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Aiden é um leal guerreiro da névoa que aceita a missão de protegê-la,
apesar de suas próprias convicções de que os seres humanos não são
confiáveis. No entanto, quando sua vida está em perigo, ele muda de opinião,
e é arrastado para uma batalha cujos participantes são desconhecidos: ele
está lutando contra os demônios ou contra seus companheiros guerreiros da
névoa?
Um desejo proibido queima entre Aiden e Leila quando eles são forçados
a contar com as únicas pessoas que podem confiar: um no outro. E mesmo
que ele possa salvá-la e derrotar seus inimigos, uma união entre eles pode ser
a aventura mais arriscada de todas.
Informação:
A autora ainda não escreveu os outros livros da série.
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faz tudo
CAPÍTULO UM
Aiden lançou sua adaga no demônio, visando a testa, mas a arma
falhou o alvo, quando o bastardo girou com velocidade sobre-humana.
Girando para a esquerda, Aiden evitou o que estava por vir: uma antiga faca
voando em sua direção, deixando o pulso hábil do demônio tão rápido quando
o verme do submundo transformou-se em seus calcanhares. A extremidade
afiada da faca passou por ele nem um centímetro proximo demais. Forjada
nos dias escuros, a arma poderia matá-lo, um imortal guerreiro da névoa. E
ele não estava ali para morrer.
Estava lutando contra o mal para salvar a sua incumbência, a mulher
humana a qual ele foi designado para proteger da influência dos demônios do
medo, os maiores inimigos da humanidade.
Aiden observou com horror quando os três demônios reuniram seus
poderes e projetaram um turbilhão de névoa negra, envolvendo a entrada de
um prédio degradado, seus tentáculos alcançando os pés de sua incumbência,
quando ela deu mais um passo em direção a eles como se fosse puxada por
cordas invisíveis.
Soava semelhante a um tornado ensurdecendo seus ouvidos, e seus
gritos foram devidamente engolidos por ele quando Sarah foi sugada em suas
profundezas. Seduzida por promessas dos demônios de poder e riquezas, ela
avançou em direção ao portal escuro que iria levá-la ao seu mundo e
transformá-la em um deles.
  ―Sarah! Nããão!
Ela virou a cabeça, como se tivesse ouvido sobre o barulho no beco. Mas
seus olhos estavam vazios. Como se ela nem sequer estivesse vendo-o.
Ele sabia que a única maneira de fazê-la parar era destruir o portal, o
que significava matar os demônios que o criou. Em um flash, ele virou-se para
recuperar a faca que o demônio tinha jogado nele. Assim como tal arma
poderia matá-lo, poderia matar um demônio. Eles eram tão vulneráveis a
ferramentas forjadas nos dias escuros como os guerreiros da névoa eram.
Aiden olhou do beco estreito para o cruzamento, mas nenhum de seus
irmãos estava vindo em seu auxílio.
Quando ele percebeu que estava em desvantagem, imediatamente
chamou o seu segundo, Hamish. Mas seu companheiro Guerreiro da Névoa
estava longe de ser encontrado. Como se ele tivesse desaparecido no ar.
Seu código de ética ditava que se o segundo Guerreiro da Névoa
estivesse perto, iria responder rapidamente em situações como estas,
situações de vida e morte. Aiden foi muitas vezes para Hamish o segundo, e
mesmo que o posto fosse implícito, uma opção entre sentinela e o segundo
ocorria atribuição após atribuição. É assegurado constante aprimoramento
de suas habilidades, de estar tão confortáveis com emissão de ordens como
devidamente segui-las, sem duvidar.
Eles eram irmãos, se não no sangue, unidos por um objetivo comum:
proteger a raça humana da influência dos demônios do medo e promover o
bem neste mundo.
Do canto do olho, percebeu um movimento e imediatamente dois dos
demônios tinham deixado a proteção do vórtice, de forma clara vindo para
acabar com ele em combate.
Aiden soltou uma risada amarga. Eles teriam uma surpresa. Matar de
perto e pessoalmente era sua especialidade.
―Venham e peguem-me. ― Ele zombou deles, abrindo os braços em
convite. Uma rajada de vento soprou seu casaco, fazendo com que seus restos
agitassem loucamente atrás dele.
As risadas de zombaria dos demônios zumbiram sobre o ruído e, por um
momento, foi tudo que Aiden ouviu. Seu olhar suplicante para Sarah
desapareceu em seus olhos estéreis. Ela moveu a cabeça lentamente de um
lado para o outro quando deu mais um passo para a frente. Ela era apenas
um ser humano fraco, a influência que os demônios tinham sobre ela era
muito forte para resistir.
