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Organización y estrategias comunicativas de la Iglesia
ante (en la) la sociedad digital
Santiago, 19/10/2011

Dra. Joana T. Puntel,fsp
Introdução
Agradeço a Comissão organizadora deste II Congresso RIIAL pelo convite de
contribuir para aspectos de reflexão que, certamente, na minha opinião, devem estar
presentes quando se trata de comunicação e evangelização.
Assim que, falar de organização e estratégias comunicativas da Igreja diante da
sociedade digital é entrar no desenvolver, no atuar o binômio
comunicação/evangelização. Entretanto, o “fazer” comunicação dentro e para fora de
uma instituição, no nosso caso, “evangelizar”, deve estar plantado, enraizado em uma
condução que se baseia em diretrizes advindas do Magistério da Igreja, como o fio
condutor que dirige, que dá as orientações, que mantém a unidade, que avança no
diálogo entre fé e cultura – e isto significa direção das estratégias nos processos
comunicativos.
Naturalmente que, a este ponto, não me deterei a considerar o que é digital, as
redes sociais, a necessidade de uma evangelização inculturada, etc. Pois toda essa
temática tem sido considerada ao longo destes dias, nas várias exposições deste
Congresso, e nos fundamentais e enriquecedores aportes que tivemos a oportunidade de
acompanhar no site da RIIAL.
Meu ponto de referência, então, é, a partir das últimas Mensagens do Papa
Bento XVI, para o Dia Mundial das Comunicações, tecer algumas considerações que
implicam na organização e nas estratégias comunicativas para a Igreja na sociedade
contemporânea.
Assim que o meu enfoque se inicia com:
1 - orientações fundamentais (diretrizes do Magistério para o nosso tempo)
2 - Mudança de paradigma no processo da comunicação que exige um cambio de
mentalidad (um pensar com uma nova lógica) e isto é indispensável levar em conta
porque se trata de ir cambiando os métodos pastorais
3 - a necessidade de organizar-se (ou reorganizar-nos) nas nossas estratégias, no
mundo digital. Pois não estamos diante de um mundo digital, mas estamos dentro (en
la) de uma sociedade digital.
1 - VERDADE, ANÚNCIO E AUTENTICIDADE DE VIDA NA ERA DIGITAL
(2011)
O tema do 45º Dia Mundial das Comunicações para 2011 revela o pensamento e
o zelo do Magistério da Igreja em seguir e inculturar-se na sociedade contemporânea,
apontando caminhos e reflexões seguras em tempos de incerteza, que caracterizam o
viver das pessoas no mundo atual. Trata-se de olhar, acolher, reconhecer, contemplar e
orientar o ser humano, na atual conjuntura revolucionária e impactante do mundo da
comunicação.
Olhando em profundidade para a mensagem de Bento XVI para 2011, “Verdade,
anúncio e autenticidade da vida na era digital”, fica muito claro e relevante a articulação
existente com os dois últimos temas oferecidos pelo Pontífice, 2009 – Novas
tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade;
2010 - O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos mídia ao serviço da
Palavra. Articulação que parte de uma constatação em que se move a sociedade, hoje:
o “continente digital”. Nesse “continente”, vivem pessoas que são convidadas a “estar”
nesse mundo, especialmente os jovens, vivendo e circulando nas redes sociais os valores
humanos do diálogo, da amizade, conforme o convite da mensagem de 2010.
Além de reconhecer que, como a revolução industrial “produziu uma mudança
profunda na sociedade”, a atual mensagem do Papa (2011), enfatiza que “hoje a
profunda transformação operada no campo das comunicações guia o fluxo de grandes
mudanças culturais e sociais”.
Parte do grande destaques da mensagem, que requer reflexão, é o
reconhecimento da Igreja pelas transformações sociais culturais, provocadas pelas
novas tecnologias, que introduzem não somente um modo novo de comunicar, mas nos
fazem olhar a “mudança” da “própria comunicação em si mesma”. É outro salto de
qualidade do Magistério, demonstrando compreender que uma nova teoria da
comunicação está nascendo. Trata-se de uma “teoria interacional” da mídia, pois “as
mídias comunicacionais não se restringem aos aparatos técnicos usados para transmitir
informações de um indivíduo a outro, enquanto a relação entre eles permanece
inalterada; ao contrário, usando as mídias comunicacionais ‘novas’ formas de agir e
interagir são criadas”.1
E o que são essas formas de agir e interagir?
Para entendermos melhor como se dá este processo de midiatização, é preciso
compreender as variadas formas de comunicação. Vemos assim um cenário em que se
destacam ao menos três grandes modelos de comunicação, que citarei mais adiante,
enfatizando a evolução do processo de comunicação2, por isso a referência do Papa
sobre “a mudança da própria comunicação em si mesma”.
1

John B. THOMPSON. A nova visibilidade in MATRIZES, n. 2 abril 2008.

2
Daí a decorrência de que não se trata somente de “novidades” das tecnologias,
mas, como afirma Bento XVI (2011), “está nascendo uma nova maneira de aprender e
pensar”. É como se estivéssemos vivendo uma nova civilização. Aprender e pensar,
ousamos dizer, necessitam absorver uma modalidade nova, nos sistemas de educação,
de elaboração do pensamento, entre outros. A consequência pode ser óbvia, como
entendimento, mas como prática, requer a mudança de métodos de ensino, de informar,
de comunicar, de evangelizar.
Novas possibilidades se apresentam, no mundo digital, mas, ao mesmo tempo,
impõe-se “de modo cada vez mais premente uma reflexão séria acerca do sentido da
comunicação na era digital”. As redes na internet, como exemplo, oferecem
extraordinárias potencialidades, mas também “a complexidade de suas aplicações”. O
pontífice agrega “as novas tecnologias da comunicação pedem para ser postas ao
serviço do bem integral da pessoa e da humanidade inteira. Usadas sabiamente, podem
contribuir para satisfazer o desejo de sentido, verdade e unidade que permanece a
aspiração mais profunda do ser humano”.
É nesse “mundo digital” que se ancora o palco planetário onde se movem as
pessoas, sobretudo nas social network. Os jovens, expressa a mensagem, são os
principais sujeitos que transitam pela mudança da comunicação; vivem as contradições
e a criatividade “própria de quantos se abrem com entusiasmo e curiosidade às novas
experiências da vida”. Nas redes sociais se estabelecem novas formas de relação
interpessoal; há uma influência na percepção de si próprio e, por consequência, da
autenticidade do próprio ser. Nesse confronto e busca de partilha, enfatiza o Papa, é
imprescindível a pergunta: “quem é o meu próximo, neste novo mundo? (...) Também
na era digital, cada um vê-se confrontado com a necessidade de ser pessoa autêntica e
reflexiva”.
O estilo cristão de estar nas redes, sem dúvida, diz o Papa, vai desafiar algumas
lógicas próprias da web, porque, a verdade que somos chamados a partilhar “não extrai
o seu valor da sua popularidade, ou da quantidade de atenção que lhe é dada”(...) A
verdade do Evangelho não é algo que possa ser objeto de consumo ou de fruição
superficial, mas dom que requer uma resposta livre”.
O olhar positivo da Igreja convida todos os cristãos a exercerem uma
criatividade consciente e responsável na rede de relações que as possibilidades da era
digital proporciona porque “ela se tornou parte integrante da vida humana”. Aí, na web,
somos chamados a contribuir para desenvolver com formas novas “a consciência
intelectual e espiritual, de certeza compartilhada”.
No mundo digital, transmitir informações significa com frequência sempre maior
inseri-las numa rede social, onde o conhecimento é partilhado no âmbito de intercâmbios
pessoais. A distinção clara entre o produtor e o consumidor da informação aparece
relativizada, pretendendo a comunicação ser não só uma troca de dados, mas também e cada
vez mais uma partilha. Esta dinâmica contribuiu para uma renovada avaliação da
comunicação, considerada primariamente como diálogo, intercâmbio, solidariedade e criação
de relações positivas. Por outro lado, isto colide com alguns limites típicos da comunicação
digital: a parcialidade da interação, a tendência de comunicar só algumas partes do próprio
2

Para aprofundamento dos modelos mencionados, ver livro Comunicação: diálogo dos saberes na
cultura midiática, de Joana T. Puntel, op.cit.

