SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 130
Baixar para ler offline
ENCONTRO NACIONAL DE TUTORES DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
COLETÂNEA DE TEXTOS APRESENTADOS DURANTE O
I ENCONTRO NACIONAL DE TUTORES DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ORGANIZAÇÃO
PAULO EDUARDO AMBRÓSIO
RIBEIRÃO PRETO
2006
Todos os textos apresentados nessa coletânea são de responsabilidade dos seus respectivos autores.
AUTORIZADA A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
MATERIAL, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE
ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA
Ambrósio, Paulo Eduardo
Debatendo sobre o papel do tutor na educação a distância.
Organizado por Paulo Eduardo Ambrósio. Ribeirão Preto, 2006.
130 p. : il.; 30cm.
Coletânea de textos apresentados durante o I Encontro
Nacional de Tutores de Educação a Distância.
1. Educação a distância. 2. Tutor. I. ENATED
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
“Inconferência” Online
10 a 21 de julho de 2006
Idealização:
Wilson Azevedo
Comissão de Organização:
Ana Mauriceia Castellani
Eveline Peters
Juliana Carvalho
Luiz Cláudio Biagiotti
Paula Cristiane de Oliveira
Paulo Eduardo Ambrósio
Rafael Lacerda
Apoio:
Grupo de Discussão EADBR
http://groups.google.com.br/group/eadbr
Apresentação
É com muita satisfação que apresentamos este livro. Ele é o fruto do esforço coletivo de várias
pessoas que acreditam que o desenvolvimento de uma área se deve, sobretudo, ao trabalho
conjunto e ao debate de idéias.
Este livro é uma coletânea de textos de diferentes autores – professores, pesquisadores e
estudiosos – especialistas em suas áreas, que têm em comum o pensamento de que existe uma
figura primordial para o sucesso de um programa de Educação a Distância – o TUTOR.
Para debater temas que permeiam a atividade do Tutor de Educação a Distância, foi idealizado
um evento para acontecer de forma online, pela Internet, possibilitando a participação do maior
número de interessados.
A partir do lançamento da idéia inicial na lista de discussões EADBR
(http://groups.google.com.br/group/eadbr), foi organizado o I ENATED – Encontro Nacional
de Tutores de Educação a Distância, evento que durante duas semanas de atividades online,
permitiu a integração de mais de 760 participantes, por meio de valiosos debates a respeito de 21
temas de fundamental importância para o desenvolvimento da atividade do tutor.
Foram recebidas 51 propostas para debate durante o evento. Devido a algumas semelhanças,
estas foram agrupadas em um total de 34 temas. Cada tema contou com um ou mais responsáveis
pela sua condução.
Ao término da programação do evento, os responsáveis pelos temas foram convidados e
escreverem um texto sobre o assunto, e sobre o próprio desenvolvimento dos debates. Esses
textos são agora disponibilizados por meio dessa coletânea.
Espero que o livro seja bastante proveitoso. Boa leitura.
Paulo Eduardo Ambrósio
RELAÇÃO DE TEMAS E RESPONSÁVEIS
Ambientes virtuais de aprendizagem
Cleibson Almeida
Aplicações da EaD: A comunicação e o idoso
Devani Salomão de Moura Reis
Aplicações da EaD: Educação básica
Kátia Calligaris Rodrigues
Aplicações da EaD: Educador produtor e divulgador
Leiko Nemoto de Barcellos Ferreira
Aprendizagem colaborativa em ambientes virtuais
Cynthia Enoque
Avaliação em cursos à distância
Mônica Schüler Menslin / Joaes Freitas de Paula / Edith Domingues
Capacitação de tutores de EaD
Wilson Azevedo
Como não recriar a educação presencial na EaD
Cristina Brites
Criatividade na EaD
Diva Marília Flemming
Desnivelamentos técnicos e culturais
Jordons Tevis Francisco
Direitos de expressão do aluno
Maria Cristiane Barbosa Galvão
Gestão em EaD
Marcelo Franca Alves
Graduação através da EaD
Angélica Pegoraro Einhardt
Inclusão digital
Solange Figueiredo
Instalação e utilização de ferramentas e-Learning
Douglas Eduardo Andreto
Inteligência e afetividade em EaD
Sheila da Costa Oliveira
Meios digitais na formação do tutor
João Matias Santos
Papel do tutor em EaD
Maria Inmaculada Chão Cabanas / Enilton Ferreira Rocha
Remuneração dos tutores
Enilton Ferreira Rocha
Segurança de acesso
Mary Caroline Skelton Macedo / Kleber Aristides Ribeiro
Transformações sociais da EaD
Cibele Amaral
SUMÁRIO
1 Planejamento e avaliação do 1º Encontro Nacional de Tutores de Educação
a Distância online
Ana Mauriceia Castellani ................................................................................................................ 13
2 Avaliação em educação a distância
Mônica Schüler Menslin ................................................................................................................... 23
3 Graduação com qualidade em EaD
Angélica Pegoraro Einhardt ..............................................................................................................35
4 Aplicações da EaD: A comunicação e o idoso
Devani Salomão de Moura Reis ........................................................................................................43
5 Inteligência, afetividade e aprendizagem
Sheila da Costa Oliveira ...................................................................................................................51
6 O papel da gestão no sucesso de programas em educação a distância (EaD)
Marcelo Franca Alves .......................................................................................................................63
7 Segurança de acesso a conteúdos de EAD
Mary Caroline Skelton-Macedo, Rielson José Alves Cardoso, Mário Asprino Macedo ....................71
8 Aprendizagem colaborativa em ambientes virtuais
Cynthia Enoque ............................................................................................................................... 81
9 O papel do tutor em ambientes virtuais
Gilda Aquino de Araújo Mendonça, Cleibson Aparecido de Almeida .............................................89
10 Papel do tutor na EaD e a sua remuneração
Enilton Ferreira Rocha .....................................................................................................................101
11 Ambientes virtuais de aprendizagem
Cleibson Aparecido de Almeida ........................................................................................................117
12 Transformações sociais através da educação a distância
Cibele Amaral ..................................................................................................................................127
13
Planejamento e Avaliação do 1º Encontro Nacional
de Tutores De Educação a Distância Online
Ana Mauriceia Castellani
Resumo
Neste artigo é descrito o planejamento do 1º Encontro Nacional de Tutores De
Educação a Distância, realizado através do modelo de Inconferência totalmente
online. Os participantes tiveram a oportunidade de debater temas voltados à
educação a distância, propostos previamente pelos próprios participantes. Cada
tema contou com a mediação de um responsável e todos os participantes
poderiam inscrever-se e contribuir em quantos temas quisessem. Como
plataforma para a realização de todo o evento optou-se pelo Moodle (Ambiente
Virtual de Aprendizagem).
1 Introdução
A utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), possibilita a
organização de eventos síncronos e assíncronos. Em eventos síncronos faz-se
necessária a utilização de ferramentas de comunicação como video conferencia
ou web-conferência. Nestes casos deve-se prever no orçamento do evento os
custos de transmissão, os quais podem ser relativamente altos. Na utilização de
transmissão via satélite, a participação dos ouvintes fica restrita a perguntas via
telefone ou através da internet, na forma de Chat.
Em se tratando de eventos assíncronos, estes contam com a estrutura da web
para a distribuição e participação dos ouvintes. Normalmente, os meios mais
comuns são as listas de discussão ou fóruns de discussão, os quais podem ser
moderados ou não. As atividades podem ser desenvolvidas em ambientes
colaborativos baseados na web, que devem contar com ferramentas de
comunicação e mediação. Ambientes de aprendizagem podem ser utilizados para
este fim, sendo estes softwares proprietários ou softwares livres. Existe também a
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
14
possibilidade da utilização de páginas web simples, mas que contemplem alguns
requisitos desejáveis para o desenvolvimento do evento, como login e senha de
entrada, bem como a possibilidade de disponibilização do material e fórum de
discussão. Este tipo de evento apresenta algumas vantagens como a flexibilidade
do tempo e espaço, inerentes à metodologia utilizada. O custo pode ainda variar
conforme os recursos tecnológicos utilizados.
Este trabalho apresenta o planejamento de uma Inconferência, a qual foi realizada
totalmente online. Os participantes tiveram a oportunidade de debater temas
voltados a eduação a distância, os quais foram propostas pelos eles próprios,
sendo realizado entre os dias 10 e 30 de julho de 2006. Este evento utilizou o
Moodle (Ambiente Virtual de Aprendizagem) como plataforma para a realização
de todas as atividades propostas, como fóruns e chats programados. Cada tema
contou com a mediação de um responsável e todos os participantes poderiam
inscrever-se e contribuir em quantos temas quisessem.
2 Desenvolvimento
Todo o planejamento deste encontro apresentou características importantes para
o seu desenvolvimento. Todas as caracteristicas foram levantadas por uma
equipe organizadora. A figura 1 apresenta uma visão geral do planejamento para
o evento.
Figura 1 – Visão geral do Planejamento do ENATED
Planejamento e avaliação do 1º Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
15
2.1 Pré-encontro
Nesta fase do encontro, foram estabelecidas as diretrizes para o seu
encaminhamento. Tal planejamento foi realizado através de um grupo de
discussão aberto no Yahoo Grupos. Os membros da comissão definiram como
seriam realizados os trabalhos e todo o andamento do encontro.
A proposta de inconferência foi amplamente debatida pelo grupo, sendo definidas
as caracteristicas principais e as diretrizes a serem apresentadas aos
participantes e proponentes de temas. Estabeleceu-se também que este seria um
evento totalmente gratuito, e não resultaria em emissão de certificados para os
participantes. Conforme calendário definido estabeleceu-se a forma de pré-
inscrição e posterior envio de temas. A forma de divulgação foi principalmente a
eletrônica, através de lista de discussão sobre o tema e publicações na área.
Figura 2 – Definições do pré-encontro.
Definiu-se que seriam realizadas pré-inscrições diretamente no site da Aquifolium,
sendo que os participantes deveriam preencher campos com o seu nome e e-
mail. Por se tratar de um encontro virtual, fez-se necessária a definição da
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
16
tecnologia a ser adotada para a condução dos trabalhos. Esta ferramenta deveria
apresentar algumas características básicas, como a possibilidade de atividades
síncronas e assíncronas. Como assíncronas designam-se os fóruns. Foi aberta
também a possibilidade de utilização de atividades síncronas como Chats.
Um outro ponto importante para este modelo de evento, é a definição do
responsável de cada tema. Esta definição foi realizada através do envio dos
temas por cada participante, e verificação pelos membros da comissão da
possibilidade de convergência de temas, e também quanto a sua pertinência com
os objetivos gerais do evento.
2.2 O Ambiente
Para ancorar um encontro, cujas perspectivas de inscrição apontavam para a
possibilidade do número de inscritos ser superior a 1000, foi necessário o estudo
de uma ferramenta que se possibilitasse ferramentas de inscrição, mediaçao e
condução deste evento. A figura 2 apresenta uma descrição simplificada das
características necessárias do ambiente para o evento.
Figura 3 – Planejamento para o ambiente
Planejamento e avaliação do 1º Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
17
O ambiente virtual escolhido foi o Moodle, que se caracteriza por ser um software
para produzir e gerenciar atividades educacionais, baseadas na Internet e/ou em
redes locais. Este ambiente é projetado para apoiar o ensino centrado nas
atividades, e conjuga um sistema de administração de ações educativas.
Ainda devido à possibilidade de um grande número de inscritos, optou-se pela
configuração de uma senha única para todos os participantes, a qual seria
enviada juntamente com as instruções básicas do ambiente, através de e-mail
individual dos inscritos. Cada participante deveria realizar as alterações no perfil
pessoal e senha, assim que entrasse no ambiente.
Dentro deste ambiente criou-se um espaço virtual chamado de Coffee Break, que
foi utilizado como espaço para troca de informações entre todos os participantes
do evento. Neste espaço não foram designados mediadores, sendo livre para a
postagem dos mais diversos assuntos.
Quanto aos temas, foi disponibilizado um espaço com uma configuração mínima,
como o título do Tema e nome do Mediador responsável ou responsáveis, e
também um fórum inicial, para cada tema proposto. Os Mediadores designados
poderiam realizar as alterações necessárias para os seus temas.
2.3 Temas
A inconferência propõe um modelo altamente colaborativo, onde o participante
atua desde a escolha dos temas. Neste evento, os participantes pré-inscritos
foram convidados através de uma mensagem eletrônica, a enviarem a proposta
de temas para discussão. Alguns dados pessoais, bem como a formatação das
salas de discussão, foram solicitados nesta etapa (figura 4).
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
18
Figura 4 – As características dos temas de discussão.
Os temas deveriam ser enviados na forma de um resumo de no máximo 200
palavras, juntamente com o Título sugerido pelo responsável. A seleção dos
temas foi realizada pelos membros da comissão, e organizados pela
convergência entre os assuntos. Após a definição dos temas foi comunicada aos
proponentes a abertura dos temas apresentados e as informações básicas para o
início do evento.
2.5 O Mediador
Neste evento, o Mediador desenpenhou um papel muito importante na condução
dos trabalhos. Este mediador foi definido a partir do envio dos temas realizado
pelos participantes.
Planejamento e avaliação do 1º Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
19
Figura 5 – O papel do Mediador
O mediador foi o responsável pela escolha das ferramentas de comunicação que
foram disponibilizadas pelo ambiente. Os temas coincidentes foram agrupados, e
as atividades de mediação, neste caso, foram desenvolvidas por mais de um
mediador.
3 Avaliação Geral do Enated
A avaliação do Enated foi uma etapa muito importante, realizada ao final do
evento. Foi solicitados aos participantes que respondessem 10 questões
objetivas, que versaram sobre diversas características do evento. Solicitou-se
também que os participantes postassem mensagens abertas em um fórum,
respondendo a 4 questões
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
20
4 O Enated em Números
Após o término do encontro, alguns dados foram compilados para que se pudesse
avaliar o evento como um todo. Alguns destes números são apresentados a
seguir.
O seminário contou com 761 usuários inscritos, apresentando 128089 acessos,
um número expressivo tanto de usuários como de acessos. Quanto aos temas,
foram desenvolvidos um número total de 34, contando com 39 mediadores. A lista
dos temas abordados é apresentada a seguir.
TEMAS PROPOSTOS PARA O ENATED
Ambientes Virtuais de Aprendizagem
Aplicações da EaD: A Comunicação e o Idoso
Aplicações da EaD: Contabilidade
Aplicações da EaD: Educação Básica
Aplicações da EaD: Educação Corporativa
Aplicações da EaD: Educador Produtor e Divulgador
Aplicações da EaD: Ensino de Ciências
Aplicações da EaD: Epidemia HIV/AIDS
Aplicações da EaD: Língua Portuguesa
Aplicações da EaD: Música no Ensino Médio
Aplicações da EaD: Pessoas com Necessidades Especiais
Aprendizagem Colaborativa em Ambientes Virtuais
Aspectos Subjetivos da Aprendizagem Virtual
Avaliação em Cursos à Distância
Capacitação de tutores de EaD
Como Não Recriar a Educação Presencial na EaD
Criatividade na EaD
Desnivelamentos Técnicos e Culturais
Dialogicidade na EaD
Direitos Autorais
Direitos de Expressão do Aluno
EaD nas Instituições Públicas
Estratégias para motivação do aluno de EaD
Gestão em EaD
Graduação Através da EaD
Inclusão Digital
Instalação e Utilização de Ferramentas e-Learning
Inteligência e Afetividade em EaD
Meios Digitais na Formação do Tutor
Papel do tutor em EaD
Proposta Pedagógica para EaD
Remuneração dos Tutores
Segurança de Acesso
Transformações Sociais da EaD
Planejamento e avaliação do 1º Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
21
Durante todo o período foram postadas 2489 mensagens, em todos os fóruns
realizados no ambiente. No espaço comum disponibilizado aos participantes,
designado Coffee Break, circularam 364 mensagens de 336 inscritos.
Tabela 1 – Principais números do enated.
NOME Número de
Acessos
Número de
Inscritos
Número de
mensagens
COFFEE BREAK 3537 336 364
PARTICIPAÇÃO
GERAL
761 108089 2489
5 Considerações finais
Na educação, a utilização de novas tecnologias de comunicação têm
proporcionado a possibilidade de disseminação de conhecimento e formação de
redes colaborativas, baseada em novos ambientes e oportunidades para
desenvolvimentos de novas formas de aprendizagem e trabalho. Neste sentido, o
modelo de inconferência mostra-se muito interessante, possibilitando uma
interação entre os participantes, bem como a participação efetiva nas discussões.
A utilização de ferramentas assíncronas baseadas em web proporciona ainda a
flexibilização do tempo e espaço, tão importantes nos dias atuais. A análise dos
números apresentados neste primeiro encontro mostra a viabilidade deste tipo de
evento e a importancia que pode ter neste novo cenário virtual. Novos encontros,
poderão servir-se destas ferramentas para ampliar a sua abrangência tanto
territorial, quanto aprofundar temas de discussões em ambientes colaborativos.
Referências
MORAN, J. M., MASETTO, M. T. e BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e
mediação pedagógica, 6.ed. Campinas: Papirus, 2003.
23
Avaliação em Educação a Distância
Mônica Schüler Menslin
Resumo
A avaliação e o planejamento engendram os processos de desenvolvimento do
ser humano. Enquanto planejamento é o ato pelo qual ele decide o que construir,
a avaliação é o ato crítico que o subsidia na verificação de como está construindo
suas aprendizagens. A avaliação atravessa o ato de planejar e de executar, por
isso contribui em todo o percurso da ação planificada. Portanto, a avaliação é
uma ferramenta necessária ao ser humano no processo de construção dos
resultados que planificou produzir, assim como para o redimensionamento da
direção da ação.
1 Introdução
Este texto tem como finalidade o registro das reflexões e discussões
realizadas no decorrer do Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância,
realizado no período de 10 a 30 de julho de 2006.
Buscando organizar as discussões em torno das possíveis propostas de
avaliação em EAD, alguns tópicos serviram de pontos de referência que,
necessariamente, não surgiram na seqüência determinada a seguir e, sim, no
interior de cada discussão feita:
1. O Nó - Nossa Visão de Avaliação Escolar - Mitos e Desafios
2. Muda o Trabalho Escolar, Muda a Avaliação
2. A Avaliação Centrada em Processos, como Crítica de Percursos
3. Algumas Possibilidades e Instrumentos de Avaliação em EAD:
3.1 A avaliação mediada por critérios (Avaliação por Rubricas);
3.2 A auto-avaliação;
3.3 A avaliação do grupo de trabalho;
3.4 A proposta de resolução de problemas;
3.5 Avaliações presenciais em EAD.
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
24
Conceitos Teóricos: concepção de avaliação, avaliação formativa,
processo, instrumentos de avaliação.
2 Objetivos
2.1 Discutir aspectos relativos aos mitos e desafios da avaliação escolar.
2.2 Conhecer possibilidades e instrumentos de avaliação em EAD.
2.3 Perceber a relação intrínseca entre mudança na avaliação e na escola.
Proposta metodológica centrada no uso do computador como recurso de
comunicação e informação, com ênfase na utilização do fórum de discussão e
indicações de leituras de referências bibliográficas.
Pesquisa base do conteúdo do fórum realizada em campo virtual e em
bibliografia específica ao longo dos vários cursos na modalidade de EAD
realizados pela autora.
3 Desenvolvimento
Situando as discussões realizadas, confrontando as reflexões dos
participantes com as referências-base:
3.1 Esquentando os “motores” da discussão
• O modelo atual de escola e de processo educativo acena para a
oportunidade de mudança na avaliação?
• Quanto tempo tem sobrado para você planejar junto com seus alunos as
próximas ações desencadeadoras de aprendizagem?
• Poder sentar com os grupos de discutir os assuntos que fervilham
curiosidades por parte dos alunos?
• Poder parar e observar atitudes, falas, expressões que muito dizem sobre
que é esse aluno e como ele está pensando sobre determinado tema?
• Será que em EAD vamos utilizar os mesmos instrumentos, e criar outros
"nós" também nesta modalidade de ensino e perpetuar a escola do século
XIX em pleno século XXI, com e para alunos deste século?
• Vamos ressuscitar velhos paradigmas do ensino presencial e transportá-los
para a EAD sob o pretexto de temermos perder o "controle sobre os
nossos alunos"?
Avaliação em Educação a Distância
25
3.2 Concepção de Avaliação e sua Influência na Escolha do Instrumento
mais Adequado em EAD
Tanto alunos como professores devem estar preparados para fazer um
curso à distância. Os envolvidos precisam rever seus conceitos sobre ensino,
aprendizagem e avaliação quando o assunto é EAD.
A concepção do que é cultura, a atitude pedagógica do professor, a
ausência de clareza sobre aspectos relativos ao processo educativo em
ambientes virtuais e o desconforto tecnológico de alguns alunos e professores na
utilização de instrumentos de interação e colaboração on-line são fatores que
determinam a escolha desta ou daquela estratégia ou instrumento de avaliação,
tanto em cursos presenciais, como em cursos a distância.
A avaliação em EAD deve estar baseada na autonomia, autodidaxia,
pesquisa e autoria, competências importantes na formação de um indivíduo crítico
e consciente.
Cabe salientar o cuidado que se deve ter ao selecionar estratégias de
avaliação, uma vez que a avaliação não é gratuita, como afirmam Silveira e
Murashima (2004). E complementam,
Ela não é uma atividade neutra. Pode sim, tornar-se um mecanismo de conservação e reprodução
da sociedade, já que, por vezes, o autoritarismo é elemento necessário à garantia de modelos
sociais, daí a prática da avaliação manifestar-se de forma autoritária.
Compreender a avaliação como uma forma de transformar a sociedade,
superando o autoritarismo, é o primeiro passo para o desenvolvimento da
igualdade, conquista da autonomia e da reciprocidade de relações.
Este modelo de avaliação transformadora e democrática pressupõe que
seja formativa, servindo para que o aluno faça correção de percursos, refazendo o
caminho no caminhar, rumo às novas descobertas e superação de obstáculos.
Segundo Palloff e Pratt (2004),
O processo reflexivo que deve ser incentivado nos cursos on-line é a base da avaliação centrada
nos alunos.
Sendo centrada no aluno, o auxiliará a se responsabilizar por seus avanços
e recuos, por seus atos, por suas escolhas, uma vez que o ajudará a rever,
através de atitude reflexiva, os pontos que poderão ser aprimorados durante sua
trajetória.
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
26
Ângelo e Cross (1993) afirmam que,
Cooperando na avaliação, os alunos reforçam sua capacidade de entender o conteúdo do curso e
de fortalecer suas habilidades de auto-avaliação. Sendo assim, avaliando de maneira colaborativa
seu próprio progresso e o progresso do curso, passarão a confiar nos princípios básicos da
comunidade de aprendizagem.
A avaliação processual, desenvolvida no dia-a-dia de um curso virtual e o
desenvolvimento e acompanhamento dos alunos no processo educativo em EAD,
valem tanto para a educação à distância, como para a presencial. A qualidade do
instrumento está mais no uso que dele se faz para a compreensão do caminho
percorrido pelo aluno, sinalizando ao professor-mediador o que precisa ser
mudado, aprofundado e, para o aluno, os avanços que logrou conquistar
através de suas ações.
Palloff e Pratt (2004) afirmam que,
A boa avaliação em um curso on-line começa no primeiro dia e vai até o final do processo.
Pensar em planejar as ações educativas, sem considerar a concepção
que norteia a prática pedagógica do professor, da instituição escolar e do
sistema, seria relegar a um plano menos significativo a base da pirâmide na
qual se assenta toda a razão de ser e existir da escola.
Como confirmam Palloff e Pratt (2004),
Acreditamos que uma boa prática de avaliação do aluno seja parte da boa prática de ensino.
Por isso, é importante e urgente que a comunidade escolar se reúna e
discuta acerca da organização curricular, organização de espaços e tempos
escolares e escolham, de forma reflexiva e dialógica, os instrumentos de
avaliação condizentes com seus objetivos e com o aporte humano e material
que possui.
Especificando um pouco mais sobre a escolha dos instrumentos mais
adequados para a realização da avaliação, Morgan e O’Reilly (1999)
apresentam seis qualidades fundamentais da avaliação dos alunos on-line:
Uma justificativa clara e uma abordagem pedagógica consistente; valores, metas, critérios e
padrões claros; tarefas autênticas e holísticas; uma estrutura facilitadora; acompanhamento
formativo suficiente e adequado; consciência do contexto de aprendizagem e das percepções
inerentes a ele. (...) Quando curso e avaliação estão alinhados, os professores e os alunos
ficam mais satisfeitos com o resultado do processo de aprendizagem.
Avaliação em Educação a Distância
27
3.3 Alguns Instrumentos de Avaliação em EAD
Após discussão sobre concepções avaliativas, o grupo começou a trocar
idéias a respeito dos tipos de avaliação, buscando compreender a relação entre
contexto educacional e escolha do melhor instrumento avaliativo em EAD.
Em termos de tipologia, a avaliação tanto pode ser contínua, acontecendo
durante o processo educativo, como pode ser pontual, realizada em momentos
bem definidos. Um dos exemplos citados foi a montagem do portfólio ou do diário
de bordo. As atividades de envio por e-mail, disponibilização de espaços de
debate em chats e fóruns, avaliações de tarefas específicas no decorrer de um
curso ou auto-avaliação se constituem em outras alternativas levantadas pelo
grupo de discussão. Parada para discutir melhor a respeito de avaliação
quantitativa, como controle de presença virtual e participação pelo sistema de
gestão da aprendizagem e a qualitativa, através do resultado da capacidade de
produção de textos, artigos, trabalhos individuais e em grupo e a qualidade da
interação e colaboração em atividades virtuais durante o curso.
Em seguida, levantou-se a polêmica discussão sobre medida e julgamento
em avaliação.
Noya (1998), nos esclarece sobre a diferença entre os dois conceitos,
Medida é um processo sistemático com o objetivo de desenvolver uma descrição quantitativa e
qualitativa da performance ou do comportamento do aprendiz. Muitas vezes as medidas não
constituem uma informação suficiente para relatar a performance do aprendiz, e então alguma
forma de julgamento deve ser feita sobre elas. O julgamento da medida aborda a adaptação ou a
validade de uma performance particular de conhecimento, do entendimento, das habilidades ou
dos sentimentos dos aprendizes.
Um exemplo de medida são os relatórios de participação. A partir deles o
professor pode realizar o seu julgamento com relação aos acontecimentos nas
atividades do curso. Atualmente, na maior parte dos cursos on-line oferecidos
existem relatórios que ajudam a situar os aprendizes nos eventos do curso,
avaliar seu progresso e compará-lo com o de seus colegas.
O mais interessante nas discussões é que, a todo o momento, vinha à tona
a questão da obrigatoriedade da nota junto ao sistema de ensino, no sentido de
prestar contas, de forma burocrática, aos pais dos alunos e dirigentes
educacionais das mais diversas instâncias. Houve até quem sugerisse trocar a
nota por um conceito. Possibilidade que foi descartada pelo grupo, uma vez que
“iria ser trocado seis por meia dúzia” e apontaria para uma visão de “avaliação
somente enquanto medida de conhecimentos”, como se somente este
componente avaliativo fosse suficiente para dar conta da complexidade da
questão, em se tratando de educação continuada e processual.
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
28
Sobre a questão do aspecto unidimensional da avaliação somente com
atribuição de notas, Silveira e Murashima (2004) nos alertam,
Dada a relevância do processo avaliativo em EAD, a avaliação deve ser pautada em uma
metodologia centrada na interação, na participação, na auto-avaliação e nos posicionamentos
tomados nas diferentes atividades do curso. Ora, notas ou pontuações isoladas proporcionam
tanto ao professor quanto ao aluno, informações insuficientes sobre desempenhos. (...) se for
unidimensional, a avaliação não informa nem o que o aluno realizou, nem o que para ele foi
desafiador, nem, conseqüentemente, a qualidade do trabalho realizado no curso.
A preocupação com a fidedignidade dos trabalhos apresentados pelos
alunos virtuais também foi muito enfatizada nos debates. Uma sugestão com
vistas a minimizar o problema é a de utilizar o processofólio nos curso a distância.
Essa ferramenta mostraria bem as características do aluno e seu estilo de
discurso. Assim, seria relativamente fácil perceber se o aluno fraudou seu
aprendizado com trabalhos copiados, pois ficaria muito clara a diferença do
discurso que ele desenvolve em relação a qualquer outro. Além disso, qualquer
redação do aluno deveria vir acompanhada de referência bibliográfica. Portanto,
se o aluno copiasse e colasse, seria facilmente descoberto.
O equilíbrio entre a necessidade de flexibilidade para os alunos e a
necessidade de cumprir prazos finais em EAD foi outro viés da avaliação bastante
debatido no encontro. Uma dica útil apontada foi a de "guardar uma carta na
manga", marcando prazos com alguma folga que permitam negociações de
prorrogação e, mais, conhecer o próprio limite físico de correções nos finais de
período para não cair na tentação da prorrogação além do possível.
Diante de tudo isso, uma certeza ficou para os participantes: a de que
todos os profissionais da educação devem ter o dever profissional de trabalhar
por uma educação autêntica, em seu sentido mais amplo, a começar pelo respeito
ao direito autoral de outros.
3.4 A informação clara e precisa relativa à avaliação
Ficou evidente que é necessário que haja clareza nas informações
prestadas aos alunos sobre a forma como estes serão avaliados ao longo de um
curso na modalidade EAD e até mesmo na presencial. Se o aluno sabe o que se
espera dele, antes de iniciar o seu processo de aprendizagem, mais fácil será
compreender o porquê deste ou daquele comentário recebido e poderá discutir
com seu professor e colegas virtuais sobre retomada de percursos.
Hadji (1994) comprova esta evidência, afirmando que,
A representação dos fins e a apropriação dos critérios são, simultaneamente, os instrumentos
e a marca de uma conquista de autonomia.
