O documento descreve o contexto histórico e cultural do Romantismo brasileiro no século XIX. Três principais pontos são:
1) A popularidade dos folhetins diários que aumentaram a tiragem dos periódicos com narrativas envolventes de linguagem acessível.
2) O público leitor destes folhetins era tipicamente urbano, embora de raízes rurais, como mulheres e estudantes atraídos pela corte.
3) Os folhetins modernizaram a sociedade influenciada por ideias intolerantes,
3. • Urbanização da cidade do Rio de Janeiro.
• A capital era também a “corte” do Império.
• Sociedade consumidora: aristocracia rural,
profissionais liberais e jovens estudantes.
• Surgimento do jornalismo brasileiro.
• Desejo de entretenimento com a “cor local”,
influenciada pelo espírito nacionalista.
CONTEXTO HISTÓRICO E CULTURAL
4. A publicação de folhetins diários
fez sucesso no Brasil.
A estratégia aumentou a tiragem
dos periódicos, com uma nova
narrativa, envolvente, de
linguagem acessível, sem
complicações intelectuais, de
acontecimentos rápidos e de
emoções fortes.
5. O público leitor desses folhetins era
tipicamente urbano, apesar das
raízes rurais:
• mulheres e estudantes que se
estabeleceram na corte após a
Independência em busca de
ascensão econômica ou política;
• filhos de senhores rurais que
vinham completar os estudos.
6. • Os folhetins modernizam uma
sociedade incomodada com
ideias intolerantes que refletiam
a visão agrária e atrasada
destoando dos valores urbanos
apregoados pela burguesia.
• Isso colabora com a construção
de uma identidade nacional
urbana.
• A literatura brasileira abandona
as cópias simples e versões
meramente traduzidas,
inaugurando a era do romance
nacional.
Cenário de O Guarani – Teatro Alla Scala de Milão
7. ALMEIDA JR., JOSÉ FERRAZ – Leitura, 1892.
• Caráter conservador das narrativas.
• Situação inicial de ordem burguesa.
• Perturbação na ordem burguesa:
• ruptura com preceitos familiares ou institucionais
• Crise nos valores burgueses, rejeição e desaprovação
de ações.
• Busca pelo mérito e pela superação dos rejeitados.
• Decadência ou equívoco do planejamento inicial.
• Superação das dificuldades.
• Revelação de atitudes e personalidades com retratação
e reaproximação.
• A felicidade se restabelece com a reordenação da
ordem burguesa, reafirmando os seus valores.
ESTRUTURA DO FOLHETIM
8. Norma Blum como Aurélia, em Senhora, novela exibida pela Rede Globo em 1975
• Sentimentalismo
• Impasse amoroso
• Idealização amorosa ou nacional
• Personagens planas
• Modelo de herói clássico
• Uso constante de flash backs
• Cor local – valorização dos aspectos nacionais ou
regionais
• Linguagem "brasileira"
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA PROSA
ROMÂNTICA
9. Regionalista
• Visão romântica e idealizada do país sobre sobre si
mesmo.
• Valorização da diversidade étnica, linguística, social e
cultural.
• Experiência nova na literatura nacional, fez os
escritores observarem a realidade nacional.
• Afirmação da identidade nacional.
Indianista
• Exaltação do índio e da natureza nacional.
• Celebra a pureza do índio e a formação mestiça da raça
brasileira.
• Idealização de personagens e relações.
TIPOS DE ROMANCES ROMÂNTICOS
10. Histórico
• Busca o passado “glorioso” do país
• Visão ufanista e exagerada.
Urbano
• Comunicação direta com o público burguês.
• Retrata as relações cotidianas.
• Personagens comuns e de fácil identificação.
• Idealização amorosa.
• Retrato dos valores e ideais burgueses.
TIPOS DE ROMANCES ROMÂNTICOS
11. ROMANTISMO - PROSA
CARACTERÍSTICAS
INDIANISMO E NACIONALISMO
IDEALIZAÇÃO DO AMOR E DA MULHER
COR LOCAL E VALORES BURGUESES
ROMANCES HISTÓRICOS, INDIANISTAS, REGIONALISTAS E
URBANOS
AUTORES
JOSÉ DE ALENCAR
MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA
JOAQUIM MANUEL DE MACEDO
DURAÇÃO 37 ANOS
ESTÉTICA
INFLUÊNCIA
FORMALIDADE
RELEVÂNCIA
1844 - 1881
Delacroix, E. A liberdade guiando o povo hayez, F. O beijo
12.
13. • Adaptação do folhetim aos cenários brasileiros com
conservação do estilo das narrativas europeias.
• Reflete os ideais do romantismo europeu somados aos
valores morais da sociedade patriarcal brasileira.
• Escrita simples e descritiva, de histórias sem grandes
surpresas.
• Identificação dos leitores com os locais reais da cidade
que eram descritos.
• Em lugar das grandes paixões, namoros respeitáveis que
seguem o padrão da sociedade, com a sequência de
noivado e casamento.
• O afeto era apresentado pelos olhos do decoro, sem
revoltas ou tragédias.
• Retrata o cotidiano da burguesia e seus valores.
14.
15. • Estilo direto e coloquial, característico do jornalismo.
• Humor e ironia quanto aos costumes da sociedade
carioca.
• Retrata personagens da classe média e baixa.
• A autoria foi escondida pelo pseudônimo “um
brasileiro”.
• Publicado em folhetim, a crítica não lhe deu importância
à época.
16.
17. • Buscou fazer em suas obras um painel do país,
mostrando a diversidade de aspectos geográficos,
sociais e étnicos do Brasil.
