Este documento discute as universidades corporativas no contexto da educação superior na Bahia, tomando como caso de estudo a Universidade Petrobras. Aborda a justificativa, problema, objetivos, metodologia e marco teórico do estudo, que analisa a relação entre as universidades corporativas e a educação superior na Bahia, investigando aspectos como a privatização do ensino e a particularização do conhecimento no contexto das demandas do mercado.
Universidade Corporativa e Educação Superior: um estudo de caso sobre a Universidade Petrobras
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO /MESTRADO EM EDUCAÇÃO E
CONTEMPORANEIDADE
LINHA DE PESQUISA 3 – EDUCAÇÃO, GESTÃO E
DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL
LÍLIAN MÁRCIA DE MELLO ATHAYDE
UNIVERSIDADES CORPORATIVAS E EDUCAÇÃO
SUPERIOR NO CONTEXTO EDUCACIONAL DA BAHIA:
UM ESTUDO DE CASO SOBRE A UNIVERSIDADE PETROBRAS
ORIENTADORA: PROF.ª DR.ª NÁDIA HAGE FIALHO
Salvador
2010
2. JUSTIFICATIVA
Consultoria organizacional em empresas de médio e grande portes
( Rede Bahia, Petrobras, Embasa) redirecionamento
no setor /área de Treinamento e Desenvolvimento ( T& D)
novo modelo de educação corporativa Universidade
Corporativa( UC).
Docente convite para ministrar aula na UC relação mais
direta com o tema.
Alertas produção de conhecimento voltado essencialmente
para as estratégias da organização; alcunha de universidade para
um modelo de educação corporativa, desprovido de base legal para
seu funcionamento enquanto modelo de educação superior; avanço
nas organizações, literatura especializada e eventos novo
fenômeno.
3. JUSTIFICATIVA
Fase exploratória sobre as UCs brasileiras e baianas
Universidade Petrobras( UP) modelo emblemático UC
mundial.
Motivação para compreender como funciona a UC, qual o
processo de gestão do conhecimento e sua relação com a política
educacional.
Reduzida produção acadêmica, científica e literária.
Incursões a partir do ano de 2000 administração de
empresas com gradual expansão para outras áreas e a partir de
2006 na educação( CAPES e CNPQ)
Rápida expansão das UCs no Brasil 150 UCs
( pesquisadora) e 250 UCs ( crescimento 2 400%, em dez anos)
( Eboli ,2009)
4. JUSTIFICATIVA
Relevância da pesquisa está no fato da pouca produção sobre
o tema e no argumento que foca as novas relações que podem
estar se estabelecendo na educação superior, através das UCS
e na perspectiva de apontar as contradições da construção de
uma educação na visão da emancipação humana e do capital
intelectual dentro de uma sociedade capitalista e refletir sobre
a construção e fortalecimento de uma educação para além do
capital.
5. PROBLEMATIZAÇÃO
Pós-modernidade Globalização re-organização do mercado
velocidade das mudanças quebra de paradigmas universalização
de valores neoliberais incremento de capital humano Estruturação
dos sistemas educacionais
Educação Corporativa Ampliar as habilidades e competências críticas
individuais e técnicas dos colaboradores, atendendo unicamente aos interesses
da organização conhecimento particularizado
Universidade Corporativa Ausência de regulamentação formal no MEC
, mas consentimento para funcionamento através de parceria com IES ou
validados pelo mercado
Novos arranjos e relações – privado adentrando o público; a substituição do
desenvolvimento da aprendizagem pelo desenvolvimento de competências; o
foco no ensino em detrimento da pesquisa e extensão; a pesquisa intencional ou
direcionada; o aligeiramento da formação; a qualidade da oferta de ensino; a
oferta, disseminação e produção de conhecimento etc.
6. PROBLEMA
Que relações poderiam ser identificadas entre as Universidades
Corporativas da Bahia e a Educação Superior, tomando como
eixo de abordagem a Universidade Petrobras?
