SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 2
Baixar para ler offline
Há algum tempo conheci o Wharton
Societal Wealth Program (WSWP),
programa de geração de riqueza so-
cial da Wharton School, dos Estados
Unidos. Duas coisas catalisaram mi-
nha atenção:
(1)O objetivo do WSWP, funda-
mentado no empreendedoris-
mo social e cuja hipótese norteadora
estabelece que o empreendedorismo
e a inovação podem servir como fer-
ramentas para o combate de proble-
mas sociais por organizações com-
prometidas com uma declaração de
missão dupla (lucro social e lucro
empresarial), operando um modelo
de negócio com fins lucrativos.
(2)A inovação na educação para a
gestão e os negócios, orientada
pela criação de condições favoráveis
ao aprendizado com experiências a
partir do enfrentamento dos desafios
da pobreza e da miséria humana por
meio da criação de riqueza social.
Em condições de incerteza, os par-
ticipantes do WSWP, liderados pelo
professor Ian MacMillan, utilizam
seis princípios-guia que os impelem
a estabelecer o escopo, mapear as
questões sociopolíticas, “prototipar”
um modelo de negócio social, plane-
jar uma abordagem realista de de-
sengajamento e saída, antecipar con-
sequências indesejadas (negativas e
positivas) e adotar uma abordagem
de aprendizado baseada em desco-
bertas, em detrimento da clássica
orientação ao planejamento.
Entre os projetos ativos do WSWP,
seleciono um, multidisciplinar, na
Zâmbia, que já emprega mais de
cem trabalhadores na produção de
alimentos para aves. Os alimentos
destinam-se a mais de 1,2 mil novas
granjas, que produzem o equivalente
a 2,5 milhões de porções diárias de
proteínas por mês, em uma região
considerada pobre e nutricionalmen-
te deficiente. O projeto gera emprego,
renda, consumo, dignidade, desen-
volvimento social e leva esperança às
pessoas, a partir de uma nova causa
ou propósito de vida.
PARADOXOS ESTRATÉGICOS
O WSWP pode ensinar algo a empre-
sas com fins lucrativos? Destaco um
ponto relevante para reflexão: para-
doxos estratégicos. Você lida com eles
na base do “OU uma coisa OU outra”?
Paradoxos estratégicos envolvem es-
tratégias associadas a tensões contra-
ditórias (ainda que integradas) que
nos desafiam todos os dias em nossas
organizações, por meio de questões
como “learning organizations” (ten-
sões entre aprendizado e performan-
ce, estabilidade e mudança, controle
e flexibilidade), “organizações ambi-
destras” (capazes de “explotar” opor-
tunidades/recursos já existentes e
“explorar” o desconhecido em busca
de oportunidades totalmente novas),
“inovação em custos” (fazer melhor e
mais barato) e “empreendimentos so-
ciais” (combinar lucro social e lucro
empresarial). Em vez de vivermos na
restrição do “OU”, estamos aprenden-
do a abraçar a dialética do “E”.
Um grande desafiador das regras
do jogo estabelecidas nos paradoxos
estratégicos e grande inovador social
é Muhammad Yunus, prêmio Nobel
da Paz em 2006, a quem devemos o
crédito dos conceitos centrais deste
artigo. Yunus é um notório questio-
nador da “sabedoria convencional”,
expressão cunhada pelo economista
LUCRO SOCIAL, LUCRO
EMPRESARIAL E A
SABEDORIA
CONVENCIONAL
BOA PARTE DOS PROJETOS DE SUSTENTABILIDADE AINDA PARECE ESTAR MAIS PREOCUPADA COM
O RESULTADO FINANCEIRO, EMBORA ADVOGUE O RESULTADO TRIPLO, QUE REÚNE AS DIMENSÕES
FINANCEIRA, SOCIAL E AMBIENTAL;CASOS COMPROVAM QUE HÁ SOLUÇÃO POR RIVADÁVIA DRUMMOND
NOVAS
FRONTEIRAS
DA GESTÃO
Ilustração:Shutterstock
88 HSM Management 101 • NOVEMBRO-DEZEMBRO 2013 hsmmanagement.com.br
Kenneth Galbraith para iluminar a
mistura de meias verdades com con-
veniência. Segundo Yunus, “é possí-
vel criar negócios com uma missão
social, gerenciados em uma lógica
organizacional com fins lucrativos”.
Boa parte dos projetos de susten-
tabilidade aos quais já fui apresen-
tado parecia confirmar a máxima,
apócrifa, de que “sustentabilidade é
igual ao reino dos céus: todo mun-
do quer ir para lá, só que não agora”.
Ou seja, as organizações advogam o
triple bottom line (métricas e resul-
tados nas perspectivas financeira,
social e ambiental), mas na verdade
é apenas o resultado simples (unica-