Rangendo os dentes, e agarrando a antiga lâmina firmemente em seu
punho, Aiden saltou no primeiro demônio, uma criatura humanóide na
aparência, mas com os olhos verdes brilhando, as histórias diziam que era o
sinal da maldade por dentro. Ele bateu em seu adversário, que estava
construído maciçamente como um tanque. Isso não dissuadiu Aiden, no
mínimo. Enquanto ele não era tão forte como o demônio, era mais ágil e mais
rápido. Era a sua vantagem em combate.
Rosnando como um animal, o demônio levantou um punhal em direção
ao seu peito, mas Aiden esquivou-se num piscar de olhos e pulou atrás dele.
Com um golpe limpo, ele correu a faca ao longo do pescoço do demônio,
cortando-o da esquerda para a direita. Em meio aos sons surpresos da
criatura antes de morrer, o sangue jorrou verde na rua. Aiden enfiou o joelho
nas costas do demônio morto e jogou-o no chão.
Mas ele não teve a chance de respirar. Com um grunhido feroz, o
segundo demônio saltou sobre ele, enfrentando-o. O impacto tirou todo ar de
seus pulmões, por um momento, imobilizando-o.
Enquanto estava deitado sobre a superfície úmida, a criatura enorme
prendeu-o, ele arriscou um olhar para o vórtice. Sarah estava quase em cima
dele, seus passos menos hesitantes agora. Aiden podia ouvir os sussurros
bem sedutores do terceiro demônio que estava persuadindo-a a ir para ele. E
fraca como estava, ela aproximou-se.
No entanto, Aiden ainda não iria permitir isso. Buscando toda a sua
força, ele libertou uma perna e chutou forte entre as coxas do demônio.
Felizmente, os demônios também tinham bolas. E pelos sons que o filho da
puta estava fazendo agora, eles eram tão sensíveis como um ser humano.
Com um empurrão, Aiden afastou o demônio ferindo-o em seu peito.
Seus olhos procuraram a faca que ele deixou cair quando o idiota forçou-o ao
chão. Enquanto fazia isso, o demônio recuperou sua força e levantou-se,
segurando o braço com a adaga chicoteando na direção do pescoço de Aiden.
Ele rolou para o lado, evitando a lâmina mortal por uma fração de segundo, e
ficou de pé no mesmo instante.
Mas o demônio foi mais rápido e jogou sua perna contra ele, enviando-o
para a parede atrás dele.
Uma costela fraturada, mas o poder correndo através de seu corpo fez
Aiden ter certeza de não sentir dor. Como um imortal, sua tolerância à dor era
muitas vezes maior que um mero ser humano, mesmo que seu corpo tivesse a
aparência inteiramente de um humano.
Debaixo da pele e músculo, porém, havia as experiências coletivas dos
Guerreiros da Névoa que já caminharam sobre a Terra. Virtual eles
chamavam, e dava-lhes poder para lutar contra demônios e esconder-se dos
seres humanos como se tivessem jogado um manto de invisibilidade sobre
eles. Eles foram agraciados com poderes que desafiavam a física, poderes que
os humanos consideravam sobrenatural, se soubessem que os Guerreiros da
Névoa existiam. Mas sua existência foi escondida por séculos. Desde o seu
início nos dias escuros.
Assim, quando Aiden ficou de pé, sua mão roçou a adaga que jogou
antes na testa do demônio. Ele agarrou-a e pulou para a frente novamente,
correndo contra o seu agressor, pousando a faca no estômago do canalha.
Quando os olhos do demônio arregalaram-se de medo e descrença,
Aiden puxou para cima o punhal, cortando-o como um porco. As vísceras e
sangue verde derramando dele, o fedor contaminando o ar fresco da noite,
antes de seu corpo desabar.
Sem perder um segundo, Aiden virou-se e correu em direção a sua
incumbência. Em uma tentativa desesperada de puxá-la de volta, seu corpo
enrolado em tensão, seu longo casaco preto batendo de lados, soprado de
volta pela força do ar rodopiando e o nevoeiro. Levando as mãos à frente para
tentar pular em sua direção, ele concentrou toda sua energia em um
pensamento: salvar esta humana das garras do mal.
A raiva fervia nele como em um caldeirão prestes a transbordar. Ele não
podia permitir que eles a levassem. Toda alma que os demônios levavam para
o seu lado os fazia mais forte. Logo, eles levantariam-se novamente de suas
tocas no fundo do submundo e dominariam a humanidade mais uma vez. A
desolação dessa perspectiva o fez estremecer até os ossos.
Um grito atrás dele fez com que ele girasse sua cabeça, fazendo-o perder
a concentração por um momento. Ele viu uma mulher com uma criança nos
braços, freneticamente tocando uma campainha em um dos prédios de
apartamentos, os olhos arregalados de horror.
Merda! Ele não precisava de testemunhas para o que estava
acontecendo ali. Mas não havia nada que ele pudesse fazer agora.
