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DO SECUNDÁRIO / 1


     Cartas na mesa
                                                              O impacto nulo em Portugal
FÓRUM DE DAVOS
Uma reunião atípica
                                                              dos resultados do estudo
de executivos,                                                internacional PISA
políticos e artistas
                                                              Foram anunciados recentemente os pri-
O Fórum de Davos reúne todos os anos nas monta-               meiros resultados do estudo internacio-
nhas  suíças  uma  importante  combinação  dos  mais          nal PISA de 2006. O estudo PISA é um
importantes donos do mundo. São os representantes             programa internacional de avaliação das
do  poder  político,  económico  e  cultural  do  planeta,    competências (em leitura, matemática e
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problemas da humanidade e, certamente, interessados           países da OCDE (a que se associaram
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reunião organizada desde 1971 pelo Fórum Económi-             dade de “aplicarem os seus conhecimen-
co Mundial (WEF, siglas em inglês) é o encontro anual         tos e analisarem, raciocinarem e comuni-
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Para participar, não se pode ser pobre: as mil maiores        locam, resolvem e interpretam problemas
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suíços (26.300 euros) para serem membros do WEF,              Os resultados de Portugal foram medí-
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ços (11.000 euros) para ir a Davos.                           al troca de mimos entre o Governo e a
Uma centena de multinacionais desembolsam, além               Oposição e para meia dúzia de analistas
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No seu discurso retórico, o WEF diz que o seu ob-             torções pois o conteúdo concreto do es-
jectivo é nada menos nada mais do que “melhorar o             tudo é ignorado.
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para obras de caridade.                                       último estudo e passou despercebido.
De  facto  a  melhoria  do  mundo,  para  estes  homens       Apesar de o resultado global de Portu-
poderosos, não passa por considerarem uma altera-             gal se ter mantido o mesmo (aqui vou só
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promova  a  possibilidade  de  cada  ser  humano  ser         número de alunos com 15 anos no 10º
dono de si próprio, mas passa, quando muito, pela             ano de escolaridade diminuiu, ou se-
possibilidade de distribuírem algumas das migalhas            ja, aumentou o número de reprovações
que sujam a toalha da sua mesa farta.                         de alunos com 15 anos: há mais alunos
Durante o Fórum, a localidade é invadida por mais             de 15 anos no 7º, no 8º e no 9º anos de
de 2.500 participantes, 10.000 jornalistas e serven-          escolaridade do que em 2003. Os re-
tuários do WEF, e todos são submetidos a um severo            sultados de cada um destes grupos de          Pré-escolar (3 anos)     1993/1994    Cavaco Silva – Manuela Ferreira Leite
dispositivo de segurança.                                     alunos melhoraram, mas o aumento de           Pré-escolar (4 anos)     1994/1995    Cavaco Silva – Manuela Ferreira Leite
Mais de 200 debates durante os cinco dias da reunião          reprovações impediu que o resultado de        Pré-escolar (5 anos)     1995/1996    António Guterres – Marçal Grilo
celebram  a  análise  de  coisas  tão  diversificadas  que    Portugal fosse melhor. Isto significa que,    1º ano                   1996/1997    António Guterres – Marçal Grilo
vão da situação do Paquistão à luta contra o cancro.          ao contrário do que é voz corrente, nós       2º ano                   1997/1998    António Guterres – Marçal Grilo
Na verdade, enquanto tais debates decorrem e alguns           não precisamos de reprovar mais alunos        3º ano                   1998/1999    António Guterres – Marçal Grilo
se entretêm com o debate sobre a politica internacio-         em Portugal, precisamos sim de apoiar         4º ano                   1999/2000    António Guterres - Guilherme D´Oliveira Martins
nal, nos corredores, nas salões e nos maples propor-          mais os alunos que reprovam (em mui-          5º ano                   2000/2001    António Guterres – Augusto Santos Silva
cionados pelo Fórum, a ocasião é óptima para muitos           tos países não há sequer reprovações          6º ano                   2001/2002    António Guterres – Júlio Pedrosa
presidentes de empresas se reunirem de maneira in-            no Ensino Básico, mas há muitos apoios        7º ano                   2002/2003    Durão Barroso – David Justino
formal  e  combinarem  os  negócios  que  verdadeira-         aos alunos com dificuldades).                 8º ano                   2003/2004    Durão Barroso – David Justino
mente interessam.                                             Um analista político criticava a actual Mi-   9º ano                   2004/2005    Santana Lopes – Maria do Carmo Seabra
O evento foi criado por um professor de Economia,             nistra da Educação por os resultados do       10º ano                  2005/2006    José Sócrates – Maria de Lurdes Rodrigues
