A carta fala sobre a preparação para o XXIV Capítulo Geral em abril-maio de 2021, fornece atualizações sobre as neomissionárias do ano de 2020-2021 e 2019-2020, e convida as irmãs a relerem a Carta 26 de Madre Mazzarello para refletirem sobre viver "revestidas do Espírito de Jesus".

1. Roma, 14 de novembro de 2020.
Queridas Irmãs,
Depois de viver o mês de Outubro com muito
entusiasmo e paixão missionária, apesar dos
sofrimentos do mundo que continua subindo o seu
Calvário por causa da pandemia, aqui estamos para o
nosso habitual encontro. Saúdo a todas com muito
carinho, desejando-lhes serenidade, confiança no futuro
e um olhar sempre mais alargado para ver a vontade de
Deus em todos os acontecimentos e a Sua presença nos
irmãos e irmãs necessitados de casa, trabalho, saúde, dignidade.
Este é o tempo propício para viver ainda mais intensamente o
chamado «A ti as confio»!
Como Conselho geral, estivemos reunidas de 21 de setembro a 30 de
outubro e dedicamos muito tempo à preparação do XXIV Capítulo Geral, com a esperança de poder
realizá-lo na data prevista: abril-maio 2021. Cada Inspetoria já recebeu a chave de leitura do Instrumento de
Trabalho e envolveu toda a Inspetoria, também os leigos e os jovens. As ressonâncias que chegam à Madre são
muito positivas. Esperamos que este seja um momento forte de formação permanente para todos!
Algumas notícias do Âmbito: temos conosco 5 das 12 neomissionárias do ano 2020-2021. Chegaram
duas da Coreia, uma da Polônia, outras duas do Vietnã que estavam em Roma há um ano para aprenderem a
língua. No dia 26 de outubro, as 5 neomissionárias começaram o Curso intensivo de italiano com Silvia
Casale, professora na Pontifícia Universidade Gregoriana. As outras neomissionárias que ainda devem chegar
são das seguintes nações: Filipinas, Vietnã, Índia, Colômbia e Timor. Por causa da pandemia, elas vão chegar
em datas diferentes porque precisam do Visto e de outros documentos, e nem todas as Repartições públicas
estão funcionando normalmente. Como vocês podem ver, não podemos mais prever a organização como
fazíamos anteriormente. A realidade pede que nos adaptemos às surpresas e à “nova normalidade”. Além disso,
das 12 neomissionárias, duas já receberam da Madre a obediência. Em anexo, vocês encontram a lista
completa, com os nomes e a Inspetoria de proveniência das Irmãs.
Em relação às neomissionárias do ano passado, as notícias são estas: duas delas ainda estão na Casa
geral à espera dos documentos para fazer o Visto. Quatro estão na Inspetoria de origem para preparar a
documentação, e esperam poder partir para o próprio destino. Outras duas conseguiram viajar para Londres e
estão aprendendo a língua inglesa. Uma única Irmã conseguiu fazer o Visto e já se encontra na Inspetoria à qual
foi destinada.
Temos ainda três Irmãs do ano 2018-2019 que permanecem nos Estados Unidos e na França, onde
estão para aprender a língua, e uma que se encontra na sua Inspetoria de origem para fazer o Visto. Esta é a
realidade que estamos vivendo! Acredito que em todas as coisas existe sempre um “porque” de Deus. Somos
convidadas a escutá-lo na Sua Palavra que se manifesta também na realidade.
Queridas Irmãs, justamente num dia como hoje, 14 de novembro daquele distante 1877, partia de
Gênova a primeira Expedição Missionária com 6 jovens empreendedoras FMA, missionárias ad gentes. Do céu
elas nos concedam a graça de manter vivo no Instituto o entusiasmo do “Da mihi animas” e do “A ti as confio”,
para que possamos viver este ‘respiro missionário das origens’ e sermos sinais de esperança para as novas
gerações.
Como parte do caminho ao qual nos propusemos para este 2020, ou seja, o encontro com Madre
Mazzarello através das suas cartas às missionárias, gostaria de convidá-las a reler a Carta 26 escrita em Nizza,
no dia 11 de setembro de 1879, às Irmãs da casa de Montevidéu-Villa Colón.
Certamente vocês notaram que a releitura e o aprofundamento das cartas de Madre Mazzarello não
seguiram uma ordem cronológica. Deixei-me guiar não somente pela coincidência de datas ou pelos
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2. acontecimentos do nosso tempo, mas especialmente pela palavra inspiradora de Madre Mazzarello que se
transforma em “Palavra de Deus” para todas nós.
