1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA -UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC
CAMPUS X – TEIXEIRA DE FREITAS
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
O DESENVOLVIMENTO HUMANO E A
ADOLESCÊNCIA: ENTRE A CULTURA E A NATUREZA
TEIXEIRA DE FREITAS – BA
2015
2. DIOGENES SANTANA SANTOS
JAEL FERREIRA LEAL SANTOS
JASMIM LIMA DOS SANTOS
RAI SOUZA COSTA
O DESENVOLVIMENTO HUMANO E A
ADOLESCÊNCIA: ENTRE A CULTURA E A
NATUREZA
Projeto de pesquisa interdisciplinar
apresentado às disciplinas de Educação e
Sociedade/Psicologia do Desenvolvimento no
curso de Licenciatura em História, da
Universidade do Estado da Bahia – UNEB,
Campus X, sob a orientação da Profa. Dra.
Janine Marinho Dagnoni Neiva e do Prof. Me.
Joelson Pereira de Sousa.
TEIXEIRA DE FREITAS – BA
OUTUBRO/2015
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1.INTRODUÇÂO
O estudo sobre o desenvolvimento humano é um processo que perpassa toda
a vida do individuo e busca compreender o ser humano em todos os aspectos
de sua vida, entendendo que o meio é um fator de grande importância para que
ocorra o desenvolvimento do ser humano. A interação cultural entre os
indivíduos é uma das influências principais para este desenvolvimento, pois o
ser humano nasce dentro de uma determinada cultura criando assim novas
formas de agir no mundo, sendo assim o indivíduo é interativo, formado de
contatos com o outro, já que adquire conhecimentos a partir das relações
interpessoais e de troca com o meio.
O ser humano é em sua essência muito complexo, pois ele é um ser
plenamente biológico e é formado também pelos padrões culturais, sua
natureza humana passa por todo o ciclo natural assim como todos os animais,
pois isso encontra-se submetida a um determinismo natural, característica
biológica de todo ser vivo, porém o ser humano é também cultural, sendo isso
o que o diferencia dos demais animais: à cultura. O desenvolvimento humano
por sua vez, se dá através do conjunto das suas características individuais e
das participações e interações coletivas com o outro.
Com isso, entende-se que a construção histórica do adolescente se dá em
torno de um longo processo, sendo que a definição deste termo é algo ainda,
também muito complexo. Ao contextualizarmos o processo da infância vemos
que ela era tida como a fase em que o individuo não sabia falar, depois desta
fase vinha à fase da puerilidade, assim só depois desta fase viria a
adolescência, entendendo que este termo “adolescência” é moderno, sendo
cunhada como juventude, se separando juventude e adolescência somente no
final do século XIX e início do século XX, em que o adolescente começa buscar
marcar sua singularidade na família, portanto o termo adolescência não era
pensado como nos dias de hoje.
No século XXI, o entendimento da adolescência não é o mesmo do século XX,
pois na atualidade ele se encontra submetido às mudanças aceleradas pelas
quais vêm passando as sociedades contemporâneas. É fruto de uma cultura e
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nesta fase recebe informações culturais do meio em que ele está inserido,
sofrendo assim alterações nas suas relações sociais.
Cada um de nós constrói o seu eu através de "outros significativos", das
interações, reais e fantasiadas. A identidade constrói-se nas experiências
vividas através de um sutil jogo de identificações, a construção da identidade
do adolescente passa por um processo de identificação e por um processo de
diferenciação. Neste universo interativo, numa cultura jovem, constroem-se
certos estereótipos grupais e sociais que muito influenciam no processo do
desenvolvimento humano do adolescente.
Diante a toda esta realidade é de se considerar a grande relevância do
aprofundamento a respeito do desenvolvimento humano e do adolescente.
Devemos entender melhor os processos desse desenvolvimento, tudo que o
abrange, pois nele estar inserido os determinismos naturais, a influencia
cultural, tudo aquilo que será o resultado de um “eu”, da interação com o outro,
ter tal entendimento é compreender do que o “ser” humano é formado e quais
são seus processos de formação, pois a humanidade é consequência de um
desenvolvimento humano próprio, e o adolescente não é um ser apenas em
uma fase de transição, mas é também parte ativa deste meio o qual devemos
aprofundar.
