1. OS APARATOS TECNOLÓGICOS NO ENSINO
MÔNICA COROPOS
A velocidade avassaladora das transformações no mundo traz, consigo,
mudanças em nossos hábitos, informações, estilo de vida. Na linha de frente dessas
transformações, vemos as pesquisas e avanços tecnológicos emergindo diariamente e,
a impressão que temos, é a de que não damos conta desses avanços. Nas palavras
atuais, nossa mente sofre um “bug” aos impactos da modificação da sociedade em sua
forma de aprender. Este arquivo reúne minhas reflexões e algumas atitudes tomadas
para a formação continuada de educadores, que iniciou-se com o extinto “Orkut” e,
posteriormente, “Facebook”, “WhatsApp”, “Instagram”, Blog, Site, “Tik Tok” e
aplicativos educacionais.
Em consonância com Boyd (2007), o termo rede social refere-se a um serviço
baseado na Web, pelo qual é possível criar e manter um perfil público dentro de um
sistema com formato e estrutura dinâmica pré-determinados, no qual é possível
interagir com outros perfis, postar fotos, vídeos, links, trocar mensagens privadas ou
coletivas. Diante da adesão em massa e da inequívoca dependência das redes sociais,
concordamos com Kenski (2004), quando sinaliza que
O ensino via redes pode ser uma ação dinâmica e motivadora.
Mesclam-se nas redes informáticas – na própria situação de
produção e aquisição de conhecimentos – autores e leitores,
professores e alunos. As possibilidades comunicativas e a
facilidade de acesso às informações favorecem a formação de
equipes interdisciplinares de professores e alunos, orientadas
para a elaboração de projetos que visem à superação de
desafios ao conhecimento; equipes preocupadas com a
articulação do ensino com a realidade em que os alunos se
encontram, procurando a melhor compreensão dos problemas e
das situações encontradas nos ambientes em que vivem ou no
contexto social geral da época em que vivemos (KENSKI, 2004, p.
74).
O uso da Web e seus recursos, a diversidade de mídias, as diversas fontes de
informações como as redes sociais atestam a modificação da sociedade e sua forma de
informar-se, buscar aprendizado e, finalmente, aprender. As capacidades cognitivas como
raciocínio, memória, capacidade de representação mental e “percepção estão sendo
constantemente alteradas pelo contato com os bancos de dados, modelização digital,
2. simulações interativas, etc.” (BRENNAND, 2006, p.202). comunicacional tem propiciado aos
usuários dados acessíveis quase que de
imediato. Das diversas modalidades de comunicação que se estabeleceram na atual
sociedade da informação (CASTELLS, 2000), as redes sociais com foco em
relacionamentos estão num processo de expansão contínuo. Costa (2011, p. 54) afirma
que “as redes sociais organizam de forma transversal a comunicação entre usuários, e
consegue fazer os conteúdos circularem”. Para Burbules (2004):
Quantos às dificuldades e limitações, elenca-se a participação desigual dos usuários, a
má compreensão na redação de algumas postagens, comunicação, ausência de apoio
institucional e de planejamento estratégico e sequencial das atividades e tema, entre outras.
Contudo, assim como afirma Bohn (2009), as redes sociais possibilitam o estudo em grupo, a
troca de conhecimento e a aprendizagem colaborativa, trazendo motivação ao educador, que
se envolve e se encanta com esta nova forma de Pedagogia.
6 Palavra inglesa que significa teia ou rede. Nome pelo qual a rede mundial de computadores
internet se tornou conhecida a partir de 1991, quando se popularizou devido à criação de uma
interface gráfica que facilitou o acesso e estendeu seu alcance ao público em geral.
Entre 1980 e meados de 1990, nasceu a Geração Y. Conhecida como Geração
Mimada, pois tiveram o primeiro contato com o computador e com isso vieram as
facilidades de comunicação e a globalização
Quando a antiga União Soviética exercia forte influência sobre países
de origem comunista, chegava a definir a primeira letra dos nomes
que deveriam ser dados aos bebês nascidos em determinado
período. Nos anos de 1980 e 1990 a letra principal era Y. Isso
realmente não teve muita influencia no mundo ocidental e capitalista,
mas posteriormente muitos estudiosos adotaram esta letra para
designar os jovens nascidos nesse período. Surge assim o termo
Geração Y.7
Para os alunos desse período geracional, o nível de atualização de
informações é de alto valor. É necessário que as atualizações das informações
sejam constantes e atuais, pois priorizam resultados imediatos. Permanecem mais
tempo na casa dos pais, com frequência fogem da responsabilidade e tem em suas
3. mentes que os problemas do mundo devem ser resolvidos pelas demais gerações.
