O documento discute as oportunidades e desafios da Igreja Católica no uso da internet e mídias digitais para a evangelização. João Paulo II enfatizou o potencial da internet para a disseminação rápida do evangelho, mas também alertou para os perigos da desinformação e manipulação. Bento XVI destacou a importância do diálogo sincero e do encontro pessoal, sem que as relações virtuais se tornem um fim em si mesmas.
3. João Paulo II
■ «O jornal, o livro, o disco, o filme, o rádio, especialmente a
televisão e, agora, o videocassete até o sempre mais
sofisticado computador, representam já uma fonte
importante, se não única, através da qual o jovem entra em
contacto com a realidade externa e vive o próprio dia-a-dia.
O jovem, por outro lado, está sempre mais próximo dos
meios de comunicação, quer porque o tempo livre é maior,
quer porque o ritmo acelerado da vida moderna acentuou a
tendência à distração como pura evasão. Além disso, pela
ausência dos pais, quando a mãe é também obrigada a
trabalhar fora de casa, afrouxou-se o tradicional controle
educativo sobre o uso de tais meios» (João Paulo II, 1985).
4. João Paulo II
■ No Vaticano II, os Padres conciliares «reconheceram que os
progressos da tecnologia das comunicações, especialmente,
eram de tais proporções que provocavam reações em cadeia
com consequências imprevisíveis» (João Paulo II, 1990).
■ Foi intenção do Concílio, sublinha o Papa, que a Igreja se
mantivesse, não à distância, mas «no coração do progresso
humano, partícipe das experiências do resto da
humanidade, para procurar compreendê-las e interpretá-las
à luz da fé. É próprio dos fiéis do povo de Deus o dever de
fazer uso criativo das novas descobertas e tecnologias para
o bem da humanidade, e a realização do desígnio de Deus
para o mundo» (João Paulo II, 1990).
5. João Paulo II
■ «agilizada e de diálogo entre os seus mesmos membros
podem fortalecer os liames de unidade entre si. O acesso
imediato à informação permite à Igreja aprofundar o diálogo
com o mundo contemporâneo. Na nova cultura do
computador a Igreja pode informar mais rapidamente o
mundo sobre o seu “credo” e explicar as razões de sua
posição sobre cada problema ou acontecimento. Pode
escutar mais claramente a voz da opinião pública, e entrar
num debate contínuo com o mundo que a cerca,
empenhando-se assim, mais tempestivamente, na busca
comum de soluções dos muitos e urgentes problemas da
humanidade» ((João Paulo II, 1990).
6. 2002
■ A mensagem do Papa João Paulo II - «XXXVI Dia Mundial das
Comunicações Sociais, 2002 – “Internet: um novo foro para
a proclamação do Evangelho”»
■ Dois documentos do Pontifício Conselho para as
Comunicações Sociais:
– «Ética na Internet»
– «Igreja e Internet»
7. João Paulo II
■ «é uma nova fronteira que se abre no início deste novo
milénio. (…) [e] está cheia da ligação entre perigos e
promessas, e não é desprovida do sentido de aventura que
caracterizou os outros grandes períodos de mudança. Para a
Igreja, o novo mundo do espaço cibernético é uma exortação
à grande aventura do uso do seu potencial para proclamar a
mensagem evangélica» (João Paulo II, 2002)
8. João Paulo II
■ Questões:
■ Como havemos de cultivar a sabedoria que deriva não só da
informação, mas da introspeção, a sabedoria que
compreende a diferença entre o que é correto e o que é
errado, e sustenta a escala de valores que provém desta
diferença?
■ Como é que a Igreja orienta a partir do tipo de contacto que
se tornou possível pela internet, para uma comunicação
mais profunda, exigida pela proclamação do Evangelho?
■ Como edificamos sobre os primeiros contactos e permuta de
informações, que a internet tornou possíveis?
9. João Paulo II
■ Questões:
■ Como podemos garantir que a revolução da informação e
das comunicações, que tem na internet o seu primeiro
motor, atuará em benefício da globalização do
desenvolvimento e da solidariedade humana, objetivos que
estão estreitamente ligados à missão evangelizadora da
Igreja?
■ A internet pode favorecer a cultura do diálogo, da
participação, da solidariedade e da reconciliação, sem a
qual a paz não consegue florescer?
■ Desta galáxia de imagens e sons, emergirá o rosto de Cristo
e ouvir-se-á a Sua voz?