Nisso podemos entender o desenvolvimento humano em sua base se
encontram os determinismos naturais em que estes determinismos nada mais
são do que o processo propriamente biológicos do indivíduo, as necessidades
fisiológicas, o crescimento natural característica de todos os seres biológicos,
temos este determinismo como base para o desenvolvimento humano e que
estará presente em todas as fases da vida. Outro fator que influência para o
desenvolvimento humano e por sua vez, do adolescente, é a cultura. A cultura
é o que nos diferencia dos demais seres biológicos, e não somente, a cultura é
o que nos diferencia entre nós mesmos, seja de um continente a outro, um país
a outro, cidade, bairro, rua, até chegar a cada indivíduo, a cultura separa o meu
“eu” do “eu” do outro.
De acordo Morin (2000) em sua obra sete saberes necessários para a
educação do futuro é na cultura e por meio dela que se encontram todas as
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expressões de subjetividades de cada individuo, é através da cultura que
expressamos as nossas subjetividades. A cultura é responsável pela nossa
forma de ver o mundo, pela forma como julgamos e interagimos com o outro, a
cultura dita as nossas ações e também as justifica. Entendendo o
desenvolvimento humano como um fator formado por determinismos naturais e
influencias culturais, quando se fala do adolescente é natural que surja em seu
termo vários paradigmas utilizados e criados pela a sociedade, onde prega que
o “adolescente é o futuro da nação”, ou seja, ele é o futuro, mas o que ele é no
presente? Sabemos que temos essa fase como uma transição humana da
infância para a vida adulta, onde o individuo não é mais criança, ou seja, não
deve mais agir como tal, tendo a responsabilidade de ter a consciência e de
responder por seus atos, mas ao mesmo tempo não é adulto então também
não é tratado como um, dando a liberdade para que a sociedade considere a
adolescência como uma fase em que o individuo não sabe o que quer da vida,
ou não sabe nada sobre a vida, pois conclua-se que não tem experiência
suficiente para isso. Sendo assim, cria a fase em que o jovem adolescente é
levado por qualquer vento de doutrina, partido, moda, ou tudo que seja
apresentado a ele justamente por não ter uma identidade formada.
No entanto ao estudarmos sobre o desenvolvimento humano, vendo a cultura
como uma importante variante para este processo de desenvoltura,
entendemos o adolescente como um ser em fase em desenvolvimento, que,
assim como em todas as fases presentes na vida, sofre influencias culturais,
externas a ele. Um jovem adolescente que é tratado unicamente como o futuro
da nação sem receber nenhuma perspectiva do que se é no presente, será não
só visto, mas também agirá como tal. A forma como cada cultura vê e insere o
adolescente na sociedade é responsável pela a interação e praticas de tal
jovens, os jovens são seres “influenciáveis” porque a sociedade os considera
assim, não é um determinismo biológico presente na fase em que se
encontram, mas sim fruto de sua influência cultural.
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2.OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral: Compreender o desenvolvimento humano e do
adolescente, problematizando a relação entre a cultura e a natureza.
2.2 Objetivos Específicos:
- Caracterizar p desenvolvimento humano a partir da adolescência.
- Discutir o desenvolvimento humano e do adolescente a partir da interação
com a cultura.
- Relacionar os aspectos naturais e culturais no desenvolvimento humano e do
adolescente.
3. FUNDAMENTAÇÃO
No seguinte projeto analisa o processo do desenvolvimento humano
entendendo os determinismos naturais e os processos culturais que nele
abrange, nessa intenção serão utilizados os seguintes autores: Morin (2000),
Durkheim (1974), Vygotisky (2001) e Arendt (1989).
Vygotsky (2001) na obra A construção do pensamento e da linguagem ao
enfatizar o processo histórico-social e o papel da linguagem no
desenvolvimento do indivíduo busca em sua questão central expor a aquisição
de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio ao qual está inserido.