11
Utilização de Redes Sociais para a Formação Continuada Não-formal
de professores: apresentação da página Musicalizando com Alegria
Introdução
Imersos em, o
cenário comunicacional tem propiciado aos usuários dados acessíveis quase que de
imediato. Das diversas modalidades de comunicação que se estabeleceram na atual
sociedade da informação (CASTELLS, 2000), as redes sociais com foco em
relacionamentos estão num processo de expansão contínuo. Costa (2011, p. 54) afirma
que “as redes sociais organizam de forma transversal a comunicação entre usuários, e
consegue fazer os conteúdos circularem”. Para Burbules (2004):
A Internet (...) compreende diferentes meios que moldam e são moldados por
grupos que utilizam com diferentes objetivos, não sendo apenas um conjunto de
indivíduos conectados a outros, mas um espaço onde grupos que se formam
interagem e trabalham cooperativamente, proporcionando a constituição de
novos grupos (BURBULES, 2004, p. 209-229).
O Facebook é uma dessas redes a serviço dos interesses de seus usuários,
proporcionando lazer, estudos, relacionamentos e informações diversas, constituindo-
se em um importante instrumento a serviço desses interesses. O ensino não-formal
através dessas mídias chega ao professor de música, e contribui para sua aproximação
com os nativos digitais (PALFREY; GASSER, 2011) além de ser um ágil instrumento de
formação continuada não-formal, constituindo-se em mais uma ferramenta de pesquisa
diante das necessidades recorrentes do seu dia a dia, no que concerne aos
4. planejamentos das aulas, projetos, repertório e atividades.
O presente trabalho é um relato de minha experiência como criadora e
administradora da página do Facebook denominada Musicalizando com Alegria e tem
por objetivo apontar as interferências, contribuições e limitações do Facebook no
processo de formação continuada não-formal do educador musical, diante da
diversidade de informações disponíveis no contexto das redes sociais.
O ensino não-formal e a formação continuada
Distinto do ensino formal – aquele praticado nas escolas sob a égide das
políticas educacionais - o ensino não-formal é caracterizado por um conjunto de
aspectos que o distingue da educação formal, pois acontece em espaços próprios, que
tem como função a formação ou instrução de indivíduos sem o compromisso de dar a
estes certificados - documentos esperados quando a educação acontece no sistema
educativo formal. Autores como Gohn (2008), Libâneo (1998) e Trilla (2008) conceituam
tal proposta como oportunidades educativas assistemáticas, que não substituem ou
competem com a educação formal, mas que podem ajudar na complementação desta.
Cada vez mais ao professor são requeridas novas habilidades, como capacidade
de abstração e de aliar a teoria à prática, de atenção e reflexão, da percepção diante
das transformações dentro e fora da escola, além de um comportamento profissional
mais flexível, que o afastam do engessamento em velhas molduras, fórmulas e
concepções. Ao professor cabe a tarefa de alimentar continuamente sua formação,
seja por meio de novos cursos, de especializações, de congressos, de seminários e de
outros mecanismos, buscando o enriquecimento pessoal e profissional. Contreras
(2002) afirma que, no processo de formação, a autonomia, a responsabilidade e a
capacitação são características tradicionalmente associadas a valores profissionais que
deveriam ser indiscutíveis na profissão docente (CONTRERAS, 2002). Deste modo, o
ensino não-formal redimensiona e ressignifica saberes já existentes ao professor,
possibilitando-o a reconstruir seus conceitos e visões, gerando mais autonomia e
segurança, de forma que possa decidir o que é melhor à sua prática.
5. Interferências, contribuições e limitações do Facebook no processo de formação
continuada do professor de música
Estrutura social composta por pessoas ou organizações conectadas por um ou
vários tipos de relações que partilham valores e objetivos comuns, uma das
características fundamentais do Facebook é sua abertura e porosidade, possibilitando
relacionamentos não hierárquicos entre os participantes, muito embora exista a
identificação e até funções de gerenciamento nas páginas desta rede social. Numa
página do Facebook é possível o intercâmbio com outros professores, o
compartilhamento das informações, conhecimentos, interesses e esforços em busca de
objetivos comuns, subentendidos, em geral, primeiramente pelo título da página e,
posteriormente, pelas postagens inseridas regularmente.
