O objetivo deste trabalho consiste em avaliar a evidência científica das implicações do zumbido na saúde psíquica dos sujeitos que o percebem. Nos últimos anos, zumbido vem atraindo a atenção de várias áreas, especialmente por ser um tema ainda obscuro no campo científico, podendo estar associado a várias causas e surgindo muitas vezes enquanto sintoma de um sofrimento psíquico já existente ou gerando consequências catastróficas nos sujeitos que o percebem, de acordo com as queixas apresentadas pelos clientes na clínica médica. Realizamos uma pesquisa sistemática de artigos científicos, nas bases Google Acadêmico e Scielo. Para a pesquisa no Google Acadêmico, utilizamos os termos “tinnitus suffering psychological implications”. Na base de dados Scielo foi criada a seguinte estratégia: zumbido and Psi$. Foram considerados os estudos realizados com adultos, publicados em português ou inglês, que correlacionaram zumbido à alguma forma de sofrimento psíquico. Não foram considerados cartas ao editor, estudos de caso e artigos cujos temas se situavam fora da nossa proposta de investigação. Almejamos, a partir desta análise, ampliar o olhar cientifico do psicólogo para este sintoma no sujeito, bem como reforçar o lugar deste profissional como agente de extrema importância no processo de ressignificação do zumbido enquanto causador do sofrimento psíquico.
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
Percepção do Zumbido e Saúde Psiquica
1. Percepção do Zumbido e Saúde Psíquica
Introdução
O objetivo deste trabalho consiste em avaliar a evidência científica
das implicações do zumbido na saúde psíquica dos sujeitos que o
percebem. Nos últimos anos, zumbido vem atraindo a atenção de
várias áreas, especialmente por ser um tema ainda obscuro no
campo científico, podendo estar associado a várias causas e
surgindo muitas vezes enquanto sintoma de um sofrimento psíquico
já existente ou gerando consequências catastróficas nos sujeitos
que o percebem, de acordo com as queixas apresentadas pelos
clientes na clínica médica. Realizamos uma pesquisa sistemática de
artigos científicos, nas bases Google Acadêmico e Scielo. Para a
pesquisa no Google Acadêmico, utilizamos os termos “tinnitus
suffering psychological implications”. Na base de dados Scielo foi
criada a seguinte estratégia: zumbido and Psi$. Foram
considerados os estudos realizados com adultos, publicados em
português ou inglês, que correlacionaram zumbido à alguma forma
de sofrimento psíquico. Não foram considerados cartas ao editor,
estudos de caso e artigos cujos temas se situavam fora da nossa
proposta de investigação. Almejamos, a partir desta análise, ampliar
o olhar cientifico do psicólogo para este sintoma no sujeito, bem
como reforçar o lugar deste profissional como agente de extrema
importância no processo de ressignificação do zumbido enquanto
causador do sofrimento psíquico.
Desenvolvimento
O zumbido é definido como a percepção de som na ausência de
estímulo externo ou estimulação elétrica. O entendimento
psicológico de por que o zumbido se torna uma condição de
sofrimento inicia-se quando adquire uma significância emotiva
através de processos cognitivos (MCKENNA et al., 2014).
Encontrarmos na literatura diferentes perspectivas de como o
zumbido é gerado e percebido (SANCHEZ, et al., 1997), entretanto,
a fundamentação teórica que nos últimos anos vem ganhando mais
força considera o zumbido como um fenômeno neurofisiológico, que
envolve os processos de geração, detecção e percepção, onde
ocorre ativação de áreas corticais e do sistema límbico
(JASTREBOFF, 1990). Os resultados do Google Acadêmico foram
filtrados considerando os anos de 2012 a 2016 e foram
considerados os 20 (vinte) primeiros resultados mais relevantes,
sendo 09 (nove) destes selecionados de acordo com os critérios
supracitados. Na base de dados Scielo, foram filtrados 13 (treze)
artigos, dos quais 06 (seis) foram considerados para análise. Os
artigos foram publicados entre os anos de 2011 a 2014. Os campos
de interesse envolvem uma vasta quantidade e profundidade de
investigação em relação ao zumbido e associações com sofrimento
psíquico, desde estudos conceituais, clínicos, epidemiológicos e
revisionais. Dentre os artigos analisados, vemos que o zumbido
pode estar associado a vários transtornos mentais, trazendo
mudanças substanciais do comportamento e interferindo
negativamente na qualidade de vida dos sujeitos que o percebem.