mente financeiro) que lhes importa.
A experiência de sucesso liderada
por Yunus é uma resposta a isso.
Sim, você já deve estar se pergun-
tando como fazer acontecer na vida
real. Os temas “inovação social”,
“empreendedorismo social” e “mo-
delos de negócio sociais” estão em
construção e não há respostas de-
finitivas, porém, em recente artigo
de Yunus e colegas no prestigiado
periódico acadêmico Long Range
Planning, conseguimos uma com-
preensão maior da temática.
Yunus, pioneiro do microcrédito,
fundou o Grameen Bank em 1976, de-
pois de se indignar com a exploração
de mulheres pobres por agiotas nos
muitos vilarejos de Bangladesh. Os
dados auditados do artigo, de 2010,
causam-me alegria e esperança: hoje
o banco oferece empréstimos para
mais de 7,5 milhões de pessoas po-
bres de Bangladesh, das quais 97%
são mulheres; entre o universo das
famílias que contraíram um emprés-
timo do “Banqueiro dos Pobres”, 68%
já saíram da pobreza; 98,4% dos em-
préstimos são honrados; e o banco
tem sido lucrativo em todos os anos
de sua existência, exceto 1983, 1991 e
1992. Atualmente, o grupo Grameen é
uma rede de quase 30 organizações-
-irmãs ligadas ao Banco Grameen.
Relato três pequenos casos de su-
cesso construídos por Yunus com em-
presas multinacionais estabelecidas:
(1)Grameen Phone (parceria com
a norueguesa Telenor). Possi-
bilita a geração de empregos para as
denominadas “Grameen Telephone
Ladies”. Os clientes demandam ser-
viços de telecomunicações dessas se-
nhoras e pagam por minuto de uso,
evitando o custo de aquisição de apa-
relhos e assinatura.
(2)Grameen Veolia (com a fran-
cesa Veolia Water). Oferece
sistemas de tratamento de água de
superfície para a provisão de água
potável às populações rurais, distri-
buída em garrafas ou bebedouros.
Os usuários adotam o sistema de
cartões pré-pagos.
(3)Grameen Danone (com a es-
panhola Danone). Fornece
um iogurte desenvolvido para aten-
der às necessidades nutricionais de
crianças de Bangladesh a preços
módicos. O iogurte é produzido lo-
calmente e distribuído de porta em
porta pelas Grameen Ladies. Seu
novo desafio é aprender a produzir
um copo comestível para o iogurte,
também nutritivo.
Voltando ao que as empresas po-
dem aprender, vejo que Yunus e
seus parceiros Telenor, Veolia Wa-
ter e Danone nos oferecem cinco
lições importantes com seus ca-
sos –as três primeiras aplicáveis a
quaisquer tipos de inovações em
modelos de negócio; as outras duas,
aos sociais.
(1)Desafiar continuamente a sa-
bedoria convencional: você
emprestaria dinheiro para pessoas
pobres que não podem apresentar
nenhum tipo de garantia?
(2)Buscar parceiros complemen-
tares que possam contribuir
com os recursos faltantes ou cuja
construção demandaria um custo de
oportunidade imponderável.
(3)Abraçar a experimentação con-
tínua e o aprendizado baseado
em descobertas.
(4)Favorecer acionistas orienta-
dos ao lucro social.
(5)Especificar claramente , como
condição sine qua non, os ob-
jetivos do lucro social.
A inovação social e o empreende-
dorismo social ainda são campos em
construção e, por isso, demandam
mais experiências, mais projetos e
mais reflexões, porém existem muitas
boas experiências em andamento com
as quais podemos aprender, em todo o
mundo e também no Brasil. Só é im-
portante que não sejam confundidas
com propostas de inovação voltadas à
base da pirâmide socioeconômica.
Eu, particularmente, cultivo a espe-
rança de fazer um mundo melhor com
organizações melhores, e me interesso
cada vez mais pelas experiências de
inovação social. Não aceito mais pas-
sar a vida em ilhas de prosperidade
cercadas por desigualdades de todos os
lados. Quero um Brasil melhor para as
próximas gerações. E você?
Rivadávia C. Drummond de
Alvarenga Neto, um dos titulares
desta coluna, é reitor da UniBH,
de Minas Gerais, e professor
convidado da HSM Educação e da
University of Hong Kong. Escreveu
o livro Gestão do Conhecimento em
Organizações (ed. Saraiva).
HSM Management
“AINOVAÇÃOEO
EMPREENDEDORISMO
SOCIAISESTÃOAINDA
EMCONSTRUÇÃO,MAS
JÁOFERECEMBONS
APRENDIZADOS”
Foto:lolastudio.com.br
89HSM Management 101 • NOVEMBRO-DEZEMBRO 2013 hsmmanagement.com.br