Avaliação em Educação a Distância
29
3.5 Algumas possibilidades avaliativas
Durante as discussões foram apontados muitos instrumentos que
poderiam ser utilizados na avaliação processual e pontual. A seguir, uma
breve exploração de cada um deles.
3.5.1 Avaliação através de Proposta de Resolução de Problemas:
Este tipo de avaliação, em Administração, é denominada de método do
caso, que é uma estratégia de ensino baseada na apresentação de
circunstâncias factíveis e/ou verídicas com o objetivo de levar os alunos a
refletirem sobre decisões para o episódio estudado.
Segundo depoimento de um dos participantes da discussão:
Viver nada mais é que isso: aprender a resolver/criar problemas, o que gera sempre
movimento mental, físico, cultural, sistêmico.
A autora Amândia ((1993), ainda completaria,
Os instrumentos que servem para provocar atividades são também instrumentos de
avaliação.
Alunos ativos, professores atentos! Em EAD a superfície de contato é
muito maior do que na modalidade presencial. A facilidade de acesso aos
registros e postagens dos alunos que servem para fazer o mapeamento das
produções, permitem ao professor-mediador o acompanhamento mais seguro
e consistente do processo de transferência dos conhecimentos construídos
para situações novas e as necessárias intervenções no sentido de provocar
novas desestabilizações que gerem movimento de (re)construção.
3.5.2 Avaliação através de Rubricas
A rubrica é uma ferramenta desenhada para simular atividade da vida real
em que os alunos estão engajados na solução de problemas concretos.
É vantajoso usar rubricas no processo avaliativo porque elas:
• permitem que a avaliação se torne mais objetiva e consistente
• obrigam o professor a clarear seus critérios em termos específicos
• mostram claramente ao aluno como o seu trabalho será avaliado e o
que é esperado em termos de resultado
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
30
• desenvolvem no estudante a consciência sobre os critérios a serem
utilizados em avaliações de desempenho entre pares
• oferecem feedback útil a respeito da efetividade do ensino
• oferecem benchmarks com as quais é possível fazer comparações e
medir o progresso do aluno
As rubricas são um efetivo instrumento de verificação para avaliar o
desempenho dos alunos em áreas complexas e de definição vaga.
Os professores deixam mais claras suas metas, expectativas e foco, e até
mesmo sentem que seu trabalho com papelada fica reduzido porque os alunos
passam a fazer parte do processo de verificação do próprio desenvolvimento. Isso
se deve ao fato de que, na avaliação por rubricas, o aluno passa a ter ciência do
que é esperado dele ao longo do processo de construção do conhecimento,
evitando surpresas e permitindo que ele seja responsável pela sua produção, sua
interação com os outros e com o objeto do conhecimento, ajudando-o a refletir
sobre seu próprio desenvolvimento.
Após análise de alguns modelos de avaliação por rubricas, o grupo de
discussão observou que é bastante trabalhoso montar uma boa rubrica, porém,
admitiram que é um instrumento muito adequado à EAD porque permite de
maneira sem igual, quantificar a qualidade.
3.5.3 A Auto-avaliação
Toda a nossa ciência de avaliadores consiste em fazer o aluno perceber a
importância da auto-avaliação para sua aprendizagem, pois toda avaliação que
não se torna auto-avaliação permanece sem sentido.
O fato de o aluno desenvolver competência de auto-regulagem de seus
avanços já é um ganho imenso no processo educativo. Exercitando com ele a
prática de olhar para dentro de si mesmo, provocará nele maior atenção ao seu
percurso durante todo o processo educativo, desenvolvendo a consciência de sua
parcela de responsabilidade no sucesso ou insucesso obtido nesta caminhada.
Nos momentos avaliativos, é importante que o professor-mediador pontue
as questões a serem melhoradas para que. o aluno possa concordar ou discordar
e propor novos caminhos para o desenvolvimento da atividade com maior
qualidade de elaboração.
3.5.4 Avaliando o Aluno em Processo
O professor-mediador avalia o aluno, observando o seu desenvolvimento
refenciando-se do alcance dos objetivos. Essa observação pode ser
potencializada quando se motiva a participação escrita nos fóruns, nos diários,
nos chats e nas sínteses do aprendizado, como no caso do portfólio. As questões
feitas pelo professor-mediador quando do retorno às colocações feitas pelo aluno,
Avaliação em Educação a Distância
31
motivam mais ainda a produção. A freqüência e coerências das postagens, a
interação com os demais, emitindo defesa de argumento são indicativos de um
perfil do aluno que ser quer formar. O perfil evolutivo do aluno no curso pode ser
comparado com o perfil inicial registrado na apresentação e no cadastro.
Portanto, existem inúmeras formas de validar a participação efetiva de um aluno,
além do questionamento de suas participações em processo.
3.5.5 Avaliação do Grupo de Trabalho
Uma comunidade virtual é um grupo que coopera e interage de forma
coletiva em busca de metas comuns. Portanto, todos os alunos são observadores
e observados na medida em que se interrelacionam uns com os outros e com os
objetos de conhecimento.
A descoberta do “quem sou eu no grupo” perpassa o olhar crítico e a
opinião dos colegas de trabalho. Esse mesmo olhar pode demonstrar o grau de
pertencimento de um determinado participante nesse mesmo grupo. O uso da
escrita é um dos indicadores que os colegas de grupo utilização para reconhecer
o outro como parte integrante desse mesmo grupo. A introdução da avaliação
pelo grupo de trabalho constitui-se em instrumento adicional quando tratamos de
EAD.
Estes foram os instrumentos-foco das discussões sobre possibilidades
avaliativas em EAD.
3.6 Avaliação Presencial em EAD. Ter ou não ter?
Sabe-se que tais exames somente têm fundamento do ponto de vista
legal, pois se constituem em exigência para o credenciamento dos cursos em
EAD. Mediante isso, e, segundo conhecimentos do grupo de discussão, ainda
não existe nenhum sistema de avaliação 100% à distância em se tratando de
Curso Superior.
Contudo, se a avaliação presencial é exigência legal, deve ser encarada
como mais uma avaliação de percurso do curso. O grupo deduziu que assim deve
ser compreendida porque quem a elaborou a obrigatoriedade e votou a norma,
em sua maioria ainda possui o mito de que não se “avalia bem” à distância. Coisa
de cultura.
3.7 Rompendo paradigmas em avaliação
Mudar gera desconforto e desestrutura concepções pré-definidas e
cristalizadas em educação. Para romper com esses paradigmas que engessam a
evolução, e necessário que sejam utilizados instrumentos que fortaleçam o
"movimento silencioso da mudança”. Esta forma de transgressão pode ser feita
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
32
através do questionamento às “verdades” existentes e a aplicação de idéias nos
pequenos feudos (salas de aula).
A mudança não ocorre sem gerar conflito, segundo Fernando Hernandèz.
O começo da mudança pode ser desencadeado através de pequenos atos
de modificação de práticas educativas, estendendo-se para a introdução de
outras formas de se avaliar em educação.
Cabe a nós, professores-mediadores, a responsabilidade em auxiliar os
alunos a desenvolverem algumas competências que poderão lhes ser úteis em
algum momento de suas vidas. Dentre elas, destacam-se a determinação, a
organização, a coletividade, a cooperação, o diálogo, a disciplina, o
compromisso e a responsabilidade.
A única categoria profissional que tem exame de ordem é a dos
advogados. Em educação, são os professores que são as "autoridades
certificadoras" que dizem que um indivíduo tem competência para exercer a
Engenheira, a Medicina, a Pedagogia, a Contabilidade e várias outras ciências.
Imaginem só a responsabilidade!
4 Conclusões In(Conclusivas)
Os critérios que são utilizados para selecionar este ou aquele instrumento
de avaliação dependerão, em grande parte, da concepção de educação
defendida na prática diária de cada professor.
Se a meta é manter uma educação tradicional, tal como até hoje ela é
proposta: utilizando giz, quadro, discurso do professor, platéia de ouvintes, livro
didático engatado na primeira, espaços pouco interativos, séries, tempos
escolares, professores para cada disciplina, então, na tela do computador bastaria
que fosse feita a transferência, na íntegra, dos modelos já utilizados.
Ao contrário, se o objetivo é o de construir uma prática que promova
interação, desenvolvimento da autonomia, co-responsabilizando alunos e
professores por seus processos de crescimento intelectual, cooperação e
colaboração, não se admite apenas copiar/colar/transpor modelos cristalizados
para espaços virtuais de aprendizagem. É necessário encontrar meios para
acompanhar os alunos em seus processos de construção do conhecimento a
distância.
Difícil? Provavelmente será para aquele professor que desenvolve, junto
aos seus alunos, uma prática tradicional e que reproduz o modelo educacional no
qual foi formado. Compreender a lógica diferenciada da avaliação num curso de
EAD é complicado para ele. Parece que "o aluno foge ao seu controle" se não
tiver a tal da prova, que "o aluno não aprende de fato" num curso a distância. E
olhe que eu não disse que temos que abolir a prova.
Avaliação em Educação a Distância
33
É necessário fazer aflorar a criatividade, descobrindo outros mecanismos,
além do uso específico de provas, para que o aluno possa demonstrar que
saberes ele interiorizou através da aplicação destes em novos contextos. E, para
atingir este objetivo, "a prova não provará nada."
Avaliar, como já foi discutido aqui, é mais do que medir. Avaliar é um
processo que lança mão de vários instrumentos para conseguir perceber o quanto
o aluno conseguiu avançar em seu processo de aprendizagem.
Avaliar é sinônimo de evolução. É basicamente acompanhamento dessa
evolução no processo de construção do conhecimento. E para responder sobre
essa evolução é preciso caminhar junto com o aluno, passo a passo,
acompanhando-o durante todo o caminho.
Este foi só o início/fim de uma longa discussão que, certamente, ainda
continuará por algum tempo e cujas possibilidades serão (re)construídas a partir
das práticas educativas/transgressoras que forem sendo desenvolvidas junto aos
alunos e colegas professores que atuam na educação a distância.
Referências
Ângelo, T. , and Cross, K.P. (1993) “Classroom Assessment Techniques”,
San Francisco, Jossey-Bass. In: Palloff, Rena M.; Pratt, Keith (2004) “O
Aluno Virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line”, Porto Alegre,
Artmed.
Batschauer, Amândia Maria de (1993) “A Identidade do Sujeito Avaliador na
Prática da Avaliação Escolar – Subtema: “ Avaliação Escolar Dialógica: uma
Possível Prática, PUC/SP
Catapan, Araci Hack (2003) “Avaliação: Mito ou Cultura Escolar – Texto subsídio
para o painel de discussão no VII Simpósio Catarinense de Administração da
Educação, Período: 25 a 29set 2003, Joinville.
Hadji, Charles (1994) “Avaliação: as Regras do Jogo”, Portugal, Porto
Editora.
Harassim, Linda; Teles, Lucio; Turoff, Murray; Hiltz, Starr Roxanne (2005) “Redes
de Aprendizagem: Um guia para ensino e aprendizagem on-line”, São Paulo, Ed.
SENAC.
Hernández, Fernando (2003) “Transgressão e Mudança na Educação: Os
Projetos de Trabalho, Porto Alegre, Artmed.
Hoffman, Jussara (2004) “Avaliação”, entrevista disponível em:
http://www.mec.gov.br/SEED/tvescola/Avaliacao/entrevista03.shtm , acesso em
14 abril 2004
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
34
Morgan, C., and O’Reilly, M. “Assessing Open and Distance Learners”, London,
Kogan Page. In: Palloff, Rena M.; Pratt, Keith (2004) “O Aluno Virtual: um guia
para trabalhar com estudantes on-line”, Porto Alegre, Artmed.
Noya, R. C. (1998) “Quest – Um Sistema de Avaliação Educacional para a
web. Dissertação de Mestrado, PUC-Rio, 12 mar. 1998. In: Silva, Marcos –
Org. (2003) “Educação Online”, São Paulo, Ed. Loyola.
Palloff, Rena M.; Pratt, Keith (2004) “O Aluno Virtual: um guia para
trabalhar com estudantes on-line”, Porto Alegre, Artmed.
Silva, Marcos – Org. (2003) “Educação Online”, São Paulo, Ed. Loyola.
Silveira, Elisabeth; Murashima, Mary (2004) “Ensinar é Vencer Distâncias”
disponível em: http://www.universia.com.br/ead/materia.jsp?id=2997,
acesso em 12 ago. 2004.
Stilborne, Ann; (2000) “Guia do Professor para a Internet”, Porto Alegre, Ed. Artes
Médicas.
Autora
Mônica Schüler Menslin, filha de Etelvina Rosa Schüler e Horst Werner Schüler.
Curso Superior em Pedagogia, Pós-Graduada em Informática Educacional e em
Supervisão e Administração Escolar. Experiência de 24 anos no Magistério
Público Municipal, atuando, nos últimos 9 anos, como Coordenadora de
Informática Pedagógica e há um ano como Professora de Cursos a Distância para
professores da Rede Municipal de Ensino de Joinville – SC.
Agradecimentos especiais aos meus parceiros do Fórum: Avaliação em EAD, do
ENATED 2006, cujas ótimas contribuições nas discussões, resultaram neste
material.
35
Graduação com qualidade em EaD
Angélica Pegoraro Einhardt
1. INTRODUÇÃO
Refletindo sobre os caminhos da humanidade, percebemos que a palavra
“mudança” não é nova, e que significa um processo contínuo, que faz parte da
evolução humana desde os primórdios da humanidade na face da terra. O fato de
estarmos inseridos na EaD, é um dos resultados desta evolução. Antes a
preocupação era em relação à escolha por um outro curso, em uma instituição
tradicional de ensino, hoje, ao teclarmos em sites de busca “cursos à distância”,
o leque que se abre é imenso. A oferta é variada, em todos os níveis:
graduação, extensão, pós-graduação, e por ai navegamos. Ao fazer análises
desta oferta, um dos primeiros aspectos a verificar, diz respeito à qualidade, e
esta análise envolve questões como a idoneidade da instituição, a qualificação
docente (tutores, professores conteudistas, professor interativos), a
formatação do curso, o projeto/ e ou proposta do mesmo, ambiente de
aprendizado, acessibilidade.
Seguindo esta linha de pensamento, para todos que passam a atuar neste
novo cenário, pensamos em socializar vivências, a fim de registrá-
las, principalmente no que diz respeito à oferta de curso de graduação na Ead. A
discussão proposta envolve alguns aspectos que também foram abordados no
tema Capacitação de Tutores na EaD.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Discutir os aspectos que envolvem um curso de graduação interativo,
englobando desde seu projeto até os resultados atingidos com a implantação
do mesmo, visando uma interação entre diferentes atores1
na Ead,
possibilitando que, a partir desta troca de informações, possamos construir
uma visão conscienciosa sobre o que é qualidade na Ead e como ela pode ser
implantada.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Trocar experiências entre os que atuam como tutores.
- Chegar a um consenso sobre o papel do Tutor.
- Verificar com os participantes, como tem acontecido a tutoria.
1
Todas as pessoas que participam na Educação á distância (alunos, professores, gestores, tutores, etc.).
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
36
- Levantar as dificuldades encontradas na Ead.
- Discutir como desenvolver o senso de autonomia do aluno.
- A prática pedagógica se aplica na Ead.
3 DESENVOLVIMENTO
Ao lançar esta discussão, a expectativa foi grande. Com os objetivos traçados,
a idéia era de que o leque se abrisse, e que os participantes incluíssem outros
aspectos que não haviam sido abordados inicialmente. O tema foi dividido entre
fórum, Chat, Enquête, Entrevistas, utilizando as ferramentas que o ambiente
virtual disponibilizava para o encontro.
A educação a distância pode ser definida como um processo de troca de
conhecimento mediado por tecnologias (Internet, satélite etc..), e com
acompanhamento de um tutor. No ensino a distância, o papel do professor
assume diferentes conotações, a principal é a tutoria. Outro aspecto que
gostaríamos de ter atingido no debate, diz respeito a diferença entre “ensino” e
“educação”. Corroborando com Landim (1997), estas expressões são usadas
deliberadamente, porém possuem diferenças profundas. Enquanto “ensinar” tem
cunho de treinar, adestrar e de intrução; a educação é muito mais abrangente, é
um processo que leva a construção do conhecimento , leva a pensar, inovar.
Convém lembar as referências definidas pelo Mec para a oferta de um curso
na Ead, as quais servem de base para iniciar a discussão sobre o tema:
1. integração com políticas, diretrizes e padrões de qualidade definidos para o
ensino superior como um todo e para o curso específico;
2. desenho do projeto: a identidade da educação à distância;
3. equipe profissional multidisciplinar;
4. comunicação/interatividade entre professor e aluno;
5. qualidade dos recursos educacionais;
6. infra-estrutura de apoio;
7. avaliação de qualidade contínua e abrangente;
8. convênios e parcerias;
9. edital e informações sobre o curso de graduação à distância;
10. custos de implementação e manutenção da graduação a distância.
Graduação com qualidade em EaD
37
A partir destas referências podemos então avaliar os cursos que
conhecemos, discutir, trocar opiniões, e ao final do encontro, elaborar um texto
com as idéias socializadas.
3.1. Qual é o papel do Tutor
Para falarmos do papel do tutor, devemos inicialmente compreender as
suas obrigações básicas: motivar o aluno no processo de aprendizagem;
sanara as suas dúvidas; orientar a aprendizagem; estimular os momentos de
convivência; criar práticas inovadoras de acordo com as necessidades do
grupo.
A discussão teve início, partindo da idéia que temos sobre o papel do
tutor, aquele que é definido pela instituição, e aquele que surge com o
exercício da profissão, onde lhe são exigidas as competências que realmente
importam. Entre estas competências podemos destacar a capacidade de
adaptação, carisma, capacidade de liderança, o conhecimento científico na
área de atuação.
O tutor tem como papel principal apoiar o aluno, e este apoio deve se dar em
uma disciplina específica do curso, cada uma das disciplinas deve ter seu tutor
especialista, conforme Arredondo (1998). O tutor é ainda um facilitador do
aprendizado. Ele deve possuir um desenvolvimento cognitivo, deve ser capaz de
realizar uma integração entre os conteúdos paresnetados ao aluno. Nos
dicionários encontramos a definição de “Tutor” como aquele que tutela, protege,
ampara ou defende alguem. Apesar do uso indiscriminado do termo tutor, é
importante frisar que “ser tutor”, ou ainda, como foi colocado por um dos
participantes da discussão, “estar tutor”, significa ser professor e educador,
acompanhando e orientando os alunos no processo de aprendizado.
O consenso se dá no sentido de que é o tutor o principal ator na EAD, é o
principal responsavel pela motivação do aluno pelo andamento do curso de forma
adequada ao bom resultado. A seguir algumas colocações dos participantes:
“Pelo que tenho lido e percebido na EAD o papel de "Professor" é desempenhado pelo
material instrucional previamente preparado de forma a "transmitir" o conteúdo, a função
do Tutor apesar de exigir formação e "postura" docente é um tanto diferente... é mais
como a de "Animador" Orientador e Avaliador. O perfil também exige uma capacidade
"extra" de inter-relacionamento e atenção especial para com o estudante”.
“O tutor deve ser alguém que conheça seu conteúdo o suficiente para poder indicar com
segurança novas leituras e caminhos na web, alguém que seja mais amável do que o
normal para lidar com as mensagens escritas, e que não seja centralizador. O poder de
uma redação ruim é devastador, assim como o papai-sabe-tudo. Deve ser alguém que
esteja aberto a novas formas de avaliação.“
“Conhecer o conteúdo é essencial para uma boa tutoria, entendo que o papel do tutor
acaba sendo muito abrangente, ele tem que dominar o assunto e um erro pode ser muito
prejudicial uma vez que tudo fica registrado. Bem diferente de uma aula presencial não é
mesmo? É necessário ser flexível e entender que as metodologias de ensino estão
sofrendo modificações a cada dia. É necessário que ele entenda o perfil de seus alunos e
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
38
faça um planejamento adequado. Afinal, não estamos falando em expor conteúdos não é
mesmo? E sim na relação ensino-aprendizagem.”
3.2 TUTORIA POR ÁREA DE FORMAÇÃO
Existem muitas formas de tutoria adotadas em nosso país. Aqui
pretendíamos que cada um relatasse a sua experiência, porém isto não
ocorreu. A discussão partiu da necessidade de um curso de capacitação para
tutores, objetivando o seu desenvolvimento, primando pela qualidade na
educação.
A intenção foi enumerar as capacidades necessárias à formação adequada
para o tutor. Discutir também a prática da tutoria de uma maneira generalista,
abordando qual a real condição que o tutor tem de mediar disciplinas fora de
sua área de formação. Discutir como buscar maior apoio e incentivo
institucional aos tutores interessados em desenvolver pesquisas acadêmicas
acerca da EAD, principalmente em pesquisas dos resultados obtidos.
3.3 Dificuldades a serem superadas:
Muitas são as dificuldades a serem superadas no processo da Ead no
Brasil. Se analisarmos, a nossa realidade, verificamos que é a mesma que
tinham os países desenvolvidos há cinco anos atrás. Enquanto nós ainda
temos a idéia de que um curso na Ead pode ser “transmitido interativamente”
nos países desenvolvidos o caminho é outro. O curso é virtual, com ambientes
de aprendizagem onde o aluno interage com o tutor e demais atores do
processo.
Entre as dificuldades, está evasão dos alunos, sentimento expressado por uma
participante do encontro “Me sinto como um repassador de informações e de materiais
impressos da disciplina – e sei que a tutoria vai, além disso, mas não encontramos brechas, não
somos autônomos para dar alguns direcionamentos aos conteúdos, tudo nos chega pronto”.
Outras dificuldades esbarram no apoio tecnológico, onde nem sempre a
configuração para as aulas interativas é elaborada adequadamente; os softwares
que podemos utilizar para desenvolver habilidades nos acadêmicos não são
disponibilizados, ou a instituição não possui um AVA; o melhor layout das salas
não é ergonomicamente tratado; onde utilização ideal de computadores na sala
não é disponibilizada; onde o melhor aproveitamento da transmissão via satélite
não é otimizado.
Em relação aos problemas de comprometem a qualidade do curso, o que,
no ponto de vista dos alunos, mais pesa, é em relação ao material didático e
apoio on-line no ambiente de aprendizagem ou no portal do curso. Este
aspecto é bem esclarecido no texto de Palloff (2002): “Problemas que podem
ser resolvidos pelo professor ou pela instituição precisam ser solucionados
rapidamente. O ideal é que eles sejam previstos e resolvidos antes do início
do curso. Quando ocorrem durante o curso, porém, uma resposta rápida é
Graduação com qualidade em EaD
39
essencial para evitar a queda na participação”. E isto não é o que temos
verificado na prática em muitos cursos ofertados.
3.5 SENSO DE AUTONOMIA DO ALUNO
Inicialmente o tema foi postado no fórum como “autodidatismo”, porém a
interação que a Ead possibilita nos leva a crer que este não é o termo mais
adequado, é preciso ensinar o aluno, não a ser autodidata e sim a ser
“autônomo”, pois a autonomia é condutora ao aprendizado neste modelo de
academia. O ser humano que possui automonia desenvolve mais capacidades,
e consegue desenvolver através da Ead, um conhecimento com bases sólidas,
sendo este o âmago que conduz ao sucesso nesta modalidade de ensino.
Uma das condições básicas para o aprendizado do aluno é a autonomia, e
para que isto ocorra, o tutor, e o professor o oriente neste sentido. Também é
importante antes da elaboração do conteúdo; que deve ser realizado por uma
equipe composta pelo professor conteudista, interativo e tutor; se conheça
através de uma pesquisa prévia, o perfil do aluno, se ele é capaz de
reconhecer suas fraquezas, suas necessidades, se ele estabelece e cumpre
metas, quanto tempo dedicará ao estudo.
3.6 A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EAD
Aqui pretendíamos discorrer acerca do tratamento dado à elaboração de
projetos de um curso na Ead. Usamos a pedagogia convencional para definir
diretrizes para educação de um publico adulto, enquanto que a pedagogia foi
criada para ensinar crianças. Não levamos em conta que o adulto aprende em
tempo diferente, não são realizadas pesquisas para levantar o público que
vamos atingir.
Utilizamos o conceito de Andragogia: “a arte e a ciência de ajudar os
adultos a aprender” (Knowes, 1998), sem a pretensão de criar um neologismo,
pois o “tempo” de aprendizado do aluno adulto realmente difere do aluno
adolescente ou criança. Por esta razão devemos pensar de forma
tecnicamente diferente na de elaboração de um curso para o público adulto,
logo, o uso do termo Andragogia é adequado.
O aprendizado do adulto diverge do convencional, e com a prática
andragógica podemos facilitar este interação. Valorizar a experiência deste
aluno é premissa básica para o sucesso na construção do seu conhecimento,
o aluno adulto aprende de acordo com suas necessidades. Devemos instigar a
observação como uma via de mão dupla no aluno adulto.
Um dos participantes colocou o seguinte texto em relação à Andragogia:
“Acredito que um dos aspectos da Andragogia que poderia ser construído no aprendizado
em EAD seria o de favorecer uma melhor familiaridade dos adultos com os dispositivos
computacionais, uma vez que já está constatado o surgimento de um grau maior de
resistência, por parte destes sujeitos, na prática de utilização das novas tecnologias.”
Realmente esta é uma preocupação pertinente, pois falamos de uma forma de educação que
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
40
vem para facilitar o acesso, mas muitos dos usuários em potencial desconhecem o uso da
principal ferramenta: o computador.”
4 CONCLUSÕES
Ao termino do encontro, apesar da participação restrita, o saldo foi positivo, o
aprendizado que proporciona aos participantes, não se pode mensurar. Alguns
aspectos ficaram claros sobre a oferta de cursos de graduação na Ead. O ponto
comum em todos os fóruns, e que merece investimentos no sentido de aprimorar
sua atuação, é sem dúvida a tutoria. Da sua condução, eu diria que dependem
50% do bom andamento do curso, o restante, ousaria dividir entre instituição,
parceiros, professores conteudista, interativos. O tutor é a pessoa que mantém o
maior contato com o aluno, e também quem tem a força de instigá-lo, motivá-lo ao
sucesso. Por esta razão, a preparação adequada dos tutores é fundamental ao
sucesso do mesmo.
A configuração do curso também aparece com importância acentuada. O
aluno julga a qualidade do curso de acordo com o que lhe é oferecido. O portal de
acesso, o AVA utilizado, o material didático disponibilizado, a coerência entre
conteúdo ministrado nas aulas interativas e o próprio material didático, o pronto
atendimento às dificuldades do aluno, a disponibilidade da instituição em
solucionar problemas dos acadêmicos, é que fazem o diferencial do curso.
Os aspectos tecnológicos interferem de uma maneira mais branda,
principalmente quando os aspectos citados no parágrafo anterior, são bem
atendidos. Quando a satisfação com o restante é visível, ele até é levado na
“brincadeira” pelo estudante, até por que todo internauta sabe dos percalços que
por vezes encontramos na rede. Ressalto ainda a preocupação que percebi de
modo geral em todos os participantes do fórum, com a qualidade destes cursos, e
com a oferta desenfreada, apesar dos comentários serem muitos polidos neste
sentido, a preocupação existe.
A idéia deste encontro foi providencial. Ações no sentido de trocar informações
sobre o que tem acontecido na Ead, devem ser uma constante. Promover cursos
de capacitação em AVAs, de tutoria, de elaboração de projetos de cursos.
Surpreendi-me pela participação restrita no tema conduzido. Acredito que é
um tema polêmico, mas para nós educadores, ou envolvidos na Ead, é preciso
discutir estas questões. A melhoria na qualidade dos nossos cursos ocorrerá
gradativamente, a partir do momento que formularmos um plano de ação claro
onde a gestão seja participativa e transparente. Afinal, o que pretendemos:
diplomar ou educar cidadãos?
Graduação com qualidade em EaD
41
REFERÊNCIAS
ARETIO, Lorenzo Garcia. La Educación a Distância y la UNED. Madrid.
(Espanha), UNED, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
LANDIN, Cláudia Maria das Mercês P. F. Educação á Distância: Algumas
Considerações. Rio de Janeiro, 1997.
MARTINS, Onilza Borges et al. Educação á Distância: um debate
multidisciplinar. Curitiba: UFPR, 1999.
MORAN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários a Educação do Futuro. 8
ed. São Paulo: Cortez, 2003.
MORAN, José Manuel et al. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 8
ed. Campinas: Papiros, 2000.
_____ Mudanças na Comunicação Pessoal. 2 ed. São Paulo: Paulinas,
2000.
PALLOFF, Rena M. Construindo Comunidades de Aprendizagem no
Ciberespaço. Porto Alegre: Artmed, 2002.
http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=196&Ite
mid=337
http://www.mec.gov.br
Aplicações da EaD: A Comunicação e o Idoso
Profa. Dra. Devani Salomão de Moura Reis
Jornalista e especialista em comunicação pública
Resumo
O objetivo da coordenação ao inserir o tema A Comunicação e o idoso, em um
curso on-line foi verificar a pertinência do assunto, se atrairia a participação dos
idosos, de pessoas que convivem com eles ou teóricos preocupados com esse
contingente. Verifiquei que a adesão do público foi pequena, que a falta de
conhecimento dos participantes sobre o idoso e das mídias que interessam
mais a ele e o porquê dessa preferência, foram variáveis que prejudicaram o
desenvolvimento da experiência. Ficou claro também que o velho foi percebido
com preconceito pelos participantes.
Palavras chaves: comunicação, idoso, mídias, preconceito, inserção.
1 Introdução
1.1 Definições de envelhecimento
A idade cronológica é simplesmente uma medida de quão velha uma
pessoa é. Mas ela é essencialmente uma medida arbitrária. De fato, em
algumas circunstâncias, a idade sozinha, é um indicador suficiente. Pode-se
pensar em pessoas com 70 anos com a aparência estereotípica de pessoas
velhas (cabelo grisalho, pele enrugada, olhos sem brilho), mas também
lembramos indivíduos “bem-conservados” que não apresentam esse aspecto
(agerasia) e adultos mais jovens que parecem “prematuramente envelhecidos”.
A velhice não é vista como um tempo de recompensa, e sim de
relaxamento forçado. Portanto, a cultura ocidental espera que as pessoas com
mais de 60 anos se comportem de forma essencialmente sossegada e, não
surpreendentemente, o início da velhice freqüentemente é indicado pela
aposentadoria do trabalho em tempo integral. Então, geralmente se considera
que a idade cronológica que começa a “velhice” vai dos 60 aos 65 anos.
Nos paises em desenvolvimento, como o Brasil, considera-se idoso
quem completa 60 anos. Nos países desenvolvidos a idade sobe para 65 anos.
Esse contingente da população brasileira vem aumentando porque a medicina
brasileira avançou muito na prevenção, cura e a convivência possível com
doenças que antes causavam óbitos.
Como cresceu a expectativa de vida dos indivíduos, consequentemente,
aumentou também seu período produtivo, esteja ele inserido no mercado
formal ou não.
Precisamos entender as minúcias de como se comunicar com os idosos,
assim enumeramos algumas das alterações físicas, psicológicas e sociais
