SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 23
Baixar para ler offline
A Metodologia de Trabalho de
Projeto na nossa prática pedagógica
Manuel Rangel e Cláudia Gonçalves
Escola “Tangerina”
Resumo: Por que razão se tornou a Metodologia de Trabalho de Projeto uma opção de
fundo e um foco central do nosso currículo para a Educação Pré-escolar e 1º Ciclo do
Ensino Básico? O que nos traz essa metodologia em termos da realização dos nossos
próprios objetivos e da qualidade do ensino que pretendemos promover? Como se
enquadra esta metodologia no conjunto de abordagens que utilizamos e na organização
geral do nosso currículo?
São estas as principais questões a que o presente artigo – extrato adaptado de uma
publicação interna que fizemos – procura dar resposta: num primeiro momento, através de
uma reflexão mais teórica; depois, através do relato breve de um projeto concreto, sobre
“Os Romanos”, desenvolvido numa sala de crianças de 5 anos.
Abstract: Why has Project Work Methodology become a serious option and a focal point
of our curriculum for Pre-school Education and the First Cycle of Basic Education? What
advantages does this methodology bring in terms of personal fulfilment and the quality of
the teaching we aim to provide? How does this methodology fit in with the set of
approaches adopted in the general organization of our curriculum?
These are the main issues that the present article - an adapted extract from one of our
own internal publications - seeks to address: first through a more theoretical reflection and
then through a brief account of a concrete project – “ on the Romans” - conducted with a
class of five-year-olds.
Résumé : Pour quelle raison la méthodologie de travail de Projet est-elle devenue une
option fondamentale et centrale de notre curriculum pour l’Education Maternelle et
Primaire? Que nous apporte cette méthodologie en termes de réalisation de nos propres
objectifs et de la qualité de l’enseignement que nous prétendons promouvoir? Comment
s’encadre cette méthodologie dans l’ensemble des abordages que nous utilisons et dans
l’organisation générale de notre curriculum?
Ce sont les principales questions auxquelles cet article – extrait adapté d’une publication
interne que nous avons réalisée - tente d’apporter des réponses: dans un premier temps,
par une réflexion plus théorique; ensuite, à travers le bref compte-rendu d’un projet
concret, sur « les Romains », mis en place dans une classe d’enfants de 5 ans.
Coordenação: Manuel Rangel. Textos de: Solange Cardoso – 3 anos; Teresa Gama e Castro – 4 anos;
Cláudia Gonçalves – 5 anos; Isabel Sotto Mayor – 1º ano; Paula Andrade – 1º ano; Ana Ferreira – 2º
ano; Nuno Mendes – 3º ano; Luísa Jacques – 4º ano; Benedita Coimbra – 4º ano; Manuel Rangel – 4º
ano (2010). A Metodologia de Trabalho de Projeto na nossa prática pedagógica. Da Investigação às
Práticas, I (3). 21-43.
Contato: Manuel Rangel, TANGERINA, EDUCAÇÃO E ENSINO, Av. da Boavista, 2547 - 4100-135
PORTO / geral@tangerinaeducacao.pt / www.tangerinaeducacao.pt
DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 22
PORQUE TRABALHAMOS POR PROJETOS?
Por Manuel Rangel
Porquê uma publicação sobre Projetos?
Porque decidimos fazer uma publicação sobre Projetos?
Porque os Projetos, a Metodologia de Trabalho de Projeto, constitui uma opção de fundo e
um foco central do nosso currículo.
Não por ser “a nossa metodologia”, uma metodologia única e exclusiva, mas porque
é uma metodologia que privilegiamos e que responde de uma forma muito completa às
nossas preocupações e objetivos em termos educativos, como de seguida se explicará.
Mas, a opção pela organização de uma publicação sobre este assunto, justifica-se também
porque a sua aplicação em termos de prática diária, concreta, não é, efetivamente, fácil:
(i) ela rompe com a tradição, com as convicções profundas e os cânones
interiorizados sobre o ensino e a aprendizagem (o ensino direto, expositivo
e fundamentalmente num sentido só);
(ii) as variações e nuances na sua aplicação são muitas, não sendo fácil, pois,
definir um caminho único e um processo linear para a sua aplicação, que
todos possam ou devam seguir; a sua aplicação exige, por isso, um enorme
rigor e uma constante reflexão para que se saiba quando se trata de Projeto
ou quando deixa de o ser; o difícil no Projeto é tornar claro aquilo que é
importante salvaguardar e o que é possível e até natural que se altere.
(iii) a realização de Projetos exige uma organização complexa do trabalho do
grupo, rompendo, também aqui, com a tradição da organização coletivista e
uniforme do trabalho na sala de aula – em especial no 1º ciclo: o mesmo
para todos, ao mesmo tempo!
Assim, apenas a troca de ideias, experiências, percursos e realizações, nos permitirá, por
um lado, ir estabelecendo com maior clareza a razão de ser da “centralidade” dessa
metodologia no nosso trabalho e, por outro, clarificar, justamente, o que é essencial e
acessório na sua aplicação, isto é, o que deveremos sempre salvaguardar e aquilo que
poderá variar de uns projetos para os outros.
Uma publicação deste tipo justifica-se, ainda, porque “escrever” representa: para cada um,
um caminho de revisão e reflexão sobre o seu trabalho, com enormes vantagens quer para
si próprio, quer para o conjunto; para o grupo, para a equipa, é uma questão de coerência,
ou seja, é a aplicação da própria metodologia de projeto ao nosso trabalho profissional.
Assim, se a utilização e a aplicação da Metodologia de Projeto em sala de aula representa
para nós, simultaneamente, um “desejo” e um “problema”, as nossas experiências em sala
de aula representam o trabalho de campo e a recolha de dados; a sua escrita representará,
então, o tratamento de dados e organização das conclusões de que dispomos para partilhar,
discutir e trabalhar com os outros, enriquecendo, desse modo, todos e cada um dos
elementos do grupo.
MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 23
PRÁTICA PEDAGÓGICA
Porque utilizamos a Metodologia de Trabalho de Projeto na nossa prática?
Porque utilizamos, então, a MTP? Ou melhor: porque ocupa ela um lugar tão central no
nosso currículo? A que responde, esta metodologia, de tão importante, em termos das
nossas propostas e preocupações educativas?
Utilizada em todas as idades, em níveis muito diferentes do sistema educativo, em contexto
escolar ou fora dele, para situações educativas ou resolução de problemas sociais, a MTP
mantém, em todas essas situações, algumas características essenciais, que definem a sua
especificidade:
- é, em primeiro lugar, uma metodologia para resolução de problemas;
- isso significa que se parte, então, de questões e/ou problemas reais, sentidos como
verdadeiros problemas para aqueles que os vão tratar (ou seja, como situações para as
quais não há, à partida, uma resposta, total e única, para a sua resolução e/ou
esclarecimento);
- as questões/problemas deverão ser pertinentes e relevantes para aqueles que se vão
envolver no trabalho (nem que seja apenas em termos da compreensão e conhecimento
sobre essas questões);
- a procura das respostas e/ou soluções exige uma planificação e distribuição de tarefas,
para a recolha de dados e de informação, em conjunto, ou seja, de grupo/coletiva;
- a informação e os dados recolhidos individualmente ou em pequeno grupo terão que ser
tratados e organizados para retorno ao grande grupo;
- todo o trabalho deve resultar num “produto final” socializável – resultado que represente
o enriquecimento de um grupo alargado, em termos de conhecimento/ compreensão/
solução do(s) problema(s) ou questão(ões) inicialmente colocados.
O que nos garante a Metodologia de Trabalho de Projeto?
Assim sendo, a MTP, em contexto escolar, garante e favorece:
Que se parta, para o trabalho escolar e para a aprendizagem,
dos interesses, questões e interrogações que os alunos têm
sobre o mundo e sobre o meio – mais ou menos alargado – em
que vivem:
mantendo e estimulando nas crianças o hábito de
questionamento sobre aquilo que as rodeia;
proporcionando uma visão mais correta do papel da
escola e da aprendizagem (uma escola ao serviço do
conhecimento e compreensão do mundo);
proporcionando uma maior motivação por parte de
quem vai aprender.
educação
motivada e
aberta
DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 24
Que os alunos sejam envolvidos na planificação do trabalho a
realizar, tanto a nível conceptual como funcional, definindo:
o que realmente querem estudar/aprender
o que já sabem sobre o assunto
o que querem, então, aprofundar (saber mais e
melhor)
o que vão fazer para isso – quem, quando e como.
educação
participada e
partilhada
Que o grupo/classe trabalhe em conjunto, em colaboração, em
cooperação:
na organização do trabalho
na recolha de materiais e informação
no tratamento de dados
na procura de respostas e soluções para o problema
na produção de resultados e sínteses.
educação
cooperativa e em
interação
Que se mobilizem recursos mais alargados, para a procura de
respostas e para uma compreensão global do problema:
apelando à mobilização dos diferentes sentidos
utilizando recursos muito variados
diversificando as abordagens e vivências
mobilizando saberes e competências de diferentes
domínios.
educação
integrada e
integral
O quadro, apresentado na página seguinte, procura sintetizar:
- as características desta metodologia – em termos gerais e quando aplicada a situações
escolares com crianças pequenas;
- o papel do educador/professor nas várias fases do desenvolvimento dos projetos;
- os objetivos a que responde, ou seja, as preocupações educativas que são satisfeitas
através desta metodologia.
TRABALHOESCOLAR:-COMDIMENSÃOSOCIAL-COMDIMENSÃOCULTURAL
MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 25
PRÁTICA PEDAGÓGICA
ETAPASDOTRABALHODEPROJETO
