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UNIVESIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL: RADIALISMO
Filmes adultos para mulheres:
A crescente presença feminina no mercado de filmes adultos
ANDERSON LEONARDO DE CASTRO SEABRA
Natal
2009
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UNIVESIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL: RADIALISMO
Filmes adultos para mulheres:
A crescente presença feminina no mercado de filmes adultos
ANDERSON LEONARDO DE CASTRO SEABRA
Monografia apresentada junto ao curso de
Comunicação Social: Radialismo da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
na área de produção audiovisual, como
requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel.
Orientador: Prof. Ronaldo Mendes Neves
Natal
2009
11
UNIVESIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL: RADIALISMO
Filmes adultos para mulheres:
A crescente presença feminina no mercado de filmes adultos
ANDERSON LEONARDO DE CASTRO SEABRA
Monografia apresentada junto ao curso de
Comunicação Social: Radialismo da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
na área de produção audiovisual, como
requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel.
Orientador: Prof. Ronaldo Neves Mendes
COMISSÃO EXAMINADORA
Orientador: Prof. Ronaldo Mendes Neves
Prof: Ruy Alckmin Rocha Filho
Luís Roberto Rossi Del Carratore
Natal
2009
12
Agradecimentos
Agradeço a meu orientador, Prof. Ronaldo Neves, pelo apoio e atenção dispensados
ao projeto. Agradeço também a Mirna Schleder e Antonia Canto, profissionais que
prontamente colaboraram com dados importantes para o enriquecimento do estudo.
13
Dedicatória
Aos meus pais, Lenilson e Leocadia, pela oportunidade
que sempre me deram de ter o melhor, imenso amor e
paciência. À Raivich Alves pelo incentivo e por respeitar,
acompanhar e apoiar minhas escolhas.
14
Resumo
Nas últimas décadas, o comportamento da sociedade em relação ao mercado erótico passou
por mudanças radicais. E à medida que os novos meios de comunicação de massa ampliam e
intensificam oportunidades de acesso a diversos produtos culturais, o sexo passa a ser um dos
produtos que movimenta grandes investimentos. Nesse contexto de moderno hedonismo, as
mulheres adotam posições anteriormente impensáveis, de objeto de desejo e consumo da
população masculina, passando a serem também produtoras e consumidoras desses produtos.
Esse estudo vem contribuir para a compreensão desse fenômeno recente. Com a proposta de
analisar a produção de filmes adultos voltados para o público feminino e a demanda do
mesmo, o trabalho investiga o chamado negócio do entretenimento para adultos para revelar
algumas particularidades. Trata-se enfim, de conhecer uma segmentação de mercado que
supõe sexo como um produto cultural e uma diversão. As metodologias utilizadas foram a
pesquisa em fontes primárias e secundárias, através da utilização de um variado referencial
bibliográfico e aplicação de questionário. Como resultado espera-se ampliar os estudos sobre
o mercado erótico.
Palavras-Chaves: Produção Audiovisual, Filmes adultos, Público feminino.
15
Abstract
In the last decades, society's behavior in regards to the adult industry changed drastically, and
as the new mass media grows, intensifying access to a variety of cultural subjects and
modifying our social relations, sex becomes one of the products that fuels large investments.
Under this concept of modern hedonism, women assume positions previously inconceivable,
from a mere object of the male desire and consumption, they became producers as well as
consumers. This study is an attempt to contribute to the comprehension of this new
phenomenon. With the purpose of analyzing the production of adult films focused on the
female audience and its demand, the project investigates the so-called adult entertainment
business in order to reveal some peculiarities from inside the industry. Finally, the study
focuses on learning about a segment of the market that thinks of sex as a cultural product and
a form of entertainment. The used methods were the research in primary and secondary
sources, through the use of a variety of bibliographical references and a questionnaire. As a
result it is hoped that the studies on the adult entertainment market are broaden.
Keywords: Multimedia Production, adult content, female audience
16
Sumário
Sumário.....................................................................................................................................16
INTRODUÇÃO........................................................................................................................17
JUSTIFICATIVA.....................................................................................................................18
OBJETIVOS.............................................................................................................................18
Objetivo geral ...........................................................................................................................19
Objetivos específicos................................................................................................................19
REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................................19
2.1 MIDIA ................................................................................................................................20
2.1.1 Os filmes adultos .........................................................................................................22
2.1.2 O gênero adulto e suas subdivisões.............................................................................23
2.2 MARKETING ....................................................................................................................25
2.2.1 O mercado Internacional .............................................................................................25
2.2.2 O mercado nacional.....................................................................................................27
2.2.2.1 A segmentação de mercado como estratégia de marketing..................................28
2.2.2 O PÚBLICO FEMININO........................................................................................29
2.2.3 A mulher e o mercado erótico .................................................................................30
2.3 O produto: Filmes para mulheres ...................................................................................32
3. RESULTADOS ....................................................................................................................35
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................44
5. REFERÊNCIAS ...................................................................................................................45
APÊNDICE A – Questionário aplicado na pesquisa........................................................47
APÊNDICE B - Dados coletados através da aplicação da pesquisa ..............................50
ANEXO A – As mulheres assumem posições em um mercado historicamente masculino
..........................................................................................................................................54
ANEXO B – Entrevista concedida pela cineasta Petra Joy a revista Época ....................56
ANEXO C – Entrevista concedida pela produtora Cândida Royalle a revista Época .....57
17
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas o comportamento da sociedade em relação ao mercado erótico,
sobretudo filmes adultos1
, tem passado por mudanças radicais. À medida que os novos meios
de comunicação de massa (internet, TV a cabo, entre outros) ampliam e intensificam
oportunidades de acesso a diversos produtos culturais, modificando expressivamente as
nossas relações sociais cotidianas, neste ‘supermercado cultural’ (Hall, 2003), o erotismo
passa a ser um dos produtos que movimenta grandes investimentos. E embora não seja
classificado como um produto comum, acrescenta apelo de consumo, estimula necessidades,
desejos e aspirações imaginárias, além de assegurar sentimentos transitórios de bem estar.
Nesse contexto de moderno hedonismo, as mulheres adotam posições anteriormente
impensáveis, de objeto de desejo e consumo da população masculina, passando a serem
igualmente produtoras e consumidoras.
As mulheres, que sempre estiveram na frente das câmeras nos sets de filmes adultos,
como atrizes, agora estão atrás das câmeras, no papel de produtoras, diretoras, roteiristas e etc.
Elas seguem um conceito pouco explorado por esse mercado, o de produzir conteúdo
direcionado ao público feminino. Mas esta nova onda de filmes corresponde a um fenômeno
de maiores proporções. Se até os anos 90, os homens eram os principais alvos desse mercado,
hoje, elas se tornaram grandes consumidoras desse conteúdo. No entanto, levou bastante
tempo para que esse público especificamente fosse tratado como relevante pelo mercado.
A indústria de filmes adultos começou a classificar as mulheres como consumidoras
somente no começo dos anos 70, vislumbrando o mercado para “casais” que se encontrava em
expansão, oferecendo uma versão mais suave dos tradicionais hard cores. Já na década de 80,
com o advento do gravador de vídeos caseiro (VHS – Video Home System), o mercado de
filmes eróticos/pornográficos¹ se consolida como ramo do entretenimento adulto. O que antes
só era possível assistir nas chamadas salas especiais, agora passa a ser visto na comodidade e
discrição do lar, aumentando o número de consumidores e atraindo o interesse do público
feminino, que agora dispunha de privacidade para experimentar esse produto.
E assim a indústria vive uma nova fase com a multiplicação de produções e
distribuidoras para atender a demanda de mercado.
1
Em todo estudo, preferiu-se evitar sentidos valorativos ou qualitativos quando se emprega a palavra
“pornografia” e seus derivados.
18
JUSTIFICATIVA
Convém ressaltar que as mulheres tomam decisões de compra diferentes dos homens,
pois são motivadas por percepções, prioridades e preferências diferentes. Portanto, faz-se
necessário que seja dada atenção perante os fatores que fundamentam o consumo feminino e
analisá-los enquanto potencial mercado consumidor.
Outro ponto determinante para a sustentação desse estudo é a carência de
publicações sobre o mercado de filmes adultos no Brasil. Esse trabalho permitirá ampliar o
acesso a informações que serão úteis tanto para novos estudos quanto para a indústria de
entretenimento adulto e os profissionais inseridos nela, consequentemente colaborando para o
incentivo de novas produções. Se existe um mercado potencial, ainda em crescimento, é
imprescindível estudar seus principais aspectos, para que se determinem estratégias
mercadológicas que possibilitem sua expansão. Sem conhecer o que o público-alvo deseja,
necessita ou espera não há como tomar decisões e obter sucesso. O mapeamento do setor é
fundamental para definir estratégias de crescimento para vários sub-segmentos e para a
realização de planos de investimentos.
Tendo em vista que no Brasil “há uma crença de que não vale a pena investir nesse
segmento” (BUSCATO, 2009; Época,569, p.99), por outro lado, baseado no entendimento de
que o mercado não deve se guiar por crenças ou suposições, e sim, por análises com respaldo
científico, esse estudo torna-se plausível e justificado.
Trata-se de um nicho muito específico e que possui particularidades que exigem
sensibilidade, criatividade e agilidade para obter resultados em um cenário onde as empresas
começam a se profissionalizar e buscam respostas rápidas e precisas.
E finalmente, frente à conquista de espaço por parte das mulheres dentro da indústria
de filmes adultos e de uma chamada queda de reserva de mercado, descrita na matéria de
Marcela Buscato para a revista Época (Edição 569:99), que relata a entrada delas nesse
mercado que por muito tempo foi dominado e comandado somente por homens, o presente
estudo se mostra importante, pois cumpre o papel de valorizá-las como profissionais e
produtoras culturais.
Assim apresenta-se como problema de pesquisa o seguinte questionamento: Como é
realizada a produção de filmes adultos para o público feminino?
OBJETIVOS
19
Objetivo geral
Investigar a produção de filmes adultos, produzidos por mulheres, direcionado ao público
feminino para compreender a evolução da demanda do público feminino por filmes adultos,
vídeos e programação erótica.
Objetivos específicos
• Analisar a evolução da produção desse gênero na Europa, nos Estados Unidos e relacionar
com a produção brasileira.
• Verificar o nível de interesse das consumidoras desses produtos.
• Investigar as preferências do público feminino.
• Evidenciar principais meios de acesso ao conteúdo adulto.
• Destacar e descrever os atributos e características desses materiais.
REFERENCIAL TEÓRICO
20
O ponto de partida desse estudo é a reportagem realizada por Marcela Buscato para a
revista Época, edição 569, publicada em abril de 2009, sobre o mercado de filmes adultos
para mulheres.
A fim de subsidiar as reflexões foi construído um referencial teórico, baseado em
livros, artigos acadêmicos, periódicos (revistas e jornais) e sites da internet, estruturado nos
seguintes temas: Mídia (Produção Audiovisual, Indústria de filmes adultos, filmes adultos
para mulheres), Marketing (Comportamento do Consumidor e Segmentação) e público
feminino.
Para tanto, foi considerando o pensamento de autores como Kotler (2004, 2006),
Abreu (1996), Leite Júnior, (2008), Samara e Morsch (2005), Williams (1999), dentre outros.
2.1 MIDIA
Sendo este um estudo que versa a respeito da indústria audiovisual, compreende-se
que há necessidade de abordar alguns conceitos básicos que pertencem a esse contexto. Para
isso, foram retiradas algumas definições do livro de Gustavo Barbosa e Carlos Alberto
Rabaça, Dicionário de Comunicação.
Nele o autor afirma que Audiovisual é “qualidade de todo e qualquer meio que
transmite mensagens através de som e imagem: cinema, televisão, o próprio veículo
denominado audiovisual etc” (2001, p.49). Por sua vez vídeo, é definido como “parte visual
de uma transmissão de TV ou cinema” (2001, p.754).
Entretanto, o termo vídeo ganhou com o tempo uma grande abrangência. Chama-se
também vídeo o “conjunto de procedimentos e técnicas relativas à criação, produção,
captação, gravação, tratamento, edição, transmissão e recepção de imagens por meio de sinais
de televisão e de outros recursos multimídia.” (2001, p.754). Vídeo pode ser também uma
gravação de imagens em movimento, uma animação composta por fotos sequenciais que
resultam em uma imagem animada, e principalmente as diversas formas para se gravar
imagens em fitas (analógicas ou digitais) ou outras mídias.
Também encontrada no livro de Rabaça e Barbosa, a definição de produção é “a
realização de qualquer produto de comunicação (livro, filme, vídeo, programa de rádio ou TV,
disco fonográfico, peça teatral, show musical, evento, exposição, campanha publicitária, etc.)
em seus aspectos financeiros, técnicos, administrativos e logísticos” (2001, p. 591).
21
Todos esses termos citados acima fazem parte da chamada indústria audiovisual, que
se tornou um negócio próspero e multibilionário que envolve todo o planeta. Independente
dos nossos hábitos, ela tem um poder incrível sobre os dados, cultura, mudanças de
tendências e economia que informam o mundo. E é nesse cenário fortemente marcado pela
contemplação e o culto às imagens, numa sociedade de espetáculos e propagandas, que
vivemos hoje.
É possível observar que tudo aquilo que é apresentado pela televisão, ou que
conquista espaço na internet, tem o reconhecimento popular. A palavra imagem evoca, ainda,
a importância que a televisão e o cinema adquiriram em nossa sociedade e o quanto elas
interferem na construção da personalidade.
Em seu livro Vida, O Filme, o jornalista Neal Gabler analisa como a sociedade
americana, tentando criar uma cultura própria, aposta na diversão e no entretenimento como
fatores genuínos e legítimos de expressão social, em oposição a chamada “alta cultura”, ou
“cultura clássica” representada pelos colonizadores ingleses. Assim, a diversão passar a ser
reconhecida como um fim em si mesmo e a cultura passa a ser encarada como diversão.
Desta forma, o espetáculo tornou-se algo fundamental para a cultura de massas.
Neste processo, o cinema reuniu características únicas para torná-lo o principal
veículo de diversão popular do século que se iniciava: surgiu nos centros de lazer das classes
menos abastadas, era barato, visava o entretenimento, mostrava uma espetacularização da
realidade, prometia lucros a quem explorasse e encontrava-se culturalmente ao lado do teatro
popular e dos vaudevilles.¹
O cinema e o vídeo são instrumentos para o lazer do homem moderno, algo que hoje
é tão presente quanto necessário.
“O conteúdo transmitido pela TV e pelo vídeo é a verdadeira síntese da criatividade e
da tecnologia, além de ser o melhor meio para se divulgar uma ideia. Podem refletir
tendências ou iniciá-las, pode espalhar nossa identidade ou até formá-la” (KELLISON, 2007,
p. XIX).
22
2.1.1 Os filmes adultos
Em 1895, os irmãos Lumière criaram o cinema. Na época, apenas mais uma máquina
entre tantas inventadas, das quais não se sabia exatamente o futuro, nem quais seus possíveis
usos.
Pouco tempo depois do anúncio dessa invenção que impactaria profundamente em
nossa cultura, passa a existir o cinema adulto, um gênero que contribuiria para a
popularização do próprio cinema.
Ainda no princípio do século XX surgem os primeiros filmes pornográficos,
conhecidos como stag movies ou filmes para homens. “Estas são produções precárias, com
exibições proibidas e apresentadas apenas para grupos masculinos” (Abreu, 1996: 44). A
princípio esse material adulto era composto de cenas de strip-tease ou mesmo de beijos, como
em 'The May Irwin Kiss' de 1896. No ano seguinte, porém, aconteceu quase uma ‘revolução’
na indústria pornográfica. O francês 'Après Le Bal' (1897) ou After the Ball, como foi
traduzido para o inglês, também um curta mudo, com duração de 72 segundos, mostra uma
mulher entrando em uma banheira e sendo ajudada pela empregada.
A origem das produções desses filmes é creditada à França, Alemanha, México,
Argentina e, principalmente Estados Unidos.
Neste ultimo, junto aos recentes estúdios cinematográficos, inicia-se a grande
indústria do sexo no cinema e “em 1904, já se pode afirmar que existe um mercado
internacional de filmes pornôs (CHRISTY; QUINN, 2001, p.22 apud LEITE JÚNIOR, 2006,
p.).” Entretanto, os filmes americanos ‘Free Ride’ (1915) ou ‘Grass sandwich’ (‘sanduíche de
grama’) e On the beach (1916) podem ter sido os primeiros a serem catalogados como
‘adulto’, ainda que não tenham sido lançados comercialmente nos cinemas.
Nos anos 30, o cinema “convencional” americano, atendendo a apelos
conservadores, cria a primeira regulamentação auto-imposta, inaugurando uma censura
interna dentro dos estúdios de Hollywood, chamado Código Hays. Nele, toda referência ao
sexo, prazer e obscenidade é proibida.
A partir dos anos 60, acompanhando a chegada da chamada “revolução sexual” e a
contracultura, surgem os beavers, que mostram em cenas curtas o órgão feminino, e são
apresentados em clubes masculinos, casas de peep show, nas poucas livrarias “especializadas”
ou vendidos pelo comércio postal.
23
Já em 1970, nos Estados Unidos, o gênero pornográfico começou a ser difundido,
graças à eliminação do Código das Produções e à instituição da classificação de filmes por
faixa etária. Passaram a ser exibidos em cinemas próprios, conhecidos por "Salas Especiais".
A partir daí, a indústria de filmes pornográficos, até então clandestina, vai investir na
ampliação deste novo mercado, criando novas produtoras e lutando pela expansão dos limites
legais. Então, inicia-se a legalização da pornografia como negócio, estabelecendo uma
indústria propriamente dita de filmes. É neste momento que, como estratégia para expandir o
público consumidor, as produções se concentram prioritariamente nos filmes mais leves.
Com a criação do VHS (Video Home System) na década de 80, a pornografia se
consolida como um ramo do entretenimento adulto. Então, um enorme público que não
freqüentava as salas especiais de filmes adultos, passa a alugar em videolocadoras estes
mesmos filmes, aumentando significativamente o número de consumidores e firmando o
videocassete como eletrodoméstico.
Então, inaugura-se outra fase desta indústria: a gravação direta em vídeo, que leva
novamente a uma ampliação de produtoras e distribuidoras.
Esta reorientação para realização dos “filmes” diretamente com equipamento
eletrônico traz a conveniência do processo de produção de um vídeo, que, além de
diminuir os custos e o tempo de realização, acelera o abastecimento de um mercado
voraz e ávido por “novos produtos.” (ABREU, 1996, p. 138).
A partir dos anos 90, os filmes ficaram mais agressivos e algumas modalidades que
até então eram pouco exploradas, passaram a ganhar espaço através de produtoras menores.
Com a Internet, o mercado de filmes adultos ganhou novo fôlego, aumentando seu
alcance e diversificando a produção. Da mesma forma, nasce uma nova produção feita
diretamente para o meio digital, abrindo espaço para determinados segmentos e temas não tão
presentes no mainstream ³.
2.1.2 O gênero adulto e suas subdivisões
A sexualidade e suas representações são constantemente divididas e subsegmentadas.
