pai es-
tivesse presente. Então assim, começaram a nascer os primeiros sor-
risos deste Natal.
Como era Natal, Emanuel já estava farto daquele ambiente in-
feliz e dos presos inconsoláveis, todos os soldados (incluindo Emanu-
el) estavam dominados pelas saudades, lembrando-se das suas famí-
lias. Era impossível continuar naquela triste situação. Renderam-se,
libertaram os presos e voltaram para o país novamente. Vieram num
barco que chegou a terra rapidamente. Saíram a correr, apenas que-
riam ir ter com as respetivas famílias.
A família de Emanuel tinha visto as notícias e foi o mais depres-
sa que pôde ao cais buscá-lo. Quando chegaram, estava uma balbúr-
dia: as pessoas não deixavam ninguém passar, estavam novamente
com as lágrimas nos olhos, apenas queriam encontrar Emanuel. Jo-
sé, o mais pequenino, conseguiu ver a pulseira que tinha dado ao
pai, antes de partir para a guerra e que mais ninguém tivera igual.
Logo se reencontraram e emocionados abraçaram-se. Depois de ma-
tarem todas as saudades foram para casa felizes festejar o Natal em
família e a partir daí aquele dia tornou-se tradição familiar festejar
como se fosse uma festa.
Nunca percas a esperança porque a tua família esperará sempre
por ti, estejas onde estiveres, demorando o tempo que precisares.
8.ºD prof. Raquel e 7.ºF prof. Zélia
82
Um Natal diferente dos outros!
Como todos os contos tradicionais de Natal, “Era uma vez”… a
história de um simpático barbudo gorducho que habitualmente vem
distribuir sorrisos pelos garotos do mundo inteiro, numa noite, vesti-
do de vermelho, no seu trenó voador carregadinho de embrulhos bri-
lhantes com laçarotes coloridos, puxado por renas felizes de nariz
encarnado e que… esperem… isto não é uma novidade… quem ainda
acredita nesta história? E se não fosse assim? E se este velhote não
fosse assim tão tradicional?
Este aqui da nossa história é um tanto… alternativo. As renas,
essas, prefere deixá-las a descansar confortavelmente no jardim de
laranjeiras. Em vez disso, convida todos os anos o seu amigo Zacari-
as, o simpático e divertido dragão, para o ajudar a distribuir os pre-
sentes, voando por todo o mundo. Barba comprida e branca? Não,
não! Este nosso amigo ostentava, vaidoso, um artístico bigode, em
jeito de Salvador Dali, o que lhe emprestava um ar charmoso e ale-
83
gre. Aliás, o seu charme passava também por possuir uma invejável
forma física, o que lhe permitia manter a energia necessária para
aguentar dias e dias a fio naquela que era a tarefa mais importante
e desejada pelas crianças.
Mas as diferenças do conhecido velhote não ficam por aqui: To-
bias era um irremediável cabeça-no-ar, desorientado e muito desas-
trado. Ora vejam só o que lhe aconteceu numa certa noite de agita-
ção natalícia. No meio da sua natural distração, trocou as coordena-
das que o levariam aos lares onde se encontravam, de coraçõezinhos
aos saltos, as famílias ansiosas pelos presentes e, quando deu por
ela, viu-se em plena superfície lunar, bem longe das chaminés que,
coitadas, bem podiam esperar sentadas pelo momento feliz. Quando
reconheceu que se enganara, voou à velocidade da luz, chegando
tão atrasado aos seus destinos que os presentes da noite de Natal
desse ano foram entregues, atabalhoadamente, no dia de Carnaval.
O mês de novembro ia já longo. Tobias prometia a si próprio,
todos os anos, que “desta vez a coisa ia ser diferente e as chaminés
não teriam razão de queixa”. Mas… por mais que tentemos e jure-
mos, nunca conseguimos fugir à nossa natureza. Tobias, em vez de
se preocupar em cumprir as suas juras, deixava-se ficar dia após dia,
noite após noite, afundado no seu irresistível sofá fofo, cansado de
treinos diários para manter a sua forma física e agradar às raparigas.
E desta vez algo de pior aconteceu: levantou-se, com esforço do so-
fá e foi ver como estava o seu dragão. Lá fora, a neve caía suave-
mente mas não havia vestígios dele. Então, decidiu procurá-lo por
toda a parte e quando estava quase a desistir, ouviu um espirro e,
logo de seguida, sentiu uma onda de ar quente. Por isso, apercebeu-
se de que se tratava de Zacarias. Seguiu o som e o calor até encon-
trá-lo deitado no chão, fraco, pálido e sem se conseguir mexer. Ao
vê-lo naquele estado, sentiu-se com remorsos por pensar só nele
próprio e não no dragão nem nas pessoas que ainda acreditavam ne-
le. Assim, correu para casa para pedir ajuda para tratar do dragão,
já que não sabia como curá-lo e os preparativos de Natal estavam a
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Uma Viagem Mágica à Biblioteca

  • 2. 2 Ficha técnica Título: Contos de Natal em Rede Textos: Alunos do AEMM Ilustrações: Alunos do AEMM Coordenação: Rui Abreu Arranjo gráfico: Graça Silva e José Plácido Edição: Bibliotecas Escolares Marquês de Marialva Coleção: Histórias das BEMM, n.º5, dezembro de 2016 Contos de Natal em Rede de alunos do AEMM está licenciado com uma Li- cença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
  • 3. 3 Esta coletânea é dedicada a todos os que acari- nharam este projeto, contribuindo para o seu sucesso, na esperança de que a escrita reflita as cores do mundo de cada um.
  • 4. 4
  • 5. 5 Escritores de Contos de Natal em Rede As Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas Marquês de Marialva (BEMM) decidiram lançar um desafio aos alunos, às educa- doras e aos professores titulares de turma e de Português: escrever um conto coletivo e em rede (entre turmas), alusivo à época natalí- cia e envolto no poder mágico das palavras Biblioteca e Leitura. Em resultado da união de vontades, vem agora a público a mais recente coletânea Contos de Natal em Rede, integrada num projeto mais amplo de desenvolvimento transversal do gosto pela escrita criativa dos alunos – Histórias das BEMM. Pretendia-se também uma maior ligação entre as BEMM e o meio escolar, num estreitamento de relações e de cooperação no agrupamento. As histórias desta coletânea seduzem-nos pela diversidade temá- tica, pelos mundos criados – reais ou de faz de conta, do passado, presente ou do futuro – e pelas personagens que os povoam – umas mais tradicionais, outras mais futuristas; umas mais terrenas, outras mais fantásticas –, mas todas com algo para revelar. Encantam-nos pelas ilustrações e fotografias a preto e branco ou a cores, pautadas por traços encantatórios e repletos de emoções. Cativam-nos pelos nobilíssimos valores universais, socialmente compartilhados de gera- ção em geração, e pelos sentimentos de comunhão e fraternidade. Convidam-nos a refletir sobre o mundo, a vida e os livros, e o senti- do que lhes damos, nesta época abrilhantada pelo espírito natalício. Todos os contos configuram um intenso mundo de afetos, fruto da criatividade, da imaginação e dos sonhos, enfeitados com a sensibili- dade estética das palavras e dos desenhos dos jovens aprendizes de escritores e ilustradores. Sendo uma abordagem estratégica de promoção da escrita criati- va e colaborativa, com certeza que o envolvimento e a partilha des- ta experiência, transformada em conhecimento do processo de es- crita e dos valores a ela associados, foram e serão uma simbólica lição de vida que enriquecerá a formação pessoal e cívica de todos, tornando-nos cidadãos mais humanos e pensantes. Deixem-se, então, conquistar pela magia de Contos de Natal em Rede e… vivam “felizes para sempre”. Rui Abreu
  • 6. 6
  • 7. 7 Sumário Pré-Escolar Viagem do Pai Natal A Princesa Ritinha Um Natal feliz Pai Natal Sapo Larapo Um Sonho de Natal 1.º CEB A Caneta Mágica O Cientista Natal na Murtelândia Numa Noite de Natal O Conto de Natal O Presente Especial Fábrica de Brinquedos Um Desejo Especial Um Livro Perdido A Grande Árvore dos Desejos O Livro Tão Desejado 2.º CEB A Verdade do Pai Natal A Descoberta do Natal As Fórmulas Mágicas 3.º CEB A Magia do Natal A Chegada da Felicidade O Duende Cor-de-Rosa O Lenhador Arrependido O Natal no Pico Congelado Salpicos de Coca-Cola Finalmente, um Natal de Sonho Um Natal Diferente dos Outros O Livro Milagroso Partilhar Cápsula Mágica Rumo ao Passado
  • 8. 8
  • 9. 9 Os contos do Pré-Escolar
  • 10. 10
  • 11. 11 A Viagem do Pai Natal Era uma manhã fria e escura. Estávamos em dezembro, muito perto do Natal. O Pai Natal vinha do céu, no seu trenó e as renas vinham contentes porque voltavam a ver as crianças felizes. Vi- nham do polo norte onde, durante muito tempo e com ajuda dos duendes, trabalharam para fazer todos os presentes. O Pai Natal, antes de entregar os presentes, precisava de fazer duas tarefas. Primeiro foi à Câmara Municipal de Cantanhede deixar alguns livros para equipar a biblioteca da Praia da Tocha para as pessoas fazerem as suas leituras durante o verão, porque ler é muito impor- tante e as pessoas quando estão de férias gostam de ler e a Praia da Tocha é muito bonita. Depois, fez uma visita ao presidente dos Estados Unidos. En- tregou-lhe uma carta onde dizia para ele cumprir todas as promes- sas que ele fez e eram muitas! Já era tarde e o Pai Natal tinha que entregar os presentes por- que as crianças tinham o seu coração a bater muito… à sua espera. Percorreu muitas casas onde colocou os presentes, passando pela chaminé. Entrou em casas muito bonitas onde estavam árvores de Natal cheias de luzinhas a piscar. Estava quase tudo distribuído e o Pai Natal já estava muito, muito cansado… só faltava uma casa… era a casa do Santiago. Pegou nas suas renas e aproximou-se da chaminé, mas ficou muito admirado: a lareira estava acesa! E ago- ra?!