7. OBJETIVO GERAL
Analisar as UCs da Bahia e a sua relação com a Educação Superior ,
tomando a Universidade Petrobras como eixo da abordagem.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1.Explicitar o surgimento e a experiência das UCs no cenário
educacional da Bahia, no contexto das reformas da política
educacional brasileira para a educação superior, a partir da década
de 1990;
2.Discutir a privatização da educação e a particularização do
conhecimento através dos processos que a implantação das
Universidades Corporativas impõe na Bahia, à luz das demandas do
mercado produtivo; e
3.Apresentar o processo de implantação da UP e suas práticas,
relacionando-o com o contexto político educacional.
8. METODOLOGIA
Estudo Exploratório
Conforme Gil (2002), o estudo exploratório visa proporcionar
maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo
explícito ou a construir hipóteses; intenciona obter dados acerca
de determinado objeto; busca delimitar um campo de trabalho e
mapear as condições de manifestação do objeto de estudo
(SEVERINO, 2007). Envolve, ainda, entrevistas com pessoas que
tiveram experiências práticas com o problema pesquisado;
levantamento bibliográfico; análise de exemplos que estimulem a
compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas
Bibliográficas e Estudos de Caso. (GIL, 2002).
9. METODOLOGIA
Tipo de pesquisa : Estudo de Caso. Para Lüdke e André “a
preocupação central ao desenvolver este tipo de pesquisa é a
compreensão de uma instância singular [...] o objeto estudado é
tratado como único, uma representação singular da realidade que é
multidimensional e historicamente situada”(1986, p.21 apud
PEREIRA e COSTA, 2008, p.175). Envolve o estudo profundo e
exaustivo de um ou poucos objetos, possibilitando o seu amplo e
minucioso conhecimento. ( GIL, 2002)
O Estudo de Caso possui limitações, alerta Gil (2002), quando faz
referência à dificuldade de se fazer generalizações, o que pode
questionar a validade do estudo. Assim, é importante que o
pesquisador possua um nível elevado de rigor, como sinaliza Pardal
e Correia (1995 apud Pereira e Costa, 2008), propiciado por uma
coleta de dados sedimentada por um quadro teórico bem metódico.
10. METODOLOGIA
Abordagem qualitativa
Este tipo de abordagem tem a possibilidade de descrever a
complexidade de um problema específico, a interação entre as
variáveis, a captação e classificação dos processos dinâmicos
vivenciados pelos grupos sociais, configurando também uma
ampliação do entendimento das nuances comportamentais dos
indivíduos. (DIEHL e TATIM, 2004).
11. METODOLOGIA
Quanto à natureza das fontes utilizadas para a abordagem e
tratamento do nosso objeto, optamos pela pesquisa
bibliográfica e pela pesquisa documental.
A pesquisa bibliográfica tem como finalidades:
a)ampliar o grau de conhecimentos em uma determinada área, capacitando o
investigador a compreender ou delimitar melhor um problema de pesquisa; b)
dominar o conhecimento disponível e utilizável como base ou fundamentação
na construção de um problema, isto é, como instrumento auxiliar para a
construção e fundamentação de hipóteses; c) descrever ou sistematizar o
estado da arte, naquele momento, pertinente a um determinado tema ou
problema.( KOCHE ,1997, p.12).
12. METODOLOGIA
Marconi e Lakatos (2008) sobre a pesquisa documental
confirmam que a fonte de coleta de dados pode estar limitada a
documentos escritos ou não, os quais se caracterizam como fontes
primárias. Estas podem ser realizadas no tempo em que o fato
ocorre, ou posteriormente à pesquisa.
Lima ( 2004 apud BRENNER e JESUS, 2007) faz uma alusão
sobre a importância do tratamento dos documentos, devido à
característica da fonte primária, exigindo do pesquisador muita
responsabilidade no registro destes.
Segundo GIL (1999), a pesquisa bibliográfica engendra-se no
apoio de vários autores, enquanto a pesquisa documental utiliza-
se de materiais que ainda não receberam tratamento analítico,
portanto podem ser reelaborados a partir dos objetivos da
pesquisa.