desta idade.
43
1.2 O envelhecimento dos sistemas sensoriais
Os sentidos são o meio que o cérebro tem para entrar em contato com o
ambiente circundante e, correspondentemente, qualquer declínio sensorial
influencia diretamente o funcionamento da mente. Declínios perceptivos
relacionados à idade privam o cérebro de uma experiência plena do mundo,
mas não seria realista imaginar que tal perda começa na velhice. Como muitos
aspetos do declínio relacionados à idade, as mudanças geralmente começam
na idade adulta jovem.
Como nosso objeto de estudo focou a comunicação, centralizada no
idoso, é necessário estudar como é o sistema sensorial do idoso, para
entender possíveis interferências no processo de leitura que o idoso faz, seja
dos veículos de comunicação de massa escritos ou eletrônicos. Entretanto
verificaremos apenas os sistemas relacionados à visão.
1.3 O mundo fica amarelado
Uma queixa freqüente das pessoas mais velhas é que sua visão “não é
mais o que costumava ser”. Isso normalmente é verdade: além dos problemas
relativamente simples de dificuldade visual para longe e para perto, cerca de
um terço das pessoas acima de 65 anos tem alguma doença que afeta a visão
(Quillan, 1999).
Além da acuidade, praticamente todos os outros aspectos da visão
pioram na velhice. Por exemplo, o liminar da visão (a luz mais fraquinha que se
consegue enxergar) aumenta com a idade. Outra consideração importante é a
mudança de percepção das cores: os adultos mais velhos percebem o mundo
como sendo mais amarelo. As cores nas extremidades amarelas do espectro
(vermelho, laranja e amarelo) são identificadas razoavelmente bem, mas fica
difícil discriminar as verdes, azuis e roxos - observem que esse problema não
costuma se manifestar antes do 80 anos (STUART-HAMILTON, 2002, p. 28).
Os adultos mais velhos também são mais lentos para processar os estímulos
visuais e precisam enxergá-los por mais tempo, antes de identificá-los com
precisão.
1.4 Os problemas de rejeição às novas tecnologias
Sabíamos que poderíamos ter nesse Curso alguns problemas quanto ao
interesse do idoso em se sentir motivado a participar - por sua falta de hábito
em usar o computador, na familiaridade com as ferramentas utilizadas na
Internet, suas dificuldades para ler, mesmo com a possibilidade de aumentar o
corpo do texto na tela do micro -, mas não imaginávamos que aqueles que
convivem com os velhos não tivessem interesse pelo assunto.
2 Objetivos
O objetivo da Coordenação ao propor o tema A Comunicação e o idoso
foi o da troca de informações, com os participantes, sobre a identidade do
idoso, quais as mídias eram tidas por eles como as mais interessantes e o
porquê desse interesse.
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
44
Na interação haveria algumas perguntas para identificar a região onde
morava o idoso, com quem convivia, seu status econômico e social. Seriam
contabilizadas também quais mídias são mais consultadas pelos idosos e
haveria a verificação e análise do conteúdo e da forma dessas mídias.
3 Desenvolvimento
Há uma carência de estudos sobre a comunicação para a população
idosa, é também significativo o aumento do número de velhos no Brasil, que
em 2000 tinha 8.182.035, entre 60 anos e 69 anos, e 6.353.994 com mais de
70 anos e, segundo projeções feitas para 2030 pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística, IBGE, pela Síntese de Indicadores Sociais, divulgadas
no dia 13 de abril de 2004, haverá 21.793.613 idosos de 60 a 69 anos e
18.679.188 com mais de 70 anos, o que representará um significativo aumento
de 263%, em relação a 2000.
O Instituto fez também a projeção para 2050, quando a população com
faixa etária entre 60 e 69 anos será de 21.722.084 e, com idade superior a 70
anos serão 34.328.895. Isto é, a população com mais de 70 vai quintuplicar no
país e chegar a 34,3 milhões de pessoas, representando um crescimento
nessa faixa etária de 440%, bem acima do avanço de 53% da população total
que alcançará 259,8 milhões ao fim do período (IBGE, projeções do Instituto
atualizadas em 2003).
Além de envelhecer, a população crescerá cada vez menos. Entre 2040
e 2050, a taxa média anual será de apenas 0,33%, o equivalente a um oitavo
da taxa durante a década de 1970 (2,48%).
Trata-se de uma revolução demográfica. A taxa de fecundidade está
encolhendo e a expectativa de vida aumentando. Os idosos começam a se
destacar na população e as políticas públicas não estão se preparando
adequadamente para essa modificação do contingente populacional.
O aumento da população idosa se refletirá nos serviços oferecidos a
essa população. As instituições sejam públicas ou privadas precisarão buscar
novos canais de comunicação para dialogar com esse contingente.
Ao viver mais, o cidadão terá prolongada também suas atividades no
setor produtivo. Surgirão novos papéis sociais e econômicos para o idoso que,
no momento, já começam a se esboçar. Há idosos que se aposentam e
continuam trabalhando informal ou formalmente.
Nos cenários futuros a comunicação dirigida a essa população não
poderá utilizar os modelos de comunicação contemporâneos que, para o
momento atual, já se mostram precários. Há a necessidade premente de se
pensar em modelos de comunicação mais eficientes, que dêem conta de
informar ao cidadão sobre procedimentos que proporcionem melhor qualidade
de vida.
3.1 A comunicação com o idoso via Internet
As novas tecnologias proporcionaram novas maneiras de comunicação e
alguns idosos têm mostrado interesse em usufruir das facilidades que elas
proporcionam. O celular foi aceito quase que prontamente, ainda que seja
apenas para fazer ligações e recebê-las, muitas das suas funções não são
Aplicações da EaD: A Comunicação e o Idoso
45
usufruídas. O uso do computador e da Internet são atraentes, mas exigem
maior atenção, concentração e perseverança. Essas ferramentas são
importantes para os idosos, representando uma porta para o aprendizado e, na
maioria das vezes, não requerem grandes deslocamentos físicos, o que
poderia ser um impedimento, para alguns.
Com o uso da Internet o idoso pode estudar uma infinidade de coisas,
conhecer pessoas, trocar informações até ter uma nova profissão. Para fazer
essa incursão na Internet e tudo o que ela proporciona, precisará de instrutor.
Nas pesquisas que realizei, em 2004, quando estava escrevendo minha tese
de doutorado sobre quais seriam as melhores mídia para o idoso se informar
sobre saúde e qualidade de vida, verifiquei que muitas pessoas preferem não
trabalhar com idosos porque eles têm hábitos arraigados e não estão muito
motivados às mudanças, de qualquer ordem.
Quando propus o tema A Comunicação e o idoso imaginei que, por
sermos hoje um país com muitos velhos, haveria um número grande de
interessados. Enganei-me. O número de participantes foi tão exíguo e seus
conhecimentos sobre o tema tão poucos que o assunto se esgotou
rapidamente.
O público participante foi composto por uma estudante de Mestrado em
Pedagogia do e-Learning pela Universidade Aberta, em Lisboa, que relatou que
em Portugal estavam começando a abertura de novos contextos digitais aos
idosos, mas com algum custo, principalmente porque falta dotar de
equipamentos os Centros de Convívio dos Idosos, os Lares Comunitários, o lar
do idoso. Segundo ela, a vida do idoso lá não é fácil, as aposentadorias são
dotadas de poucos meios financeiros. Muitos dos idosos nem têm dinheiro para
custear os seus medicamentos e a alimentação. Os programas de ensino das
Teorias da Informação e Comunicação junto dos idosos estão muito tímidos,
mas tem havido um imenso esforço de muita gente para que este projeto seja
implementado e se firme.
Outra participante considerou a comunicação à distância de grande
valia para os idosos, devido à possibilidade de contatos com outras
pessoas; com a possibilidade de novas descobertas, de viagens e toda uma
gama de situações que se pode descobrir ao ser usuário. No entanto, tinha
dúvidas de como prepará-los para as invasões de privacidade que algumas
comunidades virtuais estão causando, como por exemplo, dicas para
raptos, montagem pornôs e outras. Como fazê-los acreditar neste potencial
criticamente sem desmotivá-los?
A impressão de outra participante sobre a atuação do idoso: “É como se
o processo de inclusão funcionasse em mão dupla para o idoso, até porque as
suas representações foram mais determinadas pela história de vida pessoal e
profissional”. Acredita que para aqueles que descobrem um mundo através da
máquina tem outro significado para ela, a de parceira, vai falar com amigos
distantes, sente-se inserido nessa sociedade.
Conta, outra aluna, que houve uma experiência em aula de extensão
com idosos na faculdade em que trabalha e foram encontrados alguns
perfis: a) o resistente, que já havia trabalhado na área e se desencantou.
Aquele que resiste devido acreditar que será difícil aprender a usar a
máquina e, o desencanto existente pela culpabilidade da máquina pelo
desemprego de seus entes queridos; b) o engajado, que são aqueles que
estão inseridos no mundo atual, tendo um quantitativo que admira o
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
46
potencial da máquina para navegar, usar o e-mail e pesquisar temas de seu
interesse.
Para essa aluna, no entanto, é presente, na maioria dos idosos, o
desconhecimento dos caminhos da web para a mudança de imagens.
Acredita que a crença e a descrença do poder comunicativo e informativo
do computador é mais presente no adulto, sendo as pessoas na infância,
adolescência e no envelhecimento mais otimista para os usos da web.
Questionava se está sendo preconceituosa.
Segunda essa aluna, a questão maior é como dar os instrumentos
para o idoso utilizar a comunicação à distância. Além do que ele deve estar
com alguns dos seus sentidos em pleno uso, como a visão, os movimentos
de pelo menos uma das mãos. Ressaltou que não são muitos os idosos
com bom poder econômico.
Uma das alunas atua em pesquisas sobre envelhecimento humano,
essa área de estudo tem subsidiado suas atividades de pesquisa e
produção acadêmica nos últimos 13 anos. Atualmente, tenta colocar idosos
e deficientes em atividades conjuntas no projeto de reabilitação profissional,
pois também trabalho com deficientes, principalmente com o deficiente que
envelhece. Muitos deles, na medida em que não se locomovem sozinhos,
são portadores de necessidades especiais. Segundo ela ou vai para esse
grupo ou incluí os idosos lá.
Outra participante trabalha no Programa Viva o Idoso, da Prefeitura
Municipal de Niterói, no Rio de Janeiro, mostrou-se interessada em que
houvesse um debate sobre A Comunicação e o idoso. Queria saber quem
do grupo já trabalha ou trabalhou com Inclusão digital na Terceira Idade
e/ou conhece projetos em que a comunicação entre essas pessoas se
processa principalmente à distância.
3.2 As discussões
As discussões sobre o tema não foram muito produtivas, porque as
intervenções dos alunos eram esparsas e os idosos considerados de
maneira preconceituosa, como se fosse quase impossível a participação
deles em cursos à distância.
Como estudo a comunicação humana, focando o idoso, propus
debatermos a importância do emissor/receptor. Pontuando que as visões
de mundo diferem muito de indivíduo para individuo, pois depende das
experiências, expectativas, crenças de cada um, de acordo com o poder
econômico, a cultura, a ideologia entre outros aspectos.
Assim, os objetos e pessoas adquirem significados que são dados a
eles. E como se faz isso? De acordo com um juízo de valor "é bom", "é
ruim", “é bonito”, “é feio”. Para os velhos que perderam seus empregos e
viram entes queridos serem substituídos pelas máquinas, o computador é
um estímulo aversivo, tem um significado ruim. Tem que ser trabalhada a
percepção desse idoso com relação à máquina. Devagar, no ritmo dele.
Essa modificação de atitudes, com relação ao idoso e a Internet não
podem ser somente no virtual, deve ser exercida ANTES, no presencial. É a
questão da motivação, da interação com esse novo ambiente, e para o idoso,
que já tem costumes arraigados, isso demora mais, mas pode acontecer. Só
fazendo saberemos dos resultados.
Aplicações da EaD: A Comunicação e o Idoso
47
4 Conclusões
Pelas pesquisas realizadas sobre a inclusão digital do idoso e alguma
experiência nesse assunto, concluo que um programa educacional para idosos
deve ter como elementos principais o conhecimento de que trata a disciplina; o
tempo pedagogicamente necessário para a apropriação do conhecimento e os
procedimentos didático-metodológicos utilizados para viabilizar a
aprendizagem.
Outra preocupação metodológica relevante diz respeito à linguagem
didática. No caso dos idosos, deve-se manter a norma culta e a clareza,
evitando a infantilização. No que diz respeito à educação a distância, é preciso
levantar quais conceitos e recursos desta modalidade se adequam melhor à
terceira idade. Não há, que se tenha notícia, qualquer estudo mais profundo
acerca do desenvolvimento de EaD para idosos, quando, na verdade, essa
poderia ser uma população enormemente favorecida pelos benefícios da
tecnologia. É provável que todo um novo aparato de aprendizagem em rede
tenha que ser desenvolvido para esse público.
O ensino para idosos apresenta especificidades que precisam ser
melhor pesquisadas e sistematizadas, a fim de desenvolver uma metodologia
inclusiva e eficaz. Mas num primeiro momento, algumas especificidades
podem ser destacadas, como:
Conhecimentos e experiências acumuladas – pessoas de idade
avançada já chegam à sala de aula com uma imensa bagagem de vivências e
conhecimentos que não podem ser desprezados pelo educador;
Velocidade de aprendizagem – em pessoas idosas, o ritmo de
aprendizagem costuma ser mais lento e, portanto, deve ser respeitado, sob
pena de gerar insegurança e bloqueios aos conteúdos tratados no curso;
Dificuldades de ordem visual – não é incomum em cursos de
informática, por exemplo, observar idosos que necessitam, além da correção
visual dos óculos, recorrerem a lupas para melhor visualizar imagens em um
monitor de computador;
Dificuldades de ordem auditiva – idosos que apresentam algum tipo de
problema auditivo requerem atenção especial e maior proximidade do
professor na sala;
Problemas de locomoção – a dependência de instrumentos de
locomoção como muletas ou cadeiras de rodas exigem cuidados na
acomodação de alguns idosos ao local de estudo.
Estas são algumas características que tornam o ensino para idosos
uma matéria que requer maiores considerações e uma atenciosa elaboração.
Em resumo, é uma ação educativa que deve ser dirigida pela reflexão crítica
de pesquisadores e educadores. O resultado é positivo para a sociedade, pois
ao oportunizar o acesso aos avanços tecnológicos, prolonga a vida útil dos
indivíduos, que se mantêm produtivos, mesmo em faixas etárias mais
avançadas.
4.1 Os espaços que os idosos ocupam
Uma importante classificação quanto aos espaços de atuação do idoso
é feita por Peixoto (1997, p. 71), ao distinguir dois eixos: o espaço público, isto
é, “de uso coletivo e aberto como a rua, praças, as escolas e o trabalho” e o
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
48
espaço privado, ou seja, “fechado como a casa, principalmente”. Esta
classificação tem impacto direto em um programa educacional na modalidade
à distância, e necessita diferenciar claramente as atividades a serem
desenvolvidas nestas duas dimensões. Embora um curso à distância pertença
predominantemente ao espaço privado, privilegiando o autodesenvolvimento
do indivíduo, existem esferas de interação inevitáveis que invadem o espaço
público, como no caso dos encontros presenciais. Há ainda o espaço virtual,
que não se enquadra exclusivamente em nenhum dos espaços já citados. Na
verdade, o espaço virtual se relaciona àqueles espaços por justaposição,
apropriando-se de elementos ora do público, ora do privado. Ocorre assim que
o espaço virtual acaba por transformar o espaço privado em espaço público,
através da promoção da interatividade.
Para compreender melhor a inter-relação dos espaços, é preciso
aprofundar a discussão envolvendo a idéia de interatividade e interação. Estes
dois conceitos, normalmente tratados de forma sinônima, recebem abordagens
distintas por Villardi (2005, p. 100). Embora a autora reconheça a origem
comum destes substantivos, atribui aos mesmos diferentes graus de amplitude
e complexidade. Assim, a interatividade se apresenta como conjunto de ações
que estabelecem uma comunicação unilateral entre os sujeitos. No âmbito da
interatividade, portanto, os participantes desse tipo de comunicação não se
afetam mutuamente, não há trocas. Para a autora “a interatividade pressupõe
uma distinção de natureza ou de nível hierárquico entre os sujeitos envolvidos”
(VILLARDI, 2005, p. 101). A interação, por seu turno, possui maior
complexidade, pois evoca um ambiente comunicativo apropriado e a
predisposição dos “atores envolvidos” no processo para proporcionar “afetação
múltipla”. Isto implica que, numa comunicação caracterizada pela interação, o
emissor envia uma mensagem que impacta seu receptor, entretanto, este
mesmo sujeito, sofre o reflexo de sua própria ação, sendo afetado também no
processo. Logo, a interação, na esfera educacional, torna-se facilitadora do
aprendizado por se constituir num território colaborativo que promove novos
encontros e novas trocas entre as partes. Villardi (2005, p. 101) conclui que a
interação “culmina, portanto, em mudança de concepção e em construção de
conhecimentos a partir da reflexão e da crítica, em ambientes cooperativos, de
dentro dos quais emerge a aprendizagem”.
Dessa forma, entende-se que a aplicação da aprendizagem colaborativa
em rede promovida pela EaD pode trazer inúmeros benefícios ao público da
terceira idade. Num primeiro momento, algumas vantagens têm presença mais
marcante, como por exemplo, a possibilidade de adequação ao ritmo de cada
um. Além disso, existe a adequação de conteúdos a condições de
aprendizagem especiais. Há ainda, como outro efeito bem-vindo, as
oportunidades de socialização advindas da interação, que podem se constituir
num poderoso “remédio” contra a solidão. Sem falar na manutenção da
atividade cognitiva, proporcionada pela formação continuada e o fornecimento
constante de estímulos, exercícios e atividades.
4.2 A reinterpretação da velhice
Por ora, alguns movimentos parecem relevantes no cumprimento de
uma agenda que visa à criação de programas educacionais para idosos. Tal
tarefa deve empregar recursos que favoreçam o resgate de potenciais latentes
Aplicações da EaD: A Comunicação e o Idoso
49
do público idoso e, conseqüentemente, contribuam para a conquista da
autonomia dessa população. A adoção de novas estratégias de
relacionamento, que atendam às especificidades dos idosos, se constitui num
importante passo. A busca pela reinterpretação da velhice, reconhecendo sua
complexidade e diversidade, configura-se como outro caminho valioso. O
próprio conceito de terceira idade apresenta-se como certo avanço no sentido
de oferecer novos mecanismos de representação social para essa classe, que
deve ser entendida como dinâmica e atuante, com novos papéis
estabelecidos. O cuidado com o desenvolvimento de programas educacionais
para o público da terceira idade é, portanto, de grande importância no
desenvolvimento de uma participação mais ativa da população idosa na vida
em sociedade.
Referências
[1] BARLUND, Dean C. Comunicação: o contexto da mudança. In:
MORTENSEN, C. David. Teoria da Comunicação. Wisconsin, Mosaico,
1980.
[2] IBGE. Anuário Estatístico do Brasil – 1993. Fundação Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 1994.
[3] LITWIN, Edith (org.). Educação à distância: temas para o debate de
uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
[4] MONTEIRO, Mário F. G., ALVES, Maria Isabel C. Aspectos
demográficos da população idosa no Brasil. In: Terceira idade: um
envelhecimento digno para o cidadão do futuro / Renato P. Veras [et al];
Relume-Dumará: UnATI/UERJ, 1995.
[5] PEIXOTO, Clarice. De volta às aulas ou de como ser estudante aos 60
anos. In: Terceira idade: desafios para o terceiro milênio / Renato P.
Veras, organizador. Rio de Janeiro: Relume-Dumará: UnATI/UERJ,
1997.
[6] SANT’ANNA, Maria Josefina G. UnATI, a velhice que se aprende na
escola: um perfil de seus usuários. In: Terceira idade: desafios para o
terceiro milênio / Renato P. Veras, organizador. Rio de Janeiro: Relume-
Dumará: UnATI/UERJ, 1997.
[7] STUART-HAMILTON, Ian. A psicologia do envelhecimento: uma
introdução. 3ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.
[8] VILLARDI, Raquel. Tecnologia na educação: uma perspectiva sócio-
interacionista. / Raquel Villardi & Eloíza Gomes de Oliveira. – Rio de
Janeiro: Dunya, 2005.
Autor
Profa. Dra. Devani Salomão de Moura Reis, jornalista
Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo/Escola
de Comunicações e Artes.
Pós-graduação em Docência em Ensino Superior, UFRJ.
Editora do Jornal da Amiamspe – Associação Médica de Assistência Médica ao
Servidor Público Estadual
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
50
51
INTELIGÊNCIA, AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM
Sheila da Costa Oliveira
“.. no mundo mamífero e, sobretudo, no mundo humano,
o desenvolvimento da inteligência é inseparável do mundo da afetividade,
da curiosidade, da paixão, que, por sua vez, são a mola da pesquisa filosófica ou científica.
A afetividade pode asfixiar o conhecimento, mas pode também fortalecê-lo.”
Edgar Morin
Resumo
A inteligência e a afetividade humanas têm sido estudadas nos mais diversos
domínios. Especialmente após o início das pesquisas a respeito de inteligência e
emoção artificiais, a discussão desse binômio tem iluminado vários aspectos da
biologia, da saúde, da psicologia, da robótica, da educação. O presente trabalho
discorre sobre inteligência e afetividade em ambientes virtuais de aprendizagem, a
partir do exame desses dois conceitos tais como foram consolidados em ambientes
de educação presencial, modelo no qual cresceram os que se envolvem atualmente
em educação a distância. Indicam-se alguns marcadores atitudinais que produzem
efeitos positivos de afetividade no contexto educacional, seja ele presencial ou
virtual, resgatando o papel da emoção na motivação para aprender. Discute-se,
igualmente, como essa motivação afeta o desempenho dos envolvidos na
aprendizagem em meio virtual e de que maneira pode ser explorada, nesse
contexto, como estratégia pedagógica. Os resultados aqui apresentados são
oriundos de pesquisa bibliográfica a respeito de ambos os conceitos, da observação
de comportamentos e atitudes docentes e discentes em cursos de graduação e pós-
graduação virtual ao longo de 6 semestres letivos, e da consolidação da discussão
do tema “afetividade e inteligência” em fórum virtual, com um grupo de nove tutores,
no I ENATED – jul./2006.
1. Introdução
O desenvolvimento cognitivo da espécie humana descreve uma trajetória, no
mínimo, sui generis. Mergulhado da percepção/recepção dos fenômenos naturais
externos, e bombardeado internamente por toda a gama de sensações que estes
provocavam no seu corpo, o homem primitivo aprendeu, pouco a pouco, a pensar
sobre o que lhe acontecia, desenvolvendo, assim, seu intelecto. Conforme comenta
Morin, [1] ao longo desse caminho o ser humano operou, também paulatinamente, a
cisão entre o conhecer e o sentir, chegando ao exagero da oposição entre esses
domínios, como se um devesse anular o outro.
Atingimos, dessa forma, a primazia do conhecimento racional, analítico,
fragmentado, especializado, sobre o conhecimento intuitivo, sintético, holístico,
sistêmico. Contudo, esse estado de coisas conduziu também à cegueira que gera o
erro, a ilusão, e, impelida pela necessidade de eliminar esses riscos perceptivos, a
humanidade parece em busca de refazer atualmente seus rumos, caminhando para
a reintegração com o todo do qual se separou. Nesse contexto, as discussões
inter/multi/transdisciplinares vêm à baila, provocando reorganizações sucessivas no
conjunto de saberes produzidos pela ciência.
I ENATED
Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância
52
A retomada da discussão a respeito do antigo binômio opositivo inteligência
versus afetividade, mais acirrada após o surgimento das teorias de Gardner, com as
Inteligências Múltiplas, [2] a partir de 1986; Goleman, com a Inteligência Emocional,
[3] a partir de 1996; e Cury, com a Inteligência Multifocal, [4] a partir de 1999, ocupa
hoje largos espaços no contexto educacional, provocando novas e importantes
ilações.
Em especial no contexto da educação a distância multimidiaticamente
mediada, que tem por base o microcomputador e as redes informatizadas –
evidência atual máxima dos resultados de aplicação da inteligência lógico-racional –
a discussão desse binômio tem importância significativa. É a respeito dele que
passaremos a refletir, neste trabalho, tendo como suporte, além dos estudos
bibliográficos e de campo realizados durante a pesquisa com vistas à elaboração de
tese de doutoramento, as discussões realizadas no I Enated, (Encontro nacional de
Tutores de Educação a Distância – jul/2006) desenvolvido no modelo de
“inconferência”, sob a tutela da ABED (Associação Brasileira de Educação
Distância), no fórum intitulado “Inteligência e Afetividade em EAD.”, sob a
coordenação da autora deste texto.
2. Objetivos
O presente texto tem como objetivo refletir a respeito do papel da afetividade
no processo do aprender, procurando indicar de que forma o ingrediente afetivo e
emocional pode ser utilizado e desenvolvido também em ambientes virtuais de
aprendizagem, a partir do que se conhece e pratica em ambientes educacionais
presenciais, origem da educação a distância e de seus idealizadores, e que ainda
condiciona muitas das atitudes e decisões assumidas nesse novo modelo.
3. Desenvolvimento
3.1 Inteligência versus Afetividade ou Inteligência com, por causa da
Afetividade?
A proposição desse tema para o I Enated foi motivada por dois grandes focos.
O primeiro deles é o estudo da interlocução entre tutores e tutorandos, tema de um
dos capítulos de tese atualmente em fase de texto final, processo no qual a
afetividade desempenha papel decisivo. O segundo surgiu da observação de uma
tendência perigosa em educação a distância via web, também constatada durante o
processo de pesquisa: a transformação da aprendizagem virtual em mero estudo de
textos e realização de tarefas, hipertrofiando as funções lógico-racionais que são
habitualmente consideradas sinais de inteligência. Edgar Morin [5], muito
propriamente, refere-se a esse fenômeno como o resultado da projeção de uma
superestrutura (no caso, o microcomputador e todo o contexto da tecnologia da
informática) no comportamento individual, micro e macro coletivo. Tomando o
conceito de imprinting criado por Konrad Lorenz, desenvolve-o comentando a “marca
matricial que inscreve o conformismo a fundo e a normalização que elimina o que
poderia contestá-lo.” (p.28) Desse modo, o imprinting das tecnologias da informação
e da comunicação (padronização, rotinização, automatismo), tende a manifestar-se
nos processos a que dão suporte e nos resultados que delas se originam. Uma das
participantes registrou interessante postagem a esse respeito: “...conversando com
um amigo da área tecnológica, ele me disse que precisa ser acordado para a
realidade do afeto e da pessoalidade, pois, lidando muito com a máquina, ele se
esquece dessa dimensão, muitas vezes, em si próprio.”
Inteligência, afetividade e aprendizagem
53
Ao iniciar a reflexão a respeito desses dois aspectos humanos - a inteligência
e a afetividade - ingredientes já reconhecidos como base da aprendizagem,
deparamo-nos com duas das crenças que a educação formal do ocidente criou para
si mesma, ao longo de seu desenvolvimento, e que tendem a repetir-se nas
aprendizagens realizadas no meio virtual. Ambas as crenças são objetos de estudo
de diversos pesquisadores, ao longo da história da educação, e mais recentemente
no volume organizado por Valéria Amorim Arantes [6]:
a) intelecção e emoção não devem caminhar juntas, e aprender é, antes de
tudo, um processo intelectivo, não afetivo e não emocional.
b) afetivizar os processos de aprendizagem é minimizar a relação professor-
aluno, retornando aos modelos relacionais infantilizantes vividos entre pais e filhos.
Sobre essas duas equivocadas bases se construiu muito do modelo
educacional que ainda temos hoje, embora todos os esforços em contrário, e a
respeito delas procuraremos discorrer, ao longo desse texto.
3.2 Emoção impulsiona intelecção
Quanto à primeira, iniciaremos com Lima [7], quando diz que “a inteligência,
para Piaget, é o mecanismo geral do comportamento, consistindo a afetividade no
tônus (grau de interesse) da ação.” (p 46) Portanto, não haveria oposição, nem
exclusão de uma em relação à outra, já que compõem as duas partes de um todo,
como em uma moeda, por exemplo, (cara ou coroa) ou numa folha de papel (verso e
anverso), o que pode ser facilmente comprovado observando-se os fatos mais
cotidianos e as frases mais coloquiais, características do senso comum.
A primeira delas é recorrente: “Como você quer que eu estude, se estou com
a cabeça cheia de problemas?” Ora, um problema é sempre uma variável intelectiva,
pois é algo a ser resolvido. Contudo, o fato de não encontrar rapidamente uma
solução satisfatória para uma situação problemática tende a desestabilizar
emocionalmente o sujeito, o que geralmente afeta a eficiência das redes de
conexões que o indivíduo precisa continuar criando enquanto busca o modo de
resolver o problema. Com as redes conectivas bloqueadas, a atividade de pensar
acaba também por sofrer com a presença de obstáculos, sejam eles de natureza
neurobioquímica ou psicológica. Mas, se o problema (seja ele de qualquer natureza)
é resolvido a contento, reforça-se a auto-estima, a autoconfiança, o que termina por
criar as condições necessárias à resolução eficiente de um problema futuro. Célestin
Freinet [8] assim se refere a esse mecanismo: “o ato bem sucedido tende a
reproduzir-se, como se o êxito tivesse deixado uma marca favorável para um
segundo êxito. Se, ao contrário, o ato falha, a força viva mobilizada para o ato reflui
sobre si própria, reforça-se como a água comprimida pela barragem”; (p.58) e
Philippe Perrenoud [9], em outra linguagem, reafirma a mesma idéia: “uma
competência consolidada abre caminho para a consolidação de outra, do mesmo
modo que um bloqueio não ultrapassado favorece a instauração de outros.” (p.86)
Outro comentário recorrente é o que diz respeito ao vínculo que se cria entre
o conteúdo e seu veiculador, comumente expresso por declarações do tipo: “Odeio
essa matéria! O professor é um chato!” Nesse caso, a fusão entre o objeto de
conhecimento (matéria, disciplina, conteúdo a ser aprendido) e o mediador do
processo (professor) é evidente. Preso aos bloqueios estabelecidos com a pessoa, o
aluno desenvolve a rejeição pelo conteúdo, e, para resolver essa situação, é preciso
que encontre outros mediadores mais eficientes ao longo do seu caminho escolar,
capazes de realizar a separação entre a lembrança das experiências não
realizadoras e o assunto, conforme nos diz Cury [op.cit], conduzindo-o, desse modo,
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Apresentação do Curso Introdução a Educação Digital
Apresentação do Curso Introdução a Educação DigitalApresentação do Curso Introdução a Educação Digital
Apresentação do Curso Introdução a Educação DigitalJoseCicero
 