O professor de música – seja ele licenciado ou leigo – é contemplado por
esta multiplicidade de interesses e dimensões que compõem a rede social, e, diante de
uma configuração social diferente de todas as anteriores, entrega-se na busca de
informações para equipar-se e renovar-se, a fim de atender às novas demandas
formativas que surgem. Assim, sofre a interferência da utilização das Teorias de
Informação e Comunicação (TIC’s), e, além de se valer do Facebook, ainda traz para a
escola a possibilidade de seu uso, já que este exerce tanto fascínio entre os alunos.
Como afirma KENSKI (2004),
o ensino via redes pode ser uma ação dinâmica e motivadora. Mesclam -se nas
redes informáticas - na própria situação de produção e aquisição de
conhecimentos – autores e leitores, professores e alunos. As possibilidades
comunicativas e a facilidade de acesso às informações favorecem a formação
de equipes interdisciplinares de professores e alunos, orientadas para a
elaboração de projetos que visem à superação de desafios ao conhecimento;
equipes preocupadas com a articulação do ensino com a realidade em que os
alunos se encontram, procurando a melhor compreensão dos problemas e das
6. situações encontradas nos ambientes em que vivem ou no contexto social geral
da época em que vivemos. (KENSKI, 2004, p.74).
A ampliação do conceito de educação e a diversificação das atividades
educativas levou a sociedade a uma diversificação da ação pedagógica. O inegável impacto do
uso da web e seus recursos, como as redes sociais e, especificamente, o
Facebook, atestam a modificação da sociedade e sua forma de aprender e buscar este
aprendizado. As capacidades cognitivas, tais como o raciocínio, a memória, a
capacidade de representação mental e a percepção, são constantemente alteradas
pelo contato com os bancos de dados, modelização digital, simulações interativas, e
outros (BRENNAND, 2006).
Quanto às dificuldades e limitações, elenca-se: (a) a participação desigual dos
usuários, (b) o grande volume de informações, comentários e mensagens, exigindo
seleção e manipulação atenta dos dados, (c) a má compreensão na redação de
algumas postagens, (d) a demora para responder as mensagens. Além destas
dificuldades, enumera-se, do ponto de vista estrutural: (a) ausência de apoio
institucional, (b) planejamento estratégico e (c) planejamento sequencial das atividades
e temas, entre outras.
Apesar das dificuldades e limitações, assim como afirma BOHN (2009), as redes
sociais possibilitam (a) o estudo em grupo, (b) a troca de conhecimento e (c) a
aprendizagem colaborativa, trazendo motivação ao educador musical, pelo
envolvimento e resultados que esta nova forma de ensino proporciona.
A página Musicalizando com Alegria e a formação continuada não-formal do
professor de música
Partindo de minha experiência como docente, da produção de CDs e livros,
participação como palestrante em congressos e encontros diversos, formando uma
rede considerável de relacionamento entre professores de música de diversas frentes,
encontrei no Facebook a possibilidade de compartilhar com um número maior de
interessados, as propostas e temas ligados ao ensino da música criando a página
7. Musicalizando com Alegria.
Desde 2011, tenho alimentado a página com postagens sobre os diversos
conteúdos do currículo da educação musical. Estes conteúdos são selecionados a
partir dos seguintes critérios: (a) demanda dos professores pelas mensagens inbox; (b)
atividades e composições criadas por mim; (c) envio de conteúdos pelos professores
colaboradores e pelos seguidores da página.
São fotos, links, vídeos, descrição de atividades, planos de aula, partituras,
repertório diverso, composições próprias e de outros professores, e uma gama de
informações relevantes ao trabalho do educador musical e suas necessidades, como
mostra a figura 1:
Cada postagem é seguida de comentários os mais variados, sugestões e
contribuições, que vão desde relatos de aulas dos professores usuários a novas ideias
que brotaram a partir do acesso à página. A partir da postagem, os comentários variam,
desde elogios, críticas, sugestões, divergências, perguntas sobre a confecção e
aplicação do material nas aulas, até a faixa etária adequada para a utilização da ideia.
Professores voltam à página com relatos de experiências desenvolvidas com seus
alunos a partir de determinada postagem. Comentários e relatos podem se transformar
em novas postagens na página, trazendo sempre novas informações e crescente número de
acessos.
Todos os comentários são lidos por mim ou, quando solicito, por professores
autorizados para contribuição com a página. Quando a postagem selecionada é
enviada por seguidores da página, respondo diretamente, ou submeto ao professor que
enviou a atividade, a explicação, conforme figura 2:
.