Sua prioridade era salvar Sarah.
Reunindo o antigo poder que estava dentro de cada Guerreiro da Névoa,
ele permitiu surgir através de seu corpo e recarregar suas células. Ele caiu
para a frente, incumbências elétricas dançando nas palmas das mãos, como
pequenas chamas, e estendeu a mão para ela.
Ela empurrou-o de volta, a raiva brilhando em seus olhos.
Atrás dela, ele vislumbrou o terceiro demônio quando sua mão
estendeu-se através do vórtice, um punhal em sua palma.
Sussurrando algo para ela, o demônio pressionou a antiga arma em sua
mão.
Com medo, Aiden percebeu quando ela aceitou e jogou-lhe o pulso,
como se tivesse sido treinada para isso. O demônio tinha o controle de seu
corpo agora.
Tudo que Aiden podia fazer era girar para o lado para evitar a lâmina.
Então seus olhos ficaram verde. Ao ceder à demanda do demônio, ela
tornou-se um deles.
Outro grito chamou sua atenção para a mulher atrás dele. O que ele viu
virou seu estômago. O punhal de Sarah atingiu a criança na cabeça. Sangue
saia do corte para o minúsculo suéter branco e para as mãos da mãe que
estava tentando desesperadamente salvar seu bebê.
Maldição! Ele devia ter matado Sarah no momento em que percebeu que
ela não poderia ser salva. Agora ela matou um inocente. E ele era o culpado,
porque não agiu rápido o suficiente. Ele deixou-a viver, porque esperava que
pudesse salvá-la.
Ele falhou novamente. Sentindo seu passado alcançá-lo, ele forçou as
lembranças dolorosas de sua primeira e única outra falha e concentrou sua
energia em sua incumbência anterior. Sem hesitar, ele apontou. O punhal
antigo mirando no pescoço de Sarah, prendendo seus movimentos. O sangue
jorrou do ferimento fatal quando ela caiu para frente no turbilhão.
Gritos de frustração do demônio encheram o beco, e pedaços de luz
ilumiram a noite escura. Um momento depois, o ar e o nevoeiro pararam e
tudo ficou tranquilo, exceto pelos soluços da mulher cujo filho estava morto
em seus braços.
Quando ele chegou ao lugar onde Sarah caiu, estava vazio. O vórtice a
tinha engolido. Apenas seu punhal ensanguentado foi deixado como prova de
que ele a matou.
Ele não teve escolha, a não ser fazê-lo. Era melhor do que os demônios
tê-la para usá-la. Melhor para ela e para o mundo. Era a razão pela qual ele
não poderia arrepender-se de sua ação. Ele só lamentava ter adiado o
inevitável e não ter agido antes.
Nunca mais hesitaria em matar um ser humano que ele tivesse razão
para acreditar que foi comprometido. Era melhor um ser humano morrer do
que os demônios capturarem outra alma ou um inocente sofrer, como esta
criança e sua mãe. Da próxima vez, sua adaga iria encontrar seu alvo no
momento em que suspeitasse que um demônio estava influenciando sua
incumbência. Ele não hesitaria novamente.
Os humanos eram muito fracos. Eles deveriam ser eliminados assim
que representassem um perigo. O Conselho estava errado ao tentar protegê-
los quando eles claramente voltariam-se contra seus protetores, contra os
Guerreiros da Névoa que só queriam o seu melhor. Sarah não foi a primeira
que provou isso a ele.
Lembranças antigas, ainda frescas como sempre, lembrava-o mais uma
vez que ele nunca poderia vacilar novamente. Sua hesitação custou-lhe muito
caro há muitos anos. Como resultado, toda a sua família sofreu; eles
perderam um ente querido, e foi culpa dele. Seu coração apertou-se
dolorosamente quando a culpa sobre o seu erro do passado ressurgiu. Ele
nunca poderia cometer o mesmo erro novamente. O mal tinha que ser
erradicado rapidamente, não importava a forma como se apresentasse:
demônio ou humano.
CAPÍTULO DOIS
Leila levantou a cabeça do microscópio quando ouviu uma batida
urgente na porta de seu laboratório.
―Dra. Cruickshank? Você ainda está aí?
Ela alisou o jaleco para baixo e pegou seu reflexo no armário de vidro
sobre a bancada de trabalho que estava curvada. Seu rabo de cavalo ainda
estava segurando o cabelo comprido e escuro, mas várias mechas tinham se
soltado e agora enrolavam ao redor de seu rosto. Parecia quase como se um
cabeleireiro tivesse feito um enorme esforço para arrumar o cabelo assim. É
claro que isso era impossível. Ela não ia a um salão de cabeleireiro em meses.
