O documento discute as alternativas de abastecimento de água em São José do Rio Preto, incluindo um projeto para captar água do rio Grande. O evento apresentou exemplos de como Nova York reduziu o desperdício de água e propôs recuperar áreas degradadas e preservar nascentes em Rio Preto. O superintendente do Semae defendeu a captação como alternativa de longo prazo, mas pesquisadores sugeriram medidas para reduzir perdas primeiro.
1. São José do Rio Preto ◆ Terça-feira, 4 de junho de 2019 ◆ 1B
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Frio deve
permanecer
em Rio Preto
durante a
semana
Mara Sousa 3/6/2019
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Casal e filho de
8 anos morrem
em acidente
de trânsito em
Votuporanga
Colaboração/Leitor
O
1º Fórum Regional
da Água, realizado na
Unesp, nesta segunda-
feira, 3, debateu as al-
ternativas de abasteci-
mento de água em Rio
Preto no momento em
que o município estu-
da buscar água no rio Grande,
em Icém. Uma varredura no
desperdício da distribuição de
água, reflorestamento de áreas
degradadas e preservação das
nascentes foram algumas das
propostas discutidas por pes-
quisadores, autoridades e so-
ciedade.
O biólogo e pesquisador do
Instituto de Pesquisas Ecológicas
(IPE) Rafael Chiaravalloti apre-
sentou uma palestra sobre o livro
“O homem que salvou Nova York
da falta de água”. A proposta foi
contar como a “Capital do Mun-
do” driblou a crise hídrica, em
1990,ereverteuaescassezdacida-
de,abrindomãodaprimeiraalter-
nativa, que era a captação de água
do rio Hudson. O projeto inicial
custaria 6 bilhões de dólares, com
uma estimativa de gastos de até 12
bilhões de dólares. “O gestor que
estava comandando a parte am-
biental propôs uma análise mais
sistêmica”, disse.
O primeiro passo foi reduzir
o desperdício. De uma porcenta-
gem de 30% de perdas, as mudan-
ças alcançaram 9% de desperdício
- enquanto 15% é considerado por
especialistas como ideal. A outra
ação adotada em Nova York foi
distribuir de forma gratuita pri-
vadas e torneiras novas para as
residências, com intuito também
de reduzir desperdícios. “Trocou
o sistema da cidade inteira e redu-
ziu o desperdício. Com isso gasta-
ram um décimo do previsto.”
Outro palestrante que parti-
cipou do Fórum e também de-
fendeu medidas alternativas foi o
professor da Unesp Arif Cais. “O
assunto (captação no rio Grande)
está sendo colocado de forma an-
tecipada”, disse. Para o professor,
que apresentou relatórios do Se-
mae, Rio Preto perde mais do que
os atuais 27% (porcentagem ofi-
cial) na distribuição. “Há relató-
rios que apontam perdas de 42%,
são relatórios com mais de 500
páginas”, disse. Segundo Cais, há
umanecessidadedeseintensifica-
rem também as políticas contra as
perdas comerciais e da agricultu-
ra. “Essas coisas precisam ser me-
lhor conduzidas, gasta-se muito e
sem controle”, disse.
O professor ainda cita uma
pesquisa de mestrado aprovada
na USP, em 2015, que defende a
tese de que, com a atual vazão, o
aquífero Guarani tem capacidade
de abastecimento para mais 500
anos. “Só que, claro, não podemos
exaurir o Guarani. Temos o (aquí-
fero)Bauruqueérenovávelepode
ser preservado”. Cais também
lembrou das áreas de mananciais
degradadas. “Precisamos recupe-
rar nossas minas. Um rio não nas-
Captação de água em debate
Fórum Regional da Água, realizado nesta segunda, discutiu projeto municipal - ainda em estudo - que
visa a trazer água do rio Grande, em Icém, para Rio Preto, e apresenta possíveis alternativas
francela.pinheiro@diariodaregiao.com.br
Francela Pinheiro
Fórum da Água ocorreu no campus rio-pretense da Unesp, nesta segunda
Guilherme Baffi 3/6/2019
ce grande, todos nascem de uma
pequena fonte.”