• Sua ideia de construção do romance brasileiro é um
projeto abrangente, buscando histórias gloriosas e
idealizando mitos dos fundadores da raça.
• Inovador quanto à linguagem, decidiu-se que, se o
romance deveria ser o retrato do país, não bastava
somente a temática brasileira, mas uma linguagem
nacional.
• Rompe com o estilo literário lusitano, usando períodos
curtos e sintéticos, valendo-se de comparações e
metáforas
• Busca analogias na natureza para descrever as
expressões do índio, do qual se utiliza da linguagem,
usando por muitas vezes vocábulos indígenas.
18. • Nítida idealização do índio e sua colocação como herói
nacional, alçando-o como um dos pilares – junto ao europeu
– de formação do povo brasileiro.
• O índio em Alencar é inspirado no cavaleiro medieval
europeu, possuindo características épicas de um herói
clássico.
• Romances históricos ambientados no passado colonial,
buscando representar a formação da nação como povo.
• Dá início aos romances regionalistas na literatura brasileira,
onde retrata a condição do país da forma mais pura, no
mundo rural.
• Busca revelar o país em sua extensão geográfica,
demonstrando os típicos brasileiros da região, com a
finalidade de integrá-los a um projeto de unidade, como
desejo das elites imperiais e que encontra em Alencar seu
porta-voz.
• Sua escrita ideológica representa coerentemente seu
pensamento e seu discurso de classe.
19. • Idealização da realidade humana e social do país, passando
ao largo dos problemas sociais como a escravidão, por
exemplo.
• Os romances urbanos idealizam a própria sociedade
• Caráter inverossímil ao tentar retratar os conflitos entre a
realidade e o universo sublimado.
• Introdução de novidades temáticas, como em seus “perfis
femininos”, nas quais apresenta análises psicológicas mais
desenvolvidas e mistura as questões financeiras aos
relacionamentos amorosos.
• O drama das personagens liga-se às questões da organização
social em seus romances urbanos. Lucíola, a prostituta que
se apaixona – um amor impossível frente à diferença dos
grupos sociais –; e Senhora – o casamento por interesse –,
são bons exemplos disso.
20. Romances indianistas
• O guarani, 1857
• Encontro das raças, mito da formação do povo
brasileiro.
• Iracema, 1865
• Descoberta da vida selvagem pelo branco
colonizador.
• Ubirajara, 1874
• Romance anterior à chegada dos portugueses.
Retrata o índio e seu meio natural
OBRAS DE ALENCAR
21. Romances regionalistas
• busca de construção de uma identidade brasileira
• O gaúcho, 1870
• O tronco do ipê, 1871
• O sertanejo, 1875
• Til, 1871
Romances históricos
• Desvenda os costumes e as formas de vida coloniais
• As minas de prata - 1º vol., 1865
• As minas de prata - 2.º vol., 1866
• Guerra dos mascates - 1º vol., 1871
• Guerra dos mascates - 2º vol.,
• 1873Alfarrábios, 1873
OBRAS DE ALENCAR
22. Romances urbanos
• Atenção aos estados psicológicos e a fina ironia, um
ancestral peculiar do romance realista
• Cinco Minutos, 1856
• A viuvinha, 1857
• Lucíola, 1862
• Diva, 1864
• A pata da gazela, 1870
• Sonhos d'ouro, 1872
• Senhora, 1875
• Encarnação, 1877
OBRAS DE ALENCAR
23. Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento
da corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do
deslumbramento que produzira seu fulgor? Tinha ela dezoito anos
quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo
buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do
dia. Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo
saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la
os noveleiros. Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha
parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na
sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para
condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele
tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina.
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não
declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir
suas ações como entendesse. Constava também que Aurélia tinha um
tutor; mas essa entidade era desconhecida, a julgar pelo caráter da
pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a
velha parenta.
ALENCAR, J. Senhora. São Paulo: Ática, 2006
EXERCÍCIO (ENEM)
24. O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em
1875 . No fragmento transcrito, a presença de D. Firmina
Mascarenhas como "parenta" de Aurelia Camargo assimila
práticas e convenções sociais inseridas no contexto do
Romantismo, pois
a) o trabalho ficcional do narrador desvaloriza a mulher
ao retratar a condição feminina na sociedade brasileira
da época.
b) o trabalho ficcional do narrador mascara os hábitos
sociais no enredo de seu romance.
c) as características da sociedade em que Aurélia vivia são
remodeladas na imaginação do narrador romântico.
d) o narrador evidencia o cerceamento sexista à
autoridade da mulher, financeiramente independente.
e) o narrador incorporou em sua ficção hábitos muito
avançados para a sociedade daquele período histórico.
EXERCÍCIO (ENEM)
25. — Ora dizeis, não é verdade? Pois o Sr. Lúcio queria esse cravo,
mas vós lho não podíeis dar, porque o velho militar não tirava
os olhos de vós; ora, conversando com o Sr. Lúcio, acordastes
ambos que ele iria esperar um instante no jardim...
MACEDO, J. M. A moreninha. Disponível em: www.dominiopublico.com.br.
Acesso em: 17 abr. 2010 (fragmento).
O trecho faz parte do romance A moreninha, de Joaquim
Manuel de Macedo. Nessa parte do romance, há um diálogo
entre dois personagens. A fala transcrita revela um falante que
utiliza uma linguagem
a) informal, com estruturas e léxico coloquiais.
b) culta, com domínio da norma padrão.
c) técnica, com termos de áreas específicas.
d) lírica, com expressões e termos empregados em sentido
figurado.
e) regional, com termos característicos de uma região.
EXERCÍCIO (ENEM)