Breve resumo do método de contemplação de Sto. Inácio de Loyola aplicado aos mistérios da vida de Jesus. A partir de Dom João Evangelista Martins Terra. Os novos movimentos eclesiais. São Paulo: Loyola, 2004.
3. A vida de Jesus
A fé cristã é toda centrada em Jesus
Cristo, o Filho do Deus Altíssimo,
que veio para nos salvar. O nome
de Jesus significa “Deus salva”,
“pois Ele salvará seu povo de seus
pecados” (Mt 1,21). São Pedro disse
aos judeus que: “Não existe
debaixo do céu outro nome dado
aos homens pelo qual devamos
ser salvos” (At 4,12). Jesus é o único
Salvador.
4. A vida de Jesus
Toda a vida de Cristo foi um contínuo
ensinamento. “Seus silêncios, Seus
milagres, Seus gestos, Sua oração, Seu
amor ao homem, Sua predileção pelos
pequenos e pelos pobres, a aceitação do
sacrifício total da Cruz pela redenção do
mundo, Sua ressurreição constituem a
atuação de Sua Palavra e o cumprimento
da Revelação”. (TERRA, João Evangelista
Martins. Os novos movimentos eclesiais.
São Paulo: Loyola, 2004, p. 118).
5. O que diz o Vaticano II no
documento sobre a Igreja
Os discípulos de Cristo devem conformarse com Ele até Ele se formar neles.
“É por isso que somos inseridos nos mistérios
de Sua vida, com Ele configurados, com Ele
mortos e com Ele ressuscitados, até que com ele
reinemos” (LG 7).
6. Santo Inácio de Loyola
Desde os primeiros momentos, a Igreja meditou os
mistérios da vida de Jesus Cristo.
Um dos métodos utilizados para isso foi o de Santo
Inácio de Loyola, que viveu entre os séculos XV e XVI:
Os Exercícios Espirituais.
Sua intuição fundamental é a de que Cristo nos indica
a verdadeira vida, à qual se chega imitando-O:
“procuremos imitá-Lo, porque Ele é o caminho que
leva os homens à vida” (Exame geral c. 4, n. 44,
Constituições 101).
7. O método
Cada meditação dos Exercícios
Espirituais (EE) apresenta Oração
Preparatória, Preâmbulo, Pontos e
Colóquio.
A oração preparatória consiste em
pedir a graça a Deus Nosso Senhor,
para que todas as intenções, ações e
operações, na oração, sejam
puramente ordenadas em serviço e
louvor da Divina Majestade (n. 46).
8. O método
1º Preâmbulo:
É a história que está no Evangelho.
2º Preâmbulo:
É a composição do lugar, em que o orante vê com a imaginação o que acontece no
mistério.
3º Preâmbulo:
É o momento de pedir o que se quer: o conhecimento interno do Senhor, que por nós
se fez homem, para que mais O ame e O siga.
9. O método
1º Ponto:
Ver as pessoas e depois refletir sobre si para tirar algum proveito.
2º Ponto:
Olhar, advertir e contemplar o que falam, e, refletindo sobre si mesmo, tirar algum
proveito.
3º Ponto:
Olhar e considerar o que fazem as pessoas, tudo por nós, e, refletindo, tirar algum
proveito espiritual.
10. O método
O Colóquio:
Acabar com uma conversa, na qual
se pensa no que se deve dizer às
Três Pessoas Divinas, ou ao Verbo
Encarnado, ou à Mãe Nossa
Senhora, pedindo cada qual
conforme sentir em si, para mais
seguir e imitar Nosso Senhor.
11. Um exemplo
Meditação do Mistério do Nascimento de Jesus, que é a
segunda contemplação da segunda semana dos trinta
dias dos Exercícios Espirituais.
• No 1º Preâmbulo, ver como Nossa Senhora, grávida de quase nove
meses, saiu de Nazaré num jumento, com São José, levando algo para ir
a Belém a fim de pagar o tributo que César, imperador de Roma,
ordenara para aquelas terras do Império.
• No 2º Preâmbulo, ver o caminho de Nazaré a Belém, considerando o
comprimento, a largura, se o caminho é plano ou por vales e encostas;
olhar a gruta do nascimento, seu tamanho, se alta ou baixa, como estava
arrumada.