Sendo o foco deste trabalho os produtos baseados totalmente em imagens, as categorias a
seguir são comumente encontradas sob determinados rótulos e valem em especial para as
revistas, filmes, programação de televisão e sites da internet com essa temática.
24
Conteúdo adulto é entendido como todo e qualquer material que consista,
predominantemente, de temática sexual, com a retratação explícita de relações sexuais, e não
pode ser confundido com conteúdo erótico, que segundo a classificação brasileira não retrata
o sexo de maneira explícita.
O mesmo então é dividido em soft core e hard core. O primeiro termo designa o sexo
implícito, sugerido e normalmente dentro de um “contexto”. É o equivalente ao erotismo
dentro do mercado reconhecido como pornografia.
Hard Core por sua vez foi um termo criado nos EUA para segmentar justamente um
mercado já grande o suficiente, mas ainda ilegal, e diferenciar os produtos de seu concorrente
“leve”. Segundo Jorge Leite Júnior (2006) é difícil definir quando esta expressão foi criada,
pois surgiu como linguajar de comércio clandestino. Em 1957, seu conceito foi pronunciado
pela primeira vez em um caso na Suprema Corte americana pelo procurador geral J.Lee
Rankin.
Esse conteúdo também pode ser dividido em diversos sub-gêneros: pelo sexo dos
atores, tipos de ato sexual e as preferências da audiência. Nesse último inclui-se o chamado
“Femme Porn” ou Pornô Feminista, os filmes direcionados para o gosto do público feminino.
Pornô feminista? Sim, esse é o termo mais utilizado pelo mercado, embora não seja
de maneira fechada. Há uma variedade de termos, mas, de qualquer forma, visam expressar
certas características e as preferências femininas.
³ Mainstream é o pensamento corrente da maioria da população. Este termo é muito utilizado
relacionado às artes em geral (música, literatura, etc). O termo mainstream inclui tudo que diz respeito a cultura
popular, e é disseminado principalmente pelos meios de comunicação em massa. Muitas vezes é também usado
como termo pejorativo para algo que "está na moda".
Strong e Devault definem Femme Porn como “toda produção de material orientado
para mulheres e casais heterossexuais. Evita a violência, é menos centrada no homem, e é
mais sensível às fantasias femininas” (1996, p. 626).
Então temos o seguinte esquema:
- Representação da sexualidade: Erotismo/Pornografia
- Hetero/Casal/Feminino/Lesbico/Homossexual
- Conteúdo Adulto/Pornografia: Soft core/ Hard Core
- Hard Core: Sexo Convencional/ Não-convencional
- Sexo não convencional: Sadomasoquismo, Bizarro, fetiches, etc
Mas eu digo que a indústria de entretenimento adulto é muito democrática sobre o
corpo. Sempre sugiro um teste. Digite no Google alguma coisa do seu corpo que
você não gosta mais a palavra “pornô”. Você vai achar muitos sites em que pessoas
dizem que isso é atraente. [...] O pornô vai até onde tem mercado porque quer tentar
25
ganhar dinheiro com isso. Ele é muito mais democrático do que a televisão, que só
tem modelos e celebridades (SPAN, 2009).
2.2 MARKETING
Antes de iniciar a discorrer sobre o mercado de entretenimento adulto é necessário
enfatizar a definição de marketing. De acordo com a American Marketing Association.
O marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem
a criação, a comunicação, e a entrega de um valor para os clientes, bem como a
administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e
seu público interessado (KOTLER, 2004, p.4)
É tarefa básica do marketing estudar as pessoas, grupos ou organizações, saber quais
são suas motivações, desejos e necessidades. Além disso, compreender as razões, como,
quando, onde e com que freqüência elas compram e usam o que compram, para que se possa
criar produtos e serviços que irão satisfazê-los, bem como encontrar essas respostas.
2.2.1 O mercado Internacional
O investimento no mercado erótico é alto e não é à toa. Há muito se sabe que sexo
transformado em mercadoria vende e gera lucros regulares para quem comercializa.
A pornografia é um grande negócio (HIDE, 1973, p.219 apud LEITE JÚNIOR, 2006
p.59), disse um político norte-americano em 1952 no resultado do informe governamental
sobre materiais pornográficos. Contudo, sempre houve dificuldade para calcular as estatísticas
dessa indústria, e ainda mais difícil de acreditar, pois alguns críticos notaram que havia
tendência ao exagero. “E é notável certa confusão entre as informações sobre a renda desse
mercado (LEITE JÚNIOR, 2006, p.59).”
Primeiramente, muitos textos assinalam tal comércio apenas como “pornografia”,
sem esclarecer se esta se refere a um meio específico, sejam revistas, vídeos, internet ou à
soma de todos. Da mesma forma, os números fornecidos por uma fonte se tornam conflitantes
quando comparados com outra, a princípio tão verdadeira quanto a primeira. O que representa
o valor mundial para um autor é o valor regional para outro, durante o mesmo período.
26
Em 1959, segundo uma investigação do governo americano, o negócio da
pornografia estava a ponto de alcançar US$1 bilhão anuais (LEITE JÚNIOR, 2006, p.59 apud
Hide, 1973:24) apenas em seu país. Quase quarenta anos depois, passada a revolução sexual e
a informatização do cotidiano, a revista americana Inter@ctive week, especializada em
negócios na internet, disse em 1997, que esta indústria “gera por ano os mesmos US$1 bilhão
apenas no espaço virtual, contando o mundo inteiro” (LEITE JÚNIOR, 2006, p.60).
Para evidenciar a confusão em torno deste tema, a empresa de pesquisas Forrester
Research acredita que, para este mesmo ano base (1997), na internet, os lucros foram de
apenas US$ 137 milhões, enquanto a revista britânica The Economist informa que o mercado
global da pornografia rendeu US$ 20 bilhões. (id).
Em 2000, segundo a jornalista americana Ana Loria, esse mercado nos EUA
correspondia a US$ 10 bilhões por ano, incluindo os lucros de vídeo, TV a cabo, hotéis,
DVDs, correios, internet, CD-Rom e serviços de sexo por telefone (LORIA, 2000, p.10).
Um ano depois (2001), para Dian Hanson, editor da revista fetichista Leg Show, esta
mesma cifra corresponde apenas ao mercado de vídeos deste país, enquanto a atriz pornô
também americana Kim Christy, acredita que a pornografia renda em sua terra apenas US$4,1
bilhão (CHRISTY; QUINN, 2001, p. 517 apud LEITE JÚNIOR, 2006).
Já em 2004, segundo um estudo da empresa de pesquisas sobre a Internet N2H2,
trinta milhões de pessoas se conectam diariamente na rede mundial de computadores
procurando imagens de sexo explícito em alguma das 372 milhões de páginas (8% de toda a
rede) que oferecem pornografia (LORENTE, 2007).
Em 2007, a Forbes divulgou uma pesquisa que diz que em todo o mundo, 250
milhões de pessoas são consumidoras dos produtos e serviços desta indústria, que registra
lucros da ordem de 60 bilhões de dólares ao ano (Id).
Apesar do desencontro das informações, o que pode ser percebido através destes
poucos dados é que, mesmo passando por crises econômicas, localizadas ou globais, a
indústria de entretenimento adulto – os números referem-se ao comércio legalizado – possui
um enorme vigor, com um mercado consolidado e crescente, movimentando um volume de
dinheiro considerável dentro da economia capitalista.
As razões para este apogeu do mercado de filmes adultos são difíceis de explicar
tanto para especialistas quanto para protagonistas da indústria. Alguns citam uma
mudança no comportamento sexual das pessoas. Outros acreditam que a invasão do
sexo na TV e na Internet ativou o interesse pela pornografia, antes relegada a salas
de cinema (LORENTE, 2007).
27
2.2.2 O mercado nacional
Em pouco mais de uma década o mercado erótico brasileiro apresentou um
crescimento avassalador. A revista Pequenas Empresas Grandes Negócios (edição 2004)
afirma que no ano de 2003, segundo Evaldo Shiroma, presidente da Associação Brasileira de
Empresas do Mercado Erótico (Abeme), este mercado em nosso país movimentou 700
milhões de reais. Em 2005, esta mesma quantia é mantida pela Abeme referindo-se ao ano
anterior – 2004. Já em 2009, a mesma revista apresentou números diferentes.
Figura 1: Crescimento do setor nos últimos 4 anos
(Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios, 2009)
Segundo dados fornecidos pela mesma associação, o setor faturou cerca de R$ 500
mi em 2005, R$ 650 mi em 2006, R$ 700 mi em 2007, R$800 mi em 2008 e projeta R$900
milhões em 2009, um crescimento de 80% em quatro anos. Os filmes adultos correspondem a
30% desse faturamento e o Brasil é o principal produtor da America Latina.
Figura 2 – Divisão do faturamento entre os setores específicos do mercado erótico
(Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios, 2009)
28
Embora haja certa discrepância entre os valores, há que se considerar que se trata de
números razoáveis e que expressam certo fortalecimento desse mercado.
Entretanto, de acordo com Rocco (2009), no caminho inverso do sucesso dos artigos
eróticos, a produção de filmes está em baixa. Segundo os empresários do setor, o principal
motivo seria a concorrência da pirataria e da internet. Em poucos minutos – e gratuitamente -
é possível baixar um vasto repertório de vídeos eróticos na rede mundial de computadores. Os
DVDs alavancaram o mercado “Mas, de uns quatro anos para cá, as vendas vêm encolhendo”,
afirma André Luiz Marques da Silva, sócio da produtora de filmes Explícita, em entrevista
para a revista Pequenas Empresas Grandes Negócios (2009).
2.2.2.1 A segmentação de mercado como estratégia de marketing
Um ponto crucial no planejamento de marketing é, certamente, a identificação dos
alvos de mercado. Uma das saídas, que se apresenta como ponto de apoio e que subsidiará a
tomada de decisão é, sem dúvida, o processo de segmentação de mercado.
Kotler (2006) reconhece que a segmentação de mercado está no centro da estratégia
de marketing. Segundo ele, a segmentação de mercado, a ideia mais recente para orientar a
estratégia, começa não com a distinção de possibilidades de produto, mas sim com a distinção
de interesses ou de necessidades de clientes.
O autor ainda afirma que a maior parte dos mercados é grande demais para que se
possam atender as necessidades da grande massa. Assim, dentro da segmentação, cabe
atender a um conjunto de necessidades de um grupo homogêneo o qual chama-se mercado-
alvo.
O fundamento da segmentação é relativamente simples. Baseia-se na ideia de que um
produto comum não satisfaz as necessidades e desejos de todos os consumidores. Por uma
simples razão: os consumidores são muitos, dispersos em diversas regiões, têm hábitos de
compra variados, gostos diferenciados e variam em suas necessidades, desejos e preferências.
Para conhecer os consumidores, é preciso reuni-los em grupos, os mais homogêneos
possíveis. Cada segmento deverá ser constituído por grupos de consumidores que apresentem
o mínimo de diferenças entre si, do ponto de vista das características adotadas, e o máximo de
diferenças em relação aos demais segmentos.
Assim sendo, não se pode tratar todos da mesma forma, bem como não se pode tratar
todos de forma diferente. Como se percebe, o centro dessa discussão é que existem diferenças
entre os consumidores e o objetivo básico da segmentação é concentrar esforços de marketing
29
em determinados alvos, que se entendem como favoráveis para serem explorados
comercialmente, em decorrência de sua capacidade de satisfazer a demanda dos focos, de
maneira mais adequada.
2.2.2 O PÚBLICO FEMININO
A relação entre o público feminino e o consumo tem passado por intensas
transformações desde o fim do século XX. A relevância estratégica desse segmento chama
cada vez mais a atenção das organizações, que passam a adaptar suas ações de Marketing para
atender às novas demandas femininas.
Historicamente essas mudanças ocorreram quando a mulher definitivamente passou a
exercer atividades fora do lar. Elas conquistaram espaço no mercado de trabalho – e
atualmente sua participação chega a 60% no Brasil (Goldman Sachs) -, começaram a ter renda
própria e, portanto, ganharam liberdade para atender seu próprio consumo. Assim, vários
produtos passaram a ser desenvolvidos para satisfazer às necessidades pessoais da mulher, e
não às suas demandas apenas como administradora do lar. Entre eles, artigos de moda, beleza,
saúde, automóveis e programas femininos no rádio e na TV.
Elas também passaram a comprar produtos de categorias que há algum tempo eram
da esfera do homem, mesmo aqueles que se poderiam julgar tradicionalmente masculinos. E
as ofertas para esse público tendem a crescer, já que elas assumem cada vez mais o controle
do dinheiro e se tornaram peças chave na economia do Planeta.
Essa mulher pós-moderna é também resultado da ruptura dos costumes – inclusive
na sexualidade – ocorridos a partir da década de 1970 com o advento da pílula
anticoncepcional que permitiu que ela conquistasse uma liberdade nunca antes imaginada:
liberdade sexual capaz de, cada vez mais, permitir a exploração de seus desejos e sua
satisfação sexual; enxergar o sexo como prazer e diversão, mais que isso, a mulher adquiriu o
poder de decisão sobre sua fertilidade, podendo desta forma optar pelo melhor momento para
sua gestação e se dedicar a sua carreira antes de se entregar à maternidade. Tudo isto
culminando com a mudança de valores e do papel da mulher na sociedade Moderna.
A mulher passou a exercer diversos novos papéis, nos quais o tempo é fundamental
para que se consiga exercê-los de maneira efetiva: ser esposa e mãe, administradora do lar,
estudante e/ou profissional em um mercado de trabalho altamente competitivo e dinâmico.
30
E toda essa transformação tem reflexo nas perspectivas e nos desejos das mulheres e
promovem mudanças nas suas atitudes e valores.
A mulher brasileira está se tornando menos conservadora e mais voltada para o
presente do que para o futuro. Isto significa uma maior preocupação com qualidade
de vida e a busca por prazeres imediatos. Também constatamos no estudo que se
acentua o desejo e a busca por maior autonomia, ou seja, maior liberdade nas
escolhas (MARANGONI, 2009)
Barletta (2003) defende que o marketing para as mulheres é inequivocamente o
caminho mais rápido para aumentar as vendas, o domínio do mercado e o lucro. E antes disso
Popcorn (2000) já alertava sobre o fato da indústria como um todo ter por muitos anos
fechado os olhos para a chamada “mulherização” da economia e se balizado a vender apenas
o óbvio para as mulheres.
Entretanto, para tirar proveito do poder de compra feminino, é preciso entender como
elas consomem. Por isso engana-se quem acredita que as mulheres são todas iguais e que,
portanto, respondem da mesma maneira às diferentes mídias, mensagens, linguagens e apelos
de marketing. Elas definitivamente não constituem um “grupo homogêneo, abalizado apenas
por negações do jeito masculino de ver, cobiçar e resolver as coisas” (JULIO, apud SIMÕES,
2006 p. 46).
2.2.3 A mulher e o mercado erótico
Essa recente centralidade das mulheres como consumidoras de filmes adultos não
deixa de ter certo toque de ironia. A invenção da pornografia como gênero cinematográfico
com convenções próprias, vale lembrar, foi situada precisamente “no contexto de exclusão
dos operários e das mulheres” (KENDRICK, Walter apud LYNN Hunt, p.12) do acesso a
determinadas imagens proibidas. Segundo Penteado (2006, p.23), “diante das ameaças de
democratização do consumo cultural ao longo do século XIX, teria sido necessário organizar
um outro regime de visibilidade para as formas obscenas tradicionalmente desfrutadas de
modo privado por uma elite masculina, urbana, aristocrática e libertina.”
A mulher, nesse regime discursivo, passava a possuir certa ambiguidade: se por um
lado sua imagem é explorada, por outro, estão liminarmente excluídas do consumo do
pornográfico, reduzidas à condição de objeto do outro. Mas, entre esse cenário descrito e o
século XXI, muita coisa mudou.
Costumava-se dizer que, em geral, diferente das mulheres, os homens tratam do
assunto sexo com mais naturalidade. Eles assistem a filmes pornográficos, consomem
31
produtos eróticos, buscam conteúdo na internet, compram revistas de nudez etc. Contudo,
segundo Vaisman, a realidade atual é bem distinta:
As mulheres estão deixando os sentimentos de culpa em relação ao sexo, [...],
passando a encará-lo de modo mais lúdico e saudável, portanto, não vêem nada de
mais em exercitar as suas fantasias e incrementar, com elas, suas práticas sexuais.
Em busca de mais prazer na relação sexual, [...] lançam mão dos mais diversos
produtos e artigos, [...] hoje a mulher busca resolver a sua sexualidade (VAISMAN,
2006, ed 110).
Um exemplo marcante do interesse feminino por esse tipo de produto é o do canal
GloboSat Sexy Hot, que partiu para a conquista das mulheres, ao reconhecer que precisavam
delas para crescer em número de vendas e de audiência. Esse foi o primeiro passo para a
criação de dois novos programas que seriam adicionados a faixa de programação, o Zona
Quente e o Boa de Cama, ambos apresentados por Carolyne Ferreira.
[...] curiosas e desejosas de apimentar a relação, buscando variedade na cama e
reconhecidamente detentoras do poder tanto de fazer a assinatura, como de cancelá-
la, elas inspiram a criação de novos programas que demoliram de vez o mito do
canal como reduto de homens sedentos por imagens fortes (Penteado, 2006, p.55).
De acordo com Sarracino e Scott (2008), produtoras de pornô feminino dizem que o
crescente mercado está conduzindo seu sucesso. E agora elas estão se esforçando para suprir a
demanda, enquanto cresce o número de websites e lojas do segmento direcionadas para esse
público-alvo.
Penteado acredita que o mercado erótico despertou para o público feminino e cresceu
devido a isso quando diz que “o efeito de suas demandas é perceptível na proliferação, mundo
afora, de filmes, iniciativas editoriais e acessórios eróticos que já não se dirigem ao
consumidor padrão – masculino e branco -, mas incorporam outras lógicas e referências de
prazer” (2006, p.18).
Basta observar as inúmeras publicações direcionadas ao público feminino que tratam
a sexualidade sob os diversos ângulos, sempre com muito destaque nas capas ou então
zappear os canais de televisão e descobrir programas como “Sex in the city”, um marco
importante na mudança do comportamento feminino em relação ao consumo de material
erótico. Pela primeira vez na televisão um programa exibia mulheres bem sucedidas e bonitas
que tratam sua sexualidade com muita naturalidade e sem tabus.
Isso também se deve ao fato da própria influência da mídia, que estimula a mulher a
conhecer melhor sobre sexualidade. Se você visualizar as dez maiores publicações
dirigidas ao público feminino verá em destaque palavras como: orgasmo, prazer,
tesão e sexo. É reflexo da gama de informações que chegam abertamente no dia-a-
dia das brasileiras (SHIROMA, 2008)
32
E a presença das mulheres não se restringe apenas ao consumo, elas estão por toda
parte, produzindo, dirigindo e roteirizando, como na série “Bliss”, que traz histórias picantes
focadas nos desejos e fantasias do universo feminino, e até coordenando a programação de
canais adultos (Ver Anexo A).
2.3 O produto: Filmes para mulheres
Segundo Williams (1989), apenas na década de 70 a mulher foi finalmente
classificada como público consumidor pela indústria de filmes adultos. “No entanto, ainda nos
anos 80, até mesmo quem estava dentro da indústria acreditava que elas simplesmente não
gostavam de pornografia, então, todo material era produzido tendo em vista somente os
homens” (SARRACINO; SCOTT, 2008, p. 187).
