2. Proposta: Modelo Instrucional EAD
Pressupostos
Pedagógicos
para
um
Modelo
Instrucional
"Educar não é encher um balde, mas acender uma chama" William
Butler
Yeats
Conteúdo
Introdução ......................................................................................................................... 3
Competências Críticas do Trabalhador no Séc. XXI ........................................................... 4
Proposta: o Modelo Instrucional para EaD ......................................................................... 7
Análise das Oportunidades de Aprendizagem ................................................................ 7
Objetivos Educacionais, a Avaliação do Aprendizado e das Estratégias Instrucionais ..... 9
Alinhando o Conteúdo com os Objetivos de Aprendizagem ...................................... 9
Estratégias do Design Instrucional ................................................................................ 10
Particularidades da Instrução Utilizando Computadores ........................................... 10
Estratégias Instrucionais ............................................................................................ 11
Bibliografia ...................................................................................................................... 14
Referências Online (2011) ........................................................................................... 15
Patricia Mourthé de Oliveira 2011 Página 2 de 15
3. Proposta: Modelo Instrucional EAD
Introdução
Um sistema de aprendizado é composto por vários componentes e atores, entre eles o
aluno, o professor, o conteúdo, o ambiente de aprendizagem (presencial ou virtual), as
condições para a aprendizagem (sistemas presenciais ou á distância, regras acadêmicas,
padrões nacionais de ensino/aprendizado, etc.), e as ferramentas disponíveis no auxílio á
aprendizagem. No entanto, a qualidade da aprendizagem pode variar mesmo se muitos
destes componentes e atores estejam presentes, seja em escolas do ensino fundamental e
médio, universidades, cursos á distância, etc.
São muitos os fatores que determinam a qualidade do ensino. A combinação de fatores
como a visão ou objetivos do processo educativo, a formação dos professores, os modos
de trabalhar conteúdos, as ferramentas disponíveis para o aprendizado, vão produzir
práticas educativas bem diferentes e consequentemente, colocar pessoas capazes de
atender as demandas do mercado de trabalho. [dar exemplos tipos de escola; escolas de
arte, produzir coisas]
No caso de sistemas de educação á distância usando da Internet como meio distributivo, o
papel do aluno e os modos de se trabalhar conteúdos passam a ser muito mais relevantes
para se obter resultados de aprendizado qualitativos pelo simples fato deste meio não mais
estar centrado na figura constante do professor como o mediador da instrução.
Neste contexto, este documento tem como objetivo primeiro o de apresentar critérios para
a adoção de estratégias instrucionais no desenvolvimento de disciplinas ensinadas á
distância. Devido a limitações de tempo, está fora do escopo do documento rever e
discutir a literatura corrente no assunto. No entanto, serão fornecidas referências para a
pesquisa continuada dos temas apresentados.
Espera-se que a informação aqui apresentada ajude equipes pedagógicas no
desenvolvimento de visão pedagógica para onde atuam e no design instrucional das
disciplinas ofertadas á distância.
Patricia Mourthé de Oliveira 2011 Página 3 de 15
4. Proposta: Modelo Instrucional EAD
Competências
Críticas
do
Trabalhador
no
Séc.
XXI
Para pensarmos qual o papel do aluno-cidadão e futuro trabalhador na sociedade
contemporânea é necessário entendermos o presente contexto histórico-econômico. O
advento da sociedade da informação e conhecimento com a implosão das tecnologias da
informação e comunicação (TIC), a partir da metade do século XX, instituiu o paradigma
da economia mundial baseada no conhecimento.
A economia baseada no conhecimento requer competências humanas diferentes das
exigidas pela economia industrial ou agrária. A educação, entendida como o meio de
preparar os indivíduos para a vida adulta e produtiva, passa a ter uma nova
responsabilidade social que é a de preparar os indivíduos para lidar com a crescente
complexidade do mundo e as novas demandas da economia do conhecimento.