3
mundo interior, o risco de cair numa espécie de construção da auto-imagem que pode
favorecer o narcisismo.
Enfatiza a mensagem que o envolvimento cada vez maior no público areópago digital
(principalmente os jovens) dos chamados social network, leva a estabelecer novas formas de
relação interpessoal, influi sobre a percepção de si próprio e por conseguinte,
inevitavelmente, coloca a questão não só da justeza do próprio agir, mas também da
autenticidade do próprio ser. A presença nestes espaços virtuais pode ser o sinal de uma
busca autêntica de encontro pessoal com o outro, se estiver atento para evitar os seus perigos,
como refugiar-se numa espécie de mundo paralelo ou expor-se excessivamente ao mundo
virtual. Na busca de partilha, de «amizades», confrontamo-nos com o desafio de ser
autênticos, fiéis a si mesmos, sem ceder à ilusão de construir artificialmente o próprio
«perfil» público.
Também na era digital, prossegue o Papa, cada um vê-se confrontado com a
necessidade de ser pessoa autêntica e reflexiva. Aliás, as dinâmicas próprias dos social
network mostram que uma pessoa acaba sempre envolvida naquilo que comunica. Quando as
pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as
suas esperanças, os seus ideais. Segue-se daqui que existe um estilo cristão de presença
também no mundo digital: traduz-se numa forma de comunicação honesta e aberta,
responsável e respeitadora do outro. Comunicar o Evangelho através dos novos midia
significa não só inserir conteúdos declaradamente religiosos nas plataformas dos diversos
meios, mas também testemunhar com coerência, no próprio perfil digital e no modo de
comunicar, escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o
Evangelho, mesmo quando não se fala explicitamente dele.
A indicação do Magistério, chama a atenção para o compromisso por um testemunho
do Evangelho na era digital exige que todos estejam particularmente atentos aos aspectos
desta mensagem que possam desafiar algumas das lógicas típicas da web. Antes de tudo,
devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da
sua «popularidade» ou da quantidade de atenção que lhe é dada. Devemos esforçar-nos mais
em dá-la conhecer na sua integridade do que em torná-la aceitável, talvez «mitigando-a».
Deve tornar-se alimento quotidiano e não atração de um momento. A verdade do Evangelho
não é algo que possa ser objeto de consumo ou de fruição superficial, mas dom que requer
uma resposta livre. Mesmo se proclamada no espaço virtual da rede, aquela sempre exige ser
encarnada no mundo real e dirigida aos rostos concretos dos irmãos e irmãs com quem
partilhamos a vida diária. Por isso permanecem fundamentais as relações humanas diretas na
transmissão da fé!
Um dos convites, expressos na mensagem (2011), dirige-se aos cristãos para se
unirem confiadamente e com criatividade consciente e responsável na rede de relações que a
era digital tornou possível; e não simplesmente para satisfazer o desejo de estar presente, mas
porque esta rede tornou-se parte integrante da vida humana. A web está contribuindo para o
desenvolvimento de formas novas e mais complexas de consciência intelectual e espiritual,
de certeza compartilhada. Somos chamados a anunciar, neste campo também, a nossa fé: que
Cristo é Deus, o Salvador do homem e da história, Aquele em quem todas as coisas alcançam
a sua perfeição (cf. Ef 1, 10).
Em última análise, a verdade que é Cristo constitui a resposta plena e autêntica àquele
desejo humano de relação, comunhão e sentido que sobressai inclusivamente na participação

4
maciça nos vários social network. Os crentes, testemunhando as suas convicções mais
profundas, prestam uma preciosa contribuição para que a web não se torne um instrumento
que reduza as pessoas a categorias, que procure manipulá-las emotivamente ou que permita
aos poderosos monopolizar a opinião alheia. Pelo contrário, os crentes encorajam todos a
manterem vivas as eternas questões do homem, que testemunham o seu desejo de
transcendência e o anseio por formas de vida autêntica, digna de ser vivida. Precisamente
esta tensão espiritual própria do ser humano é que está por detrás da nossa sede de verdade e
comunhão e nos estimula a comunicar com integridade e honestidade.
2 - Mudança de paradigma no processo da comunicação que exige um cambio de
mentalidad – dialogar com o sujeito do nosso tempo
2.1 Um novo sujeito: novas relações
Considerando o quadro evolutivo da trajetória da comunicação e a provocação
que a cultura midiática cria e re-cria na sociedade hoje, damo-nos conta de que algo,
nunca vivido anteriormente, está se passando e “forjando um novo sujeito” na
sociedade, onde permanecem necessidades fundamentais do ser humano, mas
modificam-se rápida e profundamente a sua forma de se relacionar. É o que constitui o
aspecto antropológico-cultural da mensagem de Bento XVI em seu tema “Novas
tecnologias. Novas relações” (2009).
O eixo fundamental reside no fato de compreender o que significa encontrar-se
diante de uma verdadeira “revolução” tecnológica que exige ir além dos instrumentos, e
tomar consciência das “mudanças” fundamentais que as novas tecnologias operam nos
indivíduos e na sociedade, por exemplo, nas relações familiares, de trabalho, entre
outros. A questão não se coloca, portanto, entre o aceitar ou rejeitar. Estamos diante de
um fenômeno global, que se conjuga com tantos outros aspectos da vida social e
eclesial. (lembramos as palavras de João Paulo II 3: “Não basta usar (os meios) para
difundir a mensagem cristã...mas é preciso integrar a mensagem nesta “nova cultura”
criada pela comunicação social”.
A questão de fundo, portanto, já não é apenas reconhecer que os meios de
comunicação passaram, em pouco tempo, de emergentes na vida social, para uma
centralidade na maneira de estruturar e explicar essa vida social. A questão de fundo
ultrapassa o “reconhecer” e reside na sua significação, ou seja, no seu lugar social.
Trata-se de uma “teoria interacional” da mídia, pois
“as mídias
comunicacionais não se restringem aos aparatos técnicos usados para transmitir
informações de um indivíduo a outro, enquanto a relação entre eles permanece
inalterada; ao contrário, usando as mídias comunicacionais ‘novas’ formas de agir e
interagir são criadas”.4
E o que são essas formas de agir e interagir?
Para entender os caminhos pelos quais o avanço das mídias comunicacionais
transformou a natureza da interação social. É o que o sociólogo inglês John B.
Thompson mostra em seu livro A Mídia e a modernidade, numa perspectiva que pode
ser entendida como uma “teoria interacional” da mídia, pois o autor analisa os meios de
comunicação em sua relação com as formas de interação que eles tornam possíveis e
3
4

Redemptoris Missio, 37c.
John B. THOMPSON. A nova visibilidade in MATRIZES, n. 2 abril 2008.

5
das quais eles são parte. Afirma que (repetindo) “as mídias comunicacionais não se
restringem aos aparatos técnicos usados para transmitir informações de um indivíduo a
outro enquanto a relação entre eles permanece inalterada; ao contrário, usando as mídias
comunicacionais ‘novas’ formas de agir e interagir são criadas.”5
Para compreendermos melhor como se dá este processo de midiatização, é
preciso entender as variadas formas de comunicação. Vemos assim um cenário em que
se destacam ao menos três grandes modelos de comunicação, (é também o que o Papa
faz referência quando diz que está acontecendo “a mudança da própria comunicação em
si mesma”. E os três grandes modelos de comunicação que implicam um cambio de
mentalidade6 são a comunicação dialógica presencial; a comunicação de massa; a
comunicação dialógica não presencial.
É preciso considerar, entretanto que o surgimento de um novo modelo
comunicacional não representa o desaparecimento do anterior. Ao contrário, representa
a ampliação de formas comunicacionais e novas combinações da comunicação na
sociedade. Portanto, além de procurar entender os nexos de um modelo comunicacional
específico, é preciso ver também qual o papel que o mesmo desempenha, na relação
com os outros modelos.