Proinfo integrado aqz
Proinfo integrado aqzProinfo integrado aqz
Proinfo integrado aqzEvenio Matos
 
ProInfo Integrado
ProInfo IntegradoProInfo Integrado
ProInfo Integradodonicleo
 
MOODLE: uso pedagógico das principais ferramentas
MOODLE: uso pedagógico das principais ferramentasMOODLE: uso pedagógico das principais ferramentas
MOODLE: uso pedagógico das principais ferramentasAndrea Dalforno
 
Projeto introdução-à-educação-digital-proinfo-60h
Projeto introdução-à-educação-digital-proinfo-60hProjeto introdução-à-educação-digital-proinfo-60h
Projeto introdução-à-educação-digital-proinfo-60hCarminha
 
Relatório crítico final
Relatório crítico finalRelatório crítico final
Relatório crítico finalLuisa1959
 
O uso da Plataforma Moodle no contexto de PLE
O uso da Plataforma Moodle no contexto de PLEO uso da Plataforma Moodle no contexto de PLE
O uso da Plataforma Moodle no contexto de PLEFaber, B.C.
 
Unidade i
Unidade iUnidade i
Unidade imf2030
 
Musica tecnologia aula
Musica tecnologia aulaMusica tecnologia aula
Musica tecnologia aulaCoordleo
 
Roteiro do curso Ensino Online - Iniciação
Roteiro do curso Ensino Online - IniciaçãoRoteiro do curso Ensino Online - Iniciação
Roteiro do curso Ensino Online - IniciaçãoDebora Cunha
 
O FóRum De Discussão
O FóRum De DiscussãoO FóRum De Discussão
O FóRum De DiscussãoGilmara Ozorio
 
Oficina de planejamento
Oficina de planejamentoOficina de planejamento
Oficina de planejamentoacaidigital
 
Atividades no módulo Redes de Aprendizagem
Atividades no módulo Redes de AprendizagemAtividades no módulo Redes de Aprendizagem
Atividades no módulo Redes de Aprendizagemproinfoundimeparaiba
 
A tessitura do conhecimento via mídias e redes sociais da internet: Notas de ...
A tessitura do conhecimento via mídias e redes sociais da internet: Notas de ...A tessitura do conhecimento via mídias e redes sociais da internet: Notas de ...
A tessitura do conhecimento via mídias e redes sociais da internet: Notas de ...Rosemary Santos
 
Me programa te_clara_coutinho
Me programa te_clara_coutinhoMe programa te_clara_coutinho
Me programa te_clara_coutinhoRicardo Carvalho
 
Artigo ciclo de palestras
Artigo ciclo de palestrasArtigo ciclo de palestras
Artigo ciclo de palestrasGueti Greif
 

Mais procurados (17)

Apresentação do Curso Introdução a Educação Digital
Apresentação do Curso Introdução a Educação DigitalApresentação do Curso Introdução a Educação Digital
Apresentação do Curso Introdução a Educação Digital
 
Proinfo integrado aqz
Proinfo integrado aqzProinfo integrado aqz
Proinfo integrado aqz
 
ProInfo Integrado
ProInfo IntegradoProInfo Integrado
ProInfo Integrado
 
MOODLE: uso pedagógico das principais ferramentas
MOODLE: uso pedagógico das principais ferramentasMOODLE: uso pedagógico das principais ferramentas
MOODLE: uso pedagógico das principais ferramentas
 
Projeto introdução-à-educação-digital-proinfo-60h
Projeto introdução-à-educação-digital-proinfo-60hProjeto introdução-à-educação-digital-proinfo-60h
Projeto introdução-à-educação-digital-proinfo-60h
 
Relatório crítico final
Relatório crítico finalRelatório crítico final
Relatório crítico final
 
O uso da Plataforma Moodle no contexto de PLE
O uso da Plataforma Moodle no contexto de PLEO uso da Plataforma Moodle no contexto de PLE
O uso da Plataforma Moodle no contexto de PLE
 
UnidadeII
UnidadeIIUnidadeII
UnidadeII
 
Unidade i
Unidade iUnidade i
Unidade i
 
Musica tecnologia aula
Musica tecnologia aulaMusica tecnologia aula
Musica tecnologia aula
 
Roteiro do curso Ensino Online - Iniciação
Roteiro do curso Ensino Online - IniciaçãoRoteiro do curso Ensino Online - Iniciação
Roteiro do curso Ensino Online - Iniciação
 
O FóRum De Discussão
O FóRum De DiscussãoO FóRum De Discussão
O FóRum De Discussão
 
Oficina de planejamento
Oficina de planejamentoOficina de planejamento
Oficina de planejamento
 
Atividades no módulo Redes de Aprendizagem
Atividades no módulo Redes de AprendizagemAtividades no módulo Redes de Aprendizagem
Atividades no módulo Redes de Aprendizagem
 
A tessitura do conhecimento via mídias e redes sociais da internet: Notas de ...
A tessitura do conhecimento via mídias e redes sociais da internet: Notas de ...A tessitura do conhecimento via mídias e redes sociais da internet: Notas de ...
A tessitura do conhecimento via mídias e redes sociais da internet: Notas de ...
 