São mais de 10.000 (dez mil) curtidas, com uma base de 100 (cem) novas
curtidas por semana, num alcance total de mais de 7.000 (sete mil) pessoas, conforme
a figura 3:
Conclusão
8. A experiência com a página do Facebook Musicalizando com Alegria me faz
concluir que a utilização de redes sociais para a formação continuada não-formal de
professores é uma realidade, uma solução e uma urgência. São inúmeras as
possibilidades de compartilhar saberes, que tem atraído um contingente cada vez
maior de educadores - mesmo geograficamente distantes - para as redes sociais de
ensino, buscando em fontes como a página Musicalizando com Alegria e na
comunicação entre os educadores que a estas frequentam, o enriquecimento e a
excelência de seus trabalhos e aulas, podendo, a partir do contínuo fluxo dessa
formação continuada, levar aos alunos um frescor nos diversos conteúdos abordados
na educação musical.
Diante da demanda pela sobrevivência e elevado número de aulas dadas, para
muitos professores as redes sociais tem sido a única fonte possível de contato interpares e
formação continuada. Por isso, as repercussões didáticas e as práticas de
ensino já reagem bem à era digital e, o que se nota, é a crescente aplicação dessa
ferramenta, promovendo cada vez mais interações sociais na Web. Cabe-nos, como
educadores musicais e pesquisadores, ampliarmos nossa ocupação aos diversos
espaços nas redes sociais, contribuindo e construindo esta possibilidade de nosso
tempo.
UM NOVO OLHAR PARA A EDUCAÇÃO MUSICAL SOB A PERSPECTIVA DA GERAÇÃO ALPHA
1990 e 2010. Curiosamente, o “Z” vem de “zapear”. Em inglês “zap” significa “fazer
algo muito rapidamente”. Ou seja, os nascidos nessa geração fazem tudo muito
rápido.
Como deveríamos chamar estes “novos” alunos de hoje? Alguns se
referem a eles como N-gen [Net] ou D-gen [Digital]. Porém a
denominação mais utilizada que eu encontrei para eles é Nativos
Digitais. Nossos estudantes de hoje são todos “falantes nativos” da
linguagem digital dos computadores, vídeo games e internet.8
9. Para os estudantes dessa geração, a escola, baseada em métodos muito
antigos e padronizados, não possui estímulos que os atraia. Fazendo então com que
as escolas busquem uma adaptação em relação as suas necessidades.
Como destaque neste estudo temos a geração Alpha (ou alpha generation).
Toledo, Albuquerque e Magalhães (2012)9
descrevem que esse grupo nasceu a
partir de 2010, filhos tanto da geração Y como da geração Z. Em seu estudo, citam
Marc Prensky (2001)10, especialista em tecnologia e educação, que defende que as
crianças nascidas no dia de hoje têm seu perfil cognitivo alterado, influenciadas por
um mundo caracterizado pelas tecnologias e mídias digitais.
Dessa forma, as estruturas cerebrais dessas crianças seriam diferenciadas,
capazes de realizar muitas tarefas ao mesmo tempo e com raciocínios velozes, de
maneira oposta às gerações anteriores. Conforme Oliveira11:
São crianças com pensamentos e habilidades mais rápidas se
comparados à geração passada, pois nascem com a tela posicionada
a sua frente, o mundo virtual o engendrou. As crianças são frutos dos
efeitos distintos que a tecnologia e suas potencialidades
proporcionam para seus nativos.
É necessário que, antes que o educador se coloque em posição de passar seu
conhecimento, ele compreenda a realidade de seus alunos. Para que o ensino-
aprendizagem seja efetivo é preciso identificar suas necessidades intelectuais,
físicas, emocionais e culturais. Uma das lentes que encontramos na formação de um
indivíduo é a geração em que ele se encontra. Nesse ponto, a geração funciona
como uma chave, uma lente para entender o comportamento do outro.
A metodologia seguida pelo professor reflete, sobretudo, uma
10. “mentalidade”, um sistema de crenças e valores, quase diríamos uma
“cosmovisão”. Uma parte importante dessa cosmovisão é o conceito
que se tem do homem e de sua capacidade de crescimento. Outra
parte é o conceito que se tem da sociedade e da necessidade ou não
de sua transformação12
.