Como poderia perder seu tempo precioso preocupando-se com sua aparência,
quando tinha um trabalho tão importante para fazer?
Ao longo dos últimos meses, ela fez um enorme progresso. Os ensaios
clínicos eram promissores, e parecia haver apenas um pouco de ajuste mais
fino necessário até que a droga fizesse exatamente o que ela queria: parar a
doença de Alzheimer, uma doença que seus pais sofriam. A droga ainda
parecia mostrar alguma promessa de ser capaz de reverter alguns dos efeitos
da doença, mesmo que as chances de erradicação que todos os danos do
Alzheimer já tivesse causado fossem pequenas.
Para seus pais, era uma corrida contra o tempo. Houve momentos em
que parecia perfeitamente bem, mas em outros momentos, lapsos de memória
eram gritantes, e ela podia senti-los esvaindo. Se ela não terminasse sua
investigação em breve, os danos aos neurônios de seus cérebros se tornaria
muito grave até mesmo para qualquer droga revertê-la. Quanto mais cedo a
droga fosse administrada, maior as chances de alguma recuperação da função
cerebral. Mesmo que ela soubesse que seus pais nunca poderiam recuperar-se
totalmente, ela agarrava-se à esperança de que pelo menos algumas das suas
funções cerebrais poderiam ser restauradas ao seus antigos estados.
Com 36 anos, ela deveria ter filhos e uma família própria, mas nunca
houve nada além de seu trabalho. Depois de terminar a faculdade de
medicina, ela queria ir para a cirurgia plástica, atraídos pela alta renda que a
especialidade oferecia. No entanto, quando pela primeira vez seu pai e depois
sua mãe mostrou sinais precoces da doença, ela rapidamente mudou seus
caminhos.
Leila, de repente percebeu que para seus pais dinheiro não significa
nada quando eles estavam perdendo o que mais amavam: um ao outro.
Depois de formar-se, a Inter Pharma mostrou interesse em sua pesquisa e
ofereceu-lhe um emprego. Agora, ela dirigia seu próprio laboratório,
supervisionando três assistentes e dois jovens investigadores.
Ela adorava correr por seu próprio laboratório, afinal seu trabalho
apelava para seus sentidos. Tudo tinha seu tempo e lugar.
Foi como ela conseguiu lidar com a crise: por manter as coisas em
ordem e sempre sabendo o que vinha a seguir, sempre com um plano. Deu-lhe
segurança, algo que ela desejava desde que seus pais adoeceram. E essa
necessidade de segurança permeou toda a sua obra.
Enquanto sua equipe de laboratório executava muitas partes diferentes
de sua pesquisa, Leila era a única que tinha acesso a todos os dados e a
fórmula completa do medicamento, tal como existia agora. Manter os dados
seguros era fundamental para ela.
Era um dos motivos de não usar o computador da rede que a Inter
Pharma deu a ela, mas usava seu próprio computador portátil criptografado, o
backup de seus dados em um cartão de memória que estava pendurado,
disfarçado como um pingente de diamante cravejado, em um colar em volta de
seu pescoço onde quer que fosse.
Houve incidentes anteriormente, onde os dados de outro pesquisador
foram roubados por um empregado e mais tarde ressurgiu em outra empresa
farmacêutica, que em seguida, nomeou para si a descoberta. Uma nova droga
significava grandes quantidades de dinheiro para a Inter Pharma, mas para
Leila significava um começo para seus pais e ver a luz de reconhecimento em
seus olhos novamente antes que fosse tarde demais e eles se fossem para
sempre.
―Dra. Cruickshank?
Leila saltou de sua cadeira e foi até a porta, abrindo-a. Ela se
acostumou a trancar a porta quando estava sozinha no laboratório. Quando
abriu, olhou para o rosto corado da assistente pessoal do CEO, Jane.
―Ah, bom, você ainda está aqui. Eu não tinha certeza. ― Ela balbuciou.
Leila balançou a cabeça, preocupada. Sua equipe já tinha saído, mas
mesmo que já tivesse passado das oito horas, ela não estava pronta para sair.
Havia sempre mais dados a serem analisados.
―Jane, há algo que você precisa? ― Perguntou ela, esperando que a
secretária tola quisesse um pacote extra de adoçante ou um saquinho de chá,
porque ela, mais uma vez esqueceu de comprar suprimentos para os
executivos.
―O Sr. Patten enviou-me. Ele perguntou se poderia dar-lhe um minuto
para falar com ele.
―Agora? Eu pensei que ele ja tivesse ido para casa há muito tempo.
―Era raro que alguém, além dela e do cara da segurança trabalhasse até
tarde.
―Eu também. Mas ele teve uma reunião e só agora terminou. É claro,
ele me fez ficar.― Jane soltou um suspiro irritado. ―Então você pode? Quero
dizer, vê-lo em seu escritório?
