2. 2
Sintomas, Sinais,
Doença e Síndrome
• Sintomas: fenômeno, aspecto ou sensação
experimentado pelo paciente e indicativo de doença.
• Sinais: são alterações percebidas pelo profissional de
saúde, indicativo de uma doença.
• Doença: desvio ou interrupção da estrutura ou
função normal de parte, órgão ou sistema.
• Síndrome: concorrências de múltiplos sintomas.
* Usualmente doença atinge um órgão ou sistema
enquanto síndrome atinge vários sistemas.
3. 3
Definição e Conceito
• A Síndrome Metabólica (SM) é um transtorno complexo
representado por um conjunto de fatores de risco
cardiovascular usualmente relacionados à deposição
central de gordura e à resistência à insulina. (I-DBSM,
2005)
• Associação entre resistência à insulina, intolerância à
glicose, hipertensão arterial (HA), dislipidemia, doença
aterosclerótica e uma série de anormalidades
metabólicas contribuem para a compreensão da
etiopatogenia e do impacto no risco DCV. (SBD, 2006)
I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica
– Abril de 2005 (I-DBSM).
4. 4
Fisiopatologia da SM
• A resistência à insulina é a hipótese mais aceita
como causa da SM, à semelhança do DM-2.
• O de ácidos graxos circulantes derivados do tecido
adiposo visceral, no fígado, levará ao na produção
de glicose, TG e de VLDL, associando-se a no
HDL-c e na LDL, principalmente a partícula
pequena e densa. Dir. SBD, 2007
5. 5
A Resistência à Insulina
(RI)
• A RI é definida como uma resposta biológica
subnormal a uma determinada concentração de
insulina, sendo condição fisiopatológica de grande
repercussão clínica.
• Indivíduos com RI têm chance de desenvolver DM-
2; alguns tipos de dislipidemia; HA; doenças
neurodegenerativas; esteatohepatite não-alcoólica;
algumas neoplasias, como de mama, pâncreas e
cólon; e um risco CV em 2 a 4x
6. 6
Epidemiologia
• Existem poucos estudos representativos para a
população brasileira
• Dados obtidos nos EUA, México e países asiáticos:
♂ 12,4 – 28,5%
♀ 10,7 – 40,5%
• “O estudo da SM tem sido dificultado pela ausência de
consenso na sua definição e nos pontos de corte dos
seus componentes.”
I-DBSM, 2005
7. 7
Epidemiologia
• O aspecto de maior relevância no diagnóstico de SM
são o risco de desenvolvimento de DM-2 e DCV.
• Em uma população sem DM, houve da
mortalidade (CV e todas as causas) em pessoas
com SM
• Em indivíduos com SM a mortalidade geral é 1,5x
e a cardiovascular é 2,5x.
I-DBSM, 2005
8. 8
A SM representa a combinação
de pelo menos três componentes
Componentes Níveis
Obesidade abdominal por meio
de circunferência abdominal
Homens > 102 cm
Mulheres > 88 cm
Triglicérides ≥ 150 mg/dL
HDL-colesterol
Homens < 40 mg/dL
Mulheres < 50 mg/dL
Pressão arterial ≥ 130 mmHg ou ≥ 85
mmHg
Glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL
A presença de DM-2 não exclui o diagnóstico de SM
9. 9
Outras Condições Clínicas
Associadas
* Que não fazem parte dos critérios
diagnósticos da SM:
- Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
Acanthosis nigricans; Doença hepática
gordurosa não-alcoólica; Microalbuminúria;
Estados pró-trombóticos; Estados pró-
inflamatórios; Disfunção endotelial;
Hiperuricemia.
I-DBSM, 2005
10. 10
Fatores que contribuem
para o surgimento da SM
• Predisposição genética;
• Alimentação inadequada;
• Inatividade física.
Prevenção Primária
I-DBSM, 2005
11. 11
Tratamento
não-medicamentoso
É terapia de primeira escolha:
Plano alimentar para peso+Exercício físico
• Conseqüências:
– circunferência abdominal e a gordura visceral
– a sensibilidade à insulina e a glicemia,
podendo prevenir e retardar o DM-2
– PA
– TGL e HDL-c
I-DBSM, 2005
12. 12
Considerações Terapêuticas
da SM
• As principais orientações terapêuticas para a SM,
destinam-se a:
– Remoção e tratamento dos Fatores de Risco
(fumo, hipertensão arterial (HA), obesidade,
dislipidemia, intolerância à glicose, estados pró-
trombótico e pró-inflamatório);
– Tratamento da resistência à insulina.