A primeira tentativa de atrair as mulheres trouxe à tona vários filmes tabelados como
female friendly, quando claramente não eram. Alguns deles, inclusive, foram feitos por
diretores que trabalhavam sob um pseudônimo feminino.
A entrada do ponto de vista feminino na indústria de entretenimento adulto se deu
efetivamente apenas quando a ativista americana Candida Royalle, então ex-atriz, procurava
empresas dispostas a colocar no mercado os filmes que ela planejava produzir, seguindo um
conceito ainda não explorado, filmes que acreditava que agradariam as mulheres.
A mais bem-sucedida tentativa de refazer o hard-core, é o trabalho da Femme
Productions, uma produtora de filmes adultos que começou em 1984 com Candida
Royalle, uma estrela do mainstream porn, que queria produzir ‘erotismo para casais
de um ponto de vista feminino’. (Willians, Hard Core, p. 250).
“Quando os aparelhos de videocassete se popularizaram, as mulheres ganharam a
privacidade de suas próprias casas para assistir. E percebi que esse era um mercado em que
ninguém estava prestando atenção” disse Royalle em entrevista para revista Época (2009,
Edição 569).
Então em 1984, ela criou sua própria produtora, a Femme Productions. Contudo,
logo no início, teve de enfrentar a resistência do mercado, quando se deparou com a
dificuldade de encontrar nomes dispostos a distribuir seus produtos. Mas em 1986 a Vídeo
Corporation of America (VCA) lançou três vídeos da Femme e a produtora estreante viu seu
negócio se popularizar e se tornar lucrativo.
Essa iniciativa foi responsável por conduzir uma revolução no mercado. Seguindo
essa mesma ideia, surgiu uma nova geração de diretoras. Cineastas como a sueca Erika Lust, a
alemã Petra Joy, a britânica Anna Span e a americana Tristan Taormino, apresentam
33
propostas que diziam adequar esse tipo de conteúdo à necessidade da mulher. Essa explosão
de filmes culminou na criação do Prêmio do Pornô Feminista, que hoje premia os melhores
filmes do ano e alcançou a marca de 40 finalistas na ultima edição.
Atualmente também é possível encontrar websites que possuem como foco principal
os ditos filmes para mulheres, como o Porn Movies For Women e o Hot Movies For Her, que
entre seus serviços, oferecem críticas das produções e vídeo demanda (VOD), que possibilita
o download mediante pagamento. Consequentemente, essa segurança e privacidade, tornam-
se atrativos para o público feminino.
De acordo com Buscato (2009), a essência dessa leva de filmes é um conteúdo
considerado novo – embora não haja consenso sobre como deveria ser. É preciso ressaltar que
coexistem diversas correntes de pornô feminino, que divergem entre si e guardam opiniões
bem particulares.
Outra característica desses filmes é a qualidade técnica das filmagens. A iluminação,
o jogo de câmeras, os cenários elaborados e, em alguns casos, os figurinos requintados
lembram os seriados de televisão (id). E devido a esse refinamento na produção, eles são mais
caros do que os tradicionais, se tomamos como base a indústria de filmes adultos. Em
entrevistas concedidas a revista Época, as produtoras Petra Joy e Candida Royalle relatam que
os custos vão de 8 até 20 vezes mais (Ver Anexo B e C) .
No entanto, todo esse investimento é feito pensando no público-alvo, uma vez que a
mulher é reconhecidamente bastante minuciosa, atenta e exigente.
À frente da produtora Strawberry Seductress, a diretora alemã radicada na Inglaterra
Petra Joy aposta em uma estética ainda mais artística. Os tons carregados,
conseguidos com filtros especiais e coloração na pós-edição, além de cenários e
figurinos fantasiosos, dão a suas produções uma atmosfera de sonho. “As mulheres
querem filmes bonitos, e não aquelas produções baratas, com homens e mulheres
sempre no mesmo quarto”, diz Petra (BUSCATO, 2009).
A preocupação com a estética percebida nessas produções é uma espécie de
atenuante, não um substituto para o sexo explícito. As produções para mulheres não são
necessariamente uma versão leve de pornografia. Nos filmes de Erika, há sexo
sadomasoquista e sexo grupal; e as relações são filmadas até o fim.
Para Joy (2008) a ideia de que homens são mais visuais que as mulheres, que ainda
persiste, é um mito. Ela acredita que as mulheres geralmente não gostam dos filmes
tradicionais porque não refletem suas fantasias e sexualidade, mas se identificariam com um
filme feminista.
34
Também é questionável se está realmente sendo produzido algo novo, uma vez que,
as produções de algumas diretoras, afinal, mostram closes e cenas bastante agressivas que
podem fazer um espectador desavisado acreditar estar assistindo a um filme adulto
convencional, ao ver os trabalhos da diretora britânica Anna Span, por exemplo, ou da
americana Tristan Taormino.
O argumento delas para justificar as semelhanças com a produção tida como
masculina desmonta, em parte, o discurso do femme porn. “Não dá para generalizar dizendo
que todas as mulheres se acendem com envolvimento emocional, e não com imagens
explícitas”, afirma Tristan. “Nem que todos os homens são visuais e não se excitam com
emoções” (2009, p.103-104).
Polêmicas e discordâncias a parte, o consenso é de que os filmes dirigidos à audiência
feminina podem ajudar a disseminar a ideia de que as mulheres também têm direito a esse
tipo de entretenimento. Afinal, é difícil para as mulheres se identificarem (e se interessarem)
com filmes nos quais são, em sua maioria, objetificadas e caricaturizadas, nos casos dos
filmes produzidos por homens e centrados nas preferências masculinas. Por isso, é tão
importante ter mais filmes adultos contados a partir do olhar feminino.
Pra resumir a história, pode-se colocar essas diretoras e empresárias do mercado
erótico entre as feministas que não tratam pornografia como algo a ser repudiado por
princípio e consideram a liberdade sexual fundamental para a liberdade das pessoas.
35
3. RESULTADOS
As metodologias utilizadas foram a pesquisa em fontes primárias e secundárias, de
onde foram coletados dados através de vasto referencial bibliográfico composto por livros,
revistas, publicações em periódicos científicos e sites, análise fílmica de algumas produções
do gênero estudado, além da aplicação de questionário.
O Instrumento de coleta de dados constou de sete perguntas fechadas. O questionário
foi aplicado para mulheres através do envio do mesmo por e-mail. Foi utilizado um mailing,
com 225 mulheres, das quais responderam apenas 62 (27,5%). A amostra pesquisada foi não-
probabilística e intencional, portanto, resultou em conclusões significativas (não
generalizáveis), aplicáveis a este estudo. Posteriormente os dados foram interpretados e
submetidos a uma análise qualitativa.
Este trabalho buscou explicitar os movimentos femininos dentro do mercado de filmes
adultos, sua atuação, a evolução dessa demanda, o nível de interesse dessa nova consumidora
de produtos eróticos e como a indústria de entretenimento adulto encara a mulher enquanto
público consumidor. A partir dos resultados obtidos nas pesquisas, em fontes primárias e
secundárias (Livros, revistas, institutos de pesquisa), é possível expor algumas contribuições
sobre o tema abordado.
Como se pôde ver, a indústria de filmes adultos nasceu em um contexto masculino e
excludente, no qual a mulher era apenas objeto de gozo desse público consumidor. Essa
centralidade exclusiva nos desejos e preferências dos homens nas primeiras fases dessas
produções, seguramente foi uma das causas para o afastamento do público feminino e o
consequente quadro de demanda negativa por parte das mulheres, que se configura quando
potenciais consumidores não gostam ou evitam determinado produto.
Também foi visto que somente décadas mais tarde do nascimento dessa indústria,
diante de uma necessidade de ampliação do próprio mercado, as mulheres foram efetivamente
encaradas como público consumidor. Foi quando o mercado de casais se expandiu
consideravelmente no começo dos anos 80 com o advento do gravador de vídeos caseiro
(VHS). O consumo doméstico dos filmes adultos revolve a ideologia machista ou, de outro
modo, patriarcal. A exibição de pornografia para um público predominantemente masculino
no cinema (na rua) se modifica quando transportado para o lar (a casa). Mesmo que os filmes
aparentemente visem o público masculino, nas locadoras eles estão à disposição de quem
queira alugar. Na privacidade do ambiente doméstico, o público feminino exerce o direito de
36
se constituir em público consumidor. Percebida a importância da conquista da mulher para
esse mercado, as produções timidamente mudaram seu foco visando atender as necessidades
específicas dessa demanda ou apenas oferecer um produto aceitável a esse público.
Dado esse reposicionamento, a mudança de comportamento das mulheres em relação
ao consumo e a sua sexualidade e a ampliação das ofertas de produtos do mercado erótico, a
entrada do ponto de vista feminino na produção de filmes, a conseqüência natural é a saída
desse quadro de demanda negativa.
Esse universo de entretenimento adulto e especificamente de filmes não é mais
exclusivamente masculino como mostra a pesquisa realizada no ano de 2004, pelo canal Sexy
Hot em parceria com IBOPE, ao constatar que 1/3 dos interessados por conteúdo adulto eram
mulheres, além disso, a proporção dos que declaravam alugar fitas de conteúdo adulto era
maior entre elas.
Outro dado que aponta para isso é o levantamento feito pela Brigham Young
University, nos Estados Unidos, com estudantes de seis universidades do país, que indica que
quase metade das estudantes assistiu algum tipo de filme ou série erótica nos últimos doze
meses.
Em outro estudo, realizado pela Nielsen Net Ratings, foi detectado que, em um ano
(entre 2004 e 2005), cresceu em 30% o número de mulheres usuárias de conteúdo
pornográfico pela internet (de 1 milhão para 1,4 milhão).
Já nos Estados Unidos, Playgirl TV e Impulse TV, os primeiros canais adultos pay-
per-view para mulheres, atingiram a marca de 15 e 5 milhões de lares no ano de 2007,
respectivamente, sendo 60% destes assinantes do sexo feminino.
37
Hoje, definitivamente, há mais mulheres interessadas em conteúdo adulto, ou pelo
menos, assumindo mais esse interesse. E esses dados, de certa forma, legitimam essa
impressão.
Os homens eram os maiores alvos desse mercado e correspondiam a grande parte das
compras, mas as mulheres inverteram essa situação. Na direção contrária da denúncia
feminista sobre os efeitos do pornográfico em suas diferentes versões, as mulheres tem
consumido cada vez mais os bens ofertados por esse mercado altamente globalizado. Em
1997, elas eram responsáveis por apenas 5% da demanda. Hoje, elas já somam de 70% a 80%
do público consumidor em um mercado que registra faturamento de R$ 800 milhões anuais,
segundo dados fornecidos pela Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico
(ABEME).
(Você já esteve em uma Sex Shop?)
Pode-se, então, apontar como alguns dos fatores que aproximaram a mulher do
consumo de produtos eróticos e especificamente de filmes adultos: a sua presença nos espaços
públicos e a conseqüente autonomia financeira e emocional, a liberação sexual, os modelos de
comportamento produzidos à vida privada pela cultura de massa e viabilizados pelos
diferentes veículos de comunicação, com a proliferação de produtos editoriais como revistas,
onde os temas abordados sobre sexo estão sempre em destaque.
A invasão do sexo na TV e na Internet, o relativo abafamento da retórica pornô anti-
feminista e a popularidade de programas como Sex in The Cit, Bliss, Boa de cama e outros
também podem ter muita responsabilidade por trazer mais mulheres para a audiência dessas
produções.
Hoje, elas estão mais familiarizadas com o erotismo e a pornografia, buscam uma
vida sexual sem segredo, assistem mais a vídeos e programas com a temática sexual,
frequentam sex shops e falam mais abertamente sobre sexo.
(Quando foi a última vez que você assistiu a um vídeo, filme, série ou programa de TV com conteúdo
erótico/pornográfico ou em que Sexo fosse sua temática principal?)
Sim 41 66%
Não 21 34%
Ontem 16 26%
38
(Com que frequência você assiste a vídeos, filmes, séries e/ou programas de TV com conteúdo
erótico/pornográfico ou em que Sexo seja sua temática principal?)
A Internet foi um dos principais fatores de abertura para o acesso do público
feminino e é o meio que as mulheres mais utilizam para encontrar conteúdo adulto. Hoje a
grande maioria desse público (consumidor ou potencial) está incluído digitalmente e, segundo
dados coletados pela Nielsen (EUA), elas já representam 30% da audiência dos filmes adultos
na internet. Enquanto em terras brasileiras, 28% do público dos sites adultos é feminino.
Sendo assim, o Video on Demand (VoD) passa a ser uma excelente alternativa para
ampliar os investimentos, uma vez que além de oferecer segurança e privacidade para as
consumidora, corta custos de produção e distribuição para quem produz. A rede proporciona
a facilidade para buscar produções e conteúdos que as agradam mais.
Quais meios você utiliza para encontrar esse tipo de conteúdo?
As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%.
Há poucos dias 22 35%
Há uma semana 8 13%
Há um mês 6 10%
Há 3 meses 5 8%
Há 1 ano 5 8%
Frequentemente 25 40%
De vez em quando 25 40%
Raramente 12 19%
Internet (Streaming, downloads) 46 74%
Tv por assinatura 27 44%
Videolocadoras (DVDS, VHS) 7 11%
Revistas 0
39
Em segundo lugar como meio de acesso a esse conteúdo está a TV por assinatura, no
qual se verificou no ano de 2004 que, a cada minuto, no canal GLOBOSAT Sexy Hot, em
dias de semana, cerca de 30% do total de assinantes ligados no canal eram mulheres e no
horário nobre (das 19h à 1h), a participação feminina atingia 40%. Enquanto nos finais de
semana as mulheres equilibram ou ultrapassam os homens na audiência.
Perante isso, produtoras e canais de televisão não podem ficar alheios ao peso da
mulher enquanto consumidora. À medida que elas passam a cada vez mais consumir produtos
que antes eram rigorosamente “masculinos”, nesse caso conteúdo adulto, obriga os
estrategistas a observarem com mais atenção esse público. O primeiro passo já foi dado, são
os programas para mulheres dentro dos canais de TV por assinatura.
Perfil Sexy Hot (Público do canal em
março (em %) durante horário nobre)
[Ibope Teleport]
16
51
84
49
0 20 40 60 80 100
Sabado
Domingo
Homem Mulher
Também aumentou a percepção de que canais adultos não são redutos masculinos. O
crescimento da presença de mulheres nesse universo talvez seja uma das razões para esse
movimento.
40
Parece claro afirmar que o velho pensamento herdado ao longo das décadas de
existência dessas produções, de que os filmes adultos são parte de um universo estritamente
masculino, reflete diretamente na percepção das mulheres sobre os mesmos. A maioria das
mulheres ainda acredita que as produções são feitas nos velhos moldes masculinos, não se
identificam com o conteúdo, nem expressam sua sexualidade.
Essa percepção tem reflexo direto no desconhecimento (ou falta de conhecimento)
sobre a existência de filmes adultos direcionados as preferências do público feminino. Por sua
vez, esse desconhecimento passa a ser um obstáculo para o sucesso desse mercado,
principalmente no Brasil, já que afeta a procura pelo produto.
(Você acredita que os filmes adultos mostram o que a mulher quer realmente assistir ou os homens ainda são o
principal alvo?)
(Já ouviu falar em Femme Porn – (Filmes adultos para mulheres)?)
Sim 2 3%
Não 60 97%
Sim 16 26%
Não 46 74%
41
Baseado na teoria e nos dados coletados constata-se que o público feminino não se
caracteriza como um grupo homogêneo, atendido especificamente por apenas um único tipo
de produto, nesse caso a um tipo específico de filme, muito menos se resume apenas ao
oposto das preferências masculinas, e esse ponto necessita de um cuidado especial. Na
verdade esse grupo se subdivide em outros menores que partilham de gostos particulares, e
para satisfazer a essa demanda, é preciso oferecer diversidade, afinal, o repertório de desejos,
fantasias e preferências femininas é tão diverso quanto do homem. Embora o mercado vise a
unificação e padronização dos desejos, a segmentação passa a ser um caminho para o sucesso.
(Os filmes são divididos em duas grandes categorias. Qual você prefere?)
(As produções eróticas hoje em dia podem ser divididas em vários sub-gêneros. Quais você prefere?)
As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%.
(Por sua vez, os produtos hard core se dividem em outras sub-categorias: Qual ou quais
você mais gosta?)
Soft core (Mais leves) 17 27%
Hard core (Mais explícitos) 8 13%
Não tenho uma preferência 37 60%
Hetero 40 77%
Casal 25 48%
Lésbico 15 29%
Gay 2 4%
Bissexual 10 19%
Travesti 2 4%
Gonzo 10 19%
Amador 11 21%
BDSM (Sadomasoquismo) 9 28%
Fetichismo (EX: Pés, sapatos...) 19 59%
Gang Bang 8 25%
Bizarro 1 3%
Outro 1 3%
42
As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%.
Por isso é preciso estar atento. Monitorar freqüentemente o público e todo o contexto
na qual ele se encontra, pois a mudança de comportamento é constante. Estas variações abrem
portas para futuros trabalhos que possibilitem estudos mais aprofundados sobre grupos
específicos relacionados ainda a determinados segmentos do mercado.
No que se refere ao mapa das produções femininas, verificou-se que elas se
concentram na Europa e nos Estados Unidos, enquanto no Brasil, ainda não há diretoras que
se intitulem feministas ou produtoras (empresas) de filmes adultos que se dirijam
exclusivamente às mulheres.
Segundo matéria publicada na revista Época edição 569 do ano de 2009, por
enquanto, mesmo nos Estados Unidos, que lidera o ranking de faturamento e lançamento de
novos títulos, esse mercado ainda é minúsculo. Contam-se dezenas de produções anuais,
contra 13 mil títulos tradicionais, e um faturamento de US$ 4,5 bilhões.
E mesmo vinte anos após a fundação da primeira produtora de filmes adultos
direcionada ao público feminino, a Femme Productions, ainda existem poucas diretoras na
indústria e pouquíssimas companhias que tenham feito concorrência a ela.
Há que se considerar que esse mercado (filmes adultos) ainda tem no homem a figura
do seu grande consumidor. Afinal, eles ainda são maioria, representam cerca de 80% dos
consumidores, entre 35 e 60 anos, conforme a Associação Brasileira do Mercado Erótico
(Abeme). Isso pode continuar para sempre ou mudar, porém qualquer previsão a partir daqui
seria meramente especulativa e baseada na intuição.
No momento, o pornô feminista tem importância simbólica. Ele assinala mais uma
etapa de mudança no comportamento das mulheres, além da quebra da reserva de um mercado
tradicionalmente dominado por homens e deve chamar atenção das produtoras para esse
público potencial.
Mas sem nenhuma dúvida, é possível afirmar que as mulheres alcançaram um nível
de destaque dentro dessa indústria.
