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CAPÍTULO IV – RESPOSTAS
E EFEITOS FISIOLÓGICOS
DOS EXERCÍCIOS EM
IMERSÃO
Alterações hemodinâmicas, neuro-
musculares, metabólicas e teciduais são efei-
tos fisiológicos provocados pelo resfriamento
ou aquecimento através de qualquer agente
que altere a temperatura corporal. Entretan-
to, os efeitos fisiológicos causados pela água
são resultados das propriedades físicas da
água, mas dependem de outros fatores como
temperatura da água, profundidade da pisci-
na, tipo e intensidade da atividade realizada,
duração da fisioterapia aquática, postura do
paciente e sua condição clínica.
Além das respostas fisiológicas, que
serão estudadas separadamente, a imersão
provoca benefícios psicológicos importantes,
como aumento da autoestima, sensação de
independência, redução do grau de ansieda-
de e, ainda, permite o aprendizado de novas
habilidades.
4.1 Sistema cardiovascular
Os efeitos cardiovasculares são da-
dos principalmente pela pressão hidrostática,
além da temperatura da água.
Quando um indivíduo entra na pis-
cina, ocorre uma vasoconstrição momentâ-
nea, que resulta em um aumento da resistên-
cia vascular periférica e da pressão arterial.
Entretanto, durante a imersão em água aque-
30
cida ocorre aumento da circulação sanguínea
e redistribuição do sangue, que favorece o
fluxo sanguíneo devido à vasodilatação peri-
férica, aumentando o suprimento sanguíneo
na musculatura e ajudando o retorno venoso.
Com a imersão ao nível do pescoço,
o volume sanguíneo central é aumentado cer-
ca de 60% (700 ml) e o volume cardíaco em
até 30% , resultando em um deslocamento
em torno de 200 ml de sangue para o coração
e, o restante dos 700 ml para os grandes vasos
do sistema pulmonar.
Como o débito cardíaco é aumen-
tado de 30% para 32%, a frequência cardíaca
reduz em torno de 10 batimentos por minuto,
o que corresponde aproximadamente de 4%
a 5% da frequência em solo e bipedestação.
A pressão intratorácica e a pressão
atrial direita aumentam de 0,4 para 3,4 mmHg
e de 14 para 18 mmHg, respectivamente e,
com isso, a pressão venosa central também
sofre um aumento.
Esses fatores são explicados pela
redução da pressão hidrostática em relação à
superfície, o que promove um deslocamento
do sangue para a cavidade abdominal e co-
ração, aumentando o fluxo sanguíneo pul-
monar, favorecendo uma maior troca gasosa.
Contudo, em resposta ao aumento do traba-
lho cardíaco pelo aumento do débito sanguí-
neo, também ocorre um aumento da força de
contração do miocárdio, promovendo maior
gasto energético.
Em resumo, em imersão até o pes-
coço, pelo aumento da pressão hidrostática
que promove compressão linfática e venosa,
o volume sanguíneo central aumenta, pro-
vocando elevação da pressão atrial com au-
mento do volume cardíaco. Esse mecanismo
resulta em um aumento de aproximadamente
35% no volume sistólico e de 30% no débito
cardíaco, sendo que a variabilidade na altera-
ção da frequência cardíaca para menos está
relacionada à temperatura da água
4.2 Sistema respiratório
As alterações fisiológicas ocorridas
no sistema circulatório estão relacionadas, em
parte, aos efeitos sobre o sistema respiratório.
Por consequência do deslocamento
do sangue venoso periférico para a cavidade
torácica, somada ao efeito da pressão hidros-
tática exercendo maior pressão na expansibi-
lidade do tórax, o trabalho respiratório sofre
um aumento importante quando em imersão
até o pescoço. Em consequência, o volume
de reserva expiratória (VRE) diminui pela
metade e a capacidade vital (CV) em torno de
seis a 12%, sendo que a combinação desses
dois fatores leva ao aumento de aproximada-
mente 60% no trabalho da respiração.
Sendo assim, essa maior carga de
trabalho ventilatório pode auxiliar na eficiên-
cia e força do sistema respiratório. Entretan-
to, indivíduos com redução da vital (abaixo
de 1.500 ml) podem apresentar dificuldades
31
na respiração e não devem permanecer em
imersão com nível de água acima do proces-
so xifoide, pois a pressão hidrostática oferece
maior resistência à expansão dos pulmões.