O mundo está em rápida mudança, a transição geracional do mundo ocidental
não ocorre mais no espaço-tempo em que ocorria há 40 anos atrás. O que se torna
um desafio para o educador que precisa adaptar os seus métodos para que eles
sejam eficientes e proveitosos para seus alunos. Portanto esse estudo quer servir ao
corpo docente, procurando auxiliá-los no entendimento da geração alpha e formas
de tornar cada vez mais efetiva essa relação ensino-aprendizagem. Como afirmado
por Oliveira13:
Os Alphas serão os primeiros a presenciar um sistema escolar novo,
que não padroniza, mas que valoriza as diferenças. O Ensino
tradicional que se tinha com as gerações Y e Z não podem ser
usados pela geração Alpha. O cenário mudou e muda
constantemente convertendo no que Bauman (2013)14 chama de
modernidade líquida, em que as coisas novas de hoje serão
obsoletas amanhã, fazendo surgir um novo tipo de sujeito envolvido
com o processo de ensino-aprendizagem e que “para ser “prático”, o
ensino de qualidade precisa provocar e propagar a abertura, não a
oclusão mental”.
Como ensinar música para uma geração ultra conectada? As crianças da
geração alpha, nascidas a partir de 2010, se colocam para nós, educadores, como
um desafio jamais presenciado antes na história. Para eles já não há mais diferença
entre o real e o virtual. Conhecidos como “nativos digitais” já pertencem ao mundo
tecnológico e conectado desde os seus primeiros meses de vida. Os dispositivos
11. 12 BORDENAVE, JUAN DIAZ; PEREIRA, ADAIR MARTINS. 27 ed. Estratégias de Ensino-
Aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 1977
13 OLIVEIRA, Genori da Silva. Geração Alpha entre a realidade e o digital: Sujeitos Digitais.
2019,
32 p. Tese (Graduação em Psicologia) - Curso de Graduação em Psicologia, Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 2019
14 BAUMN, Z. (2000). Modernidade Líquida. (J. Zahar, Trad.) Zahas.
As crianças estão interagindo e socializando de forma diferente do passado, por
que já nascem mergulhadas em uma cultura em que não se vive sem tecnologia. Desde
pequenas já manejam muito bem as tecnologias digitais como, por exemplo, tablets e
smartphones. É perceptível verificar como é comum as crianças escolherem brinquedos
mais tecnológicos desenvolvidos para elas, deixando os brinquedos tradicionais como
boneca, bolas ou os carrinhos de lado. Elas estão conectadas o tempo todo, seja em casa
ou na escola, e a igreja precisa se adaptar a essa nova cultura, principalmente nas classes
de EBD infantis.
Estar conectado em sala de aula não significa distração e perda de foco. Quando
bem direcionada, essa alternativa é também uma maneira de aprender. O aparelho
celular pode se tornar um excelente instrumento de aprendizagem, pois possuem
inúmeros recursos que podem ser utilizados. Enquanto muitos professores acham que o
aparelho celular prejudica o aprendizado do aluno, ao contrário, este aparelho pode ser
um recurso didático a ser utilizado em diferentes momentos da aula, desde que conste
no planejamento de aula.
Segundo Paiva e Costa28, as crianças do século XXI nasceram em um tempo
em que manter as suas relações pessoais significa estar ligado às tecnologias. Ou
seja, sem acesso a ela suas relações tendem a ficar comprometidas, já que antes
mesmo de aprender a ler e a escrever observamos crianças com facilidade em
mexer nos dispositivos eletrônicos.
O contato precoce com a tecnologia gera muitos questionamentos na
comunidade científica. Muitos estudos tentam compreender se esse acesso é
12. benéfico ou maléfico no desenvolvimento da criança, pois, no passar do tempo,
vemos que a preferência por aparelhos eletrônicos vem crescendo em detrimento de
atividades como correr, brincar de pique-esconde, amarelinha, brincadeiras essas
que envolvem se exercitar e interagir socialmente com outras crianças. Ou seja,
estão trocando as amizades reais pelas virtuais.29 Paiva e Costa ainda destacam:
Um dos grandes problemas das crianças do século XXI é que até
mesmo no ambiente escolar faltam atividades que auxiliam na
psicomotricidade dos alunos na qual poderiam estimular relações
entre as crianças e sua criatividade de forma prática e dinâmica pelo
contato físico, nesse sentido, as tarefas que envolvem movimentos
tem a oportunidade de estimulam as mesmas a recuperarem hábitos
tradicionais de brincar com os seus familiares e colegas de turma.