PapeldoEducador/ProfessorObjetivosaqueresponde
GeralComascrianças
DefiniçãodoProblema
OrigemdoProjeto.
DefiniçãodoProblema
-Observação/atenção-envolvimento
-Estímulo
-Mediação/Seleção
Mantercuriosidade.
Estimulardesejodeconhecer.
Fomentaraberturaaomundo.
Formulaçãodesub-
problemas
(problemasparcelares)
“Oquejásabemos”
“Oquequeremossaber”
-Investigaçãopessoal(hipótesesde
trabalho)
Envolverascrianças/alunosnaescolha,
organizaçãoeplanificaçãodoseutrabalho
Planificaçãodotrabalho
Como,quem,quando,onde
procurarinformação.
Oqueecomovamosfazer.
-Planificaçãocomascrianças(criação
de“redes”)
Pesquisa-produção
(Trabalhodecampoede
sala)
Recolhadeinformaçãoeobjetos
Pesquisa.Visitas
Vindadeconvidados
-Investigação
-Organizaçãodotrabalho
-Gestão,dinamizaçãoecoordenação
dasatividadesdoprojeto
-Reflexão
Fomentar:
aaprendizagememinteração
aaprendizagememcolaboração/coopera-
ção
Promover:
aaprendizagemintegrada(aquisiçõesem
contexto)
aaprendizagemintegral(integraçãov.
domínios)
Avaliaçãoformativa
Avaliaçõesintermédias
Revisõesdaplanificação
Apresentaçãodosresultados
Experiências/Vivências
Registos.Produções.
Crítica/Globalização
Apresentação/atividadefinal
(“apresentações”;“aulas”;festas;
painéis,etc.)
Promover:
-aaprendizagempartilhada
(partilharconhecimentos,pensamentose
sentimentossobreomundo)Avaliaçãofinal.Síntese.
Novosproblemas/projetos.
Avaliaçãodoprocesso-Reflexão
DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 26
A integração da Metodologia de Trabalho de Projeto na nossa prática
A MTP é, assim, uma metodologia muito rica do ponto de vista das aprendizagens que
proporciona, das aprendizagens mais académicas às aprendizagens sociais e culturais. É
talvez a abordagem que permite, justamente, dar um sentido mais social e cultural ao
currículo nestas idades.
Há, contudo, objetivos e necessidades de ensino e aprendizagem que não são facilmente, ou
não são de todo alcançáveis através desta metodologia. Por isso, ela não é, nem nunca
poderá ser, do nosso ponto de vista, uma metodologia única e exclusiva nas nossas práticas.
A diversidade de objetivos e aprendizagens a promover, implica que se recorra, igualmente,
a uma diversidade de abordagens e metodologias.
O esquema seguinte enquadra a MTP no Projeto global da nossa prática.
TRABALHO
DE SALA
DE AULA
“ROTINAS”
PROJECTOS
DE SALA
PARTICIPAÇÃO
PROJECTOS
DA ESCOLA
E
PROJECTOS
PONTUAIS
ACTIVIDADES
LIVRES
ACTIVIDADES
TEMÁTICAS
ENSINO
DIRECTO,
TRABALHO
SISTEMATI-
ZADO,
EXERCÍCIOS,
TREINO
MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 27
PRÁTICA PEDAGÓGICA
A não consciência e/ou consideração das limitações naturais desta metodologia e da
necessidade da diversificação das abordagens no conjunto da prática pedagógica, leva, com
muita frequência, ao desvirtuamento da MTP, submetendo-a a interesses e exigências
académicas que ela não pode satisfazer.
Por essa mesma razão, é não só admissível como natural que o peso e o tempo concreto
de utilização desta metodologia variem ao longo dos anos e, sobretudo, de ciclo para ciclo
– da educação pré-escolar para a escolaridade obrigatória. Assim, no JI, o tempo dedicado,
no dia a dia, ao projeto pode ser maior, comparado com atividades mais orientadas e
formais de ensino, uma vez que nele se podem integrar com mais facilidade um conjunto de
objetivos educativos que são, nesta fase, mais abertos. No 1º ciclo, pelo contrário, aumenta
o tempo dedicado às atividades mais formais de ensino, reduzindo-se o tempo que é
dedicado ao projeto.
O esquema seguinte procura traduzir essa situação.
JI Anos de escolaridade 1º ciclo
Metodologia de Trabalho de Projeto
Atividades formais de ensino
DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 28
Qual a duração mais adequada para um Projeto?
Não há, também quanto a este aspeto, uma regra fixa e definitiva. No entanto, pode
afirmar-se, como princípio que, para estas idades os projetos devem ser de duração curta e
adequada aos tempos de interesse e persistência das crianças.
Se um Projeto não deve ser tão curto que não permita respeitar as fases aqui referidas e
que constituem, conforme se explicou, a sua riqueza educativa, parece ser, também,
desaconselhável que se prolongue demasiado no tempo – mais do que um período letivo,
por exemplo, não fará muito sentido. Sobretudo com crianças destas idades, será difícil
manter o interesse e entusiasmo genuínos das crianças por períodos tão prolongados no
tempo.
No entanto, em circunstâncias particulares, poderá haver exceções, quer num sentido,
quer noutro.
Por exemplo, um projeto, muito particular e específico – porque surge de uma questão ou
acontecimento muito forte nesse momento para o grupo e que exige uma resposta rápida
e aprofundada, ou porque corresponde a uma questão muito circunstancial, que apenas fará
sentido nesse tempo, ou, ainda, por exemplo, porque se restringe a uma área ou domínio
mais específico – poderá ser abordado de forma mais intensiva, ou até exclusiva, durando
assim menos tempo (4 ou 5 dias / uma semana).
Do mesmo modo, em circunstâncias muito especiais – ou porque o interesse (genuíno) das
crianças efetivamente se prolongou, ou porque houve uma reformulação do projeto
apanhando novos interesses do grupo, ou ainda, por exemplo, porque o projeto extravasou
o âmbito da sala, contagiando novos grupos (ou mesmo toda a escola), trazendo assim
novos desenvolvimentos e projeção – pode então o projeto estender-se por mais algum
tempo.
Tal como noutros aspetos, não há aqui uma regra, sendo de privilegiar as características
efetivas desta metodologia em função das suas vantagens pedagógicas, atrás assinaladas.
Os Projetos apresentados
Os Projetos selecionados para a “coletânea” que fizemos, não corresponderam a nenhuma
seleção especial, feita em função da sua possível qualidade ou da sua particular riqueza ou
exemplaridade. O critério foi apenas o do tempo em que decorreram. Pegámos num
período letivo (1º período do ano letivo 2009-10), exatamente como tinha acontecido, sem
qualquer decisão prévia de os relatar, para que representassem o retrato o mais real
possível das nossas práticas regulares. Representam, pois, o relato, a posteriori, feito pelos
próprios educadores/professores, dos Projetos desenvolvidos ao longo desse período,
numa repescagem retroativa de acontecimentos e materiais. Por essa razão, e porque, de
resto, sempre assim acontece na passagem para a escrita, são naturalmente redutores em
relação a todo o trabalho desenvolvido e vivido na sala de aula. Contudo, cremos, serem
um bom ponto de partida para uma reflexão, sobre a natureza e a dinâmica do trabalho
desenvolvido, nos termos acima colocados.
Para este artigo, selecionou-se, a título de exemplo o Projeto desenvolvido com o grupo
dos 5 anos, sobre os Romanos.
MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 29
PRÁTICA PEDAGÓGICA
Projeto de sala: OS ROMANOS
5 Anos - 1º Período - 2009-10
Por Cláudia Gonçalves
1. Escolha do tema/questão/problema do Projeto - “Os Romanos”
Como surgiu?
Levantei diretamente a questão ao grupo do que é que gostariam de estudar.
De quem foi a iniciativa? Quem sugeriu?
O grupo deu várias sugestões mas penso que foram de certa forma influenciados pela
experiência de uma das crianças que tinha passado férias em Roma e que tinha contado a
sua experiência com muito entusiasmo e por três outras crianças do grupo que
demonstraram ter já alguns conhecimentos sobre a cultura dos Romanos.
Como surgiu?
Fiz uma lista dos possíveis projetos que o grupo queria estudar: “Os Dinossáurios”, “As
Células”, “Ruínas dos Celtas”, “Os Romanos”, ”Os Meteoritos”, “Os Vulcões”, “ As Torres
(construções mais altas que existem), ”A Pré-História”, ”Os Piratas”. Realizou-se uma
votação e o tema mais votado foi o dos “Romanos”.
2. Arranque do Projeto
Como foi feito o levantamento do que as crianças sabiam?
Em grupo realizei o registo do que as crianças sabiam sobre os Romanos:
“Lutavam com os animais” (A)
“Tinham prisões para prender os bons” (F)
“Têm muitos soldados. Às vezes têm escudos diferentes” (M)
“Lutam e defendem-se com espadas” (M e F)
“Se o imperador se zangava com os soldados, mandava-os prender”. (A).
“Lutavam porque queriam mandar em tudo…em muitas cidades.” (M e B).
DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 30
O que trouxemos de casa
Como foi feito o levantamento do que as crianças queriam saber?
Incentivei o grupo a colocar questões do que queriam aprender sobre os Romanos e
registei as suas perguntas:
“Quais as roupas que eles usavam?” (J F) (I)
“O que é que eles faziam?” (B)
“Como é que eles faziam as casas?” (J F)
“Usavam quadros nas paredes?” (J M)
“Onde faziam cocó?” (A)
“Como faziam as pontes?” (J F)
“Como é que construíam os escudos?” (M)
“Como é que os romanos escreviam os números?” (J P)
“Como é que eles faziam as colunas?” (H)
“Que animais viam lutar?” (F)
“O que é um coliseu?” (R)
MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 31
PRÁTICA PEDAGÓGICA
Planificação do trabalho / Competências a desenvolver
Consultar a Rede do Projeto ”Os Romanos”
3. Desenvolvimento do Projeto
Organização do trabalho no espaço e no tempo.
Foi montado o cantinho de apoio ao projeto com livros trazidos pelas crianças. Como o
grupo começou a trazer bonecos da playmobil (legionários, centuriões, imperadores,
gladiadores) e animais, foram colocadas peças de madeira para o grupo poder construir um
coliseu ou barcos dos Romanos. O grupo passou a chamar a este o canto do Coliseu.
Na sala, foi realizado pelas crianças o canto do Fórum. Contribuíram para a confeção do
Senado, da Padaria e da Taberna.
O grupo sentiu necessidade de arranjar um povo que tivesse lutado contra os Romanos e
escolheram os Lusitanos. Colaboraram então na confeção da casa dos Lusitanos.
O Projeto decorreu ao longo do primeiro período.
Senado