4.3 Sistemas renal e hormonal
O sistema regulador renal tam-
bém sofre alterações fisiológicas pelos
efeitos físicos da água. Com a imersão até
o pescoço, ocorre um aumento na produ-
ção de urina e excreção de água (diurese),
bem como na excreção de sódio (natriure-
se) e de potássio (potassiurese). Esses fa-
tores podem ser resultado da inibição da
produção de aldosterona e do hormônio
antidiurético (ADH), também chamado de
vassopressina, além do aumento do fluxo
sanguíneo nos rins. Contudo, o aumento
central do volume sanguíneo, do débito
cardíaco e do retorno venoso são propor-
cionados pela presença do hormônio pep-
tídeo natriurético atrial (PNA).
Logo após a imersão, ocorre um au-
mento do fluxo sanguíneo para os rins, com
aumento da liberação de creatinina (parâme-
tro para diagnosticar deficiência renal), sendo
observada uma elevação da pressão renal ve-
nosa e diminuição da atividade do nervo renal
simpático (por resposta vagal dada pela dis-
tensão do átrio esquerdo). Com isso, a dimi-
nuição da atividade nervosa simpática renal
leva ao aumento da atividade de transporte
de sódio.
Parte do efeito diurético é devido à
excreção da água que acompanha o aumento
da pressão renal venosa e da excreção de só-
dio, a qual é dependente do tempo e do nível
de imersão.
O relaxamento de músculos lisos
vasculares e a inibição da produção de aldos-
terona, que podem persistir após a imersão,
são explicados pela facilitação dessa excreção
de sódio e pela diurese, que ocorrem em fun-
ção da presença de PNA.
4.4 Sistema musculoesquelético
As alterações que ocorrem no siste-
ma musculoesquelético são devidas aos efei-
tos da pressão hidrostática e pela regulação
reflexa do tônus dos vasos sanguíneos. Par-
te do fluxo sanguíneo (pelo débito cardíaco
aumentado durante a imersão) é destinada à
pele e músculos, o que provoca uma dimi-
nuição do espasmo muscular e uma maior
distribuição do oxigênio com aumento da
remoção catabólitos, o que proporciona me-
lhor nutrição tecidual. Como os fluidos dos
tecidos movimentam-se mais livremente nas
estruturas lesionadas e removem com mais
rapidez os produtos tóxicos do metabolis-
mo muscular, a cicatrização tecidual acontece
com maior velocidade.
Como já visto anteriormente, a
viscosidade provoca uma resistência tridi-
mensional, fazendo com que as contrações
musculares sejam sincrônicas. Sendo assim,
32
os. Com isso, ocorre uma diminuição dos ní-
veis de epinefrina e norepinefrina, provocan-
do um aumento do limiar da dor (o paciente
sente menor sensação dolorosa).
Esse fator pode ser explicado pelo
bloqueio, por meio da ação de água aqueci-
da, de terminações nervosas, considerando-
-se que a transmissão de impulsos nervosos é
mais rápida nas fibras do calor e tato do que
nas fibras da dor.
Durante a atividade aquática, o sis-
tema vestibular é bastante requisitado pela
instabilidade provocada pela água, o que pos-
sibilita o tratamento de pacientes portadores
de distúrbios do equilíbrio. Contudo, o apoio
fornecido pelo meio líquido estimula a cons-
ciência da movimentação dos segmentos cor-
porais, além de promover aumento do equilí-
brio e da coordenação motora.
o efeito terapêutico na musculatura propor-
cionado pela imersão é bastante importante
na fisioterapia aquática, especialmente pelo
fato de que a pressão hidrostática exerce uma
pressão maior do que a diastólica, e a elimina-
ção de edemas é consideravelmente auxiliada.
Também pelo fato de que a com-
pressão articular é diminuída principalmente
pelo empuxo, o trabalho muscular em pacien-
tes com disfunções articulares é possibilitado
mais precocemente em relação ao tratamento
de solo.
4.5 Sistema nervoso
Os efeitos da imersão sobre o siste-
ma nervoso são bastante variados, mas rele-
vantes para a fisioterapia aquática.