• No 3º Preâmbulo, pedir o conhecimento pelo Senhor que se fez
homem por mim.
12. Ainda o exemplo
No 1º Ponto, ver as pessoas: Nossa Senhora, São José, Jesus, depois de
nascido, servindo-Os em suas necessidades, como se estivesse presente lá,
com toda reverência. Depois refletir.
No 2º Ponto: o que eles falam? Refletir.
No 3º Ponto, ver como é caminhar e trabalhar para que Nosso Senhor nasça
na pobreza, e, ao fim de tantos trabalhos, de fome, de sede, de calor e frio, de
injúrias e afrontas, venha a morrer na cruz, POR MIM. Depois refletir.
No Colóquio, conversar com Eles.
13. De novo o método
Depois da reflexão anterior, os
Exercícios propõem uma outra, sobre o
mesmo mistério , aplicando os cinco
sentidos. É a quinta contemplação
desses Exercícios.
14. Aplicação dos cinco sentidos
Depois da oração preparatória e
dos três preâmbulos, passar para
os sentidos da seguinte maneira:
• 1º Ponto. Ver as pessoas com a vista
imaginativa, meditando e contemplando em
particular suas circunstâncias e tirando
proveito da vista.
15. Aplicação dos cinco sentidos
2º Ponto. Ouvir o que falam ou
podem falar e, refletindo sobre si
mesmo, tirar algum proveito.
16. Aplicação dos cinco sentidos
3º Ponto. Aspirar o perfume com o olfato e saborear com o
gosto a infinita suavidade e doçura da divindade, da alma e
das suas virtudes e de tudo ali, conforme for a pessoa que se
contemple (Jesus, Maria, José), refletindo sobre si mesmo e
tirando proveito disto.
17. Aplicação dos cinco sentidos
4º Ponto. Tocar com o tato, por exemplo,
abraçar e beijar os lugares onde as pessoas
pisam e sentam, procurando tirar proveito
disto.
18. Observações auxiliares
Segundo Santo Inácio, quando meditamos, usamos a
memória, o entendimento e a vontade, para
compreender e penetrar mais profundamente as
verdades de fé meditadas.
Quando contemplamos, o importante é a afetividade;
não se trata de conhecer coisas novas, mas de saborear
o mistério contemplado: ver, ouvir, sentir, tocar e
saborear a paisagem ou a pessoa contemplada.
20. Observações auxiliares
O mistério de uma pessoa só se revela na
convivência de anos.
Nas contemplações dos Exercícios Espirituais, o
orante pede sempre a graça do conhecimento
interno de Jesus, que é a pérola preciosa da
parábola, cujo encontro causa grande alegria.
21. Observações auxiliares
A partir da contemplação,
passa-se a olhar os homens
e os acontecimentos com o
olhar de Jesus.
Vemos nEle o rosto do Pai.
22. Observações auxiliares
Os mistérios evangélicos são realidades históricas, que aconteceram. Ao contemplá-las,
as tornamos presentes para nós. Isto é possível porque elas não pertencem somente ao
passado, mas, como fatos salvíficos que são, estão acontecendo no presente,
salvificamente, para quem as contempla e acolhe na fé.
A contemplação prolongada e repetida das palavras e das ações de Jesus, dos Seus
sentimentos e de Suas opções, leva a uma crescente identificação com Ele.
O confronto da vida com a de Jesus tem de levar o orante ao serviço dos homens.
Na contemplação dos mistérios da vida de Jesus, Deus nos revela o que Ele quer
concretamente de nós em nossa vida.
Crescendo em união com Jesus, o orante se torna mais profundamente ele mesmo. O
amor de Jesus continua a criá-lo e renová-lo.
23. Conclusão
Contemplando Jesus, venho a conhecê-Lo
melhor, não como se conhece um fato ou dados,
mas do modo como se conhece uma pessoa.
Esse jeito de conhecer melhor Jesus não é saber
mais coisas sobre Ele, como pelo estudo, mas é
conhecê-Lo por intermédio do amor!
24. Convite
Experimente este presente que é a meditação
contemplativa segundo Santo Inácio de
Loyola e verá os frutos em sua vida.
Deus falará!