Isto é, o sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de relações
intra e interpessoais e de troca com o meio, a partir de um processo
denominado mediação, nesta perspectiva a vivência do indivíduo se torna fator
preponderante em seu desenvolvimento humano, pois este processo é inerente
à formação do sujeito. Para isso o processo de contato com as diferentes
variantes que serão responsáveis pelas sinapses propiciadoras de
conhecimentos para a formação do ser é largamente defendida por Vygotsky,
ao afirmar que o
estágio do processo de aprendizagem em que o aluno consegue
fazer sozinho ou com a colaboração de colegas mais adiantados o
que antes fazia com o auxílio do professor, isto é, dispensa a
mediação do professor. Na ótica de Vygotsky, esse “fazer em
colaboração” não anula mas destaca a participação criadora da
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criança e serve para medir o seu nível de desenvolvimento
intelectual, sua capacidade de discernimento, de tomar a iniciativa, de
começar a fazer sozinha o que antes só fazia acompanhada, sendo,
ainda, um valiosíssimo critério de verificação da eficácia do processo
de ensino-aprendizagem. (VYGOTSKY, 2000, p.10)
Tanto para Durkheim(1974) Em sua obra Regras do método sociológico quanto
para Morin (2000) em Sete saberes necessários para a educação do futuro, o
homem é muito mais do que um ser unicamente biológico. Pois os
determinismos naturais não são singulares, pelo contrario, o fator biológico é
algo natural do homem, de cada ser vivo, todos sem exceção são possuidores
de necessidades fisiológicas. O que nos diferencia e nos dá a singularidade e a
subjetividade é a cultura. Este por si só, se torna no processo do aprendizado
ponto crucial para determinação de singularidades do individuo, atuando como
crivo que marca a diferença entre o ser biológico, para um ser dotado de
capacidade de aprendizagem que é permitida através do rompimento deste ser
biológico para ascender a uma condição de ser social. Sobre isto Durkheim
(1974) considera que,
O homem e o animal são semelhantes em essência, sendo a
sociedade que os diferencia. A sociedade é a causadora do
desenvolvimento de uma humanidade, com a ajuda de capacidades
que outras espécies não possuem, como é o caso da linguagem, da
compreensão e comunicação. (DURKHEIM, 1974 p.82).
Desse modo vemos que segundo Durkheim (1974) o que nos diferencia dos
demais seres é a sociedade. O homem ao passo que se articula em
comunidade passa a desenvolver metodologias de aprendizagem de
conhecimentos que são incorporadas em um processo que diferencia o homem
dos animais, sobre essas características adquiridas e impostas pelos seres
humanos em sua sociedade Durkheim (1974) discorre,
A educação, as leis e as regras em geral, especialmente o direito,
representam mecanismos de coerção social exteriores ao indivíduo;
são construídas e impostas por fatores externos a ele. Esses fatores
são dados pela sociedade e não podem ser explicados por fatores
biológicos, psicológicos ou ambientais.” (DURKHEIM, 1974, p.85).
Morin (2000) em sua obra Sete saberes necessários para a educação do futuro
no capitulo III ensinar a condição humana irá chamar de cultura o principal fator
de mudanças e desenvolvimento no homem, cultura esta, que ao fazer contato
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com seus semelhantes tem acesso a uma gama de conhecimentos
relacionados às mais diversas áreas e assim assimila tudo áquilo que for
necessário para seu desenvolvimento, a cultura, é proposta pelo autor como a
ferramenta base para o desenvolvimento do homem, em virtude de reunir
características de todos os seres e deixá-los à disposição daquele que entrar
em contato com ele, assim,
A cultura é constituída pelo conjunto dos saberes, fazeres, regras,
normas, proibições, estratégias, crenças, ideias, valores, mitos, que
se transmite de geração em geração, se reproduz em cada indivíduo,
controla a existência da sociedade e mantém a complexidade
psicológica e social. (MORIN, 2000. p.54).
Hannah Arendt (1989) na obra A condição humana nomeia o processo de
desenvolvimento humano o conjunto de atividades fundamentais consiste na
criação de um mundo adaptado às necessidades de sobrevivência e
permanência inerentes à condição humana. Diferente daquelas condições que
resultam do meio natural, no qual os seres humanos são limitados por uma
natureza grandiosa e seus ciclos contínuos, ininterruptos e repetitivos, a vida
ativa implica em uma situação que faz do homem o protagonista de um mundo
artificialmente criado por ele e para ele.
Neste sentido, o objetivo do homem ao realizar as condições de sua própria
existência é se propagar indefinidamente pelo tempo a fim de adiar o ciclo
natural que determina o fim da vida biológica. Os produtos criados pelas mãos
humanas estão ligados a esta necessidade de permanência no mundo e é por
meio deles que o homem confronta os determinismos impostos pelo mundo
natural mais uma vez evidenciando que seu desenvolvimento vem das relações
criadas pelos próprios homens em vez das relações naturais ou biológicas.