Batalha entre Lusitanos e Romanos
DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 32
Táticas utilizadas pelos Romanos
Atividades principais:
Domínios / áreas competências trabalhadas
Área de Formação Pessoal e Social:
Autonomia na escolha dos cantinhos em função do número de crianças.
Partilha de poder, na medida em que não podiam ser sempre os mesmos a brincar no
Fórum, no cantinho dos Lusitanos e no cantinho do Coliseu e a desempenhar os mesmos
papéis.
Aperceberam-se de que não havia valores democráticos nem aceitação de valores
diferentes no tempo dos Romanos.
Desenvolveram a educação estética. Expressaram admiração pelos monumentos e tiveram
gosto em aprender a fazer o seu registo.
Área da Expressão/Comunicação:
Domínio das expressões
Motora - motricidade global: representação das táticas utilizadas pelos Romanos com o
corpo, em pequenos grupos, com o apoio dos escudos, gládios e pilums. (Tática do Círculo,
Tática da Tartaruga e Tática da Cunha.)
Realização de batalhas com espadas entre os Romanos e os Lusitanos, gladiadores e leão.
MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 33
PRÁTICA PEDAGÓGICA
Dramática: Jogo simbólico no desempenho do faz de conta das personagens respetivas:
Lusitanos, imperador, senadores, legionários, centuriões, escravos, gladiadores, animais. O
jogo simbólico decorre no “Fórum” e no “Canto do Coliseu”.
Plástica: Registo de um legionário. (“Aprendo a desenhar com um amigo” – 1 ou 2
crianças treinam em casa e depois ensinam as outras a desenhar um determinado motivo).
Confeção das colunas do senado (Pintura e contorno).
Confeção dos escudos/gládios/pilums dos romanos e dos escudos /adagas e dardos e lanças
dos lusitanos (pintura).
Confeção da casa dos lusitanos (desenho com barro), confeção das ovelhas (colagem de
algodão) e confeção de um porco (modelagem de papel).
Registo de um barco dos romanos (“Aprendo a desenhar com um amigo”).
Confeção do forno da padaria (pintura com barro).
Registo do Coliseu (“Aprendo a desenhar com um amigo”).
Registo de alguns animais do coliseu (“Aprendo a desenhar com um amigo”).
Confeção dos azulejos da taberna (colagem de grãos de milho, lentilhas e feijões de
diferentes cores).
Confeção das vasilhas e potes decorativos (pintura com barro).
Confeção de um pote de barro decorativo (modelagem com barro e bocados de cerâmica).
Registo de um Arco de Triunfo.
Os Romanos e os Gauleses
DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 34
Aula realizada para a sala dos Médios
Taberna
MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 35
PRÁTICA PEDAGÓGICA
Realização do placard do projeto (desenho /recorte/colagem).
Confeção de alguns animais do coliseu (plasticina). (“Aprendo a construir com…”).
Confeção de um templo (colagem de massas).
Realização de um fresco (técnica de aguarela).
Musical: Uma criança do grupo quando estava a construir o cantinho do Coliseu, começou
a cantarolar ”indo eu, indo eu a caminho de Viseu…encontrei um gladiador…ai Jesus que lá
vou eu!” Fiquei surpreendida quando me disse que tinha sido ele a inventar a cantiga. O
grupo gostou muito do refrão e sugeriu que continuássemos a letra. Ficou combinado que
ia ser apresentada no dia das Apresentações. O grupo acompanhou com gestos e sugeriu
que alguns podiam representar a peça.
Domínio da linguagem e abordagem à escrita:
A linguagem oral: Este projeto fomentou o interesse e gosto do grupo em colocar
questões.
Manifestavam um progressivo domínio da linguagem (novos vocábulos) e utilizavam-nos em
diferentes situações lúdicas.
A linguagem escrita: O desenho como forma de escrita (Os nossos registos
acompanhados com a palavra correspondente.)
Está a ser explorada a seguinte frase de acordo com o programa de iniciação à
leitura/escrita da Tangerina.
“Nós estudámos os Romanos e trouxemos de casa, livros, bonecos, imagens, postais e
fotografias.”
O grupo fez registos para utilizarem na aula que realizaram para o grupo dos médios.
Domínio da matemática:
- Contagem dos números até 100 e maiores que 100 (Os Romanos para conquistarem a
nossa península demoraram mais de 100 anos).
- Contagem até ao número 8. (Em cada tenda dormiam 8 legionários).
- Realização com o corpo (em pequenos grupos) das três táticas utilizadas nas batalhas dos
romanos.
- Aprenderam que as vasilhas tinham aquela forma para ocuparem pouco espaço nos
barcos.
- Conhecimento da numeração romana.
- Números de pessoas que cabiam no quarto de banho (16)
- Exploração das diferentes formas encontradas nos monumentos.
- Formação de conjuntos com os ingredientes “faz de conta” da taberna.
DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 36
Técnicas utilizadas na Expressão Plástica
MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 37
PRÁTICA PEDAGÓGICA
- Formação de padrões na colagem dos mosaicos (decoração da taberna).
- Aula realizada por uma pessoa de fora, convidada, sobre a simetria nos padrões dos
mosaicos dos romanos.
- Exploração da parte figurativa existente nos padrões que não são simétricos.
DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 38
Área do conhecimento do mundo:
- Exploração de Itália e sua capital no mapa.
- Exploração de novos vocábulos: Império Romano, Fórum, Taberna, Lusitânia, adagas,
dardos, gládios, pilum, catapulta, besta, táticas, porta-estandarte, tridentes, legionário,
centurião…
- Identificação no mapa das terras ocupadas pelos Romanos.
- Exploração da história, dos hábitos e costumes da vida dos lusitanos.
- Exploração da história, dos hábitos, costumes da vida dos Romanos a.C.
- Confeção do pão para aprenderem a trabalhar na padaria do Fórum (atividade realizada
pela avó de uma das crianças do grupo).
- Confeção de uma tarte de peixe com azeitonas (típica dos Romanos).
- Conhecimento de outros pratos muito apreciados naquela época: ovos de codorniz e
codorniz com salada.
- Identificação e exploração dos principais monumentos de Roma.
Padaria
MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 39
PRÁTICA PEDAGÓGICA
- Celebração dos 50 anos do Astérix e do Obélix.
- A Lenda de Rómulo e de Remo.
- A história da erupção do vulcão de Vesúvio, em Pompeia.
Colaboração dos pais e familiares:
- Exploração de um templo, realizada por um pai.
- Exploração de um capitel de uns avós.
- Exploração de uma carruagem de quadrigas, realizada por um outro pai.
- Exploração de uma lamparina e frascos de vidro trazidos pelo tio de uma criança, que é
arqueólogo.
Avaliação do processo
Com a preparação da aula sobre “Os Romanos” realizada pelo grupo dos 5 anos em que
foram abordados os temas mais importantes que estudámos, apercebi-me de que todos
dominavam o que iam dizer. Se a determinada altura alguma criança se esquecia do que ia
dizer, de imediato um colega a ajudava.
Quando terminámos o projeto pegamos nas perguntas que o grupo tinha colocado e que
eu tinha registado e ficaram felizes por serem capazes de responder.
Alguém disse: Trabalhámos muito bem!
4. Conclusão / Reflexão sobre o trabalho realizado.
No início fiquei um pouco assustada com este projeto, pois achei que não seria fácil dar-lhe
um cariz prático e que acabaria por ser um pouco teórico. A pouco e pouco, e à medida
que eu ia estudando o tema, fui-me apercebendo da importância do domínio da matéria
pois foi assim que me fui inspirando para envolver o grupo na aprendizagem pela ação.
Senti maior dificuldade em articular a matemática com o projeto.
DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 40
Coliseu
Nossas aulas aprender a desenhar
MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 41
PRÁTICA PEDAGÓGICA
Os Romanos e a Matemática
DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 42
MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 43
PRÁTICA PEDAGÓGICA
Bibliografia básica
ALONSO, L. G. et al. (1994). A Construção do Currículo na Escola. Uma proposta de
desenvolvimento curricular para o 1º Ciclo do Ensino Básico. Porto: Porto Editora.
CASTRO, L. B.; RICARDO, M. M. C. (1993). Gerir o trabalho de projeto: Um manual para
professores e formadores. Lisboa: Texto Editora.
COSME, A.; TRINDADE, R. (2001). Área de projeto: Percursos com sentidos. Porto: Edições
ASA.
DEB-ME (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico. Competências essenciais”. Lisboa: DEB-ME.
FELIZARDO, Diana (2001). Área de Projeto. Propostas de atividades . 2º e 3º ciclos do Ensino
Básico. Porto: Porto Editora.
FONSECA, V. (1996). Aprender a aprender – A educabilidade cognitiva. Lisboa: Notícias
Editorial.
HELM, J.H.; BENEKE, S. (2005). O Poder dos Projetos – Novas estratégias e soluções para a
educação infantil. Porto Alegre: Artmed.
HERNÁNDEZ, F.; VENTURA, M. (1998). A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho.
Porto Alegre: Artmed.
KATZ, L.; CHARD, S. (1997). A Abordagem de Projeto na Educação de Infância. Lisboa,
Fundação Calouste Gulbenkian.
LEITE, E.; MALPIQUE, M; SANTOS, M. R. (1989). Trabalho de projeto: 1. Aprender por
projetos centrados em problemas. Porto: Edições Afrontamento.
LEITE, E.; MALPIQUE, M; SANTOS, M. R. (1990). Trabalho de projeto: 2. Leituras comentadas.
Porto: Edições Afrontamento.
Sites
http://ecrp.uiuc.edu/ - Early Childhood Research & Practice (ECRP). University of Illinois at
Urbana-Champaign. Dr. Lilian G. Katz and Dr. Jean Mendoza are the editors.
Em espanhol: http://ecrp.uiuc.edu/index-sp.html
http://illinoisearlylearning.org/ask-dr-katz.htm - Ask Lilian Katz
http://illinoispip.org/ - Project Approach
http://4teachers.org/projectbased/ - Project Based Learning
http://www.projectapproach.org/ - The project approach in early childhood and
elementary education
http://www.movimentoescolamoderna.pt/ - Movimento da Escola Moderna
http://trabalhodeprojecto.blogspot.com/ - A par e passo … até ao Trabalho de Projeto.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

