1. AMEOPOEMA
Edição 078 - Abril de 2021 - Ouro Preto - MG
Reside num dos cantos da boca
Uma gota insistente
Adornada por uma espuma
Translúcida policromática
Feito reflexo em mancha de óleo n'água
Viscosa
Pegajosa de
Densidade inconstante
Do aquoso ao crocante
Pungente inerte e relutante
Se estica emplastrada
Como quem escala a parede intestinal
Como quando o pó amarelado gruda
Uma dedada de graxa
Bem na dobrinha
No vértice entre os lábios
Pingando vezes no chão
Vezes rebatendo da língua pro dente
Vezes expectora enquanto fala
Com a língua tenta cobrir parcialmente a
Rachadura duma secura e cor
Que denunciava cândida
Herpes e pancreatite a ponto
De digerir parte do esôfago
Preocuposo e debulhado em
Esperança desaguada
Denunciei sentidos dormentes
Reflexos nítidos do uso indiscriminado
De discursos venenosos
Fiz frente inutilmente ao desdem
A cera nos ouvidos sonegava oportuna
A Psiquê abandonada no
Deserto de miragens sobre o passado
Obedecia solenemente a
Secreção purulenta que
Brotava no canto da boca
BOCA DE CU DE BAIACU
Joel Galvão
facebook.com/joelmgalvao
Meu amor é passarinho
É passarinho Beija-flor
Beija-Flor voou voou
De flor em flor ele voou
Ai que saudade do meu amor
Ai que saudade do meu amor
Tanta saudade que senti
Sua ausência me traz dor
De flor em flor procurei meu amor
Nada desse amor surgir
Ai que saudade do meu amor
Ai que saudade do meu amor
Meu amor é passarinho
É passarinho Beija-flor
Beija-Flor voou voou
De flor em flor ele voou
Minha sinhá Flor me diz por favor
Onde posso encontrar meu amor?
Seu amor voou e se aquietou
Ela é passarinho Beija-flor...
Ela vai voltar para o seu agrado
Vem colher o néctar dos seus beijos
Esperar é o segredo...
Seu passarinho é todo amor
Meu passarinho voltou... Voltou!
Dário Omanguin Farias
Poeta Ratos Di Versos
Vila Velha - ES
18 de Fevereiro de 2021
MEU BEIJA-FLOR
AMEOPO MA
E
editora artesanal
fb.com/ameopoema | @studiob2mr
2. Como poesia em construção
Cada um só enxerga de uma vez
Em diferentes tempos
E a cada percepção
Certezas que são talvez
Tudo se repetindo muda
Pessoas que são em vão
Não ter romance é escolha
Assim como entregar integralmente o coração
Ninguém consegue viver numa bolha
De grosseria, conservadorismo e estupidez
Por isso plante, reggae e colha
O que te fizer sentir sentimento em oração
Porque quem ora agradece a bênção recebida
E valoriza o que recebeu de doação
Felipe Rodrigues
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BY ND
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Edição: Studio b2mr (@studiob2mr)
Coordenação: Editora AMEOPOEMA.
Circulação (impressa): Ouro Preto, Mariana (MG)
Conselho Editorial: Flávia Alves Santos
Exemplares na pRAÇA: 1.000 (distribuídos gratuitamente).
Paticipação: Joel Galvão, Alexandre dos Ratos, Fábio Fernandes,
Dário Omanguin, Felipe Rodrigues.
Publicação sem fins lucrativos, feita artesanalmente, com amor
e vontade de circular ideias e fomentar a produção literária em
Ouro Preto e região. PARTICIPE, ENVIE SEU MATERIAL
ameopoemaeditora@gmail.com || fb.com/ameopoema
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A verdade é ilusão
Muito além do muro penso: sou pássaro, muito além do muro penso: sou pulo, dou combate
ao muro: penso, sou pluma, dou contraste ao mundo, peso: sou leve, faço a punhos minha
senha bancária: sou murros, faço carícias nas pernas, sou gato, faço as unhas e marco a
manicure pra sábado, sou maquilagem em sua pele, escovo seus dentes e mordo na cárie,
beijo é amor por osmose, salseiro no peso da frase, vale o tanto que se faz, e tanto faz
o quanto, importa o que se escreve, e que nem sempre é ou há de ser bonito, o gatilho das
tretas na rede, basta estar atento e acontecer no instante exato do ato, que chato,
só por inveja pixaram de cal o meu pixo, infelizmente inventaram a tal tinta invisível,
de vez em quando me apagam, hoje só me resta ser musgo, agarrado no muro, dou meus
tragos na chuva, provoco tatuagem indelével na pedra, fincar raizes na pele, e o mato
brota dos poros, adubo de puro concreto, assinatura em relva que recubra o muro,
a cidade mais verde, uma floricultura, uma festa pra jáh!
Alexandre du Ratos
poetaxandu@gmail.com
Poeta é aquele que não se sente à
vontade no mundo. A vida lhe parece
bruta demais para uma existência.
Existir, para o poeta, é de uma visão
participativa, onde não se pode perder
de vista a sí mesmo.
Para quem não faz poesia os poemas são
algo de menos – Homero nada escrevia
porque não via.
A palavra prescinde de imagens. Por
isso nenhum poeta enxerga a
durabilidade dos fatos.
A idéia do poeta é um mito que lho
afasta toda razão. Ele não crê, imita.
Não se move, movimenta um motivo. Daí o
poeta: uma semi-emoção que se completa
na destruição.
ICONOCLASTIA
Fábio Fernando
fb.com/fabio.f.caricaturas
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