10. «Igreja e Internet»
■ [saltamos a «Ética na Internet»]
■ «interesse da Igreja pela Internet constitui uma particular
expressão do seu antigo interesse pelos meios de
comunicação social. (…) [estes] já contribuem em grande
medida para ir ao encontro das necessidades humanas e
podem fazê-lo ainda mais» (PONTIFÍCIO CONSELHO PARA AS
COMUNICAÇÕES SOCIAIS, 2002).
■ A instituição eclesial vê na história da comunicação humana
uma longa peregrinação que, à semelhança do povo bíblico,
vai desde Babel, baseada no orgulho, confusão e
incompreensão (Cf. Gn 11, 1-9), até ao Pentecostes, onde
todos conseguiam comunicar entre si (Cf. At 2, 8).
11. «Igreja e Internet»
■ «encontra o seu ponto de partida na comunhão de amor
entre as Pessoas divinas e na sua comunicação connosco”,
e é na realização da comunhão trinitária que “alcança a
humanidade: o Filho é o Verbo, eternamente ‘pronunciado’
pelo Pai; em e mediante Jesus Cristo, Filho e Verbo que se
fez homem, Deus comunica-se a si mesmo e a sua salvação
às mulheres e aos homens”.
12. «Igreja e Internet»
■ «Deus continua a comunicar-se com a humanidade através
da Igreja, portadora e guardiã da sua revelação, confiando
unicamente ao seu ofício do ensinamento vivo a tarefa de
interpretar a sua palavra de maneira autêntica. Além disso,
a própria Igreja é uma communio, uma comunhão de
pessoas e de comunidades eucarísticas que derivam da
comunhão com a Trindade e nela se refletem; por
conseguinte, a comunicação pertence à essência da Igreja.
Mais do que qualquer outro motivo, esta é a razão pela qual
“a prática eclesial da comunicação deve ser exemplar,
refletindo os padrões mais elevados de verdade,
credibilidade e sensibilidade aos direitos humanos e a
outros importantes princípios e normas”».
13. Internet e Evangelização (SWOT)
Possibilidades externas
■ Os média têm um grande poder de partilha e possibilidade
de relacionamentos, encontros
■ Acesso, praticamente ilimitado, a toda a informação e
recursos imateriais
■ Grande contração do tempo e do espaço
14. Internet e Evangelização (SWOT)
■ Dificuldades externas
■ Prevalência do efémero
■ Informação errónea e não tratada, geradora de "divisões" e
não de maior aproximação humana
■ A informação veiculada, em vez de 'dizer' a realidade, 'cria' a
realidade: a verdade é o que 'aparece'
15. Internet e Evangelização (SWOT)
■ Possibilidades Internas
■ Há um grande otimismo eclesial em relação aos novos media
■ Oferece um acesso direto e imediato a importantes recursos religiosos
e espirituais: livrarias grandiosas, museus e lugares de culto, os
documentos do ensinamento do Magistério, os escritos dos Padres e
dos Doutores da Igreja, assim como a sabedoria religiosa de todos os
tempos
■ Promove que indivíduos a entrarem em contacto com as pessoas de
boa vontade que nutrem os mesmos interesses e que participam nas
virtuais comunidades de fé para se encorajarem e auxiliarem umas às
outras
■ «A Internet pode oferecer magníficas oportunidades de evangelização,
se for usada com competência e uma clara consciência das suas forças
e debilidades» (João Paulo II, 2002)
16. Internet e Evangelização (SWOT)
■ Dificuldades Internas
■ Há sectores eclesiais alheios desta realidade
■ Sítios definidos como «católicos», mas que não o são
■ Por vezes, procura-se marcar presença, mas sem estratégia
e sem qualidade
17. Rápido Desenvolvimento
■ Na formação, exorta-se a que se ofereça uma vasta oferta
formativa, para que os mundo dos média seja conhecido e
retamente valorizado. Esta formação, embora deva ser dirigida
a todas as pessoas, deverá incidir mais na população juvenil,
que tem uma tendência natural para as inovações tecnológicas.
■ A participação de todos deve ser corresponsável, apelando-se
mesmo a que haja disposições legislativas que favoreçam o
crescimento de uma cultura de coresponsabilidade.