Leila assentiu distraidamente, embora odiasse a interrupção.
―Ah, e você teria qualquer adoçante sobrando? Está muito corrido.
Bem, isso explicava por que Jane não usou o telefone para chamá-la ao
escritório.
Leila virou-se rapidamente para pegar um punhado de pacotes da tigela
em cima da geladeira e pressionou-os nas mãos estendidas de Jane.
Certificando-se de fechar a porta atrás dela, ela caminhou por todo o corredor
ao lado da assistente de Patten.
A chave em seu pescoço tilintou contra seu pingente, fazendo um som
estranho no corredor vazio.
―Eu sempre admirei o seu colar. ― Jane falou. ―Você lembra de onde
você o comprou?
―É feito sob encomenda. ― Disse Leila, ignorando o súbito
formigamento em sua nuca. Ela rapidamente lançou um olhar por cima do
ombro, mas não viu nada além do piso de linóleo brilhante nem as paredes
branco estéril.
―Feito sob encomenda?
Ela acenou de volta para Jane.
―Sim, eu pedi a um joalheiro para fazê-lo.― Para esconder seu pen drive
de 64mb e manter sua pesquisa perto de seu coração, literalmente. Mas
ninguém sabia disso. Talvez fosse paranóia ou talvez fosse simplesmente o
senso comum, mas ela queria garantir que nenhum de seus dados jamais
fosse perdido.
―É lindo. Onde é a loja? Eu gostaria de fazer algo semelhante.
―Ele saiu do negócio, eu temo. ― Leila mentiu e tentou um sorriso
arrependido.
Ela não queria revelar o nome do joalheiro apenas no caso dele deixar
escapar que o pingente era por dentro do tamanho perfeito para um cartão de
memória. Ninguém deveria saber que ela carregava seus dados com ela. Por
não guardar seus dados no computador de seu laboratório levantou uma
bandeira vermelha e rendeu-lhe uma reunião com o CEO. No entanto, uma
vez que ela explicou seu caso e o fato de estar preocupada sobre a pesquisa
ser roubada, Patten concedeu um acordo: a cada noite, quando terminasse
com sua pesquisa, ela iria fazer o backup dos dados em um disco rígido
externo que ela então colocaria em um cofre. Somente a impressão do seu
próprio polegar ou de Patten poderia abrir a peça especialmente projetada,
garantindo assim que ninguém não autorizado pudesse acessá-lo.
Parecia que seu chefe era tão paranóico quanto ela. E por que ele não
deveria ser? A investigação farmacêutica era um negócio cruel. A primeira
empresa a desenvolver uma nova droga iria começar algo grande que
nenhuma outra empresa poderia competir. Ser o primeiro era tudo neste
negócio.
Seu laptop estava armado com um software especial que iria iniciar
uma sequência para destruir dados no disco rígido impedindo qualquer um de
mexer com ele. Ele era a prova de falha.
― ... então eu fui com o vermelho. O que você acha?― Jane apontou
para suas unhas, que foram pintadas de uma cor laranja medonho.
Claramente, a jovem era daltônica.
―Bonito. ― Leila conseguiu dizer, perguntando o que mais Jane tinha
tagarelado enquanto ela estava com a cabeça nas nuvens novamente. Foi o
que aconteceu tantas vezes ultimamente: ela ia ao espaço pensando sobre
uma coisa ou outra, e nem mesmo percebia que outras pessoas estavam ao
seu redor ou até mesmo falando com ela.
Na próxima curva do corredor, que virava à esquerda, Leila apertou o
botão do elevador. As portas de imediato separaram-se, e ela entrou, seguida
por Jane. Sua colega apertou o botão para o andar executivo, e as portas
começaram a fechar. Assim quando as portas estavam quase fechadas, algo
apitou e as portas abriram-se novamente.
―Que inferno?― Jane amaldiçoou e apertou o botão de novo. ―Eu não
posso acreditar nesses elevadores estúpidos. Na metade da semana eles estão
fora de serviço, supostamente sendo consertados, e a outra metade da
semana eles estão piscando de novo.
Leila balançou a cabeça.
―Eu não sei. Normalmente vou pelas escadas.
―Bem que é fácil quando você está no terceiro andar, mas tenta o
oitavo, e você estará sem ar em um momento. ― Leila não podia impedir-se de
olhar para o salto altíssimo de Jane.
Sim, ou quebrar um tornozelo.
Mas ela absteve-se de fazer um comentário. Não era o seu negócio que
Jane estivesse fora de forma. Ela mesma corria pelo menos quatro vezes por
semana, tentando manter-se saudável e em forma. Bem pelo menos magra.