COMUNICAÇÃO:3 grandes modelos

-

A comunicação DIALÓGICA PRESENCIAL

O primeiro modelo comunicacional que queremos registrar é o da comunicação
dialógica presencial. O modelo da comunicação é o que chamamos de interação face-a
face e que percorre largos tempos históricos para chegar até aqui. Nesse tipo de
interação, os integrantes estão presentes de forma direta um para o outro e compartilham
de uma estrutura espácio-temporal comum; em outras palavras, a interação acontece
num contexto de co-presença. A interação face-a-face é «dialógica» tipicamente, no
sentido de que geralmente implica num fluxo comunicativo e informativo de duas vias;
um dos indivíduos fala com o outro (ou outros) e a pessoa a quem ele se dirige pode
responder (pelo menos em princípio), e dessa forma o diálogo se desenrola.
Outra característica da interação face-a-face é que ela geralmente contempla uma
multiplicidade de referências simbólicas; as palavras podem ser complementadas por
gestos, expressões faciais, variações de entonação, etc. com o objetivo de transmitir
mensagens e de interpretar mensagens das outras pessoas.

5

Ibid, p. 17.
Para aprofundamento dos modelos mencionados, ver livro Comunicação: diálogo dos saberes na
cultura midiática, de Joana T. Puntel, op.cit.
6

6
Talvez, o traço mais importante deste modelo comunicacional é a forma de
troca, de compartilhamento que o mesmo promove. Ao permitir a interação, o diálogo,
este modelo foi e é fundamental para o desenvolvimento de todo o pensamento humano,
se compartilharmos a visão de que o mesmo se dá a partir do conflito de idéias e de seu
aprimoramento. Ou seja, comunicação só tem sentido entre diferenças, entre
subjetividades distintas nos debates ou embates emoldurados pelas questões sociais. É
neste processo que evolui o pensamento e, conseqüentemente, o próprio Homem.
Não devemos imaginar este diálogo como sendo realizado entre duas pessoas,
sem contexto, sem a mediação social e, por conseguinte, cultural. Claro que para haver
diálogo são necessários códigos comuns. E que a subjetividade de cada um, estabelecese pela diferença que lhe dá identidade, mas também por contextos sociais que
emolduram o diálogo e que lhe dão certa igualdade.
Em síntese, apesar do surgimento de novos modelos comunicacionais, juntamonos àqueles que vêem o modelo dialógico presencial como fundante e decisivo para dar
a tônica ao todo comunicacional. Os demais modelos buscam de alguma forma, simulálo. Por isso, têm sempre presentes elementos dele, pois, dependem da repercussão da
comunicação realizada neste modelo todas as demais pretensões de comunicação.7

COMUNICAÇÃO:3 grandes modelos
Emissor
-A
-

comunicação DE MASSA

Cultura de
Gutenberg

Cultura
audiovisual
Receptor

Um segundo modelo que apresentamos é o da comunicação nas chamadas
mídias tradicionais de massa. Envolve cinema, rádio, televisão. Foi o modelo que deu
origem às primeiras teorias da comunicação. Teve papel marcante no século passado e
ainda é o principal referencial de comunicação na sociedade atual.
As características fundamentais deste modelo são: comunicação mediada pela
técnica; ausência de diálogo, apesar de existir troca de sentidos. Este modelo é chamado
por Thompson de “quase interação mediada”,8 pois as formas simbólicas são geradas
visando um número indefinido de receptores potenciais. É altamente monológica. Não
tem o mesmo nível de reciprocidade e de especiificidade interpessoal de outras formas
de interação, seja mediada ou face-a-face. Estabeleceu um comum social midiático que
é decisivo para o entendimento da sociabilidade contemporânea e para revelar o
chamado ‘espírito de nossa época’. Superou fronteiras geográficas e culturais,
transformou a circulação de bens simbólicos num grande mercado, com crescente
importância econômica, e com influência social indiscutível.
Hoje é inimaginável a sociedade que temos sem o papel desempenhado por este
modelo comunicacional. Produzidos cada vez em um número de centros mais reduzidos
7

Rovilson Robbi BRITTO. Cibercultura: sob os olhares dos Estudos Culturais. São Paulo:
Paulinas/SEPAC, 2009.
8
John B. THOMPSON, op. cit.

7
e difundidos de maneira nacional e mundial, os produtos deste modelo guardam a
intencionalidade de seus produtores e a lógica impessoal (ou para ser mais preciso,
industrial) de sua produção.9

COMUNICAÇÃO:3 grandes modelos
- A comunicação DIALÓGICA NÃO PRESENCIAL

Cultura
Digit@l

A marca essencial deste
novo modelo é a combinação
da relação dialógica
com a mediação técnica
Processo de comunicação

Puntel

E o terceiro modelo é o da comunicação dialógica não presencial, que tem
origem recente e, portanto, revela-se como um elemento novo, que reestrutura o todo
comunicacional em outros termos, já que tem influência crescente.
A marca essencial deste novo modelo é a combinação da relação dialógica com a
mediação técnica, permitindo a simulação do primeiro modelo de comunicação por
cima de barreiras de tempo e espaço. Trata-se, segundo Thompson, de “variações de
uma interação mediada por computador”.10
Seria este modelo síntese dos dois anteriores? Bem, é preciso dizer que este
novo modelo guarda as características mais positivas de seus precedentes: a questão
dialógica como construtora do desenvolvimento do conhecimento e da subjetividade e a
mediação das técnicas permitindo superar barreiras geográficas. Entretanto, é preciso
ressaltar também o que ela não contém: a presença, fator importante da confiabilidade
dialógica; e a difusão ampla, própria do modelo de comunicação de massa, já que a
relação dialógica pressupõe recorte e definição de interlocutores.
O ciberespaço é a dimensão social em que se realiza este novo modelo de
comunicação, através de chats, e-mails, teleconferências, listas de discussão etc. Dentro
dele se realiza também uma comunicação no modelo de massa, mas pesquisas recentes
demonstram que a maioria dos acessos visa a relação dialógica não presencial.
A questão que está posta é em que termos este modelo vai se relacionar com os
modelos pré-existentes para constituir o todo comunicacional e que impactos isto terá na
sociedade.
Assim, todas as teorias que buscavam refletir sobre o modelo dialógico
presencial, sobre o modelo de comunicação de massa ou sobre a relação de ambos,
estão agora desafiadas a entenderem o novo modelo e levá-lo em conta na nova
configuração do todo comunicacional (UMA NOVA VISIBILIDADE), procurando
iluminar suas ligações e o papel de cada modelo dentro dele.

9

Rovilson Robbi BRITTO, op. cit.
John B. THOMPSON, op. cit.

10

8
Nova VISIBILIDADE...↓

Daí a decorrência de que não se trata somente de
“novidades” das tecnologias,
mas “está nascendo uma nova maneira
de aprender e pensar”.

NOVA ESFERA CONVERSACIONAL
Nos novos formatos comunicacionais pós-massivos, a conversação
(consumo, produção e distribuição de informação) pode levar a uma
maior ação política, a uma ampliação da participação pública.
Trata-se da conversação “no mundo da vida”.
WEB é, ao mesmo tempo, a ferramenta social e o espaço em que
As relações ocorrem

Nativos digitais (digital natives)= “aqueles que nasceram com” (até + ou – 20 anos)
Imigrantes digitais (digital immigrants) = os que chegaram depois para as
novas tecnologias da web.

Eles comunicam, trocam, criam, se encontram, coordenam
suas atividades, aprendem, analisam, evoluem e crescem de
forma diferente. Seus jogos não são mais os mesmos, e a sua
forma de escrever os programas não é mais a mesma.

3 - a necessidade de organizar-se (ou reorganizar-nos) nas nossas estratégias, no
mundo digital.