SBD, 2006
13. 13
Metas para o tratamento da SM
GLICEMIA PLASMÁTICA (mg/dL)
Jejum < 110 mg/dL
Pós-prandial (2h) < 140 mg/dL
Hemog. Glic. A1c (%) no DM < Limite superior do método
COLESTEROL (mg/dL)
Total < 200 mg/dL
HDL > 45 mg/dL
LDL < 100 mg/dL
TRIGLICERÍDEOS (mg/dL) < 150 mg/dL
PA (mmHg)*
Sistólica < 130 mmHg
Diastólica < 85 mmHg
PESO (kg) Perda sustentada de 5% – 10%
I-DBSM, 2005
* Na DM a PA deve ser <130/85mmHg e se houver proteinúria >1g/24h, deverá ser
<125/75 mmHg.
16. 16
Conceito e Definição
• Alterações no metabolismo das lipoproteínas
plasmáticas, levando a defeitos no transporte dos
lípides (colesterol e triglicérides).
• Também inclui as condições nas quais não se pode
evidenciar aumento ou diminuição nos lipídeos, e sim
alterações nas proporções relativas entre uma
lipoproteína plasmática e outra.
• Na SM, a dislipidemia caracteriza-se pela presença de
níveis baixos de HDL-c e níveis elevados de TG
17. 17
Aspectos Gerais
• A doença aterosclerótica é a principal causa de
mortalidade no Brasil e a dislipidemia é uma dos seus
principais fatores de risco.
• DM, hipertensão, alcoolismo e hipotireoidismo
evoluem com hiperlipidemia.
• Os lípides mais importantes são os fosfolípides, o
colesterol, os triglicérides e os ácidos graxos.
• As lipoproteínas são responsáveis pela solubilização
e transporte dos lípides no plasma.
18. 18
Lipoproteínas
– TIPOS –
• Quilomícrons - são ricas em TG, maiores e menos
densas, de origem intestinal;
• VLDL (very low density lipoprotein) - lipoproteínas
de densidade muito baixa, de origem hepática;
• LDL (Low density lipoprotein) – lipoproteínas de
densidade baixa, ricas em colesterol;
• HDL (high density lipoprotein) – lipoproteínas de
densidade alta, ricas em colesterol.
19. 19
Classificação das
Dislipidemias
• As dislipidemias primárias compreendem quatro tipos
bem definidos:
a) Hipercolesterolemia isolada – LDL-Colesterol
160mg/dL; Ex.: ateromas (LDL oxida e se aloja
nas paredes do endotélio, formando placas de
ateromas).
b) Hipertrigliceridemia isolada – TG 150mg/dL;
c) Hiperlipidemia mista (é a mais grave) – valores
aumentados de ambos LDL-C e TG;
d) HDL Colesterol baixo – redução isolada do HDL-C
(homens <40mg/dL e mulheres <50mg/dL) ou em
associação com aumento de LDL-C ou de TG.
IV Dir. Bras. 2007
20. 20
Tratamento
Medicamentoso
• As metas terapêuticas são muito variáveis e
dependem de fatores como risco para doença
aterosclerótica, diabetes, HA e obesidade central.
– Por exemplo, em aterosclerose manifesta, a
diretriz brasileira preconiza MEV (mudança de
estilo de vida) + tratamento farmacológico e meta
de LDL-C 70mg/dL.
21. 21
Hipercolesterolemia
isolada
• Os medicamentos indicados são as estatinas, que podem ser
administradas em associação à ezetimiba, colestiramina
eventualmente a fibratos ou ácido nicotínico.
Tabela XI – Doses das estatinas e efeitos sobre o LDL–C
Fármaco Doses Δ LDL-C
Sinvastatina 20 a 80mg - 27% a 42%
Lovastatina 10 a 80mg - 21% a 41%
Pravastatina 20 a 40mg - 20% a 33%
Fluvastatina 20 a 80mg - 15% a 37%
Atorvastatina 10 a 80mg - 37% a 55%
Rosuvastatina 10 a 40mg - 43% a 55%
22. 22
Hipertrigliceridemia
isolada
• São indicados os fibratos e, em segundo lugar, o ácido
nicotínico ou a associação de ambos.
Tabela XII – Doses dos fibratos disponíveis e efeito sobre HDL-C e TG
Medicamento Dose mg/dia Δ HDL-C Δ Triglicérides
Bezafibrato 400 a 600 + 5 a 30% - 15 a 55%
Ciprofibrato 100 + 5 a 30% - 15 a 45%
Etofibrato 500 + 5 a 20% - 10 a 30%
Fenofibrato 250 + 5 a 30% - 10 a 30%
Genfibrozil 600 a 1200 + 5 a 30% - 20 a 60%
27. 27
Obesidade
Definição adotada pela OMS:
“Condição de acúmulo anormal ou
excessivo de gordura no tecido adiposo,
numa extensão em que a saúde pode
ser prejudicada.”