  • 12. 12 Como não podia entrar pela chaminé, resolveu procurar uma janela e encontrou uma que estava um bocadinho aberta. Empurrou e… entrou. Estava numa sala grande e viu uma árvore de Natal muito gira. Olhou bem para todo o lado e viu que numa mesa ao pé da televisão estava um copo de leite e um prato com bolachas de chocolate. O Pai Natal ficou muito contente e disse: – Obrigado, Santiago! Ho! Ho! Ho! Em seguida, foi colocar os presentes na árvore. Depois, sen- tou-se num sofá, bebeu o leite e comeu as bolachinhas todas, pois ele é um grande guloso e comilão. De seguida, foi até ao seu trenó, virou-se para as suas renas que eram nove e disse: – Relâmpago, Raposa, Bailarina, Trovão, Cometa, Cupido, Empinadora, Corredora e chefe Rodolfo, vamos voltar para ca- sa! Ho! Ho! Ho! O Pai Natal levantou voo e desapareceu no céu a voar. JI Cantanhede, educadora Regina e educadora Mª João
  • 13. 13 Um Natal Feliz Certo dia, numa manhã de inverno, tudo cheirava a magia. O Natal e aquela manhã branquinha como nos sonhos tornaram-se rea- lidade. O chão, as árvores e os telhados branquinhos completavam a magia. Também os bonecos de neve já nos esperavam na rua. Foi um dia divertido, só faltava o Menino Jesus! De repente, fez-se luz e veio à memória a leitura daquela histó- ria que um dia ouvi na Biblioteca Escolar, quando uma fadinha envi- ou um coche puxado por cavalinhos para levar a Cinderela à festa do Príncipe. Também eu pedi à minha Estrelinha para nos conduzir à “Gruta dos Sonhos”. O que encontrámos na gruta dos sonhos foram muitas, muitas cartas enviadas ao Pai Natal pelas crianças de todas as cores e de todos os países, de Portugal, de Espanha e de todo o planeta Terra. Essas cartas traziam os sonhos que eles queriam que fossem realida- de. O Pai Natal, com a ajuda dos duendes, durante muitos dias e muitas noites, trabalhou para preparar as prendas e fazer as crian- ças felizes. A gruta estava escura como breu e precisaram da ajuda de Ro- dolfo para a iluminar com o seu nariz vermelho, a acender e a apa- gar e todas as outras renas se riam a valer daquele nariz. Acabaram mesmo a tempo! Era a noite de 24 de dezembro e es- tava tudo pronto… cansados, mas felizes! O Pai Natal colocou as prendas nos seus sacos vermelhos e, a voar no seu trenó puxado pe- las suas nove renas, chegou finalmente a todas as casas para distri-
  • 14. 14 buir as tão desejadas prendas. Entrou pelas chaminés sorrateiro que nem um rato e colocou as prendas debaixo das árvores enfeitadas. Os meninos, quando acordaram, estavam em pulgas para ver se os seus sonhos se tinham realizado e se o Pai Natal tinha vindo mes- mo! Que grande alegria. Eles queriam agradecer-lhe e dar-lhe um beijinho, mas não conseguiram. Ele já tinha seguido viagem... Se calhar, tinha ido visitar o Menino Jesus! JI Ançã, educadora Ester e JI Cantanhede, educadora Regina
  • 15. 15 A Princesa Ritinha Era uma vez, há muito muito tempo, um lindo e grande castelo. Nesse castelo vivia um rei, uma rainha e a filha deles: a princesa Ritinha. A princesa Ritinha era uma menina muito bonita que tinha mui- tos vestidos, brinquedos, livros, mas não tinha amigos porque os pais não a deixavam sair do castelo. O que ela mais gostava era de ter amigos e amigas para brincar porque passava os dias sozinha no quarto ou no jardim. Um dia, andava ela a passear no jardim do castelo e ouviu um barulho. Foi ver o que era e encontrou uma menina que estava sen- tada a ler um livro sobre fadas. A Ritinha perguntou-lhe como é que ela se chamava e o que é que ela estava a fazer ali. A menina disse que se chamava Francisca, que a mãe dela trabalhava no castelo e que estava ali porque não tinha tido escola. A Ritinha ficou toda contente porque tinha uma menina para falar e assim ficaram as du- as a ler o livro sobre fadas, um livro muito grande e muito bonito. A Francisca contou-lhe que aquele livro não era dela e que o ti- nha ido buscar à biblioteca. Mas, a Ritinha não sabia o que era uma biblioteca porque a mãe nunca a tinha levado lá. A Francisca expli- cou-lhe que era um sítio onde havia muitos livros e onde os meninos e os adultos iam buscar livros para ler em casa ou, então, podiam lá
  • 16. 16 estar a ler e a ver os livros. Era um lugar onde havia muita leitura e muitos, muitos livros e também havia computadores. A Ritinha disse que gostava de ir a uma biblioteca. Mas como é que havia de ir se a mãe não queria que ela saísse do castelo? A Francisca combinou, então, ajudá-la e pensaram logo numa manei- ra, ou seja, quando a mãe fosse à rua, elas iam também e não dizi- am nada a ninguém. Mas havia um problema: a biblioteca ainda era longe e elas demoravam muito tempo a chegar e ainda por cima ha- via muitos carros e muita confusão na rua porque estava quase a chegar o dia de Natal. A Francisca lembrou-se que conhecia um du- ende amigo do Pai Natal e também das renas… podia ser que ele fos- se com elas. A Ritinha achou que era uma boa ideia e então ficou combinado. No dia seguinte, o duende estava à espera delas no trenó do Pai Natal e lá foram. O trenó levantou voo e era o duende que ia a con- duzir as renas e elas iam a voar pelo céu. A Ritinha ia a olhar para baixo com os olhos muito abertos, mas muito contente. De repente, ouviu-se um grande barulho: era trovoada e, em se- guida, chuva, muita chuva e o trenó começou a abanar por todo o lado e eles começaram a ficar com medo. Tremelicavam por todo o lado. O duende queria parar o trenó, mas com toda aquela tempes- tade não conseguia aterrar e, muito menos, estacionar com seguran- ça. Lá fez várias tentativas e, finalmente, aterrou numa praça, no centro da cidade. Fez uma derrapagem tão grande que o trenó chia- va por todo o lado: ih... ih... iiih... Assustou toda agente: a princesa Ritinha, a Francisca e todas as pessoas que por ali passavam. Perante tamanha confusão, alguém chamou um polícia que veio logo a correr, mas com cara de zangado. Tinha ouvido o barulho da
  • 17. 17 derrapagem e vinha disposto a passar uma multa. A Ritinha, ao ver a cara do polícia, disse para a sua amiga: – Não volto a sair de casa sem dizer à minha mãe, nem que seja para ir à biblioteca. E agora o que vamos fazer? A Francisca lembrou-se de imediato, que há poucos dias, a mãe lhe tinha dito que, se estivesse com problemas na rua, devia procu- rar um polícia e pedir-lhe ajuda. Resolveu, então, aproximar-se do polícia. O polícia perguntou-lhes quem eram, como se chamavam e o que andavam a fazer ali sozinhas, num trenó, que não é um trans- porte para usar no centro de uma cidade onde passam muitos car- ros. As duas meninas apresentaram-se e, embora com medo, disse- ram que tinham pedido ajuda ao seu amigo duende para as levar de trenó, porque era mais rápido e precisavam de chegar, sem falta, naquele dia e cedo, à biblioteca. O polícia pensou um pouco e, de seguida, disse-lhes que, como o Natal estava próximo, não ia multar o duende e ofereceu-se para os levar a todos, a pé, até à biblioteca que ficava ali perto. E lá foram na companhia do polícia. Pelo caminho, viam pessoas a fazer coisas estranhas: crianças, velhinhos a dormir nas ruas, outras de mão estendida para quem passava... algumas muito mal vestidas e com roupas rotas e sujas. As meninas, incomodadas com o que viam, perguntaram ao polí- cia quem eram e o que estavam ali a fazer aquelas pessoas. O polí- cia respondeu-lhes que eram mendigos: pessoas pobres que não ti- nham dinheiro para comprar roupa, comida, nem família para os ajudar e também não tinham casa para morar e, por isso, tinham que dormir nas ruas e pedir ajuda aos outros. A Ritinha, muito impressionada, disse: – Coitadinhos! Eu tenho uma casa tão grande, um quarto tão bo- nito, tanta roupa, tantos brinquedos e tenho uma família que se
  • 18. 18 preocupa comigo. Só não tenho muitos amigos. Brinco muitas vezes sozinha no meu jardim e dentro do meu castelo. Bem... agora já te- nho a minha amiga Francisca e o duende. Entretanto, chegaram à biblioteca. As meninas agradeceram a ajuda e todos se despediram. Ao entrarem na biblioteca, ficaram encantadas com o que viram: um ambiente natalício. Muitos motivos de Natal embelezavam as paredes da biblioteca e muitas árvores de Natal formavam uma floresta mágica, onde muitos livros pendurados anunciavam a chegada do Natal. Folhearam alguns e viram não só contos mas também livros de receitas de Natal. – Que receitas deliciosas! Hum... Hum... – dizia a Francisca. Que- riam levá-los todos, mas não podiam, pois outras pessoas também queriam lê-los. Apesar disso, ainda requisitaram alguns livros. Saíram da biblioteca e, enquanto caminhavam de regresso ao trenó, a Ritinha teve uma ideia que partilhou com os seus amigos: ajudar todos os mendigos, convidando-os para passarem o Natal, juntos, no castelo. A Francisca achou boa ideia e acrescentou que o polícia também merecia ser convidado, pois tinha sido amigo. Ao longo do caminho, foram convidando os mendigos por que passavam, que logo agradeceram. Mais tarde, chegaram junto do trenó e lá estava o amigo polícia a controlar o trânsito. Convidaram-no e ele disse que só ia se pudesse levar a sua família, os seus filhos..., pois eles iam adorar passar a noite de Natal num castelo a sério. Chegou, por fim, a noite do dia 24 de dezembro, a noite de Na- tal. O castelo cintilava por todo o lado. Toda a família da princesa Ritinha e da Francisca esperava ansiosamente ajudar os mendigos. O
  • 19. 19 cheiro a filhós, rabanadas, a bacalhau, a peru..., que a Ritinha e a Francisca ajudaram a fazer, anunciava uma grande e gostosa conso- ada a festejar com a família e os novos amigos. Ouviram-se passos... os mendigos, o polícia e a família chegavam curiosos. O grande portão do castelo abriu-se e logo se viu uma grande árvore de Natal no jardim, com uma estrela bem brilhante que lhes iluminava a porta por onde deviam entrar para passarem uma noite de Natal diferente. Entraram e ficaram boquiabertos: tanta coisa boa e bonita. Nun- ca tinham visto nem partilhado a riqueza de um castelo. Sobre a to- alha bordada, as iguarias de Natal faziam crescer água na boca; as harpas tocavam, ouvia-se cantar Jingle Bells, Jingle Bells... e, num dos cantos da sala, um grande trenó dourado estava carregado até ao teto com um grande laço por cima. Era tudo tão maravilhoso que nem parecia verdade. Depois de todos comerem e beberem, a Ritinha e a Francisca pegaram nalguns contos de Natal que requisitaram na biblioteca e leram histórias em voz alta para todos. De repente, ouve-se TRUZ... TRUZ... A Ritinha correu para a porta e perguntou: – Quem é? – Sou eu, Ritinha, o duende. A Ritinha abriu a porta, o duende entrou e com ele o Pai Natal, dizendo: OH! OH! OH! Os novos amigos ficaram surpreendidos, pois não conheciam o Pai Natal. O duende e o Pai Natal dirigiram-se ao trenó dourado que já ti- nha sido trazido horas antes, rasgaram o papel que forrava toda aquela carga e começaram a distribuir prendas por todos: roupa no- va para os mendigos, brinquedos para as crianças e até o polícia re- cebeu uma farda nova. Foi uma noite inesquecível. Terminou muito tarde e com a promessa de que o próximo Natal seria ainda melhor. À Ritinha, a partir deste dia, não lhe faltaram amigos. Passou a ir à biblioteca mais vezes, levando consigo não só a Francisca mas também algumas das crianças que encontrava na rua e todas juntas brincavam e liam muitas histórias que as faziam sentir-se felizes. Assim terminou este conto de Natal! E que tal? E que tal? JI Cantanhede, educadora Mª João e JI Ançã, educadora Fátima
  • 20. 20 Pai Natal Sapo Larapo Era uma vez um Pai Natal que andava muito atarefado na sua enorme fábrica repleta de máquinas que trabalhavam de noite e de dia para ter prontas a tempo todas as prendas de Natal. Os seus aju- dantes duendes corriam e saltavam incansavelmente com os seus pequenos sapatinhos sempre a bater no chão. Ploc ploc ploc! Ploc ploc ploc! O Pai Natal preparava-se para a grande viagem que rapidamente se aproximava. Afinava o trenó e treinava as suas renas para que tudo estivesse perfeito no grande dia, tão ansiado por todas as cri- anças do nosso planeta. Finalmente, chegou o grande dia da partida e, com tudo prepa- rado, o Pai Natal saiu para distribuir as prendas que levava no seu trenó, com reboque voador. Mas a viagem era longa! E durante dias viajou, apreciando as estrelas, as luzinhas lá em baixo dos diferen- tes países, cumprimentou os pássaros tropicais da grande floresta da Amazónia e disse adeus aos camelos que lentamente passeavam no deserto. A viagem decorria calmamente para conseguir chegar a tempo a todas as crianças do mundo. Mas as prendas eram tantas e o trenó ia tão cheio que… catrapumba…! Acabou por cair uma prenda mesmo em cima da cabeça duma bruxa que voava na sua vassoura. Ela ia encontrar-se com umas amigas em França. Tinham combinado juntar
  • 21. 21 -se numa Biblioteca, porque estas Bruxas gostavam muito de ler. Mas gostavam de boas leituras e tinham muito cuidado com os livros para não se estragarem. Tinham tanto cuidado que até lava- vam sempre as mãos antes de pegarem num livro. Então, a bruxa ficou tão zangada que imediatamente lançou um terrível feitiço ao Pai Natal e disse: – Vais transformar-te num Sapo Larapo. Abracadabra, perna de cabra, que o Pai Na- tal se transforme num Sapo Larapo. – Abracadabra, perna de cabra, que os duendes se transformem em Ovelhas Ba- lhelhas. – Abracadabra, perna de cabra, que as renas se trans- formem em Ratos Sapatos. O Pai Natal transformado em Sapo Larapo ficou tão assustado que não sabia o que fazer. Como poderia ele assim distribuir todas as prendas… Aí teve uma ideia e pediu à sua Estrelinha da Sorte para os con- duzir à “Gruta dos Sonhos”. Quando chegaram, o “Encanto” estava lá. O coche da Cinderela puxado por cavalinhos ajudou o Pai Natal a transportar todos os presentes. Também uma Fadinha desfez o feiti- ço da Bruxa Má feito ao Pai Natal, aos Duendes e às Renas. Assim, conseguiram entregar a tempo todas as prendas. Cansados foram dormir, mas o relógio acordou-os e viram uma estrela cadente dese- nhar no céu uma coroa brilhante. Estava frio, pegaram numa lanter- na e seguiram nessa direção. Então encontraram uma velha casinha e… surpresa! Ao cantinho e ao colinho de sua mamã, o Jesus a dormitar, A noite estava fria, ir-se-ia constipar, Mas o Pai Natal, resolveu por ali passar, Deu-lhe uma manta de pelo, para se tapar, E ainda um brinquedo, para brincar. Nós levámos-lhe comidinha, para merendar. E este foi um lindo Conto de Encantar! JI Ourentã, educadora Cristina e JI Ançã, educadora Ester
  • 22. 22 Um sonho de Natal Num certo dia de outono, Maria chegou a casa com um ar cansa- do, mas feliz. Tinha acabado de vir de uma festa muito divertida: o Halloween. – A festa acabou e, agora, o que vou fazer? – perguntava ela. Resolveu ir até à janela do seu quarto, na esperança de ver algo que a satisfizesse. Mas lá fora o vento soprava forte: VU...VU...VUUUU....e a chuva caía miudinha. – Este tempo faz-me lembrar o inverno. Não se pode ir lá para fora brincar. Ainda há pouco estava feliz e agora sinto-me aborreci- da. Não me apetece fazer nada! – pensava. Entretanto, decidiu deitar-se um bocadinho na cama e lembrou- se que havia uma coisa que gostava muito de fazer quando o tempo estava cinzento. Gostava de ler. Foi então buscar um livro que tinha requisitado na biblioteca escolar e dedicou-se à leitura. Começou… - E- R - A U - M - A VEZ... mas, de tão cansada que estava, deu -lhe o sono repentinamente e o livro caiu para o chão, acabando, ali mesmo, a história que mal tinha começado. Porém, no quentinho da sua cama, um sonho contava-lhe agora outra história… Lá ao longe, no escuro, uma figura estranha, vestida de preto, com um chapéu pontiagudo, de varinha na mão e a voar numa vas- soura – uma BRUXA –, voava a toda a velocidade de um lado para o outro. Mostrava-se desorientada. Parecia ter perdido algo que dese- java muito encontrar, mas pouco depois desapareceu. Passado al- gum tempo, apareceu novamente e, na ponta da sua varinha, uma estrela cadente iluminou-lhe o caminho, fazendo-a chegar, num ápi- ce, junto da sua bola de cristal, de que tanto precisava para a aju- dar a prever o futuro. – Minha querida bola, bolinha de cristal, está tanto frio e tanta chuva, será que vem aí o Natal? – perguntava a Bruxa tremelicando de tanto frio. – Já és tão velhinha e não sabes que o Natal vem depois do Hal- loween ou do Dia das Bruxas? O Natal está quase a chegar. Está na hora de te ires embora, porque se continuas por aí ainda vais assus- tar a criançada. Ou melhor, faz uma magia de Natal que a criançada vai gostar muito e ainda te convida para passares o Natal lá em casa
  • 23. 23 - sugeriu a bola de cristal. – Assustar a criançada, eu? Vou então fazer uma magia, ou seja, uma surpresa – disse a Bruxa. Pegou novamente na sua vassoura e na sua varinha e aí vai ela outra vez a voar em direção ao céu. Lá, encontra um Cavalo alado a quem pergunta: – Sabes por onde devo ir para chegar à floresta o mais depressa possível? Quero ir lá visitar umas criancinhas que não sabem o que é o Natal. Nunca o festejaram, nem conhecem o Pai Natal... Quero surpreendê-las! – acrescentou a Bruxa. – Olha, eu às vezes vou lá pastar um bocadinho, se quiseres, dou- te uma boleia, eu sei o caminho – disse o Cavalo. A Bruxa montou o Cavalo e com ajuda da luz da sua estrela voou em direção à floresta, que ainda ficava longe. Voaram, voaram, mas a dada altura uma forte tempestade impediu-os de continuar a via- gem. Ficaram todos molhados e já não conseguiram ver muito bem o caminho. – Olha, parece que vejo qualquer coisa ali em baixo, não sei o que é… Vamos lá e se pudermos, paramos um pouco para descansar e esperamos que a tempestade passe – disse a Bruxa, satisfeita. E assim aconteceu... De- pressa chegaram. – É um castelo e parece abandonado! – exclamou a bru- xa – Vamos entrar! Pé ante pé entraram e curi- osos remexeram o interior do castelo. Um príncipe tinha lá morado e deixado um tesouro que estava muito bem guarda- do num baú acorrentado. A Bruxa puxou da sua varinha e disse: – ABRACADABRA... O baú abriu-se, deixando cair bolinhas, sinos, laços... tudo em ouro. Brilhavam no escuro. – Estamos ricos! – dizia o Cavalo.