9
Premissa necessária: entender que “estamos” na rede. Para isto, reproduzimos aqui
parte da entrevista de OCCLAC com Antonio Spadaro, no 1º Seminário de
Comunicação para os Bispos do Brasil, realizado no Rio de Janeiro, em julho de 2011:
Para el teólogo y sacerdote jesuita Antonio Spadaro no se trata de usar la red, sino
sobre todo de vivir en la red. En la actualidad, "internet es parte de nuestra vida
cotidiana. Si hasta hace un tiempo la red estaba vinculada a la imagen de algo técnico,
que requería conocimientos sofisticados, hoy es un lugar para pasar el rato, para estar
en contacto con amigos que viven lejos, para leer noticias, comprar un libro, reservar
un viaje, compartir intereses e ideas".
"Internet no es un mero "instrumento" de comunicación que se pueden utilizar o no,
sino que es un "entorno" cultural, que determina una forma de pensar, establece
nuevas maneras de relacionarse e inclusive genera una nueva forma de habitar el
mundo y de organizarlo"; afirmó Spadaro en su conferencia durante el Primer
Seminario
de
Comunicación
para
Obispos
de
Brasil.
¿Cómo debe actuar la Iglesia en la red?, preguntó el expositor, "Creo que no se trata
solo de saber usar la red. Se trata sobre todo de vivir en la red; de asumirla como un
espacio de vida"... "Internet es una realidad destinada a ser cada vez más transparente
e integrado con respecto a la vida, por así decirlo, ‘real'. Este es el verdadero reto:
aprender a estar conectado, conectado, de manera fluida, natural, ética y
espiritualmente. Vivir en la Red como en un ambiente natural de vida".
Desde su punto de vista, la red no es un medio para evangelizar. La red es más bien un
contexto o lugar para vivir la fe. No se puede ver a internet como un espacio para
hacer propaganda, el Evangelio no se propagandiza, el evangelio se vive. Se da
testimonio
de
él,
enfatizó.
¿La Iglesia puede ser imaginada como una gran red?, preguntó el expositor. Pienso
que no. La imagen más cercana a la Iglesia no es precisamente la de una red, sino la
de un lugar de encuentro, de conexiones o interconexiones, donde la gente llega, se
encuentra con otros, se relaciona fraternalmente, cambia de rumbos, busca su destino
entre quienes están unidas por la fe a Cristo. La imagen que se me viene a la cabeza es
más
bien
de
un
aeropuerto
con
múltiples
conexiones.
El problema en internet, es que el encuentro y los contactos son por lo general
anónimos. El intercambio, el compartir es gratuito, generoso. Pero no implica una
comunicación cara a cara, que es la base para el diálogo y la comunión. Sin embargo
tiene elementos muy acordes con nuestra visión cristiana de comunidad. Por ejemplo,
su dimensión de horizontalidad, su principio de compartir los dones con gratuidad, su
manera de ser autoridad que la gana quien más sirve a los demás, quien más interactúa
y quien más comparte con gratuidad sus dones.
Toda una serie de desafíos para repensar no solo nuestra forma de asumir la red de
redes, sino para repensar también en nuevas maneras de construir iglesia, de
relacionarnos y de generar comunión.

Na cultura contemporânea, a Igreja é chamada a desenvolver uma pastoral da
comunicação que seja ORGÂNICA e INTEGRAL; somente assim terá resultado
comum e coordenado que supõe uma sinergia integral . Para jalcançar sua finalidade de

10
evangelizar, de anunciar a Palavra de Deus, hoje, é necessário que haja na Igreja
estratégias comuns de sustentabilidade da fé, dos valores. Para isto são necessárias
estratégias para que se realize o seu objetivo.

Estratégia – indiscutível, mas complexa para a Igreja
De entre os muitos conceitos de estratégia, um dos mais utilizados é aquele que
a define como o conjunto de planos da alta administração de uma instituição para
alcançar resultados consistentes com a missão e os objectivos gerais da organização.
Qualquer que seja a definição, destacam-se algumas palavras-chave que sempre a
permeiam, entre elas: mudanças, desempenho, posicionamento, missão, objetivos,
resultados, integração, adequação organizacional, palavras que muitas vezes reduzem a
sua amplitude, ao serem empregadas como sinônimos dela.
Atualmente, é indiscutível que a estratégia efetivamente realizada resulta da
combinação de elementos da estratégia intencionada com elementos resultantes do
pensamento estratégico. Assim, ter uma estratégia pressupõe a existência de um
planeamento das ações a efetuar de forma a atingir os objetivos delineados, respeitando
a visão, a missão e os valores da instituição.
Pode-se aferir, que a estratégia é o caminho que a instituição deverá seguir para
obter o sucesso institucional. De um modo genérico, poder-se-á dizer que estratégia
consiste em tomar decisões que determinam a vida de uma organização, o que implica a
realização de um pensamento estratégico que, por natureza, envolve percepções e
intuições, que nem sempre são precisas e objetivas.
A estratégia começa com uma visão de futuro para a instituição e implica a
definição clara de seu campo de atuação, na habilidade de previsão de possíveis reações
às ações empreendidas e no direcionamento que a levará ao crescimento. A definição de
objetivos, em si, não implica uma estratégia. Os objetivos representam os fins que a
instituição está tentando alcançar, enquanto a estratégia é o meio para alcançar esses
fins.
Há, portanto, no mundo digital, a
- Necessidade de uma nova organização para o desenvolvimento da
evangelização, para “estar” nas novas mídias sociais.
PLANO ESPECÍFICO: preparar profissionalmente e culturalmente (pode ser em
nível de diocese) uma equipe itinerante que ajude a desenvolver o Plano Geral e
que dê assistência na diocese.

PLANO GERAL
- 1ª fase: envolver as pessoas para que, de alguma forma, todos tenham um
conhecimento geral e haja um concenso para admitir que é necessário passar por
diversas fases (não se trata de obrigar as pessoas a aderirem ou a saberem manejar ou
“estar” na cultura digital). Trata-se de envolver toda a comunidade, no plano geral, para
EVITAR RUPTURAS no diálogo, nas iniciativas. Muitas são as iniciativas que não
prosperam porque pessoas não são envolvidas se separam ou se retiram. O importante é
11
que, mesmo que não façam, elas se sintam envolvidas e não se retirem do “novo”
processo pastoral.
2ª fase – necessidade e instrução básica para as pessoas envolvidas nas
diversas pastorais. Todas as pastorais devem não somente observar e sentir a
necessidade de uma nova relacionalidade; mas, com a ajuda da equipe de Plano
Específico, começar a elaborar novos métodos pastorais (curto, médio e longo prazo).
A Equipe Específica deve ajudar a desenvolver os planos pastorais e fazê-los circular.
3ª fase – treinar pessoas com especiais dons (especialmente jovens) para que
sejam os “monitores” nos mais diversos lugares e sejam os acessores na linguagem
digital. Para isto, devem também receber formação sobre a evangelização. Neste modo
envolver-se-á os jovens e eles são generosos em prestar o seu serviço.
4ª fase – acompanhamento assíduo. Avaliação periódica, redirecionamento do
que for preciso.
5ª fase – incentivar as pessoas a estarem na rede com seu testemunho de fé, de
autenticidade. FORMAÇÃO para a cultura digital (o futuro, as escolas... tudo começa a
entrar velozmente, no mundo digital). Uma catequese, por exemplo, terá sua
continuidade, no futuro, com as gerações jovens, nas redes sociais.

CONCLUSÃO
Quero concluir enfatizando o caminho que nos aponta o Magistério da Igreja
(especialmente nas mensagens do Papa, mencionadas neste trabalho): a necessidade de
uma formação/educação humano-cristã para o Mundo Virtual, pois se trata de um
processo atual (sem dispensar os outros, naturalmente!) que toca os métodos pastorais,
o conteúdo cristão vinculado à uma linguagem que realiza o diálogo entre fé e cultura,
desenvolvendo um processo sempre mais de interatividade. Para isso, a insistência da
Igreja e o nosso enfoque nesta apresentação para algo que nos diz respeito: a
evangelização.11
O mundo atual das comunicações nos desafia. Mas concluo com as palavras de
D. Luciano Mendes:
A Evangelização é um ato de amor que os discípulos de Deus são chamados a
oferecer a seus irmãos, para que encontrem em Cristo o sentido da vida, possam saciar
a sede de Deus, estreitar os laços de fraternidade.
E com as palavras de João Paulo II em seu último documento (O rápido
desenvolvimento -2005) “Não tenhais medo das novas tecnologias! Elas estão ‘entre as
coisas maravilhosas’ que Deus colocou à disposição para descobrir, usar, fazer conhecer
a verdade... Não tenhais medo da oposição do mundo! Jesus nos garantiu: ‘Eu venci o
mundo!’” Jo 16,33. (n.13).