Considerando os novos desafios da economia mundial, O Instituto do Banco Mundial
(ICM) tem publicado como parte do Programa ‘Conhecimento para o Desenvolvimento’
(K4D) o relatório Medindo o Conhecimento nas Economias Mundiais. A premissa deste
trabalho é de que “a aplicação do conhecimento––manifestada economicamente como
empreendedorismo e inovação, pesquisa e desenvolvimento, e produção de software e
produtos––é uma das peças chaves para o crescimento da economia global (WORLD
BANK INSTITUTE. Measuring Knowledge in the World’s Economies. 2009, p. 1. Tradução
nossa).” O relatório compara 146 países a partir de indicadores econômicos (KEI) fundados
nos quatro pilares da economia do conhecimento, a saber:
1. Regime econômico e institucional
2. Educação e habilidades
3. Infraestrutura da comunicação e informação
4. Sistema de inovação
Veja a seguir os gráficos mostrando o posicionamento do Brasil em relação ás economias
mundiais do G7 (WORLD BANK INSTITUTE. Knowledge Assessment Methodology -
KAM):
Brasil
G7:
Alemanha,
Canada,
Estados
Unidos,
França,
Itália,
Japão,
Reino
Unido.
Patricia Mourthé de Oliveira 2011 Página 4 de 15
5. Proposta: Modelo Instrucional EAD
Podemos ver que o Brasil tem um longo caminho a percorrer se quiser equipar sua
economia e população para responder positivamente aos desafios das próximas décadas e
assim, desempenhar uma influência mundial duradoura.
Dentro deste contexto, seria importante entendermos:
Quais
seriam
as
demandas
críticas
do
trabalhador
na
economia
do
conhecimento?
Segundo o relatório The Ill-Prepared U.S.Workforce (2009), patrocinado pelas
organizações Norte Americanas The Conference Board, Corporate Voices for working
Families, American Society for Training and Development, e a Society for human resource
Management as seguintes competências estão em alta demanda pelos empregadores dos
Estados Unidos da América:
Competências Críticas para a Economia Mundial do Século XXI Demanda em %
Pensamento crítico e resolução de problemas 92%
Ética e responsabilidade social 71%
Profissionalismo e ética no trabalho 70%
Criatividade e inovação 69%
Aprendizagem continuada ao longo da vida e auto-direcionamento 64%
Nota 1: Tabela traduzida pela autora
Nota 2: Estes dados podem também ser encontrados no relatório “Up to the Challenge: The Role of Career
and Technical Education and 21st Century Skills in College and Career Readiness, 2010,” patrocinado pelas
entidades Norte Americanas Association for Career and Technical Education (ACTE), o National Association
of State Directors of Career Technical Education Consortium (NASDCTEc) e o Partnership for 21st Century
Skills.
Já o relatório para a UNESCO da Comissão sobre a Educação para o Século XXI,
coordenada por Jacques Delors (1999) , recomenda a educação contemporânea se basear
em quatro pilares básicos, ou competências, resumidas a seguir:
Aprender a aprender e conhecer. Adquirir os instrumentos da compreensão
• Exercício da memória: conceitos a serem compreendidos e internalizados
• Saber pesquisar e relacionar a informação
• Movimento contínuo da indução á dedução e vice-versa
Aprender a fazer. Agir sobre o meio envolvente
• Domínio da técnica associada ao fazer
• Aplicar a teoria na prática
Aprender a viver juntos. Participar e cooperar com os outros nas atividades humanas
• Trabalhos cooperativos> objetivo comum e coletivo
Aprender a ser. Ser e integrar as aprendizagens anteriores
• Conhecer a si próprio, e assim, aos outros
Patricia Mourthé de Oliveira 2011 Página 5 de 15
6. Proposta: Modelo Instrucional EAD
• Desenvolver o próprio potencial
No Brasil, o educador José Moran (2011) discute a necessidade de mudanças na educação
Brasileira contemporânea para que esta atenda ás novas demandas da economia do
conhecimento, sugerindo que:
• O ensino superior presencial precisa de mudar o foco da transmissão de
informação, no modelo de prover o conteúdo, para o de estimular o aluno a
pesquisar e a realizar atividades desafiadoras. Diz: “O modelo de passar conteúdo
e cobrar sua devolução é insuficiente.”