13. METODOLOGIA
A pesquisa bibliográfica objetivou levantar dados sobre a
origem, concepção conceitual , desenvolvimento e expansão
das universidades corporativas no mundo em geral, no Brasil,
na Bahia e, especificamente, na UP; enquanto a pesquisa
documental identificou a estrutura, visão, missão, parcerias
para chancela, perfil e objetivos dos cursos e outros aspectos
que envolviam as UCs e o nosso objeto.
14. METODOLOGIA
Instrumento de coleta de dados entrevista semi-
estruturada
Para Anderson (2000 apud PEREIRA e COSTA) a entrevista é
o principal instrumento de coleta de dados e o mais utilizado
em estudos de caso, pois possibilita entrevistar os sujeitos mais
envolvidos diretamente com o objeto; porém alerta o autor que a
relação de interatividade gerada propicia uma influência
recíproca entre o entrevistador e o entrevistado, devendo-se
então ter muito cuidado, o que foi observado durante a coleta das
informações.
15. METODOLOGIA
Os sujeitos da pesquisa foram dois colaboradores (um
coordenador de uma das áreas de ensino e uma supervisora de
recursos humanos) integrantes da UP, indicados pela Gerência
Geral da UP, que chamaremos de Prata e Ouro respectivamente,
para resguardar a identidade dos mesmos. Prata prestou
informações sobre a UP no âmbito geral e mais formal, e Ouro
informou sobre a implantação e funcionamento da unidade da UP
no Pavilhão de Aulas da Federação 2(PAF 2), da Universidade
Federal da Bahia (Ufba).
Início dos contatos :março de 2010
Aprovação da pesquisa: maio de 2010
Realização das entrevistas: julho de 2010
16. METODOLOGIA
Para o tratamento dos dados levantados, empregamos a análise de
conteúdo temática. A análise de conteúdos,
é um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção [...] destas
mensagens” (BARDIN, 1977, p.42).
Escolhemos a análise por categorias temáticas, pois, tenta
compreender criticamente o que foi manifesto e lhe dar
significações. PÊCHEUX M.(1993)
Conforme Severino (2007, p.122), a análise de conteúdo
“descreve, analisa e interpreta as mensagens/enunciados de todas
as formas de discurso, procurando ver o que está por detrás das
17. METODOLOGIA
Delimitação do objeto universo inicial UCs brasileiras
UCs baianas ( recorte intencional) UP
Quanto ao contexto teórico conceitual que embasou as análises,
utilizamos os estudos relativos às UCs brasileiras desenvolvidos por
diversos autores, encontrados em artigos, livros, dissertações e teses.
O levantamento do universo de pesquisa configurou-se a partir de
visitas a sites e portais de internet de empresas que possuíam esse
modelo de educação corporativa, bem como pelo levantamento
bibliográfico sobre o tema, em que utilizamos o banco de dados da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível superior
(CAPES) e outras bases literárias.
18. METODOLOGIA
Critérios para inclusão no mapeamento que deu origem ao
panorama das UCs no Brasil e na Bahia: a) a Universidade
Corporativa deveria ser brasileira; b) a UC deveria estar sediada
na Bahia; c) ter no mínimo dois anos de efetivo funcionamento;
d) ofertar cursos de graduação e pós-graduação; e) facilidade
para acessibilidade ao acervo eletrônico; f) UCs que possuam
convênios para chancela com IES reconhecidas pelo MEC.
No desenvolvimento da pesquisa levantamos um universo de 150
(cento e cinquenta) empresas brasileiras que possuem UCs e,
dentre estas, oito empresas baianas que possuem esse modelo.
19. MARCO TEÓRICO
Trabalho, educação e conhecimento no
capitalismo Globalizado : uma relação
estranhada.
discutimos a privatização da educação e a particularização do
conhecimento, no sentido, também, de articular a discussão às
novas faces do estranhamento do trabalho na contemporaneidade.