11

Recentemente a Igreja do Brasil foi brindada com o conteúdo dos Estudos da CNBB (n.101) “A
comunicação na vida e na missão da Igreja”, contendo também a Direção das estratégias nos processos
comunicativos, iniciando com os aspectos antropológicos, teológicos, educacionais e pastorais.

12
Muito obrigada.
Dra. Joana T. Puntel, fsp
Santiago, 19 de outubro, 2011

13

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  • 1. Organización y estrategias comunicativas de la Iglesia ante (en la) la sociedad digital Santiago, 19/10/2011 Dra. Joana T. Puntel,fsp Introdução Agradeço a Comissão organizadora deste II Congresso RIIAL pelo convite de contribuir para aspectos de reflexão que, certamente, na minha opinião, devem estar presentes quando se trata de comunicação e evangelização. Assim que, falar de organização e estratégias comunicativas da Igreja diante da sociedade digital é entrar no desenvolver, no atuar o binômio comunicação/evangelização. Entretanto, o “fazer” comunicação dentro e para fora de uma instituição, no nosso caso, “evangelizar”, deve estar plantado, enraizado em uma condução que se baseia em diretrizes advindas do Magistério da Igreja, como o fio condutor que dirige, que dá as orientações, que mantém a unidade, que avança no diálogo entre fé e cultura – e isto significa direção das estratégias nos processos comunicativos. Naturalmente que, a este ponto, não me deterei a considerar o que é digital, as redes sociais, a necessidade de uma evangelização inculturada, etc. Pois toda essa temática tem sido considerada ao longo destes dias, nas várias exposições deste Congresso, e nos fundamentais e enriquecedores aportes que tivemos a oportunidade de acompanhar no site da RIIAL. Meu ponto de referência, então, é, a partir das últimas Mensagens do Papa Bento XVI, para o Dia Mundial das Comunicações, tecer algumas considerações que implicam na organização e nas estratégias comunicativas para a Igreja na sociedade contemporânea. Assim que o meu enfoque se inicia com: 1 - orientações fundamentais (diretrizes do Magistério para o nosso tempo)
  • 2. 2 - Mudança de paradigma no processo da comunicação que exige um cambio de mentalidad (um pensar com uma nova lógica) e isto é indispensável levar em conta porque se trata de ir cambiando os métodos pastorais 3 - a necessidade de organizar-se (ou reorganizar-nos) nas nossas estratégias, no mundo digital. Pois não estamos diante de um mundo digital, mas estamos dentro (en la) de uma sociedade digital. 1 - VERDADE, ANÚNCIO E AUTENTICIDADE DE VIDA NA ERA DIGITAL (2011) O tema do 45º Dia Mundial das Comunicações para 2011 revela o pensamento e o zelo do Magistério da Igreja em seguir e inculturar-se na sociedade contemporânea, apontando caminhos e reflexões seguras em tempos de incerteza, que caracterizam o viver das pessoas no mundo atual. Trata-se de olhar, acolher, reconhecer, contemplar e orientar o ser humano, na atual conjuntura revolucionária e impactante do mundo da comunicação. Olhando em profundidade para a mensagem de Bento XVI para 2011, “Verdade, anúncio e autenticidade da vida na era digital”, fica muito claro e relevante a articulação existente com os dois últimos temas oferecidos pelo Pontífice, 2009 – Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade; 2010 - O sacerdote e a pastoral no mundo digital: os novos mídia ao serviço da Palavra. Articulação que parte de uma constatação em que se move a sociedade, hoje: o “continente digital”. Nesse “continente”, vivem pessoas que são convidadas a “estar” nesse mundo, especialmente os jovens, vivendo e circulando nas redes sociais os valores humanos do diálogo, da amizade, conforme o convite da mensagem de 2010. Além de reconhecer que, como a revolução industrial “produziu uma mudança profunda na sociedade”, a atual mensagem do Papa (2011), enfatiza que “hoje a profunda transformação operada no campo das comunicações guia o fluxo de grandes mudanças culturais e sociais”. Parte do grande destaques da mensagem, que requer reflexão, é o reconhecimento da Igreja pelas transformações sociais culturais, provocadas pelas novas tecnologias, que introduzem não somente um modo novo de comunicar, mas nos fazem olhar a “mudança” da “própria comunicação em si mesma”. É outro salto de qualidade do Magistério, demonstrando compreender que uma nova teoria da comunicação está nascendo. Trata-se de uma “teoria interacional” da mídia, pois “as mídias comunicacionais não se restringem aos aparatos técnicos usados para transmitir informações de um indivíduo a outro, enquanto a relação entre eles permanece inalterada; ao contrário, usando as mídias comunicacionais ‘novas’ formas de agir e interagir são criadas”.1 E o que são essas formas de agir e interagir? Para entendermos melhor como se dá este processo de midiatização, é preciso compreender as variadas formas de comunicação. Vemos assim um cenário em que se destacam ao menos três grandes modelos de comunicação, que citarei mais adiante, enfatizando a evolução do processo de comunicação2, por isso a referência do Papa sobre “a mudança da própria comunicação em si mesma”. 1 John B. THOMPSON. A nova visibilidade in MATRIZES, n. 2 abril 2008. 2
  • 3. Daí a decorrência de que não se trata somente de “novidades” das tecnologias, mas, como afirma Bento XVI (2011), “está nascendo uma nova maneira de aprender e pensar”. É como se estivéssemos vivendo uma nova civilização. Aprender e pensar, ousamos dizer, necessitam absorver uma modalidade nova, nos sistemas de educação, de elaboração do pensamento, entre outros. A consequência pode ser óbvia, como entendimento, mas como prática, requer a mudança de métodos de ensino, de informar, de comunicar, de evangelizar. Novas possibilidades se apresentam, no mundo digital, mas, ao mesmo tempo, impõe-se “de modo cada vez mais premente uma reflexão séria acerca do sentido da comunicação na era digital”. As redes na internet, como exemplo, oferecem extraordinárias potencialidades, mas também “a complexidade de suas aplicações”. O pontífice agrega “as novas tecnologias da comunicação pedem para ser postas ao serviço do bem integral da pessoa e da humanidade inteira. Usadas sabiamente, podem contribuir para satisfazer o desejo de sentido, verdade e unidade que permanece a aspiração mais profunda do ser humano”. É nesse “mundo digital” que se ancora o palco planetário onde se movem as pessoas, sobretudo nas social network. Os jovens, expressa a mensagem, são os principais sujeitos que transitam pela mudança da comunicação; vivem as contradições e a criatividade “própria de quantos se abrem com entusiasmo e curiosidade às novas experiências da vida”. Nas redes sociais se estabelecem novas formas de relação interpessoal; há uma influência na percepção de si próprio e, por consequência, da autenticidade do próprio ser. Nesse confronto e busca de partilha, enfatiza o Papa, é imprescindível a pergunta: “quem é o meu próximo, neste novo mundo? (...) Também na era digital, cada um vê-se confrontado com a necessidade de ser pessoa autêntica e reflexiva”. O estilo cristão de estar nas redes, sem dúvida, diz o Papa, vai desafiar algumas lógicas próprias da web, porque, a verdade que somos chamados a partilhar “não extrai o seu valor da sua popularidade, ou da quantidade de atenção que lhe é dada”(...) A verdade do Evangelho não é algo que possa ser objeto de consumo ou de fruição superficial, mas dom que requer uma resposta livre”. O olhar positivo da Igreja convida todos os cristãos a exercerem uma criatividade consciente e responsável na rede de relações que as possibilidades da era digital proporciona porque “ela se tornou parte integrante da vida humana”. Aí, na web, somos chamados a contribuir para desenvolver com formas novas “a consciência intelectual e espiritual, de certeza compartilhada”. No mundo digital, transmitir informações significa com frequência sempre maior inseri-las numa rede social, onde o conhecimento é partilhado no âmbito de intercâmbios pessoais. A distinção clara entre o produtor e o consumidor da informação aparece relativizada, pretendendo a comunicação ser não só uma troca de dados, mas também e cada vez mais uma partilha. Esta dinâmica contribuiu para uma renovada avaliação da comunicação, considerada primariamente como diálogo, intercâmbio, solidariedade e criação de relações positivas. Por outro lado, isto colide com alguns limites típicos da comunicação digital: a parcialidade da interação, a tendência de comunicar só algumas partes do próprio 2 Para aprofundamento dos modelos mencionados, ver livro Comunicação: diálogo dos saberes na cultura midiática, de Joana T. Puntel, op.cit. 3