■ O diálogo que os media permitem e possibilitam deve ser
sempre usado ao serviço da paz e do diálogo, bem como do
conhecimento recíproco dos vários povos, e nunca como meio
para instar à guerra e à violência.
18. Rápido Desenvolvimento
■ «Numa visão orgânica e correta do desenvolvimento do ser
humano, os media podem e devem promover a justiça e a
solidariedade, comunicando cuidadosa e verdadeiramente
os acontecimentos, analisando de maneira completa as
situações e os problemas, dando voz às diversas opiniões.
Os critérios supremos da verdade e da justiça, na prática
madura da liberdade e da responsabilidade, constituem o
horizonte em cujo âmbito se situa uma autêntica
deontologia na fruição dos modernos e poderosos meios de
comunicação» (RD 3).
19. Bento XVI
■ «O impacto incisivo de um novo vocabulário e de novas
imagens, que sobretudo os mass media electrónicos
introduzem tão facilmente na sociedade, não devem ser
subestimados. Os media contemporâneos formam a cultura
popular, portanto devem vencer qualquer tentação de
manipulação, sobretudo em relação aos jovens, procurando
ao contrário educar e servir, para garantir a realização de
uma sociedade civil digna da pessoa humana, e não a sua
desagregação» (Bento XVI, 2006).
20.
21. Bento XVI
■ «O diálogo deve estar radicado numa busca sincera e recíproca
da verdade, para realizar a promoção do desenvolvimento na
compreensão e na tolerância. A vida não é uma mera sucessão
de factos e experiências: é antes a busca da verdade, do bem e
do belo. É precisamente com tal finalidade que realizamos as
nossas opções, exercitamos a nossa liberdade e nisso - isto é,
na verdade, no bem e no belo - encontramos felicidade e
alegria. É preciso não se deixar enganar por aqueles que andam
simplesmente à procura de consumidores num mercado de
possibilidades indiscriminadas, onde a escolha em si mesma se
torna o bem, a novidade se contrabandeia por beleza, a
experiência subjectiva sobrepõem-se à verdade» (Bento XVI,
2009).
22. Bento XVI
■ A amizade, este conceito pode ser, nas redes sociais,
completamente adulterado. Esta, que é uma das mais belas
conquistas da cultura humana e que permite ao ser humano
realizar-se e desenvolver-se plenamente, não pode ser
banalizada e desprovida do seu valor mais profundo. Mais, a
dedicação às amizades on-line não pode, de modo algum,
ser feito à custa da disponibilidade para o encontro pessoal
na família, com os vizinhos, com colegas de trabalho e de
escola, e nos ambientes clássicos de lazer.
23. Bento XVI
Lógicas da Web:
■ A primeira é que a verdade que se anuncia não deduz a sua
validade dos critérios de popularidade e da quantidade de
atenção que se lhe dá, o fundamento é Outro;
■ Segunda, deve comunicar-se a mensagem cristã na sua
integralidade e exigência, e não mitigá-la para a tornar mais
atraente;
■ A terceira ideia é de que a Menagem cristã é permanente e não
algo esporádico ou atração momentânea;
■ Em quarto lugar vem a exigência de que o Evangelho não é algo
que possa ser considerado um mero bem de consumo
superficial, mas antes exige uma resposta livre e ponderada;
24. Bento XVI
Lógicas da Web:
■ A quinta ideia alerta para o facto de que as relações virtuais
não são um fim em si mesmas e devem desembocar
sempre em encontros e experiências presenciais, têm de ser
encarnadas e partilhadas com aqueles com quem se
partilha a vida diária;
■ A última ideia que Bento XVI realça, a sexta, e na sequência
da anterior, é que só há transmissão da fé quando se chega
a um encontro presencial. As possibilidades das conexões
virtuais só alcançam o seu pleno sentido quando permitem
e potenciam a pertença física a uma comunidade.
25. Bento XVI
Lógicas da Web:
■ «Em última análise, a verdade que é Cristo constitui a resposta
plena e autêntica àquele desejo humano de relação,
comunhão e sentido que sobressai inclusivamente na
participação maciça nos vários social network. Os crentes,
testemunhando as suas convicções mais profundas, prestam
uma preciosa contribuição para que a Web não se torne um
instrumento que reduza as pessoas a categorias, que procure
manipulá-las emotivamente ou que permita aos poderosos
monopolizar a opinião alheia. Pelo contrário, os crentes
encorajam todos a manterem vivas as eternas questões do
homem, que testemunham o seu desejo de transcendência e o
anseio por formas de vida autêntica, digna de ser vivida.