Analisamos o contexto que compreende a economia globalizada e
o movimento de transnacionalização do capital, com um recorte
para a reforma do Estado e a educação superior no Brasil,
confluindo para o surgimento das UCs no nosso país.
‘
20. libertação, desenvolvimento de habilidades
Educação
formação de sujeitos, construção de
conhecimento
Articuladora entre sistema produtivo e tecnologia comportamental
responsabilidade nos processos desigualdade social
Novas formas de acumulação do capital ( neoliberalismo)
transformações societárias instituições multilaterais
educação como produto/ mercadoria orientada pela razão
instrumental em detrimento da formação de sujeitos/integralidade
transferência da esfera pública para esfera do mercado
incremento da privatização e mercadorização
21. Pós- modernidade Ressignificação do trabalho e seus
processos
Taylorismo-fordismo toyotismo
Precarização das relações de trabalho, desemprego estrutural ,
abalo nas relações homem/natureza, intensificação de mais-valia,
força de trabalho : valor definido em função das habilidades e
competências = empregabilidade = capital intelectual
descentralidade do trabalho desqualificação profissional do
trabalhador e o estranhamento do trabalho ( separação do
trabalhador e seu trabalho)
Nesse contexto, trabalho e conhecimento se tornam uma relação, como nunca,
indissociável, que confere “à educação papel estratégico na formação
profissional para o mundo do trabalho referenciado pelas inovações
tecnológicas, pela flexibilidade e pelos novos processos produtivos”.
(NOVAES, 2007, p.63)
22. Políticas educacionais brasileiras reestruturação do
Estado e da educação sob a influência da crise do Estado de
Bem-Estar- Social, desenvolvimento capitalista globalizado e do
ideário neoliberal
Crise da Universidade a partir 1980 universidade /
educação moldada pelos princípios do gerenciamento
/características empresariais
Política do ensino superior no governo FHC expansão
do setor privado de educação
Política do ensino superior no Governo do Presidente Lula
expansão da reforma, sem alterações significantes na linha
política do neoliberalismo do governo FHC
Educação superior na Bahia seguiu em concordância
aos parâmetros dos governos FHC e Lula, com incremento e
ampla expansão do ensino privado, com um caráter concentrador
e de poucas opções.
23. Instituições Cursos Matrículas
Ano
Total Pública Privada Total Pública Privada Total Pública Privada
1998 973 209 764 6.950 2.970 3.980 2.125.958 804.729 1.321.229
1999 1.097 192 905 8.878 3.494 5.384 2.369.945 832.022 1.537.923
2000 1.180 176 1.004 10.585 4.021 6.564 2.694.245 887.026 1.807.219
2001 1.391 183 1.208 12.155 4.401 7.754 3.030.754 939.225 2.091.529
2002 1.637 195 1.442 14.399 5.252 9.147 3.479.913 1.051.655 2.428.258
2003 1. 859 207 1.652 16.453 5.662 10.791 3.887.771 1.137.119 2.750.652
Tabela 1-Número de instituições de educação superior,
cursos e matrículas por categoria administrativa – Brasil – 1998 –
2003 segundo Fonte: Inep/MEC.