  • 4. mundo interior, o risco de cair numa espécie de construção da auto-imagem que pode favorecer o narcisismo. Enfatiza a mensagem que o envolvimento cada vez maior no público areópago digital (principalmente os jovens) dos chamados social network, leva a estabelecer novas formas de relação interpessoal, influi sobre a percepção de si próprio e por conseguinte, inevitavelmente, coloca a questão não só da justeza do próprio agir, mas também da autenticidade do próprio ser. A presença nestes espaços virtuais pode ser o sinal de uma busca autêntica de encontro pessoal com o outro, se estiver atento para evitar os seus perigos, como refugiar-se numa espécie de mundo paralelo ou expor-se excessivamente ao mundo virtual. Na busca de partilha, de «amizades», confrontamo-nos com o desafio de ser autênticos, fiéis a si mesmos, sem ceder à ilusão de construir artificialmente o próprio «perfil» público. Também na era digital, prossegue o Papa, cada um vê-se confrontado com a necessidade de ser pessoa autêntica e reflexiva. Aliás, as dinâmicas próprias dos social network mostram que uma pessoa acaba sempre envolvida naquilo que comunica. Quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais. Segue-se daqui que existe um estilo cristão de presença também no mundo digital: traduz-se numa forma de comunicação honesta e aberta, responsável e respeitadora do outro. Comunicar o Evangelho através dos novos midia significa não só inserir conteúdos declaradamente religiosos nas plataformas dos diversos meios, mas também testemunhar com coerência, no próprio perfil digital e no modo de comunicar, escolhas, preferências, juízos que sejam profundamente coerentes com o Evangelho, mesmo quando não se fala explicitamente dele. A indicação do Magistério, chama a atenção para o compromisso por um testemunho do Evangelho na era digital exige que todos estejam particularmente atentos aos aspectos desta mensagem que possam desafiar algumas das lógicas típicas da web. Antes de tudo, devemos estar cientes de que a verdade que procuramos partilhar não extrai o seu valor da sua «popularidade» ou da quantidade de atenção que lhe é dada. Devemos esforçar-nos mais em dá-la conhecer na sua integridade do que em torná-la aceitável, talvez «mitigando-a». Deve tornar-se alimento quotidiano e não atração de um momento. A verdade do Evangelho não é algo que possa ser objeto de consumo ou de fruição superficial, mas dom que requer uma resposta livre. Mesmo se proclamada no espaço virtual da rede, aquela sempre exige ser encarnada no mundo real e dirigida aos rostos concretos dos irmãos e irmãs com quem partilhamos a vida diária. Por isso permanecem fundamentais as relações humanas diretas na transmissão da fé! Um dos convites, expressos na mensagem (2011), dirige-se aos cristãos para se unirem confiadamente e com criatividade consciente e responsável na rede de relações que a era digital tornou possível; e não simplesmente para satisfazer o desejo de estar presente, mas porque esta rede tornou-se parte integrante da vida humana. A web está contribuindo para o desenvolvimento de formas novas e mais complexas de consciência intelectual e espiritual, de certeza compartilhada. Somos chamados a anunciar, neste campo também, a nossa fé: que Cristo é Deus, o Salvador do homem e da história, Aquele em quem todas as coisas alcançam a sua perfeição (cf. Ef 1, 10). Em última análise, a verdade que é Cristo constitui a resposta plena e autêntica àquele desejo humano de relação, comunhão e sentido que sobressai inclusivamente na participação 4
  • 5. maciça nos vários social network. Os crentes, testemunhando as suas convicções mais profundas, prestam uma preciosa contribuição para que a web não se torne um instrumento que reduza as pessoas a categorias, que procure manipulá-las emotivamente ou que permita aos poderosos monopolizar a opinião alheia. Pelo contrário, os crentes encorajam todos a manterem vivas as eternas questões do homem, que testemunham o seu desejo de transcendência e o anseio por formas de vida autêntica, digna de ser vivida. Precisamente esta tensão espiritual própria do ser humano é que está por detrás da nossa sede de verdade e comunhão e nos estimula a comunicar com integridade e honestidade. 2 - Mudança de paradigma no processo da comunicação que exige um cambio de mentalidad – dialogar com o sujeito do nosso tempo 2.1 Um novo sujeito: novas relações Considerando o quadro evolutivo da trajetória da comunicação e a provocação que a cultura midiática cria e re-cria na sociedade hoje, damo-nos conta de que algo, nunca vivido anteriormente, está se passando e “forjando um novo sujeito” na sociedade, onde permanecem necessidades fundamentais do ser humano, mas modificam-se rápida e profundamente a sua forma de se relacionar. É o que constitui o aspecto antropológico-cultural da mensagem de Bento XVI em seu tema “Novas tecnologias. Novas relações” (2009). O eixo fundamental reside no fato de compreender o que significa encontrar-se diante de uma verdadeira “revolução” tecnológica que exige ir além dos instrumentos, e tomar consciência das “mudanças” fundamentais que as novas tecnologias operam nos indivíduos e na sociedade, por exemplo, nas relações familiares, de trabalho, entre outros. A questão não se coloca, portanto, entre o aceitar ou rejeitar. Estamos diante de um fenômeno global, que se conjuga com tantos outros aspectos da vida social e eclesial. (lembramos as palavras de João Paulo II 3: “Não basta usar (os meios) para difundir a mensagem cristã...mas é preciso integrar a mensagem nesta “nova cultura” criada pela comunicação social”. A questão de fundo, portanto, já não é apenas reconhecer que os meios de comunicação passaram, em pouco tempo, de emergentes na vida social, para uma centralidade na maneira de estruturar e explicar essa vida social. A questão de fundo ultrapassa o “reconhecer” e reside na sua significação, ou seja, no seu lugar social. Trata-se de uma “teoria interacional” da mídia, pois “as mídias comunicacionais não se restringem aos aparatos técnicos usados para transmitir informações de um indivíduo a outro, enquanto a relação entre eles permanece inalterada; ao contrário, usando as mídias comunicacionais ‘novas’ formas de agir e interagir são criadas”.4 E o que são essas formas de agir e interagir? Para entender os caminhos pelos quais o avanço das mídias comunicacionais transformou a natureza da interação social. É o que o sociólogo inglês John B. Thompson mostra em seu livro A Mídia e a modernidade, numa perspectiva que pode ser entendida como uma “teoria interacional” da mídia, pois o autor analisa os meios de comunicação em sua relação com as formas de interação que eles tornam possíveis e 3 4 Redemptoris Missio, 37c. John B. THOMPSON. A nova visibilidade in MATRIZES, n. 2 abril 2008. 5