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Empreendedorismo Social
Empreendedorismo SocialEmpreendedorismo Social
Empreendedorismo SocialNaianne Dias
 
Técnico em administração empreendedorismo
Técnico em administração empreendedorismoTécnico em administração empreendedorismo
Técnico em administração empreendedorismoLuís Roberto de Toledo
 
Empreendedorismo Social
Empreendedorismo SocialEmpreendedorismo Social
Empreendedorismo SocialSara Levy
 
Conferencia Empreendedorismo Social
Conferencia Empreendedorismo SocialConferencia Empreendedorismo Social
Conferencia Empreendedorismo SocialVitorino Seixas
 
Redescobrindo a Inovação Social, por kriss deiglmeier
Redescobrindo a Inovação Social, por kriss deiglmeier Redescobrindo a Inovação Social, por kriss deiglmeier
Redescobrindo a Inovação Social, por kriss deiglmeier Social Good Brasil
 
A Responsabilidade Social Empresarial - Cleber Antonello - IAV-Sustentabilidade.
A Responsabilidade Social Empresarial - Cleber Antonello - IAV-Sustentabilidade.A Responsabilidade Social Empresarial - Cleber Antonello - IAV-Sustentabilidade.
A Responsabilidade Social Empresarial - Cleber Antonello - IAV-Sustentabilidade.Cleber Antonello
 
Empreendedorismo social
Empreendedorismo socialEmpreendedorismo social
Empreendedorismo socialRogerio Terra
 
Startup Weekend Education - 2018
Startup Weekend Education - 2018Startup Weekend Education - 2018
Startup Weekend Education - 2018Marlos Carmo
 
Agitação Social - Empreendedorismo Social na Educação
Agitação Social - Empreendedorismo Social na EducaçãoAgitação Social - Empreendedorismo Social na Educação
Agitação Social - Empreendedorismo Social na EducaçãoTiago Amorim
 
Abertura do Gestão do Futuro 2009
Abertura do Gestão do Futuro 2009Abertura do Gestão do Futuro 2009
Abertura do Gestão do Futuro 2009B.I. International
 
Empreendedorismo social no Brasil - Heiko Spitzeck
Empreendedorismo social no Brasil - Heiko SpitzeckEmpreendedorismo social no Brasil - Heiko Spitzeck
Empreendedorismo social no Brasil - Heiko SpitzeckFundação Dom Cabral - FDC
 
Inovacao Social 2020 V2 210809
Inovacao Social 2020 V2 210809Inovacao Social 2020 V2 210809
Inovacao Social 2020 V2 210809jsoffer
 
Caderno de Inovação | Organizações no séc. XXI - Número 20
Caderno de Inovação | Organizações no séc. XXI - Número 20Caderno de Inovação | Organizações no séc. XXI - Número 20
Caderno de Inovação | Organizações no séc. XXI - Número 20FGV | Fundação Getulio Vargas
 
Caderno de Inovação | Start Ups - Número 19
Caderno de Inovação | Start Ups - Número 19Caderno de Inovação | Start Ups - Número 19
Caderno de Inovação | Start Ups - Número 19Fernanda G. Vhazz
 
Empreendedorismo social é para você?
Empreendedorismo social é para você?Empreendedorismo social é para você?
Empreendedorismo social é para você?Criativa EaD
 
Caderno de Inovação | Inovação nas Indústrias Criativas - Número 21
Caderno de Inovação | Inovação nas Indústrias Criativas - Número 21Caderno de Inovação | Inovação nas Indústrias Criativas - Número 21
Caderno de Inovação | Inovação nas Indústrias Criativas - Número 21FGV | Fundação Getulio Vargas
 
Apresentação Projecto CAERUS 16.02.2011
Apresentação Projecto CAERUS 16.02.2011Apresentação Projecto CAERUS 16.02.2011
Apresentação Projecto CAERUS 16.02.2011udipssporto
 
Diálogo natal curso planejamento e gestão de institutos e fundações mar-2014
Diálogo natal   curso planejamento e gestão de institutos e fundações mar-2014Diálogo natal   curso planejamento e gestão de institutos e fundações mar-2014
Diálogo natal curso planejamento e gestão de institutos e fundações mar-2014FIFE2014
 

Mais procurados (20)

Empreendedorismo Social
Empreendedorismo SocialEmpreendedorismo Social
Empreendedorismo Social
 
Técnico em administração empreendedorismo
Técnico em administração empreendedorismoTécnico em administração empreendedorismo
Técnico em administração empreendedorismo
 
Negócios sociais
Negócios sociaisNegócios sociais
Negócios sociais
 
Empreendedorismo Social
Empreendedorismo SocialEmpreendedorismo Social
Empreendedorismo Social
 
DIÁLOGOS SOBRE AVALIAÇÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA
DIÁLOGOS SOBRE AVALIAÇÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA DIÁLOGOS SOBRE AVALIAÇÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA
DIÁLOGOS SOBRE AVALIAÇÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA
 