  • 24. 24 – Nós não! – afirmou a bruxa. As crianças da floresta é que vão estar. Este é um bom presente para elas. Vamos ajudá-las a conhe- cer e a festejar o Natal com muita alegria. Queres ajudar? O Cavalo respondeu logo que sim. Começaram a pensar na sua ideia e foram dando uma volta pelo castelo, esperando que a tem- pestade passasse. Encontraram brinquedos tão engraçados que fica- ram deliciados a brincar. Descobriram duas pandeiretas e começa- ram os dois a tocar. Tiveram então uma ideia brilhante: – E se fossemos pela floresta a tocar estas pandeiretas, certa- mente que irão aparecer crianças porque elas gostam muito de mú- sica – sugeriu a Bruxa. – Boa ideia – respondeu o Cavalo Repararam, então, que estavam tão distraídos que nem tinham visto que a tempestade já tinha passado. Saíram os dois do castelo, levando as pandeiretas e foram pela floresta a tocar. O Cavalo foi para a esquerda e a Bruxa foi para a direita, cada um tocando na sua pandeireta. Não demorou muito… logo começaram a aparecer as crianças que moravam nas casas da floresta e nunca tinha ouvido tal música por ali, para ver o que se passava. A Bruxa e o Cavalo deram a volta a toda a floresta e voltaram a encontrar-se com as crianças todas atrás deles. Foi então que a bruxa disse: – Não se assustem comigo, porque eu não sou nenhuma bruxa má, gosto muito de crianças e com o meu amigo Cavalo estamos a organizar uma festa de Natal no castelo abandonado. Vai haver uma enorme Árvore de Natal cheia de presentes para todas as crianças. Querem vir? Todas as crianças ficaram radiantes. Combinaram então o dia e a hora para a grande festa de Natal e regressaram às suas casas espa- lhando a grande notícia. A Bruxa preparou tudo cuidadosamente com ajuda do seu amigo cavalo. Foram à cidade, levaram algumas bolas de ouro que estavam no Baú do Tesouro e assim puderam comprar presentes para todos, enfeites para decorar o castelo e a Árvore de Natal e ingredientes para prepararem um belo lanche. Regressaram ao castelo carrega- dos, mas muito contentes. Quando chegaram ao castelo, a Bruxa telefonou ao Pai Natal e pediu-lhe para ele vir distribuir os presentes. Então, ela e o Cavalo deitaram mãos à obra e começaram a preparar tudo: enfeitaram o castelo, enfeitaram a árvore… estava tudo magnífico e cintilante. Depois disto tudo, a Bruxa sentou-se um bocadinho no sofá a des-
  • 25. 25 cansar, porque ela já era velhinha e estava muito cansada. Só acor- dou no dia seguinte, mas já reconfortada e preparada para conti- nuar a sua tarefa. Prepararam um belo lanche, fizeram uns bolinhos de Natal deliciosos… enfim, foi um dia muito atarefado, mas estava tudo preparado para a festa que seria no dia seguinte. Foram deitar- se ansiosos pela chegada do grande dia. O grande dia chegou. Antes da hora marcada já as crianças esta- vam a aparecer, começando logo a brincar com a sua alegria conta- giante. Foi um dia maravilhoso, parecia um sonho, tantos meninos e meninas para brincar, um lanche como nunca tinham visto e como se ainda não chegasse de emoções começaram a ouvir os sinos das renas do Pai Natal que voava no seu trenó em direção ao castelo. As crianças batiam palmas, cantavam, estavam simplesmente maravi- lhadas: nunca tinham visto uma festa de Natal e esta era fantásti- ca… Foi então que a Maria acordou e viu que tudo não passava de um sonho. Primeiro ficou um bocadinho triste, mas depois surgiu-lhe uma ideia. Foi a correr ter com a mãe e contou- lhe o seu sonho e a ideia que este lhe deu. – Mãe, podemos dar cá em casa uma festa de Natal para aqueles meninos que vivem no Lar de Crianças ao fundo da nossa rua? A mãe pensou e achou que era uma boa ideia. As duas preparam uma linda festa, não esquecendo um presentinho para cada um. E foi assim que um sonho… acabou por dar origem a uma ideia genial que se tornou realidade! JI Ançã, educadora Fátima e JI Ourentã, educadora Cristina
  • 26. 26
  • 27. 27 Os contos do 1.º CEB
  • 28. 28 Um desejo especial Era uma vez um menino chamado André. André tinha cabelos pretos e olhos verdes. Verde era a cor do seu gorro e do seu cachecol. Cachecol que usava quando tinha frio. Frio tinha cá fora, mas o seu coração estava quente. Quentinho sentia-se ele, quando se portava bem. Bem-educado e divertido era o André. André vivia numa casa velhinha. Velhinhos eram os seus avós. Avós que lhe contavam histórias. Histórias de encantar que estavam nos livros da biblioteca. Biblioteca onde ele gostava de estar e vivia muitos sonhos. Sonhos!?... O seu único e palpitante sonho era ver o Pai Natal… Pai Natal no seu tapete voador foi para Londres. Londres era a sua Terra Natal. Natal estava quase a chegar ao Mundo. Mundo é grande! Grande é a doença que afetou o Pai Natal. Pai Natal encontrou um menino. Menino era o André. André curou o Pai Natal! Pai Natal deu um presente ao André. André ficou muito feliz. Felizes estavam as renas do Pai Natal. Pai Natal, alguém para se agradecer e especialmente para se re- lembrar! EB1Ançã, turma 14, prof. Teresa e EB1Cant., turma 3A, prof. Octávio
  • 29. 29 A Caneta Mágica Numa tarde de inverno, há muitos anos atrás, chegou a casa do Pai Natal o carteiro Joinquo. Era a época da chegada das cartas e dos desejos das crianças para o Natal que se aproximava. O duende Felizardo, encarregado de receber a correspondência, levou as cartas para a biblioteca, onde os seus colegas leitores a abriam, liam e separavam conforme os desejos pretendidos. O Carotim encontrou uma carta que lhe despertou a atenção, pois era muito pequenina e brilhante. Ao abri-la, teve alguma dificuldade em identificar o pedido e foi pedir ajuda ao Pai Natal. O Pai Natal, com os seus óculos mágicos, descobriu que o pedido era muito especial e difícil de conseguir. A carta era de uma criança que queria ajudar todas as crianças a serem felizes e, para isso, pedia uma caneta mágica que, ao escre- ver os desejos das crianças infelizes, estes se realizavam. O Pai Natal, com os seus óculos mágicos, conseguiu satisfazer o desejo do menino e entregou-lhe uma caneta mágica. Com essa ca- neta mágica, o menino conseguiu derrotar os vilões e, assim, ajudar os meninos infelizes. Os vilões eram o gigante, a bruxa feiticeira, o exército dos zom- bies e a mosca mutante. A bruxa feiticeira morreu queimada, os zombies ficaram debaixo de uma enorme pedra, a mosca mutante cortou uma asa e bateu contra o rochedo. Por fim, o menino acertou no coração do gigante com a sua caneta mágica e o gigante tombou para trás e morreu. Os outros meninos ficaram todos muito felizes e receberam mui- tos presentes. Finalmente, os meninos agradeceram ao Pai Natal e ao menino corajoso e viveram felizes para sempre. EB1Ançã, turma 14, prof. Teresa e EB1Cant., turma 3A, prof. Octávio
  • 30. 30 O Conto de Natal Num certo dia, numa bela casa, vivia o avô Fernando e a sua neta, a Capuchinho Vermelho. A Capuchinho Vermelho andava na escola e gostava muito de ler. Então, aproveitava todo o seu tempo livre para ir à Biblioteca Escolar fazer a sua leitura diária. Um dia, decidiu escrever o seu próprio livro e escolheu como personagens o seu avô Fernando, a bruxa Mimi, o feiticeiro, o Pai Natal e ela própria, a Capuchinho Vermelho. Na sua história, a Capuchinho Vermelho e o avô Fernando par- tiram em busca do “GRANDE CORAÇÃO DO AMOR”, mas tiveram mui- tas dificuldades em encontrá-lo, porque a bruxa Mimi não queria a alegria das crianças e fazia de tudo para prejudicá-los. Até que o avô teve uma ideia: – Vamos até ao castelo do feiticeiro – sugeriu o avô. – Sim! Boa ideia. Ele tem um livro mágico que nos pode ajudar – respondeu a Capuchinho Vermelho. Nesse mesmo momento, partiram em direção ao castelo do feiticeiro. Aí, o feiticeiro deu-lhes o livro mágico, mas só fazia a ma-
  • 31. 31 gia de espalhar o amor por todas as crianças, se eles entregassem o livro ao Pai Natal. Avô e neta aceitaram a proposta do feiticeiro e partiram numa longa viagem em busca do Pai Natal, para que ele, no seu trenó, fos- se espalhar o amor e a alegria a todas as crianças. Crianças que mereciam ser felizes. Felizes iam o avô e a neta na sua fantástica viagem. Viagem desconhecida e com muitos perigos! Perigos, havia muitos e eles tinham de ser corajosos. Corajosa era a borboleta gigante. Borboleta gigante que lhes ser- viu de meio de transporte. Transporte colorido, mágico e rápido. Rapidamente queriam chegar à Floresta das Árvores de Natal. Floresta das Árvores de Natal, onde vivia o Pai Natal. Natal que estava quase… quase a chegar. Chegou de repente a bruxa Mimi, saindo de uma nuvem. Nuvem carregada de trovões e de chuva.
  • 32. 32 Chuva que estragou a poção da bruxa. Bruxa que fugiu a sete pés e o avô e a neta ficaram livres. E vo- aram… voaram… voaram… - Voar?... Vamos parar - gritou o avô, quando no meio da escuri- dão viu uma luz. Luz que os deixou mudos e que os ia puxando… puxando… pu- xando… … e quando ficaram próximos viram que era a luz do nariz da re- na Rodolfo. Rodolfo conduziu-os imediatamente até à gruta cintilante do Pai Natal. Pai Natal vivia na gruta da árvo- re mais alta e frondosa daquela Floresta. Floresta maravilhosa que eles nunca tinham visto! Era tão espe- cial! Especial era o livro que o Pai Natal tanto esperava. Esperava pelo livro que tinha desenhado o “GRANDE CORAÇÃO DO AMOR” nas suas páginas e só com ele podia ir levar a alegria a todas as crianças. Crianças que o esperavam. Esperavam?!... Mas não esperam mais!... Partiram imediatamente. Lado a lado, o Pai Natal, no seu trenó, e o avô e a neta, na Borboleta Gigante, deslizavam pelos céus… Céus, terra e por todo o universo, segurando sempre o livro má- gico, eles espalharam alegria e amor. Amor e alegria foram os presentes daquele Natal. Um Natal dife- rente, mas mesmo assim especial e único.