  • 6. das quais eles são parte. Afirma que (repetindo) “as mídias comunicacionais não se restringem aos aparatos técnicos usados para transmitir informações de um indivíduo a outro enquanto a relação entre eles permanece inalterada; ao contrário, usando as mídias comunicacionais ‘novas’ formas de agir e interagir são criadas.”5 Para compreendermos melhor como se dá este processo de midiatização, é preciso entender as variadas formas de comunicação. Vemos assim um cenário em que se destacam ao menos três grandes modelos de comunicação, (é também o que o Papa faz referência quando diz que está acontecendo “a mudança da própria comunicação em si mesma”. E os três grandes modelos de comunicação que implicam um cambio de mentalidade6 são a comunicação dialógica presencial; a comunicação de massa; a comunicação dialógica não presencial. É preciso considerar, entretanto que o surgimento de um novo modelo comunicacional não representa o desaparecimento do anterior. Ao contrário, representa a ampliação de formas comunicacionais e novas combinações da comunicação na sociedade. Portanto, além de procurar entender os nexos de um modelo comunicacional específico, é preciso ver também qual o papel que o mesmo desempenha, na relação com os outros modelos. COMUNICAÇÃO:3 grandes modelos - A comunicação DIALÓGICA PRESENCIAL O primeiro modelo comunicacional que queremos registrar é o da comunicação dialógica presencial. O modelo da comunicação é o que chamamos de interação face-a face e que percorre largos tempos históricos para chegar até aqui. Nesse tipo de interação, os integrantes estão presentes de forma direta um para o outro e compartilham de uma estrutura espácio-temporal comum; em outras palavras, a interação acontece num contexto de co-presença. A interação face-a-face é «dialógica» tipicamente, no sentido de que geralmente implica num fluxo comunicativo e informativo de duas vias; um dos indivíduos fala com o outro (ou outros) e a pessoa a quem ele se dirige pode responder (pelo menos em princípio), e dessa forma o diálogo se desenrola. Outra característica da interação face-a-face é que ela geralmente contempla uma multiplicidade de referências simbólicas; as palavras podem ser complementadas por gestos, expressões faciais, variações de entonação, etc. com o objetivo de transmitir mensagens e de interpretar mensagens das outras pessoas. 5 Ibid, p. 17. Para aprofundamento dos modelos mencionados, ver livro Comunicação: diálogo dos saberes na cultura midiática, de Joana T. Puntel, op.cit. 6 6
  • 7. Talvez, o traço mais importante deste modelo comunicacional é a forma de troca, de compartilhamento que o mesmo promove. Ao permitir a interação, o diálogo, este modelo foi e é fundamental para o desenvolvimento de todo o pensamento humano, se compartilharmos a visão de que o mesmo se dá a partir do conflito de idéias e de seu aprimoramento. Ou seja, comunicação só tem sentido entre diferenças, entre subjetividades distintas nos debates ou embates emoldurados pelas questões sociais. É neste processo que evolui o pensamento e, conseqüentemente, o próprio Homem. Não devemos imaginar este diálogo como sendo realizado entre duas pessoas, sem contexto, sem a mediação social e, por conseguinte, cultural. Claro que para haver diálogo são necessários códigos comuns. E que a subjetividade de cada um, estabelecese pela diferença que lhe dá identidade, mas também por contextos sociais que emolduram o diálogo e que lhe dão certa igualdade. Em síntese, apesar do surgimento de novos modelos comunicacionais, juntamonos àqueles que vêem o modelo dialógico presencial como fundante e decisivo para dar a tônica ao todo comunicacional. Os demais modelos buscam de alguma forma, simulálo. Por isso, têm sempre presentes elementos dele, pois, dependem da repercussão da comunicação realizada neste modelo todas as demais pretensões de comunicação.7 COMUNICAÇÃO:3 grandes modelos Emissor -A - comunicação DE MASSA Cultura de Gutenberg Cultura audiovisual Receptor Um segundo modelo que apresentamos é o da comunicação nas chamadas mídias tradicionais de massa. Envolve cinema, rádio, televisão. Foi o modelo que deu origem às primeiras teorias da comunicação. Teve papel marcante no século passado e ainda é o principal referencial de comunicação na sociedade atual. As características fundamentais deste modelo são: comunicação mediada pela técnica; ausência de diálogo, apesar de existir troca de sentidos. Este modelo é chamado por Thompson de “quase interação mediada”,8 pois as formas simbólicas são geradas visando um número indefinido de receptores potenciais. É altamente monológica. Não tem o mesmo nível de reciprocidade e de especiificidade interpessoal de outras formas de interação, seja mediada ou face-a-face. Estabeleceu um comum social midiático que é decisivo para o entendimento da sociabilidade contemporânea e para revelar o chamado ‘espírito de nossa época’. Superou fronteiras geográficas e culturais, transformou a circulação de bens simbólicos num grande mercado, com crescente importância econômica, e com influência social indiscutível. Hoje é inimaginável a sociedade que temos sem o papel desempenhado por este modelo comunicacional. Produzidos cada vez em um número de centros mais reduzidos 7 Rovilson Robbi BRITTO. Cibercultura: sob os olhares dos Estudos Culturais. São Paulo: Paulinas/SEPAC, 2009. 8 John B. THOMPSON, op. cit. 7
  • 8. e difundidos de maneira nacional e mundial, os produtos deste modelo guardam a intencionalidade de seus produtores e a lógica impessoal (ou para ser mais preciso, industrial) de sua produção.9 COMUNICAÇÃO:3 grandes modelos - A comunicação DIALÓGICA NÃO PRESENCIAL Cultura Digit@l A marca essencial deste novo modelo é a combinação da relação dialógica com a mediação técnica Processo de comunicação Puntel E o terceiro modelo é o da comunicação dialógica não presencial, que tem origem recente e, portanto, revela-se como um elemento novo, que reestrutura o todo comunicacional em outros termos, já que tem influência crescente. A marca essencial deste novo modelo é a combinação da relação dialógica com a mediação técnica, permitindo a simulação do primeiro modelo de comunicação por cima de barreiras de tempo e espaço. Trata-se, segundo Thompson, de “variações de uma interação mediada por computador”.10 Seria este modelo síntese dos dois anteriores? Bem, é preciso dizer que este novo modelo guarda as características mais positivas de seus precedentes: a questão dialógica como construtora do desenvolvimento do conhecimento e da subjetividade e a mediação das técnicas permitindo superar barreiras geográficas. Entretanto, é preciso ressaltar também o que ela não contém: a presença, fator importante da confiabilidade dialógica; e a difusão ampla, própria do modelo de comunicação de massa, já que a relação dialógica pressupõe recorte e definição de interlocutores. O ciberespaço é a dimensão social em que se realiza este novo modelo de comunicação, através de chats, e-mails, teleconferências, listas de discussão etc. Dentro dele se realiza também uma comunicação no modelo de massa, mas pesquisas recentes demonstram que a maioria dos acessos visa a relação dialógica não presencial. A questão que está posta é em que termos este modelo vai se relacionar com os modelos pré-existentes para constituir o todo comunicacional e que impactos isto terá na sociedade. Assim, todas as teorias que buscavam refletir sobre o modelo dialógico presencial, sobre o modelo de comunicação de massa ou sobre a relação de ambos, estão agora desafiadas a entenderem o novo modelo e levá-lo em conta na nova configuração do todo comunicacional (UMA NOVA VISIBILIDADE), procurando iluminar suas ligações e o papel de cada modelo dentro dele. 9 Rovilson Robbi BRITTO, op. cit. John B. THOMPSON, op. cit. 10 8
  • 9. Nova VISIBILIDADE...↓ Daí a decorrência de que não se trata somente de “novidades” das tecnologias, mas “está nascendo uma nova maneira de aprender e pensar”. NOVA ESFERA CONVERSACIONAL Nos novos formatos comunicacionais pós-massivos, a conversação (consumo, produção e distribuição de informação) pode levar a uma maior ação política, a uma ampliação da participação pública. Trata-se da conversação “no mundo da vida”. WEB é, ao mesmo tempo, a ferramenta social e o espaço em que As relações ocorrem Nativos digitais (digital natives)= “aqueles que nasceram com” (até + ou – 20 anos) Imigrantes digitais (digital immigrants) = os que chegaram depois para as novas tecnologias da web. Eles comunicam, trocam, criam, se encontram, coordenam suas atividades, aprendem, analisam, evoluem e crescem de forma diferente. Seus jogos não são mais os mesmos, e a sua forma de escrever os programas não é mais a mesma. 3 - a necessidade de organizar-se (ou reorganizar-nos) nas nossas estratégias, no mundo digital. 9
