Artigo de revisão sobre a Neuropsicologia no tratamento da Doenca de Alzheimer publicado pela Secretaria Municipal de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa (SEMPI, Bagé/RS). Revista Dialogicidade, ISSN: 2237-2253.
A Neuropsicologia no tratamento da Doenca de Alzheimer
1. Publicação da Secretaria Municipal de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa (SEMPI)
Secretaria Municipal de Saúde – Prefeitura Municipal de Bagé-RS.
Vol. 1, N. 1 (out. 2011), EDIURCAMP, 2011.
ISSN: 2237-2253.
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LEITE, A.O.F.¹; MARQUES-DIAS, M.H.S.S.²
¹ Amanda de Oliveira Ferreira Leite (Autora) - Psicóloga; Mestre em Neurociências; concluinte de
especialização em Neuropsicologia Clínica [IPAF-RS];
² Mª Helena Marques Dias (Co-autora) - Coordenadora do Instituto de Psicologia Aplicada do Rio Grande do
Sul [IPAF-RS].
Palavras-chave: Envelhecimento; Neuropsicologia; Doença de Alzheimer; avaliação
neuropsicológica.
I. Introdução
O envelhecimento da população no século XX propiciou a alta incidência de doenças
senis, entre elas a Doença de Alzheimer, que agride bruscamente a vida do idoso e dificulta
um envelhecimento saudável e ativo. As pesquisas da Neuropsicologia se destacam,
contribuindo para aprimorar o tratamento e qualidade de vida desses pacientes.
II. Problemática
Quais as principais contribuições da Neuropsicologia para o tratamento da Doença de
Alzheimer?
III. Objetivos
1. Realizar um levantamento bibliográfico sobre as principais contribuições
neuropsicológicas no campo do Alzheimer;
2. 2. Abordar o avanço da avaliação neuropsicológica como ferramenta diagnóstica;
3. Relatar o funcionamento neuropsicológico do paciente;
4. Ressaltar a relevância da reabilitação neuropsicológica como recurso terapêutico.
IV. Referencial teórico
O envelhecimento normal apresenta inúmeras transformações bioquímicas, sociais e
psicológicas, implicando em perda gradual da adaptação ao meio e diminuição da
capacidade de sobrevivência (MOI, 2004).
A Doença de Alzheimer afeta 5% dos indivíduos com mais de 65 anos e 20%
daqueles acima de 80 anos, sendo a forma mais comum de demência (TUPPO e ARIAS,
2005). Clinicamente, o indicador mais notável é a perda progressiva da memória, prejuízo na
linguagem, na capacidade cognitiva, laborativa e social. Nos estágios mais avançados
observam-se: sintomas depressivos e ansiosos; comportamentos agressivos; desinibição
sexual e idéias delirantes (ABREU et al., 2005).
A Neuropsicologia é uma disciplina dentro das Neurociências, ocupando-se do estudo
das relações entre funções cerebrais (preservadas ou alteradas), cognição e comportamento
(CAPOVILLA et al., 2007). Os métodos de avaliação consistem principalmente em
entrevistas, questionários e testes (ANDRADE et al, 2004). Algumas funções cognitivas
avaliadas são: atenção, raciocínio, memória e linguagem (LEZAK et al, 2004; STRAUSS et
al 2006).
A reabilitação neuropsicológica é um processo ativo que objetiva capacitar pessoas
com déficits cognitivos a adquirirem um bom nível de funcionamento social, físico e psíquico
(ÁVILA, 2003).
V. Metodologia
Esta pesquisa é do tipo bibliográfica documental. A revisão sistemática foi realizada
nas bases eletrônicas nacionais da CAPES, no site Google Acadêmico e no banco de
dados norte-americano Pubmed. Em português utilizou-se como palavras-chave:
“neuropsicologia e Alzheimer”, “avaliação neuropsicológica e Alzheimer”; em inglês:
“neuropsychology and Alzheimer”, “neuropsychological avaliation and Alzheimer”. Os
critérios de inclusão foram: a) estudos que enfoquem a Neuropsicologia e o Alzheimer; b)
3. trabalhos escritos na última década.
VI. Resultados Finais
A avaliação neuropsicológica do idoso colabora no diagnóstico diferencial entre
depressão, demências e deficiências de memória associadas à idade. Confirmada a
hipótese de demência, o perfil neuropsicológico é fundamental para a diferenciação entre
aquelas do tipo frontotemporal; dos corpos de Lewy; ou Alzheimer (ARGIMON et al, 2008).
Dentre os testes mais sensíveis para detectar alterações precoces do Alzheimer
estão: Aprendizagem de Listas de Palavras; Figura de Rey, Trail Making, Fluência Verbal, e
o subteste Semelhanças do WAIS-III (ANDRADE et al, 2004).
A reabilitação neuropsicológica é capaz de contribuir para a melhora das funções
cognitivas e da independência, o que traz enormes benefícios tanto para o idoso quanto
para sua família (ÁVILA, 2003). Por fim, a união dos achados neuropsicológicos às
interpretações clínicas pode oferecer uma compreensão mais adequada do caso (SIRI et
al., 2001).
VII. Conclusão
A Neuropsicologia vem destacando-se como uma ciência de suma importância na
área da saúde. No campo de estudo do envelhecimento, especialmente do Alzheimer, os
profissionais envolvidos tem na avaliação neuropsicológica uma ferramenta indispensável,
na medida em que possibilita um diagnóstico clínico mais preciso e estratégias mais
eficientes de prevenção, tratamento e reabilitação.
Referências
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entre memória e autonomia. Rev. Psiq. Clin., 32 (3): 131-136, 2005.
ANDRADE, et. al. (2004). A Neuropsicologia hoje. São Paulo. Artes Médicas, 2004.
4. ARGIMON, I.I.L.; WENDT, G.W.; SOUZA, S.G. Contribuições da avaliação
neuropsicológica na investigação da doença de Alzheimer. RBCEH, Passo Fundo, v. 5,
n. 1, p. 70-79, jan./jun. 2008.
ÁVILA, R. Resultados da reabilitação neuropsicológica em paciente com doença de
Alzheimer leve. Rev. Psiq. Clín. 30 (4): 139-146, 2003.
CAPOVILLA, A.G.S. Contribuições da Neuropsicologia cognitiva e da avaliação
neuropsicológica compreensão do funcionamento cognitivo humano. Cadernos de
Psicopedagogia, 6 (11), 2007.
LEZAK, M.D.; HOWIESON, D.B.; LORING, D.W. Neuropsychological assessment. (4th
ed.). New York: Oxford University Press, 2004.
MOI, R.C. Envelhecimento do sistema tegmentar: revisão sistemática de literartura.
Dissertação de Mestrado apresentada à Escola de Enfermagem USP-Ribeirão Preto.
Ribeirão Preto, 2004.
SIRI, S. et al. A brief neuropsychological assessment for the differential diagnosis
between frontotemporal dementia and Alzheimer’s disease. European Journal of
Neurology, v. 8, n. 2, p.125-132, Mar. 2001.
STRAUSS, E.; SHERMAN, E.M.S.; SPREEN, O. A Compendium of Neuropsychologial
Tests. Oxford University Press EUA, 2006.
TUPPO, E.E.; ARIAS, H.U. The role of inflammation in Alzheimer’s disease. The
International Journal of Biochemistry & Cell Biology, 37: 289-305, 2005.