25. MARCO TEÓRICO
MUDANÇA DE PARADIGMA
CENTRO DE T& D EDUCAÇÃO CORPORATIVA
DESENVOLVER
HABILIDDAES
APRENDIZADO
INDIVIDUAL
TÁTICO
NECESSIDADES
INDIVIDUAIS
INTERNO
ESPAÇO REAL
AUMENTO DAS
HABILIDADES
OBJETIVO
FOCO
ESCOPO
ÊNFASE
PÚBLICO
LOCAL
RESULTADO
DESENVOLVER
COMPETÊNCIAS CRÍTICAS
APRENDIZADO
ORGANIZACIONAL
ESTRATÉGICO
ESTRATÉGIAS DE NEGÓCIOS
INTERNO E EXTERNO
ESPAÇO REAL E VIRTUAL
AUMENTO DA
COMPETITIVIDADE
Quadro 1: Mudança de paradigma de centro de T&D para universidade corporativa . Eboli ( 2004)
26. Universidade Corporativa é “o guarda-chuva estratégico para o
desenvolvimento e educação dos funcionários, clientes e
fornecedores com o objetivo de atender às estratégias
empresariais de uma organização” (MEISTER, 1999, p. 263)
Aprendizado permanente desenvolvimento de competências
críticas , gestão de ensino estratégica paras as demandas da
organização instrumentos-chave de mudança cultural
,valores e simbologias próprias da lógica capitalista
1990- primeiras UCs no Brasil (Academie Accor, Universidade
Brahma, Grupo Amil)
2000- primeiras UCs na Bahia (Petróleo Brasileiro S.A
(Petrobras), a Rede Bahia de Televisão (Rede Bahia), a Empresa
Baiana de Águas e Saneamento S/A (Embasa) e a Universidade
Corporativa Coelba (Unicoelba)
27. UNIVERSIDADE PETROBRAS
Realizamos um percurso histórico da UP, desde as bases
embrionárias do seu projeto até o seu estágio atual.
As primeiras incursões da Petróleo Brasileiro S.A (Petrobras) na
área da educação corporativa para além dos programas de T&D se
dão a partir do ano de 2000, aqui na Bahia. Na evolução dos
programas de educação corporativa em 2001, inaugurou-se
primeiramente a Universidade Corporativa da Petrobras, passando
esta por um amplo processo de reestruturação, que deu origem, em
dezembro de 2004, à Universidade Petrobras (UP).
28. UNIVERSIDADE PETROBRAS
Universidade Petrobras, desde sua gênese, tinha como missão
contribuir para manter as competências já instaladas e desenvolver
programas para a aquisição de novas competências.
Os programas seguem o modelo de desenvolvimento de
competências, individuais e técnicas.
A concepção estratégica da UP é transformar competências em
soluções educacionais. Esta estratégia tem como objetivo
promover a disponibilidade do conhecimento necessário aos
planos de ação da companhia
30. Categoria de análise
temática
Respon
Dente
Análise
Alinhamento da UP às
estratégias
organizacionais
Prata e
Ouro
Alinhamento integral
Constituição do corpo
docente
Prata e
Ouro
Para os cursos de formação, apenas
professores da UP (profissionais da
Petrobras);
Para os cursos de educação
continuada, professores da UP e
professores externos convidados;
Para os cursos de Especialização de
longa duração na modalidade “In
Company”: professores da IES
conveniada, com flexibilidade de 25%
de indicação de professores da UP
Constituição do corpo
discente
Prata e
Ouro
Exclusivamente funcionários da
Petrobras e a depender da
modalidade, só os funcionários
indicados pelas chefias.
Parcerias para as
chancelas dos cursos
Prata UFba, Unicamp, UFRJ, UERJ, UNeb,
Fundação Dom Cabral etc. as
parcerias já são fixas.
31. Categoria de análise
temática
Responde
nte
Análise
Programa curricular
e
Cursos oferecidos
Prata e Ouro Montado sempre pela Petrobras, em
qualquer modalidade de solução
educacional.
Específicos para o alinhamento estratégico
aos interesses da Petrobras
Gestão do conhecimento:
internalização, métodos
de assimilação, produção
e compartilhamento
interno;
Prata e Ouro Internalização e compartilhamento interno:
se dá através dos meios internos: biblioteca,
internet, vídeo-conferência, artigos, livros,
revistas especializadas, debates;
Assimilação do conhecimento: sempre e
através de provas, testes, trabalhos escritos,
seminários etc;
Produção de conhecimento: sempre e
através de trabalhos com temas indicados
pela companhia, usualmente referem-se a
projetos aplicáveis às necessidades da
Petrobras
Compartilhamento externo
do conhecimento;
Prata e Ouro Não há uma política usual de
compartilhamento de conhecimento
externo. As informações são sigilosas.