MudançA ParadigmáTica No Uso Das Tecnologias Na EducaçãO
MudançA ParadigmáTica No Uso Das Tecnologias Na EducaçãOMudançA ParadigmáTica No Uso Das Tecnologias Na EducaçãO
MudançA ParadigmáTica No Uso Das Tecnologias Na EducaçãOvanderleisiqueira
 
Projetos e interdisciplinaridade
Projetos e interdisciplinaridadeProjetos e interdisciplinaridade
Projetos e interdisciplinaridadefamiliaestagio
 
ApresentaçãO Projeto Vivencial (Valdinei Marcolla)
ApresentaçãO Projeto Vivencial (Valdinei Marcolla)ApresentaçãO Projeto Vivencial (Valdinei Marcolla)
ApresentaçãO Projeto Vivencial (Valdinei Marcolla)gueste72bc2
 
As universidades abertas Brasil
As universidades abertas BrasilAs universidades abertas Brasil
As universidades abertas BrasilMaria Amador
 
Características dos tutores que atuam na educação a distância
Características dos tutores que atuam na educação a distânciaCaracterísticas dos tutores que atuam na educação a distância
Características dos tutores que atuam na educação a distânciaDemerval Masotti
 
O uso do método ativo, aprendizagem baseada em problemas, na educação superio...
O uso do método ativo, aprendizagem baseada em problemas, na educação superio...O uso do método ativo, aprendizagem baseada em problemas, na educação superio...
O uso do método ativo, aprendizagem baseada em problemas, na educação superio...THIAGO MACIEL
 
Cefet mg - 2013 - métodos e tecnicas de ensino na ept
Cefet   mg - 2013 - métodos e tecnicas de ensino na eptCefet   mg - 2013 - métodos e tecnicas de ensino na ept
Cefet mg - 2013 - métodos e tecnicas de ensino na eptEduardo Barbosa
 
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIA
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIATORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIA
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIAProfessorPrincipiante
 
PROJETO PEDAGOGICO
PROJETO PEDAGOGICOPROJETO PEDAGOGICO
PROJETO PEDAGOGICOguest04f18b
 
Stcd texto1 s3_forum3
Stcd texto1 s3_forum3Stcd texto1 s3_forum3
Stcd texto1 s3_forum3Marcelo Gomes
 
Comunicação na gestão educacional_dimensões possíveis
Comunicação na gestão educacional_dimensões possíveisComunicação na gestão educacional_dimensões possíveis
Comunicação na gestão educacional_dimensões possíveisRosângela Florczak
 

Mais procurados (20)

Estagio surper
Estagio surperEstagio surper
Estagio surper
 
Metodologia doensino
Metodologia doensinoMetodologia doensino
Metodologia doensino
 
MudançA ParadigmáTica No Uso Das Tecnologias Na EducaçãO
MudançA ParadigmáTica No Uso Das Tecnologias Na EducaçãOMudançA ParadigmáTica No Uso Das Tecnologias Na EducaçãO
MudançA ParadigmáTica No Uso Das Tecnologias Na EducaçãO
 
Projetos e interdisciplinaridade
Projetos e interdisciplinaridadeProjetos e interdisciplinaridade
Projetos e interdisciplinaridade
 
ApresentaçãO Projeto Vivencial (Valdinei Marcolla)
ApresentaçãO Projeto Vivencial (Valdinei Marcolla)ApresentaçãO Projeto Vivencial (Valdinei Marcolla)
ApresentaçãO Projeto Vivencial (Valdinei Marcolla)
 
As universidades abertas Brasil
As universidades abertas BrasilAs universidades abertas Brasil
As universidades abertas Brasil
 
Características dos tutores que atuam na educação a distância
Características dos tutores que atuam na educação a distânciaCaracterísticas dos tutores que atuam na educação a distância
Características dos tutores que atuam na educação a distância
 
Zaballa - PRÁTICA EDUCATIVA
  Zaballa - PRÁTICA EDUCATIVA   Zaballa - PRÁTICA EDUCATIVA
Zaballa - PRÁTICA EDUCATIVA
 
O uso do método ativo, aprendizagem baseada em problemas, na educação superio...
O uso do método ativo, aprendizagem baseada em problemas, na educação superio...O uso do método ativo, aprendizagem baseada em problemas, na educação superio...
O uso do método ativo, aprendizagem baseada em problemas, na educação superio...
 
Pedagogia de projetos
Pedagogia de projetosPedagogia de projetos
Pedagogia de projetos
 
Texto18
Texto18Texto18
Texto18
 
Mapa conceitual
Mapa conceitualMapa conceitual
Mapa conceitual
 
Cefet mg - 2013 - métodos e tecnicas de ensino na ept
Cefet   mg - 2013 - métodos e tecnicas de ensino na eptCefet   mg - 2013 - métodos e tecnicas de ensino na ept
Cefet mg - 2013 - métodos e tecnicas de ensino na ept
 
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIA
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIATORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIA
TORNAR-SE PROFESSOR: OS DESAFIOS DE UMA NOVA ESTRÉGIA
 
Pbl a1
Pbl a1Pbl a1
Pbl a1
 
PROJETO PEDAGOGICO
PROJETO PEDAGOGICOPROJETO PEDAGOGICO
PROJETO PEDAGOGICO
 
ELABORAÇÃO DE PROJETOS
ELABORAÇÃO DE PROJETOSELABORAÇÃO DE PROJETOS
ELABORAÇÃO DE PROJETOS
 
Stcd texto1 s3_forum3
Stcd texto1 s3_forum3Stcd texto1 s3_forum3
Stcd texto1 s3_forum3
 
Pedagogia empresarial
Pedagogia empresarialPedagogia empresarial
Pedagogia empresarial
 
Comunicação na gestão educacional_dimensões possíveis
Comunicação na gestão educacional_dimensões possíveisComunicação na gestão educacional_dimensões possíveis
Comunicação na gestão educacional_dimensões possíveis
 

Semelhante a Metedologia de projeto

Docencia Universitaria (Dr. Marcos Masetto)
Docencia Universitaria (Dr. Marcos Masetto)Docencia Universitaria (Dr. Marcos Masetto)
Docencia Universitaria (Dr. Marcos Masetto)Giba Canto
 
EO - 8 Estudos_1ºBimestre - 6º ANOS.pdf
EO - 8 Estudos_1ºBimestre - 6º ANOS.pdfEO - 8 Estudos_1ºBimestre - 6º ANOS.pdf
EO - 8 Estudos_1ºBimestre - 6º ANOS.pdfNatalia384006
 
Formação continuada de professores.
Formação continuada de professores.Formação continuada de professores.
Formação continuada de professores.Magda Marques
 
A didática tem grande relevância no processo educativo de ensino e aprendizag...
A didática tem grande relevância no processo educativo de ensino e aprendizag...A didática tem grande relevância no processo educativo de ensino e aprendizag...
A didática tem grande relevância no processo educativo de ensino e aprendizag...ProfCibellePires
 
A atuação do coordenador pedagógico
A atuação do coordenador pedagógicoA atuação do coordenador pedagógico
A atuação do coordenador pedagógicoIvaneide B S
 
9. as formas de planejar do professor
9. as formas de planejar do professor9. as formas de planejar do professor
9. as formas de planejar do professorClaudio Lima
 
Yama RH - Metodologia e anexos
Yama RH - Metodologia e anexosYama RH - Metodologia e anexos
Yama RH - Metodologia e anexosYAMA RH
 