  • 33. 33 Único era aquele livro e, por isso, foi devolvido ao feiticeiro. Feiticeiro simpático de barbas quase até aos joelhos, que ofere- ceu ao Pai Natal, avô e neta um chocolate quente. Quentinhos estavam os seus corações, no fim daquela longa via- gem. Viagem inesquecível que chegou ao fim e que a Capuchinho Ver- melho irá guardar para sempre, contando-a no seu próprio livro. EB1Ançã, turma 32, prof. Suse e EB1Cadima, turma 30, prof. Irene
  • 34. 34 Natal na Murtelândia Numa manhã de inverno de muito frio com as montanhas co- bertas de neve, na Murtelândia, reinava um sentimento de mistério que vinha da floresta. Na floresta, vivia a bruxa Branca das Neves que aterrorizava todas as pessoas da Murtelândia com os seus magníficos feitiços, pois o desejo dela era tornar-se, pelo Natal, a rainha da Murtelân- dia. Era tudo o que ela pedia, mesmo que fosse enfrentar o nosso querido Pai Natal Estragar o Natal para a bruxa Branca das Neves seria um pra- zer que só conseguiria realizar após a leitura do Manual da Magia Negra. A bruxa Branca das Neves foi consultar o Manual da Magia Ne- gra para escolher um feitiço que queria lançar ao Pai Natal. Ela disfarçou-se de velhinha e pensou oferecer-lhe um copo com uma poção misteriosa para o adormecer e poder lançá-lo na masmorra.
  • 35. 35 A bruxa Branca das Neves, disfarçada de velhinha, disse: - Toma, Pai Natal, este copo com chá quente vai dar-te forças para o resto da noite. O Pai Natal adormeceu e a bruxa Branca das Neves arrastou-o e fechou-o numa masmorra húmida e escura. Parecia que não ia ha- ver Natal na Murtelândia… A bruxa, afinal, tinha-se enganado a misturar os ingredientes da poção… O Pai Natal acordou de repente e, cheio de força, deu um valente encontrão na porta da masmorra e libertou-se. A bruxa Branca das Neves, ao saber que ele se tinha libertado, montou na sua vassoura e fugiu para muito longe da Murtelândia. Assim, todos os habitantes da Murtelândia puderam ter a sua festa de Natal! EB1Ançã, turma 1/4, prof. Teresa e EB1Cantanhede, turma 3A, prof. Octávio
  • 36. 36 Um livro perdido Numa manhã de inverno, numa casa, um duende valente, corajoso e com estilo, ouve um grito. Quando se aproxima da ca- sa, o duende vê que um menino está na biblioteca a gritar. Ele bate à porta e o menino abre. Quando entra, o duende pergunta: – O que tens? – Eu perdi o meu livro infantil e tenho de fazer a leitura. O duende encontra um mapa e começa a procurar. Ao ver o mapa com muita atenção, o duende decidiu pedir ajuda ao Pai Natal, porque só ele o conseguiria fazer chegar à flo- resta encantada. A floresta encantada escondia muitos mistérios, mas também muitos peri- gos. Chegava a ser muito assustador andar sozinho nesta floresta. Vampiros e trolls pregavam muitas partidas às pessoas que por lá passa- vam, comandados pela bruxa Mur- teléfica que não deixava nada ao acaso. O livro estava, agora, na posse da bruxa Murteléfica e muito bem escondido, num tronco de uma ár- vore muito antiga com mais de cem anos. Era guardada pelos vam- piros e trolls que para ela trabalhavam, sem nunca descansar. Ninguém deveria encontrar o livro, porque este continha um grande segredo. Quem o lesse ficaria a saber como transformar a bruxa Murteléfica em Murtebondosa e, com isto, acabariam todas as maldades. Só na véspera de Natal, antes de chegar a meia-noite, é que o duende e o Pai Natal conseguiram entrar na floresta encantada
  • 37. 37 e, com a magia do Natal, quebrar o feitiço que por lá pairava. Entraram a toda velocidade e, com ajuda das renas, espalha- ram o espírito de Natal, enfrentaram os trolls e os vampiros que pro- tegiam o livro infantil. Rapidamente resgataram o livro, leram-no atentamente e executaram a transformação. A Murteléfica não deu por nada e quando acordou no dia de Natal já era Murtebondosa. O que era antes uma bruxa despenteada, repleta de verrugas, corcunda, mal cheirosa e carrancuda deu ori- gem a uma bela fada de cabelo doirado, bondosa e muito bem chei- rosa. O duende e o Pai Natal, ainda com um pouco de medo, aproxi- maram-se da casa da bruxa para confirmar se a transformação se tinha dado. Assim que a viram tão bela, tiveram a certeza do seu sucesso. Dirigiram-se a ela e disseram-lhe: – Bom Natal, Murtebondosa. Ainda te lembras de nós? – Quem são vocês? Já não vejo ninguém há muito tempo e até achava que iria passar este Natal sozinha. – Não precisas de ficar triste e sozinha. Podes passar o Natal
  • 38. 38 connosco na Oficina dos Brinquedos, mas, para isso, neste dia espe- cial, deves fazer uma boa ação. – Qual será a ação que devo fazer? – Deves devolver o livro ao menino que precisa dele para fazer a leitura. Naquele momento, e num ápice, saltaram todos para dentro do trenó e, guiados pelas renas, foram até à casa do menino que os recebeu com muito entusiasmo na sua biblioteca. Convidou-os a fi- car para um chá junto à lareira e lerem o livro juntos. EB1Ançã, turma 1/4, prof. Teresa e EB1Cant., turma 3A, prof. Octávio
  • 39. 39 A grande árvore dos desejos Quase todas as histórias começam com “Era uma vez...”, mas esta história é diferente, começa numa linda manhã fria e chuvosa. O Natal aproximava-se, era inverno, as ruas estavam desertas, porque o tempo ventoso e húmido convidava a estar em casa, ao quentinho da lareira. Sara acordou cedo, naquela manhã. Andava muito entusiasmada com a chegada do Natal e não queria perder tempo. Ela era uma ra- pariga de 9 anos, alegre, divertida e cheia de sonhos por realizar. Vivia com os seus pais e o seu irmão mais novo, o Dinis, na linda ci- dade de Gnômulo. Já era tradição daquela cidade que, durante a época natalícia, se enfeitasse a maior árvore que se encontrava plantada na praça central. Todas as famílias contribuíam com enfeites para que a linda ár- vore ficasse ainda mais vistosa, na noite de Natal. Nessa árvore ha- bitavam os seres mais simpáticos e bondosos do mundo: os gnômulos. Os gnômulos eram seres mági- cos que viviam em paz e harmonia com os habitantes daquela cidade. Eles eram os guardiões da grande árvore, que depois de enfeitada e iluminada, de vinte em vinte anos, à meia-noite do dia 24 de dezem- bro, dava bagas mágicas que conce- diam aos habitantes daquela cidade a realização de um desejo de bon- dade. Era, por isso, uma árvore muito valiosa. Sara saiu do quarto apressada e, quando chegou à cozinha, encon-
  • 40. 40 trou a mãe e perguntou-lhe: – Mãe, o Natal está a chegar, já pensaste no desejo bom que vais pedir este ano? – Oh, não, ainda estou a decidir, mas há tanto para pedir: a cu- ra de doenças graves, a paz para os países que estão em guerra… – respondeu a mãe pensativa. Depois, a Sara olhou para a sala e viu o seu irmão, na sua habi- tual leitura matinal, a ler um livro requisitado na Biblioteca Escolar e quis saber: – E tu Dinis, o que vais pedir? – Nada, eu detesto o Natal – respondeu o Dinis, que estava qua- se sempre de mau humor. Em casa da Sara, como em todas as casas de Gnômulo, todos andavam atarefados a preparar os enfeites para a grande árvore. Passaram alguns dias e a poucos dias do Natal, a grande árvore estava agora cheia de lindos enfeites e preparava-se para ser ilumi- nada, quando aconteceu uma coisa terrível. Uma noite, sem que ninguém se apercebesse, apareceu na cida- de um gnômulo preto com pintas amarelas e orelhas quadradas. Ele era um ser maldoso e cruel. Roubou todas a luzes e enfeites da grande árvore e desapareceu. Na manhã seguinte, os gnômulos acordaram e viram que a gran- de árvore estava vazia e apressaram-se a avisar todos os habitantes do sucedido. Ora, a grande árvore só dava as tais bagas mágicas se estivesse enfeitada e iluminada na noite de Natal e há vinte longos anos que muitos esperavam esta noite. Ao saber do sucedido, todos ficaram aflitos e desesperados, pois já não tinham mais tempo para refazer os enfeites, faltava apenas um dia para a noite de Natal. Sara arranjou um plano e tomou uma decisão: foi ter com os gnômulos e prometeu-lhes que iria encontrar o culpado. A sonhadora menina começou, então, a pôr o seu plano em prá- tica. Mas precisava de um ajudante. Lembrou-se do seu irmão Dinis.
  • 41. 41 Com certeza que seria uma ajuda valiosa, pois, de tanto ler livros de aventuras e de polícias e ladrões, já pensava como um detetive as- tuto. Apesar de Dinis detestar o Natal, não foi difícil convencê-lo a participar na investigação da recuperação dos enfeites de Natal. O rapaz adorava um bom mistério e, depois dos elogios rasgados que a sua irmã lhe fez, em relação às suas capacidades ‘sherlockianas’, rapidamente puseram um plano em prática. Os dois irmãos lembraram-se que a D. Leontina, uma das habi- tantes da cidade, contribuía sempre com um enfeite que tocava um doce cântico de Natal, apenas percetível aos ouvidos muito sensíveis dos gnômulos. Mas esta melodia tinha ainda uma outra particularida- de: só os gnômulos bondosos a conseguiam ouvir. Seria então necessário recrutar os gnômulos da árvore para pro- curar pela cidade os enfeites escondidos. E assim foi. Sara e Dinis arranjaram um mapa da cidade e formaram três patrulhas de gnô- mulos. Cada patrulha tinha um guia. A Sara ficou responsável pela patrulha A, o Dinis pela patrulha B e a mãe deles pela patrulha C. O tempo urgia e era necessário encontrar os enfeites porque a noite da consoada aproximava-se. As três patrulhas lançaram-se então na busca do enfeite musi- cal. Cada uma seguiu um percurso diferente de forma a cobrirem todas as zonas da cidade, tal como tinham planeado. Os gnômulos e as suas grandes orelhas pontiagudas seguiam muito atentos e hirtos, olhando para todo o lado. Era já de tarde, quando as três patrulhas se voltaram a reunir junto da árvore para trocar impressões. Muito tristes e cabisbaixos lá apareceram junto do local combinado. Ninguém tinha ouvido qualquer cântico de Natal vindo de lado algum. Parecia uma missão impossível recuperar os enfeites da árvore. De repente, o Dinis gritou: – Eia, já sei! Já sei onde poderá estar o gnômulo malvado. – Então? – disse a Sara desnorteada.