O professor da Escola Bíblica deve aproveitar o máximo os aplicativos que
ajudam no desenvolvimento das capacidades cognitivas da criança, pois a s tecnologias
digitais trouxeram para o universo das crianças uma nova cor, uma nova forma de
brincar e aprender. As crianças de 3 a 6 anos usam alguns aplicativos de jogos e gostam
especialmente dos que brincam com as cores, frutas, animais e cantigas. O professor
pode utilizar os jogos com cores para trabalhar o plano da salvação, como também os
jogos com frutas e animais para trabalhar sobre a criação do mundo.
Enfim, é importante que a igreja compreenda a importância do uso do celular em
nossas classes infantis, e que é necessário mostrar limites e regras a criança quanto ao
seu uso de forma adequada nas aulas da EBD. E levar o professor a uma reflexão sobre
a importância que essa ferramenta tem e que pode ser uma aliada nas suas aulas e não
uma ferramenta que atrapalha.
É importante ressaltar que a tecnologia não é intrinsecamente prejudicial, mas
seu uso inadequado ou excessivo pode acarretar impactos negativos para as
crianças. Portanto, é fundamental que os pais, educadores e responsáveis
monitorem e orientem o uso da tecnologia pelas crianças, estabelecendo limites
27 OLIVEIRA, Genori da Silva. Geração Alpha entre a realidade e o digital: Sujeitos Digitais.
2019,
13. 29 p. Tese (Graduação em Psicologia) - Curso de Graduação em Psicologia, Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, 2019
28 PAIVA, Natália Moraes Nolêto de. COSTA, Johnatan da Silva. A influência da tecnologia na
infância: desenvolvimento ou ameaça? 2015, 2 p.
29 Idem p. 6-7.
18
apropriados e incentivando um equilíbrio saudável entre o tempo de tela e outras
atividades.30
É evidente que atualmente as crianças estão se tornando cada vez mais
proficientes em tecnologia, em contraste com as gerações anteriores, devido ao fato
de começarem a estudar em idades cada vez mais precoces. Como resultado, elas
possuem um nível educacional mais avançado do que as gerações anteriores. A
Geração Alpha será a primeira a experimentar um novo sistema escolar, que é mais
personalizado, autônomo, híbrido e baseado em projetos, com foco no aluno em vez
do conteúdo. Ao contrário das gerações anteriores, eles não precisam fazer cursos
de informática para aprender a usar a tecnologia, pois já nascem imersos nessa
realidade, possuindo habilidades e adaptações à nova tecnologia que os tornam
mais independentes do que seus predecessores.31
COMO A GERAÇÃO ALPHA APRENDE
A forma como a Geração Alpha aprende difere das gerações anteriores,
principalmente devido a sua imersão precoce no ambiente tecnológico. Como
defendido por Zanbello, Castardo e Macuch40:
É a primeira geração que apresenta necessidade extrema de
mudanças no sistema escolar, uma vez que o ensino tradicional não
contempla as demandas atuais desse grupo de pessoas. A educação
tradicional foca em saberes fragmentados, conectados com
memorização e repetição de conteúdos. Provas, testes, problemas e
exercícios podem gerar nota, mas não guiarão o aluno Alpha em seu
desenvolvimento integral e gerando competências para os desafios
14. do século XXI.
A tecnologia desempenha um papel fundamental para a geração Alpha. Os
integrantes são criados em um contexto altamente digital, onde o acesso a
dispositivos tecnológicos, como smartphones, tablets e computadores é constante.
Eles estão habituados a utilizar aplicativos, jogos educativos e recursos online para
adquirir conhecimento e obter informações e não apenas para lazer, diferentemente
de outras gerações. A respeito do tema, McCrindle41 afirma:
Trabalho de Tecnologia na Educação
Tema: Aprendendo a seguir a Jesus.
Objetivos:
1.Relembrar os homens que seguiram a Jesus e suas atitudes.
2.Saber que seguir Jesus significa fazer o que é certo.
3.Desejar seguir Jesus.
4.Agir tomando decisões certas.
Base Bíblica: Lucas 19.1-9; Lucas 22.33-34; 54-62; João 21.15-17; Atos
16.23-34 e Filemom.
Idade: 9 a 12 anos
Estratégia: Quiz no Kahoot
Os juniores serão divididos em quatro grupos e ganhara o quiz o grupo em que
houver o maior número de participantes acertando as questões.