  • 10. Premissa necessária: entender que “estamos” na rede. Para isto, reproduzimos aqui parte da entrevista de OCCLAC com Antonio Spadaro, no 1º Seminário de Comunicação para os Bispos do Brasil, realizado no Rio de Janeiro, em julho de 2011: Para el teólogo y sacerdote jesuita Antonio Spadaro no se trata de usar la red, sino sobre todo de vivir en la red. En la actualidad, "internet es parte de nuestra vida cotidiana. Si hasta hace un tiempo la red estaba vinculada a la imagen de algo técnico, que requería conocimientos sofisticados, hoy es un lugar para pasar el rato, para estar en contacto con amigos que viven lejos, para leer noticias, comprar un libro, reservar un viaje, compartir intereses e ideas". "Internet no es un mero "instrumento" de comunicación que se pueden utilizar o no, sino que es un "entorno" cultural, que determina una forma de pensar, establece nuevas maneras de relacionarse e inclusive genera una nueva forma de habitar el mundo y de organizarlo"; afirmó Spadaro en su conferencia durante el Primer Seminario de Comunicación para Obispos de Brasil. ¿Cómo debe actuar la Iglesia en la red?, preguntó el expositor, "Creo que no se trata solo de saber usar la red. Se trata sobre todo de vivir en la red; de asumirla como un espacio de vida"... "Internet es una realidad destinada a ser cada vez más transparente e integrado con respecto a la vida, por así decirlo, ‘real'. Este es el verdadero reto: aprender a estar conectado, conectado, de manera fluida, natural, ética y espiritualmente. Vivir en la Red como en un ambiente natural de vida". Desde su punto de vista, la red no es un medio para evangelizar. La red es más bien un contexto o lugar para vivir la fe. No se puede ver a internet como un espacio para hacer propaganda, el Evangelio no se propagandiza, el evangelio se vive. Se da testimonio de él, enfatizó. ¿La Iglesia puede ser imaginada como una gran red?, preguntó el expositor. Pienso que no. La imagen más cercana a la Iglesia no es precisamente la de una red, sino la de un lugar de encuentro, de conexiones o interconexiones, donde la gente llega, se encuentra con otros, se relaciona fraternalmente, cambia de rumbos, busca su destino entre quienes están unidas por la fe a Cristo. La imagen que se me viene a la cabeza es más bien de un aeropuerto con múltiples conexiones. El problema en internet, es que el encuentro y los contactos son por lo general anónimos. El intercambio, el compartir es gratuito, generoso. Pero no implica una comunicación cara a cara, que es la base para el diálogo y la comunión. Sin embargo tiene elementos muy acordes con nuestra visión cristiana de comunidad. Por ejemplo, su dimensión de horizontalidad, su principio de compartir los dones con gratuidad, su manera de ser autoridad que la gana quien más sirve a los demás, quien más interactúa y quien más comparte con gratuidad sus dones. Toda una serie de desafíos para repensar no solo nuestra forma de asumir la red de redes, sino para repensar también en nuevas maneras de construir iglesia, de relacionarnos y de generar comunión. Na cultura contemporânea, a Igreja é chamada a desenvolver uma pastoral da comunicação que seja ORGÂNICA e INTEGRAL; somente assim terá resultado comum e coordenado que supõe uma sinergia integral . Para jalcançar sua finalidade de 10
  • 11. evangelizar, de anunciar a Palavra de Deus, hoje, é necessário que haja na Igreja estratégias comuns de sustentabilidade da fé, dos valores. Para isto são necessárias estratégias para que se realize o seu objetivo. Estratégia – indiscutível, mas complexa para a Igreja De entre os muitos conceitos de estratégia, um dos mais utilizados é aquele que a define como o conjunto de planos da alta administração de uma instituição para alcançar resultados consistentes com a missão e os objectivos gerais da organização. Qualquer que seja a definição, destacam-se algumas palavras-chave que sempre a permeiam, entre elas: mudanças, desempenho, posicionamento, missão, objetivos, resultados, integração, adequação organizacional, palavras que muitas vezes reduzem a sua amplitude, ao serem empregadas como sinônimos dela. Atualmente, é indiscutível que a estratégia efetivamente realizada resulta da combinação de elementos da estratégia intencionada com elementos resultantes do pensamento estratégico. Assim, ter uma estratégia pressupõe a existência de um planeamento das ações a efetuar de forma a atingir os objetivos delineados, respeitando a visão, a missão e os valores da instituição. Pode-se aferir, que a estratégia é o caminho que a instituição deverá seguir para obter o sucesso institucional. De um modo genérico, poder-se-á dizer que estratégia consiste em tomar decisões que determinam a vida de uma organização, o que implica a realização de um pensamento estratégico que, por natureza, envolve percepções e intuições, que nem sempre são precisas e objetivas. A estratégia começa com uma visão de futuro para a instituição e implica a definição clara de seu campo de atuação, na habilidade de previsão de possíveis reações às ações empreendidas e no direcionamento que a levará ao crescimento. A definição de objetivos, em si, não implica uma estratégia. Os objetivos representam os fins que a instituição está tentando alcançar, enquanto a estratégia é o meio para alcançar esses fins. Há, portanto, no mundo digital, a - Necessidade de uma nova organização para o desenvolvimento da evangelização, para “estar” nas novas mídias sociais. PLANO ESPECÍFICO: preparar profissionalmente e culturalmente (pode ser em nível de diocese) uma equipe itinerante que ajude a desenvolver o Plano Geral e que dê assistência na diocese. PLANO GERAL - 1ª fase: envolver as pessoas para que, de alguma forma, todos tenham um conhecimento geral e haja um concenso para admitir que é necessário passar por diversas fases (não se trata de obrigar as pessoas a aderirem ou a saberem manejar ou “estar” na cultura digital). Trata-se de envolver toda a comunidade, no plano geral, para EVITAR RUPTURAS no diálogo, nas iniciativas. Muitas são as iniciativas que não prosperam porque pessoas não são envolvidas se separam ou se retiram. O importante é 11
  • 12. que, mesmo que não façam, elas se sintam envolvidas e não se retirem do “novo” processo pastoral. 2ª fase – necessidade e instrução básica para as pessoas envolvidas nas diversas pastorais. Todas as pastorais devem não somente observar e sentir a necessidade de uma nova relacionalidade; mas, com a ajuda da equipe de Plano Específico, começar a elaborar novos métodos pastorais (curto, médio e longo prazo). A Equipe Específica deve ajudar a desenvolver os planos pastorais e fazê-los circular. 3ª fase – treinar pessoas com especiais dons (especialmente jovens) para que sejam os “monitores” nos mais diversos lugares e sejam os acessores na linguagem digital. Para isto, devem também receber formação sobre a evangelização. Neste modo envolver-se-á os jovens e eles são generosos em prestar o seu serviço. 4ª fase – acompanhamento assíduo. Avaliação periódica, redirecionamento do que for preciso. 5ª fase – incentivar as pessoas a estarem na rede com seu testemunho de fé, de autenticidade. FORMAÇÃO para a cultura digital (o futuro, as escolas... tudo começa a entrar velozmente, no mundo digital). Uma catequese, por exemplo, terá sua continuidade, no futuro, com as gerações jovens, nas redes sociais. CONCLUSÃO Quero concluir enfatizando o caminho que nos aponta o Magistério da Igreja (especialmente nas mensagens do Papa, mencionadas neste trabalho): a necessidade de uma formação/educação humano-cristã para o Mundo Virtual, pois se trata de um processo atual (sem dispensar os outros, naturalmente!) que toca os métodos pastorais, o conteúdo cristão vinculado à uma linguagem que realiza o diálogo entre fé e cultura, desenvolvendo um processo sempre mais de interatividade. Para isso, a insistência da Igreja e o nosso enfoque nesta apresentação para algo que nos diz respeito: a evangelização.11 O mundo atual das comunicações nos desafia. Mas concluo com as palavras de D. Luciano Mendes: A Evangelização é um ato de amor que os discípulos de Deus são chamados a oferecer a seus irmãos, para que encontrem em Cristo o sentido da vida, possam saciar a sede de Deus, estreitar os laços de fraternidade. E com as palavras de João Paulo II em seu último documento (O rápido desenvolvimento -2005) “Não tenhais medo das novas tecnologias! Elas estão ‘entre as coisas maravilhosas’ que Deus colocou à disposição para descobrir, usar, fazer conhecer a verdade... Não tenhais medo da oposição do mundo! Jesus nos garantiu: ‘Eu venci o mundo!’” Jo 16,33. (n.13). 11 Recentemente a Igreja do Brasil foi brindada com o conteúdo dos Estudos da CNBB (n.101) “A comunicação na vida e na missão da Igreja”, contendo também a Direção das estratégias nos processos comunicativos, iniciando com os aspectos antropológicos, teológicos, educacionais e pastorais. 12
  • 13. Muito obrigada. Dra. Joana T. Puntel, fsp Santiago, 19 de outubro, 2011 13