Conferencia Empreendedorismo Social
Conferencia Empreendedorismo SocialConferencia Empreendedorismo Social
Conferencia Empreendedorismo Social
 
Redescobrindo a Inovação Social, por kriss deiglmeier
Redescobrindo a Inovação Social, por kriss deiglmeier Redescobrindo a Inovação Social, por kriss deiglmeier
Redescobrindo a Inovação Social, por kriss deiglmeier
 
A Responsabilidade Social Empresarial - Cleber Antonello - IAV-Sustentabilidade.
A Responsabilidade Social Empresarial - Cleber Antonello - IAV-Sustentabilidade.A Responsabilidade Social Empresarial - Cleber Antonello - IAV-Sustentabilidade.
A Responsabilidade Social Empresarial - Cleber Antonello - IAV-Sustentabilidade.
 
Empreendedorismo social
Empreendedorismo socialEmpreendedorismo social
Empreendedorismo social
 
Startup Weekend Education - 2018
Startup Weekend Education - 2018Startup Weekend Education - 2018
Startup Weekend Education - 2018
 
Agitação Social - Empreendedorismo Social na Educação
Agitação Social - Empreendedorismo Social na EducaçãoAgitação Social - Empreendedorismo Social na Educação
Agitação Social - Empreendedorismo Social na Educação
 
Abertura do Gestão do Futuro 2009
Abertura do Gestão do Futuro 2009Abertura do Gestão do Futuro 2009
Abertura do Gestão do Futuro 2009
 
Empreendedorismo social no Brasil - Heiko Spitzeck
Empreendedorismo social no Brasil - Heiko SpitzeckEmpreendedorismo social no Brasil - Heiko Spitzeck
Empreendedorismo social no Brasil - Heiko Spitzeck
 
Inovacao Social 2020 V2 210809
Inovacao Social 2020 V2 210809Inovacao Social 2020 V2 210809
Inovacao Social 2020 V2 210809
 
Caderno de Inovação | Organizações no séc. XXI - Número 20
Caderno de Inovação | Organizações no séc. XXI - Número 20Caderno de Inovação | Organizações no séc. XXI - Número 20
Caderno de Inovação | Organizações no séc. XXI - Número 20
 
Caderno de Inovação | Start Ups - Número 19
Caderno de Inovação | Start Ups - Número 19Caderno de Inovação | Start Ups - Número 19
Caderno de Inovação | Start Ups - Número 19
 
Empreendedorismo social é para você?
Empreendedorismo social é para você?Empreendedorismo social é para você?
Empreendedorismo social é para você?
 
Caderno de Inovação | Inovação nas Indústrias Criativas - Número 21
Caderno de Inovação | Inovação nas Indústrias Criativas - Número 21Caderno de Inovação | Inovação nas Indústrias Criativas - Número 21
Caderno de Inovação | Inovação nas Indústrias Criativas - Número 21
 
Apresentação Projecto CAERUS 16.02.2011
Apresentação Projecto CAERUS 16.02.2011Apresentação Projecto CAERUS 16.02.2011
Apresentação Projecto CAERUS 16.02.2011
 
Diálogo natal curso planejamento e gestão de institutos e fundações mar-2014
Diálogo natal   curso planejamento e gestão de institutos e fundações mar-2014Diálogo natal   curso planejamento e gestão de institutos e fundações mar-2014
Diálogo natal curso planejamento e gestão de institutos e fundações mar-2014
 

Semelhante a 88-89_INOSocial-Rivadavia

EMPREENDEDORISMO, INOVACAO E ECONOMIA CRIATIVA
EMPREENDEDORISMO, INOVACAO E ECONOMIA CRIATIVAEMPREENDEDORISMO, INOVACAO E ECONOMIA CRIATIVA
EMPREENDEDORISMO, INOVACAO E ECONOMIA CRIATIVANilo Basílio
 
Pipa na Revista Cidade Nova
Pipa na Revista Cidade NovaPipa na Revista Cidade Nova
Pipa na Revista Cidade NovaPipa_vc
 
Artigo apresentado para congresso ENAPEGS
Artigo apresentado para congresso ENAPEGSArtigo apresentado para congresso ENAPEGS
Artigo apresentado para congresso ENAPEGSPaula Bonazzi
 
Exit 24 Formacao para o Terceiro Sector
Exit 24 Formacao para o Terceiro SectorExit 24 Formacao para o Terceiro Sector
Exit 24 Formacao para o Terceiro SectorDianova
 
As Startups e o Potencial de Transformação Econômica e Social
As Startups e o Potencial de Transformação Econômica e SocialAs Startups e o Potencial de Transformação Econômica e Social
As Startups e o Potencial de Transformação Econômica e SocialRicardo Agostinho
 