Precisamente esta tensão espiritual própria do ser humano é
que está por detrás da nossa sede de verdade e comunhão e
nos estimula a comunicar com integridade e honestidade»
(Bento XVI, 2011).
26. Bento XVI
■ Silêncio e palavra
■ Na comunicação digital, a palavra e os outros
conteúdos apresentam-se como fáceis de verter para
a rede; já o silêncio — no qual «se identificam os
momentos mais autênticos da comunicação entre
aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto,
o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa» —
requer outras mediações que não apenas os recursos
digitais (Bento XVI, 2012).
27. Bento XVI
■ Mundo paralelo
■ «o ambiente digital não é um mundo paralelo ou
puramente virtual, mas faz parte da realidade
quotidiana de muitas pessoas, especialmente dos
mais jovens. As redes sociais são o fruto da interação
humana, mas, por sua vez, dão formas novas às
dinâmicas da comunicação que cria relações: por
isso uma solícita compreensão por este ambiente é o
pré-requisito para uma presença significativa dentro
do mesmo» (Bento XVI, 2012).
28. Francisco
■ Que «comunicação seja azeite perfumado pela dor e vinho
bom pela alegria. A nossa luminosidade não derive de
truques ou efeitos especiais, mas de nos fazermos próximo,
com amor, com ternura, de quem encontramos ferido pelo
caminho» (Francisco 2014).
■ «Não basta circular pelas “estradas” digitais, isto é,
simplesmente estar conectados: é necessário que a conexão
seja acompanhada pelo encontro verdadeiro. Não podemos
viver sozinhos, fechados em nós mesmos. Precisamos de
amar e ser amados. Precisamos de ternura. Não são as
estratégias comunicativas que garantem a beleza, a
bondade e a verdade da comunicação» (Francisco 2014).
30. Sociedade em Rede
■ O surgimento da sociedade em rede torna-se possível com o
desenvolvimento das novas tecnologias, favorecedoras de
sistemas de informação e comunicação que, no processo, se
agruparam em torno de redes de empresas, organizações e
instituições para formar um novo paradigma sociotécnico,
cujos aspetos centrais representam a base material da
sociedade da informação (Cf. Manuel Castelles).
31. Sociedade em Rede
■ A «rede é um conjunto de nós interligados. Um nó é o ponto
no qual uma curva se intercepta. O nó a que nos referimos
depende do tipo de redes em causa» (Cf. Manuel Castelles).
■ A rede está definida a partir do programa que determina os
seus objetivos e regras de funcionamento. O programa, por
sua vez, é composto por códigos que dizem o modo de
funcionar e os critérios para determinar o funcionamento,
quer o sucesso quer o fracasso. As redes estão organizadas
de forma binária, numa lógica de inclusão e de exclusão.
■ Faz parte da natureza das redes a cooperação e a
competição.
32. Sociedade em Rede
CUIDADO!!!!!
■ Faz parte da natureza das redes a cooperação e a
competição. A competição assume uma configuração
destrutiva quando consegue alterar a outra rede, ou redes,
através da inserção de protocolos de comunicação.
■ As redes são formas organizacionais mais eficazes, na
medida em que assumem três desafios: flexibilidade,
adaptabilidade e capacidade de autoreconfiguração
33. Espaço de fluxos e
tempo intemporal
■ Com o advento das tecnologias da informação, esta
organização em rede cria o advento da sociedade em rede,
onde os indivíduos e organizações interagem em tempo real,
sem o constrangimento da distância.
■ O tempo e o espaço encurtam-se de tal maneira que se pode
dizer que são como que anulados.
■ O espaço é o suporte material das práticas sociais que
acontecem em simultâneo.
■ O tempo é comummente compreendido como uma
sequência de práticas
34. Tempo...
■ O tempo biológico organiza-se pelos ciclos da natureza
■ O tempo industrial pelo relógio
■ Na sociedade em rede é o tempo intemporal: a sequenciação
deixa de ter interesse e importa antes a simultaneidade.
■ Porque o espaço encurtou o tempo começa a não ter lugar,
surgindo o seu quase aniquilamento, o que implica a negação
da sequenciação.
■ Passa a ser aleatória a ordem entre passado, presente e futuro,
como acontece no hipertexto, onde com um simples clique se
viaja em todas as direções.