Os projetos didáticos
Os projetos didáticosOs projetos didáticos
Os projetos didáticosmarisa liotti
 
PROFESSORES INICIANTES: SEU INGRESSO NA PROFISSÃO E SUAS APRENDIZAGENS
PROFESSORES INICIANTES: SEU INGRESSO NA PROFISSÃO E SUAS APRENDIZAGENSPROFESSORES INICIANTES: SEU INGRESSO NA PROFISSÃO E SUAS APRENDIZAGENS
PROFESSORES INICIANTES: SEU INGRESSO NA PROFISSÃO E SUAS APRENDIZAGENSProfessorPrincipiante
 
GESTÃO DO PROJETO EDUCATIVO Manual de Elaboração - Pedagogia.pdf
GESTÃO DO PROJETO EDUCATIVO Manual de Elaboração - Pedagogia.pdfGESTÃO DO PROJETO EDUCATIVO Manual de Elaboração - Pedagogia.pdf
GESTÃO DO PROJETO EDUCATIVO Manual de Elaboração - Pedagogia.pdfHELENO FAVACHO
 
Relatório_Formação de Professores (Educação Especial)
Relatório_Formação de Professores (Educação Especial)Relatório_Formação de Professores (Educação Especial)
Relatório_Formação de Professores (Educação Especial)Adriana Melo
 
Projeto Sala de Educador
Projeto Sala de EducadorProjeto Sala de Educador
Projeto Sala de Educadorcefaprodematupa
 
Projeto Sala de Professor 2011
Projeto Sala de Professor 2011Projeto Sala de Professor 2011
Projeto Sala de Professor 2011cefaprodematupa
 

Semelhante a Metedologia de projeto (16)

Docencia Universitaria (Dr. Marcos Masetto)
Docencia Universitaria (Dr. Marcos Masetto)Docencia Universitaria (Dr. Marcos Masetto)
Docencia Universitaria (Dr. Marcos Masetto)
 
EO - 8 Estudos_1ºBimestre - 6º ANOS.pdf
EO - 8 Estudos_1ºBimestre - 6º ANOS.pdfEO - 8 Estudos_1ºBimestre - 6º ANOS.pdf
EO - 8 Estudos_1ºBimestre - 6º ANOS.pdf
 
Apresenta..r
Apresenta..rApresenta..r
Apresenta..r
 
Formação continuada de professores.
Formação continuada de professores.Formação continuada de professores.
Formação continuada de professores.
 
Ufjf dia15 acoes
Ufjf dia15 acoesUfjf dia15 acoes
Ufjf dia15 acoes
 
Método PBL - Problem Based Learning FGV
Método PBL - Problem Based Learning FGVMétodo PBL - Problem Based Learning FGV
Método PBL - Problem Based Learning FGV
 
A didática tem grande relevância no processo educativo de ensino e aprendizag...
A didática tem grande relevância no processo educativo de ensino e aprendizag...A didática tem grande relevância no processo educativo de ensino e aprendizag...
A didática tem grande relevância no processo educativo de ensino e aprendizag...
 
A atuação do coordenador pedagógico
A atuação do coordenador pedagógicoA atuação do coordenador pedagógico
A atuação do coordenador pedagógico
 
9. as formas de planejar do professor
9. as formas de planejar do professor9. as formas de planejar do professor
9. as formas de planejar do professor
 
Yama RH - Metodologia e anexos
Yama RH - Metodologia e anexosYama RH - Metodologia e anexos
Yama RH - Metodologia e anexos
 
Os projetos didáticos
Os projetos didáticosOs projetos didáticos
Os projetos didáticos
 
PROFESSORES INICIANTES: SEU INGRESSO NA PROFISSÃO E SUAS APRENDIZAGENS
PROFESSORES INICIANTES: SEU INGRESSO NA PROFISSÃO E SUAS APRENDIZAGENSPROFESSORES INICIANTES: SEU INGRESSO NA PROFISSÃO E SUAS APRENDIZAGENS
PROFESSORES INICIANTES: SEU INGRESSO NA PROFISSÃO E SUAS APRENDIZAGENS
 
GESTÃO DO PROJETO EDUCATIVO Manual de Elaboração - Pedagogia.pdf
GESTÃO DO PROJETO EDUCATIVO Manual de Elaboração - Pedagogia.pdfGESTÃO DO PROJETO EDUCATIVO Manual de Elaboração - Pedagogia.pdf
GESTÃO DO PROJETO EDUCATIVO Manual de Elaboração - Pedagogia.pdf
 
Relatório_Formação de Professores (Educação Especial)
Relatório_Formação de Professores (Educação Especial)Relatório_Formação de Professores (Educação Especial)
Relatório_Formação de Professores (Educação Especial)
 
Projeto Sala de Educador
Projeto Sala de EducadorProjeto Sala de Educador
Projeto Sala de Educador
 
Projeto Sala de Professor 2011
Projeto Sala de Professor 2011Projeto Sala de Professor 2011
Projeto Sala de Professor 2011
 

Mais de mendes007

Festo did br_image_tac_en_screen
Festo did br_image_tac_en_screenFesto did br_image_tac_en_screen
Festo did br_image_tac_en_screenmendes007
 
4.1seletorexercicio
4.1seletorexercicio4.1seletorexercicio
4.1seletorexerciciomendes007
 
Manutenção
ManutençãoManutenção
Manutençãomendes007
 
Soldagem por brasagem
Soldagem por brasagemSoldagem por brasagem
Soldagem por brasagemmendes007
 
Desenho técnico
Desenho técnicoDesenho técnico
Desenho técnicomendes007
 
Catalogo catalogo bombas_ve_2009_2010
Catalogo catalogo bombas_ve_2009_2010Catalogo catalogo bombas_ve_2009_2010
Catalogo catalogo bombas_ve_2009_2010mendes007
 
78662181 cnc
78662181 cnc78662181 cnc
78662181 cncmendes007
 

Mais de mendes007 (9)

Festo did br_image_tac_en_screen
Festo did br_image_tac_en_screenFesto did br_image_tac_en_screen
Festo did br_image_tac_en_screen
 
4.1seletorexercicio
4.1seletorexercicio4.1seletorexercicio
4.1seletorexercicio
 
Manutenção
ManutençãoManutenção
Manutenção
 
Soldagem por brasagem
Soldagem por brasagemSoldagem por brasagem
Soldagem por brasagem
 
Desenho técnico
Desenho técnicoDesenho técnico
Desenho técnico
 
Catalogo catalogo bombas_ve_2009_2010
Catalogo catalogo bombas_ve_2009_2010Catalogo catalogo bombas_ve_2009_2010
Catalogo catalogo bombas_ve_2009_2010
 
I007002
I007002I007002
I007002
 
145
145145
145
 
78662181 cnc
78662181 cnc78662181 cnc
78662181 cnc
 

Último

Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...marcelafinkler
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...PatriciaCaetano18
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxFlviaGomes64
 
aprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubelaprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubeladrianaguedesbatista
 
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedJaquelineBertagliaCe
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)Centro Jacques Delors
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024azulassessoria9
 
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfCaderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfJuliana Barbosa
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...marcelafinkler
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticash5kpmr7w7
 
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdfRepública Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdfLidianeLill2
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptxJssicaCassiano2
 
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)Centro Jacques Delors
 
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa paraINTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa paraAndreaPassosMascaren
 
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidadeAcessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidadeLEONIDES PEREIRA DE SOUZA
 
Apresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
Apresentação | Símbolos e Valores da União EuropeiaApresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
Apresentação | Símbolos e Valores da União EuropeiaCentro Jacques Delors
 
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfMESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptNathaliaFreitas32
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Centro Jacques Delors
 

Último (20)

Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
 
aprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubelaprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubel
 
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de LedAula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
Aula 67 e 68 Robótica 8º ano Experimentando variações da matriz de Led
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 1)
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfCaderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
 
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdfRepública Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
 
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa paraINTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa para
 
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidadeAcessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
Acessibilidade, inclusão e valorização da diversidade
 
Apresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
Apresentação | Símbolos e Valores da União EuropeiaApresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
Apresentação | Símbolos e Valores da União Europeia
 
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfMESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
MESTRES DA CULTURA DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João EudesNovena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
 
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .pptAula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
Aula 1 - Psicologia Cognitiva, aula .ppt
 
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
Apresentação | Dia da Europa 2024 - Celebremos a União Europeia!
 