Durante a imersão, a liberação de
neurotransmissores é alternada com a libe-
ração de catecolaminas, que são intimamente
ligadas ao sistema de regulação da frequência
cardíaca e da resistência dos vasos sanguíne-

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Efeito Fisiológico da água

  • 1. 29 CAPÍTULO IV – RESPOSTAS E EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS EXERCÍCIOS EM IMERSÃO Alterações hemodinâmicas, neuro- musculares, metabólicas e teciduais são efei- tos fisiológicos provocados pelo resfriamento ou aquecimento através de qualquer agente que altere a temperatura corporal. Entretan- to, os efeitos fisiológicos causados pela água são resultados das propriedades físicas da água, mas dependem de outros fatores como temperatura da água, profundidade da pisci- na, tipo e intensidade da atividade realizada, duração da fisioterapia aquática, postura do paciente e sua condição clínica. Além das respostas fisiológicas, que serão estudadas separadamente, a imersão provoca benefícios psicológicos importantes, como aumento da autoestima, sensação de independência, redução do grau de ansieda- de e, ainda, permite o aprendizado de novas habilidades. 4.1 Sistema cardiovascular Os efeitos cardiovasculares são da- dos principalmente pela pressão hidrostática, além da temperatura da água. Quando um indivíduo entra na pis- cina, ocorre uma vasoconstrição momentâ- nea, que resulta em um aumento da resistên- cia vascular periférica e da pressão arterial. Entretanto, durante a imersão em água aque-
  • 2. 30 cida ocorre aumento da circulação sanguínea e redistribuição do sangue, que favorece o fluxo sanguíneo devido à vasodilatação peri- férica, aumentando o suprimento sanguíneo na musculatura e ajudando o retorno venoso. Com a imersão ao nível do pescoço, o volume sanguíneo central é aumentado cer- ca de 60% (700 ml) e o volume cardíaco em até 30% , resultando em um deslocamento em torno de 200 ml de sangue para o coração e, o restante dos 700 ml para os grandes vasos do sistema pulmonar. Como o débito cardíaco é aumen- tado de 30% para 32%, a frequência cardíaca reduz em torno de 10 batimentos por minuto, o que corresponde aproximadamente de 4% a 5% da frequência em solo e bipedestação. A pressão intratorácica e a pressão atrial direita aumentam de 0,4 para 3,4 mmHg e de 14 para 18 mmHg, respectivamente e, com isso, a pressão venosa central também sofre um aumento. Esses fatores são explicados pela redução da pressão hidrostática em relação à superfície, o que promove um deslocamento do sangue para a cavidade abdominal e co- ração, aumentando o fluxo sanguíneo pul- monar, favorecendo uma maior troca gasosa. Contudo, em resposta ao aumento do traba- lho cardíaco pelo aumento do débito sanguí- neo, também ocorre um aumento da força de contração do miocárdio, promovendo maior gasto energético. Em resumo, em imersão até o pes- coço, pelo aumento da pressão hidrostática que promove compressão linfática e venosa, o volume sanguíneo central aumenta, pro- vocando elevação da pressão atrial com au- mento do volume cardíaco. Esse mecanismo resulta em um aumento de aproximadamente 35% no volume sistólico e de 30% no débito cardíaco, sendo que a variabilidade na altera- ção da frequência cardíaca para menos está relacionada à temperatura da água 4.2 Sistema respiratório As alterações fisiológicas ocorridas no sistema circulatório estão relacionadas, em parte, aos efeitos sobre o sistema respiratório. Por consequência do deslocamento do sangue venoso periférico para a cavidade torácica, somada ao efeito da pressão hidros- tática exercendo maior pressão na expansibi- lidade do tórax, o trabalho respiratório sofre um aumento importante quando em imersão até o pescoço. Em consequência, o volume de reserva expiratória (VRE) diminui pela metade e a capacidade vital (CV) em torno de seis a 12%, sendo que a combinação desses dois fatores leva ao aumento de aproximada- mente 60% no trabalho da respiração. Sendo assim, essa maior carga de trabalho ventilatório pode auxiliar na eficiên- cia e força do sistema respiratório. Entretan- to, indivíduos com redução da vital (abaixo de 1.500 ml) podem apresentar dificuldades