■ Se antes, aquilo que deveria ser estruturava o que uma coisa
era, agora é o inverso: o que é anula o que pode chegar a ser.
35. Cultura Hacker
■ Valoriza-se a cultura da tecnomeritocracia
■ Através da ética hacker divulgam-se normas e costumes
gerados em torno de projetos tecnológicos. A cultura
comunitária virtual acrescenta uma dimensão social à
cooperação tecnológica ao fazer da Internet um meio de
interação seletiva e de presença simbólica. A cultura
empreendedora funciona com base na cultura hacker e na
cultura comunitária, para difundir as praticas da Internet em
todos os âmbitos da sociedade.
36. Cibercultura
■ A cibercultura «leva a copresença das mensagens de volta
ao seu contexto como ocorria nas sociedades orais, mas
noutra escala, numa órbita completamente diferente. A nova
universalidade já não depende da autosuficiência dos textos,
de uma fixação e de uma independência das significações.
Ela constrói-se e estende-se pela interconexões das
mensagens entre si, pela vinculação permanente das
comunidades virtuais em criação, que lhe dão sentidos
variados numa renovação permanente» (Pierre LÉVY).
37. Cibercultura
■ Comunicação oral (oralidade) – as mensagens são recebidas
no contexto em que são produzidas. Há o mesmo banho
semântico.
■ Comunicação escrita – há uma separação. As mensagens
podem ser recebidas a uma grande distância física e
temporal. O esforço para se “ser bem compreendido”,
através de uma linguagem universal (Web 1.0).
■ Universal sem totalidade – verifica-se o universal sem
totalidade. os emissores e receptores estão no mesmo
ambiente, imersos. Não por presença física, mas porque
imersos no mesmo ambiente, digital. Partilham o mesmo
contexto, o imenso hipertexto vivo (Web 2.0).
38. Cibercultura (aqui está um grande desafio evangelizador)
■ «quanto mais universal (extenso, interconectado, interativo),
menos totalizável. Cada conexão suplementar acrescenta
ainda mais heterogeneidade, novas fontes de informação,
novas linhas de fuga, a tal ponto que o sentido global
encontra-se cada vez menos perceptível, cada vez mais
difícil de circunscrever, de fechar, de dominar. (...) Esse
universal dá acesso a um gozo mundial, à inteligência
coletiva enquanto ato de espécie. Faz com que participemos
mais intensamente da humanidade viva, mas sem que isso
seja contraditório, ao contrário, com a multiplicação das
singularidades e a ascensão da desordem» (Pierre LÉVY).
39. Programa da Cibercultura
Princípios:
■ A interconexão é uma das mais fortes tendências que dão
origem à cibercultura. Opõe-se ao isolamento e postula que
cada dispositivo tenha a potencialidade de estar conectado.
■ As comunidades virtuais, que se apoiam na interconexão, são
realidades que se edificam e desenvolvem em torno de
interesses afins. Surgem quando se encontram pessoas que
partilham algo em comum, independentemente da sua
geografia e pertenças institucionais.
■ A inteligência coletiva é algo que o ciberespaço possibilita, é o
somatório de todo o conhecimento “depositado” na Web sobre
os mais variadíssimos aspetos.
40. Virtual
■ O virtual não é uma oposição ao real, antes ao atual.
■ O virtual tende a atualizar-se, embora não se concretize de
um modo efetivo e formal.
■ O possível está todo constituído, só ainda não está realizado
■ A atualização é a solução de um problema, mas que não
estava anteriormente contida, como no caso do possível; é
uma criação que surge através de uma configuração
dinâmica de forças e finalidades. A atualização cria algo de
novo.
41. Virtual
■ A virtualização é o inverso da atualização.
■ O virtual é, assim, uma realidade sem território, capaz de
gerar manifestações concretas em espaços e tempos
diferentes, sem estar presa a eles.
■ O virtual como não presença, e em consequência marcado
pela simultaneidade, permite que uma comunidade virtual
se configure em torno de um núcleo de interesses comum.
42. Virtual e encontro físico
■ Se há constante que acompanha o desenvolvimento dos
meios de comunicação é que a virtualização gerou sempre
maior procura do encontro físico:
– encontram-se mais as pessoas que mais falam ao telefone
– viajam tantas mais pessoas quanto melhores são os meios
de comunicação.