Me programa te_clara_coutinho
Me programa te_clara_coutinhoMe programa te_clara_coutinho
Me programa te_clara_coutinho
 
Artigo ciclo de palestras
Artigo ciclo de palestrasArtigo ciclo de palestras
Artigo ciclo de palestras
 

Semelhante a DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Slideintroduoaeducaodigital
SlideintroduoaeducaodigitalSlideintroduoaeducaodigital
Slideintroduoaeducaodigitalmarciom26
 
Slideintroduoaeducaodigital
SlideintroduoaeducaodigitalSlideintroduoaeducaodigital
SlideintroduoaeducaodigitalAndrea DE Brito
 
Apresentação do Curso Introdução à Educação Digital
Apresentação do Curso Introdução à Educação DigitalApresentação do Curso Introdução à Educação Digital
Apresentação do Curso Introdução à Educação Digitaltecampinasoeste
 
Projeto de curso em ambiente virtual
Projeto de  curso em ambiente  virtualProjeto de  curso em ambiente  virtual
Projeto de curso em ambiente virtualculturaafro
 
Ambientes virtuais de aprendizagem (ava) e redes sociais joao paulo
Ambientes virtuais de aprendizagem (ava) e redes sociais  joao pauloAmbientes virtuais de aprendizagem (ava) e redes sociais  joao paulo
Ambientes virtuais de aprendizagem (ava) e redes sociais joao pauloMARA DAISY ALVES RIBEIRO
 
Esboco aprendizagem online
Esboco aprendizagem onlineEsboco aprendizagem online
Esboco aprendizagem onlinemilite correia
 
Design pedagógico na EAD e a integração de mídias
Design pedagógico na EAD e a integração de mídiasDesign pedagógico na EAD e a integração de mídias
Design pedagógico na EAD e a integração de mídiasRenata Aquino
 
[2014 11] concepção de ambientes colaborativos de aprendizagem design de red...
[2014 11] concepção de ambientes colaborativos de aprendizagem  design de red...[2014 11] concepção de ambientes colaborativos de aprendizagem  design de red...
[2014 11] concepção de ambientes colaborativos de aprendizagem design de red...UFPE
 
Projeto oficina
Projeto oficinaProjeto oficina
Projeto oficinasanrose18
 
Trilhas de aprendizagem_07 de novembro (1).pptx
Trilhas de aprendizagem_07 de novembro (1).pptxTrilhas de aprendizagem_07 de novembro (1).pptx
Trilhas de aprendizagem_07 de novembro (1).pptxAyllaMairaMuniz1
 
Relatório p pe l e ava ameliamungoi- 1400534
Relatório p pe l e ava  ameliamungoi- 1400534Relatório p pe l e ava  ameliamungoi- 1400534
Relatório p pe l e ava ameliamungoi- 1400534muhane
 
Revista Educação Pública - A importância dos fóruns na Educação a Distância_ ...
Revista Educação Pública - A importância dos fóruns na Educação a Distância_ ...Revista Educação Pública - A importância dos fóruns na Educação a Distância_ ...
Revista Educação Pública - A importância dos fóruns na Educação a Distância_ ...AnaCristiane3
 
Relatório PPeL e ava ameliamungoi- 1400534
Relatório PPeL e ava  ameliamungoi- 1400534Relatório PPeL e ava  ameliamungoi- 1400534
Relatório PPeL e ava ameliamungoi- 1400534rositajunior
 
ApresentaçãO1 2ª
ApresentaçãO1 2ªApresentaçãO1 2ª
ApresentaçãO1 2ªguest2ddfa43
 
Introdução a Educação Digital
Introdução a Educação DigitalIntrodução a Educação Digital
Introdução a Educação Digitalmargadacunha
 

Semelhante a DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (20)

Slideintroduoaeducaodigital
SlideintroduoaeducaodigitalSlideintroduoaeducaodigital
Slideintroduoaeducaodigital
 
Slideintroduoaeducaodigital
SlideintroduoaeducaodigitalSlideintroduoaeducaodigital
Slideintroduoaeducaodigital
 
Unidade 3
Unidade 3Unidade 3
Unidade 3
 
Apresentação do Curso Introdução à Educação Digital
Apresentação do Curso Introdução à Educação DigitalApresentação do Curso Introdução à Educação Digital
Apresentação do Curso Introdução à Educação Digital
 
Projeto de curso em ambiente virtual
Projeto de  curso em ambiente  virtualProjeto de  curso em ambiente  virtual
Projeto de curso em ambiente virtual
 
EDUCAÇÃO DIGITAL
EDUCAÇÃO DIGITALEDUCAÇÃO DIGITAL
EDUCAÇÃO DIGITAL
 
Ambientes virtuais de aprendizagem (ava) e redes sociais joao paulo
Ambientes virtuais de aprendizagem (ava) e redes sociais  joao pauloAmbientes virtuais de aprendizagem (ava) e redes sociais  joao paulo
Ambientes virtuais de aprendizagem (ava) e redes sociais joao paulo
 
Web ufpel 1
Web ufpel 1Web ufpel 1
Web ufpel 1
 
1º encontro
1º encontro1º encontro
1º encontro
 
Esboco aprendizagem online
Esboco aprendizagem onlineEsboco aprendizagem online
Esboco aprendizagem online
 
Design pedagógico na EAD e a integração de mídias
Design pedagógico na EAD e a integração de mídiasDesign pedagógico na EAD e a integração de mídias
Design pedagógico na EAD e a integração de mídias
 
[2014 11] concepção de ambientes colaborativos de aprendizagem design de red...
[2014 11] concepção de ambientes colaborativos de aprendizagem  design de red...[2014 11] concepção de ambientes colaborativos de aprendizagem  design de red...
[2014 11] concepção de ambientes colaborativos de aprendizagem design de red...
 
Projeto oficina
Projeto oficinaProjeto oficina
Projeto oficina
 
Pub 1291082475
Pub 1291082475Pub 1291082475
Pub 1291082475
 
Trilhas de aprendizagem_07 de novembro (1).pptx
Trilhas de aprendizagem_07 de novembro (1).pptxTrilhas de aprendizagem_07 de novembro (1).pptx
Trilhas de aprendizagem_07 de novembro (1).pptx
 
Relatório p pe l e ava ameliamungoi- 1400534
Relatório p pe l e ava  ameliamungoi- 1400534Relatório p pe l e ava  ameliamungoi- 1400534
Relatório p pe l e ava ameliamungoi- 1400534
 
Revista Educação Pública - A importância dos fóruns na Educação a Distância_ ...
Revista Educação Pública - A importância dos fóruns na Educação a Distância_ ...Revista Educação Pública - A importância dos fóruns na Educação a Distância_ ...
Revista Educação Pública - A importância dos fóruns na Educação a Distância_ ...
 
Relatório PPeL e ava ameliamungoi- 1400534
Relatório PPeL e ava  ameliamungoi- 1400534Relatório PPeL e ava  ameliamungoi- 1400534
Relatório PPeL e ava ameliamungoi- 1400534
 
ApresentaçãO1 2ª
ApresentaçãO1 2ªApresentaçãO1 2ª
ApresentaçãO1 2ª
 
Introdução a Educação Digital
Introdução a Educação DigitalIntrodução a Educação Digital
Introdução a Educação Digital
 

Último

A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...azulassessoria9
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOAulasgravadas3
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptMaiteFerreira4
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxDianaSheila2
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreElianeElika
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdfLeloIurk1
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdflucassilva721057
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresAnaCarinaKucharski1
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 

Último (20)

A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
 
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃOFASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
FASE 1 MÉTODO LUMA E PONTO. TUDO SOBRE REDAÇÃO
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.pptLiteratura Brasileira - escolas literárias.ppt
Literatura Brasileira - escolas literárias.ppt
 
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptxAtividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
Atividade sobre os Pronomes Pessoais.pptx
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
 
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
5 bloco 7 ano - Ensino Relogioso- Lideres Religiosos _ Passei Direto.pdf
 
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdfNoções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
Noções de Farmacologia - Flávia Soares.pdf
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos DescritoresATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
ATIVIDADE PARA ENTENDER -Pizzaria dos Descritores
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 

DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

  • 1. ENCONTRO NACIONAL DE TUTORES DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
  • 2.
  • 3. DEBATENDO SOBRE O PAPEL DO TUTOR NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COLETÂNEA DE TEXTOS APRESENTADOS DURANTE O I ENCONTRO NACIONAL DE TUTORES DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ORGANIZAÇÃO PAULO EDUARDO AMBRÓSIO RIBEIRÃO PRETO 2006
  • 4. Todos os textos apresentados nessa coletânea são de responsabilidade dos seus respectivos autores. AUTORIZADA A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE MATERIAL, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. FICHA CATALOGRÁFICA Ambrósio, Paulo Eduardo Debatendo sobre o papel do tutor na educação a distância. Organizado por Paulo Eduardo Ambrósio. Ribeirão Preto, 2006. 130 p. : il.; 30cm. Coletânea de textos apresentados durante o I Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância. 1. Educação a distância. 2. Tutor. I. ENATED
  • 5. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância “Inconferência” Online 10 a 21 de julho de 2006 Idealização: Wilson Azevedo Comissão de Organização: Ana Mauriceia Castellani Eveline Peters Juliana Carvalho Luiz Cláudio Biagiotti Paula Cristiane de Oliveira Paulo Eduardo Ambrósio Rafael Lacerda Apoio: Grupo de Discussão EADBR http://groups.google.com.br/group/eadbr
  • 6.
  • 7. Apresentação É com muita satisfação que apresentamos este livro. Ele é o fruto do esforço coletivo de várias pessoas que acreditam que o desenvolvimento de uma área se deve, sobretudo, ao trabalho conjunto e ao debate de idéias. Este livro é uma coletânea de textos de diferentes autores – professores, pesquisadores e estudiosos – especialistas em suas áreas, que têm em comum o pensamento de que existe uma figura primordial para o sucesso de um programa de Educação a Distância – o TUTOR. Para debater temas que permeiam a atividade do Tutor de Educação a Distância, foi idealizado um evento para acontecer de forma online, pela Internet, possibilitando a participação do maior número de interessados. A partir do lançamento da idéia inicial na lista de discussões EADBR (http://groups.google.com.br/group/eadbr), foi organizado o I ENATED – Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância, evento que durante duas semanas de atividades online, permitiu a integração de mais de 760 participantes, por meio de valiosos debates a respeito de 21 temas de fundamental importância para o desenvolvimento da atividade do tutor. Foram recebidas 51 propostas para debate durante o evento. Devido a algumas semelhanças, estas foram agrupadas em um total de 34 temas. Cada tema contou com um ou mais responsáveis pela sua condução. Ao término da programação do evento, os responsáveis pelos temas foram convidados e escreverem um texto sobre o assunto, e sobre o próprio desenvolvimento dos debates. Esses textos são agora disponibilizados por meio dessa coletânea. Espero que o livro seja bastante proveitoso. Boa leitura. Paulo Eduardo Ambrósio
  • 8.
  • 9. RELAÇÃO DE TEMAS E RESPONSÁVEIS Ambientes virtuais de aprendizagem Cleibson Almeida Aplicações da EaD: A comunicação e o idoso Devani Salomão de Moura Reis Aplicações da EaD: Educação básica Kátia Calligaris Rodrigues Aplicações da EaD: Educador produtor e divulgador Leiko Nemoto de Barcellos Ferreira Aprendizagem colaborativa em ambientes virtuais Cynthia Enoque Avaliação em cursos à distância Mônica Schüler Menslin / Joaes Freitas de Paula / Edith Domingues Capacitação de tutores de EaD Wilson Azevedo Como não recriar a educação presencial na EaD Cristina Brites Criatividade na EaD Diva Marília Flemming Desnivelamentos técnicos e culturais Jordons Tevis Francisco Direitos de expressão do aluno Maria Cristiane Barbosa Galvão
  • 10. Gestão em EaD Marcelo Franca Alves Graduação através da EaD Angélica Pegoraro Einhardt Inclusão digital Solange Figueiredo Instalação e utilização de ferramentas e-Learning Douglas Eduardo Andreto Inteligência e afetividade em EaD Sheila da Costa Oliveira Meios digitais na formação do tutor João Matias Santos Papel do tutor em EaD Maria Inmaculada Chão Cabanas / Enilton Ferreira Rocha Remuneração dos tutores Enilton Ferreira Rocha Segurança de acesso Mary Caroline Skelton Macedo / Kleber Aristides Ribeiro Transformações sociais da EaD Cibele Amaral
  • 11. SUMÁRIO 1 Planejamento e avaliação do 1º Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância online Ana Mauriceia Castellani ................................................................................................................ 13 2 Avaliação em educação a distância Mônica Schüler Menslin ................................................................................................................... 23 3 Graduação com qualidade em EaD Angélica Pegoraro Einhardt ..............................................................................................................35 4 Aplicações da EaD: A comunicação e o idoso Devani Salomão de Moura Reis ........................................................................................................43 5 Inteligência, afetividade e aprendizagem Sheila da Costa Oliveira ...................................................................................................................51 6 O papel da gestão no sucesso de programas em educação a distância (EaD) Marcelo Franca Alves .......................................................................................................................63 7 Segurança de acesso a conteúdos de EAD Mary Caroline Skelton-Macedo, Rielson José Alves Cardoso, Mário Asprino Macedo ....................71 8 Aprendizagem colaborativa em ambientes virtuais Cynthia Enoque ............................................................................................................................... 81 9 O papel do tutor em ambientes virtuais Gilda Aquino de Araújo Mendonça, Cleibson Aparecido de Almeida .............................................89 10 Papel do tutor na EaD e a sua remuneração Enilton Ferreira Rocha .....................................................................................................................101 11 Ambientes virtuais de aprendizagem Cleibson Aparecido de Almeida ........................................................................................................117 12 Transformações sociais através da educação a distância Cibele Amaral ..................................................................................................................................127
  • 12.
  • 13. 13 Planejamento e Avaliação do 1º Encontro Nacional de Tutores De Educação a Distância Online Ana Mauriceia Castellani Resumo Neste artigo é descrito o planejamento do 1º Encontro Nacional de Tutores De Educação a Distância, realizado através do modelo de Inconferência totalmente online. Os participantes tiveram a oportunidade de debater temas voltados à educação a distância, propostos previamente pelos próprios participantes. Cada tema contou com a mediação de um responsável e todos os participantes poderiam inscrever-se e contribuir em quantos temas quisessem. Como plataforma para a realização de todo o evento optou-se pelo Moodle (Ambiente Virtual de Aprendizagem). 1 Introdução A utilização de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), possibilita a organização de eventos síncronos e assíncronos. Em eventos síncronos faz-se necessária a utilização de ferramentas de comunicação como video conferencia ou web-conferência. Nestes casos deve-se prever no orçamento do evento os custos de transmissão, os quais podem ser relativamente altos. Na utilização de transmissão via satélite, a participação dos ouvintes fica restrita a perguntas via telefone ou através da internet, na forma de Chat. Em se tratando de eventos assíncronos, estes contam com a estrutura da web para a distribuição e participação dos ouvintes. Normalmente, os meios mais comuns são as listas de discussão ou fóruns de discussão, os quais podem ser moderados ou não. As atividades podem ser desenvolvidas em ambientes colaborativos baseados na web, que devem contar com ferramentas de comunicação e mediação. Ambientes de aprendizagem podem ser utilizados para este fim, sendo estes softwares proprietários ou softwares livres. Existe também a
  • 14. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 14 possibilidade da utilização de páginas web simples, mas que contemplem alguns requisitos desejáveis para o desenvolvimento do evento, como login e senha de entrada, bem como a possibilidade de disponibilização do material e fórum de discussão. Este tipo de evento apresenta algumas vantagens como a flexibilidade do tempo e espaço, inerentes à metodologia utilizada. O custo pode ainda variar conforme os recursos tecnológicos utilizados. Este trabalho apresenta o planejamento de uma Inconferência, a qual foi realizada totalmente online. Os participantes tiveram a oportunidade de debater temas voltados a eduação a distância, os quais foram propostas pelos eles próprios, sendo realizado entre os dias 10 e 30 de julho de 2006. Este evento utilizou o Moodle (Ambiente Virtual de Aprendizagem) como plataforma para a realização de todas as atividades propostas, como fóruns e chats programados. Cada tema contou com a mediação de um responsável e todos os participantes poderiam inscrever-se e contribuir em quantos temas quisessem. 2 Desenvolvimento Todo o planejamento deste encontro apresentou características importantes para o seu desenvolvimento. Todas as caracteristicas foram levantadas por uma equipe organizadora. A figura 1 apresenta uma visão geral do planejamento para o evento. Figura 1 – Visão geral do Planejamento do ENATED
  • 15. Planejamento e avaliação do 1º Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 15 2.1 Pré-encontro Nesta fase do encontro, foram estabelecidas as diretrizes para o seu encaminhamento. Tal planejamento foi realizado através de um grupo de discussão aberto no Yahoo Grupos. Os membros da comissão definiram como seriam realizados os trabalhos e todo o andamento do encontro. A proposta de inconferência foi amplamente debatida pelo grupo, sendo definidas as caracteristicas principais e as diretrizes a serem apresentadas aos participantes e proponentes de temas. Estabeleceu-se também que este seria um evento totalmente gratuito, e não resultaria em emissão de certificados para os participantes. Conforme calendário definido estabeleceu-se a forma de pré- inscrição e posterior envio de temas. A forma de divulgação foi principalmente a eletrônica, através de lista de discussão sobre o tema e publicações na área. Figura 2 – Definições do pré-encontro. Definiu-se que seriam realizadas pré-inscrições diretamente no site da Aquifolium, sendo que os participantes deveriam preencher campos com o seu nome e e- mail. Por se tratar de um encontro virtual, fez-se necessária a definição da
  • 16. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 16 tecnologia a ser adotada para a condução dos trabalhos. Esta ferramenta deveria apresentar algumas características básicas, como a possibilidade de atividades síncronas e assíncronas. Como assíncronas designam-se os fóruns. Foi aberta também a possibilidade de utilização de atividades síncronas como Chats. Um outro ponto importante para este modelo de evento, é a definição do responsável de cada tema. Esta definição foi realizada através do envio dos temas por cada participante, e verificação pelos membros da comissão da possibilidade de convergência de temas, e também quanto a sua pertinência com os objetivos gerais do evento. 2.2 O Ambiente Para ancorar um encontro, cujas perspectivas de inscrição apontavam para a possibilidade do número de inscritos ser superior a 1000, foi necessário o estudo de uma ferramenta que se possibilitasse ferramentas de inscrição, mediaçao e condução deste evento. A figura 2 apresenta uma descrição simplificada das características necessárias do ambiente para o evento. Figura 3 – Planejamento para o ambiente
  • 17. Planejamento e avaliação do 1º Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 17 O ambiente virtual escolhido foi o Moodle, que se caracteriza por ser um software para produzir e gerenciar atividades educacionais, baseadas na Internet e/ou em redes locais. Este ambiente é projetado para apoiar o ensino centrado nas atividades, e conjuga um sistema de administração de ações educativas. Ainda devido à possibilidade de um grande número de inscritos, optou-se pela configuração de uma senha única para todos os participantes, a qual seria enviada juntamente com as instruções básicas do ambiente, através de e-mail individual dos inscritos. Cada participante deveria realizar as alterações no perfil pessoal e senha, assim que entrasse no ambiente. Dentro deste ambiente criou-se um espaço virtual chamado de Coffee Break, que foi utilizado como espaço para troca de informações entre todos os participantes do evento. Neste espaço não foram designados mediadores, sendo livre para a postagem dos mais diversos assuntos. Quanto aos temas, foi disponibilizado um espaço com uma configuração mínima, como o título do Tema e nome do Mediador responsável ou responsáveis, e também um fórum inicial, para cada tema proposto. Os Mediadores designados poderiam realizar as alterações necessárias para os seus temas. 2.3 Temas A inconferência propõe um modelo altamente colaborativo, onde o participante atua desde a escolha dos temas. Neste evento, os participantes pré-inscritos foram convidados através de uma mensagem eletrônica, a enviarem a proposta de temas para discussão. Alguns dados pessoais, bem como a formatação das salas de discussão, foram solicitados nesta etapa (figura 4).
  • 18. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 18 Figura 4 – As características dos temas de discussão. Os temas deveriam ser enviados na forma de um resumo de no máximo 200 palavras, juntamente com o Título sugerido pelo responsável. A seleção dos temas foi realizada pelos membros da comissão, e organizados pela convergência entre os assuntos. Após a definição dos temas foi comunicada aos proponentes a abertura dos temas apresentados e as informações básicas para o início do evento. 2.5 O Mediador Neste evento, o Mediador desenpenhou um papel muito importante na condução dos trabalhos. Este mediador foi definido a partir do envio dos temas realizado pelos participantes.
  • 19. Planejamento e avaliação do 1º Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 19 Figura 5 – O papel do Mediador O mediador foi o responsável pela escolha das ferramentas de comunicação que foram disponibilizadas pelo ambiente. Os temas coincidentes foram agrupados, e as atividades de mediação, neste caso, foram desenvolvidas por mais de um mediador. 3 Avaliação Geral do Enated A avaliação do Enated foi uma etapa muito importante, realizada ao final do evento. Foi solicitados aos participantes que respondessem 10 questões objetivas, que versaram sobre diversas características do evento. Solicitou-se também que os participantes postassem mensagens abertas em um fórum, respondendo a 4 questões
  • 20. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 20 4 O Enated em Números Após o término do encontro, alguns dados foram compilados para que se pudesse avaliar o evento como um todo. Alguns destes números são apresentados a seguir. O seminário contou com 761 usuários inscritos, apresentando 128089 acessos, um número expressivo tanto de usuários como de acessos. Quanto aos temas, foram desenvolvidos um número total de 34, contando com 39 mediadores. A lista dos temas abordados é apresentada a seguir. TEMAS PROPOSTOS PARA O ENATED Ambientes Virtuais de Aprendizagem Aplicações da EaD: A Comunicação e o Idoso Aplicações da EaD: Contabilidade Aplicações da EaD: Educação Básica Aplicações da EaD: Educação Corporativa Aplicações da EaD: Educador Produtor e Divulgador Aplicações da EaD: Ensino de Ciências Aplicações da EaD: Epidemia HIV/AIDS Aplicações da EaD: Língua Portuguesa Aplicações da EaD: Música no Ensino Médio Aplicações da EaD: Pessoas com Necessidades Especiais Aprendizagem Colaborativa em Ambientes Virtuais Aspectos Subjetivos da Aprendizagem Virtual Avaliação em Cursos à Distância Capacitação de tutores de EaD Como Não Recriar a Educação Presencial na EaD Criatividade na EaD Desnivelamentos Técnicos e Culturais Dialogicidade na EaD Direitos Autorais Direitos de Expressão do Aluno EaD nas Instituições Públicas Estratégias para motivação do aluno de EaD Gestão em EaD Graduação Através da EaD Inclusão Digital Instalação e Utilização de Ferramentas e-Learning Inteligência e Afetividade em EaD Meios Digitais na Formação do Tutor Papel do tutor em EaD Proposta Pedagógica para EaD Remuneração dos Tutores Segurança de Acesso Transformações Sociais da EaD
  • 21. Planejamento e avaliação do 1º Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 21 Durante todo o período foram postadas 2489 mensagens, em todos os fóruns realizados no ambiente. No espaço comum disponibilizado aos participantes, designado Coffee Break, circularam 364 mensagens de 336 inscritos. Tabela 1 – Principais números do enated. NOME Número de Acessos Número de Inscritos Número de mensagens COFFEE BREAK 3537 336 364 PARTICIPAÇÃO GERAL 761 108089 2489 5 Considerações finais Na educação, a utilização de novas tecnologias de comunicação têm proporcionado a possibilidade de disseminação de conhecimento e formação de redes colaborativas, baseada em novos ambientes e oportunidades para desenvolvimentos de novas formas de aprendizagem e trabalho. Neste sentido, o modelo de inconferência mostra-se muito interessante, possibilitando uma interação entre os participantes, bem como a participação efetiva nas discussões. A utilização de ferramentas assíncronas baseadas em web proporciona ainda a flexibilização do tempo e espaço, tão importantes nos dias atuais. A análise dos números apresentados neste primeiro encontro mostra a viabilidade deste tipo de evento e a importancia que pode ter neste novo cenário virtual. Novos encontros, poderão servir-se destas ferramentas para ampliar a sua abrangência tanto territorial, quanto aprofundar temas de discussões em ambientes colaborativos. Referências MORAN, J. M., MASETTO, M. T. e BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica, 6.ed. Campinas: Papirus, 2003.
  • 22.
  • 23. 23 Avaliação em Educação a Distância Mônica Schüler Menslin Resumo A avaliação e o planejamento engendram os processos de desenvolvimento do ser humano. Enquanto planejamento é o ato pelo qual ele decide o que construir, a avaliação é o ato crítico que o subsidia na verificação de como está construindo suas aprendizagens. A avaliação atravessa o ato de planejar e de executar, por isso contribui em todo o percurso da ação planificada. Portanto, a avaliação é uma ferramenta necessária ao ser humano no processo de construção dos resultados que planificou produzir, assim como para o redimensionamento da direção da ação. 1 Introdução Este texto tem como finalidade o registro das reflexões e discussões realizadas no decorrer do Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância, realizado no período de 10 a 30 de julho de 2006. Buscando organizar as discussões em torno das possíveis propostas de avaliação em EAD, alguns tópicos serviram de pontos de referência que, necessariamente, não surgiram na seqüência determinada a seguir e, sim, no interior de cada discussão feita: 1. O Nó - Nossa Visão de Avaliação Escolar - Mitos e Desafios 2. Muda o Trabalho Escolar, Muda a Avaliação 2. A Avaliação Centrada em Processos, como Crítica de Percursos 3. Algumas Possibilidades e Instrumentos de Avaliação em EAD: 3.1 A avaliação mediada por critérios (Avaliação por Rubricas); 3.2 A auto-avaliação; 3.3 A avaliação do grupo de trabalho; 3.4 A proposta de resolução de problemas; 3.5 Avaliações presenciais em EAD.
  • 24. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 24 Conceitos Teóricos: concepção de avaliação, avaliação formativa, processo, instrumentos de avaliação. 2 Objetivos 2.1 Discutir aspectos relativos aos mitos e desafios da avaliação escolar. 2.2 Conhecer possibilidades e instrumentos de avaliação em EAD. 2.3 Perceber a relação intrínseca entre mudança na avaliação e na escola. Proposta metodológica centrada no uso do computador como recurso de comunicação e informação, com ênfase na utilização do fórum de discussão e indicações de leituras de referências bibliográficas. Pesquisa base do conteúdo do fórum realizada em campo virtual e em bibliografia específica ao longo dos vários cursos na modalidade de EAD realizados pela autora. 3 Desenvolvimento Situando as discussões realizadas, confrontando as reflexões dos participantes com as referências-base: 3.1 Esquentando os “motores” da discussão • O modelo atual de escola e de processo educativo acena para a oportunidade de mudança na avaliação? • Quanto tempo tem sobrado para você planejar junto com seus alunos as próximas ações desencadeadoras de aprendizagem? • Poder sentar com os grupos de discutir os assuntos que fervilham curiosidades por parte dos alunos? • Poder parar e observar atitudes, falas, expressões que muito dizem sobre que é esse aluno e como ele está pensando sobre determinado tema? • Será que em EAD vamos utilizar os mesmos instrumentos, e criar outros "nós" também nesta modalidade de ensino e perpetuar a escola do século XIX em pleno século XXI, com e para alunos deste século? • Vamos ressuscitar velhos paradigmas do ensino presencial e transportá-los para a EAD sob o pretexto de temermos perder o "controle sobre os nossos alunos"?
  • 25. Avaliação em Educação a Distância 25 3.2 Concepção de Avaliação e sua Influência na Escolha do Instrumento mais Adequado em EAD Tanto alunos como professores devem estar preparados para fazer um curso à distância. Os envolvidos precisam rever seus conceitos sobre ensino, aprendizagem e avaliação quando o assunto é EAD. A concepção do que é cultura, a atitude pedagógica do professor, a ausência de clareza sobre aspectos relativos ao processo educativo em ambientes virtuais e o desconforto tecnológico de alguns alunos e professores na utilização de instrumentos de interação e colaboração on-line são fatores que determinam a escolha desta ou daquela estratégia ou instrumento de avaliação, tanto em cursos presenciais, como em cursos a distância. A avaliação em EAD deve estar baseada na autonomia, autodidaxia, pesquisa e autoria, competências importantes na formação de um indivíduo crítico e consciente. Cabe salientar o cuidado que se deve ter ao selecionar estratégias de avaliação, uma vez que a avaliação não é gratuita, como afirmam Silveira e Murashima (2004). E complementam, Ela não é uma atividade neutra. Pode sim, tornar-se um mecanismo de conservação e reprodução da sociedade, já que, por vezes, o autoritarismo é elemento necessário à garantia de modelos sociais, daí a prática da avaliação manifestar-se de forma autoritária. Compreender a avaliação como uma forma de transformar a sociedade, superando o autoritarismo, é o primeiro passo para o desenvolvimento da igualdade, conquista da autonomia e da reciprocidade de relações. Este modelo de avaliação transformadora e democrática pressupõe que seja formativa, servindo para que o aluno faça correção de percursos, refazendo o caminho no caminhar, rumo às novas descobertas e superação de obstáculos. Segundo Palloff e Pratt (2004), O processo reflexivo que deve ser incentivado nos cursos on-line é a base da avaliação centrada nos alunos. Sendo centrada no aluno, o auxiliará a se responsabilizar por seus avanços e recuos, por seus atos, por suas escolhas, uma vez que o ajudará a rever, através de atitude reflexiva, os pontos que poderão ser aprimorados durante sua trajetória.
  • 26. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 26 Ângelo e Cross (1993) afirmam que, Cooperando na avaliação, os alunos reforçam sua capacidade de entender o conteúdo do curso e de fortalecer suas habilidades de auto-avaliação. Sendo assim, avaliando de maneira colaborativa seu próprio progresso e o progresso do curso, passarão a confiar nos princípios básicos da comunidade de aprendizagem. A avaliação processual, desenvolvida no dia-a-dia de um curso virtual e o desenvolvimento e acompanhamento dos alunos no processo educativo em EAD, valem tanto para a educação à distância, como para a presencial. A qualidade do instrumento está mais no uso que dele se faz para a compreensão do caminho percorrido pelo aluno, sinalizando ao professor-mediador o que precisa ser mudado, aprofundado e, para o aluno, os avanços que logrou conquistar através de suas ações. Palloff e Pratt (2004) afirmam que, A boa avaliação em um curso on-line começa no primeiro dia e vai até o final do processo. Pensar em planejar as ações educativas, sem considerar a concepção que norteia a prática pedagógica do professor, da instituição escolar e do sistema, seria relegar a um plano menos significativo a base da pirâmide na qual se assenta toda a razão de ser e existir da escola. Como confirmam Palloff e Pratt (2004), Acreditamos que uma boa prática de avaliação do aluno seja parte da boa prática de ensino. Por isso, é importante e urgente que a comunidade escolar se reúna e discuta acerca da organização curricular, organização de espaços e tempos escolares e escolham, de forma reflexiva e dialógica, os instrumentos de avaliação condizentes com seus objetivos e com o aporte humano e material que possui. Especificando um pouco mais sobre a escolha dos instrumentos mais adequados para a realização da avaliação, Morgan e O’Reilly (1999) apresentam seis qualidades fundamentais da avaliação dos alunos on-line: Uma justificativa clara e uma abordagem pedagógica consistente; valores, metas, critérios e padrões claros; tarefas autênticas e holísticas; uma estrutura facilitadora; acompanhamento formativo suficiente e adequado; consciência do contexto de aprendizagem e das percepções inerentes a ele. (...) Quando curso e avaliação estão alinhados, os professores e os alunos ficam mais satisfeitos com o resultado do processo de aprendizagem.
  • 27. Avaliação em Educação a Distância 27 3.3 Alguns Instrumentos de Avaliação em EAD Após discussão sobre concepções avaliativas, o grupo começou a trocar idéias a respeito dos tipos de avaliação, buscando compreender a relação entre contexto educacional e escolha do melhor instrumento avaliativo em EAD. Em termos de tipologia, a avaliação tanto pode ser contínua, acontecendo durante o processo educativo, como pode ser pontual, realizada em momentos bem definidos. Um dos exemplos citados foi a montagem do portfólio ou do diário de bordo. As atividades de envio por e-mail, disponibilização de espaços de debate em chats e fóruns, avaliações de tarefas específicas no decorrer de um curso ou auto-avaliação se constituem em outras alternativas levantadas pelo grupo de discussão. Parada para discutir melhor a respeito de avaliação quantitativa, como controle de presença virtual e participação pelo sistema de gestão da aprendizagem e a qualitativa, através do resultado da capacidade de produção de textos, artigos, trabalhos individuais e em grupo e a qualidade da interação e colaboração em atividades virtuais durante o curso. Em seguida, levantou-se a polêmica discussão sobre medida e julgamento em avaliação. Noya (1998), nos esclarece sobre a diferença entre os dois conceitos, Medida é um processo sistemático com o objetivo de desenvolver uma descrição quantitativa e qualitativa da performance ou do comportamento do aprendiz. Muitas vezes as medidas não constituem uma informação suficiente para relatar a performance do aprendiz, e então alguma forma de julgamento deve ser feita sobre elas. O julgamento da medida aborda a adaptação ou a validade de uma performance particular de conhecimento, do entendimento, das habilidades ou dos sentimentos dos aprendizes. Um exemplo de medida são os relatórios de participação. A partir deles o professor pode realizar o seu julgamento com relação aos acontecimentos nas atividades do curso. Atualmente, na maior parte dos cursos on-line oferecidos existem relatórios que ajudam a situar os aprendizes nos eventos do curso, avaliar seu progresso e compará-lo com o de seus colegas. O mais interessante nas discussões é que, a todo o momento, vinha à tona a questão da obrigatoriedade da nota junto ao sistema de ensino, no sentido de prestar contas, de forma burocrática, aos pais dos alunos e dirigentes educacionais das mais diversas instâncias. Houve até quem sugerisse trocar a nota por um conceito. Possibilidade que foi descartada pelo grupo, uma vez que “iria ser trocado seis por meia dúzia” e apontaria para uma visão de “avaliação somente enquanto medida de conhecimentos”, como se somente este componente avaliativo fosse suficiente para dar conta da complexidade da questão, em se tratando de educação continuada e processual.
  • 28. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 28 Sobre a questão do aspecto unidimensional da avaliação somente com atribuição de notas, Silveira e Murashima (2004) nos alertam, Dada a relevância do processo avaliativo em EAD, a avaliação deve ser pautada em uma metodologia centrada na interação, na participação, na auto-avaliação e nos posicionamentos tomados nas diferentes atividades do curso. Ora, notas ou pontuações isoladas proporcionam tanto ao professor quanto ao aluno, informações insuficientes sobre desempenhos. (...) se for unidimensional, a avaliação não informa nem o que o aluno realizou, nem o que para ele foi desafiador, nem, conseqüentemente, a qualidade do trabalho realizado no curso. A preocupação com a fidedignidade dos trabalhos apresentados pelos alunos virtuais também foi muito enfatizada nos debates. Uma sugestão com vistas a minimizar o problema é a de utilizar o processofólio nos curso a distância. Essa ferramenta mostraria bem as características do aluno e seu estilo de discurso. Assim, seria relativamente fácil perceber se o aluno fraudou seu aprendizado com trabalhos copiados, pois ficaria muito clara a diferença do discurso que ele desenvolve em relação a qualquer outro. Além disso, qualquer redação do aluno deveria vir acompanhada de referência bibliográfica. Portanto, se o aluno copiasse e colasse, seria facilmente descoberto. O equilíbrio entre a necessidade de flexibilidade para os alunos e a necessidade de cumprir prazos finais em EAD foi outro viés da avaliação bastante debatido no encontro. Uma dica útil apontada foi a de "guardar uma carta na manga", marcando prazos com alguma folga que permitam negociações de prorrogação e, mais, conhecer o próprio limite físico de correções nos finais de período para não cair na tentação da prorrogação além do possível. Diante de tudo isso, uma certeza ficou para os participantes: a de que todos os profissionais da educação devem ter o dever profissional de trabalhar por uma educação autêntica, em seu sentido mais amplo, a começar pelo respeito ao direito autoral de outros. 3.4 A informação clara e precisa relativa à avaliação Ficou evidente que é necessário que haja clareza nas informações prestadas aos alunos sobre a forma como estes serão avaliados ao longo de um curso na modalidade EAD e até mesmo na presencial. Se o aluno sabe o que se espera dele, antes de iniciar o seu processo de aprendizagem, mais fácil será compreender o porquê deste ou daquele comentário recebido e poderá discutir com seu professor e colegas virtuais sobre retomada de percursos. Hadji (1994) comprova esta evidência, afirmando que, A representação dos fins e a apropriação dos critérios são, simultaneamente, os instrumentos e a marca de uma conquista de autonomia.