Ela percebeu quanto peso sua mãe ganhou quando quebrou uma perna há
alguns anos e não foi capaz de mover-se muito. Leila sabia que tinha o físico
de sua mãe, pequeno e sólido, em vez de magra e sabia que se ela deixasse ir,
viraria um balão um dia. Por isso, ela corria e subia as escadas sempre que
tinha uma chance.
Quando chegaram no oitavo andar, Jane virou-se para a cozinha,
instruindo Leila a deixa-la.
― Vá para a direita para vê-lo. Ele está esperando por você.
Leila puxou seu jaleco e tirou um fio de cabelo do tecido branco.
Limpando a garganta, ela ergueu a mão e bateu os nós dos dedos contra a
porta.
―Entre.― A ordem foi instantânea e dita com autoridade inconfundível.
Ela não perdeu tempo, abriu a porta e entrou no escritório de Patten. A
sala estava envolvida na semi-escuridão. Patten, um homem na casa dos
cinquenta, grisalho nas têmporas e careca na parte superior, sentava-se na
mesa larga, que era iluminada por uma luz de halogênio grande. No entanto,
as luzes do teto fluorescentes estavam desligadas.
―Entre, entre, Dra. Cruickshank. Desculpe a falta de luzes, mas
queimou quando o meu visitante esteve aqui antes. Foi embaraçoso, também.
Melhor começar a manutenção disso imediatamente.
―Boa noite, Sr. Patten. ― Ela respondeu simplesmente, sabendo que ele
não esperava uma resposta de seu discurso sobre as luzes. ―Você queria me
ver?
―Ah, sim. É isso mesmo.― Ele colocou uma mecha de cabelos grisalhos
de volta atrás de sua orelha, fazendo-a ciente de que assim como ela, ele
precisava de um corte de cabelo. Ele parecia um pouco desalinhado.
Agora que ela olhou para ele mais de perto quando aproximou-se e
sentou-se na cadeira em frente a sua mesa, notou que seu rosto parecia
cinzento e cansado. Como se tivesse queimado a vela em ambas as
extremidades, assim como alguém que conhecia: ela mesmo. Bem, ele
provavelmente não era o único workaholic na Inter Pharma. Ninguém chegava
ao topo sem sacrificar alguma coisa.
―Sente-se... Ah, você está sentada... bom, bom...― Leila franziu a testa
em preocupação. Ela nunca viu seu chefe afobado. Ela esperava que ele não
estivesse tendo um derrame, porque apesar de ter um diploma de médica,
não estava equipada para lidar com uma emergência médica. A última vez que
viu um paciente foi durante a sua residência no Mass General, parecia eras
atrás.
―Você está se sentindo mal?― Sentiu-se obrigada a perguntar, seu lado
emotivo elevou sua cabeça.
Seus olhos de repente focaram, e ele apareceu tão claro como sempre
tinha sido.
―Claro, por que não estaria? ... Bem, eu queria falar com você, porque
tive a visita de um acionista.
Leila sentou-se mais a frente em sua cadeira, descruzando as pernas.
Por que Patten queria falar com ela sobre um acionista?
Ela não estava envolvida nas operações ou de qualquer forma nas
finanças da empresa. Além de ser responsável por seu orçamento próprio no
laboratório, tudo que ela fazia era pesquisa pura.
Um tiro de adrenalina de repente corria através dela.
Ela sabia que o preço da ação havia recentemente mergulhado. Isso
poderia significar que os acionistas estavam infelizes e queriam cortar
programas? Possivelmente eliminar sua pesquisa?
―Meu orçamento já está apertado como está.― As palavras saíram antes
que ela pudesse pensar mais longe. Droga! A forma como agiu, ela nunca teria
feito isso no corpo diplomático. E se ela continuasse a soltar esse tipo de
declarações, sua carreira como pesquisadora com seu próprio laboratório em
breve poderia pousar em uma ladeira escorregadia também.
Patten lançou-lhe um olhar confuso.
―O que?
―Eu sinto muito, continue; você estava dizendo que um acionista
visitou você.
―Sim. Parece que o Sr. Zoltan adquiriu uma grande quantidade de
ações quando o mercado caiu. Ele agora é dono de 36%, e enquanto isso não
lhe dá o controle absoluto sobre a empresa, isso faz dele o maior acionista.
Leila ergueu a mão de seu colo.
―Uh, Sr. Patten, como sabe, não estou envolvida nessa parte da
empresa. Minha pesquisa...
―Estou chegando lá, Dra. Cruickshank.
Ela assentiu com a cabeça rapidamente, não querendo perturbá-lo
ainda mais. Algo claramente tinha o agitado hoje, e ela não estava interessada
em ser atingida no fogo cruzado. Era melhor manter a boca fechada e deixá-lo
falar. Talvez ele simplesmente precisasse desabafar com alguém, e além de
Jane e o guarda de segurança na entrada, ela era o único que restava no
prédio.