Arendt (1989) afirma que:
Além das condições nas quais a vida é dada ao homem na Terra e,
até certo ponto, a partir delas, os homens constantemente criam as
suas próprias condições que, a despeito de sua variabilidade e sua
origem humana, possuem a mesma força condicionante das cosias
naturais. O que quer que toque a vida humana ou entre em duradoura
relação com ela assume imediatamente o caráter de condição da
existência humana. (ARENDT, 1989, p.17)
Ao analisar as diferentes preceptivas dos autores, se torna evidente, que a
cultura e a sociedade são agentes provocadores de mudanças assim como
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responsáveis pelo o desenvolvimento humano, estando sempre ligados ao
processo onde o mesmo é formado enquanto ser social, intelectual, político,
humano, etc, indispensáveis a sua condição de desenvolvimento humano, ao
deixar em destaque os principais pontos defendido pelos autores pode ser
observado que tais características são base à condição de vida do ser humano,
sendo este sempre coparticipe da sociedade e da cultura em que está
inserido.
4. METODOLOGIA.
O método do trabalho será de cunho qualitativo exploratório, na medida em que
os alunos farão levantamentos bibliográficos, observações do cotidiano escolar
e da realidade que o circunda, seguindo de discussões sobre os mesmos de
maneira crítica e interpretativa. Na realização deste trabalho serão utilizados
diversos instrumentos para a elaboração do produto final, que será construído
coletivamente, com a participação de toda a turma e em conjunto com os
professores orientadores. Cada grupo deverá descrever o percurso particular a
ser percorrido para chegar ao produto final a partir das orientações presentes
neste delineamento.
Do produto
Será construído um site com o tema “Educação para o futuro”. Este site
abordará aspectos relacionados às questões implicadas na construção de uma
educação para o futuro que seja promotora do desenvolvimento saudável dos
indivíduos envolvidos no processo. Este site terá uma página inicial construída
com ideias teoricamente fundamentados por toda turma e constará de links
referentes aos temas escolhidos por cada grupo. Cada grupo será responsável
pela construção do conteúdo referente ao link do seu tema.
Dos elementos constitutivos
Cada link construído pelos grupos, referente ao seu tema de pesquisa, deverá
conter pelo menos um dos seguintes elementos:
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1) um texto contendo o panorama geral do tema escolhido, teoricamente
fundamentado, contendo pelo menos duas laudas, com indicação da
bibliografia estudada;
2) notícias vinculadas na mídia referentes ao tema desenvolvido pelo grupo
(disponibilizar links);
3) vídeos, que poderão ser documentários, trechos de filmes etc., ou outro
elemento que contenha cenas gravadas abordando o tema escolhido;
4) imagens que sejam representativas para o tema escolhido: obras de arte,
fotos, cenas cotidianas, charges, etc.
5) músicas que auxiliem na vivência construtiva da ideia central do tema
escolhido.
6) uma sugestão de atividades/dinâmicas que possam ser realizadas no
contexto educacional, a fim de explorar a prática do tema escolhido no
cotidiano escolar.
Dos critérios de avaliação
A atividade será avaliada em 10 pontos, sendo distribuídos a partir dos
seguintes critérios:
- criatividade (2 pontos);
- domínio do conteúdo (2 pontos);
- estratégia de apresentação (2 pontos);
- postura na apresentação do trabalho realizado para a turma (2 pontos);
- coerência da temática proposta com a ideia central do site (2 pontos).
Do procedimento de pesquisa
Os alunos irão elaborar o projeto de pesquisa, que constará os elementos
descritos neste delineamento, para construir o aporte teórico e rumos da
pesquisa que culminará na elaboração do produto final apresentado. Após a
entrega do projeto, poderão proceder à execução do produto final a ser
apresentado a toda turma. Todo o processo será acompanhado e orientado
pelos professores orientadores.
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5. CRONOGRAMA
Atividades Realizadas: Período
Versão parcial do projeto 19/10
Entrega do projeto de pesquisa interdisciplinar 20/10
Elaboração e Pesquisa 26/10
Elaboração e Pesquisa 27/10
Produção Final 03/11
Apresentação do projeto de pesquisa 09/11
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DURKHEIM, Émile. Regras do método sociológico. São Paulo: Martins
Fontes, 2007. The dualism of the humam nature and its social condiction.
In: DURKHEIM, Émile. Sociology and Philosophy. New York: Free Press, 1974.
MORIN, Edgar, 1921- Os sete saberes necessários à educação do futuro /
Edgar Morin; tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya;
revisão técnica de Edgard de Assis Carvalho. – 2. ed. – São Paulo : Cortez ;
Brasília, DF : UNESCO, 2000.
Vygotsky, L. S. (2001). A construção do pensamento e da linguagem. São
Paulo: Martins Fontes
ARENDT, Hannah. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 1989.