É preciso ressaltar que de forma geral, o objetivo principal dessas produções é o
entretenimento, isto é, proporcionar uma experiência ao público sob o ponto de vista
feminino. Não há em nenhum momento a intenção de oferecer um produto
instrutivo/educativo, como é o caso de outros programas. Nas tramas femininas, busca-se
proporcionar o prazer da mulher e a realização das suas fantasias. Os roteiros são mais
elaborados, a qualidade técnica é superior a dos filmes tradicionais, e as atrizes não têm
43
aparência de mulher de filme pornô, sem silicone nem maquiagem carregada. Fica claro
também que cada diretora/produtora reserva certas particularidades em seus trabalhos e se
diferenciam umas das outras.
Candida Royalle, por exemplo, pioneira na produção de filmes para mulheres no
início da década de 80, defende mais sensualidade que sexo explícito, seus filmes são
considerados mais leves e ela procura atrizes que as mulheres possam se identificar, isto é, seu
casting busca corpos naturais, que não sejam modificados.
Por sua vez, a alemã Petra Joy, diretora da Strawberry Seductress, prefere usar
pessoas comuns no lugar dos atores e capricha na plasticidade de suas produções, com
figurinos e cenários bem elaborados e uma precisa direção artística que muitas vezes têm
visual onírico.
A americana Tristan Taormino é a mais ousada das diretoras femininas. Seus filmes
excedem em cenas de sexo explícito. Ela usa um estilo reality show para humanizar os atores.
Também com um perfil mais ousado, a britânica Anna Span, diretora da Easy on the
Eye, possui um estilo considerado agressivo por algumas cineastas feministas. Utiliza closes e
ângulos de câmera do ponto de vista feminino.
A sueca Erika Lust, diretora da Lust Films, aposta na qualidade técnica das filmagens
e em bons roteiros. Ela persegue um padrão que chama de Sex and the City com sexo
explícito.
Apesar das diferenças, todas colaboram com o crescimento da participação feminina
nesse mercado, uma vez que direcionam seu trabalho ás preferências do público e sabem o
que oferecer a ele. Além disso, abrem o caminho para novas profissionais que desejam se
lançar nesse território do entretenimento adulto.
44
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Não é um caminho fácil para a consolidação do mercado de filmes adultos para o
público feminino. Trata-se de um produto altamente segmentado que exige ser tratado com
sutileza digna do manejo de uma ogiva nuclear, por exemplo, inclusive pelo potencial
explosivo do seu conteúdo. Ainda é um terreno novo e cheio de armadilhas, por tanto, toda
atenção é bem vinda, para que erros não sejam cometidos.
É incontestável o fato de que o mercado feminino ainda é pequeno, mas percebe-se
que está em pleno crescimento e pela mesma razão que todos os mercados crescem, começou
a produzir o tipo de produto que o público consumidor, no caso as mulheres, querem
comprar.
A relativa escassez da presença feminina na produção/direção não impede que elas
gostem e consumam o que é produzido e dirigido por homens; no entanto, mostra as
dificuldades enfrentadas pelas mulheres para entrar no campo e expandir-se.
Em outras palavras, o argumento aqui não recai sobre a concepção de que filmes,
vídeos e programação de TV produzidos e/ou dirigidos por mulheres vão necessariamente
gerar produtos que atraiam mais o público feminino que o masculino. No entanto, após
observar a repercussão do trabalho realizado por Candida Royalle e todas que a sucederam,
pode-se sugerir que mulheres que produzem esse tipo de material, possivelmente irão
aumentar as condições e contribuir para o ambiente em que outras se sintam confortáveis para
criar e assistir.
Desta forma, o que realmente importa é se esse conteúdo será produzido, distribuído
e recebido de uma maneira que contribua para o acesso das mulheres ás mais diversas
produções.
Sendo assim, acredita-se que a legitimação do gênero ajudará a produzir a percepção
de que os desejos femininos devem ser especificamente direcionados e o surgimento de novas
produtoras com esse objetivo reforçará essa ideia. No Brasil ainda não há produções
orientadas especificamente para esse público ou diretoras que se intitulem feministas,
contudo, essa onda de filmes para mulheres pode inspirar um movimento semelhante no país.
Por fim recomenda-se a continuidade da pesquisa, dada a sua abrangência, atingindo
diversos campos de conhecimento, como a antropologia visual, as ciências sociais, a filosofia,
o cinema e o marketing. Além da mudança de modelos mentais, a quebra de paradigmas e
necessidade da manter uma discussão bastante atual.
45
5. REFERÊNCIAS
ABREU, Nuno César. O Olhar Pornô, Campinas, Mercado das Letras, 1996.
BARLETTA, Marta. Como as mulheres compram. São Paulo: Negócio Editora, 2003.
BUSCATO, Marcela; COLAVITTI, Fernanda. Pornô feito por mulheres para mulheres.
Revista Época. São Paulo, n 569, p. 99-104, abril de 2009.
ERHARDT, Marta. Meninas também entram. A tarde , Disponível em:
<http://www3.atarde.com.br> Acesso: em 16 nov. 2009.
GABLER, Neal, Vida, o Filme – Como o entretenimento tomou conta da realidade, São
Paulo, Companhia das Letras, 1999.
GIFFIN, Karen Mary . Nosso corpo nos pertence: a dialética do biológico e do social. Revista
Saúde Pública, Disponível em:< http://www.scielo.br >.Acesso em 20 de nov. 2009.
HUNT, Lynn, Obscenidade e as origens da Modernidade. In HUNT, Lynn (org.), A
invenção da Pornografia: Obscenidade e as Origens da Modernidade, São Paulo: Hedra,
1999.
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15220,00-PETRA+JOY+ESTAMOS+LUTANDO+POR+LIBERDADE+SEXUAL.html>.
Acesso em: 18 de set. 2009.
KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 12. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2006
LEITE JÚNIOR, Jorge, Das Maravilhas e prodígios sexuais: a pornografia “bizarra” como
entretenimento, São Paulo: Annablume, 2006.
LORENTE, Maria. A indústria clandestina do sexo. Abril de 2007. Disponível em:
<http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/04/378453.shtml>. Acesso em: 12 set.
2009.
LORIA, Ana, 1-2-3 Be a Porn Star!, Malibu, Infonet Publications, 2000.
LUST, Erika. Disponível em: < http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI68075-
15220,00-VIVEMOS+NUMA+SOCIEDADE+PORNOFICADA.html>. Acesso em: 18 de
set. 2009.
PENTEADO, J. Roberto Witaker. Sexy Hot um Caso de Sucesso. São Paulo: GloboSat,
2006.
POPCORN, Faith; MARYGOLD, Lys. Eveolution: The Eight Truths of Marketing to
Women. Nova York: Hardcover, 2000.
46
ROCCO, Nelson. O mercado de filmes eróticos. Agosto de 2009. Disponível em: <
http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI86728-17180,00-
O+MERCADO+DE+FILMES+EROTICOS.html>. Acesso em: 23 de set. 2009.
ROCCO, Nelson. Indústria de produtos eróticos não para de crescer. Agosto de 2009.
Disponível em: <http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI88990-17180,00-
INDUSTRIA+DE+PRODUTOS+EROTICOS+NAO+PARA+DE+CRESCER.html>. Acesso
em: 21 de set. 2009.
ROYALLE, Candida. Disponível em :
<http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI67802-15220,00-
CANDIDA+ROYALLE+QUERO+QUE+OS+HOMENS+ASSISTAM.html>. Acesso em: 18
de set. 2009.
SAMARA, Beatriz; MORSCH, Marco Aurélio. Comportamento do consumidor: conceitos
e casos. São Paulo: Prentice Hall, 2005.
SARRACINO,Carmine; SCOTT, Kevin. The porning of America: the rise of porn culture,
what it means, and where we go from here: Beacon Express, 2008.
SIMÕES, Kátia.Quer vender mais? Aposte nas mulheres. Revista Pequenas Empresas
Grandes Negócios, São Paulo, n.212, p.44-55, setembro 2006.
SPAN, Anna. Disponível em: < http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI67809-
15220,00ANNA+SPAN+MULHERES+QUE+NAO+GOSTAM+DE+PORNO+NAO+VIRA
M+OS+FILMES+CERTOS.html>. Acesso em: 18 de set. 2009.
VAISMAN, Magda. Mídia e Sexo: mulheres consomem, cada vez mais, programas e
produtos eróticos. Olhar Virtual, Rio de Janeiro, n 110. Abr. 2006. Disponível em:
http://www.olharvirtual.ufrj.br/2006/index.php?id_edicao=110&codigo=4. Acesso em: 18 de
Out de 2009
WILLIAMS, Linda. Hard core: power, pleasure, and the "frenzy of the visible", California:
University of California Press, 1999.
47
APÊNDICE A – Questionário aplicado na pesquisa
Qual sua faixa etária? * (Item obrigatório)
16 – 21
15 – 24
30 - 35
31 – 40
Acima de 40
Estado Civil?
Solteira
Casada
Divorciada, Desquitada, Separada
Viúva
Outros
Grau de escolaridade?
Ensino Fundamental: de 1ª a 4ª série.
Ensino Fundamental: de 5ª a 8ª série.
Ensino Médio.
Superior.
Especialização/Pós-Graduação
Mestrado
Doutorado
Pós-Doutorado
Você já esteve em uma Sex Shop?
Sim
Não
Se sim, com que frequência você costuma ir a uma Sex Shop?
Sempre que posso
De vez em quando
Raramente
Quando foi a última vez que você assistiu a um vídeo, filme, série ou programa de TV
com conteúdo erótico/pornográfico ou em que Sexo fosse sua temática principal?
Ontem
Há poucos dias
Há uma semana
Há um mês
Há 3 meses
Há 1 ano
Com que frequência você assiste a vídeos, filmes, séries e/ou programas de TV com
conteúdo erótico/pornográfico ou em que Sexo seja sua temática principal? *
48
Frequentemente
De vez em quando
Raramente
Na companhia de quem você costuma assistir? *
Sozinha
Acompanhada do(a) parceiro(a)
Com amigos(as)
Quais meios você utiliza para encontrar esse tipo de conteúdo? *
Internet (Streaming, downloads)
Tv por assinatura (SexyHot, Private, Multishow, GNT, Venus...)
Videolocadoras (DVDS, VHS)
Revistas
Os filmes são divididos em duas grandes categorias. Qual você prefere? *
Soft core (Mais leves)
Hard core (Mais explícitos)
Não tenho uma preferência, gosto das duas
As produções eróticas hoje em dia podem ser divididas em várias sub-gêneros. Quais
você prefere?
Heterossexual
Casal
Lésbico
Gay
Bissexual
Travesti
Gonzo (Estilo reality)
Amador
Por sua vez, os produtos hard core se dividem em outras sub-categorias: Qual ou quais
você mais gosta?
BDSM (Sadomasoquismo)
Fetichismo (EX: Pés, sapatos...)
Gang Bang
Bizarro
Outro:
O que mais te agrada nessas produções? *
Um enredo, roteiro ou história envolvente
49
Qualidade técnica (Boa direção de arte, iluminação, som, edição)
Atores e Atrizes bonitos
As cenas de sexo
Em ordem Crescente, (de 1 a 5) pra você o quanto influencia a QUALIDADE TÉCNICA
nesse tipo de produção? Por exemplo, uma boa direção de arte, de fotografia e edição
1 2 3 4 5
Pouco Muito
Em ordem Crescente, (de 1 a 5), diga o quanto pra você é importante o ENREDO nesse
tipo de produção?
1 2 3 4 5
Pouca Importância Muita importância
Em ordem Crescente, (de 1 a 5) pra você o quanto influencia a presença de
atores(homens) bonitos
1 2 3 4 5
Pouco Muito
Você acredita que os filmes, vídeos e series do gênero erótico/pornográfico mostram o
que a mulher quer realmente assistir? *
Sim
Não. O alvo principal deles ainda são os homens
Já ouviu falar em Femme Porn (Filmes feitos por mulheres para mulheres) ?*
Sim
Não
Comente sobre os aspectos que você gosta e que não gosta nessas produções. * (Pergunta
Aberta)
50
APÊNDICE B - Dados coletados através da aplicação da pesquisa
Qual sua faixa etária?
Estado Civil
Grau de Escolaridade
16 - 21 15 24%
22 - 30 35 56%
31 - 40 10 16%
Acima de 40 2 3%
Solteira 47 76%
Casada 8 13%
Divorciada, Desquitada,
Separada
5 8%
Viúva 0 0%
Outros 2 3%
Nenhuma 0 0%
Ensino Fundamental: de 1ª a 4ª série. 0 0%
Ensino Fundamental: de 5ª a 8ª série. 0 0%
Ensino Médio. 7 11%
Superior. 47 76%
Especialização/Pós-Graduação 7 11%
Mestrado 1 2%
Doutorado 0 0%
Pós-Doutorado 0 0%
51
Você já esteve em uma Sex Shop?
Se sim, com que frequência você costuma ir a uma Sex Shop?
Quando foi a última vez que você assistiu a um vídeo, filme, série ou programa de TV
com conteúdo erótico/pornográfico ou em que Sexo fosse sua temática principal?
Com que frequência você assiste a vídeos, filmes, séries e/ou programas de TV com
conteúdo erótico/pornográfico ou em que Sexo seja sua temática principal?
Sim 41 66%
Não 21 34%
Sempre que posso 2 6%
De vez em quando 13 36%
Raramente 21 58%
Ontem 16 26%
Há poucos dias 22 35%
Há uma semana 8 13%
Há um mês 6 10%
Há 3 meses 5 8%
Há 1 ano 5 8%
Frequentemente 25 40%
De vez em quando 25 40%
Raramente 12 19%
52
Na companhia de quem você costuma assistir?
As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%.
Quais meios você utiliza para encontrar esse tipo de conteúdo?
As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%.
Os filmes são divididos em duas grandes categorias. Qual você prefere?
As produções eróticas hoje em dia podem ser divididas em várias sub-gêneros. Quais
você prefere?
Sozinha 40 65%
Acompanhada do(a) parceiro(a) 22 35%
Com amigos(as) 6 10%
Internet (Streaming, downloads) 46 74%
Tv por assinatura 27 44%
Videolocadoras (DVDS, VHS) 7 11%
Revistas 0
Soft core (Mais leves) 17 27%
Hard core (Mais explícitos) 8 13%
Não tenho uma preferência 37 60%
Hetero 40 77%
Casal 25 48%
Lésbico 15 29%
53
As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%.
Por sua vez, os produtos hard core se dividem em outras sub-categorias: Qual ou quais você
mais gosta?
As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%.
Em ordem Crescente, (de 1 a 5) pra você o quanto influencia a QUALIDADE TÉCNICA
nesse tipo de produção? Por exemplo, uma boa direção de arte, de fotografia e edição
Em ordem Crescente, (de 1 a 5), diga o quanto pra você é importante o ENREDO nesse
tipo de produção?
Você acredita que os filmes, vídeos e series do gênero erótico/pornográfico mostram o
que a mulher quer realmente assistir?
Gay 2 4%
Bissexual 10 19%
Travesti 2 4%
Gonzo 10 19%
Amador 11 21%
BDSM (Sadomasoquismo) 9 28%
Fetichismo (EX: Pés, sapatos...) 19 59%
Gang Bang 8 25%
Bizarro 1 3%
Outro 1 3%
1 - Pouco 2 4%
2 0 0%
3 15 26%
4 20 35%
5 - Muito 20 35%
1 - Pouca Importância 5 9%
2 7 12%
3 13 23%
4 14 25%
5 - Muita importância 18 32%
Sim 2 3%
Não. 60 97%
54
Já ouviu falar em Femme Porn (Filmes feitos por mulheres para mulheres)
ANEXO A – As mulheres assumem posições em um mercado historicamente
masculino
Sim 16 26%
Não 46 74%
55
56
ANEXO B – Entrevista concedida pela cineasta Petra Joy a revista Época
Petra Joy, uma alemã radicada no Reino Unido, abandou 20 anos de carreira nos bastidores da
televisão para encabeçar o que ela chama de uma revolução sexual. Petra, de 45 anos, é uma
das diretoras que têm se dedicado a produzir filmes pornôs para mulheres. “Nos meus filmes,
elas são o centro das atenções. Não os homens”, afirma a diretora de Feeling it! Not Faking it
(Sentindo, não fingindo).
ÉPOCA – Quais são os diferenciais dos seus filmes?
Petra – Só mostramos sexo seguro. Também não filmo com atrizes pornôs, mas com pessoas
comuns. E todo mundo vivencia no meu set apenas o que quer. Faço os filmes com muita
responsabilidade, amor e cuidado. Todo mundo se torna amigo, forma uma pequena família.
Digo que não faço pornô feminista, mas pornô humanista. Todo mundo é tratado com o maior
respeito. Recebo muitos e-mails de pessoas que assistiram ao making-of dos DVDs e elas
escrevem “Vocês parecem ser tão próximos, parece que todo mundo está curtindo”. E isso é
verdade. Acho que conseguimos transmitir isso.
ÉPOCA – Seus filmes são muito caros?
Petra – Para mim, eles são muito caros. Não tenho investidores e patrocinadores, tenho que
emprestar dinheiro do banco. Gasto em cada um dos meus filmes cerca de 40 mil euros, o que
é caro para um filme adulto, que normalmente custa 5 mil euros. Até agora não tive lucro.
Mas não faço isso pelo dinheiro. Faço isso pela revolução sexual.
ÉPOCA – A senhora já teve vontade de participar de algum de seus filmes?
Petra – Eu sou uma voyer, não uma exibicionista. Já mostro tantos dos meus sentimentos no
meu trabalho, tanto de mim se torna público, que preciso manter alguma coisa privada.
57
ANEXO C – Entrevista concedida pela produtora Cândida Royalle a revista
Época
A americana Candida Royalle foi uma das primeiras mulheres a se sentar na cadeira de diretor
em um set de filme pornográfico. Em 1984, ela fundou sua própria produtora, a Femme
Productions, para fazer os filmes que ela gostaria de ter feito quando era uma atriz pornô.
Filmes que respeitassem as mulheres e seu direito ao prazer. Seus primeiro sucesso foi
Femme. Hoje, aos 58 anos, ela continua à frente de sua produtora e planeja distribuir nos
Estados Unidos o trabalho de uma nova geração de diretoras europeias que faria jus a seu
legado no mundo do entretenimento adulto. De sua casa de campo, nos arredores de Nova
York, Candida falou com ÉPOCA por telefone.
ÉPOCA – A senhora foi uma pioneira do pornô para mulheres. Sente-se orgulhosa da
nova geração de diretoras feministas?
Candida – Sinto-me muito orgulhosa, claro. Há algumas mulheres na Europa que estão
fazendo coisas muito inovadoras, como a alemã Petra Joy, da Strawberry Seductress, e a
sueca Erika Lust, da Lust Films. Mas estou um pouco desapontada porque o trabalho de
algumas mulheres que estão entrando no mundo dos filmes adultos não é assim tão diferente
do pornô comum. Alguns desses filmes são um pouco grosseiros e muito explícitos. É difícil
ver alguma diferença em relação aos pornôs comuns. E isso é muito irritante. Infelizmente,
algumas pessoas acham que apenas colocar o nome de uma mulher como diretora torna o
filme feminista.
ÉPOCA – Os homens também gostam dos seus filmes?