  • 42. 42 E o Dinis explicou: – Lembram-se da cabana da floresta? Aquela que todos nós dizí- amos que estaria assombrada e que nunca chegamos perto quando vamos brincar para a floresta? Pois bem, só pode ser aí que o gnô- mulo malvado está escondido. Ele sabe que nós nunca nos lembrarí- amos de procurar aí, pois temos muito medo de nos aproximarmos daquele sítio. E numa questão de cinco minutos, as três patrulhas organizaram -se e puseram-se em marcha até à floresta que circundava a cidade. Ao aproximarem-se da cabana, viram que havia luz e que a cha- miné deitava fumo. Estava já a anoitecer e não podiam perder tem- po. Aquele local era a única réstia de esperança que restava tanto aos gnômulos como aos habitantes daquela cidade. No entanto, não se ouvia nada. Nenhum som, nenhuma melodia harmoniosa, nenhum cântico “perlimpipante” saía da cabana fumegante. A tristeza paira- va no ar. Sara deu a mão a um dos gnômulos que já lacrimejava. Juntos dirigiram-se à cabana. A menina respirou fundo, encheu-se de cora- gem e bateu à porta. A porta abriu-se, mas ninguém apareceu. Sara lembrou-se das histórias fantasmagóricas que o irmão lhe contava acerca daquela cabana e quase dava meia volta para desatar a cor-
  • 43. 43 rer para junto da sua mãe, quando se lembrou do gnômulo que lhe dava a mão. Sentiu que a agarrava agora com mais força. Olhou para baixo e, em vez de um, viu dois gnômulos. O seu companheiro de patrulha e… o gnômulo malvado. Pois claro, a porta não se abriria sozinha, era óbvio. Os gnômulos é que são uns pequenos seres que muitas vezes estão fora do alcance do nosso olhar e daí não se ter apercebido daquele estar mesmo aos seus pés, quando a porta abriu. Sentiu-se um pouco pateta, mas recuperou assim que o gnô- mulo bom a começou a puxar para dentro da casinha. Sem trocarem qualquer palavra, Sara percebeu que o seu companheiro a guiava até um baú muito velho e com um aspeto pesado. – É ali – disse o gnômulo exaltado – é ali que estão os enfeites. Ouço a melodia de Natal como se estivesse na minha árvore. Entretanto, também já Dinis e a mãe se encontravam ao lado de Sara. Juntos fizeram um esforço e conseguiram abrir o pesado baú. E lá estavam eles. Reluzentes e encantadores. Finalmente ti- nham encontrado os enfeites de Natal. Mesmo a tempo da noite na- talícia. Regressaram todos juntos para a cidade, enquanto os gnômulos assobiavam uma linda melodia. Seria, talvez, a bela melodia que entoava do enfeite da D. Leontina e que era impercetível aos ouvi- dos humanos. Ah, e que belo som era aquele! Pensavam os irmãos Sara e Dinis. E, assim, os gnômulos, a Sara, o Dinis, a mãe destes e todos os habitantes da cidade colocaram de novo os enfeites na árvore e vi- ram brotar as tais bagas mágicas. Naquela noite, a Sara desejou que o gnômulo malvado se tornasse bondoso para que pudesse partilhar de toda aquela magia e assim nunca mais praticar o mal. Todos os habitantes da cidade fizeram desejos semelhantes: que o mal aban- donasse o interior dos seres maus e todos pudessem sentir a felicida- de dentro de si. Desta forma, seria impossível o mal voltar a apare- cer seja lá de que forma. EB1Cantanhede, turma 4B, prof. Rui e EB1Cordinhã, turma 34, prof. Aida
  • 44. 44 O livro tão desejado Há muitos anos, numa noite de inverno, o Pai Natal vinha do Polo Norte com o seu trenó carregado de presentes, para responder aos pedidos feitos pelas crianças das escolas. Trazia carros, bone- cas, jogos, livros e muitos mais presentes. As suas renas, numa curva apertada, deram um salto e um livro saltou do trenó e caiu, lá do alto. Esse livro tinha sido pedido por um menino muito pobre que não tinha livros de histórias e se encon- trava muito doente. Ele tinha escutado a leitura desse livro na bibli- oteca escolar, na hora do conto e, como gostou tanto da história, resolveu pedi-lo como presente, para este Natal. O livro ficou irre- cuperável. O Pai Natal ficou muito aflito e ligou do seu globo mágico para os seus ajudantes, os duendes, que tinham ficado a ultimar mais al- gumas encomendas, na sua oficina dos presentes. Eles, depois de ouvirem o telefonema urgente do Pai Natal, tentaram imediatamen-
  • 45. 45 te fazer outro mas… algo correu mal… Os duendes fazem os livros de maneira diferente: ordenam as letras no estendal da roupa, depois de irem ao mundo das letras, por um túnel secreto e colam as palavras com a fórmula mágica “Zizicolagem”. Como os duendes tinham muita pressa, colaram as palavras den- tro do livro, mas esqueceram-se de dizer a fórmula para as colar. Enviaram o livro ao Pai Natal por uma rena que se tinha magoado e não tinha ido com as outras, mas sabia o caminho. Na noite de Natal, o Pai Natal entregou o presente pela chami- né. O menino acordou com o baralho do saco a cair e levantou-se para ver se tinha recebido o seu presente tão desejado. Muito feliz, abriu o livro e as letras brincalhonas saltaram, pularam, flutuaram e riram. O menino ficou surpreendido e, um pouco assustado, escon- deu-se atrás do pobre pinheiro que apenas tinha uma estrela no to- po. As palavras, atraídas pela estrela cintilante, deram as mãos e formaram grinaldas coloridas que enfeitaram a árvore de Natal. O menino ficou muito contente, aproximou-se e observou que, no pinheiro, havia uma grinalda que formava a palavra “Saúde”. As letras felizes, que sabiam que o menino tinha pedido o livro ao Pai Natal, rodopiaram como um tornado, cantando “Zizicolagem”. Num ápice, entraram no livro, colaram-se e tudo ficou silencioso. O menino pegou no presente e viu que era o livro que ele tinha desejado: O beijo da palavrinha, de Mia Couto. EB1Cordinhã, turma 34, prof. Aida e EB1Cantanhede, turma 4B, prof. Rui
  • 46. 46 O Cientista Era uma vez um cientista chamado Tomás. Ele era alto e tinha cabelo castanho. Vivia num planeta muito distante. O Tomás andava a estudar os robots, gostava muito de ter um. Um Livro contou-lhe que havia um robot numa gruta do planeta Júpiter. – Diz-me uma coisa: de onde é que tu vens? – perguntou o To- más. – Eu venho da biblioteca escolar de Cantanhede – respondeu o Livro. Eles ficaram amigos, mas, no caminho o Livro lembrou-se de que havia uma bruxa a guardar o precioso robot e avisou o Tomás. O cientista queria tanto um robot que não desistiu. O Livro estava sempre a dizer que não havia forma de derrotar a bruxa. No caminho, o cientista encontrou um livro de magia e ten- tou ler um feitiço. O Livro avisou-o, quando o ouviu a fazer aquela leitura. Quando chegaram, o Livro leu um feitiço e a bruxa desmai- ou. Ele ficou muito feliz, tinha realizado o seu sonho. O cientista foi de foguetão para casa, mas, quando lá chegou, algo terrível tinha acontecido: a bruxa já lá tinha estado. Quando a bruxa acordou, apercebeu-se de que o robot tinha de- saparecido, mas não se preocupou porque tinha maneira de o locali- zar. Rapidamente voou na sua vassoura mágica e chegou ao planeta do cientista. Procurou a casa do cientista e viu que esta estava pre- parada para celebrar o Natal. Então, para se vingar, lançou um feitiço a toda a família, rou- bando-lhe o Espírito Natalício. O Tomás ficou terrivelmente assustado e começou a chamar: – Menino Jesus! Menino Jesus! Preciso que me venhas ajudar. Precisamos de recuperar o Espírito do Natal.
  • 47. 47 Logo, no céu, apareceu uma estrela cadente, ouviu-se ao longe o trenó do Pai Natal e a algazarra dos duendes que distribuíam as prendas, ouviram-se sinos a tocar e uma forte luz vinda da estrela fez brilhar tudo à sua volta. Em casa do Tomás recuperou-se o Espírito Natalício, pois era Noite de Natal. EB1Cantanhede, turma 3A, prof. Octávio e EB1Ançã, turma 14, prof. Teresa
  • 48. 48 O presente especial O dia acordou com os campos cobertos de orvalho. Os raios de sol incidiam nas gotículas de água que pareciam diamantes. O Pai Natal acordou depois de uma noite passada junto à lareira e começou a ler a lista de presentes que as crianças tinham enviado. Dirigiu-se à oficina dos brinquedos com ar de preocupado e muito pensativo. Entretanto, aproximou-se o duende chefe que lhe per- guntou: – Que cara é essa? Por que está tão desani- mado? E o Pai Natal respondeu apoquentado: – Estive a ler a lista dos presentes e fiquei muito admirado com um dos pedidos, pois era estranho e ao mesmo tempo especial. O duende Borboleta (“Borboleta” porque conseguia estar em todo o lado que até pare- cia que voava), muito intrigado, quis saber qual era esse desejo. E o Pai Natal disse: – Sabes que uma criança me pediu um livro mágico e eu não sei como fazê-lo? O duende Borboleta foi chamar o seu colega duende Esperteza para tentar resolver aque- la situação. – Esperteza, Esperteza, precisamos da tua ajuda! O duende não aparecia, apesar da insistência do seu amigo. – Ah! Ah! Ah! Então não sabes onde é que ele se encontra? – per- guntou o Pai Natal. – Está na Biblioteca rodeado de livros, no cantinho da leitura. Como ele não aparecia, foram todos ao seu encontro. Contaram o problema ao duende Esperteza e ele respondeu:
  • 49. 49 – Parece impossível! Acabei de ler, agora mesmo, um livro que dava instruções que nos podem ajudar. Apressadamente, dirigiram-se para a oficina do Pai Natal. Primeiro, foram buscar pétalas de rosa para fazer as folhas do livro perfumadas; as cascas do pinheiro são para capa, contracapa e lombada. E veio logo o nosso amigo pavão que deu uma das suas be- las penas para escrever o título do livro. Chamaram o bicho-da-seda para dar uns brilhantes fios da seda, para coser as folhas. O duende Colorido foi chamado para colorir as folhas do livro. Chamou logo os seus amigos animais, arco-íris, céu, estrelas… para o ajudarem. A joaninha ofereceu as suas pintas pretas e o vermelho da sua capa; o arco–íris trouxe as suas sete cores maravilhosas; as borboletas ofere- ceram um pouco das suas belas e coloridas asas e o livro ficou fan- tástico! Até algumas estrelas desceram e pousaram nas folhas do livro que ficaram tão cintilantes e brilhantes! Também o grilo quis dar a sua contribuição. É preto, é claro, mas também é uma cor im- portante! Era Natal e todos queriam partilhar! Estava pronto, mas faltava a magia… Foi então que o duende Anão teve uma ideia! Foi pedir ao grilo que com a sua cor preta escrevesse: Livro meu, livro meu Conta-me o segredo Que é só o teu! Estava tudo pronto e o PAI NATAL já podia entregar o presente tão desejado. Era verdadeiramente um livro mágico! Sempre que o menino abria o seu livro mágico e lia estes versos surgiam as mais belas e extraordinárias personagens que davam voz às mais belas histórias de encantar que o faziam adormecer, sonhar e acordar feliz para mais um novo dia. EB1Ourentã, 3 4, prof. Lucília e Luísa e EB1Cadima, turma 43, prof. Alda
  • 50. 50 Numa noite de Natal Era uma vez um grande castelo cinzento empoleirado numa alta montanha com o pico coberto de neve. Nesse castelo morava uma menina chamada Juliana. A Juliana era uma menina alta para a sua idade e tinha o cabelo castanho e comprido. Era uma menina muito bonita! Gostava muito de ajudar os amigos sempre que eles precisavam. Era também uma pessoa muito inteligente. A Juliana era muito feliz no seu castelo. Mas queria encontrar um grande amor… Na noite de Natal, estava a Juliana na varanda do castelo, quan- do de repente ela viu um enorme clarão. Do clarão surgiu uma fada toda vestida de azul que lhe disse: – Querida Juliana, dou-te esta chave que serve para abrir o que procuras. Vai em busca da fechadura certa… Juliana decidiu, então, partir no seu tapete voador, mas a via- gem foi curta! Perdeu o equilíbrio e caiu no chão, coberto de neve fofa e branca. Ela rebolou pela encosta, sem conseguir parar. Rebo- lou tanto e com tanta velocidade que formou uma bola de neve gi- gante. Só parou quando bateu na porta de uma gruta. Depois de se recompor, olhou atentamente em seu redor e che- gou à conclusão que estava no local que procurava. Juliana surpreendeu-se quando pegou na chave que a fada lhe tinha dado e a porta logo se abriu. Dentro da gruta estava escuro, mas, mesmo assim, não hesitou em entrar. Após alguns passos, começou a ouvir um barulho seme- lhante ao das cobras: – Tsssssss, tsssssss… – Quem está aí? – perguntou a Juliana muito assustada. O barulho continuava e aproximava-se cada vez mais. Num instante, ficou frente a frente com a serpente que, com o
  • 51. 51 seu olhar, a hipnotizava. A Juliana começou a ficar com muito sono, bocejando sem pa- rar… Queria fugir e continuar a procurar o seu grande amor, mas foi impossível resistir e acabou por adormecer profundamente. Quando a malvada da serpente se preparava para a atacar, sur- giu uma estrela muito, muito brilhante. O seu brilho era tanto que cegou a serpente e acordou a Juliana. A menina levantou-se, fixando a luz que indicava o caminho até ao seu grande amor: o Menino Jesus, que tinha acabado de nascer. EB1Ançã, turma 23, prof. Fernando e turma 32, prof. Suse