32. Categoria de análise
temática
Responde
nte
Análise
Diferença entre T&D e
Universidade
Corporativa
Prata A área de T & D não gera soluções, só
atende a pedidos. É pontual.
A UC cria soluções, pensa, inova, aumenta
e discute o portfólio organizacional, faz
pesquisa.
Exigências para
participar dos cursos de
longa duração
Prata Admissão de no mínimo três anos;
Permanecer no mínimo três anos;
Reembolso à Petrobras no caso de não
conclusão do curso.
Relação entre público e
privado
Ouro A unidade da UP no PAF 2 (restrita aos
funcionários da Petrobras) contribuiu para o
aumento de vagas no PAF 3, a partir do
acordo de reconstrução deste, legitimando
sua ocupação. Novas relações.
Quadro 3: categorias de análise temática
Fonte : pesquisadora, 2010.
33. CONCLUSÕES
Objetivo 1 - Explicitar o surgimento e a experiência das
Universidades Corporativas no cenário educacional da Bahia, no
contexto das reformas da política educacional brasileira para a
educação superior, a partir da década de 1990:
O avanço das UCs foi possível devido às brechas oportunizadas
pelas reformas da educação a partir do Governo FHC e mantidas
no Governo Lula.
LDB/96
Corroboração com o processo de avanço e desenvolvimento da
ofensiva neoliberal no país, com os ditames dos organismos
multilaterais e com a consequente reconfiguração do Estado e da
educação superior no Brasil, notadamente a expansão do ensino
privado e a mercantilização da educação.
34. CONCLUSÕES
Objetivo 2 - Discutir a privatização da educação e a
particularização do conhecimento através dos processos que a
implantação das Universidades Corporativas impõe na Bahia, à luz
das demandas do mercado produtivo:
Das análises apreendidas, podemos situar que a privatização da
educação e a particularização do conhecimento foi visivelmente
notada nas UCs, e bem configurada a partir das relações emanadas
entre estas e a educação superior.
Conhecimento é particularizado e fragmentado, marcado pelo
pragmatismo tecnicista e utilitário.
Parcerias entre as UCs e as universidades tradicionais
35. CONCLUSÕES
Objetivo 3 - Apresentar o processo de implantação da
Universidade Petrobras e suas práticas, relacionando com o
contexto político educacional:
O estudo demonstrou que a UP é uma estrutura educacional
consolidada na organização e que segue a maioria dos princípios-
chave que norteiam, no âmbito macro, a concepção de uma UC.
As práticas de gestão de pessoas conducentes à gestão do
conhecimento primam pela lógica imediatista e pragmática do
resultado do conhecimento meramente alinhado aos objetivos
estratégicos da Petrobras. são substituídas as estratégias das
aprendizagens pelo desenvolvimento das competências
36. CONCLUSÕES
Trabalhador nesse processo, não só é cooptado pela apropriação do
trabalho material, mas, sobretudo, na sociedade do conhecimento,
pela apropriação do trabalho imaterial, de sua subjetividade, como
constituinte das novas formas de estranhamento na
contemporaneidade.
O processo de implantação da UP segue a conjuntura das reformas
do contexto político educacional, instituído a partir dos preceitos
neoliberais para uma economia globalizada, em que o
conhecimento torna-se imperativo para o desenvolvimento das
organizações e do próprio capital.
37. CONCLUSÕES
Relações entre o público e o privado conformadas na parceria
entre a Petrobras e a Ufba para a implantação da UP, no PAF 2,
é imperativo um repensar sobre a dimensão pública da
universidade brasileira, quais são as suas finalidades, quais
conteúdos e a quem devem ser ministrados, quem é o
destinatário dos conhecimentos ali produzidos.
FOTOS
38. CONCLUSÕES
O foco das nossas análises ,aponta para um redirecionamento desse
espaço social (IES), algo que conflui para a agudização do
processo de mercantilização da educação.