Candida – Meus filmes são assistidos por casais e a maioria dos homens realmente gosta
deles. Recebo mensagens de vários homens dizendo que preferem o meu tipo de filme, me
agradecendo. Os homens são mais íntegros e mais interessados em filmes eróticos e bem
feitos do que se acredita. Eu preferia que rapazes vissem o tipo de filme que eu faço porque
eles vão aprender os papéis sexuais de uma maneira muito mais positiva. São filmes que
mostram intimidade entre pessoas reais, que se respeitam. Até sexólogos usam meu trabalho.
Mostro pessoas usando preservativo quando não estão interpretando personagens casados.
ÉPOCA – É mais caro fazer filmes para mulheres?
Candida – Leva tempo para fazer um filme bonito e tempo custa dinheiro. Provavelmente
faço os filmes mais caros disponíveis. Eles custam entre US$ 55 mil e US$ 100 mil. Para os
padrões de Hollywood é troco, mas na indústria adulta de entretenimento as pessoas estão
usando algo entre US$ 5 mil e US$ 30 mil.

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Filmes adultos femininos mercado crescente

  • 1. 9 UNIVESIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL: RADIALISMO Filmes adultos para mulheres: A crescente presença feminina no mercado de filmes adultos ANDERSON LEONARDO DE CASTRO SEABRA Natal 2009
  • 2. 10 UNIVESIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL: RADIALISMO Filmes adultos para mulheres: A crescente presença feminina no mercado de filmes adultos ANDERSON LEONARDO DE CASTRO SEABRA Monografia apresentada junto ao curso de Comunicação Social: Radialismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na área de produção audiovisual, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel. Orientador: Prof. Ronaldo Mendes Neves Natal 2009
  • 3. 11 UNIVESIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL: RADIALISMO Filmes adultos para mulheres: A crescente presença feminina no mercado de filmes adultos ANDERSON LEONARDO DE CASTRO SEABRA Monografia apresentada junto ao curso de Comunicação Social: Radialismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na área de produção audiovisual, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel. Orientador: Prof. Ronaldo Neves Mendes COMISSÃO EXAMINADORA Orientador: Prof. Ronaldo Mendes Neves Prof: Ruy Alckmin Rocha Filho Luís Roberto Rossi Del Carratore Natal 2009
  • 4. 12 Agradecimentos Agradeço a meu orientador, Prof. Ronaldo Neves, pelo apoio e atenção dispensados ao projeto. Agradeço também a Mirna Schleder e Antonia Canto, profissionais que prontamente colaboraram com dados importantes para o enriquecimento do estudo.
  • 5. 13 Dedicatória Aos meus pais, Lenilson e Leocadia, pela oportunidade que sempre me deram de ter o melhor, imenso amor e paciência. À Raivich Alves pelo incentivo e por respeitar, acompanhar e apoiar minhas escolhas.
  • 6. 14 Resumo Nas últimas décadas, o comportamento da sociedade em relação ao mercado erótico passou por mudanças radicais. E à medida que os novos meios de comunicação de massa ampliam e intensificam oportunidades de acesso a diversos produtos culturais, o sexo passa a ser um dos produtos que movimenta grandes investimentos. Nesse contexto de moderno hedonismo, as mulheres adotam posições anteriormente impensáveis, de objeto de desejo e consumo da população masculina, passando a serem também produtoras e consumidoras desses produtos. Esse estudo vem contribuir para a compreensão desse fenômeno recente. Com a proposta de analisar a produção de filmes adultos voltados para o público feminino e a demanda do mesmo, o trabalho investiga o chamado negócio do entretenimento para adultos para revelar algumas particularidades. Trata-se enfim, de conhecer uma segmentação de mercado que supõe sexo como um produto cultural e uma diversão. As metodologias utilizadas foram a pesquisa em fontes primárias e secundárias, através da utilização de um variado referencial bibliográfico e aplicação de questionário. Como resultado espera-se ampliar os estudos sobre o mercado erótico. Palavras-Chaves: Produção Audiovisual, Filmes adultos, Público feminino.
  • 7. 15 Abstract In the last decades, society's behavior in regards to the adult industry changed drastically, and as the new mass media grows, intensifying access to a variety of cultural subjects and modifying our social relations, sex becomes one of the products that fuels large investments. Under this concept of modern hedonism, women assume positions previously inconceivable, from a mere object of the male desire and consumption, they became producers as well as consumers. This study is an attempt to contribute to the comprehension of this new phenomenon. With the purpose of analyzing the production of adult films focused on the female audience and its demand, the project investigates the so-called adult entertainment business in order to reveal some peculiarities from inside the industry. Finally, the study focuses on learning about a segment of the market that thinks of sex as a cultural product and a form of entertainment. The used methods were the research in primary and secondary sources, through the use of a variety of bibliographical references and a questionnaire. As a result it is hoped that the studies on the adult entertainment market are broaden. Keywords: Multimedia Production, adult content, female audience
  • 8. 16 Sumário Sumário.....................................................................................................................................16 INTRODUÇÃO........................................................................................................................17 JUSTIFICATIVA.....................................................................................................................18 OBJETIVOS.............................................................................................................................18 Objetivo geral ...........................................................................................................................19 Objetivos específicos................................................................................................................19 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................................19 2.1 MIDIA ................................................................................................................................20 2.1.1 Os filmes adultos .........................................................................................................22 2.1.2 O gênero adulto e suas subdivisões.............................................................................23 2.2 MARKETING ....................................................................................................................25 2.2.1 O mercado Internacional .............................................................................................25 2.2.2 O mercado nacional.....................................................................................................27 2.2.2.1 A segmentação de mercado como estratégia de marketing..................................28 2.2.2 O PÚBLICO FEMININO........................................................................................29 2.2.3 A mulher e o mercado erótico .................................................................................30 2.3 O produto: Filmes para mulheres ...................................................................................32 3. RESULTADOS ....................................................................................................................35 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................44 5. REFERÊNCIAS ...................................................................................................................45 APÊNDICE A – Questionário aplicado na pesquisa........................................................47 APÊNDICE B - Dados coletados através da aplicação da pesquisa ..............................50 ANEXO A – As mulheres assumem posições em um mercado historicamente masculino ..........................................................................................................................................54 ANEXO B – Entrevista concedida pela cineasta Petra Joy a revista Época ....................56 ANEXO C – Entrevista concedida pela produtora Cândida Royalle a revista Época .....57
  • 9. 17 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas o comportamento da sociedade em relação ao mercado erótico, sobretudo filmes adultos1 , tem passado por mudanças radicais. À medida que os novos meios de comunicação de massa (internet, TV a cabo, entre outros) ampliam e intensificam oportunidades de acesso a diversos produtos culturais, modificando expressivamente as nossas relações sociais cotidianas, neste ‘supermercado cultural’ (Hall, 2003), o erotismo passa a ser um dos produtos que movimenta grandes investimentos. E embora não seja classificado como um produto comum, acrescenta apelo de consumo, estimula necessidades, desejos e aspirações imaginárias, além de assegurar sentimentos transitórios de bem estar. Nesse contexto de moderno hedonismo, as mulheres adotam posições anteriormente impensáveis, de objeto de desejo e consumo da população masculina, passando a serem igualmente produtoras e consumidoras. As mulheres, que sempre estiveram na frente das câmeras nos sets de filmes adultos, como atrizes, agora estão atrás das câmeras, no papel de produtoras, diretoras, roteiristas e etc. Elas seguem um conceito pouco explorado por esse mercado, o de produzir conteúdo direcionado ao público feminino. Mas esta nova onda de filmes corresponde a um fenômeno de maiores proporções. Se até os anos 90, os homens eram os principais alvos desse mercado, hoje, elas se tornaram grandes consumidoras desse conteúdo. No entanto, levou bastante tempo para que esse público especificamente fosse tratado como relevante pelo mercado. A indústria de filmes adultos começou a classificar as mulheres como consumidoras somente no começo dos anos 70, vislumbrando o mercado para “casais” que se encontrava em expansão, oferecendo uma versão mais suave dos tradicionais hard cores. Já na década de 80, com o advento do gravador de vídeos caseiro (VHS – Video Home System), o mercado de filmes eróticos/pornográficos¹ se consolida como ramo do entretenimento adulto. O que antes só era possível assistir nas chamadas salas especiais, agora passa a ser visto na comodidade e discrição do lar, aumentando o número de consumidores e atraindo o interesse do público feminino, que agora dispunha de privacidade para experimentar esse produto. E assim a indústria vive uma nova fase com a multiplicação de produções e distribuidoras para atender a demanda de mercado. 1 Em todo estudo, preferiu-se evitar sentidos valorativos ou qualitativos quando se emprega a palavra “pornografia” e seus derivados.
  • 10. 18 JUSTIFICATIVA Convém ressaltar que as mulheres tomam decisões de compra diferentes dos homens, pois são motivadas por percepções, prioridades e preferências diferentes. Portanto, faz-se necessário que seja dada atenção perante os fatores que fundamentam o consumo feminino e analisá-los enquanto potencial mercado consumidor. Outro ponto determinante para a sustentação desse estudo é a carência de publicações sobre o mercado de filmes adultos no Brasil. Esse trabalho permitirá ampliar o acesso a informações que serão úteis tanto para novos estudos quanto para a indústria de entretenimento adulto e os profissionais inseridos nela, consequentemente colaborando para o incentivo de novas produções. Se existe um mercado potencial, ainda em crescimento, é imprescindível estudar seus principais aspectos, para que se determinem estratégias mercadológicas que possibilitem sua expansão. Sem conhecer o que o público-alvo deseja, necessita ou espera não há como tomar decisões e obter sucesso. O mapeamento do setor é fundamental para definir estratégias de crescimento para vários sub-segmentos e para a realização de planos de investimentos. Tendo em vista que no Brasil “há uma crença de que não vale a pena investir nesse segmento” (BUSCATO, 2009; Época,569, p.99), por outro lado, baseado no entendimento de que o mercado não deve se guiar por crenças ou suposições, e sim, por análises com respaldo científico, esse estudo torna-se plausível e justificado. Trata-se de um nicho muito específico e que possui particularidades que exigem sensibilidade, criatividade e agilidade para obter resultados em um cenário onde as empresas começam a se profissionalizar e buscam respostas rápidas e precisas. E finalmente, frente à conquista de espaço por parte das mulheres dentro da indústria de filmes adultos e de uma chamada queda de reserva de mercado, descrita na matéria de Marcela Buscato para a revista Época (Edição 569:99), que relata a entrada delas nesse mercado que por muito tempo foi dominado e comandado somente por homens, o presente estudo se mostra importante, pois cumpre o papel de valorizá-las como profissionais e produtoras culturais. Assim apresenta-se como problema de pesquisa o seguinte questionamento: Como é realizada a produção de filmes adultos para o público feminino? OBJETIVOS
  • 11. 19 Objetivo geral Investigar a produção de filmes adultos, produzidos por mulheres, direcionado ao público feminino para compreender a evolução da demanda do público feminino por filmes adultos, vídeos e programação erótica. Objetivos específicos • Analisar a evolução da produção desse gênero na Europa, nos Estados Unidos e relacionar com a produção brasileira. • Verificar o nível de interesse das consumidoras desses produtos. • Investigar as preferências do público feminino. • Evidenciar principais meios de acesso ao conteúdo adulto. • Destacar e descrever os atributos e características desses materiais. REFERENCIAL TEÓRICO
  • 12. 20 O ponto de partida desse estudo é a reportagem realizada por Marcela Buscato para a revista Época, edição 569, publicada em abril de 2009, sobre o mercado de filmes adultos para mulheres. A fim de subsidiar as reflexões foi construído um referencial teórico, baseado em livros, artigos acadêmicos, periódicos (revistas e jornais) e sites da internet, estruturado nos seguintes temas: Mídia (Produção Audiovisual, Indústria de filmes adultos, filmes adultos para mulheres), Marketing (Comportamento do Consumidor e Segmentação) e público feminino. Para tanto, foi considerando o pensamento de autores como Kotler (2004, 2006), Abreu (1996), Leite Júnior, (2008), Samara e Morsch (2005), Williams (1999), dentre outros. 2.1 MIDIA Sendo este um estudo que versa a respeito da indústria audiovisual, compreende-se que há necessidade de abordar alguns conceitos básicos que pertencem a esse contexto. Para isso, foram retiradas algumas definições do livro de Gustavo Barbosa e Carlos Alberto Rabaça, Dicionário de Comunicação. Nele o autor afirma que Audiovisual é “qualidade de todo e qualquer meio que transmite mensagens através de som e imagem: cinema, televisão, o próprio veículo denominado audiovisual etc” (2001, p.49). Por sua vez vídeo, é definido como “parte visual de uma transmissão de TV ou cinema” (2001, p.754). Entretanto, o termo vídeo ganhou com o tempo uma grande abrangência. Chama-se também vídeo o “conjunto de procedimentos e técnicas relativas à criação, produção, captação, gravação, tratamento, edição, transmissão e recepção de imagens por meio de sinais de televisão e de outros recursos multimídia.” (2001, p.754). Vídeo pode ser também uma gravação de imagens em movimento, uma animação composta por fotos sequenciais que resultam em uma imagem animada, e principalmente as diversas formas para se gravar imagens em fitas (analógicas ou digitais) ou outras mídias. Também encontrada no livro de Rabaça e Barbosa, a definição de produção é “a realização de qualquer produto de comunicação (livro, filme, vídeo, programa de rádio ou TV, disco fonográfico, peça teatral, show musical, evento, exposição, campanha publicitária, etc.) em seus aspectos financeiros, técnicos, administrativos e logísticos” (2001, p. 591).
  • 13. 21 Todos esses termos citados acima fazem parte da chamada indústria audiovisual, que se tornou um negócio próspero e multibilionário que envolve todo o planeta. Independente dos nossos hábitos, ela tem um poder incrível sobre os dados, cultura, mudanças de tendências e economia que informam o mundo. E é nesse cenário fortemente marcado pela contemplação e o culto às imagens, numa sociedade de espetáculos e propagandas, que vivemos hoje. É possível observar que tudo aquilo que é apresentado pela televisão, ou que conquista espaço na internet, tem o reconhecimento popular. A palavra imagem evoca, ainda, a importância que a televisão e o cinema adquiriram em nossa sociedade e o quanto elas interferem na construção da personalidade. Em seu livro Vida, O Filme, o jornalista Neal Gabler analisa como a sociedade americana, tentando criar uma cultura própria, aposta na diversão e no entretenimento como fatores genuínos e legítimos de expressão social, em oposição a chamada “alta cultura”, ou “cultura clássica” representada pelos colonizadores ingleses. Assim, a diversão passar a ser reconhecida como um fim em si mesmo e a cultura passa a ser encarada como diversão. Desta forma, o espetáculo tornou-se algo fundamental para a cultura de massas. Neste processo, o cinema reuniu características únicas para torná-lo o principal veículo de diversão popular do século que se iniciava: surgiu nos centros de lazer das classes menos abastadas, era barato, visava o entretenimento, mostrava uma espetacularização da realidade, prometia lucros a quem explorasse e encontrava-se culturalmente ao lado do teatro popular e dos vaudevilles.¹ O cinema e o vídeo são instrumentos para o lazer do homem moderno, algo que hoje é tão presente quanto necessário. “O conteúdo transmitido pela TV e pelo vídeo é a verdadeira síntese da criatividade e da tecnologia, além de ser o melhor meio para se divulgar uma ideia. Podem refletir tendências ou iniciá-las, pode espalhar nossa identidade ou até formá-la” (KELLISON, 2007, p. XIX).
  • 14. 22 2.1.1 Os filmes adultos Em 1895, os irmãos Lumière criaram o cinema. Na época, apenas mais uma máquina entre tantas inventadas, das quais não se sabia exatamente o futuro, nem quais seus possíveis usos. Pouco tempo depois do anúncio dessa invenção que impactaria profundamente em nossa cultura, passa a existir o cinema adulto, um gênero que contribuiria para a popularização do próprio cinema. Ainda no princípio do século XX surgem os primeiros filmes pornográficos, conhecidos como stag movies ou filmes para homens. “Estas são produções precárias, com exibições proibidas e apresentadas apenas para grupos masculinos” (Abreu, 1996: 44). A princípio esse material adulto era composto de cenas de strip-tease ou mesmo de beijos, como em 'The May Irwin Kiss' de 1896. No ano seguinte, porém, aconteceu quase uma ‘revolução’ na indústria pornográfica. O francês 'Après Le Bal' (1897) ou After the Ball, como foi traduzido para o inglês, também um curta mudo, com duração de 72 segundos, mostra uma mulher entrando em uma banheira e sendo ajudada pela empregada. A origem das produções desses filmes é creditada à França, Alemanha, México, Argentina e, principalmente Estados Unidos. Neste ultimo, junto aos recentes estúdios cinematográficos, inicia-se a grande indústria do sexo no cinema e “em 1904, já se pode afirmar que existe um mercado internacional de filmes pornôs (CHRISTY; QUINN, 2001, p.22 apud LEITE JÚNIOR, 2006, p.).” Entretanto, os filmes americanos ‘Free Ride’ (1915) ou ‘Grass sandwich’ (‘sanduíche de grama’) e On the beach (1916) podem ter sido os primeiros a serem catalogados como ‘adulto’, ainda que não tenham sido lançados comercialmente nos cinemas. Nos anos 30, o cinema “convencional” americano, atendendo a apelos conservadores, cria a primeira regulamentação auto-imposta, inaugurando uma censura interna dentro dos estúdios de Hollywood, chamado Código Hays. Nele, toda referência ao sexo, prazer e obscenidade é proibida. A partir dos anos 60, acompanhando a chegada da chamada “revolução sexual” e a contracultura, surgem os beavers, que mostram em cenas curtas o órgão feminino, e são apresentados em clubes masculinos, casas de peep show, nas poucas livrarias “especializadas” ou vendidos pelo comércio postal.
  • 15. 23 Já em 1970, nos Estados Unidos, o gênero pornográfico começou a ser difundido, graças à eliminação do Código das Produções e à instituição da classificação de filmes por faixa etária. Passaram a ser exibidos em cinemas próprios, conhecidos por "Salas Especiais". A partir daí, a indústria de filmes pornográficos, até então clandestina, vai investir na ampliação deste novo mercado, criando novas produtoras e lutando pela expansão dos limites legais. Então, inicia-se a legalização da pornografia como negócio, estabelecendo uma indústria propriamente dita de filmes. É neste momento que, como estratégia para expandir o público consumidor, as produções se concentram prioritariamente nos filmes mais leves. Com a criação do VHS (Video Home System) na década de 80, a pornografia se consolida como um ramo do entretenimento adulto. Então, um enorme público que não freqüentava as salas especiais de filmes adultos, passa a alugar em videolocadoras estes mesmos filmes, aumentando significativamente o número de consumidores e firmando o videocassete como eletrodoméstico. Então, inaugura-se outra fase desta indústria: a gravação direta em vídeo, que leva novamente a uma ampliação de produtoras e distribuidoras. Esta reorientação para realização dos “filmes” diretamente com equipamento eletrônico traz a conveniência do processo de produção de um vídeo, que, além de diminuir os custos e o tempo de realização, acelera o abastecimento de um mercado voraz e ávido por “novos produtos.” (ABREU, 1996, p. 138). A partir dos anos 90, os filmes ficaram mais agressivos e algumas modalidades que até então eram pouco exploradas, passaram a ganhar espaço através de produtoras menores. Com a Internet, o mercado de filmes adultos ganhou novo fôlego, aumentando seu alcance e diversificando a produção. Da mesma forma, nasce uma nova produção feita diretamente para o meio digital, abrindo espaço para determinados segmentos e temas não tão presentes no mainstream ³. 2.1.2 O gênero adulto e suas subdivisões A sexualidade e suas representações são constantemente divididas e subsegmentadas. Sendo o foco deste trabalho os produtos baseados totalmente em imagens, as categorias a seguir são comumente encontradas sob determinados rótulos e valem em especial para as revistas, filmes, programação de televisão e sites da internet com essa temática.
