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ecentemente, em um trabalho que
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aos participantes que definissem o ter-
mo “inovação”. O resultado se apresen-
tou na forma de mais de 50 definições
diferentes! Não é surpresa: a inovação
na empresa se perde em uma Torre de
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Conceituar “inovação” é tarefa cada
vez mais ingrata. Nos dias atuais, o
termo mais confunde do que ajuda. É
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que alteram rotas tecnológicas, mu-
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las de negócios são treinados na busca
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cutivos seniores em organizações são
prisioneiros do sucesso de suas “máqui-
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A conceituação de inovação mais
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Donofrio, ex-vice-presidente-execu-
tivo de inovação e tecnologia da IBM.
Segundo ele, “inovação é a criação de
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logia e modelo de negócio”. Quando
falamos em inovação, a perspectiva
única de inovação tecnológica (produ-
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inovação estratégica” que contemple
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moverei o mundo!” (Arquimedes de Si-
racusa, 287-212 a.C.).
OiPod,daApple,quandofoilançado,
era apenas mais um MP3 player entre
as muitas marcas ofertadas no merca-
do, ou seja, uma inovação tecnológica
apenas na alavanca produto. Foi só a
partir do lançamento da iTunes Store
que aconteceu a combinação de duas
alavancas no modelo citado: uma ino-
vação de produto (tecnológica) e uma
da cadeia de fornecimento (modelo de
negócio). Eis a combinação imbatível
da Apple: iPod + iTunes!
O repertório realmente útil
É aqui que abrimos espaço para intro-
Em busca da interface
EsqueçaaprocuradoSantoGraalderuptura;odesafio
deinovarédeoutrotipo:passaporcombinartecnologiae
modelodenegócioeexigenovorepertório
porRivadáviaC.DrummonddeAlvarengaNeto
R
NOVAS
FRONTEIRAS
DA GESTÃO
O canvas dos modelos de negócio
Fonte: Osterwalder, Alex; Pigneur, Yves. Business Model Generation (BMG): Inovação em Modelos de Negócios. Rio de Janeiro: Alta Books, 2012.
HSM Management 95 • novembro-dezembro 2012 hsmmanagement.com.br68
duzir alguns dos temas que estão nas
fronteiras da gestão: business model
innovation (inovação no modelo de
negócio) e design thinking (pensa-
mento do design).
“Modelo de negócio” pode ser defi-
nido como a maneira pela qual uma
empresa cria, entrega e captura valor.
Trata-se de um plano detalhado para
a execução da estratégia, a partir de
dada estrutura organizacional e em
busca do alinhamento entre proces-
sos, recursos e infraestrutura. Um dos
trabalhos mais citados do momento é
o Business Model Generation (BMG),
de Alexander Osterwalder e Yves Pig-
neur (ed. Alta Books).
A tese de doutorado de Osterwalder
(The Business Model Ontology: A Pro-
position in a Design Science Approach)
resgata uma tradição que há muito me
interessa: ontologias em modelos de
negócio e design science. Ontologias
são formas de representação do conhe-
cimento e podem ser expressas como
modelos, design, taxonomias, esque-
mas classificatórios, frameworks e telas
ou quadros, entre outros artifícios de re-
dução da complexidade. Enfim, trata-se
de uma especificação formal e explícita
de um conceito compartilhado. BMG é
exatamente isso: pela utilização de um
canvas (quadro ou tela de pintura), te-
mos uma linguagem compartilhada
para descrever, visualizar, criar, avaliar,
inovar e mudar o modelo de negócio.
A linguagem e o repertório neces-
sários para o desenvolvimento de
prototipagens de modelos de negócio
inovadores passam pela compreensão
do canvas (a tela em branco do artista),
pela ampliação das ferramentas de de-
sign e pela consequente compreensão
de padrões de diferentes tipos de mo-
delos de negócio que podem coexistir
na mesma organização.
Para descrever, criar, inovar ou desa-
fiaromodelodenegócio,éfundamental
essa linguagem comum do canvas com
nove componentes [veja à esquerda].
Uma vez que você tem em mãos o
canvas com os nove componentes, é
hora de começar a desenhar, experi-
mentar e prototipar. Sua tela está em
branco: ouse, crie, desafie. Aprenda a
pensar comodesigner. Você pode ex-
plorar várias técnicas de design de mo-
delos de negócio, a saber:
•	 insights dos clientes (usando um
“mapa da empatia”);
•	 ideação (com as perguntas do tipo
“what if”);
•	 pensamento visual (por meio de
imagens, rascunhos, diagramas e
post-its);
•	 storytelling (narrativas para introdu-
zir o novo, pensar o futuro, motivar e
engajar pessoas) –a combinação de
pensamento visual com storytelling
produz o chamado “vivid thinking”
(pensamento vivo);
•	 prototipagem (em diferentes escalas,
no guardanapo, canvas, case ou teste
de campo);
•	 cenários (descrevendo tipos diferen-
tes de clientes ou cenários futuros).