• O processo de aprendizagem não se restringe a oferecer “tudo pronto” pois
“aprender exige envolver-se, pesquisar, ir atrás, produzir novas sínteses fruto de
descobertas.” Contextualizando sua posição diz: “Com tanta informação
disponível, o importante para o educador é encontrar a ponte motivadora para que
o aluno desperte e saia do estado passivo, de espectador. Aprender hoje é buscar,
comparar, pesquisar, produzir, comunicar.”
Podemos assim formular o desafio da educação contemporânea, e em particular a
Brasileira, como o de preparar indivíduos competentes para atuar efetivamente na
sociedade da Informação e do conhecimento. Esse desafio, por sua vez, implica em rever
as práticas pedagógicas correntes no sentido destas focarem no desenvolvimento de
competências críticas nos alunos e serem baseadas (ou inspiradas) a partir dos pilares
básicos da educação expostos acima.
Neste contexto, o desafio é o de adequar o modelo pedagógico usado da educação á
distância para desenvolver nos alunos estas competências críticas, resumidas abaixo:
• Resolução de problemas e tomada de decisões
• O autoconhecimento, a autoestima, a autodisciplina, a responsabilidade e éticas
social e profissional
• Pesquisa, análise, comparação, organização, síntese, conclusão
• Comunicação interpessoal assertiva, colaboração e negociação seja pessoalmente
e/ou utilizando de tecnologias da informação
• Pensamento divergente, criatividade e inovação
• Educação continuada e flexibilidade na adaptação ás situações novas
Tendo como meta desenvolver tais competências, como estruturar (ou arquitetar) um
modelo pedagógico para ensino presencial e á distância? E como planejar disciplinas EaD
a partir deste modelo?
A seguir, apresento uma proposta instrucional para o ensino á distância como resposta a
este desafio.
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7. Proposta: Modelo Instrucional EAD
Proposta:
o
Modelo
Instrucional
para
EaD
"Educar não é encher um balde, mas acender uma chama" William Butler Yeats
A proposta apresentada a seguir foi adaptada do modelo instrucional clássico conhecido
como Modelo ADDIE. O termo ADDIE, original em Inglês, representa o acrônimo das
fases adotadas no desenvolvimento de materiais e sistemas de aprendizagem (traduzidos
para o Português a seguir):
• Analysis | Análise
• Design | Desenho
• Development | Desenvolvimento
• Implementation | Implementação
• Evaluation | Avaliação
A construção de qualquer modelo pedagógico, aqui também entendido como a
arquitetura instrucional de um sistema de aprendizagem, é um processo artesanal. Uma
das premissas deste modelo á a de que a instrução só é eficaz se for baseada no
entendimento das oportunidades e desafios da situação de aprendizagem, daí a
necessidade de iniciar o processo com a análise da situação de aprendizagem, que inclui
a análise das necessidades e oportunidades de aprendizagem, a análise da audiência
(alunos), e a análise do conteúdo.
A fase de análise nos fornece informações e dados que vão direcionar o design da
instrução, quando definiremos os objetivos pedagógicos e a avaliação da aprendizagem, e
elegeremos as estratégias instrucionais mais adequadas para o aprendizado almejado.
O objetivo deste documento é o discutir possíveis estratégias instrucionais adotadas no
design instrucional. Por isso, só abordará em detalhe alguns aspectos do Modelo ADDIE.
ANÁLISE
DAS
OPORTUNIDADES
DE
APRENDIZAGEM
Na fase de análise esperamos obter respostas para as seguintes questões:
Qual são as necessidades, oportunidades e desafios da aprendizagem?
Por exemplo, para cada disciplina:
• Quais competências os alunos precisam aprender para serem bem sucedidos em
suas vidas profissionais?
• Quais são as oportunidades destes desenvolverem competências críticas (conforme
trabalhado neste documento)?
• O que os alunos esperam, quais seriam as expectativas destes após passar pelo
processo de aprendizado?
• Quais são as exigências e normas acadêmicas?
Patricia Mourthé de Oliveira 2011 Página 7 de 15
8. Proposta: Modelo Instrucional EAD
Qual é a audiência, ou quem são os alunos*?