Ainda não se sabe exatamente a relação causa/consequência entre
zumbido e transtornos psíquicos.
Considerações Finais
De acordo com este levantamento encontramos dois (2) artigos conceituais que se dedicam nas
análises epistemológicas acerca do zumbido; três (3) artigos epidemiológicos demonstrando o
zumbido estar associado com algumas variáveis sociodemográficas e transtornos, em particular a
depressão; cinco (5) artigos clínicos, donde se evidencia a relação com a depressão e outros
transtornos, além de estudos de intervenção clínica, principalmente tratamento de orientação
cognitivo-comportamental, também evidenciando os efeitos deletérios do zumbido; e, quatro (4)
artigos de revisão abordando a associação com comorbidades psiquiátricas, em particular
depressão.
Considerando as principais queixas apresentadas pelos sujeitos que percebem o zumbido
evidenciamos que a presença deste está associada a transtornos psíquicos, incluindo questões de
personalidade, afetividade, transtornos de pânico, desordens psiquiátricas e em sua maioria
ansiedade e depressão. Apesar de ser um tema já de grande exploração na literatura, tanto
nacional como internacional, torna-se importante que sejam realizadas mais pesquisas abordando
estes temas, para que possa se ter um melhor esclarecimento acerca da relação
causa/consequência entre zumbido e transtornos psíquicos.
Referências
ALHAZMI, F. et al. An Investigation of the Impact of Tinnitus Perception on the Quality of Life. Journal of Phonetics and Audiology, v. 2, n. 1, p. 1-7, 2016.
DAUMAN, N. et al. Intra-individual variability in tinnitus patients. Leitthema HNO, v. 63, n. 4, p. 302-306, 2015.
GEOCZE, L. et al. Revisão sistemática sobre as evidências de associação entre zumbido e depressão. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 79, n. 1, p.106-111, 2013.
GOIS, R. O. et al. Estado mental e impacto do zumbido em idosos. Rev. CEFAC, v.16, n. 3, p.798-809, 2014.
JACKSON, J. G.; COYNE, I. J.; CLOUGH, P. J. A preliminary investigation of potential cognitive performance decrements in non-help-seeking tinnitus sufferers. International Journal of Audiology, v.
53, n. 2, p. 88-93, 2014.
JASTREBOFF, P. J. - Phantom auditory perception (tinnitus): Mechanisms of generation and perception. Neuroscience Research, v. 8, n. 4, p. 221-254,1990.
MCCORMACK, A. et al. Investigating the association between tinnitus severity and symptoms of depression and anxiety, while controlling for neuroticism, in a large middle-aged UK population.
International Journal of Audiology, v. 54, n. 9, p. 599-604, 2015.
MATHIAS, K. V.; MEZZASALMA, M. A.; NARDI, A. E. Prevalência de transtorno de pânico em pacientes com zumbidos. Rev. psiquiatr. Clín., v. 38, n. 4, p.139-142, 2011.
MCKENNA , L. et al. A Scientific Cognitive-Behavioral Model of Tinnitus: Novel Conceptualizations of Tinnitus Distress. Frontiers in Neurology, v. 5, n. 196, p. 1-15, 2014 .
MILEROVÁ, J. et al. The influence of psychological factors on tinnitus severity. General Hospital Psychiatry,v. 35, n. 4, p. 412-416, 2013.