Metedologia de projeto

  • 1. A Metodologia de Trabalho de Projeto na nossa prática pedagógica Manuel Rangel e Cláudia Gonçalves Escola “Tangerina” Resumo: Por que razão se tornou a Metodologia de Trabalho de Projeto uma opção de fundo e um foco central do nosso currículo para a Educação Pré-escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico? O que nos traz essa metodologia em termos da realização dos nossos próprios objetivos e da qualidade do ensino que pretendemos promover? Como se enquadra esta metodologia no conjunto de abordagens que utilizamos e na organização geral do nosso currículo? São estas as principais questões a que o presente artigo – extrato adaptado de uma publicação interna que fizemos – procura dar resposta: num primeiro momento, através de uma reflexão mais teórica; depois, através do relato breve de um projeto concreto, sobre “Os Romanos”, desenvolvido numa sala de crianças de 5 anos. Abstract: Why has Project Work Methodology become a serious option and a focal point of our curriculum for Pre-school Education and the First Cycle of Basic Education? What advantages does this methodology bring in terms of personal fulfilment and the quality of the teaching we aim to provide? How does this methodology fit in with the set of approaches adopted in the general organization of our curriculum? These are the main issues that the present article - an adapted extract from one of our own internal publications - seeks to address: first through a more theoretical reflection and then through a brief account of a concrete project – “ on the Romans” - conducted with a class of five-year-olds. Résumé : Pour quelle raison la méthodologie de travail de Projet est-elle devenue une option fondamentale et centrale de notre curriculum pour l’Education Maternelle et Primaire? Que nous apporte cette méthodologie en termes de réalisation de nos propres objectifs et de la qualité de l’enseignement que nous prétendons promouvoir? Comment s’encadre cette méthodologie dans l’ensemble des abordages que nous utilisons et dans l’organisation générale de notre curriculum? Ce sont les principales questions auxquelles cet article – extrait adapté d’une publication interne que nous avons réalisée - tente d’apporter des réponses: dans un premier temps, par une réflexion plus théorique; ensuite, à travers le bref compte-rendu d’un projet concret, sur « les Romains », mis en place dans une classe d’enfants de 5 ans. Coordenação: Manuel Rangel. Textos de: Solange Cardoso – 3 anos; Teresa Gama e Castro – 4 anos; Cláudia Gonçalves – 5 anos; Isabel Sotto Mayor – 1º ano; Paula Andrade – 1º ano; Ana Ferreira – 2º ano; Nuno Mendes – 3º ano; Luísa Jacques – 4º ano; Benedita Coimbra – 4º ano; Manuel Rangel – 4º ano (2010). A Metodologia de Trabalho de Projeto na nossa prática pedagógica. Da Investigação às Práticas, I (3). 21-43. Contato: Manuel Rangel, TANGERINA, EDUCAÇÃO E ENSINO, Av. da Boavista, 2547 - 4100-135 PORTO / geral@tangerinaeducacao.pt / www.tangerinaeducacao.pt
  • 2. DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 22 PORQUE TRABALHAMOS POR PROJETOS? Por Manuel Rangel Porquê uma publicação sobre Projetos? Porque decidimos fazer uma publicação sobre Projetos? Porque os Projetos, a Metodologia de Trabalho de Projeto, constitui uma opção de fundo e um foco central do nosso currículo. Não por ser “a nossa metodologia”, uma metodologia única e exclusiva, mas porque é uma metodologia que privilegiamos e que responde de uma forma muito completa às nossas preocupações e objetivos em termos educativos, como de seguida se explicará. Mas, a opção pela organização de uma publicação sobre este assunto, justifica-se também porque a sua aplicação em termos de prática diária, concreta, não é, efetivamente, fácil: (i) ela rompe com a tradição, com as convicções profundas e os cânones interiorizados sobre o ensino e a aprendizagem (o ensino direto, expositivo e fundamentalmente num sentido só); (ii) as variações e nuances na sua aplicação são muitas, não sendo fácil, pois, definir um caminho único e um processo linear para a sua aplicação, que todos possam ou devam seguir; a sua aplicação exige, por isso, um enorme rigor e uma constante reflexão para que se saiba quando se trata de Projeto ou quando deixa de o ser; o difícil no Projeto é tornar claro aquilo que é importante salvaguardar e o que é possível e até natural que se altere. (iii) a realização de Projetos exige uma organização complexa do trabalho do grupo, rompendo, também aqui, com a tradição da organização coletivista e uniforme do trabalho na sala de aula – em especial no 1º ciclo: o mesmo para todos, ao mesmo tempo! Assim, apenas a troca de ideias, experiências, percursos e realizações, nos permitirá, por um lado, ir estabelecendo com maior clareza a razão de ser da “centralidade” dessa metodologia no nosso trabalho e, por outro, clarificar, justamente, o que é essencial e acessório na sua aplicação, isto é, o que deveremos sempre salvaguardar e aquilo que poderá variar de uns projetos para os outros. Uma publicação deste tipo justifica-se, ainda, porque “escrever” representa: para cada um, um caminho de revisão e reflexão sobre o seu trabalho, com enormes vantagens quer para si próprio, quer para o conjunto; para o grupo, para a equipa, é uma questão de coerência, ou seja, é a aplicação da própria metodologia de projeto ao nosso trabalho profissional. Assim, se a utilização e a aplicação da Metodologia de Projeto em sala de aula representa para nós, simultaneamente, um “desejo” e um “problema”, as nossas experiências em sala de aula representam o trabalho de campo e a recolha de dados; a sua escrita representará, então, o tratamento de dados e organização das conclusões de que dispomos para partilhar, discutir e trabalhar com os outros, enriquecendo, desse modo, todos e cada um dos elementos do grupo.
  • 3. MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 23 PRÁTICA PEDAGÓGICA Porque utilizamos a Metodologia de Trabalho de Projeto na nossa prática? Porque utilizamos, então, a MTP? Ou melhor: porque ocupa ela um lugar tão central no nosso currículo? A que responde, esta metodologia, de tão importante, em termos das nossas propostas e preocupações educativas? Utilizada em todas as idades, em níveis muito diferentes do sistema educativo, em contexto escolar ou fora dele, para situações educativas ou resolução de problemas sociais, a MTP mantém, em todas essas situações, algumas características essenciais, que definem a sua especificidade: - é, em primeiro lugar, uma metodologia para resolução de problemas; - isso significa que se parte, então, de questões e/ou problemas reais, sentidos como verdadeiros problemas para aqueles que os vão tratar (ou seja, como situações para as quais não há, à partida, uma resposta, total e única, para a sua resolução e/ou esclarecimento); - as questões/problemas deverão ser pertinentes e relevantes para aqueles que se vão envolver no trabalho (nem que seja apenas em termos da compreensão e conhecimento sobre essas questões); - a procura das respostas e/ou soluções exige uma planificação e distribuição de tarefas, para a recolha de dados e de informação, em conjunto, ou seja, de grupo/coletiva; - a informação e os dados recolhidos individualmente ou em pequeno grupo terão que ser tratados e organizados para retorno ao grande grupo; - todo o trabalho deve resultar num “produto final” socializável – resultado que represente o enriquecimento de um grupo alargado, em termos de conhecimento/ compreensão/ solução do(s) problema(s) ou questão(ões) inicialmente colocados. O que nos garante a Metodologia de Trabalho de Projeto? Assim sendo, a MTP, em contexto escolar, garante e favorece: Que se parta, para o trabalho escolar e para a aprendizagem, dos interesses, questões e interrogações que os alunos têm sobre o mundo e sobre o meio – mais ou menos alargado – em que vivem: mantendo e estimulando nas crianças o hábito de questionamento sobre aquilo que as rodeia; proporcionando uma visão mais correta do papel da escola e da aprendizagem (uma escola ao serviço do conhecimento e compreensão do mundo); proporcionando uma maior motivação por parte de quem vai aprender. educação motivada e aberta
  • 4. DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 24 Que os alunos sejam envolvidos na planificação do trabalho a realizar, tanto a nível conceptual como funcional, definindo: o que realmente querem estudar/aprender o que já sabem sobre o assunto o que querem, então, aprofundar (saber mais e melhor) o que vão fazer para isso – quem, quando e como. educação participada e partilhada Que o grupo/classe trabalhe em conjunto, em colaboração, em cooperação: na organização do trabalho na recolha de materiais e informação no tratamento de dados na procura de respostas e soluções para o problema na produção de resultados e sínteses. educação cooperativa e em interação Que se mobilizem recursos mais alargados, para a procura de respostas e para uma compreensão global do problema: apelando à mobilização dos diferentes sentidos utilizando recursos muito variados diversificando as abordagens e vivências mobilizando saberes e competências de diferentes domínios. educação integrada e integral O quadro, apresentado na página seguinte, procura sintetizar: - as características desta metodologia – em termos gerais e quando aplicada a situações escolares com crianças pequenas; - o papel do educador/professor nas várias fases do desenvolvimento dos projetos; - os objetivos a que responde, ou seja, as preocupações educativas que são satisfeitas através desta metodologia.