Garrow, 1988
28. 28
Tipos de Obesidade
1. Generalizada;
2. Andróide, superior ou tipo “maçã” –
gordura concentrada no tórax e abdômen;
aumento da mortalidade; aumenta a
morbidade (metabólicas e cardiovasculares);
3. Ginecóide, inferior ou tipo “pêra” – A
gordura está mais concentrada nos quadris e
membros, mais associada a problemas
articulares, circulatórios periféricos e
estéticos.
29. 29
Classificação pelo IMC
- Obesidade -
• Para o diagnóstico em adultos, o parâmetro
utilizado mais comumente é o do Índice de
Massa Corporal (IMC), padrão utilizado pela
OMS, que identifica o peso normal quando o
resultado do cálculo do IMC está entre 18,5 e
24,9.
IMC =
Peso em Kg
(Altura em m)2
30. 30
Razão Cintura Quadril
(RCQ)
• O cálculo da relação cintura-quadril, definida pela
divisão do maior perímetro abdominal entre a última
costela e a crista ilíaca pelo perímetro dos quadris a
nível dos trocânteres femorais com o indivíduo em
decúbito dorsal.
• Índices superiores que 0,8 em mulheres e 0,9 em
homens definem distribuição central de gordura e
aumento do risco morbimortalidade.
Fonte: Consenso Latino Americano de Obesidade – 1998 www.abeso.org.br
31. 31
OMS, 1998 - Lean MEJ et al. Lancet;1998
Circunferência Abdominal
Risco Elevado
> 102 cm
> 88 cm
Risco Elevado
32. 32
Epidemiologia
• A prevalência da obesidade tem aumentado muito,
constituindo num dos maiores problemas atuais de
saúde pública, principalmente nos grandes centros
urbanos.
• É o maior fator de desenvolvimento de DM-2 e está
associada a HAS e a dislipidemia - fatores de risco
importantes de DCV.
PRADO, F.C.; RAMOS, J.; VALLE, J.R.; 2003
33. 33
Etiologia e Fisiopatologia
• A obesidade tem sido atualmente considerada uma
síndrome com múltiplos fatores etiológicos:
– genético; endócrino; psicológico; nutricional;
neuroquímico; imunológico; cultural; social...
• Reconhecer e tratar essa condição é fundamental.
PRADO, F.C.; RAMOS, J.; VALLE, J.R.; 2003
34. 34
IMC e
Magnitude de Risco
Magnitude de
risco
IMC Tipo de
obesidade
Moderado 25 e 29,9 Sobrepeso
Alto 30 e 34,9 Obesidade grau I
Muito Alto 35 e 39,9 Obesidade grau II
Extremo Acima de 40 Obesidade grau III
“mórbida”
Consenso Latino Americano de Obesidade – 1998 www.abeso.org.br
36. 36
Tratamento da Obesidade
• É importante considerar a obesidade dentro da
síndrome metabólica (obesidade, hipertensão,
hiperinsulinismo, intolerância à glicose,
hiperlipidemia) e também como fator de risco de
doença coronariana (maior no sexo masculino).
• O objetivo não se restringe à perda ponderal, mas
deve incluir o tratamento de doenças associadas,
assim como das complicações relacionadas ao
excesso de peso.
PRADO, F.C.; RAMOS, J.; VALLE, J.R.; – 2003
37. 37
Modalidades
De Tratamento
• Dieta hipocalórica
• Implementação de atividade física
• Tratamento farmacológico
• Procedimentos cirúrgicos (na obesidade I, II e III,
conforme doenças associadas)
• Terapia comportamental
PRADO, F.C.; RAMOS, J.; VALLE, J.R.; – 2003
38. 38
Tratamento farmacológico
Obesidade
* contra-indicados em diabéticos com arritmia ou insuficiência cardíaca
Aumento de
evacuações;
Urgência e
incontinência fecal;
Flatulência
3 (às
refeições
)
360mg
Inibidor da
absorção da
gordura
intestinal
Orlistat
Aumento da PA e da
FC
1
10-20mg
Noradrenérgico+
serotoninérgico
Sibutramina
1 - 2
1-3mg
Mazindol
1 - 2
40–
120mg
Anfepramona
Irritabilidade,
insônia, ansiedade,
euforia, boca seca,
turvação visual,
arritmias,
hipertensão,
constipação
1 – 2
25-50mg
Noradrenérgicos
*
Femproporex
Efeito colateral
Tomadas
Posologia
Classe
Medicamentos
39. 39
Hipócrates (a.C. 460 – 377 a.C.)
“Se pudermos dar a cada indivíduo a
quantidade exata de nutrientes e de
exercício, que não seja insuficiente nem
excessiva, teremos encontrado o caminho
mais seguro para a Saúde.”