Leila suspirou interiormente. Ótimo! Agora, seu chefe estava
descarregando algumas coisas inúteis sobre ela quando poderia utilizar o
tempo muito melhor e terminar de analisar os dados que não tinha chegado
ainda.
―Como eu disse, o Sr. Zoltan agora é dono de uma vasta quantidade
desta empresa, o que lhe dá certos poderes. Você provavelmente vai perceber
que não seria prudente deixar o homem com raiva e negar-lhe o que ele
deseja. ― O Sr. Patten limpou uma gota de suor da testa antes de continuar:
―Ele poderia forçar um voto e prática remodelação do conselho de
inicialização, eu... ah, como você vê, eu de verdade não tenho muita escolha
no assunto. ― Seus olhos se viram nervosos. Por sua vez o nervosismo
espalhou-se por ela, fazendo sua pele formigar com mal-estar e as palmas das
mãos ficarem úmidas. Na borda, ela mexeu-se em sua cadeira, mas se absteve
de dizer qualquer coisa, percebendo que ele não tinha terminado de falar.
―Ele apenas quer ter certeza que seu investimento está seguro, veja.
Não é diferente de um novo proprietário inspecionando sua fábrica e vigiando
o processo de produção. Certo, é assim que tem que olhar para isso.
Observando o processo de produção? Ele estava dizendo o que ela
pensava que estava dizendo? Ele não poderia consentir isso... não, isso nunca
iria acontecer.
―Sr. Patten, eu...― Ela gaguejou, sua mente em tumulto demais para
ser capaz de formar uma frase coerente.
―O Sr. Zoltan irá retornar na segunda-feira para sentar com você.
―Sentar?
Patten assentiu, evitando seu olhar, e em vez disso olhando para a
escuridão além de sua janela.
―Ele pediu para conhecer sua pesquisa. O meu entendimento é que ele
tem um diploma de médico, assim quer avaliar a viabilidade do produto no
qual você está trabalhando.
Leila pulou.
―Você não pode permitir isso. Minha pesquisa... É segredo. Nenhum
estranho pode...
―O Sr. Zoltan não é um estranho. Ele práticamente é dono desta
empresa.
Descrença a percorreu, fazendo oscilar seus joelhos.
―Mas você disse que ele só possui 36% das ações, isso não significa que
ele é dono de nós.
―No mundo corporativo lhe dá poder suficiente sobre nós para forçar
qualquer prática que ele quiser. Não sei mesmo que outros recursos tem à sua
disposição. Tudo o que sabemos, é que ele pode comprar outros quinze por
cento, dando-lhe o controle total.
Leila se inclinou sobre a mesa.
―Por favor, Sr. Patten, você tem que parar isso. Eu não posso ter um
estranho olhando por cima do ombro. Este é um trabalho sensível. Se alguém
se apodera de minha fórmula, eles podem roubar. Não é seguro ter alguém no
laboratório que poderia...
―Eu entendo seus sentimentos, Dra. Cruickshank, mas não tenho
escolha. Minhas mãos estão atadas. Sua pesquisa pertence a esta empresa.
Não é de sua propriedade. Se eu disser a você para dar total acesso a alguém
como ele, então você fará como digo. ― Ele disse entre os dentes cerrados.
―Nós estamos entendidos?
Leila puxou de volta, a decepção correndo em suas veias.
―Eu entendo.― Sua mandíbula se apertou. ―Isso é tudo por hoje?
Ele acenou com a cabeça, um olhar cansado cruzando suas feições.
―Vá para casa, Dra. Cruickshank. E eventualmente verá que as coisas
não são tão ruins quanto você poderia pensar.
Ela virou-se sem dizer uma palavra e voltou para seu laboratório,
segurando as lágrimas de frustração até que a porta fechou-se atrás dela.
Caiu em sua cadeira, cobriu o rosto com as mãos e deixou as lágrimas
rolarem.
Isso não era justo.
Ela trabalhou tão longo e duro para isso, e agora algum acionista rico
com um diploma de medicina daria um golpe em seu trabalho. E se isso não
fosse tudo o que ele queria fazer? E se ele tinha a intenção de assumir a
investigação e levar o crédito por isso? Ela viu coisas como essa acontecer
antes, onde um pesquisador foi expulso no meio do projeto e algum novato
assumiu, alegando o crédito pelo resultado final.
Ou o que aconteceria se ele fosse incompetente e destruisse o progresso
que ela teve? Se isso acontecesse, os pais dela nunca ficariam melhor.
Ela não podia permitir que isso acontecesse. Ninguém jamais
descobriria o suficiente sobre sua pesquisa para ser capaz de assumir. Este
era o trabalho de sua vida!