  • 29. Avaliação em Educação a Distância 29 3.5 Algumas possibilidades avaliativas Durante as discussões foram apontados muitos instrumentos que poderiam ser utilizados na avaliação processual e pontual. A seguir, uma breve exploração de cada um deles. 3.5.1 Avaliação através de Proposta de Resolução de Problemas: Este tipo de avaliação, em Administração, é denominada de método do caso, que é uma estratégia de ensino baseada na apresentação de circunstâncias factíveis e/ou verídicas com o objetivo de levar os alunos a refletirem sobre decisões para o episódio estudado. Segundo depoimento de um dos participantes da discussão: Viver nada mais é que isso: aprender a resolver/criar problemas, o que gera sempre movimento mental, físico, cultural, sistêmico. A autora Amândia ((1993), ainda completaria, Os instrumentos que servem para provocar atividades são também instrumentos de avaliação. Alunos ativos, professores atentos! Em EAD a superfície de contato é muito maior do que na modalidade presencial. A facilidade de acesso aos registros e postagens dos alunos que servem para fazer o mapeamento das produções, permitem ao professor-mediador o acompanhamento mais seguro e consistente do processo de transferência dos conhecimentos construídos para situações novas e as necessárias intervenções no sentido de provocar novas desestabilizações que gerem movimento de (re)construção. 3.5.2 Avaliação através de Rubricas A rubrica é uma ferramenta desenhada para simular atividade da vida real em que os alunos estão engajados na solução de problemas concretos. É vantajoso usar rubricas no processo avaliativo porque elas: • permitem que a avaliação se torne mais objetiva e consistente • obrigam o professor a clarear seus critérios em termos específicos • mostram claramente ao aluno como o seu trabalho será avaliado e o que é esperado em termos de resultado
  • 30. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 30 • desenvolvem no estudante a consciência sobre os critérios a serem utilizados em avaliações de desempenho entre pares • oferecem feedback útil a respeito da efetividade do ensino • oferecem benchmarks com as quais é possível fazer comparações e medir o progresso do aluno As rubricas são um efetivo instrumento de verificação para avaliar o desempenho dos alunos em áreas complexas e de definição vaga. Os professores deixam mais claras suas metas, expectativas e foco, e até mesmo sentem que seu trabalho com papelada fica reduzido porque os alunos passam a fazer parte do processo de verificação do próprio desenvolvimento. Isso se deve ao fato de que, na avaliação por rubricas, o aluno passa a ter ciência do que é esperado dele ao longo do processo de construção do conhecimento, evitando surpresas e permitindo que ele seja responsável pela sua produção, sua interação com os outros e com o objeto do conhecimento, ajudando-o a refletir sobre seu próprio desenvolvimento. Após análise de alguns modelos de avaliação por rubricas, o grupo de discussão observou que é bastante trabalhoso montar uma boa rubrica, porém, admitiram que é um instrumento muito adequado à EAD porque permite de maneira sem igual, quantificar a qualidade. 3.5.3 A Auto-avaliação Toda a nossa ciência de avaliadores consiste em fazer o aluno perceber a importância da auto-avaliação para sua aprendizagem, pois toda avaliação que não se torna auto-avaliação permanece sem sentido. O fato de o aluno desenvolver competência de auto-regulagem de seus avanços já é um ganho imenso no processo educativo. Exercitando com ele a prática de olhar para dentro de si mesmo, provocará nele maior atenção ao seu percurso durante todo o processo educativo, desenvolvendo a consciência de sua parcela de responsabilidade no sucesso ou insucesso obtido nesta caminhada. Nos momentos avaliativos, é importante que o professor-mediador pontue as questões a serem melhoradas para que. o aluno possa concordar ou discordar e propor novos caminhos para o desenvolvimento da atividade com maior qualidade de elaboração. 3.5.4 Avaliando o Aluno em Processo O professor-mediador avalia o aluno, observando o seu desenvolvimento refenciando-se do alcance dos objetivos. Essa observação pode ser potencializada quando se motiva a participação escrita nos fóruns, nos diários, nos chats e nas sínteses do aprendizado, como no caso do portfólio. As questões feitas pelo professor-mediador quando do retorno às colocações feitas pelo aluno,
  • 31. Avaliação em Educação a Distância 31 motivam mais ainda a produção. A freqüência e coerências das postagens, a interação com os demais, emitindo defesa de argumento são indicativos de um perfil do aluno que ser quer formar. O perfil evolutivo do aluno no curso pode ser comparado com o perfil inicial registrado na apresentação e no cadastro. Portanto, existem inúmeras formas de validar a participação efetiva de um aluno, além do questionamento de suas participações em processo. 3.5.5 Avaliação do Grupo de Trabalho Uma comunidade virtual é um grupo que coopera e interage de forma coletiva em busca de metas comuns. Portanto, todos os alunos são observadores e observados na medida em que se interrelacionam uns com os outros e com os objetos de conhecimento. A descoberta do “quem sou eu no grupo” perpassa o olhar crítico e a opinião dos colegas de trabalho. Esse mesmo olhar pode demonstrar o grau de pertencimento de um determinado participante nesse mesmo grupo. O uso da escrita é um dos indicadores que os colegas de grupo utilização para reconhecer o outro como parte integrante desse mesmo grupo. A introdução da avaliação pelo grupo de trabalho constitui-se em instrumento adicional quando tratamos de EAD. Estes foram os instrumentos-foco das discussões sobre possibilidades avaliativas em EAD. 3.6 Avaliação Presencial em EAD. Ter ou não ter? Sabe-se que tais exames somente têm fundamento do ponto de vista legal, pois se constituem em exigência para o credenciamento dos cursos em EAD. Mediante isso, e, segundo conhecimentos do grupo de discussão, ainda não existe nenhum sistema de avaliação 100% à distância em se tratando de Curso Superior. Contudo, se a avaliação presencial é exigência legal, deve ser encarada como mais uma avaliação de percurso do curso. O grupo deduziu que assim deve ser compreendida porque quem a elaborou a obrigatoriedade e votou a norma, em sua maioria ainda possui o mito de que não se “avalia bem” à distância. Coisa de cultura. 3.7 Rompendo paradigmas em avaliação Mudar gera desconforto e desestrutura concepções pré-definidas e cristalizadas em educação. Para romper com esses paradigmas que engessam a evolução, e necessário que sejam utilizados instrumentos que fortaleçam o "movimento silencioso da mudança”. Esta forma de transgressão pode ser feita
  • 32. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 32 através do questionamento às “verdades” existentes e a aplicação de idéias nos pequenos feudos (salas de aula). A mudança não ocorre sem gerar conflito, segundo Fernando Hernandèz. O começo da mudança pode ser desencadeado através de pequenos atos de modificação de práticas educativas, estendendo-se para a introdução de outras formas de se avaliar em educação. Cabe a nós, professores-mediadores, a responsabilidade em auxiliar os alunos a desenvolverem algumas competências que poderão lhes ser úteis em algum momento de suas vidas. Dentre elas, destacam-se a determinação, a organização, a coletividade, a cooperação, o diálogo, a disciplina, o compromisso e a responsabilidade. A única categoria profissional que tem exame de ordem é a dos advogados. Em educação, são os professores que são as "autoridades certificadoras" que dizem que um indivíduo tem competência para exercer a Engenheira, a Medicina, a Pedagogia, a Contabilidade e várias outras ciências. Imaginem só a responsabilidade! 4 Conclusões In(Conclusivas) Os critérios que são utilizados para selecionar este ou aquele instrumento de avaliação dependerão, em grande parte, da concepção de educação defendida na prática diária de cada professor. Se a meta é manter uma educação tradicional, tal como até hoje ela é proposta: utilizando giz, quadro, discurso do professor, platéia de ouvintes, livro didático engatado na primeira, espaços pouco interativos, séries, tempos escolares, professores para cada disciplina, então, na tela do computador bastaria que fosse feita a transferência, na íntegra, dos modelos já utilizados. Ao contrário, se o objetivo é o de construir uma prática que promova interação, desenvolvimento da autonomia, co-responsabilizando alunos e professores por seus processos de crescimento intelectual, cooperação e colaboração, não se admite apenas copiar/colar/transpor modelos cristalizados para espaços virtuais de aprendizagem. É necessário encontrar meios para acompanhar os alunos em seus processos de construção do conhecimento a distância. Difícil? Provavelmente será para aquele professor que desenvolve, junto aos seus alunos, uma prática tradicional e que reproduz o modelo educacional no qual foi formado. Compreender a lógica diferenciada da avaliação num curso de EAD é complicado para ele. Parece que "o aluno foge ao seu controle" se não tiver a tal da prova, que "o aluno não aprende de fato" num curso a distância. E olhe que eu não disse que temos que abolir a prova.
  • 33. Avaliação em Educação a Distância 33 É necessário fazer aflorar a criatividade, descobrindo outros mecanismos, além do uso específico de provas, para que o aluno possa demonstrar que saberes ele interiorizou através da aplicação destes em novos contextos. E, para atingir este objetivo, "a prova não provará nada." Avaliar, como já foi discutido aqui, é mais do que medir. Avaliar é um processo que lança mão de vários instrumentos para conseguir perceber o quanto o aluno conseguiu avançar em seu processo de aprendizagem. Avaliar é sinônimo de evolução. É basicamente acompanhamento dessa evolução no processo de construção do conhecimento. E para responder sobre essa evolução é preciso caminhar junto com o aluno, passo a passo, acompanhando-o durante todo o caminho. Este foi só o início/fim de uma longa discussão que, certamente, ainda continuará por algum tempo e cujas possibilidades serão (re)construídas a partir das práticas educativas/transgressoras que forem sendo desenvolvidas junto aos alunos e colegas professores que atuam na educação a distância. Referências Ângelo, T. , and Cross, K.P. (1993) “Classroom Assessment Techniques”, San Francisco, Jossey-Bass. In: Palloff, Rena M.; Pratt, Keith (2004) “O Aluno Virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line”, Porto Alegre, Artmed. Batschauer, Amândia Maria de (1993) “A Identidade do Sujeito Avaliador na Prática da Avaliação Escolar – Subtema: “ Avaliação Escolar Dialógica: uma Possível Prática, PUC/SP Catapan, Araci Hack (2003) “Avaliação: Mito ou Cultura Escolar – Texto subsídio para o painel de discussão no VII Simpósio Catarinense de Administração da Educação, Período: 25 a 29set 2003, Joinville. Hadji, Charles (1994) “Avaliação: as Regras do Jogo”, Portugal, Porto Editora. Harassim, Linda; Teles, Lucio; Turoff, Murray; Hiltz, Starr Roxanne (2005) “Redes de Aprendizagem: Um guia para ensino e aprendizagem on-line”, São Paulo, Ed. SENAC. Hernández, Fernando (2003) “Transgressão e Mudança na Educação: Os Projetos de Trabalho, Porto Alegre, Artmed. Hoffman, Jussara (2004) “Avaliação”, entrevista disponível em: http://www.mec.gov.br/SEED/tvescola/Avaliacao/entrevista03.shtm , acesso em 14 abril 2004
  • 34. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 34 Morgan, C., and O’Reilly, M. “Assessing Open and Distance Learners”, London, Kogan Page. In: Palloff, Rena M.; Pratt, Keith (2004) “O Aluno Virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line”, Porto Alegre, Artmed. Noya, R. C. (1998) “Quest – Um Sistema de Avaliação Educacional para a web. Dissertação de Mestrado, PUC-Rio, 12 mar. 1998. In: Silva, Marcos – Org. (2003) “Educação Online”, São Paulo, Ed. Loyola. Palloff, Rena M.; Pratt, Keith (2004) “O Aluno Virtual: um guia para trabalhar com estudantes on-line”, Porto Alegre, Artmed. Silva, Marcos – Org. (2003) “Educação Online”, São Paulo, Ed. Loyola. Silveira, Elisabeth; Murashima, Mary (2004) “Ensinar é Vencer Distâncias” disponível em: http://www.universia.com.br/ead/materia.jsp?id=2997, acesso em 12 ago. 2004. Stilborne, Ann; (2000) “Guia do Professor para a Internet”, Porto Alegre, Ed. Artes Médicas. Autora Mônica Schüler Menslin, filha de Etelvina Rosa Schüler e Horst Werner Schüler. Curso Superior em Pedagogia, Pós-Graduada em Informática Educacional e em Supervisão e Administração Escolar. Experiência de 24 anos no Magistério Público Municipal, atuando, nos últimos 9 anos, como Coordenadora de Informática Pedagógica e há um ano como Professora de Cursos a Distância para professores da Rede Municipal de Ensino de Joinville – SC. Agradecimentos especiais aos meus parceiros do Fórum: Avaliação em EAD, do ENATED 2006, cujas ótimas contribuições nas discussões, resultaram neste material.
  • 35. 35 Graduação com qualidade em EaD Angélica Pegoraro Einhardt 1. INTRODUÇÃO Refletindo sobre os caminhos da humanidade, percebemos que a palavra “mudança” não é nova, e que significa um processo contínuo, que faz parte da evolução humana desde os primórdios da humanidade na face da terra. O fato de estarmos inseridos na EaD, é um dos resultados desta evolução. Antes a preocupação era em relação à escolha por um outro curso, em uma instituição tradicional de ensino, hoje, ao teclarmos em sites de busca “cursos à distância”, o leque que se abre é imenso. A oferta é variada, em todos os níveis: graduação, extensão, pós-graduação, e por ai navegamos. Ao fazer análises desta oferta, um dos primeiros aspectos a verificar, diz respeito à qualidade, e esta análise envolve questões como a idoneidade da instituição, a qualificação docente (tutores, professores conteudistas, professor interativos), a formatação do curso, o projeto/ e ou proposta do mesmo, ambiente de aprendizado, acessibilidade. Seguindo esta linha de pensamento, para todos que passam a atuar neste novo cenário, pensamos em socializar vivências, a fim de registrá- las, principalmente no que diz respeito à oferta de curso de graduação na Ead. A discussão proposta envolve alguns aspectos que também foram abordados no tema Capacitação de Tutores na EaD. 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Discutir os aspectos que envolvem um curso de graduação interativo, englobando desde seu projeto até os resultados atingidos com a implantação do mesmo, visando uma interação entre diferentes atores1 na Ead, possibilitando que, a partir desta troca de informações, possamos construir uma visão conscienciosa sobre o que é qualidade na Ead e como ela pode ser implantada. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Trocar experiências entre os que atuam como tutores. - Chegar a um consenso sobre o papel do Tutor. - Verificar com os participantes, como tem acontecido a tutoria. 1 Todas as pessoas que participam na Educação á distância (alunos, professores, gestores, tutores, etc.).
  • 36. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 36 - Levantar as dificuldades encontradas na Ead. - Discutir como desenvolver o senso de autonomia do aluno. - A prática pedagógica se aplica na Ead. 3 DESENVOLVIMENTO Ao lançar esta discussão, a expectativa foi grande. Com os objetivos traçados, a idéia era de que o leque se abrisse, e que os participantes incluíssem outros aspectos que não haviam sido abordados inicialmente. O tema foi dividido entre fórum, Chat, Enquête, Entrevistas, utilizando as ferramentas que o ambiente virtual disponibilizava para o encontro. A educação a distância pode ser definida como um processo de troca de conhecimento mediado por tecnologias (Internet, satélite etc..), e com acompanhamento de um tutor. No ensino a distância, o papel do professor assume diferentes conotações, a principal é a tutoria. Outro aspecto que gostaríamos de ter atingido no debate, diz respeito a diferença entre “ensino” e “educação”. Corroborando com Landim (1997), estas expressões são usadas deliberadamente, porém possuem diferenças profundas. Enquanto “ensinar” tem cunho de treinar, adestrar e de intrução; a educação é muito mais abrangente, é um processo que leva a construção do conhecimento , leva a pensar, inovar. Convém lembar as referências definidas pelo Mec para a oferta de um curso na Ead, as quais servem de base para iniciar a discussão sobre o tema: 1. integração com políticas, diretrizes e padrões de qualidade definidos para o ensino superior como um todo e para o curso específico; 2. desenho do projeto: a identidade da educação à distância; 3. equipe profissional multidisciplinar; 4. comunicação/interatividade entre professor e aluno; 5. qualidade dos recursos educacionais; 6. infra-estrutura de apoio; 7. avaliação de qualidade contínua e abrangente; 8. convênios e parcerias; 9. edital e informações sobre o curso de graduação à distância; 10. custos de implementação e manutenção da graduação a distância.
  • 37. Graduação com qualidade em EaD 37 A partir destas referências podemos então avaliar os cursos que conhecemos, discutir, trocar opiniões, e ao final do encontro, elaborar um texto com as idéias socializadas. 3.1. Qual é o papel do Tutor Para falarmos do papel do tutor, devemos inicialmente compreender as suas obrigações básicas: motivar o aluno no processo de aprendizagem; sanara as suas dúvidas; orientar a aprendizagem; estimular os momentos de convivência; criar práticas inovadoras de acordo com as necessidades do grupo. A discussão teve início, partindo da idéia que temos sobre o papel do tutor, aquele que é definido pela instituição, e aquele que surge com o exercício da profissão, onde lhe são exigidas as competências que realmente importam. Entre estas competências podemos destacar a capacidade de adaptação, carisma, capacidade de liderança, o conhecimento científico na área de atuação. O tutor tem como papel principal apoiar o aluno, e este apoio deve se dar em uma disciplina específica do curso, cada uma das disciplinas deve ter seu tutor especialista, conforme Arredondo (1998). O tutor é ainda um facilitador do aprendizado. Ele deve possuir um desenvolvimento cognitivo, deve ser capaz de realizar uma integração entre os conteúdos paresnetados ao aluno. Nos dicionários encontramos a definição de “Tutor” como aquele que tutela, protege, ampara ou defende alguem. Apesar do uso indiscriminado do termo tutor, é importante frisar que “ser tutor”, ou ainda, como foi colocado por um dos participantes da discussão, “estar tutor”, significa ser professor e educador, acompanhando e orientando os alunos no processo de aprendizado. O consenso se dá no sentido de que é o tutor o principal ator na EAD, é o principal responsavel pela motivação do aluno pelo andamento do curso de forma adequada ao bom resultado. A seguir algumas colocações dos participantes: “Pelo que tenho lido e percebido na EAD o papel de "Professor" é desempenhado pelo material instrucional previamente preparado de forma a "transmitir" o conteúdo, a função do Tutor apesar de exigir formação e "postura" docente é um tanto diferente... é mais como a de "Animador" Orientador e Avaliador. O perfil também exige uma capacidade "extra" de inter-relacionamento e atenção especial para com o estudante”. “O tutor deve ser alguém que conheça seu conteúdo o suficiente para poder indicar com segurança novas leituras e caminhos na web, alguém que seja mais amável do que o normal para lidar com as mensagens escritas, e que não seja centralizador. O poder de uma redação ruim é devastador, assim como o papai-sabe-tudo. Deve ser alguém que esteja aberto a novas formas de avaliação.“ “Conhecer o conteúdo é essencial para uma boa tutoria, entendo que o papel do tutor acaba sendo muito abrangente, ele tem que dominar o assunto e um erro pode ser muito prejudicial uma vez que tudo fica registrado. Bem diferente de uma aula presencial não é mesmo? É necessário ser flexível e entender que as metodologias de ensino estão sofrendo modificações a cada dia. É necessário que ele entenda o perfil de seus alunos e
  • 38. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 38 faça um planejamento adequado. Afinal, não estamos falando em expor conteúdos não é mesmo? E sim na relação ensino-aprendizagem.” 3.2 TUTORIA POR ÁREA DE FORMAÇÃO Existem muitas formas de tutoria adotadas em nosso país. Aqui pretendíamos que cada um relatasse a sua experiência, porém isto não ocorreu. A discussão partiu da necessidade de um curso de capacitação para tutores, objetivando o seu desenvolvimento, primando pela qualidade na educação. A intenção foi enumerar as capacidades necessárias à formação adequada para o tutor. Discutir também a prática da tutoria de uma maneira generalista, abordando qual a real condição que o tutor tem de mediar disciplinas fora de sua área de formação. Discutir como buscar maior apoio e incentivo institucional aos tutores interessados em desenvolver pesquisas acadêmicas acerca da EAD, principalmente em pesquisas dos resultados obtidos. 3.3 Dificuldades a serem superadas: Muitas são as dificuldades a serem superadas no processo da Ead no Brasil. Se analisarmos, a nossa realidade, verificamos que é a mesma que tinham os países desenvolvidos há cinco anos atrás. Enquanto nós ainda temos a idéia de que um curso na Ead pode ser “transmitido interativamente” nos países desenvolvidos o caminho é outro. O curso é virtual, com ambientes de aprendizagem onde o aluno interage com o tutor e demais atores do processo. Entre as dificuldades, está evasão dos alunos, sentimento expressado por uma participante do encontro “Me sinto como um repassador de informações e de materiais impressos da disciplina – e sei que a tutoria vai, além disso, mas não encontramos brechas, não somos autônomos para dar alguns direcionamentos aos conteúdos, tudo nos chega pronto”. Outras dificuldades esbarram no apoio tecnológico, onde nem sempre a configuração para as aulas interativas é elaborada adequadamente; os softwares que podemos utilizar para desenvolver habilidades nos acadêmicos não são disponibilizados, ou a instituição não possui um AVA; o melhor layout das salas não é ergonomicamente tratado; onde utilização ideal de computadores na sala não é disponibilizada; onde o melhor aproveitamento da transmissão via satélite não é otimizado. Em relação aos problemas de comprometem a qualidade do curso, o que, no ponto de vista dos alunos, mais pesa, é em relação ao material didático e apoio on-line no ambiente de aprendizagem ou no portal do curso. Este aspecto é bem esclarecido no texto de Palloff (2002): “Problemas que podem ser resolvidos pelo professor ou pela instituição precisam ser solucionados rapidamente. O ideal é que eles sejam previstos e resolvidos antes do início do curso. Quando ocorrem durante o curso, porém, uma resposta rápida é
  • 39. Graduação com qualidade em EaD 39 essencial para evitar a queda na participação”. E isto não é o que temos verificado na prática em muitos cursos ofertados. 3.5 SENSO DE AUTONOMIA DO ALUNO Inicialmente o tema foi postado no fórum como “autodidatismo”, porém a interação que a Ead possibilita nos leva a crer que este não é o termo mais adequado, é preciso ensinar o aluno, não a ser autodidata e sim a ser “autônomo”, pois a autonomia é condutora ao aprendizado neste modelo de academia. O ser humano que possui automonia desenvolve mais capacidades, e consegue desenvolver através da Ead, um conhecimento com bases sólidas, sendo este o âmago que conduz ao sucesso nesta modalidade de ensino. Uma das condições básicas para o aprendizado do aluno é a autonomia, e para que isto ocorra, o tutor, e o professor o oriente neste sentido. Também é importante antes da elaboração do conteúdo; que deve ser realizado por uma equipe composta pelo professor conteudista, interativo e tutor; se conheça através de uma pesquisa prévia, o perfil do aluno, se ele é capaz de reconhecer suas fraquezas, suas necessidades, se ele estabelece e cumpre metas, quanto tempo dedicará ao estudo. 3.6 A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EAD Aqui pretendíamos discorrer acerca do tratamento dado à elaboração de projetos de um curso na Ead. Usamos a pedagogia convencional para definir diretrizes para educação de um publico adulto, enquanto que a pedagogia foi criada para ensinar crianças. Não levamos em conta que o adulto aprende em tempo diferente, não são realizadas pesquisas para levantar o público que vamos atingir. Utilizamos o conceito de Andragogia: “a arte e a ciência de ajudar os adultos a aprender” (Knowes, 1998), sem a pretensão de criar um neologismo, pois o “tempo” de aprendizado do aluno adulto realmente difere do aluno adolescente ou criança. Por esta razão devemos pensar de forma tecnicamente diferente na de elaboração de um curso para o público adulto, logo, o uso do termo Andragogia é adequado. O aprendizado do adulto diverge do convencional, e com a prática andragógica podemos facilitar este interação. Valorizar a experiência deste aluno é premissa básica para o sucesso na construção do seu conhecimento, o aluno adulto aprende de acordo com suas necessidades. Devemos instigar a observação como uma via de mão dupla no aluno adulto. Um dos participantes colocou o seguinte texto em relação à Andragogia: “Acredito que um dos aspectos da Andragogia que poderia ser construído no aprendizado em EAD seria o de favorecer uma melhor familiaridade dos adultos com os dispositivos computacionais, uma vez que já está constatado o surgimento de um grau maior de resistência, por parte destes sujeitos, na prática de utilização das novas tecnologias.” Realmente esta é uma preocupação pertinente, pois falamos de uma forma de educação que
  • 40. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 40 vem para facilitar o acesso, mas muitos dos usuários em potencial desconhecem o uso da principal ferramenta: o computador.” 4 CONCLUSÕES Ao termino do encontro, apesar da participação restrita, o saldo foi positivo, o aprendizado que proporciona aos participantes, não se pode mensurar. Alguns aspectos ficaram claros sobre a oferta de cursos de graduação na Ead. O ponto comum em todos os fóruns, e que merece investimentos no sentido de aprimorar sua atuação, é sem dúvida a tutoria. Da sua condução, eu diria que dependem 50% do bom andamento do curso, o restante, ousaria dividir entre instituição, parceiros, professores conteudista, interativos. O tutor é a pessoa que mantém o maior contato com o aluno, e também quem tem a força de instigá-lo, motivá-lo ao sucesso. Por esta razão, a preparação adequada dos tutores é fundamental ao sucesso do mesmo. A configuração do curso também aparece com importância acentuada. O aluno julga a qualidade do curso de acordo com o que lhe é oferecido. O portal de acesso, o AVA utilizado, o material didático disponibilizado, a coerência entre conteúdo ministrado nas aulas interativas e o próprio material didático, o pronto atendimento às dificuldades do aluno, a disponibilidade da instituição em solucionar problemas dos acadêmicos, é que fazem o diferencial do curso. Os aspectos tecnológicos interferem de uma maneira mais branda, principalmente quando os aspectos citados no parágrafo anterior, são bem atendidos. Quando a satisfação com o restante é visível, ele até é levado na “brincadeira” pelo estudante, até por que todo internauta sabe dos percalços que por vezes encontramos na rede. Ressalto ainda a preocupação que percebi de modo geral em todos os participantes do fórum, com a qualidade destes cursos, e com a oferta desenfreada, apesar dos comentários serem muitos polidos neste sentido, a preocupação existe. A idéia deste encontro foi providencial. Ações no sentido de trocar informações sobre o que tem acontecido na Ead, devem ser uma constante. Promover cursos de capacitação em AVAs, de tutoria, de elaboração de projetos de cursos. Surpreendi-me pela participação restrita no tema conduzido. Acredito que é um tema polêmico, mas para nós educadores, ou envolvidos na Ead, é preciso discutir estas questões. A melhoria na qualidade dos nossos cursos ocorrerá gradativamente, a partir do momento que formularmos um plano de ação claro onde a gestão seja participativa e transparente. Afinal, o que pretendemos: diplomar ou educar cidadãos?
  • 41. Graduação com qualidade em EaD 41 REFERÊNCIAS ARETIO, Lorenzo Garcia. La Educación a Distância y la UNED. Madrid. (Espanha), UNED, 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1999. LANDIN, Cláudia Maria das Mercês P. F. Educação á Distância: Algumas Considerações. Rio de Janeiro, 1997. MARTINS, Onilza Borges et al. Educação á Distância: um debate multidisciplinar. Curitiba: UFPR, 1999. MORAN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários a Educação do Futuro. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2003. MORAN, José Manuel et al. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 8 ed. Campinas: Papiros, 2000. _____ Mudanças na Comunicação Pessoal. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 2000. PALLOFF, Rena M. Construindo Comunidades de Aprendizagem no Ciberespaço. Porto Alegre: Artmed, 2002. http://portal.mec.gov.br/seed/index.php?option=content&task=view&id=196&Ite mid=337 http://www.mec.gov.br
  • 42.
  • 43. Aplicações da EaD: A Comunicação e o Idoso Profa. Dra. Devani Salomão de Moura Reis Jornalista e especialista em comunicação pública Resumo O objetivo da coordenação ao inserir o tema A Comunicação e o idoso, em um curso on-line foi verificar a pertinência do assunto, se atrairia a participação dos idosos, de pessoas que convivem com eles ou teóricos preocupados com esse contingente. Verifiquei que a adesão do público foi pequena, que a falta de conhecimento dos participantes sobre o idoso e das mídias que interessam mais a ele e o porquê dessa preferência, foram variáveis que prejudicaram o desenvolvimento da experiência. Ficou claro também que o velho foi percebido com preconceito pelos participantes. Palavras chaves: comunicação, idoso, mídias, preconceito, inserção. 1 Introdução 1.1 Definições de envelhecimento A idade cronológica é simplesmente uma medida de quão velha uma pessoa é. Mas ela é essencialmente uma medida arbitrária. De fato, em algumas circunstâncias, a idade sozinha, é um indicador suficiente. Pode-se pensar em pessoas com 70 anos com a aparência estereotípica de pessoas velhas (cabelo grisalho, pele enrugada, olhos sem brilho), mas também lembramos indivíduos “bem-conservados” que não apresentam esse aspecto (agerasia) e adultos mais jovens que parecem “prematuramente envelhecidos”. A velhice não é vista como um tempo de recompensa, e sim de relaxamento forçado. Portanto, a cultura ocidental espera que as pessoas com mais de 60 anos se comportem de forma essencialmente sossegada e, não surpreendentemente, o início da velhice freqüentemente é indicado pela aposentadoria do trabalho em tempo integral. Então, geralmente se considera que a idade cronológica que começa a “velhice” vai dos 60 aos 65 anos. Nos paises em desenvolvimento, como o Brasil, considera-se idoso quem completa 60 anos. Nos países desenvolvidos a idade sobe para 65 anos. Esse contingente da população brasileira vem aumentando porque a medicina brasileira avançou muito na prevenção, cura e a convivência possível com doenças que antes causavam óbitos. Como cresceu a expectativa de vida dos indivíduos, consequentemente, aumentou também seu período produtivo, esteja ele inserido no mercado formal ou não. Precisamos entender as minúcias de como se comunicar com os idosos, assim enumeramos algumas das alterações físicas, psicológicas e sociais desta idade. 43