Por exemplo, o que sabemos sobre:
• Informação demográfica
• Nível educacional
• Conhecimento técnico das tecnologias de informação e comunicação
• Disponibilidade de tempo semanal para estudo
• Preferências de aprendizado e hábitos de estudo
• Habilidades cognitivas e metacognitivas (saber como aprender)
• Conhecimentos prévios sobre o conteúdo a ser estudado?
Qual é o conteúdo?
Por exemplo, para cada disciplina:
• Qual é o mapa conceitual a ser estudado? E quais as relações de dependência
conceitual entre os conceitos chave do conteúdo?
• Quais as tarefas envolvidas na aprendizagem do conteúdo?
• Qual a relevância, para a vida real, do conteúdo a ser aprendido?
• Como o conteúdo ajudará os alunos a resolver problemas reais da profissão e
situações de trabalho?
Patricia Mourthé de Oliveira 2011 Página 8 de 15
9. Proposta: Modelo Instrucional EAD
OBJETIVOS
EDUCACIONAIS,
A
AVALIAÇÃO
DO
APRENDIZADO
E
DAS
ESTRATÉGIAS
INSTRUCIONAIS
Uma das estratégias em design instrucional é iniciar toda lição (ou unidade de
aprendizagem) definindo os objetivos educacionais esperados após o aluno completar a
unidade de aprendizagem. Em seguida, escreve-se os testes ou avaliações do aprendizado,
já que estes devem estar alinhados com cada um dos objetivos delineados e resultados
esperados após o aprendizado (Filatro, 2008). Assim que os objetivos e testes da
aprendizagem estejam alinhados, inicia-se o desenvolvimento do conteúdo da disciplina
propriamente dita (ou unidade de aprendizado).
Na construção dos objetivos de aprendizagem recomenda-se seguir a taxonomia de
Bloom. Este organiza os níveis do aprendizado cognitivo segundo as funções de
pensamento crítico exercitadas e avaliadas durante o aprendizado (que vão do nível
básico da memorização simples do conteúdo ao mais elevado, o do julgamento
avaliativo): 1. memorização, 2. compreensão, 3. aplicação, 4. análise, 5. síntese/criação,
6. avaliação (Filatro, 2008).
Além da avaliação da aprendizagem ocorrida, este alinhamento geral dos objetivos
educacionais com a avaliação do aluno e o conteúdo selecionado é essencial para poder
validar as estratégias instrucionais adotadas no design da disciplina (ou sistema de
aprendizagem). A vantagem deste modelo é possibilitar correções e ajustes ágeis no
material instrucional e assim garantir a aprendizagem do aluno.
Alinhando
o
Conteúdo
com
os
Objetivos
de
Aprendizagem
Para mapear o conteúdo e alinhá-lo com os objetivos de aprendizagem use as
condicionais “se” e “então” do modelo sugerido por Clark em “An Instructional Design
Model:”
Objetivo:
Se nós professores esperamos que os alunos produzam [resultado] __________________,
então, os alunos precisarão realizar ____________________________________[tarefas].
Se queremos que eles realizem o que foi definido acima, então, os alunos precisam
desenvolver as seguintes habilidades ___________________________________________.
Se almejamos que aprendam estas habilidades, então os alunos precisam aprender
sobre ________________________________ (conhecimento) e a usar as ferramentas
____________________________________ (de trabalho/atividade).
E na adoção de parâmetros para a avaliação do aprendizagem do aluno e da unidade de
conteudo do disciplina/curso, etc., recomendo:
Atividades da aprendizagem (realizada durante ou após o evento de aprendizado)
• Auto-avaliação pelo aluno: Pré- e pós-avaliação. Implementar a pré- e pós-avaliação
dos conceitos principais trabalhados na disciplina.
o Objetivos: auxiliar o aluno a avaliar o próprio aprendizado, melhorando sua
autoestima e desenvolvendo sua auto-avaliação (metacognição).