Mundo do Trabalho 4º Bimestre_240201_191723.pdf
Mundo do Trabalho 4º Bimestre_240201_191723.pdfMundo do Trabalho 4º Bimestre_240201_191723.pdf
Mundo do Trabalho 4º Bimestre_240201_191723.pdfarletequeiros
 
Curso atualizacao Economia Regenerativa FGV incompany 2017 fgvin-company
Curso atualizacao Economia Regenerativa FGV incompany 2017 fgvin-companyCurso atualizacao Economia Regenerativa FGV incompany 2017 fgvin-company
Curso atualizacao Economia Regenerativa FGV incompany 2017 fgvin-companyFAIR PLAY AD / @VeronicaRRSouza
 
Projeto de responsabilidade social para empresas brasileiras
Projeto de responsabilidade social para empresas brasileiras Projeto de responsabilidade social para empresas brasileiras
Projeto de responsabilidade social para empresas brasileiras alfredobottone
 
PEC-EJA: Experiências em Economia Solidária (Módulo 2)
PEC-EJA: Experiências em Economia Solidária (Módulo 2)PEC-EJA: Experiências em Economia Solidária (Módulo 2)
PEC-EJA: Experiências em Economia Solidária (Módulo 2)ejaes
 
Empreendedorismo e a Geração Y Aula UFSC
Empreendedorismo e a Geração Y Aula UFSCEmpreendedorismo e a Geração Y Aula UFSC
Empreendedorismo e a Geração Y Aula UFSCFernanda Bornhausen Sá
 
Revista aposta ctt fev2012_artigo rui martins
Revista aposta ctt fev2012_artigo rui martinsRevista aposta ctt fev2012_artigo rui martins
Revista aposta ctt fev2012_artigo rui martinsDianova
 
GRUPO BAHIA SOLIDÁRIA
GRUPO BAHIA SOLIDÁRIAGRUPO BAHIA SOLIDÁRIA
GRUPO BAHIA SOLIDÁRIAadmeadssa
 
Case Conspiração Mineira - Action Learning
Case Conspiração Mineira - Action LearningCase Conspiração Mineira - Action Learning
Case Conspiração Mineira - Action LearningCaliper Brasil
 

Semelhante a 88-89_INOSocial-Rivadavia (20)

Educação econômica
Educação econômicaEducação econômica
Educação econômica
 
EMPREENDEDORISMO, INOVACAO E ECONOMIA CRIATIVA
EMPREENDEDORISMO, INOVACAO E ECONOMIA CRIATIVAEMPREENDEDORISMO, INOVACAO E ECONOMIA CRIATIVA
EMPREENDEDORISMO, INOVACAO E ECONOMIA CRIATIVA
 
Pipa na Revista Cidade Nova
Pipa na Revista Cidade NovaPipa na Revista Cidade Nova
Pipa na Revista Cidade Nova
 
Artigo apresentado para congresso ENAPEGS
Artigo apresentado para congresso ENAPEGSArtigo apresentado para congresso ENAPEGS
Artigo apresentado para congresso ENAPEGS
 
Exit 24 Formacao para o Terceiro Sector
Exit 24 Formacao para o Terceiro SectorExit 24 Formacao para o Terceiro Sector
Exit 24 Formacao para o Terceiro Sector
 
JEPP EE08.pdf
JEPP EE08.pdfJEPP EE08.pdf
JEPP EE08.pdf
 
Jovens Gestores
Jovens GestoresJovens Gestores
Jovens Gestores
 
MANIFESTO SOCIAL GOOD BRASIL
MANIFESTO SOCIAL GOOD BRASILMANIFESTO SOCIAL GOOD BRASIL
MANIFESTO SOCIAL GOOD BRASIL
 
As Startups e o Potencial de Transformação Econômica e Social
As Startups e o Potencial de Transformação Econômica e SocialAs Startups e o Potencial de Transformação Econômica e Social
As Startups e o Potencial de Transformação Econômica e Social
 
Adm 01.pdf
Adm 01.pdfAdm 01.pdf
Adm 01.pdf
 
Mundo do Trabalho 4º Bimestre_240201_191723.pdf
Mundo do Trabalho 4º Bimestre_240201_191723.pdfMundo do Trabalho 4º Bimestre_240201_191723.pdf
Mundo do Trabalho 4º Bimestre_240201_191723.pdf
 
Curso atualizacao Economia Regenerativa FGV incompany 2017 fgvin-company
Curso atualizacao Economia Regenerativa FGV incompany 2017 fgvin-companyCurso atualizacao Economia Regenerativa FGV incompany 2017 fgvin-company
Curso atualizacao Economia Regenerativa FGV incompany 2017 fgvin-company
 
Projeto de responsabilidade social para empresas brasileiras
Projeto de responsabilidade social para empresas brasileiras Projeto de responsabilidade social para empresas brasileiras
Projeto de responsabilidade social para empresas brasileiras
 