  • 52. 52 A fábrica de brinquedos Era uma vez um menino chamado Timi. Ele era um menino bem comportado e muito gentil. Timi gostava muito da época natalícia: dos doces, dos enfeites, das canções, dos contos de Natal na Biblio- teca Escolar e, principalmente, dos presentes. No entanto, deixara de acreditar no Pai Natal, pois há muito tempo que na sua casa nin- guém recebia prendas. Sempre que pensava no Natal ficava angustiado porque sabia que, mais uma vez, não haveria presentes. E pôs-se a pensar: “Será que há outros meninos como eu?” Como ele era um menino muito criativo, resolveu fazer algo para mudar a situação. Após longas horas de leituras, teve uma ideia! Foi então que decidiu pedir ajuda aos amigos da escola e descobriu que a Filipa e o Manuel também não recebiam prendas! Todos os colegas pensaram numa forma de ajudar estes amigos a ter um Natal mais feliz. De repente, alguém se levantou e disse: – Tive uma ideia brilhante! E se mandás- semos uma carta para o pai do Tiago que é o dono da fábrica de brinquedos? – Que ideia fantástica! - disseram todos ao mesmo tempo. - Eu escrevo a carta - disse a Júlia. Os três amigos ficaram muito emociona- dos com a solução encontrada pelos colegas. E, nesta escola, este dia foi muito especial porque todos contribuíram para que os três colegas pudessem ter um Natal mais feliz! A Júlia escreveu uma linda carta para o senhor Carlos que até agradeceu a ideia e resolveu, todos os anos, mandar presentes para os meninos mais pobres. A partir deste ano, o Natal foi mais feliz para todos! EB1Cordinhã, turma 12, prof. Isabel e EB1CSul, turma 3B, prof. Manuela
  • 53. 53 Os contos do 2.º CEB
  • 54. 54
  • 55. 55 A descoberta do Natal Decorria o ano de dois mil e trinta e oito e o Natal já não era o mesmo. Tudo mudou… O Pai Natal decidiu instalar a sua fábrica de brinquedos no alto da Serra da Estrela. Já não vivia sozinho, pois tinha agora uma grande família: a Mãe Natal, o Filho Natal, uma re- na robótica e um cão. No cantinho mais isolado da serra, numa aldeia pequenina, en- contravam-se somente três habitações: a da família Natal, a fábrica dos brinquedos e a casa do homem que odiava o Natal. Este, por sua vez, vivia sozinho com o seu filho. Um rapazinho de dez anos, tímido e triste, pois na vizinhança não havia meninos da sua idade, nem ele estava habituado a conviver com a família Natal. O seu pai, o ho- mem que odiava o Natal, sempre evitou que o rapaz soubesse o que era o Natal, por isso nunca deixou que o filho conhecesse a família vizinha. Tudo começou há uns anos atrás, quando o Sr. Natalino, ainda menino e pobre, procurou, incansavelmente, o Pai Natal pelas ruas da vila onde vivia, sem nunca o encontrar. Todos os anos, sempre que voltava para casa, na noite mais desejada pelas crianças, olhava para o seu pinheirinho e nada encontrava. Cresceu sem acreditar
  • 56. 56 naquilo em que todos os meninos mais acreditavam e esperavam – os presentes do Pai Natal. Mais tarde, homem adulto, abandonado pela família e com um filho pequeno para criar, foi isolar-se de todos, na Serra da Estrela. Certo dia, o Sr. Natalino, triste por o filho estar isolado e não saber ler nem escrever, foi à biblioteca escolar buscar um livro para que o mesmo aprendesse a ler. Quando chegou a casa, descobriu que o seu filho não estava. Muito preocupado, saiu à sua procura pela vizinhança e não o encon- trou. Em pânico, decidiu recorrer à última casa que havia: a fábrica do Pai Natal. O Sr. Natalino tocou ao sino da porta da fábrica e, al- gum tempo depois, o duende responsável surgiu à porta perguntan- do: ─ O que deseja? Um carro, um palácio, … ─ Não, eu apenas quero saber do meu filho José, pois eu fui à vila e, quando cheguei a casa, ele já não estava. O Pai Natal, que se encontrava por perto, ofereceu de imediato a sua ajuda e enviou a rena robótica para acompanhar o Sr. Natalino na busca do filho. Estes saíram em direção ao bosque que ficava
  • 57. 57 perto da fábrica. Ao chegarem, depararam-se com o José a chorar junto de um pinheiro. O pai do menino, muito assustado, perguntou: ─ O que é que aconteceu, filho? ─ Eu queria cortar este pinheiro para levar para casa, mas não consigo ─ respondeu o José. ─ Mas, José, não podemos cortar as árvores, porque elas são es- senciais para o meio ambiente. Vem comigo para a fábrica, que te- mos lá um pinheiro para ti ─ declarou a rena robótica. ─ Quando chegaram à fábrica, o Pai Natal, ansioso por saber on- de estava o menino, recebeu-o de braços abertos. Nessa altura, a rena robótica entregou ao menino o pinheiro de Natal artificial e o pai aproveitou para lhe dar o livro sobre o Natal que tinha requisita- do na biblioteca. Sentados no chão, à volta de uma lareira, o Pai Natal fez uma leitura emocionante da história que o pai do menino lhe trouxera. Com esta história, o Sr. Natalino e o José ficaram a conhecer o signi- ficado do Natal. A Família Natal convidou-os para passarem a ceia com eles e, a partir desse momento, o Sr. Natalino e o José festeja- ram sempre o Natal. 5.ºF , prof. Paula Fidalgo e 6.ºE Paula Abreu
  • 58. 58 Fórmulas Mágicas Numa manhã de inverno, os duendes e o Pai Natal encontravam- se numa pequena aldeia, na qual tinham descoberto uma fábrica misteriosa. Na quinta onde o Pai Natal e os duendes viviam, havia uma gran- de plantação de azevinho e de pinheiros que, devido ao clima, esta- vam a ficar cada vez mais estragados. Deste modo, estes passavam grande tempo dos seus dias a cuidar deles. Um dos duendes mais novos, sentindo-se bastante cansado, en- costou-se a uma estaca da cerca e, do nada, ela rodou e abriu-se na terra um enorme alçapão, por onde se podia ver uma fábrica subter- rânea. Muito aflito, correu, apressadamente, para chamar o Pai Na- tal e os seus amigos e contou-lhes o que vira. De imediato pegaram nas suas lanternas, numa corda grossa e em várias ferramentas, de modo a prepararem a descida. Junto do enorme alçapão, ainda a medo, espreitaram para o in- terior que tão misteriosamente lançava um finíssimo raio de luz e depressa perceberam que a descida por aquele buraco sem fim seria uma tarefa difícil. O mais destemido dos duendes, não porque fosse forte e muscu- lado, mas sim porque era o mais audaz de todos, avançou com a ideia: – Apertem os pompons! Depressa os nossos barretes ajudarão na descida. Pai Natal, tu não cabes no buraco! Faz uma leitura atenta das cartas de Natal, pois o nosso problema com a falta de brinque- dos rapidamente se poderá resolver. A queda livre foi tormentosa, mas valeu a pena. Quando todos chegaram ao chão, depararam-se com um grande salão e, no centro deste, um extraordinário livro de onde saía a luz. Olharam em volta e perceberam que estavam numa biblioteca fabulosa, que antecedia a entrada da fábrica subterrânea. Quem teria construído tudo aqui-
  • 59. 59 lo? Que livros seriam aqueles? Para que serviria ali uma biblioteca? As questões surgiam umas atrás das outras… Após a surpresa do momento, focaram-se naquilo que ali os tinha levado, mas quase desistiram após as várias tentativas para abrir o grande livro e o folhear. De repente, o Duende mais esperto propôs que virassem o livro e vissem a contracapa. Foi nessa altura que re- pararam numa inscrição que dizia: “Apenas o verdadeiro Pai Natal poderá consultar este livro.” Depressa reuniram forças e, com muito cuidado, içaram as cordas e levaram o livro à superfície como se fosse uma joia preciosa. Um dos duendes já tinha subido e chamado o Pai Natal. Quando este abriu o livro surpreendeu-se e o seu olhar iluminou-se, pois deparou- se com centenas de fórmulas mágicas para o tratamento dos azevi- nhos e dos pinheiros. Também lá encontrou a indicação que podia ir àquela fábrica buscar todos os brinquedos que lhe faltassem e, dessa forma, deixar todas as crianças felizes. 5.ºE prof. Paula Abreu e 6.ºF prof. Paula Fidalgo
  • 60. 60 A verdade do Pai Natal No dia 24 de dezembro de 2015, de manhã, o André, uma crian- ça muito pobre, dirigiu-se à biblioteca da sua cidade para ler um conto de Natal. Reparou que, nas estantes dos contos, não existia qualquer livro. Admirado, viu que estava um bilhete em cima de uma dessas estantes. Ao lê-lo, ficou a saber que o Pai Natal tinha levado todos os contos de Natal para mostrar ao seu filho como era a vida do Pai Natal, nesta época. De facto, o Pai Natal, cansado de viver sozinho, tinha decidido constituir família e teve um filho. O pequenito tinha dificuldade em compreender por que motivo o seu pai tinha tanto trabalho nesta época, por isso, o Pai Natal resolveu dedicar um pou- co do seu tempo à leitura dos livros de Natal que se escrevem para crianças e mostrar ao filhote como se imagina a vida do Pai Natal. – Sabes, meu filho, tal como Jesus nasceu e recebeu presentes na noite de 24 de dezembro, também todos os meninos ficam à es- pera de receber os seus presentes nesta época. Assim, tenho de fa- zer muitos brinquedos para as crianças de todo o mundo e aparecer em muitas lojas, nas montras e nas ruas para as famílias viverem a quadra natalícia com mais magia. – Pai Natal, podes continuar a ser um papá assim, pois eu adoro que sejas amado em todo o mundo, por muitos meninos e pelas suas famílias! 5.ºE prof. Paula Abreu e 6.ºG prof. Paula Fidalgo
  • 61. 61 Os contos do 3.º CEB
  • 62. 62
  • 63. 63 A magia do Natal Faltavam algumas semanas para o Natal. O tempo tinha arrefe- cido bastante e já apetecia vestir roupas mais quentes e estar ao pé de uma lareira, a beber um chocolate quente. Era uma tarde de quarta-feira. A escola estava quase deserta. O vento frio agitava os ramos das árvores quase despidas, fazendo com que as poucas folhas que ainda resistiam caíssem no chão. Era en- graçado ver a dança das funcionárias em desespero atrás das folhas que pareciam estar muito divertidas. O pequeno João observava aquela cena e não pôde conter o ri- so. Até as folhas gostavam de brincar! Era um aluno do 5.º C, franzi- no, moreno, de olhos azuis, cabelos escuros e encaracolados. O Jo- ãozinho, como carinhosamente lhe chamavam os poucos amigos que tinha, era um rapaz humilde, tímido, curioso, simpático, bem- educado, mas que tinha alguma dificuldade em se relacionar com as
  • 64. 64 outras pessoas. Por isso, frequentava regularmente a biblioteca es- colar, onde podia mergulhar no seu mundo, envolvido nas fantásti- cas histórias que lia. Naquele dia, tinha pedido aos pais para ficar na escola, pois desde o dia anterior que um grosso livro de capas douradas não lhe saía do pensamento. Só ele sabia da sua existência. Tinha-o avista- do, por acaso, atrás de uma prateleira, escondido e ele apenas o descobrira, porque um tímido raio de sol fizera brilhar, por instan- tes, as suas capas de ouro. Atravessando o polivalente estranhamente silencioso, João qua- se que corria em direção à biblioteca. Quando abriu a porta, sentiu um arrepio. Cumprimentou a D. Olga e a D. Clarinda e foi ocupar o seu lugar habitual, junto à janela que dava para o bloco A. Depois, discretamente, levantou-se e caminhou em direção ao sítio onde, no dia anterior, tinha avistado o misterioso livro. Com as mãos a tremer e os olhos a piscar, retirou delicadamente o livro do esconderijo e, como se segurasse um recém-nascido, voltou para o seu lugar e sen- tou-se. Antes de abrir o livro, acariciou as suas capas cintilantes e leu o título: A magia do Natal. Enquanto abria a primeira página em bran- co, uma súbita tristeza pairou sobre o João e uma lágrima sentida escorreu pelo seu rosto, caindo sobre o livro. Ele já não tinha um Natal feliz há alguns anos! Mas, qual não foi o seu espanto ao ver que, no papel em branco onde a lágrima secara, surgiu a seguinte mensagem: “Para uma criança especial”. “Como poderei ser uma criança especial… sem presentes no Na- tal e os meus pais desempregados?” – questionou-se. No entanto, não deixou de ficar curioso e foi folheando calmamente o livro dou- rado na ânsia de descodificar a mensagem. No final do livro, encontrou uma fotografia de uma família a festejar o Natal. Aquelas pessoas eram-lhe familiares. Apercebeu-se de que se tratava dos seus pais, bem mais velhos, sentados em ca- deiras de baloiço, rodeados por um jovem casal com os seus filhos,
  • 65. 65 um cão e um gato. O jovem pai tinha olhos azuis e cabelo castanho encaracolado. Via-se nos seus rostos que era uma família unida e feliz. Pareceu-lhe que a imagem ganhara vida e compreendeu. Os lin- dos olhos azuis de Joãozinho transformaram-se num rio. Aquela inexplicável experiência ensinara-o que o tempo não para: teria de dominar a sua tristeza, fazer amigos, não desistir dos seus sonhos… aproveitar aquela idade de ouro. Concluiu que A magia do Natal não se revelava nos presentes que se recebe, tal como sempre pensara, mas na vivência harmonio- sa da família. Sorriu. A fotografia desapareceu. 8.ºA prof. Ana e 7.ºE prof. Rui
  • 66. 66 A chegada da felicidade A grande mudança na cidade dos doces aconteceu em 2074, três dias antes do grande dia – aquele por que todos esperavam ansiosa- mente trezentos e sessenta e quatro dias –, o fantástico dia de Na- tal. Cantadoce não imaginava a tragédia que estava prestes a acon- tecer! Cantadoce era aquela cidade onde todos desejavam viver e onde todos eram felizes, porque só aqui se festejava o Natal. À sua volta existia uma muralha multicolor de gomas de todos os motivos e sabores que as cidades ao seu redor desejavam destruir. Cantadoce era o paraíso dos doces: rios de nutella, nuvens de algodão doce, camas de marshmallow, árvores de pipocas, plantas de chupa- chupas e ainda o maior parque de diversões do Universo. Numa cidade muito próxima de Cantadoce, chamada Assombra- ção, há muito tempo, tinham sido roubados todos os doces e, por causa disso, os habitantes que nela viviam ficaram frios e arrogan- tes. Ora, eles sabiam que na cidade ao lado se festejava o Natal, por isso mandaram um dos duendes da sua comunidade espiá-los en- quanto os habitantes da cidade Cantadoce descansavam. Esse duen- de chamava-se Travessura. Apesar do seu nome sugestivo, nenhuma