Klaus  Schwab,  e  é  organizado  por  um  grupo  total-      PISA não terem melhorado entre 2003
mente  privado  e  que  cada  vez  mais  se  parece  com      e 2006. Ora isto não tem sentido pois         O trabalho da actual Ministra só poderá ter algum peso nos resultados
o organismo internacional que verdadeiramente go-             muito pouco do que a actual Ministra da       do estudo PISA de 2009 que serão publicados em 2010 quando, pro-
                                                                       IÉ
verna o mundo.                                                Educação possa ter feito de bem ou mal        vavelmente, já não for Ministra. A influência que cada aluno recebe na
Davos  permitiu  criar,  nalguns  anos,  alguma  ficção,      se pode ter reflectido nesses resultados.     sua escolaridade é de tal modo espalhada no tempo (e tanto a apren-
tendo as ficções mais conhecidas sido, talvez, a assi-        Com efeito, a recolha de dados do mais        dizagem da Matemática como da Leitura e das Ciências dependem
natura de uma declaração greco-turca em 1988, uma             recente estudo PISA decorreu na primei-       de todo o percurso escolar do aluno e não apenas do que se passou
reunião entre F.W. de Klerk e Nelson Mandela em 1992          ra metade do ano de 2006, ou seja, no         num ou noutro ano isolado) que todos nos deveríamos preocupar mais
e um acordo de paz israelo-palestiniano assinado por          lectivo de 2005/2006. A maior parcela de      com a coerência do sistema educativo em termos globais, não tentan-
Simon Peres e Yasser Arafat sobre Gaza em 1994. Mas           alunos portugueses analisados pelo PISA       do discutir pequenos segmentos isolados. Infelizmente em Portugal
nada disto passou, de facto, de ficção política.              estava então no 10º ano de escolaridade.      sabemos o que se passa do nosso lado da rua mas nem sequer sabe-
Como se calcula a reunião anual do WEF é excelente-           Estes alunos, ao longo da sua escolari-       mos o que se passa do outro lado da nossa própria rua quanto mais
mente servida e requintada oferecendo sendo abun-             dade, estiveram sob influência das deci-      do outro lado da cidade.
dante e farta em coquetéis, recepções e nas mais va-          sões dos seguintes Primeiro Ministros e
riadas diversões. Tudo coisas que, muito provavel-            Ministros da Educação (influência direc-                                                                         Jaime Carvalho e Silva
mente, ajudam a acertar as contas do mundo.                   ta, porque decisões de anos anteriores                                                                         Departamento de Matemática
                                    Paulo Serralheiro         também tiveram impacto no sistema):                                                                                   Universidade de Coimbra

                                                                                                                                                          a página da educação · fevereiro 2008

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Impacto Pisa

  • 1. DO SECUNDÁRIO / 1   Cartas na mesa O impacto nulo em Portugal FÓRUM DE DAVOS Uma reunião atípica dos resultados do estudo de executivos, internacional PISA políticos e artistas Foram anunciados recentemente os pri- O Fórum de Davos reúne todos os anos nas monta- meiros resultados do estudo internacio- nhas  suíças  uma  importante  combinação  dos  mais  nal PISA de 2006. O estudo PISA é um importantes donos do mundo. São os representantes  programa internacional de avaliação das do  poder  político,  económico  e  cultural  do  planeta,  competências (em leitura, matemática e oficialmente interessados e apostados em debater os  em ciências) dos alunos de 15 anos dos problemas da humanidade e, certamente, interessados  países da OCDE (a que se associaram em saber como continuar a conduzi-lo e a dominá-lo. mais cerca de duas dezenas de países). Apontados como promotores de uma visão exclusiva- Este programa pretende determinar em mente capitalista e liberal, ou neoliberal, do mundo, a  que medida os alunos possuem a capaci- reunião organizada desde 1971 pelo Fórum Económi- dade de “aplicarem os seus conhecimen- co Mundial (WEF, siglas em inglês) é o encontro anual  tos e analisarem, raciocinarem e comuni- dos mais ricos, poderosos e famosos do planeta. carem com eficiência, à medida que co- Para participar, não se pode ser pobre: as mil maiores  locam, resolvem e interpretam problemas empresas do mundo pagam por ano 42.500 francos  numa variedade de situações concretas”. suíços (26.300 euros) para serem membros do WEF,  Os resultados de Portugal foram medí- e cada membro individual paga 18.000 francos suí- ocres e este facto serviu para a habitu- ços (11.000 euros) para ir a Davos. al troca de mimos entre o Governo e a Uma centena de multinacionais desembolsam, além  Oposição e para meia dúzia de analistas disso, 500.000 francos suíços por ano (310.000 eu- incluírem a palavra PISA nos seus co- ros) para serem “sócios estratégicos” do WEF. mentários, aparecendo frequentes dis- No seu discurso retórico, o WEF diz que o seu ob- torções pois o conteúdo concreto do