  • 44. 1.2 O envelhecimento dos sistemas sensoriais Os sentidos são o meio que o cérebro tem para entrar em contato com o ambiente circundante e, correspondentemente, qualquer declínio sensorial influencia diretamente o funcionamento da mente. Declínios perceptivos relacionados à idade privam o cérebro de uma experiência plena do mundo, mas não seria realista imaginar que tal perda começa na velhice. Como muitos aspetos do declínio relacionados à idade, as mudanças geralmente começam na idade adulta jovem. Como nosso objeto de estudo focou a comunicação, centralizada no idoso, é necessário estudar como é o sistema sensorial do idoso, para entender possíveis interferências no processo de leitura que o idoso faz, seja dos veículos de comunicação de massa escritos ou eletrônicos. Entretanto verificaremos apenas os sistemas relacionados à visão. 1.3 O mundo fica amarelado Uma queixa freqüente das pessoas mais velhas é que sua visão “não é mais o que costumava ser”. Isso normalmente é verdade: além dos problemas relativamente simples de dificuldade visual para longe e para perto, cerca de um terço das pessoas acima de 65 anos tem alguma doença que afeta a visão (Quillan, 1999). Além da acuidade, praticamente todos os outros aspectos da visão pioram na velhice. Por exemplo, o liminar da visão (a luz mais fraquinha que se consegue enxergar) aumenta com a idade. Outra consideração importante é a mudança de percepção das cores: os adultos mais velhos percebem o mundo como sendo mais amarelo. As cores nas extremidades amarelas do espectro (vermelho, laranja e amarelo) são identificadas razoavelmente bem, mas fica difícil discriminar as verdes, azuis e roxos - observem que esse problema não costuma se manifestar antes do 80 anos (STUART-HAMILTON, 2002, p. 28). Os adultos mais velhos também são mais lentos para processar os estímulos visuais e precisam enxergá-los por mais tempo, antes de identificá-los com precisão. 1.4 Os problemas de rejeição às novas tecnologias Sabíamos que poderíamos ter nesse Curso alguns problemas quanto ao interesse do idoso em se sentir motivado a participar - por sua falta de hábito em usar o computador, na familiaridade com as ferramentas utilizadas na Internet, suas dificuldades para ler, mesmo com a possibilidade de aumentar o corpo do texto na tela do micro -, mas não imaginávamos que aqueles que convivem com os velhos não tivessem interesse pelo assunto. 2 Objetivos O objetivo da Coordenação ao propor o tema A Comunicação e o idoso foi o da troca de informações, com os participantes, sobre a identidade do idoso, quais as mídias eram tidas por eles como as mais interessantes e o porquê desse interesse. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 44
  • 45. Na interação haveria algumas perguntas para identificar a região onde morava o idoso, com quem convivia, seu status econômico e social. Seriam contabilizadas também quais mídias são mais consultadas pelos idosos e haveria a verificação e análise do conteúdo e da forma dessas mídias. 3 Desenvolvimento Há uma carência de estudos sobre a comunicação para a população idosa, é também significativo o aumento do número de velhos no Brasil, que em 2000 tinha 8.182.035, entre 60 anos e 69 anos, e 6.353.994 com mais de 70 anos e, segundo projeções feitas para 2030 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, pela Síntese de Indicadores Sociais, divulgadas no dia 13 de abril de 2004, haverá 21.793.613 idosos de 60 a 69 anos e 18.679.188 com mais de 70 anos, o que representará um significativo aumento de 263%, em relação a 2000. O Instituto fez também a projeção para 2050, quando a população com faixa etária entre 60 e 69 anos será de 21.722.084 e, com idade superior a 70 anos serão 34.328.895. Isto é, a população com mais de 70 vai quintuplicar no país e chegar a 34,3 milhões de pessoas, representando um crescimento nessa faixa etária de 440%, bem acima do avanço de 53% da população total que alcançará 259,8 milhões ao fim do período (IBGE, projeções do Instituto atualizadas em 2003). Além de envelhecer, a população crescerá cada vez menos. Entre 2040 e 2050, a taxa média anual será de apenas 0,33%, o equivalente a um oitavo da taxa durante a década de 1970 (2,48%). Trata-se de uma revolução demográfica. A taxa de fecundidade está encolhendo e a expectativa de vida aumentando. Os idosos começam a se destacar na população e as políticas públicas não estão se preparando adequadamente para essa modificação do contingente populacional. O aumento da população idosa se refletirá nos serviços oferecidos a essa população. As instituições sejam públicas ou privadas precisarão buscar novos canais de comunicação para dialogar com esse contingente. Ao viver mais, o cidadão terá prolongada também suas atividades no setor produtivo. Surgirão novos papéis sociais e econômicos para o idoso que, no momento, já começam a se esboçar. Há idosos que se aposentam e continuam trabalhando informal ou formalmente. Nos cenários futuros a comunicação dirigida a essa população não poderá utilizar os modelos de comunicação contemporâneos que, para o momento atual, já se mostram precários. Há a necessidade premente de se pensar em modelos de comunicação mais eficientes, que dêem conta de informar ao cidadão sobre procedimentos que proporcionem melhor qualidade de vida. 3.1 A comunicação com o idoso via Internet As novas tecnologias proporcionaram novas maneiras de comunicação e alguns idosos têm mostrado interesse em usufruir das facilidades que elas proporcionam. O celular foi aceito quase que prontamente, ainda que seja apenas para fazer ligações e recebê-las, muitas das suas funções não são Aplicações da EaD: A Comunicação e o Idoso 45
  • 46. usufruídas. O uso do computador e da Internet são atraentes, mas exigem maior atenção, concentração e perseverança. Essas ferramentas são importantes para os idosos, representando uma porta para o aprendizado e, na maioria das vezes, não requerem grandes deslocamentos físicos, o que poderia ser um impedimento, para alguns. Com o uso da Internet o idoso pode estudar uma infinidade de coisas, conhecer pessoas, trocar informações até ter uma nova profissão. Para fazer essa incursão na Internet e tudo o que ela proporciona, precisará de instrutor. Nas pesquisas que realizei, em 2004, quando estava escrevendo minha tese de doutorado sobre quais seriam as melhores mídia para o idoso se informar sobre saúde e qualidade de vida, verifiquei que muitas pessoas preferem não trabalhar com idosos porque eles têm hábitos arraigados e não estão muito motivados às mudanças, de qualquer ordem. Quando propus o tema A Comunicação e o idoso imaginei que, por sermos hoje um país com muitos velhos, haveria um número grande de interessados. Enganei-me. O número de participantes foi tão exíguo e seus conhecimentos sobre o tema tão poucos que o assunto se esgotou rapidamente. O público participante foi composto por uma estudante de Mestrado em Pedagogia do e-Learning pela Universidade Aberta, em Lisboa, que relatou que em Portugal estavam começando a abertura de novos contextos digitais aos idosos, mas com algum custo, principalmente porque falta dotar de equipamentos os Centros de Convívio dos Idosos, os Lares Comunitários, o lar do idoso. Segundo ela, a vida do idoso lá não é fácil, as aposentadorias são dotadas de poucos meios financeiros. Muitos dos idosos nem têm dinheiro para custear os seus medicamentos e a alimentação. Os programas de ensino das Teorias da Informação e Comunicação junto dos idosos estão muito tímidos, mas tem havido um imenso esforço de muita gente para que este projeto seja implementado e se firme. Outra participante considerou a comunicação à distância de grande valia para os idosos, devido à possibilidade de contatos com outras pessoas; com a possibilidade de novas descobertas, de viagens e toda uma gama de situações que se pode descobrir ao ser usuário. No entanto, tinha dúvidas de como prepará-los para as invasões de privacidade que algumas comunidades virtuais estão causando, como por exemplo, dicas para raptos, montagem pornôs e outras. Como fazê-los acreditar neste potencial criticamente sem desmotivá-los? A impressão de outra participante sobre a atuação do idoso: “É como se o processo de inclusão funcionasse em mão dupla para o idoso, até porque as suas representações foram mais determinadas pela história de vida pessoal e profissional”. Acredita que para aqueles que descobrem um mundo através da máquina tem outro significado para ela, a de parceira, vai falar com amigos distantes, sente-se inserido nessa sociedade. Conta, outra aluna, que houve uma experiência em aula de extensão com idosos na faculdade em que trabalha e foram encontrados alguns perfis: a) o resistente, que já havia trabalhado na área e se desencantou. Aquele que resiste devido acreditar que será difícil aprender a usar a máquina e, o desencanto existente pela culpabilidade da máquina pelo desemprego de seus entes queridos; b) o engajado, que são aqueles que estão inseridos no mundo atual, tendo um quantitativo que admira o I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 46
  • 47. potencial da máquina para navegar, usar o e-mail e pesquisar temas de seu interesse. Para essa aluna, no entanto, é presente, na maioria dos idosos, o desconhecimento dos caminhos da web para a mudança de imagens. Acredita que a crença e a descrença do poder comunicativo e informativo do computador é mais presente no adulto, sendo as pessoas na infância, adolescência e no envelhecimento mais otimista para os usos da web. Questionava se está sendo preconceituosa. Segunda essa aluna, a questão maior é como dar os instrumentos para o idoso utilizar a comunicação à distância. Além do que ele deve estar com alguns dos seus sentidos em pleno uso, como a visão, os movimentos de pelo menos uma das mãos. Ressaltou que não são muitos os idosos com bom poder econômico. Uma das alunas atua em pesquisas sobre envelhecimento humano, essa área de estudo tem subsidiado suas atividades de pesquisa e produção acadêmica nos últimos 13 anos. Atualmente, tenta colocar idosos e deficientes em atividades conjuntas no projeto de reabilitação profissional, pois também trabalho com deficientes, principalmente com o deficiente que envelhece. Muitos deles, na medida em que não se locomovem sozinhos, são portadores de necessidades especiais. Segundo ela ou vai para esse grupo ou incluí os idosos lá. Outra participante trabalha no Programa Viva o Idoso, da Prefeitura Municipal de Niterói, no Rio de Janeiro, mostrou-se interessada em que houvesse um debate sobre A Comunicação e o idoso. Queria saber quem do grupo já trabalha ou trabalhou com Inclusão digital na Terceira Idade e/ou conhece projetos em que a comunicação entre essas pessoas se processa principalmente à distância. 3.2 As discussões As discussões sobre o tema não foram muito produtivas, porque as intervenções dos alunos eram esparsas e os idosos considerados de maneira preconceituosa, como se fosse quase impossível a participação deles em cursos à distância. Como estudo a comunicação humana, focando o idoso, propus debatermos a importância do emissor/receptor. Pontuando que as visões de mundo diferem muito de indivíduo para individuo, pois depende das experiências, expectativas, crenças de cada um, de acordo com o poder econômico, a cultura, a ideologia entre outros aspectos. Assim, os objetos e pessoas adquirem significados que são dados a eles. E como se faz isso? De acordo com um juízo de valor "é bom", "é ruim", “é bonito”, “é feio”. Para os velhos que perderam seus empregos e viram entes queridos serem substituídos pelas máquinas, o computador é um estímulo aversivo, tem um significado ruim. Tem que ser trabalhada a percepção desse idoso com relação à máquina. Devagar, no ritmo dele. Essa modificação de atitudes, com relação ao idoso e a Internet não podem ser somente no virtual, deve ser exercida ANTES, no presencial. É a questão da motivação, da interação com esse novo ambiente, e para o idoso, que já tem costumes arraigados, isso demora mais, mas pode acontecer. Só fazendo saberemos dos resultados. Aplicações da EaD: A Comunicação e o Idoso 47
  • 48. 4 Conclusões Pelas pesquisas realizadas sobre a inclusão digital do idoso e alguma experiência nesse assunto, concluo que um programa educacional para idosos deve ter como elementos principais o conhecimento de que trata a disciplina; o tempo pedagogicamente necessário para a apropriação do conhecimento e os procedimentos didático-metodológicos utilizados para viabilizar a aprendizagem. Outra preocupação metodológica relevante diz respeito à linguagem didática. No caso dos idosos, deve-se manter a norma culta e a clareza, evitando a infantilização. No que diz respeito à educação a distância, é preciso levantar quais conceitos e recursos desta modalidade se adequam melhor à terceira idade. Não há, que se tenha notícia, qualquer estudo mais profundo acerca do desenvolvimento de EaD para idosos, quando, na verdade, essa poderia ser uma população enormemente favorecida pelos benefícios da tecnologia. É provável que todo um novo aparato de aprendizagem em rede tenha que ser desenvolvido para esse público. O ensino para idosos apresenta especificidades que precisam ser melhor pesquisadas e sistematizadas, a fim de desenvolver uma metodologia inclusiva e eficaz. Mas num primeiro momento, algumas especificidades podem ser destacadas, como: Conhecimentos e experiências acumuladas – pessoas de idade avançada já chegam à sala de aula com uma imensa bagagem de vivências e conhecimentos que não podem ser desprezados pelo educador; Velocidade de aprendizagem – em pessoas idosas, o ritmo de aprendizagem costuma ser mais lento e, portanto, deve ser respeitado, sob pena de gerar insegurança e bloqueios aos conteúdos tratados no curso; Dificuldades de ordem visual – não é incomum em cursos de informática, por exemplo, observar idosos que necessitam, além da correção visual dos óculos, recorrerem a lupas para melhor visualizar imagens em um monitor de computador; Dificuldades de ordem auditiva – idosos que apresentam algum tipo de problema auditivo requerem atenção especial e maior proximidade do professor na sala; Problemas de locomoção – a dependência de instrumentos de locomoção como muletas ou cadeiras de rodas exigem cuidados na acomodação de alguns idosos ao local de estudo. Estas são algumas características que tornam o ensino para idosos uma matéria que requer maiores considerações e uma atenciosa elaboração. Em resumo, é uma ação educativa que deve ser dirigida pela reflexão crítica de pesquisadores e educadores. O resultado é positivo para a sociedade, pois ao oportunizar o acesso aos avanços tecnológicos, prolonga a vida útil dos indivíduos, que se mantêm produtivos, mesmo em faixas etárias mais avançadas. 4.1 Os espaços que os idosos ocupam Uma importante classificação quanto aos espaços de atuação do idoso é feita por Peixoto (1997, p. 71), ao distinguir dois eixos: o espaço público, isto é, “de uso coletivo e aberto como a rua, praças, as escolas e o trabalho” e o I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 48
  • 49. espaço privado, ou seja, “fechado como a casa, principalmente”. Esta classificação tem impacto direto em um programa educacional na modalidade à distância, e necessita diferenciar claramente as atividades a serem desenvolvidas nestas duas dimensões. Embora um curso à distância pertença predominantemente ao espaço privado, privilegiando o autodesenvolvimento do indivíduo, existem esferas de interação inevitáveis que invadem o espaço público, como no caso dos encontros presenciais. Há ainda o espaço virtual, que não se enquadra exclusivamente em nenhum dos espaços já citados. Na verdade, o espaço virtual se relaciona àqueles espaços por justaposição, apropriando-se de elementos ora do público, ora do privado. Ocorre assim que o espaço virtual acaba por transformar o espaço privado em espaço público, através da promoção da interatividade. Para compreender melhor a inter-relação dos espaços, é preciso aprofundar a discussão envolvendo a idéia de interatividade e interação. Estes dois conceitos, normalmente tratados de forma sinônima, recebem abordagens distintas por Villardi (2005, p. 100). Embora a autora reconheça a origem comum destes substantivos, atribui aos mesmos diferentes graus de amplitude e complexidade. Assim, a interatividade se apresenta como conjunto de ações que estabelecem uma comunicação unilateral entre os sujeitos. No âmbito da interatividade, portanto, os participantes desse tipo de comunicação não se afetam mutuamente, não há trocas. Para a autora “a interatividade pressupõe uma distinção de natureza ou de nível hierárquico entre os sujeitos envolvidos” (VILLARDI, 2005, p. 101). A interação, por seu turno, possui maior complexidade, pois evoca um ambiente comunicativo apropriado e a predisposição dos “atores envolvidos” no processo para proporcionar “afetação múltipla”. Isto implica que, numa comunicação caracterizada pela interação, o emissor envia uma mensagem que impacta seu receptor, entretanto, este mesmo sujeito, sofre o reflexo de sua própria ação, sendo afetado também no processo. Logo, a interação, na esfera educacional, torna-se facilitadora do aprendizado por se constituir num território colaborativo que promove novos encontros e novas trocas entre as partes. Villardi (2005, p. 101) conclui que a interação “culmina, portanto, em mudança de concepção e em construção de conhecimentos a partir da reflexão e da crítica, em ambientes cooperativos, de dentro dos quais emerge a aprendizagem”. Dessa forma, entende-se que a aplicação da aprendizagem colaborativa em rede promovida pela EaD pode trazer inúmeros benefícios ao público da terceira idade. Num primeiro momento, algumas vantagens têm presença mais marcante, como por exemplo, a possibilidade de adequação ao ritmo de cada um. Além disso, existe a adequação de conteúdos a condições de aprendizagem especiais. Há ainda, como outro efeito bem-vindo, as oportunidades de socialização advindas da interação, que podem se constituir num poderoso “remédio” contra a solidão. Sem falar na manutenção da atividade cognitiva, proporcionada pela formação continuada e o fornecimento constante de estímulos, exercícios e atividades. 4.2 A reinterpretação da velhice Por ora, alguns movimentos parecem relevantes no cumprimento de uma agenda que visa à criação de programas educacionais para idosos. Tal tarefa deve empregar recursos que favoreçam o resgate de potenciais latentes Aplicações da EaD: A Comunicação e o Idoso 49
  • 50. do público idoso e, conseqüentemente, contribuam para a conquista da autonomia dessa população. A adoção de novas estratégias de relacionamento, que atendam às especificidades dos idosos, se constitui num importante passo. A busca pela reinterpretação da velhice, reconhecendo sua complexidade e diversidade, configura-se como outro caminho valioso. O próprio conceito de terceira idade apresenta-se como certo avanço no sentido de oferecer novos mecanismos de representação social para essa classe, que deve ser entendida como dinâmica e atuante, com novos papéis estabelecidos. O cuidado com o desenvolvimento de programas educacionais para o público da terceira idade é, portanto, de grande importância no desenvolvimento de uma participação mais ativa da população idosa na vida em sociedade. Referências [1] BARLUND, Dean C. Comunicação: o contexto da mudança. In: MORTENSEN, C. David. Teoria da Comunicação. Wisconsin, Mosaico, 1980. [2] IBGE. Anuário Estatístico do Brasil – 1993. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro, 1994. [3] LITWIN, Edith (org.). Educação à distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. [4] MONTEIRO, Mário F. G., ALVES, Maria Isabel C. Aspectos demográficos da população idosa no Brasil. In: Terceira idade: um envelhecimento digno para o cidadão do futuro / Renato P. Veras [et al]; Relume-Dumará: UnATI/UERJ, 1995. [5] PEIXOTO, Clarice. De volta às aulas ou de como ser estudante aos 60 anos. In: Terceira idade: desafios para o terceiro milênio / Renato P. Veras, organizador. Rio de Janeiro: Relume-Dumará: UnATI/UERJ, 1997. [6] SANT’ANNA, Maria Josefina G. UnATI, a velhice que se aprende na escola: um perfil de seus usuários. In: Terceira idade: desafios para o terceiro milênio / Renato P. Veras, organizador. Rio de Janeiro: Relume- Dumará: UnATI/UERJ, 1997. [7] STUART-HAMILTON, Ian. A psicologia do envelhecimento: uma introdução. 3ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. [8] VILLARDI, Raquel. Tecnologia na educação: uma perspectiva sócio- interacionista. / Raquel Villardi & Eloíza Gomes de Oliveira. – Rio de Janeiro: Dunya, 2005. Autor Profa. Dra. Devani Salomão de Moura Reis, jornalista Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo/Escola de Comunicações e Artes. Pós-graduação em Docência em Ensino Superior, UFRJ. Editora do Jornal da Amiamspe – Associação Médica de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 50
  • 51. 51 INTELIGÊNCIA, AFETIVIDADE E APRENDIZAGEM Sheila da Costa Oliveira “.. no mundo mamífero e, sobretudo, no mundo humano, o desenvolvimento da inteligência é inseparável do mundo da afetividade, da curiosidade, da paixão, que, por sua vez, são a mola da pesquisa filosófica ou científica. A afetividade pode asfixiar o conhecimento, mas pode também fortalecê-lo.” Edgar Morin Resumo A inteligência e a afetividade humanas têm sido estudadas nos mais diversos domínios. Especialmente após o início das pesquisas a respeito de inteligência e emoção artificiais, a discussão desse binômio tem iluminado vários aspectos da biologia, da saúde, da psicologia, da robótica, da educação. O presente trabalho discorre sobre inteligência e afetividade em ambientes virtuais de aprendizagem, a partir do exame desses dois conceitos tais como foram consolidados em ambientes de educação presencial, modelo no qual cresceram os que se envolvem atualmente em educação a distância. Indicam-se alguns marcadores atitudinais que produzem efeitos positivos de afetividade no contexto educacional, seja ele presencial ou virtual, resgatando o papel da emoção na motivação para aprender. Discute-se, igualmente, como essa motivação afeta o desempenho dos envolvidos na aprendizagem em meio virtual e de que maneira pode ser explorada, nesse contexto, como estratégia pedagógica. Os resultados aqui apresentados são oriundos de pesquisa bibliográfica a respeito de ambos os conceitos, da observação de comportamentos e atitudes docentes e discentes em cursos de graduação e pós- graduação virtual ao longo de 6 semestres letivos, e da consolidação da discussão do tema “afetividade e inteligência” em fórum virtual, com um grupo de nove tutores, no I ENATED – jul./2006. 1. Introdução O desenvolvimento cognitivo da espécie humana descreve uma trajetória, no mínimo, sui generis. Mergulhado da percepção/recepção dos fenômenos naturais externos, e bombardeado internamente por toda a gama de sensações que estes provocavam no seu corpo, o homem primitivo aprendeu, pouco a pouco, a pensar sobre o que lhe acontecia, desenvolvendo, assim, seu intelecto. Conforme comenta Morin, [1] ao longo desse caminho o ser humano operou, também paulatinamente, a cisão entre o conhecer e o sentir, chegando ao exagero da oposição entre esses domínios, como se um devesse anular o outro. Atingimos, dessa forma, a primazia do conhecimento racional, analítico, fragmentado, especializado, sobre o conhecimento intuitivo, sintético, holístico, sistêmico. Contudo, esse estado de coisas conduziu também à cegueira que gera o erro, a ilusão, e, impelida pela necessidade de eliminar esses riscos perceptivos, a humanidade parece em busca de refazer atualmente seus rumos, caminhando para a reintegração com o todo do qual se separou. Nesse contexto, as discussões inter/multi/transdisciplinares vêm à baila, provocando reorganizações sucessivas no conjunto de saberes produzidos pela ciência.
  • 52. I ENATED Encontro Nacional de Tutores de Educação a Distância 52 A retomada da discussão a respeito do antigo binômio opositivo inteligência versus afetividade, mais acirrada após o surgimento das teorias de Gardner, com as Inteligências Múltiplas, [2] a partir de 1986; Goleman, com a Inteligência Emocional, [3] a partir de 1996; e Cury, com a Inteligência Multifocal, [4] a partir de 1999, ocupa hoje largos espaços no contexto educacional, provocando novas e importantes ilações. Em especial no contexto da educação a distância multimidiaticamente mediada, que tem por base o microcomputador e as redes informatizadas – evidência atual máxima dos resultados de aplicação da inteligência lógico-racional – a discussão desse binômio tem importância significativa. É a respeito dele que passaremos a refletir, neste trabalho, tendo como suporte, além dos estudos bibliográficos e de campo realizados durante a pesquisa com vistas à elaboração de tese de doutoramento, as discussões realizadas no I Enated, (Encontro nacional de Tutores de Educação a Distância – jul/2006) desenvolvido no modelo de “inconferência”, sob a tutela da ABED (Associação Brasileira de Educação Distância), no fórum intitulado “Inteligência e Afetividade em EAD.”, sob a coordenação da autora deste texto. 2. Objetivos O presente texto tem como objetivo refletir a respeito do papel da afetividade no processo do aprender, procurando indicar de que forma o ingrediente afetivo e emocional pode ser utilizado e desenvolvido também em ambientes virtuais de aprendizagem, a partir do que se conhece e pratica em ambientes educacionais presenciais, origem da educação a distância e de seus idealizadores, e que ainda condiciona muitas das atitudes e decisões assumidas nesse novo modelo. 3. Desenvolvimento 3.1 Inteligência versus Afetividade ou Inteligência com, por causa da Afetividade? A proposição desse tema para o I Enated foi motivada por dois grandes focos. O primeiro deles é o estudo da interlocução entre tutores e tutorandos, tema de um dos capítulos de tese atualmente em fase de texto final, processo no qual a afetividade desempenha papel decisivo. O segundo surgiu da observação de uma tendência perigosa em educação a distância via web, também constatada durante o processo de pesquisa: a transformação da aprendizagem virtual em mero estudo de textos e realização de tarefas, hipertrofiando as funções lógico-racionais que são habitualmente consideradas sinais de inteligência. Edgar Morin [5], muito propriamente, refere-se a esse fenômeno como o resultado da projeção de uma superestrutura (no caso, o microcomputador e todo o contexto da tecnologia da informática) no comportamento individual, micro e macro coletivo. Tomando o conceito de imprinting criado por Konrad Lorenz, desenvolve-o comentando a “marca matricial que inscreve o conformismo a fundo e a normalização que elimina o que poderia contestá-lo.” (p.28) Desse modo, o imprinting das tecnologias da informação e da comunicação (padronização, rotinização, automatismo), tende a manifestar-se nos processos a que dão suporte e nos resultados que delas se originam. Uma das participantes registrou interessante postagem a esse respeito: “...conversando com um amigo da área tecnológica, ele me disse que precisa ser acordado para a realidade do afeto e da pessoalidade, pois, lidando muito com a máquina, ele se esquece dessa dimensão, muitas vezes, em si próprio.”
  • 53. Inteligência, afetividade e aprendizagem 53 Ao iniciar a reflexão a respeito desses dois aspectos humanos - a inteligência e a afetividade - ingredientes já reconhecidos como base da aprendizagem, deparamo-nos com duas das crenças que a educação formal do ocidente criou para si mesma, ao longo de seu desenvolvimento, e que tendem a repetir-se nas aprendizagens realizadas no meio virtual. Ambas as crenças são objetos de estudo de diversos pesquisadores, ao longo da história da educação, e mais recentemente no volume organizado por Valéria Amorim Arantes [6]: a) intelecção e emoção não devem caminhar juntas, e aprender é, antes de tudo, um processo intelectivo, não afetivo e não emocional. b) afetivizar os processos de aprendizagem é minimizar a relação professor- aluno, retornando aos modelos relacionais infantilizantes vividos entre pais e filhos. Sobre essas duas equivocadas bases se construiu muito do modelo educacional que ainda temos hoje, embora todos os esforços em contrário, e a respeito delas procuraremos discorrer, ao longo desse texto. 3.2 Emoção impulsiona intelecção Quanto à primeira, iniciaremos com Lima [7], quando diz que “a inteligência, para Piaget, é o mecanismo geral do comportamento, consistindo a afetividade no tônus (grau de interesse) da ação.” (p 46) Portanto, não haveria oposição, nem exclusão de uma em relação à outra, já que compõem as duas partes de um todo, como em uma moeda, por exemplo, (cara ou coroa) ou numa folha de papel (verso e anverso), o que pode ser facilmente comprovado observando-se os fatos mais cotidianos e as frases mais coloquiais, características do senso comum. A primeira delas é recorrente: “Como você quer que eu estude, se estou com a cabeça cheia de problemas?” Ora, um problema é sempre uma variável intelectiva, pois é algo a ser resolvido. Contudo, o fato de não encontrar rapidamente uma solução satisfatória para uma situação problemática tende a desestabilizar emocionalmente o sujeito, o que geralmente afeta a eficiência das redes de conexões que o indivíduo precisa continuar criando enquanto busca o modo de resolver o problema. Com as redes conectivas bloqueadas, a atividade de pensar acaba também por sofrer com a presença de obstáculos, sejam eles de natureza neurobioquímica ou psicológica. Mas, se o problema (seja ele de qualquer natureza) é resolvido a contento, reforça-se a auto-estima, a autoconfiança, o que termina por criar as condições necessárias à resolução eficiente de um problema futuro. Célestin Freinet [8] assim se refere a esse mecanismo: “o ato bem sucedido tende a reproduzir-se, como se o êxito tivesse deixado uma marca favorável para um segundo êxito. Se, ao contrário, o ato falha, a força viva mobilizada para o ato reflui sobre si própria, reforça-se como a água comprimida pela barragem”; (p.58) e Philippe Perrenoud [9], em outra linguagem, reafirma a mesma idéia: “uma competência consolidada abre caminho para a consolidação de outra, do mesmo modo que um bloqueio não ultrapassado favorece a instauração de outros.” (p.86) Outro comentário recorrente é o que diz respeito ao vínculo que se cria entre o conteúdo e seu veiculador, comumente expresso por declarações do tipo: “Odeio essa matéria! O professor é um chato!” Nesse caso, a fusão entre o objeto de conhecimento (matéria, disciplina, conteúdo a ser aprendido) e o mediador do processo (professor) é evidente. Preso aos bloqueios estabelecidos com a pessoa, o aluno desenvolve a rejeição pelo conteúdo, e, para resolver essa situação, é preciso que encontre outros mediadores mais eficientes ao longo do seu caminho escolar, capazes de realizar a separação entre a lembrança das experiências não realizadoras e o assunto, conforme nos diz Cury [op.cit], conduzindo-o, desse modo,