Um pássaro morreu após comer uma flor com um espinho em sua garganta. Embora amasse a água sem sede e fosse livre como as asas, seu fim veio de forma tranquila e bela, não por desejo ou imprudência.

1. PÁSSARO Cecília Meireles

2. Aquilo que ontem cantava já não canta. Morreu de uma flor na boca: não do espinho na garganta.

3. Ele amava a água sem sede, e, em verdade, tendo asas, fitava o tempo, livre de necessidade.

4. Não foi desejo ou imprudência: não foi nada. E o dia toca em silêncio a desventura causada.

5. Se acaso isso é desventura: ir-se a vida sobre uma rosa tão bela, por uma tênue ferida.

6. Do Livro: Retrato Natural (1949) Formatação: Mima (Wilma) Badan [email_address] MUSICA: Dream Execução: André Gagnon (Repasse com os devidos créditos) BLOGS: www.mimabadan.blogspot.com wwwrecantodepalavras .blogspot.com wwwrecantodasreceitas .blogspot.com wwwcasadavovomima .blogspot.com wwwpurezadoutrinaria .blogspot.com PPSs e ESTÓRIAS INFANTIS: www.slideshare.net/mimabadan