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10. Proposta: Modelo Instrucional EAD
• Avaliação das atividades realizadas em grupo e/ou colega de grupo (no caso de
trabalhos cooperativos)
o Objetivos: desenvolver a colaboração em atividades cooperativas e grupais; a
habilidade de julgamento do próprio empenho e do empenho do colega, e a
auto-responsabilidade no processo de aprendizagem;
• Avaliação presencial
o Objetivos: desenvolver a habilidade de julgamento do próprio empenho; dos
desempenhos do professor/tutor, da unidade/conteúdo, do centro universitário.
o Avaliação online (questionários, atividades diversas)
o Objetivos: desenvolver a habilidade de julgamento do próprio empenho; dos
desempenhos do professor/tutor, da unidade/conteúdo, do centro universitário.
Avaliação da eficácia do curso
• Quais conteúdos ou estratégias não foram efetivas? Em que não foram efetivas? Como
poderiam ser efetivas?
• Quais os motivos do sucesso ou fracasso do aluno?
• Como desenvolver uma disciplina capaz de ser ajustada flexivelmente semestralmente,
caso necessário?
• Como o aluno avalia a experiência de aprendizagem?
ESTRATÉGIAS
DO
DESIGN
INSTRUCIONAL
Parte fundamental do design instrucional é a adoção de estratégias instrucionais na
modelagem da experiência de aprendizagem. Estratégias instrucionais são fundadas em
teorias de aprendizagem e devem ser escolhidas de acordo com as metas e os objetivos de
aprendizagem definidos durante a fase de análise. Por fim, a avaliação da aprendizagem
(conteúdos e competências a serem testadas) é também planejada nesta fase, que por sua
vez tem que estar alinhada com os objetivos de aprendizado.
Particularidades
da
Instrução
Utilizando
Computadores
Pesquisas em tecnologias emergentes examinam fatores instrucionais chave que podem
tornar a instrução baseada em computadores enriquecedora ou empobrecedora (Hannafin,
Hannafin, Hooper, Rieber & Kini, 1996). Aqui vamos discutir sobre os fatores de controle
do aprendiz (ou aluno), orientação, prática com feedback, e sequencia da instrução.
Estudos mostram que os alunos perdem a motivação com um programa quando sentem-se
com pouco ou nenhum controle sobre o mesmo (Hannafin et al., 1996; Malone & Lepper,
1987). Lições construídas usando instrução programada reproduz o modelo de transmissão
do conhecimento, cujo modelo pedagógico parte dos pressupostos de que os alunos são
meros recipientes da informação e de que aprendem a partir da mídia utilizada (a mídia
ou programa regularia o aprendizado) e não com a media (a mídia ou programa é usado
como ferramenta de suporte para o aprendizado) (Hannafin et al., 1996).
Por outro lado, o uso de um ambiente completamente aberto, no qual os alunos usam da
exploração para aprender, talvez os previna na retenção e criação de um modelo mental
(ou mapa conceitual) do conteúdo. Isso ocorre porque os alunos precisam de orientação
enquanto interagem com o conteúdo.
Patricia Mourthé de Oliveira 2011 Página 10 de 15
11. Proposta: Modelo Instrucional EAD
O exercício com feedback do conteúdo recentemente aprendido ajuda os alunos a
verificar e elaborar a compreensão do mesmo. No entanto vemos que alguns lições são
formatadas sem prática e exercícios ou sem exercício com feedback. Assim, tratam o
aprendiz como meros leitores de conteúdo, que perdem a oportunidade de interagir com o
conteúdo e rever se compreenderam o material (validar o aprendizado).
A informação deve ser organizada em tamanho ideal para não sobrecarregar a memória de
trabalho do aluno. É necessário transformar o conteúdo em pequenos módulos
significativos para serem processados adequadamente pelos alunos. Lições muito longas
apresentadas em sequencia linear podem frustrar os alunos no esforço de aprenderem o
conteúdo.
Telg (2009) lembra que as tecnologias de EaD via Internet são predominantemente visuais
e que deve-se cobrir 2/3 do conteúdo normalmente abordado presencialmente. Ao
concentrar no que é realmente importante e selecionar o essencial, pode-se apresentar o
conteúdo essencial centrado no aluno e o complementar em formatos diversos, de modo a
forjar o aluno a pesquisá-los quando necessário.