Na Carta 26, Madre Mazzarello agradece pelas notícias recebidas, explica em que consiste o
verdadeiro espírito religioso e dá notícias da comunidade.
Com grande maternidade, Madre Mazzarello inicia a carta com um único desejo: consolar e encorajar
as Irmãs distantes. Já que não pode escrever a cada uma como gostaria, manifesta a intensidade do seu carinho
com a expressão: «Fiquem satisfeitas por eu lhes dizer duas palavrinhas, do fundo do coração».
Sim, as palavras da Madre vêm do coração... um coração que não só pensa nas filhas distantes mas reza
e faz rezar por elas: «Fizemos o Retiro [...] Coitadinhas de vocês! Quantas vezes foram lembradas por nós, que
pedimos orações por vocês [...]».
A Cronistória conta que no dia 3 de setembro, ao concluir os Exercícios Espirituais, as Irmãs receberam
do Padre Cagliero as Regras impressas (cf. Volume III 77-78). Por isso Madre Mazzarello fala de «uma firme
vontade de nos tornarmos santas». E acrescenta: «a fim de que, não somente nós, mas vocês também tenham,
como espero, essa vontade». E indica a meta, como faz em muitas de suas cartas: «E assim, um dia possamos
nos encontrar todas juntas lá em cima, no lindo Paraíso». Portanto, «minhas queridas, coragem! Tudo passa,
sabiam?... mas os merecimentos jamais passarão».
Nesta carta, a Madre fala também de caridade, de obediência, de estar «apegadas à Santa Regra». E
revela que o seu coração «continuamente implora bênçãos para vocês todas, para que possam realmente
revestir-se do Espírito do nosso bom Jesus».
Ela mesma se pergunta: «Sim, mas, como era o Espírito do Senhor?» E da sua sabedoria brota a
resposta: um «espírito humilde, paciente, cheio de caridade, mas daquela caridade própria de Jesus, que jamais
o deixava saciado de sofrer por nós». O convite que Madre Mazzarello faz às irmãs missionárias em 1879
chega aos nossos dias com grande atualidade: «Imitemos o nosso queridíssimo Jesus em tudo, mas,
especialmente na humildade e na caridade, para valer, né?».
“Revestir-se do Espírito de Jesus” é ter os mesmos sentimentos de Jesus que, segundo Papa Francisco,
«significa pensar como Ele, amar como Ele, ver como Ele, caminhar como Ele. Significa fazer o que Ele fez e
com os seus mesmos sentimentos, com os sentimentos do seu Coração» (Homilia, 3 de janeiro de 2014).
Para Madre Mazzarello, “revestir-se do Espírito de Jesus” é viver como Ele, pensar como Ele, amar
como Ele, ser próximas do próximo a qualquer hora e em qualquer lugar: «Assim que perceberem que alguma
está precisando de ajuda, apressem-se em ir ao encontro dela, e auxiliem-se reciprocamente, né?...».
Queridas Irmãs, desejo que todas nós possamos viver a nossa consagração “revestidas do Espírito de
Jesus”, especialmente neste tempo particular da história que nos mostra que a vida pode mudar de um
momento para outro, que somos pequenas, frágeis e despreparadas diante das adversidades da vida. Um tempo
que mudou os nossos planejamentos e nos fez tocar com as mãos a nossa fragilidade e a fragilidade alheia.
Gostaria de terminar esta mensagem novamente com as palavras de Madre Mazzarello: «Coragem,
minhas queridíssimas em Jesus, pensem sempre que tudo passa: por isso, nada nos perturbe, porque tudo serve
para alcançarmos a verdadeira felicidade». «Aqui temos uma bela estátua de M[aria] Imaculada e muitas vezes
vou lá aos pés dela para pedir graças para todas vocês». Principalmente para as missionárias ad gentes que se
encontram nas periferias geográficas e existenciais, isto é, em realidades duramente provadas pela guerra, pela
pobreza, pela pandemia da Covid-19.
Em preparação ao XXIV CG rezemos juntas: Maria, filha do Filho, enche as nossas ânforas com o
vinho da humildade e da caridade recíproca para que possamos habitar o coração da contemporaneidade
tendo os mesmos sentimentos de Jesus.
Um grande abraço a cada uma. Permaneçamos sempre em comunhão fraterna, na oração recíproca!
Conselheira para as Missões
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