A consequência mais expressiva de tudo o que se enredou até aqui,
volta-se então para a configuração da identidade mesma da
instituição Universidade em tempos de neoliberalismo, ou seja,
como ela irá se aproximar ou se afastar da sociedade, na medida
em que a sua missão precípua, a produção e disseminação de
conhecimento universal, estão abaladas pela perspectiva de torna-
se empresa prestadora de serviço.
Observamos o fetiche nas relações sociais, nas suas mais diversas
ordens. Referimos, destarte, a sujeição da educação à produção
econômica, quando ocorre uma reorganização do espaço social
educacional, voltado à própria lógica do capital.
39. CONCLUSÕES
Sobre as UCs concluímos que seu aparecimento vai além de um
capricho do sistema produtivo, ou mais uma inovação
transfigurada da área de T&D nas organizações. Todavia é uma
modalidade educacional, que ganha espaço e importância como
modelo de educação profissional, com possibilidade de impactar
profundamente as razões mais caras do ensino superior no mundo
e no Brasil, com a iminência de representar tanto riscos como
oportunidades, vantagens e desvantagens para a educação
superior, em um contexto de novas relações entre o público e o
privado.
40. REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
BRENNER Eliana Moraes; JESUS, Dalena Maria Nascimento de. Manual de
planejamento e apresentação de trabalhos acadêmicos: projeto de pesquisa,
monografia e artigo. São Paulo: Atlas, 2007.
DIEHL, Astor Antonio; TATIM, Denise Carvalho. Pesquisa em ciências
sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
EBOLI, Marisa. Educação corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo:
Editora Gente, 2004.
_______. Universidades Corporativas crescem no Brasil. Disponível em >
http//veja.abril.com.br/brasil/universidades-corporativas-crescem-brasil em dez
anos> . Acesso em 29 ago. 2010.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas,
1999.
______. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo. Atlas: 2002.
41. GOETHE, Johann W. Os anos de aprendizado de Wilheim Meister. Trad.
Nicolino, Simone Neto. São Paulo: Editora 34, 2006.
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS
ANÍSIO TEIXEIRA. Censo 2008. Disponível em:
< http://www.inep.gov.br/censo/superior/09> Acesso em: 20 jan. 2010.
KOCHE, J. C. Fundamentos da metodologia científica: teoria da ciência e
prática de pesquisa. 14. Ed. Rev. e atual. Petrópolis: Vozes, 1997.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de
metodologia científica. 6 ed. 6. reimpr., São Paulo: Atlas, 2008.
MEISTER, Jeanne C. Educação Corporativa: a gestão do capital intelectual
através das universidades corporativas. São Paulo: Makron Books do Brasil,
1998.
NOVAES, Ivan Luiz. Políticas públicas e planejamento para a educação. In:
NASCIMENTO ,Antonio Dias; FIALHO, Nádia Hage e HETKOWSKI,
Maria Tânia (Orgs.).Desenvolvimento sustentável e tecnologias da
informação e comunicação.Salvador: EUFBA, 2007
42. PÊCHEUX, M. Análise automática do discurso. In: GADET, F; HAK, T
( Orgs.). por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de
Michel Pêcheux,. 2 ed, São Paulo:Ed.campinas, 1993.
PEREIRA, Gisélia Antunes; COSTA, Nilza M. V. N. da. O Estudo de caso:
alternativa ou panacéia? In: BIANCHETTI, Lucídio; MEKSENAS, Paulo
(Orgs.). A trama do conhecimento: teoria, método e escrita em ciência e
pesquisa. São Paulo: papirus, 2008.
PETROBRAS. Disponível em: <www.petrobras.com.br>. Acesso em: 15
ago. 2009.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 23 ed.
Ver e atualizada, São Paulo: Cortez, 2007.
43. Oh, as estranhas exigências da sociedade burguesa que primeiro
nos confunde e nos desencaminha, para depois exigir de nós
mais que a própria natureza! Pobre de toda forma de cultura que
destrói os meios mais eficazes da verdadeira cultura e nos indica
o fim, ao invés de nos tornar felizes no caminho, propriamente.
Goethe, em os anos de aprendizagem
de Wilheim Meister ,2006.