Concluindo, ao adotar os fatores chaves de controle do aluno, orientação, prática com
feedback, e sequencia da instrução no planejamento da instrução, o design instrucional
contemporâneo pode aumentar a qualidade da experiência educacional, mas é importante
salientar que esta qualidade está intrinsicamente dependente da forma como estes fatores
interagem uns com os outros.
Estratégias
Instrucionais
Recapitulando o que foi falado anteriormente sobre as competências críticas esperadas dos
profissionais da sociedade do conhecimento:
• Resolução de problemas e tomada de decisões
• O autoconhecimento, a autoestima, a autodisciplina, a responsabilidade e éticas
social e profissional
• Pesquisa, análise, comparação, organização, síntese, conclusão
• Comunicação interpessoal assertiva, colaboração e negociação seja pessoalmente
e/ou utilizando de tecnologias da informação
• Pensamento divergente, criatividade e inovação
• Educação continuada e flexibilidade na adaptação ás situações novas
Quais estratégias instrucionais podem favorecer o desenvolvimento destas competências
críticas?
Promovendo
Motivação
e
Autoestima
Um dos maiores desafios em toda situação de aprendizagem é o de engajar e motivar os
alunos a serem ativos no processo da própria aprendizagem.
Para responder a este desafio, John Keller desenvolveu o Modelo ARCS de Motivação do
Aluno. De acordo com Keller, motivação “refere-se à grandeza e direção do
comportamento... refere-se às escolhas que as pessoas fazem quanto às experiências e
Patricia Mourthé de Oliveira 2011 Página 11 de 15
12. Proposta: Modelo Instrucional EAD
objetivos que abordarão ou evitarão, e ao nível de esforço que para isso utilizarão”
(tradução nossa).
Desta forma, motivação para a aprendizagem é um estado interno da pessoa humana que
explica o que estes estão dispostos a fazer, não do que são capazes. A motivação é, por
isso, um aspecto chave a considerar no desenho das atividades de aprendizagem.
O modelo ARCS é um acrónimo que identifica quatro categorias de estratégias essenciais
para a promoção da motivação dos alunos na aprendizagem: Atenção, Relevância,
Confiança e Satisfação (Attention, Relevance, Confidence and Satisfaction).
O objetivo primeiro do modelo é o de promover a motivação dos alunos, modelo válido
tanto para a instrução presencial quanto á distância. O método consiste na aplicação de
quatro estratégias no design da instrução:
• Método 1. Atenção. Ganhar e manter o interesse dos alunos durante a
aprendizagem.
Exemplo: O uso de casos concretos de cenários de uso, a apresentação de desafios
e problemas a serem resolvidos pelos alunos, chamam a atenção do aluno.
• Método 2. Relevância. Produzir conteúdos de aprendizagem relevantes.
Exemplo: A relevância diz respeito a exemplificar o ‘para que’ do aprendizado, ou
seja, levar o aluno a perceber a importância do aprendizado em sua vida.
Geralmente a relevância é enfatizada no alinhamento dos objetivos da instrução
(do gerais, da disciplina, aos específicos das unidades de ensino) com a avaliação
do aprendizado.
• Método 3. Confiança. Construir nos alunos uma expectativa positiva quanto ao
sucesso na aprendizagem.
Exemplo: Ao apresentar o conteúdo, estruture as atividades de aprendizagem de
modo que o aluno sinta que a instrução foi especialmente preparada para suas
necessidades de aprendizado (considere o perfil do aluno, suas preferencias de
estudo e conhecimentos prévios sobre o conteúdo) e possa comparar e avaliar a
evolução de seu aprendizado através da avanço pelo material.
• Método 4. Satisfação. Atribuir recompensas intrínsecas ou extrínsecas ao esforço
desenvolvido pelo aluno na aprendizagem.
Exemplo: Use de jogos e atividades com pontuações e desafios etc. Exercícios com
comentários pelo tutor, ou feedback programado ajudam o aluno a reconhecer o
avanço do próprio aprendizado.