  • 16. 24 Conteúdo adulto é entendido como todo e qualquer material que consista, predominantemente, de temática sexual, com a retratação explícita de relações sexuais, e não pode ser confundido com conteúdo erótico, que segundo a classificação brasileira não retrata o sexo de maneira explícita. O mesmo então é dividido em soft core e hard core. O primeiro termo designa o sexo implícito, sugerido e normalmente dentro de um “contexto”. É o equivalente ao erotismo dentro do mercado reconhecido como pornografia. Hard Core por sua vez foi um termo criado nos EUA para segmentar justamente um mercado já grande o suficiente, mas ainda ilegal, e diferenciar os produtos de seu concorrente “leve”. Segundo Jorge Leite Júnior (2006) é difícil definir quando esta expressão foi criada, pois surgiu como linguajar de comércio clandestino. Em 1957, seu conceito foi pronunciado pela primeira vez em um caso na Suprema Corte americana pelo procurador geral J.Lee Rankin. Esse conteúdo também pode ser dividido em diversos sub-gêneros: pelo sexo dos atores, tipos de ato sexual e as preferências da audiência. Nesse último inclui-se o chamado “Femme Porn” ou Pornô Feminista, os filmes direcionados para o gosto do público feminino. Pornô feminista? Sim, esse é o termo mais utilizado pelo mercado, embora não seja de maneira fechada. Há uma variedade de termos, mas, de qualquer forma, visam expressar certas características e as preferências femininas. ³ Mainstream é o pensamento corrente da maioria da população. Este termo é muito utilizado relacionado às artes em geral (música, literatura, etc). O termo mainstream inclui tudo que diz respeito a cultura popular, e é disseminado principalmente pelos meios de comunicação em massa. Muitas vezes é também usado como termo pejorativo para algo que "está na moda". Strong e Devault definem Femme Porn como “toda produção de material orientado para mulheres e casais heterossexuais. Evita a violência, é menos centrada no homem, e é mais sensível às fantasias femininas” (1996, p. 626). Então temos o seguinte esquema: - Representação da sexualidade: Erotismo/Pornografia - Hetero/Casal/Feminino/Lesbico/Homossexual - Conteúdo Adulto/Pornografia: Soft core/ Hard Core - Hard Core: Sexo Convencional/ Não-convencional - Sexo não convencional: Sadomasoquismo, Bizarro, fetiches, etc Mas eu digo que a indústria de entretenimento adulto é muito democrática sobre o corpo. Sempre sugiro um teste. Digite no Google alguma coisa do seu corpo que você não gosta mais a palavra “pornô”. Você vai achar muitos sites em que pessoas dizem que isso é atraente. [...] O pornô vai até onde tem mercado porque quer tentar
  • 17. 25 ganhar dinheiro com isso. Ele é muito mais democrático do que a televisão, que só tem modelos e celebridades (SPAN, 2009). 2.2 MARKETING Antes de iniciar a discorrer sobre o mercado de entretenimento adulto é necessário enfatizar a definição de marketing. De acordo com a American Marketing Association. O marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação, e a entrega de um valor para os clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado (KOTLER, 2004, p.4) É tarefa básica do marketing estudar as pessoas, grupos ou organizações, saber quais são suas motivações, desejos e necessidades. Além disso, compreender as razões, como, quando, onde e com que freqüência elas compram e usam o que compram, para que se possa criar produtos e serviços que irão satisfazê-los, bem como encontrar essas respostas. 2.2.1 O mercado Internacional O investimento no mercado erótico é alto e não é à toa. Há muito se sabe que sexo transformado em mercadoria vende e gera lucros regulares para quem comercializa. A pornografia é um grande negócio (HIDE, 1973, p.219 apud LEITE JÚNIOR, 2006 p.59), disse um político norte-americano em 1952 no resultado do informe governamental sobre materiais pornográficos. Contudo, sempre houve dificuldade para calcular as estatísticas dessa indústria, e ainda mais difícil de acreditar, pois alguns críticos notaram que havia tendência ao exagero. “E é notável certa confusão entre as informações sobre a renda desse mercado (LEITE JÚNIOR, 2006, p.59).” Primeiramente, muitos textos assinalam tal comércio apenas como “pornografia”, sem esclarecer se esta se refere a um meio específico, sejam revistas, vídeos, internet ou à soma de todos. Da mesma forma, os números fornecidos por uma fonte se tornam conflitantes quando comparados com outra, a princípio tão verdadeira quanto a primeira. O que representa o valor mundial para um autor é o valor regional para outro, durante o mesmo período.
  • 18. 26 Em 1959, segundo uma investigação do governo americano, o negócio da pornografia estava a ponto de alcançar US$1 bilhão anuais (LEITE JÚNIOR, 2006, p.59 apud Hide, 1973:24) apenas em seu país. Quase quarenta anos depois, passada a revolução sexual e a informatização do cotidiano, a revista americana Inter@ctive week, especializada em negócios na internet, disse em 1997, que esta indústria “gera por ano os mesmos US$1 bilhão apenas no espaço virtual, contando o mundo inteiro” (LEITE JÚNIOR, 2006, p.60). Para evidenciar a confusão em torno deste tema, a empresa de pesquisas Forrester Research acredita que, para este mesmo ano base (1997), na internet, os lucros foram de apenas US$ 137 milhões, enquanto a revista britânica The Economist informa que o mercado global da pornografia rendeu US$ 20 bilhões. (id). Em 2000, segundo a jornalista americana Ana Loria, esse mercado nos EUA correspondia a US$ 10 bilhões por ano, incluindo os lucros de vídeo, TV a cabo, hotéis, DVDs, correios, internet, CD-Rom e serviços de sexo por telefone (LORIA, 2000, p.10). Um ano depois (2001), para Dian Hanson, editor da revista fetichista Leg Show, esta mesma cifra corresponde apenas ao mercado de vídeos deste país, enquanto a atriz pornô também americana Kim Christy, acredita que a pornografia renda em sua terra apenas US$4,1 bilhão (CHRISTY; QUINN, 2001, p. 517 apud LEITE JÚNIOR, 2006). Já em 2004, segundo um estudo da empresa de pesquisas sobre a Internet N2H2, trinta milhões de pessoas se conectam diariamente na rede mundial de computadores procurando imagens de sexo explícito em alguma das 372 milhões de páginas (8% de toda a rede) que oferecem pornografia (LORENTE, 2007). Em 2007, a Forbes divulgou uma pesquisa que diz que em todo o mundo, 250 milhões de pessoas são consumidoras dos produtos e serviços desta indústria, que registra lucros da ordem de 60 bilhões de dólares ao ano (Id). Apesar do desencontro das informações, o que pode ser percebido através destes poucos dados é que, mesmo passando por crises econômicas, localizadas ou globais, a indústria de entretenimento adulto – os números referem-se ao comércio legalizado – possui um enorme vigor, com um mercado consolidado e crescente, movimentando um volume de dinheiro considerável dentro da economia capitalista. As razões para este apogeu do mercado de filmes adultos são difíceis de explicar tanto para especialistas quanto para protagonistas da indústria. Alguns citam uma mudança no comportamento sexual das pessoas. Outros acreditam que a invasão do sexo na TV e na Internet ativou o interesse pela pornografia, antes relegada a salas de cinema (LORENTE, 2007).
  • 19. 27 2.2.2 O mercado nacional Em pouco mais de uma década o mercado erótico brasileiro apresentou um crescimento avassalador. A revista Pequenas Empresas Grandes Negócios (edição 2004) afirma que no ano de 2003, segundo Evaldo Shiroma, presidente da Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico (Abeme), este mercado em nosso país movimentou 700 milhões de reais. Em 2005, esta mesma quantia é mantida pela Abeme referindo-se ao ano anterior – 2004. Já em 2009, a mesma revista apresentou números diferentes. Figura 1: Crescimento do setor nos últimos 4 anos (Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios, 2009) Segundo dados fornecidos pela mesma associação, o setor faturou cerca de R$ 500 mi em 2005, R$ 650 mi em 2006, R$ 700 mi em 2007, R$800 mi em 2008 e projeta R$900 milhões em 2009, um crescimento de 80% em quatro anos. Os filmes adultos correspondem a 30% desse faturamento e o Brasil é o principal produtor da America Latina. Figura 2 – Divisão do faturamento entre os setores específicos do mercado erótico (Fonte: Pequenas Empresas Grandes Negócios, 2009)
  • 20. 28 Embora haja certa discrepância entre os valores, há que se considerar que se trata de números razoáveis e que expressam certo fortalecimento desse mercado. Entretanto, de acordo com Rocco (2009), no caminho inverso do sucesso dos artigos eróticos, a produção de filmes está em baixa. Segundo os empresários do setor, o principal motivo seria a concorrência da pirataria e da internet. Em poucos minutos – e gratuitamente - é possível baixar um vasto repertório de vídeos eróticos na rede mundial de computadores. Os DVDs alavancaram o mercado “Mas, de uns quatro anos para cá, as vendas vêm encolhendo”, afirma André Luiz Marques da Silva, sócio da produtora de filmes Explícita, em entrevista para a revista Pequenas Empresas Grandes Negócios (2009). 2.2.2.1 A segmentação de mercado como estratégia de marketing Um ponto crucial no planejamento de marketing é, certamente, a identificação dos alvos de mercado. Uma das saídas, que se apresenta como ponto de apoio e que subsidiará a tomada de decisão é, sem dúvida, o processo de segmentação de mercado. Kotler (2006) reconhece que a segmentação de mercado está no centro da estratégia de marketing. Segundo ele, a segmentação de mercado, a ideia mais recente para orientar a estratégia, começa não com a distinção de possibilidades de produto, mas sim com a distinção de interesses ou de necessidades de clientes. O autor ainda afirma que a maior parte dos mercados é grande demais para que se possam atender as necessidades da grande massa. Assim, dentro da segmentação, cabe atender a um conjunto de necessidades de um grupo homogêneo o qual chama-se mercado- alvo. O fundamento da segmentação é relativamente simples. Baseia-se na ideia de que um produto comum não satisfaz as necessidades e desejos de todos os consumidores. Por uma simples razão: os consumidores são muitos, dispersos em diversas regiões, têm hábitos de compra variados, gostos diferenciados e variam em suas necessidades, desejos e preferências. Para conhecer os consumidores, é preciso reuni-los em grupos, os mais homogêneos possíveis. Cada segmento deverá ser constituído por grupos de consumidores que apresentem o mínimo de diferenças entre si, do ponto de vista das características adotadas, e o máximo de diferenças em relação aos demais segmentos. Assim sendo, não se pode tratar todos da mesma forma, bem como não se pode tratar todos de forma diferente. Como se percebe, o centro dessa discussão é que existem diferenças entre os consumidores e o objetivo básico da segmentação é concentrar esforços de marketing
  • 21. 29 em determinados alvos, que se entendem como favoráveis para serem explorados comercialmente, em decorrência de sua capacidade de satisfazer a demanda dos focos, de maneira mais adequada. 2.2.2 O PÚBLICO FEMININO A relação entre o público feminino e o consumo tem passado por intensas transformações desde o fim do século XX. A relevância estratégica desse segmento chama cada vez mais a atenção das organizações, que passam a adaptar suas ações de Marketing para atender às novas demandas femininas. Historicamente essas mudanças ocorreram quando a mulher definitivamente passou a exercer atividades fora do lar. Elas conquistaram espaço no mercado de trabalho – e atualmente sua participação chega a 60% no Brasil (Goldman Sachs) -, começaram a ter renda própria e, portanto, ganharam liberdade para atender seu próprio consumo. Assim, vários produtos passaram a ser desenvolvidos para satisfazer às necessidades pessoais da mulher, e não às suas demandas apenas como administradora do lar. Entre eles, artigos de moda, beleza, saúde, automóveis e programas femininos no rádio e na TV. Elas também passaram a comprar produtos de categorias que há algum tempo eram da esfera do homem, mesmo aqueles que se poderiam julgar tradicionalmente masculinos. E as ofertas para esse público tendem a crescer, já que elas assumem cada vez mais o controle do dinheiro e se tornaram peças chave na economia do Planeta. Essa mulher pós-moderna é também resultado da ruptura dos costumes – inclusive na sexualidade – ocorridos a partir da década de 1970 com o advento da pílula anticoncepcional que permitiu que ela conquistasse uma liberdade nunca antes imaginada: liberdade sexual capaz de, cada vez mais, permitir a exploração de seus desejos e sua satisfação sexual; enxergar o sexo como prazer e diversão, mais que isso, a mulher adquiriu o poder de decisão sobre sua fertilidade, podendo desta forma optar pelo melhor momento para sua gestação e se dedicar a sua carreira antes de se entregar à maternidade. Tudo isto culminando com a mudança de valores e do papel da mulher na sociedade Moderna. A mulher passou a exercer diversos novos papéis, nos quais o tempo é fundamental para que se consiga exercê-los de maneira efetiva: ser esposa e mãe, administradora do lar, estudante e/ou profissional em um mercado de trabalho altamente competitivo e dinâmico.
  • 22. 30 E toda essa transformação tem reflexo nas perspectivas e nos desejos das mulheres e promovem mudanças nas suas atitudes e valores. A mulher brasileira está se tornando menos conservadora e mais voltada para o presente do que para o futuro. Isto significa uma maior preocupação com qualidade de vida e a busca por prazeres imediatos. Também constatamos no estudo que se acentua o desejo e a busca por maior autonomia, ou seja, maior liberdade nas escolhas (MARANGONI, 2009) Barletta (2003) defende que o marketing para as mulheres é inequivocamente o caminho mais rápido para aumentar as vendas, o domínio do mercado e o lucro. E antes disso Popcorn (2000) já alertava sobre o fato da indústria como um todo ter por muitos anos fechado os olhos para a chamada “mulherização” da economia e se balizado a vender apenas o óbvio para as mulheres. Entretanto, para tirar proveito do poder de compra feminino, é preciso entender como elas consomem. Por isso engana-se quem acredita que as mulheres são todas iguais e que, portanto, respondem da mesma maneira às diferentes mídias, mensagens, linguagens e apelos de marketing. Elas definitivamente não constituem um “grupo homogêneo, abalizado apenas por negações do jeito masculino de ver, cobiçar e resolver as coisas” (JULIO, apud SIMÕES, 2006 p. 46). 2.2.3 A mulher e o mercado erótico Essa recente centralidade das mulheres como consumidoras de filmes adultos não deixa de ter certo toque de ironia. A invenção da pornografia como gênero cinematográfico com convenções próprias, vale lembrar, foi situada precisamente “no contexto de exclusão dos operários e das mulheres” (KENDRICK, Walter apud LYNN Hunt, p.12) do acesso a determinadas imagens proibidas. Segundo Penteado (2006, p.23), “diante das ameaças de democratização do consumo cultural ao longo do século XIX, teria sido necessário organizar um outro regime de visibilidade para as formas obscenas tradicionalmente desfrutadas de modo privado por uma elite masculina, urbana, aristocrática e libertina.” A mulher, nesse regime discursivo, passava a possuir certa ambiguidade: se por um lado sua imagem é explorada, por outro, estão liminarmente excluídas do consumo do pornográfico, reduzidas à condição de objeto do outro. Mas, entre esse cenário descrito e o século XXI, muita coisa mudou. Costumava-se dizer que, em geral, diferente das mulheres, os homens tratam do assunto sexo com mais naturalidade. Eles assistem a filmes pornográficos, consomem
  • 23. 31 produtos eróticos, buscam conteúdo na internet, compram revistas de nudez etc. Contudo, segundo Vaisman, a realidade atual é bem distinta: As mulheres estão deixando os sentimentos de culpa em relação ao sexo, [...], passando a encará-lo de modo mais lúdico e saudável, portanto, não vêem nada de mais em exercitar as suas fantasias e incrementar, com elas, suas práticas sexuais. Em busca de mais prazer na relação sexual, [...] lançam mão dos mais diversos produtos e artigos, [...] hoje a mulher busca resolver a sua sexualidade (VAISMAN, 2006, ed 110). Um exemplo marcante do interesse feminino por esse tipo de produto é o do canal GloboSat Sexy Hot, que partiu para a conquista das mulheres, ao reconhecer que precisavam delas para crescer em número de vendas e de audiência. Esse foi o primeiro passo para a criação de dois novos programas que seriam adicionados a faixa de programação, o Zona Quente e o Boa de Cama, ambos apresentados por Carolyne Ferreira. [...] curiosas e desejosas de apimentar a relação, buscando variedade na cama e reconhecidamente detentoras do poder tanto de fazer a assinatura, como de cancelá- la, elas inspiram a criação de novos programas que demoliram de vez o mito do canal como reduto de homens sedentos por imagens fortes (Penteado, 2006, p.55). De acordo com Sarracino e Scott (2008), produtoras de pornô feminino dizem que o crescente mercado está conduzindo seu sucesso. E agora elas estão se esforçando para suprir a demanda, enquanto cresce o número de websites e lojas do segmento direcionadas para esse público-alvo. Penteado acredita que o mercado erótico despertou para o público feminino e cresceu devido a isso quando diz que “o efeito de suas demandas é perceptível na proliferação, mundo afora, de filmes, iniciativas editoriais e acessórios eróticos que já não se dirigem ao consumidor padrão – masculino e branco -, mas incorporam outras lógicas e referências de prazer” (2006, p.18). Basta observar as inúmeras publicações direcionadas ao público feminino que tratam a sexualidade sob os diversos ângulos, sempre com muito destaque nas capas ou então zappear os canais de televisão e descobrir programas como “Sex in the city”, um marco importante na mudança do comportamento feminino em relação ao consumo de material erótico. Pela primeira vez na televisão um programa exibia mulheres bem sucedidas e bonitas que tratam sua sexualidade com muita naturalidade e sem tabus. Isso também se deve ao fato da própria influência da mídia, que estimula a mulher a conhecer melhor sobre sexualidade. Se você visualizar as dez maiores publicações dirigidas ao público feminino verá em destaque palavras como: orgasmo, prazer, tesão e sexo. É reflexo da gama de informações que chegam abertamente no dia-a- dia das brasileiras (SHIROMA, 2008)
  • 24. 32 E a presença das mulheres não se restringe apenas ao consumo, elas estão por toda parte, produzindo, dirigindo e roteirizando, como na série “Bliss”, que traz histórias picantes focadas nos desejos e fantasias do universo feminino, e até coordenando a programação de canais adultos (Ver Anexo A). 2.3 O produto: Filmes para mulheres Segundo Williams (1989), apenas na década de 70 a mulher foi finalmente classificada como público consumidor pela indústria de filmes adultos. “No entanto, ainda nos anos 80, até mesmo quem estava dentro da indústria acreditava que elas simplesmente não gostavam de pornografia, então, todo material era produzido tendo em vista somente os homens” (SARRACINO; SCOTT, 2008, p. 187). A primeira tentativa de atrair as mulheres trouxe à tona vários filmes tabelados como female friendly, quando claramente não eram. Alguns deles, inclusive, foram feitos por diretores que trabalhavam sob um pseudônimo feminino. A entrada do ponto de vista feminino na indústria de entretenimento adulto se deu efetivamente apenas quando a ativista americana Candida Royalle, então ex-atriz, procurava empresas dispostas a colocar no mercado os filmes que ela planejava produzir, seguindo um conceito ainda não explorado, filmes que acreditava que agradariam as mulheres. A mais bem-sucedida tentativa de refazer o hard-core, é o trabalho da Femme Productions, uma produtora de filmes adultos que começou em 1984 com Candida Royalle, uma estrela do mainstream porn, que queria produzir ‘erotismo para casais de um ponto de vista feminino’. (Willians, Hard Core, p. 250). “Quando os aparelhos de videocassete se popularizaram, as mulheres ganharam a privacidade de suas próprias casas para assistir. E percebi que esse era um mercado em que ninguém estava prestando atenção” disse Royalle em entrevista para revista Época (2009, Edição 569). Então em 1984, ela criou sua própria produtora, a Femme Productions. Contudo, logo no início, teve de enfrentar a resistência do mercado, quando se deparou com a dificuldade de encontrar nomes dispostos a distribuir seus produtos. Mas em 1986 a Vídeo Corporation of America (VCA) lançou três vídeos da Femme e a produtora estreante viu seu negócio se popularizar e se tornar lucrativo. Essa iniciativa foi responsável por conduzir uma revolução no mercado. Seguindo essa mesma ideia, surgiu uma nova geração de diretoras. Cineastas como a sueca Erika Lust, a alemã Petra Joy, a britânica Anna Span e a americana Tristan Taormino, apresentam
  • 25. 33 propostas que diziam adequar esse tipo de conteúdo à necessidade da mulher. Essa explosão de filmes culminou na criação do Prêmio do Pornô Feminista, que hoje premia os melhores filmes do ano e alcançou a marca de 40 finalistas na ultima edição. Atualmente também é possível encontrar websites que possuem como foco principal os ditos filmes para mulheres, como o Porn Movies For Women e o Hot Movies For Her, que entre seus serviços, oferecem críticas das produções e vídeo demanda (VOD), que possibilita o download mediante pagamento. Consequentemente, essa segurança e privacidade, tornam- se atrativos para o público feminino. De acordo com Buscato (2009), a essência dessa leva de filmes é um conteúdo considerado novo – embora não haja consenso sobre como deveria ser. É preciso ressaltar que coexistem diversas correntes de pornô feminino, que divergem entre si e guardam opiniões bem particulares. Outra característica desses filmes é a qualidade técnica das filmagens. A iluminação, o jogo de câmeras, os cenários elaborados e, em alguns casos, os figurinos requintados lembram os seriados de televisão (id). E devido a esse refinamento na produção, eles são mais caros do que os tradicionais, se tomamos como base a indústria de filmes adultos. Em entrevistas concedidas a revista Época, as produtoras Petra Joy e Candida Royalle relatam que os custos vão de 8 até 20 vezes mais (Ver Anexo B e C) . No entanto, todo esse investimento é feito pensando no público-alvo, uma vez que a mulher é reconhecidamente bastante minuciosa, atenta e exigente. À frente da produtora Strawberry Seductress, a diretora alemã radicada na Inglaterra Petra Joy aposta em uma estética ainda mais artística. Os tons carregados, conseguidos com filtros especiais e coloração na pós-edição, além de cenários e figurinos fantasiosos, dão a suas produções uma atmosfera de sonho. “As mulheres querem filmes bonitos, e não aquelas produções baratas, com homens e mulheres sempre no mesmo quarto”, diz Petra (BUSCATO, 2009). A preocupação com a estética percebida nessas produções é uma espécie de atenuante, não um substituto para o sexo explícito. As produções para mulheres não são necessariamente uma versão leve de pornografia. Nos filmes de Erika, há sexo sadomasoquista e sexo grupal; e as relações são filmadas até o fim. Para Joy (2008) a ideia de que homens são mais visuais que as mulheres, que ainda persiste, é um mito. Ela acredita que as mulheres geralmente não gostam dos filmes tradicionais porque não refletem suas fantasias e sexualidade, mas se identificariam com um filme feminista.