Segue link do jogo:
https://create.kahoot.it/share/aprendendo-a-seguir-jesus/3bef6693-275e-430c-
9adf-698ff2f13fb2
Embora seja provável que isso ainda aconteça, a forma como a
Geração Alfa aprende envolve tecnologia e se tornou mais avançada
15. e acessível por meio de dispositivos como smartphones e tablets. OUTRAS TECNOLOGIAS PARA
SMARTPHONES E TABLETS
Tanto o Finale quanto o Musescore utilizam notebooks e desktops como base
para operação. Porém, com o avançar da tecnologia, outros programas começaram
a ser desenvolvidos no contexto mobile, tornando o acesso a esses novos meios
cada vez mais fácil para os integrantes da geração Alpha.
Neste contexto, a Fundação Getúlio Vargas divulgou uma pesquisa a respeito
da quantidade de aparelhos móveis no Brasil. O resultado é impressionante: em
2021 o Brasil possuía cerca de 242 milhões de celulares inteligentes em contraponto
com a população que não chegava a 215 milhões.63
Ainda a respeito do tema, a McAfee realizou estudo em 2021 sobre o uso de
smartphones por crianças e adolescentes. O resultado obtido foi de que 96% dessa
faixa etária faz uso dos aparelhos.64
É inegável que o acesso a essa tecnologia é amplo para a geração Alpha,
uma faixa etária que carrega consigo em boa parte do tempo os aparelhos
inteligentes. Logo, uma possível estratégia eficaz é o uso de aplicativos móveis para
o ensino da música, aproximando o conteúdo e o aluno de maneira eficaz.
Através desta abordagem, Alex Duarte, ao observar os estudos de Shuler,
afirma:
Talvez a tecnologia mais onipresente na vida das crianças de hoje
sejam os dispositivos móveis. Ferramentas, como telefones celulares,
dispositivos iPod e plataformas portáteis de jogos, que viajam pela
casa e pela escola, estão nas mãos e bolsos de crianças em todo o
mundo (SHULER, 2009, p. 11, tradução nossa)65
.
Essa já é uma tendência entre seus precursores, a Geração Z, com o TikTok (42%) como a
terceira plataforma mais engajada pelos alunos
para aprender novas habilidades, ficando acima dos pais (39%).
Como Pequini48 defende em sua pesquisa, as teorias de aprendizagem que
hoje utilizamos não levam em consideração o alto uso da tecnologia por meio de
seus estudantes. No entanto, não devemos afirmar que os métodos antigos estão
16. completamente obsoletos e devem ser descartados. No entanto, podemos adaptar
esses métodos ao uso da tecnologia.
Moore49 afirma que o surgimento de uma nova tecnologia proporciona a
possibilidade de atingir metas tradicionais por meio de abordagens inovadoras e, ao
mesmo tempo, permite a definição de novos objetivos. Dessa forma, é necessário
refletir sobre como os meios tecnológicos podem auxiliar no ensino musical.
A expressão Tecnologias da Informação e Comunicação
(TICs) foi utilizada pela primeira vez pelo pesquisador Stevenson
(1997) em relatório que apresentava o impacto que a internet havia
causado no sistema educacional do Reino Unido (DOBRE, 2012).
Entretanto, para definir as TICs vamos utilizar a definição de
Takahashi (2000, p.176) - tecnologias utilizadas para tratamento, O que sugere que o corpo
discente deve ter conhecimento e ser participativo
na produção das ferramentas tecnológicas que podem ser usadas para o ensino.
Tendo elas como um auxílio, mas sem perder de vista o objetivo fim que se quer
alcançar, que em nosso caso será o aprendizado musical. Se bem aplicada, as
novas tecnologias aliadas aos processos de ensino e aprendizagem da educação
formal, contribuiria para o desenvolvimento de abordagens e conhecimentos
inovadores.
Conforme Kruger através dessa ferramenta é possível estimular a realização
de tarefas que antes não eram bem aceitas pelos alunos. No entanto, é necessário
atenção nesse ponto, pois não seria o ideal apenas utilizá-las como transposição de
livros-textos ou exercícios. Mas, para além de sua utilização como diversificação e
estímulo em atividades convencionais, as TIC’S poderiam promover novas
abordagens pedagógicas.52
2.4.1 APRENDIZAGEM AUTÔNOMA
Essa geração demonstra uma maior autonomia em seu processo de
aprendizagem. Pois têm à disposição uma ampla gama de recursos online e
possuem habilidades para pesquisar e encontrar informações uma alta gama de
informações e, algumas delas, pertinentes. São capazes de aprender de forma
independente, explorando áreas de interesse e adquirindo conhecimentos por conta
17. própria.