PEC-EJA: Experiências em Economia Solidária (Módulo 2)
PEC-EJA: Experiências em Economia Solidária (Módulo 2)PEC-EJA: Experiências em Economia Solidária (Módulo 2)
PEC-EJA: Experiências em Economia Solidária (Módulo 2)
 
Artemisia
ArtemisiaArtemisia
Artemisia
 
Empreendedorismo e a Geração Y Aula UFSC
Empreendedorismo e a Geração Y Aula UFSCEmpreendedorismo e a Geração Y Aula UFSC
Empreendedorismo e a Geração Y Aula UFSC
 
Inovação social
Inovação socialInovação social
Inovação social
 
Revista aposta ctt fev2012_artigo rui martins
Revista aposta ctt fev2012_artigo rui martinsRevista aposta ctt fev2012_artigo rui martins
Revista aposta ctt fev2012_artigo rui martins
 
GRUPO BAHIA SOLIDÁRIA
GRUPO BAHIA SOLIDÁRIAGRUPO BAHIA SOLIDÁRIA
GRUPO BAHIA SOLIDÁRIA
 
Case Conspiração Mineira - Action Learning
Case Conspiração Mineira - Action LearningCase Conspiração Mineira - Action Learning
Case Conspiração Mineira - Action Learning
 

Mais de Rivadávia C. Drummond A. Neto,PhD

Meu seminário sobre Inovação e Gestão do Conhecimento na University of Techno...
Meu seminário sobre Inovação e Gestão do Conhecimento na University of Techno...Meu seminário sobre Inovação e Gestão do Conhecimento na University of Techno...
Meu seminário sobre Inovação e Gestão do Conhecimento na University of Techno...Rivadávia C. Drummond A. Neto,PhD
 
HSM j an-fev-11-estratégia - quando os CEOs entrevistam porter
HSM  j an-fev-11-estratégia - quando os CEOs entrevistam porterHSM  j an-fev-11-estratégia - quando os CEOs entrevistam porter
HSM j an-fev-11-estratégia - quando os CEOs entrevistam porterRivadávia C. Drummond A. Neto,PhD
 

Mais de Rivadávia C. Drummond A. Neto,PhD (19)

JKM2010
JKM2010JKM2010
JKM2010
 
68-69 INO_Riva
68-69 INO_Riva68-69 INO_Riva
68-69 INO_Riva
 
9788502117228
97885021172289788502117228
9788502117228
 
Meu seminário sobre Inovação e Gestão do Conhecimento na University of Techno...
Meu seminário sobre Inovação e Gestão do Conhecimento na University of Techno...Meu seminário sobre Inovação e Gestão do Conhecimento na University of Techno...
Meu seminário sobre Inovação e Gestão do Conhecimento na University of Techno...
 
UHK - Mckinsey Case Study - Rivadávia - March 2013
UHK - Mckinsey Case Study - Rivadávia - March 2013UHK - Mckinsey Case Study - Rivadávia - March 2013
UHK - Mckinsey Case Study - Rivadávia - March 2013
 
Mpa fead - disciplina gic - prof. rivadávia - 2011-2
Mpa   fead - disciplina gic - prof. rivadávia - 2011-2Mpa   fead - disciplina gic - prof. rivadávia - 2011-2
Mpa fead - disciplina gic - prof. rivadávia - 2011-2
 
Gc mpa fead - slides gic - prof. rivadávia - 2011
Gc   mpa fead -  slides gic - prof. rivadávia - 2011Gc   mpa fead -  slides gic - prof. rivadávia - 2011
Gc mpa fead - slides gic - prof. rivadávia - 2011
 
Entrevista Rivadávia - HSM Management 2011
Entrevista Rivadávia - HSM Management 2011Entrevista Rivadávia - HSM Management 2011
Entrevista Rivadávia - HSM Management 2011
 
HSM j an-fev-11-estratégia - quando os CEOs entrevistam porter
HSM  j an-fev-11-estratégia - quando os CEOs entrevistam porterHSM  j an-fev-11-estratégia - quando os CEOs entrevistam porter
HSM j an-fev-11-estratégia - quando os CEOs entrevistam porter
 
Asist 2010 alvarenga neto and choo 2010
Asist 2010   alvarenga neto and choo 2010Asist 2010   alvarenga neto and choo 2010
Asist 2010 alvarenga neto and choo 2010
 
Alvarenga neto & barbosa enancib 2006
Alvarenga neto &  barbosa   enancib 2006Alvarenga neto &  barbosa   enancib 2006
Alvarenga neto & barbosa enancib 2006
 
Ci0717 gestão de contextos
Ci0717 gestão de contextos Ci0717 gestão de contextos
Ci0717 gestão de contextos
 
Artigo estado de minas
Artigo estado de minasArtigo estado de minas
Artigo estado de minas
 