Depois de muitas experimentações
no canvas, é preciso se aprofundar na
compreensão de padrões de modelos
de negócio com características, ar-
ranjos e comportamentos similares.
O mérito do autor foi o de traduzir e
rascunhar cinco padrões conhecidos
na literatura de modelos de negócio no
canvas com seus nove componentes:
(1) modelos de negócio desagregados:
negócios de relacionamento com os
clientes, de inovação e de infraestrutu-
ra (private banking e telefonia móvel);
(2) a cauda longa, bem descrita na obra
de Chris Anderson de mesmo nome
(eBay, Lego, YouTube e Facebook);
(3) plataformas multilaterais –unem
dois ou mais grupos distintos, porém
interdependentes, de clientes (Visa,
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(4) free –pelo menos um segmento de
cliente substancial é capaz de se bene-
ficiar continuamente de uma oferta li-
vre de custos (jornais gratuitos como o
Metro, Flickr e Skype); e
(5) modelo de negócio aberto –cola-
borando com parceiros externos para
captar e criar valor sistematicamente
(P&G, GlaxoSmithKline e Innocentive).
Por fim, um trabalho que merece
muita atenção é Designing for Growth,
de Jeanne Liedtka e Tim Ogilvie (ed.
Columbia University Press). Eu me en-
cantei com sua modelagem de “quatro
perguntas e dez ferramentas” que “cos-
turam” três importantes perspectivas
na resolução sistemática de proble-
mas: humana (desejável), tecnológica
(possível) e de negócios (viável).
Agora, sim!
Com esse novo repertório, você já pode
criar mais valor nas fronteiras e inter-
faces entre tecnologia e modelo de ne-
gócio. O que está esperando?
Rivadávia Drummond de
Alvarenga Neto é reitor do
Centro Universitário de Belo
Horizonte (UNIBH) e professor
associado da Fundação Dom
Cabral, ambas instituições
mineiras. É pesquisador da
University of Toronto, Canadá.
HSM Management
“Ouse, crie, desafie!
Aprenda a pensar
como designer! “
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68-69 INO_Riva

  • 1. Atividades-chave Parcerias-chave Recursos-chave Estrutura de custo Relacionamento com os clientes Segmentos de clientes Propostas de valor Canais Fontes de renda ecentemente, em um trabalho que reuniu 40 executivos seniores –VPs, CEOs e diretores– de uma grande or- ganização de classe mundial, solicitei aos participantes que definissem o ter- mo “inovação”. O resultado se apresen- tou na forma de mais de 50 definições diferentes! Não é surpresa: a inovação na empresa se perde em uma Torre de Babel. Por quê? Conceituar “inovação” é tarefa cada vez mais ingrata. Nos dias atuais, o termo mais confunde do que ajuda. É frequentemente confundido com cria- tividade e invenção. Os grandes casos de sucesso envolvem buscas do Santo Graal na forma de inovações radicais que alteram rotas tecnológicas, mu- dam as regras do jogo e redefinem mercados e economias. Pouquíssimo valor é conferido à inovação incremen- tal e quase nada se comenta acerca da inovação no modelo de negócio. Por fim, inovação envolve risco, am- biguidade e incerteza: alunos de esco- las de negócios são treinados na busca frenética da única resposta certa e exe- cutivos seniores em organizações são prisioneiros do sucesso de suas “máqui- nas de desempenho”, na perspectiva da tríade recursos-processos-valores. A conceituação de inovação mais instigante é a proposta por Nicholas Donofrio, ex-vice-presidente-execu- tivo de inovação e tecnologia da IBM. Segundo ele, “inovação é a criação de mais valor na interface entre tecno- logia e modelo de negócio”. Quando falamos em inovação, a perspectiva única de inovação tecnológica (produ- tos, serviços e processos) é limitada. Precisamos pensar em um “modelo de inovação estratégica” que contemple tecnologia e modelo de negócio, com- preendendo suas alavancas: “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e moverei o mundo!” (Arquimedes de Si- racusa, 287-212 a.C.). OiPod,daApple,quandofoilançado, era apenas mais um MP3 player entre as muitas marcas ofertadas no merca- do, ou seja, uma inovação tecnológica apenas na alavanca produto. Foi só a partir do lançamento da iTunes Store que aconteceu a combinação de duas alavancas no modelo citado: uma ino- vação de produto (tecnológica) e uma da cadeia de fornecimento (modelo de negócio). Eis a combinação imbatível da Apple: iPod + iTunes! O repertório realmente útil É aqui que abrimos espaço para intro- Em busca da interface EsqueçaaprocuradoSantoGraalderuptura;odesafio deinovarédeoutrotipo:passaporcombinartecnologiae modelodenegócioeexigenovorepertório porRivadáviaC.DrummonddeAlvarengaNeto R NOVAS FRONTEIRAS DA GESTÃO O canvas dos modelos de negócio Fonte: Osterwalder, Alex; Pigneur, Yves. Business Model Generation (BMG): Inovação em Modelos de Negócios. Rio de Janeiro: Alta Books, 2012. HSM Management 95 • novembro-dezembro 2012 hsmmanagement.com.br68