  • 67. 67 das suas características inspirava simpatia: era mau, frio e muito arrogante; tinha orelhas pontiagudas, estatura pequena e era muito feio. Estava esfomeado porque já não comia há alguns dias. Olhou para as guloseimas. Como tudo lhe parecia bastante apetitoso, não sabia o que escolher. Decidiu, finalmente, começar pelas plantas de chupa-chupas. Não gostou. Foi buscar pipocas. Também não gostou. Provou as restantes guloseimas, mas não gostou de nenhumas. Todas elas eram, apenas para ele e para os habitantes da sua cidade, aze- das por causa do seu carácter amargo. Faltava-lhes qualquer coisa… faltava-lhes o doce. Tirou o seu saquinho com o pó de magia e soprou-o na direção dos doces. Travessura voltou a provar os doces um a um, as nuvens de algodão, as camas de marshmallow, as pipocas, a massa de cho- colate, os chupa-chupas… e, felizmente, os doces, atingidos pelo pó mágico, não tinham sofrido nenhuma alteração. Para o duende con- tinuavam pouco saborosos. Incapaz de compreender a ineficácia da sua poção mágica, con- tinuou a espiar os habitantes da cidade. E que descobriu? As ruas enfeitadas de bolas em tons de dourado e vermelho, crianças a brin- car alegremente e a saborear as suas guloseimas, adultos sorridentes e até os animais pareciam sentir-se felizes. Travessura compreendeu então o que era o amor. Pouco a pouco sentiu-se agradavelmente contagiado. O mau feitio fugia-lhe mais depressa do que alguma vez imaginara. Ah! E como era bom deixar aquela felicidade entrar-lhe no coração e percorrê-lo até à ponta das unhas e dos cabelos! Era uma luz, era uma flor que desabrocha- va sem pedir licença e era bom e doce! O duende sentiu que a sua cidade precisava de conhecer aquele modo de viver. Assim, regressou a toda a velocidade à sua cidade e trouxe o seu povo para observar aquela forma de vida. O efeito foi imediato. O amor venceu a amargura. E as duas cidades celebraram juntas a noite de Natal. 7.ºD prof. Mª Alberto e 9.ºD prof. Júlia
  • 68. 68 O duende cor-de-rosa Todos os anos, quando o Natal se aproximava, a criançada, ao fim da tarde, corria desenfreadamente jardim abaixo para ganhar os primeiros lugares na sala da biblioteca escolar, onde diariamente a leitura de um conto natalício os deixava a sonhar. Dia após dia, o entusiasmo crescia. Porém, ao terceiro dia, o Paulo e o Jorge estavam longe de imaginar que viriam a ser notícia mundial. Na verdade, distraídos com as luzes que enfeitavam a entrada da escola, os meninos viram-se obrigados a atravessar sozinhos o jardim central de Cantanhede. A meio do caminho, viram um trenó puxado pelas renas mágicas sobrevoar o céu. Primeiro ficaram imó- veis, depois esfregaram os olhos, pensando tratar-se de uma visão e, lá para a décima esfregadela de olhos, que viram eles? Era mesmo um trenó e as suas renas mágicas. Além disso, o Pai Natal confirma- va a rota para deixar alguns brinquedos para as crianças mais neces- sitadas. Porém saberia ele que dentro do edifício abandonado, onde se abrigara da neve àquela hora, iria deparar-se com um duende cor -de-rosa que tremia de frio e medo a um canto, chorando desespera- do, com as roupitas todas rasgadas? Ao ver a triste cena, o Pai Natal, que, como todos sabemos, é muito carinhoso e não conseguia ver ninguém com lágrimas nos olhos, a não ser de tanto rir de alegria, aproximou-se do pequenito e, tirando o seu barrete, aconchegou-o. – Que se passa contigo, duendinho? Não estamos propriamente em época de tristezas! Conta-me a tua angústia. Foi então que a criatura, assustada, revelou que por causa da sua cor rosada fora marginalizado e mesmo maltratado pelos outros duendes que consideravam o verde a única cor aceitável na sua co- munidade. – “Duende que é duende, tem de ser verde e não um enfezado cor-de-rosa, ó rosinha saloia…” – disseram eles, cruéis, até me dei- xarem neste estado, sozinho e abandonado – lamentou-se o duende
  • 69. 69 infeliz. – Ainda por cima, a comuni- dade de duendes vivia há várias se- manas no meio da escuridão, porque as lâmpadas duendinas que costu- mam iluminar as suas cabanas tinham avariado de vez, andando todos mui- to mal-humorados e soturnos. O Pai Natal apressou-se a procu- rar ajuda, já que estava cheiinho de pressa, pois a hora de distribuir os presentes estava a escassear. – Tenho de encontrar alguém que me ajude a resolver esta em- brulhada. Este pobre duende, em plena quadra natalícia, ser vítima de discriminação…só porque é cor-de-rosa? Não pode ser! Aguenta-te aí um pouco, rapazito. Vou procurar ajuda. Àquela hora, ninguém passava por aquelas bandas, pois a neve teimava em cair e o frio não convidava ninguém a passeios pelo par- que. A não ser o Paulo e o Jorge que, de tão entusiasmados que es- tavam para ir ouvir os contos lidos na Biblioteca, passavam por ali naquela tarde. “Nem mais”, pensou o Pai Natal. No sítio certo à ho- ra certa. Eles, ao ouvirem contar o caso, nem pensaram duas vezes e dis- ponibilizaram-se de imediato. – Ali está ele, meninos. A tiritar de medo e de frio… Podem ficar com o meu barrete que é todo forrado de pelo quentinho. Vai aju- dar, acreditem. – Vai descansado, Pai Natal! Trataremos dele com todo o cuida- do. Podes confiar em nós! Paulo e Jorge aproximaram-se delicadamente do duende e, fa- lando-lhe com palavras carinhosas, lá foram conseguindo que ele se tornasse um pouco mais confiante e aceitasse aconchegar-se no con- fortável barrete do Pai Natal. Palavra puxa palavra, o pequeno du- ende lá explicou a sua angústia. Enquanto falava, contou também da
  • 70. 70 aborrecida escuridão em que vivia ultimamente a comunidade de duendes. E acrescentou: – Se eles soubessem como as minhas pontiagudas orelhas rosadas produzem milhares de estrelinhas luminosas quando estou feliz… Se eles soubessem como a alegria, a paz e a solidariedade pode produ- zir energia suficiente para iluminar uma cidade… – Alegra-te, rapazito! – ex- clamou o Paulo. Para nós, hu- manos, tu seres duende ou ou- tra criatura qualquer, cor-de- rosa, verde ou de qualquer cor do arco-íris, é igual. Se és bon- doso e o teu coração tem amor para dar, serás sempre aceite e farás de nós seres mais feli- zes. Ao ouvir estas palavras, o duendito esboçou um sorriso e rapidamente das suas orelhas com o bico apontado para o céu começaram a sair explo- sões de partículas cintilantes que voaram através da neve pelo firmamento até alcançarem a escura cidade dos duendes verdes que se encheu subitamente de luz. Ao se aperceberem da causa deste ”milagre”, os duendes reco- nheceram que o que os escurecia era a injusta discriminação com que agrediam o duende rosado. E o abraço deu-se. Paulo e Jorge, depois deste episódio, acabaram vendo os seus nomes nas primeiras páginas dos jornais, que os louvaram pelo ver- dadeiro espírito natalício que demonstraram, explicando ao mundo que só o amor puro que não escolhe cor, género, raça ou formato das orelhas pode verdadeiramente “iluminar” o mundo. 9.ºD prof. Júlia e 8.ºC prof. Raquel
  • 71. 71 O lenhador arrependido Numa bela manhã, numa floresta verdejante onde os pássaros cantarolavam alegremente e a água corria pelas ribeiras abaixo, dois amigos passeavam, conversavam e procuravam um pinheiro para en- feitar o largo da sua velha aldeia. De repente, apareceu um lenhador com cara de zangado, trazen- do consigo um pequeno machado ao ombro. Os amigos ficaram mui- to assustados com receio do lenhador que se aproximava muito rapi- damente deles. Então, o lenhador perguntou- lhes: – O que é que vocês andam aqui a fazer? – Andamos à procura de um pinheiro para enfeitar e alegrar o Na- tal da nossa aldeia – responderam eles. – Mas, nós estamos numa floresta protegida e por isso é proibido cortar qualquer árvore. Portanto, desapareçam daqui! – disse o le- nhador. – Por favor, deixe-nos levar um pinheiro para simbolizar o espírito natalício! – retorquiram os dois. – Não, não pode ser! Vou chamar a guarda-florestal – afirmou. – Não, não chame! Nós vamos embora! – exclamaram. Nessa altura, os dois amigos, muito tristes e desiludidos, decidi- ram voltar para a sua aldeia. Mas, pelo caminho, perderam-se. Co- mo se aproximava a hora do almoço, procuraram algum alimento para saciar a sua fome. Foram andando, andando até que se aperce- beram de um cheirinho irresistível a uma sopa acabada de fazer! Quando o estômago dá horas, todo o cheiro a comidinha se torna uma pista a seguir, mesmo que perigosa. Caminharam sem pensar, doidos de fome, até se depararem com um casebre que não fazia adivinhar o mais ténue sinal de enfeites tão característicos da qua- dra natalícia. Na verdade, todo o ambiente que envolvia aquele es- paço era terrivelmente assustador e qualquer um com dois dedos de juízo arrepiaria caminho para evitar males maiores… Mas, como a
  • 72. 72 curiosidade matou o gato, rodearam o pequeno quintal que envolvia a casa, dando voltas e mais voltas até a fome os vencer e os impelir a entrar. Que cheirinho! Deram com uma janela partida que poderia muito bem ter sido uma forma de entrar. Mas como estes episódios de fome, ultima- mente, eram frequentes e redundavam em jantaradas noite fora, tinham engordado de tal forma que desistiram da ideia. Ainda des- cobriram um sem número de pequenas entradas, mas… o problema era sempre o mesmo. Caber… nada! De tal maneira desorientados de raiva e fome, desataram a discu- tir, qual deles o mais furioso: – Bem te avisei que isto de sair de casa sem levar almoço é muito má ideia! – Ora, ora! A culpa foi toda tua! Agora utiliza essa tua cabeça du- ra para sairmos deste sarilho! – retorquiu o mais velho, empurrando- o. Desequilibrado, bateu com a cabeça num velho escadote de ma- deira. – Escadote de madeira? Ora! A tua cabeça finalmente serviu para alguma coisa! Parecendo um presente dos deuses, treparam atabalhoadamente até ao telhado. A chaminé parecia ser uma boa solução. Mas, antes de alcançarem o topo, o telhado, rangendo como uma noite de tro- voada, fazia prever o pior. E aconteceu: caíram os dois redondos como bolas de chumbo mesmo em frente ao nariz do… lenhador! Refeitos da situação patética, tentaram balbuciar algumas palavras em sua defesa. – Nós … nós… n… – olhando-se mutuamente sem ter mais o que dizer. Olhando em redor, os irmãos reconheceram, perplexos, uma quantidade absurda de pequenos pinheiros cortados, amontoados ao fundo da sala, prontos talvez a serem vendidos ou mesmo para servi- rem de lenha na lareira daquele homem. Estas pequeninas árvores, conheciam-nas eles muito bem, faziam parte da floresta protegida da sua aldeia, aquela mesma onde ninguém poderia abater nenhuma
  • 73. 73 delas. – Como ousaste mentir a toda a comunidade? Mentiroso! Traidor! Vamos contar este crime a toda a aldeia… A não ser… que prometas não mais cometer esta atrocidade contra a natureza. O lenhador, como pedido de desculpa, ofereceu-lhes um dos pi- nheirinhos para que servisse de árvore de Natal colocada no centro da praça da aldeia. Prometeu também nunca mais fazer mal à natu- reza e nunca mais mentir. Há males que vêm para bem. E o espírito natalício inundou toda a aldeia. 8.ºC e 9.C prof. Teresa e 8.ºE prof. Raquel
  • 74. 74 O Natal no Pico Congelado Estávamos no ano de 1900, no virar do século. Era dezembro e o Natal já estava à porta. Na pequena ilha do Gelo, muito próxima do Pólo Norte, todos os habitantes da aldeia de Pico Congelado traba- lhavam na decoração da árvore de Natal gigante que ficava junto à igreja, no meio da praça. No meio de tanta alegria e entusiasmo, as pessoas esqueciam por momentos o grande drama que viviam há séculos. Os Piratas das Trevas, vindos do sul, que não gostavam do Natal, talvez porque nunca tinham entendido o seu verdadeiro espírito, saqueavam a al- deia, destruindo tudo à sua passagem. E todos os anos, a árvore, que era erguida com tanto trabalho e esperança, era destruída cruel- mente por eles, porque era o símbolo mais importante do Natal. No entanto, os habitantes de Pico Congelado, apesar de terem de reconstruir tudo, depois da invasão, todos os anos continuavam a decorar a árvore na esperança de que tudo mudasse. Na verdade, todos pensavam numa lenda antiquíssima, segundo a qual a solução estaria escrita em algum lado, perdida no tempo e no espaço Nessa aldeia, vagueava pelas ruas um mendigo, de olhos tristes
  • 75. 75 e roupas rasgadas. Para caminhar, apoiava-se num cajado de madei- ra de castanheiro. Tinha um ar misterioso que intrigava toda a gen- te. Costumava abrigar-se numa antiga biblioteca, em ruínas, situada longe do centro da aldeia. Aí passava as longas noites de inverno a ler, à luz do luar. Parecia que procurava alguma coisa entre os mui- tos livros espalhados pelo chão. Faltavam dois dias para o Natal. A aldeia era dominada por um sentimento contraditório: uma alegria cheia de receio, porque os piratas deviam estar a meio do caminho… Era já de noite e, na biblioteca abandonada, o mendigo lia. Su- bitamente, pela janela de vidros partidos, entrou uma brisa mais forte e um raio de luar que incidiu sobre um livro de capas rasgadas, com o título em letras douradas: “O verdadeiro espírito de Natal”. Os olhos do mendigo brilharam como a luz de uma estrela… e pensou: “Será que este ano vou ter um Natal quentinho e com comi- da abundante?” De repente, o Livro começa a falar e o mendigo assusta-se. – Se me leres até ao fim, terás um Natal de sonho! Se consegui- res decifrar o enigma que eu tenho nas minhas páginas, os piratas não voltarão a atormentar esta cidade.