  • 5. TRABALHOESCOLAR:-COMDIMENSÃOSOCIAL-COMDIMENSÃOCULTURAL MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 25 PRÁTICA PEDAGÓGICA ETAPASDOTRABALHODEPROJETO PapeldoEducador/ProfessorObjetivosaqueresponde GeralComascrianças DefiniçãodoProblema OrigemdoProjeto. DefiniçãodoProblema -Observação/atenção-envolvimento -Estímulo -Mediação/Seleção Mantercuriosidade. Estimulardesejodeconhecer. Fomentaraberturaaomundo. Formulaçãodesub- problemas (problemasparcelares) “Oquejásabemos” “Oquequeremossaber” -Investigaçãopessoal(hipótesesde trabalho) Envolverascrianças/alunosnaescolha, organizaçãoeplanificaçãodoseutrabalho Planificaçãodotrabalho Como,quem,quando,onde procurarinformação. Oqueecomovamosfazer. -Planificaçãocomascrianças(criação de“redes”) Pesquisa-produção (Trabalhodecampoede sala) Recolhadeinformaçãoeobjetos Pesquisa.Visitas Vindadeconvidados -Investigação -Organizaçãodotrabalho -Gestão,dinamizaçãoecoordenação dasatividadesdoprojeto -Reflexão Fomentar: aaprendizagememinteração aaprendizagememcolaboração/coopera- ção Promover: aaprendizagemintegrada(aquisiçõesem contexto) aaprendizagemintegral(integraçãov. domínios) Avaliaçãoformativa Avaliaçõesintermédias Revisõesdaplanificação Apresentaçãodosresultados Experiências/Vivências Registos.Produções. Crítica/Globalização Apresentação/atividadefinal (“apresentações”;“aulas”;festas; painéis,etc.) Promover: -aaprendizagempartilhada (partilharconhecimentos,pensamentose sentimentossobreomundo)Avaliaçãofinal.Síntese. Novosproblemas/projetos. Avaliaçãodoprocesso-Reflexão
  • 6. DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 26 A integração da Metodologia de Trabalho de Projeto na nossa prática A MTP é, assim, uma metodologia muito rica do ponto de vista das aprendizagens que proporciona, das aprendizagens mais académicas às aprendizagens sociais e culturais. É talvez a abordagem que permite, justamente, dar um sentido mais social e cultural ao currículo nestas idades. Há, contudo, objetivos e necessidades de ensino e aprendizagem que não são facilmente, ou não são de todo alcançáveis através desta metodologia. Por isso, ela não é, nem nunca poderá ser, do nosso ponto de vista, uma metodologia única e exclusiva nas nossas práticas. A diversidade de objetivos e aprendizagens a promover, implica que se recorra, igualmente, a uma diversidade de abordagens e metodologias. O esquema seguinte enquadra a MTP no Projeto global da nossa prática. TRABALHO DE SALA DE AULA “ROTINAS” PROJECTOS DE SALA PARTICIPAÇÃO PROJECTOS DA ESCOLA E PROJECTOS PONTUAIS ACTIVIDADES LIVRES ACTIVIDADES TEMÁTICAS ENSINO DIRECTO, TRABALHO SISTEMATI- ZADO, EXERCÍCIOS, TREINO
  • 7. MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 27 PRÁTICA PEDAGÓGICA A não consciência e/ou consideração das limitações naturais desta metodologia e da necessidade da diversificação das abordagens no conjunto da prática pedagógica, leva, com muita frequência, ao desvirtuamento da MTP, submetendo-a a interesses e exigências académicas que ela não pode satisfazer. Por essa mesma razão, é não só admissível como natural que o peso e o tempo concreto de utilização desta metodologia variem ao longo dos anos e, sobretudo, de ciclo para ciclo – da educação pré-escolar para a escolaridade obrigatória. Assim, no JI, o tempo dedicado, no dia a dia, ao projeto pode ser maior, comparado com atividades mais orientadas e formais de ensino, uma vez que nele se podem integrar com mais facilidade um conjunto de objetivos educativos que são, nesta fase, mais abertos. No 1º ciclo, pelo contrário, aumenta o tempo dedicado às atividades mais formais de ensino, reduzindo-se o tempo que é dedicado ao projeto. O esquema seguinte procura traduzir essa situação. JI Anos de escolaridade 1º ciclo Metodologia de Trabalho de Projeto Atividades formais de ensino
  • 8. DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 28 Qual a duração mais adequada para um Projeto? Não há, também quanto a este aspeto, uma regra fixa e definitiva. No entanto, pode afirmar-se, como princípio que, para estas idades os projetos devem ser de duração curta e adequada aos tempos de interesse e persistência das crianças. Se um Projeto não deve ser tão curto que não permita respeitar as fases aqui referidas e que constituem, conforme se explicou, a sua riqueza educativa, parece ser, também, desaconselhável que se prolongue demasiado no tempo – mais do que um período letivo, por exemplo, não fará muito sentido. Sobretudo com crianças destas idades, será difícil manter o interesse e entusiasmo genuínos das crianças por períodos tão prolongados no tempo. No entanto, em circunstâncias particulares, poderá haver exceções, quer num sentido, quer noutro. Por exemplo, um projeto, muito particular e específico – porque surge de uma questão ou acontecimento muito forte nesse momento para o grupo e que exige uma resposta rápida e aprofundada, ou porque corresponde a uma questão muito circunstancial, que apenas fará sentido nesse tempo, ou, ainda, por exemplo, porque se restringe a uma área ou domínio mais específico – poderá ser abordado de forma mais intensiva, ou até exclusiva, durando assim menos tempo (4 ou 5 dias / uma semana). Do mesmo modo, em circunstâncias muito especiais – ou porque o interesse (genuíno) das crianças efetivamente se prolongou, ou porque houve uma reformulação do projeto apanhando novos interesses do grupo, ou ainda, por exemplo, porque o projeto extravasou o âmbito da sala, contagiando novos grupos (ou mesmo toda a escola), trazendo assim novos desenvolvimentos e projeção – pode então o projeto estender-se por mais algum tempo. Tal como noutros aspetos, não há aqui uma regra, sendo de privilegiar as características efetivas desta metodologia em função das suas vantagens pedagógicas, atrás assinaladas. Os Projetos apresentados Os Projetos selecionados para a “coletânea” que fizemos, não corresponderam a nenhuma seleção especial, feita em função da sua possível qualidade ou da sua particular riqueza ou exemplaridade. O critério foi apenas o do tempo em que decorreram. Pegámos num período letivo (1º período do ano letivo 2009-10), exatamente como tinha acontecido, sem qualquer decisão prévia de os relatar, para que representassem o retrato o mais real possível das nossas práticas regulares. Representam, pois, o relato, a posteriori, feito pelos próprios educadores/professores, dos Projetos desenvolvidos ao longo desse período, numa repescagem retroativa de acontecimentos e materiais. Por essa razão, e porque, de resto, sempre assim acontece na passagem para a escrita, são naturalmente redutores em relação a todo o trabalho desenvolvido e vivido na sala de aula. Contudo, cremos, serem um bom ponto de partida para uma reflexão, sobre a natureza e a dinâmica do trabalho desenvolvido, nos termos acima colocados. Para este artigo, selecionou-se, a título de exemplo o Projeto desenvolvido com o grupo dos 5 anos, sobre os Romanos.
  • 9. MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 29 PRÁTICA PEDAGÓGICA Projeto de sala: OS ROMANOS 5 Anos - 1º Período - 2009-10 Por Cláudia Gonçalves 1. Escolha do tema/questão/problema do Projeto - “Os Romanos” Como surgiu? Levantei diretamente a questão ao grupo do que é que gostariam de estudar. De quem foi a iniciativa? Quem sugeriu? O grupo deu várias sugestões mas penso que foram de certa forma influenciados pela experiência de uma das crianças que tinha passado férias em Roma e que tinha contado a sua experiência com muito entusiasmo e por três outras crianças do grupo que demonstraram ter já alguns conhecimentos sobre a cultura dos Romanos. Como surgiu? Fiz uma lista dos possíveis projetos que o grupo queria estudar: “Os Dinossáurios”, “As Células”, “Ruínas dos Celtas”, “Os Romanos”, ”Os Meteoritos”, “Os Vulcões”, “ As Torres (construções mais altas que existem), ”A Pré-História”, ”Os Piratas”. Realizou-se uma votação e o tema mais votado foi o dos “Romanos”. 2. Arranque do Projeto Como foi feito o levantamento do que as crianças sabiam? Em grupo realizei o registo do que as crianças sabiam sobre os Romanos: “Lutavam com os animais” (A) “Tinham prisões para prender os bons” (F) “Têm muitos soldados. Às vezes têm escudos diferentes” (M) “Lutam e defendem-se com espadas” (M e F) “Se o imperador se zangava com os soldados, mandava-os prender”. (A). “Lutavam porque queriam mandar em tudo…em muitas cidades.” (M e B).
  • 10. DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 30 O que trouxemos de casa Como foi feito o levantamento do que as crianças queriam saber? Incentivei o grupo a colocar questões do que queriam aprender sobre os Romanos e registei as suas perguntas: “Quais as roupas que eles usavam?” (J F) (I) “O que é que eles faziam?” (B) “Como é que eles faziam as casas?” (J F) “Usavam quadros nas paredes?” (J M) “Onde faziam cocó?” (A) “Como faziam as pontes?” (J F) “Como é que construíam os escudos?” (M) “Como é que os romanos escreviam os números?” (J P) “Como é que eles faziam as colunas?” (H) “Que animais viam lutar?” (F) “O que é um coliseu?” (R)
  • 11. MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 31 PRÁTICA PEDAGÓGICA Planificação do trabalho / Competências a desenvolver Consultar a Rede do Projeto ”Os Romanos” 3. Desenvolvimento do Projeto Organização do trabalho no espaço e no tempo. Foi montado o cantinho de apoio ao projeto com livros trazidos pelas crianças. Como o grupo começou a trazer bonecos da playmobil (legionários, centuriões, imperadores, gladiadores) e animais, foram colocadas peças de madeira para o grupo poder construir um coliseu ou barcos dos Romanos. O grupo passou a chamar a este o canto do Coliseu. Na sala, foi realizado pelas crianças o canto do Fórum. Contribuíram para a confeção do Senado, da Padaria e da Taberna. O grupo sentiu necessidade de arranjar um povo que tivesse lutado contra os Romanos e escolheram os Lusitanos. Colaboraram então na confeção da casa dos Lusitanos. O Projeto decorreu ao longo do primeiro período. Senado Batalha entre Lusitanos e Romanos