es- jectivo é nada menos nada mais do que “melhorar o  tudo é ignorado. mundo” e, durante a sua reunião anual, nesta estância  Eis, a título de exemplo, um facto básico de  esqui,  sucedem-se  os  anúncios  sobre  doações  que se retira do relatório português do para obras de caridade. último estudo e passou despercebido. De  facto  a  melhoria  do  mundo,  para  estes  homens  Apesar de o resultado global de Portu- poderosos, não passa por considerarem uma altera- gal se ter mantido o mesmo (aqui vou só ção da organização económica, social e política, que  referir a parte relativa à Matemática), o promova  a  possibilidade  de  cada  ser  humano  ser  número de alunos com 15 anos no 10º dono de si próprio, mas passa, quando muito, pela  ano de escolaridade diminuiu, ou se- possibilidade de distribuírem algumas das migalhas  ja, aumentou o número de reprovações que sujam a toalha da sua mesa farta. de alunos com 15 anos: há mais alunos Durante o Fórum, a localidade é invadida por mais  de 15 anos no 7º, no 8º e no 9º anos de de 2.500 participantes, 10.000 jornalistas e serven- escolaridade do que em 2003. Os re- tuários do WEF, e todos são submetidos a um severo  sultados de cada um destes grupos de Pré-escolar (3 anos)   1993/1994  Cavaco Silva – Manuela Ferreira Leite dispositivo de segurança. alunos melhoraram, mas o aumento de Pré-escolar (4 anos)   1994/1995  Cavaco Silva – Manuela Ferreira Leite Mais de 200 debates durante os cinco dias da reunião  reprovações impediu que o resultado de Pré-escolar (5 anos)   1995/1996  António Guterres – Marçal Grilo celebram  a  análise  de  coisas  tão  diversificadas  que  Portugal fosse melhor. Isto significa que, 1º ano   1996/1997  António Guterres – Marçal Grilo vão da situação do Paquistão à luta contra o cancro. ao contrário do que é voz corrente, nós 2º ano  1997/1998  António Guterres – Marçal Grilo Na verdade, enquanto tais debates decorrem e alguns  não precisamos de reprovar mais alunos 3º ano  1998/1999  António Guterres – Marçal Grilo se entretêm com o debate sobre a politica internacio- em Portugal, precisamos sim de apoiar 4º ano  1999/2000  António Guterres - Guilherme D´Oliveira Martins nal, nos corredores, nas salões e nos maples propor- mais os alunos que reprovam (em mui- 5º ano  2000/2001  António Guterres – Augusto Santos Silva cionados pelo Fórum, a ocasião é óptima para muitos  tos países não há sequer reprovações 6º ano  2001/2002  António Guterres – Júlio Pedrosa presidentes de empresas se reunirem de maneira in- no Ensino Básico, mas há muitos apoios 7º ano  2002/2003  Durão Barroso – David Justino formal  e  combinarem  os  negócios  que  verdadeira- aos alunos com dificuldades). 8º ano  2003/2004  Durão Barroso – David Justino mente interessam.  Um analista político criticava a actual Mi- 9º ano  2004/2005  Santana Lopes – Maria do Carmo Seabra O evento foi criado por um professor de Economia,  nistra da Educação por os resultados do 10º ano  2005/2006  José Sócrates – Maria de Lurdes Rodrigues Klaus  Schwab,  e  é  organizado  por  um  grupo  total- PISA não terem melhorado entre 2003 mente  privado  e  que  cada  vez  mais  se  parece  com  e 2006. Ora isto não tem sentido pois O trabalho da actual Ministra só poderá ter algum peso nos resultados o organismo internacional que verdadeiramente go- muito pouco do que a actual Ministra da do estudo PISA de 2009 que serão publicados em 2010 quando, pro- IÉ verna o mundo. Educação possa ter feito de bem ou mal vavelmente, já não for Ministra. A influência que cada aluno recebe na Davos  permitiu  criar,  nalguns  anos,  alguma  ficção,  se pode ter reflectido nesses resultados. sua escolaridade é de tal modo espalhada no tempo (e tanto a apren- tendo as ficções mais conhecidas sido, talvez, a assi- Com efeito, a recolha de dados do mais dizagem da Matemática como da Leitura e das Ciências dependem natura de uma declaração greco-turca em 1988, uma  recente estudo PISA decorreu na primei- de todo o percurso escolar do aluno e não apenas do que se passou reunião entre F.W. de Klerk e Nelson Mandela em 1992  ra metade do ano de 2006, ou seja, no num ou noutro ano isolado) que todos nos deveríamos preocupar mais e um acordo de paz israelo-palestiniano assinado por  lectivo de 2005/2006. A maior parcela de com a coerência do sistema educativo em termos globais, não tentan- Simon Peres e Yasser Arafat sobre Gaza em 1994. Mas  alunos portugueses analisados pelo PISA do discutir pequenos segmentos isolados. Infelizmente em Portugal nada disto passou, de facto, de ficção política.  estava então no 10º ano de escolaridade. sabemos o que se passa do nosso lado da rua mas nem sequer sabe- Como se calcula a reunião anual do WEF é excelente- Estes alunos, ao longo da sua escolari- mos o que se passa do outro lado da nossa própria rua quanto mais mente servida e requintada oferecendo sendo abun- dade, estiveram sob influência das deci- do outro lado da cidade. dante e farta em coquetéis, recepções e nas mais va- sões dos seguintes Primeiro Ministros e riadas diversões. Tudo coisas que, muito provavel- Ministros da Educação (influência direc- Jaime Carvalho e Silva mente, ajudam a acertar as contas do mundo. ta, porque decisões de anos anteriores Departamento de Matemática Paulo Serralheiro também tiveram impacto no sistema): Universidade de Coimbra a página da educação · fevereiro 2008