Gt4 -116
Gt4 -116Gt4 -116
Gt4 -116
 
Alvarenga neto and_loureiro published ejkm site
Alvarenga neto and_loureiro published ejkm siteAlvarenga neto and_loureiro published ejkm site
Alvarenga neto and_loureiro published ejkm site
 
Ci0914
Ci0914Ci0914
Ci0914
 
Ci0925
Ci0925Ci0925
Ci0925
 
Tese de doutorado alvarenga neto- versão final nov 2005
Tese de doutorado   alvarenga neto- versão final nov 2005Tese de doutorado   alvarenga neto- versão final nov 2005
Tese de doutorado alvarenga neto- versão final nov 2005
 
104 final submission
104 final submission104 final submission
104 final submission
 

88-89_INOSocial-Rivadavia

  • 1. Há algum tempo conheci o Wharton Societal Wealth Program (WSWP), programa de geração de riqueza so- cial da Wharton School, dos Estados Unidos. Duas coisas catalisaram mi- nha atenção: (1)O objetivo do WSWP, funda- mentado no empreendedoris- mo social e cuja hipótese norteadora estabelece que o empreendedorismo e a inovação podem servir como fer- ramentas para o combate de proble- mas sociais por organizações com- prometidas com uma declaração de missão dupla (lucro social e lucro empresarial), operando um modelo de negócio com fins lucrativos. (2)A inovação na educação para a gestão e os negócios, orientada pela criação de condições favoráveis ao aprendizado com experiências a partir do enfrentamento dos desafios da pobreza e da miséria humana por meio da criação de riqueza social. Em condições de incerteza, os par- ticipantes do WSWP, liderados pelo professor Ian MacMillan, utilizam seis princípios-guia que os impelem a estabelecer o escopo, mapear as questões sociopolíticas, “prototipar” um modelo de negócio social, plane- jar uma abordagem realista de de- sengajamento e saída, antecipar con- sequências indesejadas (negativas e positivas) e adotar uma abordagem de aprendizado baseada em desco- bertas, em detrimento da clássica orientação ao planejamento. Entre os projetos ativos do WSWP, seleciono um, multidisciplinar, na Zâmbia, que já emprega mais de cem trabalhadores na produção de alimentos para aves. Os alimentos destinam-se a mais de 1,2 mil novas granjas, que produzem o equivalente a 2,5 milhões de porções diárias de proteínas por mês, em uma região considerada pobre e nutricionalmen- te deficiente. O projeto gera emprego, renda, consumo, dignidade, desen- volvimento social e leva esperança às pessoas, a partir de uma nova causa ou propósito de vida. PARADOXOS ESTRATÉGICOS O WSWP pode ensinar algo a empre- sas com fins lucrativos? Destaco um ponto relevante para reflexão: para- doxos estratégicos. Você lida com eles na base do “OU uma coisa OU outra”? Paradoxos estratégicos envolvem es- tratégias associadas a tensões contra- ditórias (ainda que integradas) que nos desafiam todos os dias em nossas organizações, por meio de questões como “learning organizations” (ten- sões entre aprendizado e performan- ce, estabilidade e mudança, controle e flexibilidade), “organizações ambi- destras” (capazes de “explotar” opor- tunidades/recursos já existentes e “explorar” o desconhecido em busca de oportunidades totalmente novas), “inovação em custos” (fazer melhor e mais barato) e “empreendimentos so- ciais” (combinar lucro social e lucro empresarial). Em vez de vivermos na restrição do “OU”, estamos aprenden- do a abraçar a dialética do “E”. Um grande desafiador das regras do jogo estabelecidas nos paradoxos estratégicos e grande inovador social é Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz em 2006, a quem devemos o crédito dos conceitos centrais deste artigo. Yunus é um notório questio- nador da “sabedoria convencional”, expressão cunhada pelo economista LUCRO SOCIAL, LUCRO EMPRESARIAL E A SABEDORIA CONVENCIONAL BOA PARTE DOS PROJETOS DE SUSTENTABILIDADE AINDA PARECE ESTAR MAIS PREOCUPADA COM O RESULTADO FINANCEIRO, EMBORA ADVOGUE O RESULTADO TRIPLO, QUE REÚNE AS DIMENSÕES FINANCEIRA, SOCIAL E AMBIENTAL;CASOS COMPROVAM QUE HÁ SOLUÇÃO POR RIVADÁVIA DRUMMOND NOVAS FRONTEIRAS DA GESTÃO Ilustração:Shutterstock 88 HSM Management 101 • NOVEMBRO-DEZEMBRO 2013 hsmmanagement.com.br