O
Método
da
Descoberta
Guiada
Segundo Clark (1998), o objetivo principal da arquitetura instrucional denominada
descoberta guiada é o de “ajudar os alunos a construir modelos mentais semelhantes aos
dos especialistas.” Nesta arquitetura, a instrução é apresentada como um problema
baseado em situações reais e comuns aos alunos, e a ser resolvidas por eles. Assim, os
alunos propõem soluções á situação problema usando ferramentas de suporte disponíveis
durante a instrução no momento do aprendizado (Clark, 1998; Gordon, 1994). Devido ao
fato de os problemas serem intimamente relacionados á vida dos alunos, esta estratégia é
tida como altamente motivacional, demonstrando uma alta transferência (aplicação) do
Patricia Mourthé de Oliveira 2011 Página 12 de 15
13. Proposta: Modelo Instrucional EAD
conhecimento estudado ás suas vidas pessoais e profissionais e consequentemente,
gerando alta retenção do conhecimento (Clark, 1998).
Uma forma de apresentação de problemas é o uso de cenários (representações simuladas)
sobre o tema em questão. Existem dois propósitos ao se apresentar um cenário-problema
ao aluno:
1. Ao serem expostos ao cenário-problema, os alunos já estão de fato acessando ou
relembrando um conhecimento prévio sobre o assunto. Estimular a recordação de
um conteúdo prévio é uma das pré-condições para a aprendizagem segundo
Gagné (1994). Além disso, o pensamento de ordem superior ou pensamento critico
e criativo (por exemplo, a análise, síntese, e avaliação) depende do entendimento
prévio de fatos e conceitos como condição para reter novos conceitos ou
princípios. Portanto, a prática pedagógica de recordar conhecimentos prévios é um
dos aspectos importantes da instrução pois os alunos precisam conectar e
relacionar a nova informação com a antiga para fixar aquela na memória de longo
prazo (Clark, 1998; Ritchie Karge, 1996).
2. O uso de exemplos propiciam aos alunos a oportunidade de construir modelos
mentais da situação de aprendizagem. Um modelo mental aqui é entendido como
“uma estrutura putativa contendo algum conhecimento sobre o mundo” (Winn
Snyder, 1996).
A
Fidelidade
na
Instrução
Na escolha do cenário-problema, deve-se ainda considerar o grau de conhecimento
prévio do aluno sobre o assunto já que alunos novatos aprendem de modo diferente de
alunos avançados. Por exemplo, estaria o aluno familiarizado ou não com a área do
conhecimento apresentado (seria esta uma disciplina introdutória ou avançada)?
Alunos novatos começam a estudar novos domínios do conhecimento a partir de fatos e
princípios objetivos, normalmente apresentados fora de contexto de uso (Winn Snyder,
1996). Por exemplo, eles precisam aprender princípios de direção de automóveis antes de
dirigirem realmente. Ou seja, eles devem entender os princípios antes de os aplicarem em
situações reais de tráfego, quando já precisam aplicar estes princípios. Esta estratégia
instrucional é denominada por Alessi (1988) de “fidelidade na instrução.” Segundo Alessi,
“fidelidade se refere ao grau de proximidade ou imitação da simulação para com a
realidade imitada” (Alessi, 1988, p. 40). Desse modo, Alessi afirma que novatos aprendem
melhor usando-se instruções de baixa-fidelidade.
Embutindo
a
Pesquisa
e
o
Pensamento
Crítico
no
Design
da
Instrução
Estratégias para o exercício do pensamento crítico e atividades de pesquisa são geralmente
incorporadas na arquitetura do sistema de aprendizagem durante o design do conteúdo, a
criação do mapa conceitual da disciplina, e a definição do layout da página das unidades
de aprendizagem e mesmo do ambiente de aprendizagem. Nesta fase deve-se estruturar as
lições, ou unidades de aprendizagem, para propiciarem a navegação através do conteúdo
e fácil apreensão deste, assim como o exercício pelo aluno das funções cognitivas de
pesquisa, análise, indexação e processamento da informação apresentada.
Patricia Mourthé de Oliveira 2011 Página 13 de 15
14. Proposta: Modelo Instrucional EAD
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Patricia Mourthé de Oliveira 2011 Página 15 de 15