  • 26. 34 Também é questionável se está realmente sendo produzido algo novo, uma vez que, as produções de algumas diretoras, afinal, mostram closes e cenas bastante agressivas que podem fazer um espectador desavisado acreditar estar assistindo a um filme adulto convencional, ao ver os trabalhos da diretora britânica Anna Span, por exemplo, ou da americana Tristan Taormino. O argumento delas para justificar as semelhanças com a produção tida como masculina desmonta, em parte, o discurso do femme porn. “Não dá para generalizar dizendo que todas as mulheres se acendem com envolvimento emocional, e não com imagens explícitas”, afirma Tristan. “Nem que todos os homens são visuais e não se excitam com emoções” (2009, p.103-104). Polêmicas e discordâncias a parte, o consenso é de que os filmes dirigidos à audiência feminina podem ajudar a disseminar a ideia de que as mulheres também têm direito a esse tipo de entretenimento. Afinal, é difícil para as mulheres se identificarem (e se interessarem) com filmes nos quais são, em sua maioria, objetificadas e caricaturizadas, nos casos dos filmes produzidos por homens e centrados nas preferências masculinas. Por isso, é tão importante ter mais filmes adultos contados a partir do olhar feminino. Pra resumir a história, pode-se colocar essas diretoras e empresárias do mercado erótico entre as feministas que não tratam pornografia como algo a ser repudiado por princípio e consideram a liberdade sexual fundamental para a liberdade das pessoas.
  • 27. 35 3. RESULTADOS As metodologias utilizadas foram a pesquisa em fontes primárias e secundárias, de onde foram coletados dados através de vasto referencial bibliográfico composto por livros, revistas, publicações em periódicos científicos e sites, análise fílmica de algumas produções do gênero estudado, além da aplicação de questionário. O Instrumento de coleta de dados constou de sete perguntas fechadas. O questionário foi aplicado para mulheres através do envio do mesmo por e-mail. Foi utilizado um mailing, com 225 mulheres, das quais responderam apenas 62 (27,5%). A amostra pesquisada foi não- probabilística e intencional, portanto, resultou em conclusões significativas (não generalizáveis), aplicáveis a este estudo. Posteriormente os dados foram interpretados e submetidos a uma análise qualitativa. Este trabalho buscou explicitar os movimentos femininos dentro do mercado de filmes adultos, sua atuação, a evolução dessa demanda, o nível de interesse dessa nova consumidora de produtos eróticos e como a indústria de entretenimento adulto encara a mulher enquanto público consumidor. A partir dos resultados obtidos nas pesquisas, em fontes primárias e secundárias (Livros, revistas, institutos de pesquisa), é possível expor algumas contribuições sobre o tema abordado. Como se pôde ver, a indústria de filmes adultos nasceu em um contexto masculino e excludente, no qual a mulher era apenas objeto de gozo desse público consumidor. Essa centralidade exclusiva nos desejos e preferências dos homens nas primeiras fases dessas produções, seguramente foi uma das causas para o afastamento do público feminino e o consequente quadro de demanda negativa por parte das mulheres, que se configura quando potenciais consumidores não gostam ou evitam determinado produto. Também foi visto que somente décadas mais tarde do nascimento dessa indústria, diante de uma necessidade de ampliação do próprio mercado, as mulheres foram efetivamente encaradas como público consumidor. Foi quando o mercado de casais se expandiu consideravelmente no começo dos anos 80 com o advento do gravador de vídeos caseiro (VHS). O consumo doméstico dos filmes adultos revolve a ideologia machista ou, de outro modo, patriarcal. A exibição de pornografia para um público predominantemente masculino no cinema (na rua) se modifica quando transportado para o lar (a casa). Mesmo que os filmes aparentemente visem o público masculino, nas locadoras eles estão à disposição de quem queira alugar. Na privacidade do ambiente doméstico, o público feminino exerce o direito de
  • 28. 36 se constituir em público consumidor. Percebida a importância da conquista da mulher para esse mercado, as produções timidamente mudaram seu foco visando atender as necessidades específicas dessa demanda ou apenas oferecer um produto aceitável a esse público. Dado esse reposicionamento, a mudança de comportamento das mulheres em relação ao consumo e a sua sexualidade e a ampliação das ofertas de produtos do mercado erótico, a entrada do ponto de vista feminino na produção de filmes, a conseqüência natural é a saída desse quadro de demanda negativa. Esse universo de entretenimento adulto e especificamente de filmes não é mais exclusivamente masculino como mostra a pesquisa realizada no ano de 2004, pelo canal Sexy Hot em parceria com IBOPE, ao constatar que 1/3 dos interessados por conteúdo adulto eram mulheres, além disso, a proporção dos que declaravam alugar fitas de conteúdo adulto era maior entre elas. Outro dado que aponta para isso é o levantamento feito pela Brigham Young University, nos Estados Unidos, com estudantes de seis universidades do país, que indica que quase metade das estudantes assistiu algum tipo de filme ou série erótica nos últimos doze meses. Em outro estudo, realizado pela Nielsen Net Ratings, foi detectado que, em um ano (entre 2004 e 2005), cresceu em 30% o número de mulheres usuárias de conteúdo pornográfico pela internet (de 1 milhão para 1,4 milhão). Já nos Estados Unidos, Playgirl TV e Impulse TV, os primeiros canais adultos pay- per-view para mulheres, atingiram a marca de 15 e 5 milhões de lares no ano de 2007, respectivamente, sendo 60% destes assinantes do sexo feminino.
  • 29. 37 Hoje, definitivamente, há mais mulheres interessadas em conteúdo adulto, ou pelo menos, assumindo mais esse interesse. E esses dados, de certa forma, legitimam essa impressão. Os homens eram os maiores alvos desse mercado e correspondiam a grande parte das compras, mas as mulheres inverteram essa situação. Na direção contrária da denúncia feminista sobre os efeitos do pornográfico em suas diferentes versões, as mulheres tem consumido cada vez mais os bens ofertados por esse mercado altamente globalizado. Em 1997, elas eram responsáveis por apenas 5% da demanda. Hoje, elas já somam de 70% a 80% do público consumidor em um mercado que registra faturamento de R$ 800 milhões anuais, segundo dados fornecidos pela Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico (ABEME). (Você já esteve em uma Sex Shop?) Pode-se, então, apontar como alguns dos fatores que aproximaram a mulher do consumo de produtos eróticos e especificamente de filmes adultos: a sua presença nos espaços públicos e a conseqüente autonomia financeira e emocional, a liberação sexual, os modelos de comportamento produzidos à vida privada pela cultura de massa e viabilizados pelos diferentes veículos de comunicação, com a proliferação de produtos editoriais como revistas, onde os temas abordados sobre sexo estão sempre em destaque. A invasão do sexo na TV e na Internet, o relativo abafamento da retórica pornô anti- feminista e a popularidade de programas como Sex in The Cit, Bliss, Boa de cama e outros também podem ter muita responsabilidade por trazer mais mulheres para a audiência dessas produções. Hoje, elas estão mais familiarizadas com o erotismo e a pornografia, buscam uma vida sexual sem segredo, assistem mais a vídeos e programas com a temática sexual, frequentam sex shops e falam mais abertamente sobre sexo. (Quando foi a última vez que você assistiu a um vídeo, filme, série ou programa de TV com conteúdo erótico/pornográfico ou em que Sexo fosse sua temática principal?) Sim 41 66% Não 21 34% Ontem 16 26%
  • 30. 38 (Com que frequência você assiste a vídeos, filmes, séries e/ou programas de TV com conteúdo erótico/pornográfico ou em que Sexo seja sua temática principal?) A Internet foi um dos principais fatores de abertura para o acesso do público feminino e é o meio que as mulheres mais utilizam para encontrar conteúdo adulto. Hoje a grande maioria desse público (consumidor ou potencial) está incluído digitalmente e, segundo dados coletados pela Nielsen (EUA), elas já representam 30% da audiência dos filmes adultos na internet. Enquanto em terras brasileiras, 28% do público dos sites adultos é feminino. Sendo assim, o Video on Demand (VoD) passa a ser uma excelente alternativa para ampliar os investimentos, uma vez que além de oferecer segurança e privacidade para as consumidora, corta custos de produção e distribuição para quem produz. A rede proporciona a facilidade para buscar produções e conteúdos que as agradam mais. Quais meios você utiliza para encontrar esse tipo de conteúdo? As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%. Há poucos dias 22 35% Há uma semana 8 13% Há um mês 6 10% Há 3 meses 5 8% Há 1 ano 5 8% Frequentemente 25 40% De vez em quando 25 40% Raramente 12 19% Internet (Streaming, downloads) 46 74% Tv por assinatura 27 44% Videolocadoras (DVDS, VHS) 7 11% Revistas 0
  • 31. 39 Em segundo lugar como meio de acesso a esse conteúdo está a TV por assinatura, no qual se verificou no ano de 2004 que, a cada minuto, no canal GLOBOSAT Sexy Hot, em dias de semana, cerca de 30% do total de assinantes ligados no canal eram mulheres e no horário nobre (das 19h à 1h), a participação feminina atingia 40%. Enquanto nos finais de semana as mulheres equilibram ou ultrapassam os homens na audiência. Perante isso, produtoras e canais de televisão não podem ficar alheios ao peso da mulher enquanto consumidora. À medida que elas passam a cada vez mais consumir produtos que antes eram rigorosamente “masculinos”, nesse caso conteúdo adulto, obriga os estrategistas a observarem com mais atenção esse público. O primeiro passo já foi dado, são os programas para mulheres dentro dos canais de TV por assinatura. Perfil Sexy Hot (Público do canal em março (em %) durante horário nobre) [Ibope Teleport] 16 51 84 49 0 20 40 60 80 100 Sabado Domingo Homem Mulher Também aumentou a percepção de que canais adultos não são redutos masculinos. O crescimento da presença de mulheres nesse universo talvez seja uma das razões para esse movimento.
  • 32. 40 Parece claro afirmar que o velho pensamento herdado ao longo das décadas de existência dessas produções, de que os filmes adultos são parte de um universo estritamente masculino, reflete diretamente na percepção das mulheres sobre os mesmos. A maioria das mulheres ainda acredita que as produções são feitas nos velhos moldes masculinos, não se identificam com o conteúdo, nem expressam sua sexualidade. Essa percepção tem reflexo direto no desconhecimento (ou falta de conhecimento) sobre a existência de filmes adultos direcionados as preferências do público feminino. Por sua vez, esse desconhecimento passa a ser um obstáculo para o sucesso desse mercado, principalmente no Brasil, já que afeta a procura pelo produto. (Você acredita que os filmes adultos mostram o que a mulher quer realmente assistir ou os homens ainda são o principal alvo?) (Já ouviu falar em Femme Porn – (Filmes adultos para mulheres)?) Sim 2 3% Não 60 97% Sim 16 26% Não 46 74%
  • 33. 41 Baseado na teoria e nos dados coletados constata-se que o público feminino não se caracteriza como um grupo homogêneo, atendido especificamente por apenas um único tipo de produto, nesse caso a um tipo específico de filme, muito menos se resume apenas ao oposto das preferências masculinas, e esse ponto necessita de um cuidado especial. Na verdade esse grupo se subdivide em outros menores que partilham de gostos particulares, e para satisfazer a essa demanda, é preciso oferecer diversidade, afinal, o repertório de desejos, fantasias e preferências femininas é tão diverso quanto do homem. Embora o mercado vise a unificação e padronização dos desejos, a segmentação passa a ser um caminho para o sucesso. (Os filmes são divididos em duas grandes categorias. Qual você prefere?) (As produções eróticas hoje em dia podem ser divididas em vários sub-gêneros. Quais você prefere?) As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%. (Por sua vez, os produtos hard core se dividem em outras sub-categorias: Qual ou quais você mais gosta?) Soft core (Mais leves) 17 27% Hard core (Mais explícitos) 8 13% Não tenho uma preferência 37 60% Hetero 40 77% Casal 25 48% Lésbico 15 29% Gay 2 4% Bissexual 10 19% Travesti 2 4% Gonzo 10 19% Amador 11 21% BDSM (Sadomasoquismo) 9 28% Fetichismo (EX: Pés, sapatos...) 19 59% Gang Bang 8 25% Bizarro 1 3% Outro 1 3%
  • 34. 42 As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%. Por isso é preciso estar atento. Monitorar freqüentemente o público e todo o contexto na qual ele se encontra, pois a mudança de comportamento é constante. Estas variações abrem portas para futuros trabalhos que possibilitem estudos mais aprofundados sobre grupos específicos relacionados ainda a determinados segmentos do mercado. No que se refere ao mapa das produções femininas, verificou-se que elas se concentram na Europa e nos Estados Unidos, enquanto no Brasil, ainda não há diretoras que se intitulem feministas ou produtoras (empresas) de filmes adultos que se dirijam exclusivamente às mulheres. Segundo matéria publicada na revista Época edição 569 do ano de 2009, por enquanto, mesmo nos Estados Unidos, que lidera o ranking de faturamento e lançamento de novos títulos, esse mercado ainda é minúsculo. Contam-se dezenas de produções anuais, contra 13 mil títulos tradicionais, e um faturamento de US$ 4,5 bilhões. E mesmo vinte anos após a fundação da primeira produtora de filmes adultos direcionada ao público feminino, a Femme Productions, ainda existem poucas diretoras na indústria e pouquíssimas companhias que tenham feito concorrência a ela. Há que se considerar que esse mercado (filmes adultos) ainda tem no homem a figura do seu grande consumidor. Afinal, eles ainda são maioria, representam cerca de 80% dos consumidores, entre 35 e 60 anos, conforme a Associação Brasileira do Mercado Erótico (Abeme). Isso pode continuar para sempre ou mudar, porém qualquer previsão a partir daqui seria meramente especulativa e baseada na intuição. No momento, o pornô feminista tem importância simbólica. Ele assinala mais uma etapa de mudança no comportamento das mulheres, além da quebra da reserva de um mercado tradicionalmente dominado por homens e deve chamar atenção das produtoras para esse público potencial. Mas sem nenhuma dúvida, é possível afirmar que as mulheres alcançaram um nível de destaque dentro dessa indústria. É preciso ressaltar que de forma geral, o objetivo principal dessas produções é o entretenimento, isto é, proporcionar uma experiência ao público sob o ponto de vista feminino. Não há em nenhum momento a intenção de oferecer um produto instrutivo/educativo, como é o caso de outros programas. Nas tramas femininas, busca-se proporcionar o prazer da mulher e a realização das suas fantasias. Os roteiros são mais elaborados, a qualidade técnica é superior a dos filmes tradicionais, e as atrizes não têm
  • 35. 43 aparência de mulher de filme pornô, sem silicone nem maquiagem carregada. Fica claro também que cada diretora/produtora reserva certas particularidades em seus trabalhos e se diferenciam umas das outras. Candida Royalle, por exemplo, pioneira na produção de filmes para mulheres no início da década de 80, defende mais sensualidade que sexo explícito, seus filmes são considerados mais leves e ela procura atrizes que as mulheres possam se identificar, isto é, seu casting busca corpos naturais, que não sejam modificados. Por sua vez, a alemã Petra Joy, diretora da Strawberry Seductress, prefere usar pessoas comuns no lugar dos atores e capricha na plasticidade de suas produções, com figurinos e cenários bem elaborados e uma precisa direção artística que muitas vezes têm visual onírico. A americana Tristan Taormino é a mais ousada das diretoras femininas. Seus filmes excedem em cenas de sexo explícito. Ela usa um estilo reality show para humanizar os atores. Também com um perfil mais ousado, a britânica Anna Span, diretora da Easy on the Eye, possui um estilo considerado agressivo por algumas cineastas feministas. Utiliza closes e ângulos de câmera do ponto de vista feminino. A sueca Erika Lust, diretora da Lust Films, aposta na qualidade técnica das filmagens e em bons roteiros. Ela persegue um padrão que chama de Sex and the City com sexo explícito. Apesar das diferenças, todas colaboram com o crescimento da participação feminina nesse mercado, uma vez que direcionam seu trabalho ás preferências do público e sabem o que oferecer a ele. Além disso, abrem o caminho para novas profissionais que desejam se lançar nesse território do entretenimento adulto.