Semae defende captação
O superintendente do Semae,
Nicanor Batista Júnior, defendeu
o projeto de captação de água. Se-
gundoele,aproposta,queestáem
fase de estudos de viabilização da
obra, é uma alternativa para ser
implementada a médio e longo
prazo. “Se o crescimento de Rio
Preto continuar no mesmo rit-
mo, daqui a uma década a cidade
estará próximo de um milhão de
habitantes e, mesmo com todas as
reduções de perdas, a gente não
vai conseguir abastecer toda a po-
pulação”, disse.
Sobre a necessidade de recu-
peração das áreas degradadas,
Nicanor afirmou que o poder pú-
blico tem dificuldades, uma vez
que estão em áreas particulares.
“Estamos com 35 mil mudas para
serem plantadas e estamos com
dificuldades”. Como em Nova
York, o Sistema Cantareira tam-
bém paga para produtores rurais
para recuperação de áreas próxi-
mas aos mananciais. “São proje-
tos que poderiam ser pensados.”
O projeto executivo para cap-
tação do rio Grande custou R$
14,3 milhões e tem previsão de
conclusão para dezembro deste
ano. O projeto para implementa-
ção da obra, que bombeará a água
por 54 quilômetros, está avaliado
hoje em R$ 750 milhões.
O Fórum da Água deba-
teu também os impactos am-
bientais nas bacias hidrográ-
ficas da região e do Estado,
com a presença do pesqui-
sador do Instituto Agronô-
mico de Campinas (IAC)
Afonso Peche. O professor
doutor Ricardo Rodrigues
também debateu o assunto
para preservação dos recur-
sos hídricos.
O evento faz parte da 17ª
Semana Integrada do Meio
Ambiente (Sima) realizada
por secretarias e parceiros da
Prefeitura de Rio Preto. As
atividades iniciaram na sex-
ta-feira, 31, com o 1º Semi-
nário de Direito Ambiental
para debater responsabilida-
des em casos de rompimento
de barragens, e seguem até
sábado, 8. No sábado passa-
do, a semana realizou ações
para arrecadação de alimen-
tos, atividades, plantio e
doação de mudas de árvores.
No domingo o evento contou
com atividades como soltura
de aves e plantio.
Nesta terça-feira, 4, o
coordenador do programa
município VerdeAzul, José
Walter Figueiredo Silva, faz
palestra no auditório A da
Unesp, a partir das 8h30.
Depois, às 10h, haverá um
plantio simbólico para mar-
car o início do plantio das
106 mil árvores, na Floresta
Estadual do Noroeste Pau-
lista, para cumprimento dos
Termos de Compromisso
de Recuperação Ambiental
(TCRA) da Prefeitura.
A programação segue
com a inauguração do Re-
cinto de Imersão de Passe-
riformes e outras atividades,
na quarta-feira, 5, com o
projeto “Pomar Dignidade”,
na quinta-feira, 6, e termina
na sexta-feira, 7, com o pro-
jeto “Viver Bem”, da Uni-
med. (FP)
Plantio e outras ações
O gestor que estava comandando a
parte ambiental propôs uma análise
mais sistêmica
Rafael Chiaravalloti, biólogo e pesquisador do Instituto
de Pesquisas Ecológicas (IPE), citando o exemplo de
como Nova York superou crise hídrica
Icém
Fronteira
Nova
Granada
Onda
Verde
r i o G r a n d e
Ponto de
captação
Estação de
tratamento
rio
Turvo
Rio
Preto
Percursodaadutora
captação
de água no
rio Grande
3 mil
litros por
segundo
é a vazão prevista
52 km
é a extensão da
adutora de água
bruta
9 km
é a extensão da
adutora de água
tratada
(a partir da
estação
de tratamento até
os reservatórios)
1,5 m
é o diâmetro
da adutora
183 m
será o desnível
geométrico da
adutora
R$ 750
milhões
é o preço total
estimado da obra
Travessia em arco,
uma demonstração
artística do ponto
previsto para a
construção de
elevação da adutora
por cima do rio Turvo
Simulação de ponto de captação
de água no rio Grande, no
município de Icém. Água seguirá
por adutora que vai acompanhar o
traçado da rodovia Transbrasiliana
(BR-153), simplificando processos
de desapropriação de áreas
Trecho do vídeo do Semae,
que mostra chegada da água
à estação de tratamento
para posterior distribuição e
abastecimento da cidade