  • 76. 76 O mendigo diz: – A sério? Vou já tentar decifrá-lo. – Espera, eu ainda não te disse tudo – disse o Livro. Quando os piratas forem embora, vão deixar-te um tesouro! Mas, afinal, como te chamas? – Eu sou o mendigo João. quero saber todos os seus pontos fra- cos. – Há quanto tempo estás aqui? – Não sei ao certo…mas já devem ter passado alguns anos, pois já li muitos livros. Mas nunca te tinha encontrado, foste uma grande surpresa. – Então, já deves saber bastantes coisas sobre os piratas! Posso dar-te mais algumas dicas, se quiseres… – Mas é claro que sim! Desembucha já! – Eles detestam que os tratem como derrotados e principiantes no ramo da pirataria, mas espera um segundo… O livro nunca mais respondia. E João, irritado, gritou furiosa- mente: – Responde lá, seu Livro velho! O Livro começou a chorar, pois não gostava de ser ofendido. Jo- ão, arrependido com os seus atos, disse sussurrando: – Desculpa, não costumo ser assim. Mas quando penso naqueles piratas… fico fora de mim. Por entre soluços, o Livro disse: – Tudo bem, compreendo-te perfeitamente. Por esse motivo, escondi-me nesta misteriosa biblioteca. O Livro contou-lhe tudo sobre os piratas. Nesse mesmo dia, eles apareceram. João pôs mão à obra, refletindo sobre o que o livro lhe tinha dito. Conseguiu derrotá-los, agradeceu ao Livro e também foi home- nageado pelos habitantes do Pico Congelado. Graças a João, nos Natais seguintes não houve mais percalços. E João teve o Natal que sempre sonhou! 8.ºB prof. Ana e 7.ºA prof. Zélia
  • 77. 77 Salpicos de Coca-Cola Há muitos, muitos anos, numa fábrica de brinquedos situada na Lapó- nia, aconteceu uma coisa extraordinária: os brinquedos ganharam vida e começaram a procurar o Pai Natal, porque preferiam estar com crianças do que estarem fechados numa velha fábrica. Os duendes do Pai Natal receberam uma mensagem, via Teleduende, dos brinquedos a manifestarem a sua tristeza e de imediato o avisaram. O Pai Natal ficou surpreendido com o estado de espírito dos brinque- dos, ficando muito triste a pensar numa maneira de resolver o problema, pois faltavam alguns dias para o Natal. Pensou, pensou, pensou até que teve uma brilhante ideia. Resolveu convidar todas as crianças de uma aldeia da Lapónia para passarem um dia na fábrica e, assim, distraírem os brinquedos. Mal as crianças da aldeia souberam do convite, ficaram muito felizes. Muito entusiasmadas, elas resolveram criar um calendário para sabe- rem quanto tempo faltava para o Natal, pois era a primeira vez que o iriam festejar. Houve um pequeno imprevisto, a Mãe Natal ficou contagiada com um vírus chamado “Natalismo”, alterando-lhe a personalidade, o que originou
  • 78. 78 uma grande discussão com o Pai Natal. Então mandou retirar as decorações, brinquedos e tudo com ligação ao Natal. Os duendes estranharam tal comportamento. Reuniram-se todos e chegaram a um acordo: enviaram uma mensagem urgente ao Pai Natal, via Teleduende. Ele, ao saber da situação, pegou na sua mota da neve e foi sempre a acelerar! Ao chegar à fábrica, algo estava errado. Onde estariam as suas decora- ções de Natal? Chamou o duende supremo, pois ele saberia dar-lhe uma explicação. – O que se passou aqui? – Ao certo não sei, mas… – Como não sabes?! Tu é que és o responsável da fábrica! – Eu creio que tenha sido a sua esposa. – Como assim? Ela adora o Natal tal como eu! – Então não se lembra que ela foi contagiada por um vírus? – Ora!... Chamemos, de imediato, o Dr. Rodolfo que ele tem sempre uma solução mágica e, geralmente, muito doce que cura sempre as maze- las do corpinho e da alma também. E a Dona Natalícia anda mesmo a preci- sar de uma poção mágica que lhe cure aquele mau humor e devolva a ale- gria e o espírito natalício. Que te parece? O Pai Natal, ao contrário do que todo o mundo pensa, não é sempre aquele velhote bonacheirão que acede, sem condições, a todos os pedidos que recebe. Mas… nesta situação difícil, a única coisa que lhe apetecia era desenrascar-se e livrar-se deste problema que afetava tantas pessoas e tor- nava difícil alcançar o espírito natalício. E sem ele, não haveria Natal. Não havia alternativa. Faltavam poucos dias para a noite mágica de Natal. De novo, acelerou na sua mota-natal em busca do Dr. Rodolfo. Pro- curou por montes e vales (que o diabo do homem esconde-se sempre nos mais recônditos lugares) e foi encontrá-lo dentro dum pequeno iglu perdido na imensidão gelada e branca da Antártida, a brincar com os pinguins. - Aleluia, criatura! Como quer que alguém o encontre neste fim de mundo?!... - Tirei uns diazitos para vir visitar os meus primos. Está com um ar exausto e um tanto desesperado. Que se passa, amigo? Enquanto o Pai Natal gaguejando, explicava o seu caso urgente, já o
  • 79. 79 vírus “Natalismo” se tinha propagado por toda a fábrica, impedindo que os duendes trabalhassem com a alegria habitual do Natal. E a situação piorava de minuto a minuto. – Vamos imediatamente para o Norte! – exclamou Rodolfo – até porque lá é que somos felizes… E munido de toda a parafernália de poções que sempre o acompanha- vam para onde quer que fosse, saltou para o banquinho do side-car do Pai Natal e voaram bem mais depressa que a velocidade da luz. Ao chegarem à fábrica, encontraram as portas fechadas e o cenário prometia preocupações e muito talento. Deram a provar todas as poções que levavam e nada de encontrar cura. Cansados e quase a desistir, para- ram para beber uma coca-cola que salpicou sem querer o nariz da Mãe Na- tal que, subitamente no meio de tremeliques, exclamou: – Onde é que eu estou? Que nuvem de escuridão e tristeza é esta que me rodeia? Então não percebem que o Natal se aproxima e a luz e alegria são necessárias à felicidade das crianças? E porque não há um único enfeite suspenso nesta triste fábrica? Rapidamente a Mãe Natal se recompôs, tal como os duendes, e lá vol- tou a vontade de repor todas as decorações de Natal, pelo que a alegria dos brinquedos e das crianças regressou ainda com mais brilho e, naquele ano, o Natal foi o mais alegre e festivo de que há memória. 7.ºA prof. Zélia e 8.ºD prof. Raquel
  • 80. 80 Finalmente, um Natal de sonho Ao contrário dos outros Natais, a mãe não se encontrava atare- fada na cozinha a amassar os biscoitos de gengibre que o José e a Maria adoravam, nem a construir o presépio pelo qual ansiavam o ano inteiro. Entre lágrimas, o seu rosto iluminado pelas chamas da lareira deixava adivinhar o peso negro dos dias, ao folhear o álbum de fotos. Os sorrisos da família unida feriam como punhais. Emanuel partira para a guerra há alguns meses. A falta que o seu querido ma- rido lhe fazia… Sob fogo cruzado, Emanuel, do outro lado do planeta, com to- das as suas forças, tentava aguentar-se. As feridas que as armas lhe pudessem provocar iriam certamente ser menos dolorosas do que a dor que a saudade da família lhe causava. Acordado pelo mensageiro, Emanuel abre uma carta que o co- mandante lhe enviara. O mundo caiu aos seus pés: como iria suster- se firme na missão para coordenar o campo de prisioneiros? Estava tão sedento de esperança, essa luz que lhe faltava há tantos dias. Noite após noite, dia após dia, os rostos daqueles homens tornavam- se imagens cada vez mais familiares. E o rótulo de inimigos foi-se dissipando, difícil de sustentar perdido no meio do mar de saudades que invadia cada um dos lados da guerra. Era Natal. À noite, durante a ronda, ia ouvindo os lamentos que em tudo se assemelhavam aos seus. Uma esposa que ficara grávida sozinha naquele povoado longínquo; o riso das crianças preso na memória; o dia do aniversário passado com desconhecidos. Tantas, tantas histó- rias parecidas com a sua. Histórias de seres humanos como ele que de inimigos tinham apenas a bandeira. E o espírito natalício come- çou a crescer, imparável, em cada rosto, em cada lágrima derrama- da, em cada olhar sufocado de saudade e desespero. Eram todos tão iguais no sofrimento… A sua esposa e seus filhos em grande esperança de que o pai vi-
  • 81. 81 esse e, que finalmente acabasse aquela guerra que só os fazia sofrer de ambos os lados. Até que Maria, por entre lágrimas, pediu à mãe e ao irmão que começassem os preparativos porque não podiam ficar parados sem fazer nada: tinham que festejar o Natal pois é uma época de felicidade e união. Ainda meio cabisbaixos, a Maria come- çou a falar de todos os momentos em família, como se o seu pai es- tivesse presente. Então assim, começaram a nascer os primeiros sor- risos deste Natal. Como era Natal, Emanuel já estava farto daquele ambiente in- feliz e dos presos inconsoláveis, todos os soldados (incluindo Emanu- el) estavam dominados pelas saudades, lembrando-se das suas famí- lias. Era impossível continuar naquela triste situação. Renderam-se, libertaram os presos e voltaram para o país novamente. Vieram num barco que chegou a terra rapidamente. Saíram a correr, apenas que- riam ir ter com as respetivas famílias. A família de Emanuel tinha visto as notícias e foi o mais depres- sa que pôde ao cais buscá-lo. Quando chegaram, estava uma balbúr- dia: as pessoas não deixavam ninguém passar, estavam novamente com as lágrimas nos olhos, apenas queriam encontrar Emanuel. Jo- sé, o mais pequenino, conseguiu ver a pulseira que tinha dado ao pai, antes de partir para a guerra e que mais ninguém tivera igual. Logo se reencontraram e emocionados abraçaram-se. Depois de ma- tarem todas as saudades foram para casa felizes festejar o Natal em família e a partir daí aquele dia tornou-se tradição familiar festejar como se fosse uma festa. Nunca percas a esperança porque a tua família esperará sempre por ti, estejas onde estiveres, demorando o tempo que precisares. 8.ºD prof. Raquel e 7.ºF prof. Zélia
  • 82. 82 Um Natal diferente dos outros! Como todos os contos tradicionais de Natal, “Era uma vez”… a história de um simpático barbudo gorducho que habitualmente vem distribuir sorrisos pelos garotos do mundo inteiro, numa noite, vesti- do de vermelho, no seu trenó voador carregadinho de embrulhos bri- lhantes com laçarotes coloridos, puxado por renas felizes de nariz encarnado e que… esperem… isto não é uma novidade… quem ainda acredita nesta história? E se não fosse assim? E se este velhote não fosse assim tão tradicional? Este aqui da nossa história é um tanto… alternativo. As renas, essas, prefere deixá-las a descansar confortavelmente no jardim de laranjeiras. Em vez disso, convida todos os anos o seu amigo Zacari- as, o simpático e divertido dragão, para o ajudar a distribuir os pre- sentes, voando por todo o mundo. Barba comprida e branca? Não, não! Este nosso amigo ostentava, vaidoso, um artístico bigode, em jeito de Salvador Dali, o que lhe emprestava um ar charmoso e ale-
  • 83. 83 gre. Aliás, o seu charme passava também por possuir uma invejável forma física, o que lhe permitia manter a energia necessária para aguentar dias e dias a fio naquela que era a tarefa mais importante e desejada pelas crianças. Mas as diferenças do conhecido velhote não ficam por aqui: To- bias era um irremediável cabeça-no-ar, desorientado e muito desas- trado. Ora vejam só o que lhe aconteceu numa certa noite de agita- ção natalícia. No meio da sua natural distração, trocou as coordena- das que o levariam aos lares onde se encontravam, de coraçõezinhos aos saltos, as famílias ansiosas pelos presentes e, quando deu por ela, viu-se em plena superfície lunar, bem longe das chaminés que, coitadas, bem podiam esperar sentadas pelo momento feliz. Quando reconheceu que se enganara, voou à velocidade da luz, chegando tão atrasado aos seus destinos que os presentes da noite de Natal desse ano foram entregues, atabalhoadamente, no dia de Carnaval. O mês de novembro ia já longo. Tobias prometia a si próprio, todos os anos, que “desta vez a coisa ia ser diferente e as chaminés não teriam razão de queixa”. Mas… por mais que tentemos e jure- mos, nunca conseguimos fugir à nossa natureza. Tobias, em vez de se preocupar em cumprir as suas juras, deixava-se ficar dia após dia, noite após noite, afundado no seu irresistível sofá fofo, cansado de treinos diários para manter a sua forma física e agradar às raparigas. E desta vez algo de pior aconteceu: levantou-se, com esforço do so- fá e foi ver como estava o seu dragão. Lá fora, a neve caía suave- mente mas não havia vestígios dele. Então, decidiu procurá-lo por toda a parte e quando estava quase a desistir, ouviu um espirro e, logo de seguida, sentiu uma onda de ar quente. Por isso, apercebeu- se de que se tratava de Zacarias. Seguiu o som e o calor até encon- trá-lo deitado no chão, fraco, pálido e sem se conseguir mexer. Ao vê-lo naquele estado, sentiu-se com remorsos por pensar só nele próprio e não no dragão nem nas pessoas que ainda acreditavam ne- le. Assim, correu para casa para pedir ajuda para tratar do dragão, já que não sabia como curá-lo e os preparativos de Natal estavam a