  • 12. DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 32 Táticas utilizadas pelos Romanos Atividades principais: Domínios / áreas competências trabalhadas Área de Formação Pessoal e Social: Autonomia na escolha dos cantinhos em função do número de crianças. Partilha de poder, na medida em que não podiam ser sempre os mesmos a brincar no Fórum, no cantinho dos Lusitanos e no cantinho do Coliseu e a desempenhar os mesmos papéis. Aperceberam-se de que não havia valores democráticos nem aceitação de valores diferentes no tempo dos Romanos. Desenvolveram a educação estética. Expressaram admiração pelos monumentos e tiveram gosto em aprender a fazer o seu registo. Área da Expressão/Comunicação: Domínio das expressões Motora - motricidade global: representação das táticas utilizadas pelos Romanos com o corpo, em pequenos grupos, com o apoio dos escudos, gládios e pilums. (Tática do Círculo, Tática da Tartaruga e Tática da Cunha.) Realização de batalhas com espadas entre os Romanos e os Lusitanos, gladiadores e leão.
  • 13. MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 33 PRÁTICA PEDAGÓGICA Dramática: Jogo simbólico no desempenho do faz de conta das personagens respetivas: Lusitanos, imperador, senadores, legionários, centuriões, escravos, gladiadores, animais. O jogo simbólico decorre no “Fórum” e no “Canto do Coliseu”. Plástica: Registo de um legionário. (“Aprendo a desenhar com um amigo” – 1 ou 2 crianças treinam em casa e depois ensinam as outras a desenhar um determinado motivo). Confeção das colunas do senado (Pintura e contorno). Confeção dos escudos/gládios/pilums dos romanos e dos escudos /adagas e dardos e lanças dos lusitanos (pintura). Confeção da casa dos lusitanos (desenho com barro), confeção das ovelhas (colagem de algodão) e confeção de um porco (modelagem de papel). Registo de um barco dos romanos (“Aprendo a desenhar com um amigo”). Confeção do forno da padaria (pintura com barro). Registo do Coliseu (“Aprendo a desenhar com um amigo”). Registo de alguns animais do coliseu (“Aprendo a desenhar com um amigo”). Confeção dos azulejos da taberna (colagem de grãos de milho, lentilhas e feijões de diferentes cores). Confeção das vasilhas e potes decorativos (pintura com barro). Confeção de um pote de barro decorativo (modelagem com barro e bocados de cerâmica). Registo de um Arco de Triunfo. Os Romanos e os Gauleses
  • 14. DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 34 Aula realizada para a sala dos Médios Taberna
  • 15. MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 35 PRÁTICA PEDAGÓGICA Realização do placard do projeto (desenho /recorte/colagem). Confeção de alguns animais do coliseu (plasticina). (“Aprendo a construir com…”). Confeção de um templo (colagem de massas). Realização de um fresco (técnica de aguarela). Musical: Uma criança do grupo quando estava a construir o cantinho do Coliseu, começou a cantarolar ”indo eu, indo eu a caminho de Viseu…encontrei um gladiador…ai Jesus que lá vou eu!” Fiquei surpreendida quando me disse que tinha sido ele a inventar a cantiga. O grupo gostou muito do refrão e sugeriu que continuássemos a letra. Ficou combinado que ia ser apresentada no dia das Apresentações. O grupo acompanhou com gestos e sugeriu que alguns podiam representar a peça. Domínio da linguagem e abordagem à escrita: A linguagem oral: Este projeto fomentou o interesse e gosto do grupo em colocar questões. Manifestavam um progressivo domínio da linguagem (novos vocábulos) e utilizavam-nos em diferentes situações lúdicas. A linguagem escrita: O desenho como forma de escrita (Os nossos registos acompanhados com a palavra correspondente.) Está a ser explorada a seguinte frase de acordo com o programa de iniciação à leitura/escrita da Tangerina. “Nós estudámos os Romanos e trouxemos de casa, livros, bonecos, imagens, postais e fotografias.” O grupo fez registos para utilizarem na aula que realizaram para o grupo dos médios. Domínio da matemática: - Contagem dos números até 100 e maiores que 100 (Os Romanos para conquistarem a nossa península demoraram mais de 100 anos). - Contagem até ao número 8. (Em cada tenda dormiam 8 legionários). - Realização com o corpo (em pequenos grupos) das três táticas utilizadas nas batalhas dos romanos. - Aprenderam que as vasilhas tinham aquela forma para ocuparem pouco espaço nos barcos. - Conhecimento da numeração romana. - Números de pessoas que cabiam no quarto de banho (16) - Exploração das diferentes formas encontradas nos monumentos. - Formação de conjuntos com os ingredientes “faz de conta” da taberna.
  • 16. DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 36 Técnicas utilizadas na Expressão Plástica
  • 17. MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 37 PRÁTICA PEDAGÓGICA - Formação de padrões na colagem dos mosaicos (decoração da taberna). - Aula realizada por uma pessoa de fora, convidada, sobre a simetria nos padrões dos mosaicos dos romanos. - Exploração da parte figurativa existente nos padrões que não são simétricos.
  • 18. DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 38 Área do conhecimento do mundo: - Exploração de Itália e sua capital no mapa. - Exploração de novos vocábulos: Império Romano, Fórum, Taberna, Lusitânia, adagas, dardos, gládios, pilum, catapulta, besta, táticas, porta-estandarte, tridentes, legionário, centurião… - Identificação no mapa das terras ocupadas pelos Romanos. - Exploração da história, dos hábitos e costumes da vida dos lusitanos. - Exploração da história, dos hábitos, costumes da vida dos Romanos a.C. - Confeção do pão para aprenderem a trabalhar na padaria do Fórum (atividade realizada pela avó de uma das crianças do grupo). - Confeção de uma tarte de peixe com azeitonas (típica dos Romanos). - Conhecimento de outros pratos muito apreciados naquela época: ovos de codorniz e codorniz com salada. - Identificação e exploração dos principais monumentos de Roma. Padaria
  • 19. MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 39 PRÁTICA PEDAGÓGICA - Celebração dos 50 anos do Astérix e do Obélix. - A Lenda de Rómulo e de Remo. - A história da erupção do vulcão de Vesúvio, em Pompeia. Colaboração dos pais e familiares: - Exploração de um templo, realizada por um pai. - Exploração de um capitel de uns avós. - Exploração de uma carruagem de quadrigas, realizada por um outro pai. - Exploração de uma lamparina e frascos de vidro trazidos pelo tio de uma criança, que é arqueólogo. Avaliação do processo Com a preparação da aula sobre “Os Romanos” realizada pelo grupo dos 5 anos em que foram abordados os temas mais importantes que estudámos, apercebi-me de que todos dominavam o que iam dizer. Se a determinada altura alguma criança se esquecia do que ia dizer, de imediato um colega a ajudava. Quando terminámos o projeto pegamos nas perguntas que o grupo tinha colocado e que eu tinha registado e ficaram felizes por serem capazes de responder. Alguém disse: Trabalhámos muito bem! 4. Conclusão / Reflexão sobre o trabalho realizado. No início fiquei um pouco assustada com este projeto, pois achei que não seria fácil dar-lhe um cariz prático e que acabaria por ser um pouco teórico. A pouco e pouco, e à medida que eu ia estudando o tema, fui-me apercebendo da importância do domínio da matéria pois foi assim que me fui inspirando para envolver o grupo na aprendizagem pela ação. Senti maior dificuldade em articular a matemática com o projeto.
  • 20. DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 40 Coliseu Nossas aulas aprender a desenhar
  • 21. MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 41 PRÁTICA PEDAGÓGICA Os Romanos e a Matemática
  • 22. DA INVESTIGAÇÃO ÀS PRÁTICAS | 42
  • 23. MANUEL RANGEL E CLÁUDIA GONÇALVES | A METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJETO NA NOSSA | 43 PRÁTICA PEDAGÓGICA Bibliografia básica ALONSO, L. G. et al. (1994). A Construção do Currículo na Escola. Uma proposta de desenvolvimento curricular para o 1º Ciclo do Ensino Básico. Porto: Porto Editora. CASTRO, L. B.; RICARDO, M. M. C. (1993). Gerir o trabalho de projeto: Um manual para professores e formadores. Lisboa: Texto Editora. COSME, A.; TRINDADE, R. (2001). Área de projeto: Percursos com sentidos. Porto: Edições ASA. DEB-ME (2001). Currículo Nacional do Ensino Básico. Competências essenciais”. Lisboa: DEB-ME. FELIZARDO, Diana (2001). Área de Projeto. Propostas de atividades . 2º e 3º ciclos do Ensino Básico. Porto: Porto Editora. FONSECA, V. (1996). Aprender a aprender – A educabilidade cognitiva. Lisboa: Notícias Editorial. HELM, J.H.; BENEKE, S. (2005). O Poder dos Projetos – Novas estratégias e soluções para a educação infantil. Porto Alegre: Artmed. HERNÁNDEZ, F.; VENTURA, M. (1998). A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho. Porto Alegre: Artmed. KATZ, L.; CHARD, S. (1997). A Abordagem de Projeto na Educação de Infância. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. LEITE, E.; MALPIQUE, M; SANTOS, M. R. (1989). Trabalho de projeto: 1. Aprender por projetos centrados em problemas. Porto: Edições Afrontamento. LEITE, E.; MALPIQUE, M; SANTOS, M. R. (1990). Trabalho de projeto: 2. Leituras comentadas. Porto: Edições Afrontamento. Sites http://ecrp.uiuc.edu/ - Early Childhood Research & Practice (ECRP). University of Illinois at Urbana-Champaign. Dr. Lilian G. Katz and Dr. Jean Mendoza are the editors. Em espanhol: http://ecrp.uiuc.edu/index-sp.html http://illinoisearlylearning.org/ask-dr-katz.htm - Ask Lilian Katz http://illinoispip.org/ - Project Approach http://4teachers.org/projectbased/ - Project Based Learning http://www.projectapproach.org/ - The project approach in early childhood and elementary education http://www.movimentoescolamoderna.pt/ - Movimento da Escola Moderna http://trabalhodeprojecto.blogspot.com/ - A par e passo … até ao Trabalho de Projeto.