  • 3. 31 na respiração e não devem permanecer em imersão com nível de água acima do proces- so xifoide, pois a pressão hidrostática oferece maior resistência à expansão dos pulmões. 4.3 Sistemas renal e hormonal O sistema regulador renal tam- bém sofre alterações fisiológicas pelos efeitos físicos da água. Com a imersão até o pescoço, ocorre um aumento na produ- ção de urina e excreção de água (diurese), bem como na excreção de sódio (natriure- se) e de potássio (potassiurese). Esses fa- tores podem ser resultado da inibição da produção de aldosterona e do hormônio antidiurético (ADH), também chamado de vassopressina, além do aumento do fluxo sanguíneo nos rins. Contudo, o aumento central do volume sanguíneo, do débito cardíaco e do retorno venoso são propor- cionados pela presença do hormônio pep- tídeo natriurético atrial (PNA). Logo após a imersão, ocorre um au- mento do fluxo sanguíneo para os rins, com aumento da liberação de creatinina (parâme- tro para diagnosticar deficiência renal), sendo observada uma elevação da pressão renal ve- nosa e diminuição da atividade do nervo renal simpático (por resposta vagal dada pela dis- tensão do átrio esquerdo). Com isso, a dimi- nuição da atividade nervosa simpática renal leva ao aumento da atividade de transporte de sódio. Parte do efeito diurético é devido à excreção da água que acompanha o aumento da pressão renal venosa e da excreção de só- dio, a qual é dependente do tempo e do nível de imersão. O relaxamento de músculos lisos vasculares e a inibição da produção de aldos- terona, que podem persistir após a imersão, são explicados pela facilitação dessa excreção de sódio e pela diurese, que ocorrem em fun- ção da presença de PNA. 4.4 Sistema musculoesquelético As alterações que ocorrem no siste- ma musculoesquelético são devidas aos efei- tos da pressão hidrostática e pela regulação reflexa do tônus dos vasos sanguíneos. Par- te do fluxo sanguíneo (pelo débito cardíaco aumentado durante a imersão) é destinada à pele e músculos, o que provoca uma dimi- nuição do espasmo muscular e uma maior distribuição do oxigênio com aumento da remoção catabólitos, o que proporciona me- lhor nutrição tecidual. Como os fluidos dos tecidos movimentam-se mais livremente nas estruturas lesionadas e removem com mais rapidez os produtos tóxicos do metabolis- mo muscular, a cicatrização tecidual acontece com maior velocidade. Como já visto anteriormente, a viscosidade provoca uma resistência tridi- mensional, fazendo com que as contrações musculares sejam sincrônicas. Sendo assim,
  • 4. 32 os. Com isso, ocorre uma diminuição dos ní- veis de epinefrina e norepinefrina, provocan- do um aumento do limiar da dor (o paciente sente menor sensação dolorosa). Esse fator pode ser explicado pelo bloqueio, por meio da ação de água aqueci- da, de terminações nervosas, considerando- -se que a transmissão de impulsos nervosos é mais rápida nas fibras do calor e tato do que nas fibras da dor. Durante a atividade aquática, o sis- tema vestibular é bastante requisitado pela instabilidade provocada pela água, o que pos- sibilita o tratamento de pacientes portadores de distúrbios do equilíbrio. Contudo, o apoio fornecido pelo meio líquido estimula a cons- ciência da movimentação dos segmentos cor- porais, além de promover aumento do equilí- brio e da coordenação motora. o efeito terapêutico na musculatura propor- cionado pela imersão é bastante importante na fisioterapia aquática, especialmente pelo fato de que a pressão hidrostática exerce uma pressão maior do que a diastólica, e a elimina- ção de edemas é consideravelmente auxiliada. Também pelo fato de que a com- pressão articular é diminuída principalmente pelo empuxo, o trabalho muscular em pacien- tes com disfunções articulares é possibilitado mais precocemente em relação ao tratamento de solo. 4.5 Sistema nervoso Os efeitos da imersão sobre o siste- ma nervoso são bastante variados, mas rele- vantes para a fisioterapia aquática. Durante a imersão, a liberação de neurotransmissores é alternada com a libe- ração de catecolaminas, que são intimamente ligadas ao sistema de regulação da frequência cardíaca e da resistência dos vasos sanguíne-