A Geração Alpha demonstra um apreço pela colaboração e interação social
durante o seu processo de aprendizado. Eles estão familiarizados em se conectar
com outras pessoas através de plataformas online, redes sociais e ambientes
virtuais de ensino. Trabalhar em equipe e compartilhar conhecimentos com seus
colegas é considerado uma parte fundamental do modo como eles aprendem.
Resumidamente, a Geração Alpha adquire conhecimento de maneira mais
tecnológica, independente, aplicada, cooperativa e adaptada, fazendo uso das
ferramentas digitais e das oportunidades de aprendizado proporcionadas pela era
digital.
Segundo Labre e Garcia,42 apesar da facilidade de acesso à informação, torna-
se uma preocupação sobre a real aquisição do conhecimento, pois as informações
podem ser rasas. Além disso, por conta da quantidade grande de informações, pode
haver uma dificuldade de uma escolha mais assertiva. Dessa forma o entendimento
do tema seria prejudicado.
Moran, Masetto e Beherns43, apontam que esses novos desafios na educação
tem gerado uma mudança no papel do professor. Anteriormente esse docente era
detentor do conteúdo e o seu papel era transmiti-lo, agora com o advento da
tecnologia e fácil acesso às informações, o papel do professor é ser um mediador.
Ele orienta, direciona e faz a mediação auxiliando os alunos a adquirirem um melhor
aprendizado conforme suas características e projetos pessoais.
Relatos de duas experiências
As experiências relatadas precedem o exemplo a ser seguido. Por isso, ao trazer
a abordagem de duas práticas de ensino-aprendizagem – uma para os estudantes,
outra para educadores – objetiva inspirar e ampliar possibilidades a tantos que lerão
este artigo. O primeiro relato é a exposição de minha experiência como criadora e
administradora da página do Facebook denominada Musicalizando com Alegria. O
segundo relato é de um trabalho realizado pela estudante Ana Oliveira, quando foi
18. minha aluna no Seminário Batista do Sul do Brasil, na disciplina Tecnologia da
Educação.
Partindo de minha experiência como docente, da produção de CDs e livros,
participação como palestrante em congressos e encontros diversos, formando uma
rede considerável de relacionamento entre professores de música de diversas frentes,
encontrei no Facebook a possibilidade de compartilhar com um número maior de
interessados, as propostas e temas ligados ao ensino “de” música e “com” música,
criando a página Musicalizando com Alegria. Desde 2011, tenho alimentado a página
com postagens sobre os diversos conteúdos do currículo da educação, sobretudo da
Educação Musical. Estes conteúdos são selecionados a partir dos seguintes critérios: (a)
demanda dos professores pelas mensagens inbox; (b) atividades e composições criadas
por mim; (c) envio de conteúdos pelos professores colaboradores e pelos seguidores da
página. São fotos, links, vídeos, descrição de atividades, planos de aula, partituras,
repertório diverso, composições próprias e de outros professores, e uma gama
de
informações relevantes ao trabalho do educador musical e suas necessidades,
do Facebook, e tem por objetivo apontar as interferências, contribuições e
limitações do Facebook no processo de formação continuada não-formal do educador
musical, diante da
diversidade de informações disponíveis no contexto das redes sociais.
Trabalho de Tecnologia na Educação
Tema: Aprendendo a seguir a Jesus.
Objetivos:
1.Relembrar os homens que seguiram a Jesus e suas atitudes.
2.Saber que seguir Jesus significa fazer o que é certo.
3.Desejar seguir Jesus.
19. 4.Agir tomando decisões certas.
Base Bíblica: Lucas 19.1-9; Lucas 22.33-34; 54-62; João 21.15-17; Atos
16.23-34 e Filemom.
Idade: 9 a 12 anos
Estratégia: Quiz no Kahoot
Os juniores serão divididos em quatro grupos e ganhara o quiz o grupo em que
houver o maior número de participantes acertando as questões.
O link do jogo está nas referências do artigo.
A Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC), quando usada de maneira
coerente, pode beneficiar a aprendizagem, abrindo novas possibilidades ao exercício
intelectual e promovendo diferentes formas de construção do conhecimento. Partindo
deste pressuposto, podemos aplicá-la no âmbito da Educação Cristã.
REFERÊNCIAS
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https://create.kahoot.it/share/aprendendo-a-seguir-jesus/3bef6693-275e-430c-
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https://www.facebook.com/musicalizandocomalegria/?locale=pt_BR