  • 2. Kenneth Galbraith para iluminar a mistura de meias verdades com con- veniência. Segundo Yunus, “é possí- vel criar negócios com uma missão social, gerenciados em uma lógica organizacional com fins lucrativos”. Boa parte dos projetos de susten- tabilidade aos quais já fui apresen- tado parecia confirmar a máxima, apócrifa, de que “sustentabilidade é igual ao reino dos céus: todo mun- do quer ir para lá, só que não agora”. Ou seja, as organizações advogam o triple bottom line (métricas e resul- tados nas perspectivas financeira, social e ambiental), mas na verdade é apenas o resultado simples (unica- mente financeiro) que lhes importa. A experiência de sucesso liderada por Yunus é uma resposta a isso. Sim, você já deve estar se pergun- tando como fazer acontecer na vida real. Os temas “inovação social”, “empreendedorismo social” e “mo- delos de negócio sociais” estão em construção e não há respostas de- finitivas, porém, em recente artigo de Yunus e colegas no prestigiado periódico acadêmico Long Range Planning, conseguimos uma com- preensão maior da temática. Yunus, pioneiro do microcrédito, fundou o Grameen Bank em 1976, de- pois de se indignar com a exploração de mulheres pobres por agiotas nos muitos vilarejos de Bangladesh. Os dados auditados do artigo, de 2010, causam-me alegria e esperança: hoje o banco oferece empréstimos para mais de 7,5 milhões de pessoas po- bres de Bangladesh, das quais 97% são mulheres; entre o universo das famílias que contraíram um emprés- timo do “Banqueiro dos Pobres”, 68% já saíram da pobreza; 98,4% dos em- préstimos são honrados; e o banco tem sido lucrativo em todos os anos de sua existência, exceto 1983, 1991 e 1992. Atualmente, o grupo Grameen é uma rede de quase 30 organizações- -irmãs ligadas ao Banco Grameen. Relato três pequenos casos de su- cesso construídos por Yunus com em- presas multinacionais estabelecidas: (1)Grameen Phone (parceria com a norueguesa Telenor). Possi- bilita a geração de empregos para as denominadas “Grameen Telephone Ladies”. Os clientes demandam ser- viços de telecomunicações dessas se- nhoras e pagam por minuto de uso, evitando o custo de aquisição de apa- relhos e assinatura. (2)Grameen Veolia (com a fran- cesa Veolia Water). Oferece sistemas de tratamento de água de superfície para a provisão de água potável às populações rurais, distri- buída em garrafas ou bebedouros. Os usuários adotam o sistema de cartões pré-pagos. (3)Grameen Danone (com a es- panhola Danone). Fornece um iogurte desenvolvido para aten- der às necessidades nutricionais de crianças de Bangladesh a preços módicos. O iogurte é produzido lo- calmente e distribuído de porta em porta pelas Grameen Ladies. Seu novo desafio é aprender a produzir um copo comestível para o iogurte, também nutritivo. Voltando ao que as empresas po- dem aprender, vejo que Yunus e seus parceiros Telenor, Veolia Wa- ter e Danone nos oferecem cinco lições importantes com seus ca- sos –as três primeiras aplicáveis a quaisquer tipos de inovações em modelos de negócio; as outras duas, aos sociais. (1)Desafiar continuamente a sa- bedoria convencional: você emprestaria dinheiro para pessoas pobres que não podem apresentar nenhum tipo de garantia? (2)Buscar parceiros complemen- tares que possam contribuir com os recursos faltantes ou cuja construção demandaria um custo de oportunidade imponderável. (3)Abraçar a experimentação con- tínua e o aprendizado baseado em descobertas. (4)Favorecer acionistas orienta- dos ao lucro social. (5)Especificar claramente , como condição sine qua non, os ob- jetivos do lucro social. A inovação social e o empreende- dorismo social ainda são campos em construção e, por isso, demandam mais experiências, mais projetos e mais reflexões, porém existem muitas boas experiências em andamento com as quais podemos aprender, em todo o mundo e também no Brasil. Só é im- portante que não sejam confundidas com propostas de inovação voltadas à base da pirâmide socioeconômica. Eu, particularmente, cultivo a espe- rança de fazer um mundo melhor com organizações melhores, e me interesso cada vez mais pelas experiências de inovação social. Não aceito mais pas- sar a vida em ilhas de prosperidade cercadas por desigualdades de todos os lados. Quero um Brasil melhor para as próximas gerações. E você? Rivadávia C. Drummond de Alvarenga Neto, um dos titulares desta coluna, é reitor da UniBH, de Minas Gerais, e professor convidado da HSM Educação e da University of Hong Kong. Escreveu o livro Gestão do Conhecimento em Organizações (ed. Saraiva). HSM Management “AINOVAÇÃOEO EMPREENDEDORISMO SOCIAISESTÃOAINDA EMCONSTRUÇÃO,MAS JÁOFERECEMBONS APRENDIZADOS” Foto:lolastudio.com.br 89HSM Management 101 • NOVEMBRO-DEZEMBRO 2013 hsmmanagement.com.br