  • 2. duzir alguns dos temas que estão nas fronteiras da gestão: business model innovation (inovação no modelo de negócio) e design thinking (pensa- mento do design). “Modelo de negócio” pode ser defi- nido como a maneira pela qual uma empresa cria, entrega e captura valor. Trata-se de um plano detalhado para a execução da estratégia, a partir de dada estrutura organizacional e em busca do alinhamento entre proces- sos, recursos e infraestrutura. Um dos trabalhos mais citados do momento é o Business Model Generation (BMG), de Alexander Osterwalder e Yves Pig- neur (ed. Alta Books). A tese de doutorado de Osterwalder (The Business Model Ontology: A Pro- position in a Design Science Approach) resgata uma tradição que há muito me interessa: ontologias em modelos de negócio e design science. Ontologias são formas de representação do conhe- cimento e podem ser expressas como modelos, design, taxonomias, esque- mas classificatórios, frameworks e telas ou quadros, entre outros artifícios de re- dução da complexidade. Enfim, trata-se de uma especificação formal e explícita de um conceito compartilhado. BMG é exatamente isso: pela utilização de um canvas (quadro ou tela de pintura), te- mos uma linguagem compartilhada para descrever, visualizar, criar, avaliar, inovar e mudar o modelo de negócio. A linguagem e o repertório neces- sários para o desenvolvimento de prototipagens de modelos de negócio inovadores passam pela compreensão do canvas (a tela em branco do artista), pela ampliação das ferramentas de de- sign e pela consequente compreensão de padrões de diferentes tipos de mo- delos de negócio que podem coexistir na mesma organização. Para descrever, criar, inovar ou desa- fiaromodelodenegócio,éfundamental essa linguagem comum do canvas com nove componentes [veja à esquerda]. Uma vez que você tem em mãos o canvas com os nove componentes, é hora de começar a desenhar, experi- mentar e prototipar. Sua tela está em branco: ouse, crie, desafie. Aprenda a pensar comodesigner. Você pode ex- plorar várias técnicas de design de mo- delos de negócio, a saber: • insights dos clientes (usando um “mapa da empatia”); • ideação (com as perguntas do tipo “what if”); • pensamento visual (por meio de imagens, rascunhos, diagramas e post-its); • storytelling (narrativas para introdu- zir o novo, pensar o futuro, motivar e engajar pessoas) –a combinação de pensamento visual com storytelling produz o chamado “vivid thinking” (pensamento vivo); • prototipagem (em diferentes escalas, no guardanapo, canvas, case ou teste de campo); • cenários (descrevendo tipos diferen- tes de clientes ou cenários futuros). Depois de muitas experimentações no canvas, é preciso se aprofundar na compreensão de padrões de modelos de negócio com características, ar- ranjos e comportamentos similares. O mérito do autor foi o de traduzir e rascunhar cinco padrões conhecidos na literatura de modelos de negócio no canvas com seus nove componentes: (1) modelos de negócio desagregados: negócios de relacionamento com os clientes, de inovação e de infraestrutu- ra (private banking e telefonia móvel); (2) a cauda longa, bem descrita na obra de Chris Anderson de mesmo nome (eBay, Lego, YouTube e Facebook); (3) plataformas multilaterais –unem dois ou mais grupos distintos, porém interdependentes, de clientes (Visa, Google e Microsoft); (4) free –pelo menos um segmento de cliente substancial é capaz de se bene- ficiar continuamente de uma oferta li- vre de custos (jornais gratuitos como o Metro, Flickr e Skype); e (5) modelo de negócio aberto –cola- borando com parceiros externos para captar e criar valor sistematicamente (P&G, GlaxoSmithKline e Innocentive). Por fim, um trabalho que merece muita atenção é Designing for Growth, de Jeanne Liedtka e Tim Ogilvie (ed. Columbia University Press). Eu me en- cantei com sua modelagem de “quatro perguntas e dez ferramentas” que “cos- turam” três importantes perspectivas na resolução sistemática de proble- mas: humana (desejável), tecnológica (possível) e de negócios (viável). Agora, sim! Com esse novo repertório, você já pode criar mais valor nas fronteiras e inter- faces entre tecnologia e modelo de ne- gócio. O que está esperando? Rivadávia Drummond de Alvarenga Neto é reitor do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNIBH) e professor associado da Fundação Dom Cabral, ambas instituições mineiras. É pesquisador da University of Toronto, Canadá. HSM Management “Ouse, crie, desafie! Aprenda a pensar como designer! “ HSM Management 95 • novembro-dezembro 2012 hsmmanagement.com.br 69