  • 36. 44 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Não é um caminho fácil para a consolidação do mercado de filmes adultos para o público feminino. Trata-se de um produto altamente segmentado que exige ser tratado com sutileza digna do manejo de uma ogiva nuclear, por exemplo, inclusive pelo potencial explosivo do seu conteúdo. Ainda é um terreno novo e cheio de armadilhas, por tanto, toda atenção é bem vinda, para que erros não sejam cometidos. É incontestável o fato de que o mercado feminino ainda é pequeno, mas percebe-se que está em pleno crescimento e pela mesma razão que todos os mercados crescem, começou a produzir o tipo de produto que o público consumidor, no caso as mulheres, querem comprar. A relativa escassez da presença feminina na produção/direção não impede que elas gostem e consumam o que é produzido e dirigido por homens; no entanto, mostra as dificuldades enfrentadas pelas mulheres para entrar no campo e expandir-se. Em outras palavras, o argumento aqui não recai sobre a concepção de que filmes, vídeos e programação de TV produzidos e/ou dirigidos por mulheres vão necessariamente gerar produtos que atraiam mais o público feminino que o masculino. No entanto, após observar a repercussão do trabalho realizado por Candida Royalle e todas que a sucederam, pode-se sugerir que mulheres que produzem esse tipo de material, possivelmente irão aumentar as condições e contribuir para o ambiente em que outras se sintam confortáveis para criar e assistir. Desta forma, o que realmente importa é se esse conteúdo será produzido, distribuído e recebido de uma maneira que contribua para o acesso das mulheres ás mais diversas produções. Sendo assim, acredita-se que a legitimação do gênero ajudará a produzir a percepção de que os desejos femininos devem ser especificamente direcionados e o surgimento de novas produtoras com esse objetivo reforçará essa ideia. No Brasil ainda não há produções orientadas especificamente para esse público ou diretoras que se intitulem feministas, contudo, essa onda de filmes para mulheres pode inspirar um movimento semelhante no país. Por fim recomenda-se a continuidade da pesquisa, dada a sua abrangência, atingindo diversos campos de conhecimento, como a antropologia visual, as ciências sociais, a filosofia, o cinema e o marketing. Além da mudança de modelos mentais, a quebra de paradigmas e necessidade da manter uma discussão bastante atual.
  • 37. 45 5. REFERÊNCIAS ABREU, Nuno César. O Olhar Pornô, Campinas, Mercado das Letras, 1996. BARLETTA, Marta. Como as mulheres compram. São Paulo: Negócio Editora, 2003. BUSCATO, Marcela; COLAVITTI, Fernanda. Pornô feito por mulheres para mulheres. Revista Época. São Paulo, n 569, p. 99-104, abril de 2009. ERHARDT, Marta. Meninas também entram. A tarde , Disponível em: <http://www3.atarde.com.br> Acesso: em 16 nov. 2009. GABLER, Neal, Vida, o Filme – Como o entretenimento tomou conta da realidade, São Paulo, Companhia das Letras, 1999. GIFFIN, Karen Mary . Nosso corpo nos pertence: a dialética do biológico e do social. Revista Saúde Pública, Disponível em:< http://www.scielo.br >.Acesso em 20 de nov. 2009. HUNT, Lynn, Obscenidade e as origens da Modernidade. In HUNT, Lynn (org.), A invenção da Pornografia: Obscenidade e as Origens da Modernidade, São Paulo: Hedra, 1999. JOY, Petra. Disponível em <http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI67813- 15220,00-PETRA+JOY+ESTAMOS+LUTANDO+POR+LIBERDADE+SEXUAL.html>. Acesso em: 18 de set. 2009. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 12. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2006 LEITE JÚNIOR, Jorge, Das Maravilhas e prodígios sexuais: a pornografia “bizarra” como entretenimento, São Paulo: Annablume, 2006. LORENTE, Maria. A indústria clandestina do sexo. Abril de 2007. Disponível em: <http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/04/378453.shtml>. Acesso em: 12 set. 2009. LORIA, Ana, 1-2-3 Be a Porn Star!, Malibu, Infonet Publications, 2000. LUST, Erika. Disponível em: < http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI68075- 15220,00-VIVEMOS+NUMA+SOCIEDADE+PORNOFICADA.html>. Acesso em: 18 de set. 2009. PENTEADO, J. Roberto Witaker. Sexy Hot um Caso de Sucesso. São Paulo: GloboSat, 2006. POPCORN, Faith; MARYGOLD, Lys. Eveolution: The Eight Truths of Marketing to Women. Nova York: Hardcover, 2000.
  • 38. 46 ROCCO, Nelson. O mercado de filmes eróticos. Agosto de 2009. Disponível em: < http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI86728-17180,00- O+MERCADO+DE+FILMES+EROTICOS.html>. Acesso em: 23 de set. 2009. ROCCO, Nelson. Indústria de produtos eróticos não para de crescer. Agosto de 2009. Disponível em: <http://revistapegn.globo.com/Revista/Common/0,,EMI88990-17180,00- INDUSTRIA+DE+PRODUTOS+EROTICOS+NAO+PARA+DE+CRESCER.html>. Acesso em: 21 de set. 2009. ROYALLE, Candida. Disponível em : <http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI67802-15220,00- CANDIDA+ROYALLE+QUERO+QUE+OS+HOMENS+ASSISTAM.html>. Acesso em: 18 de set. 2009. SAMARA, Beatriz; MORSCH, Marco Aurélio. Comportamento do consumidor: conceitos e casos. São Paulo: Prentice Hall, 2005. SARRACINO,Carmine; SCOTT, Kevin. The porning of America: the rise of porn culture, what it means, and where we go from here: Beacon Express, 2008. SIMÕES, Kátia.Quer vender mais? Aposte nas mulheres. Revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, São Paulo, n.212, p.44-55, setembro 2006. SPAN, Anna. Disponível em: < http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI67809- 15220,00ANNA+SPAN+MULHERES+QUE+NAO+GOSTAM+DE+PORNO+NAO+VIRA M+OS+FILMES+CERTOS.html>. Acesso em: 18 de set. 2009. VAISMAN, Magda. Mídia e Sexo: mulheres consomem, cada vez mais, programas e produtos eróticos. Olhar Virtual, Rio de Janeiro, n 110. Abr. 2006. Disponível em: http://www.olharvirtual.ufrj.br/2006/index.php?id_edicao=110&codigo=4. Acesso em: 18 de Out de 2009 WILLIAMS, Linda. Hard core: power, pleasure, and the "frenzy of the visible", California: University of California Press, 1999.
  • 39. 47 APÊNDICE A – Questionário aplicado na pesquisa Qual sua faixa etária? * (Item obrigatório) 16 – 21 15 – 24 30 - 35 31 – 40 Acima de 40 Estado Civil? Solteira Casada Divorciada, Desquitada, Separada Viúva Outros Grau de escolaridade? Ensino Fundamental: de 1ª a 4ª série. Ensino Fundamental: de 5ª a 8ª série. Ensino Médio. Superior. Especialização/Pós-Graduação Mestrado Doutorado Pós-Doutorado Você já esteve em uma Sex Shop? Sim Não Se sim, com que frequência você costuma ir a uma Sex Shop? Sempre que posso De vez em quando Raramente Quando foi a última vez que você assistiu a um vídeo, filme, série ou programa de TV com conteúdo erótico/pornográfico ou em que Sexo fosse sua temática principal? Ontem Há poucos dias Há uma semana Há um mês Há 3 meses Há 1 ano Com que frequência você assiste a vídeos, filmes, séries e/ou programas de TV com conteúdo erótico/pornográfico ou em que Sexo seja sua temática principal? *
  • 40. 48 Frequentemente De vez em quando Raramente Na companhia de quem você costuma assistir? * Sozinha Acompanhada do(a) parceiro(a) Com amigos(as) Quais meios você utiliza para encontrar esse tipo de conteúdo? * Internet (Streaming, downloads) Tv por assinatura (SexyHot, Private, Multishow, GNT, Venus...) Videolocadoras (DVDS, VHS) Revistas Os filmes são divididos em duas grandes categorias. Qual você prefere? * Soft core (Mais leves) Hard core (Mais explícitos) Não tenho uma preferência, gosto das duas As produções eróticas hoje em dia podem ser divididas em várias sub-gêneros. Quais você prefere? Heterossexual Casal Lésbico Gay Bissexual Travesti Gonzo (Estilo reality) Amador Por sua vez, os produtos hard core se dividem em outras sub-categorias: Qual ou quais você mais gosta? BDSM (Sadomasoquismo) Fetichismo (EX: Pés, sapatos...) Gang Bang Bizarro Outro: O que mais te agrada nessas produções? * Um enredo, roteiro ou história envolvente
  • 41. 49 Qualidade técnica (Boa direção de arte, iluminação, som, edição) Atores e Atrizes bonitos As cenas de sexo Em ordem Crescente, (de 1 a 5) pra você o quanto influencia a QUALIDADE TÉCNICA nesse tipo de produção? Por exemplo, uma boa direção de arte, de fotografia e edição 1 2 3 4 5 Pouco Muito Em ordem Crescente, (de 1 a 5), diga o quanto pra você é importante o ENREDO nesse tipo de produção? 1 2 3 4 5 Pouca Importância Muita importância Em ordem Crescente, (de 1 a 5) pra você o quanto influencia a presença de atores(homens) bonitos 1 2 3 4 5 Pouco Muito Você acredita que os filmes, vídeos e series do gênero erótico/pornográfico mostram o que a mulher quer realmente assistir? * Sim Não. O alvo principal deles ainda são os homens Já ouviu falar em Femme Porn (Filmes feitos por mulheres para mulheres) ?* Sim Não Comente sobre os aspectos que você gosta e que não gosta nessas produções. * (Pergunta Aberta)
  • 42. 50 APÊNDICE B - Dados coletados através da aplicação da pesquisa Qual sua faixa etária? Estado Civil Grau de Escolaridade 16 - 21 15 24% 22 - 30 35 56% 31 - 40 10 16% Acima de 40 2 3% Solteira 47 76% Casada 8 13% Divorciada, Desquitada, Separada 5 8% Viúva 0 0% Outros 2 3% Nenhuma 0 0% Ensino Fundamental: de 1ª a 4ª série. 0 0% Ensino Fundamental: de 5ª a 8ª série. 0 0% Ensino Médio. 7 11% Superior. 47 76% Especialização/Pós-Graduação 7 11% Mestrado 1 2% Doutorado 0 0% Pós-Doutorado 0 0%
  • 43. 51 Você já esteve em uma Sex Shop? Se sim, com que frequência você costuma ir a uma Sex Shop? Quando foi a última vez que você assistiu a um vídeo, filme, série ou programa de TV com conteúdo erótico/pornográfico ou em que Sexo fosse sua temática principal? Com que frequência você assiste a vídeos, filmes, séries e/ou programas de TV com conteúdo erótico/pornográfico ou em que Sexo seja sua temática principal? Sim 41 66% Não 21 34% Sempre que posso 2 6% De vez em quando 13 36% Raramente 21 58% Ontem 16 26% Há poucos dias 22 35% Há uma semana 8 13% Há um mês 6 10% Há 3 meses 5 8% Há 1 ano 5 8% Frequentemente 25 40% De vez em quando 25 40% Raramente 12 19%
  • 44. 52 Na companhia de quem você costuma assistir? As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%. Quais meios você utiliza para encontrar esse tipo de conteúdo? As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%. Os filmes são divididos em duas grandes categorias. Qual você prefere? As produções eróticas hoje em dia podem ser divididas em várias sub-gêneros. Quais você prefere? Sozinha 40 65% Acompanhada do(a) parceiro(a) 22 35% Com amigos(as) 6 10% Internet (Streaming, downloads) 46 74% Tv por assinatura 27 44% Videolocadoras (DVDS, VHS) 7 11% Revistas 0 Soft core (Mais leves) 17 27% Hard core (Mais explícitos) 8 13% Não tenho uma preferência 37 60% Hetero 40 77% Casal 25 48% Lésbico 15 29%
  • 45. 53 As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%. Por sua vez, os produtos hard core se dividem em outras sub-categorias: Qual ou quais você mais gosta? As pessoas podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode ultrapassar 100%. Em ordem Crescente, (de 1 a 5) pra você o quanto influencia a QUALIDADE TÉCNICA nesse tipo de produção? Por exemplo, uma boa direção de arte, de fotografia e edição Em ordem Crescente, (de 1 a 5), diga o quanto pra você é importante o ENREDO nesse tipo de produção? Você acredita que os filmes, vídeos e series do gênero erótico/pornográfico mostram o que a mulher quer realmente assistir? Gay 2 4% Bissexual 10 19% Travesti 2 4% Gonzo 10 19% Amador 11 21% BDSM (Sadomasoquismo) 9 28% Fetichismo (EX: Pés, sapatos...) 19 59% Gang Bang 8 25% Bizarro 1 3% Outro 1 3% 1 - Pouco 2 4% 2 0 0% 3 15 26% 4 20 35% 5 - Muito 20 35% 1 - Pouca Importância 5 9% 2 7 12% 3 13 23% 4 14 25% 5 - Muita importância 18 32% Sim 2 3% Não. 60 97%
  • 46. 54 Já ouviu falar em Femme Porn (Filmes feitos por mulheres para mulheres) ANEXO A – As mulheres assumem posições em um mercado historicamente masculino Sim 16 26% Não 46 74%
  • 47. 55
  • 48. 56 ANEXO B – Entrevista concedida pela cineasta Petra Joy a revista Época Petra Joy, uma alemã radicada no Reino Unido, abandou 20 anos de carreira nos bastidores da televisão para encabeçar o que ela chama de uma revolução sexual. Petra, de 45 anos, é uma das diretoras que têm se dedicado a produzir filmes pornôs para mulheres. “Nos meus filmes, elas são o centro das atenções. Não os homens”, afirma a diretora de Feeling it! Not Faking it (Sentindo, não fingindo). ÉPOCA – Quais são os diferenciais dos seus filmes? Petra – Só mostramos sexo seguro. Também não filmo com atrizes pornôs, mas com pessoas comuns. E todo mundo vivencia no meu set apenas o que quer. Faço os filmes com muita responsabilidade, amor e cuidado. Todo mundo se torna amigo, forma uma pequena família. Digo que não faço pornô feminista, mas pornô humanista. Todo mundo é tratado com o maior respeito. Recebo muitos e-mails de pessoas que assistiram ao making-of dos DVDs e elas escrevem “Vocês parecem ser tão próximos, parece que todo mundo está curtindo”. E isso é verdade. Acho que conseguimos transmitir isso. ÉPOCA – Seus filmes são muito caros? Petra – Para mim, eles são muito caros. Não tenho investidores e patrocinadores, tenho que emprestar dinheiro do banco. Gasto em cada um dos meus filmes cerca de 40 mil euros, o que é caro para um filme adulto, que normalmente custa 5 mil euros. Até agora não tive lucro. Mas não faço isso pelo dinheiro. Faço isso pela revolução sexual. ÉPOCA – A senhora já teve vontade de participar de algum de seus filmes? Petra – Eu sou uma voyer, não uma exibicionista. Já mostro tantos dos meus sentimentos no meu trabalho, tanto de mim se torna público, que preciso manter alguma coisa privada.
  • 49. 57 ANEXO C – Entrevista concedida pela produtora Cândida Royalle a revista Época A americana Candida Royalle foi uma das primeiras mulheres a se sentar na cadeira de diretor em um set de filme pornográfico. Em 1984, ela fundou sua própria produtora, a Femme Productions, para fazer os filmes que ela gostaria de ter feito quando era uma atriz pornô. Filmes que respeitassem as mulheres e seu direito ao prazer. Seus primeiro sucesso foi Femme. Hoje, aos 58 anos, ela continua à frente de sua produtora e planeja distribuir nos Estados Unidos o trabalho de uma nova geração de diretoras europeias que faria jus a seu legado no mundo do entretenimento adulto. De sua casa de campo, nos arredores de Nova York, Candida falou com ÉPOCA por telefone. ÉPOCA – A senhora foi uma pioneira do pornô para mulheres. Sente-se orgulhosa da nova geração de diretoras feministas? Candida – Sinto-me muito orgulhosa, claro. Há algumas mulheres na Europa que estão fazendo coisas muito inovadoras, como a alemã Petra Joy, da Strawberry Seductress, e a sueca Erika Lust, da Lust Films. Mas estou um pouco desapontada porque o trabalho de algumas mulheres que estão entrando no mundo dos filmes adultos não é assim tão diferente do pornô comum. Alguns desses filmes são um pouco grosseiros e muito explícitos. É difícil ver alguma diferença em relação aos pornôs comuns. E isso é muito irritante. Infelizmente, algumas pessoas acham que apenas colocar o nome de uma mulher como diretora torna o filme feminista. ÉPOCA – Os homens também gostam dos seus filmes? Candida – Meus filmes são assistidos por casais e a maioria dos homens realmente gosta deles. Recebo mensagens de vários homens dizendo que preferem o meu tipo de filme, me agradecendo. Os homens são mais íntegros e mais interessados em filmes eróticos e bem feitos do que se acredita. Eu preferia que rapazes vissem o tipo de filme que eu faço porque eles vão aprender os papéis sexuais de uma maneira muito mais positiva. São filmes que mostram intimidade entre pessoas reais, que se respeitam. Até sexólogos usam meu trabalho. Mostro pessoas usando preservativo quando não estão interpretando personagens casados. ÉPOCA – É mais caro fazer filmes para mulheres? Candida – Leva tempo para fazer um filme bonito e tempo custa dinheiro. Provavelmente faço os filmes mais caros disponíveis. Eles custam entre US$ 55 mil e US$ 100 mil. Para os padrões de Hollywood é troco, mas na indústria adulta de entretenimento as pessoas estão usando algo entre US$ 5 mil e US$ 30 mil.