MUCCI, S. et al. Systematic review of evidence on the association between personality and tinnitus. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 80, n. 5, p.441-447, 2014.
PHILIPPOT, P. et al. A Randomized Controlled Trial of Mindfulness-Based Cognitive Therapy for Treating Tinnitus. Clinical Psychology and Psychotherapy, v. 19, n. 5, p. 411-419, 2012.
PINTO, P. C. L. et al. Tinnitus and its association with psychiatric disorders: systematic review. The Journal of Laryngology & Otology, v. 128, n. 8, p. 660-664, 2014.
ROSA, M. R. D. da et al. Zumbido e ansiedade: uma revisão da literatura. Rev. CEFAC, v.14, n. 4, p.742-754, 2012.
SANCHEZ, T. G. et al. Controvérsias sobre a fisiologia do zumbido. International Archives of Otorhinolaryngology, v. 1, n. 1, p. 2-8, 1997.
SANTOS, R. M. R. dos et al. Fenômenos alucinatórios auditivos em pacientes com zumbido: relações afetivas e aspectos depressivos. Int. Arch. Otorhinolaryngol., v16, n. 3, p.322-327, 2012.
ZIRKE, N. et al. Psychological comorbidity in patients with chronic tinnitus: analysis and comparison with chronic pain, asthma or atopic dermatitis patients. Quality of Life Research, v. 22, n. 2, p. 263-
272, 2013.
Vanessa Maria da Silva1
, Evson Ferreira dos Santos¹, José Arturo Costa Escobar2
I JORNADA DE SAÚDE MENTAL ESUDA
1
Discente do curso de Psicologia, Faculdade de Ciências Humanas ESUDA, vanessasilva.fonoaudiologia@gmail.com
2
Docente do curso de Psicologia, Faculdade de Ciências Humanas ESUDA
Tipo, Temática de Estudo e Associações com a Existência de Zumbido
Base de
dados
Autores
Conceitual: Novas conceituações do sofrimento causado por zumbido G. Acadêmico McKenna et al, 2014
Epidemiológico: Associação entre zumbido, depressão e ansiedade G. Acadêmico McCormack, 2015
Clínico: Efeitos negativos na qualidade de vida e severidade para ansiedade
e depressão
G. Acadêmico Alhazmi et al., 2016
Revisão: Associação com desordens psiquiátricas e depressão G. Acadêmico Pinto et al., 2014
Epidemiológico: Associação com aspectos psicológicos e variáveis
sociodemográficas
G. Acadêmico Milerová et al., 2013
Clínico: Tratamento com terapia cognitiva (mindfullness) G. Acadêmico Philippot et al., 2011
Clínico: Deterioração do desempenho cognitivo G. Acadêmico Jackson et al. 2014
Epidemiológico: Validação de instrumentos diagnósticos, associação com
comorbidade psicológica menos grave que outras doenças (asma crônica,
dor crônica e dermatite atópica)
G. Acadêmico Zirke et al., 2012
Conceitual: Variabilidade individual da percepção de zumbido e implicações
na clínica
G. Acadêmico Dauman et al., 2015
Clínico: Relação de fenômenos alucinatórios auditivos em pacientes que
sentem zumbido, com a afetividade e depressão
Scielo
Santos, R. M. R. dos
et al, 2012
Revisão: Algumas características de personalidade podem estar associados
à percepção e ao incômodo do zumbido.
Scielo Mucci et al., 2014
Revisão: Alta prevalência de sintomas depressivos associados ao zumbido Scielo Geocze et al., 2013
Clínico: Alta prevalência de zumbido associado a transtornos de pânico,
depressão e ansiedade
Scielo Mathias et al, 2011
Clínico: Interferência do zumbido na qualidade de vida de idosos Scielo Gois et al., 2014
Revisão: Alta prevalência de ansiedade e depressão Scielo
Diniz da Rosa et al.,
2012