―Você não pode tirar isso de mim, Patten. ― Ela murmurou, enxugando
as lágrimas do rosto.
Conforme ela empurrava a cadeira, roçando o chão, o som ecoou no
laboratório vazio. As pernas dela a levaram ao cofre na parede. Ela pressionou
o polegar contra o touchpad que ativava um scanner. Então ela ouviu um
clique no mecanismo. Um sinal sonoro acompanhado por uma luz verde disse
lhe que sua autorização foi aceita.
Leila abriu a grossa porta e olhou para o interior escuro. Ela tinha que
fazer o que precisava ser feito.
CAPÍTULO TRÊS
Aiden irrompeu através da porta do complexo.
Não havia necessidade de abri-la. Seu corpo simplesmente
desmaterializou-se ao atravessar o material sólido e materializou-se além em
um processo rápido demais para o olho humano analisar. Só iriam ver um
homem andando em linha reta em uma porta ou uma parede, o processo por
trás disso permanecia um mistério. Era um poder único dos guerreiros da
névoa; nenhum demônio conhecido tinha uma habilidade semelhante.
Ele seguiu pelo corredor. O enorme edifício tinha três andares acima do
solo e dois abaixo. Suas paredes eram grossas, como as de um velho castelo
inglês, como o caminho que seus antepassados construíram em suas próprias
fortalezas.
Seu passado estava impresso na estrutura: runas antigas decoravam
todas as paredes, pisos, e amuletos para afastar o mal que pairava sobre cada
porta e janela.
Havia muitos complexos Guerreiro da Névoa pontilhados pelo mundo,
lugares onde os irmãos e as poucas irmãs, viviam juntos. Todos os complexos
eram protegidos pelo poder coletivo dos Guerreiros da Névoa, seus virtuais, e
poderiam muito bem passar por invisível. Um hipnótico feitiço antigo, garantia
que os edifícios passassem despercebidos pelos humanos.
No interior, os seres humanos não eram permitidos. Nem mesmo as
incumbências de Guerreiros da Névoa poderia ser confiável para manter seu
segredo da localização. Havia sempre uma chance de que um deles iria se
virar contra eles e eventualmente traí-los aos demônios.
Dentro dos muros do complexo, os Guerreiros da Névoa poderiam
recarregar suas energias depois de cada missão, a energia era gasta quando
eles camuflavam suas incumbências de detecção por demônios.
Armas há muito esquecidas estavam armazenadas nos vastos cofres no
subterrâneo, armas que poderiam matar mesmo um imortal guerreiro da
névoa. Embora nenhuma arma humana ou uma faca poderiam ferir
permanentemente Aiden ou seus irmãos e irmãs, qualquer arma forjada
durante os dias negros tinha o poder de matar os Guerreiros e demonios do
medo igualmente.
Quando Aiden correu para a cozinha grande que era o centro e de fato o
coração da casa, que ele chamava de lar, seus olhos percorreram os reunidos
ali rapidamente. Manus estava ocupado atacando a geladeira, coberto apenas
por uma calça de couro bem ajustada, com o peito cheio de cicatrizes
descoberto, enquanto Logan servia-se de uma bebida. Seu cabelo escuro solto
sobre os ombros parecia como se tivesse acabado de acordar.
Enya, a única mulher em seu complexo, descansava em um canto do
sofá grande na grande sala adjacente.
Seu longo cabelo loiro estava trançado e preso em círculos na parte de
trás de sua cabeça. Ela raramente usava-o solto, e Aiden só poderia suspeitar
que ele estava na cintura agora. Em vez de assistir o jogo de futebol que soava
na TV gigante montada na parede, ela tinha seu nariz preso em um livro.
Aiden amaldiçoou.
―Onde diabos ele está?
Cabeças se viraram para ele. Manus fechou a porta da geladeira e jogou
um monte de sacos de plástico com frios no balcão da cozinha.
―Eu tenho medo que a minha capacidade de leitura da mente não valha
nada, então atire-nos um nome, pode?― Manus trocou um olhar com Logan,
que tomou a sua bebida de um gole.
―Alguém está com humor ruim hoje. ― Acrescentou Logan como se
quisesse provocá-lo.
Aiden sentiu seu temperamento irar-se e endireitou sua postura.
―Manus quase tem razão. ― Enya de repente interveio ainda sem
levantar os olhos de seu livro.
―Eu estou falando sobre o fodido do Hamish!― Aiden sentiu o ar sair
correndo de seus pulmões, a raiva sobre o seu segundo fracasso crescendo a
cada momento.
Logan sorriu e levantou a garrafa de uísque, mais uma vez.
―Não tinha ideia de que vocês eram tão próximos! Mas hei, se você
quiser foder Hamish, vá...
Aiden tinha Logan pelo pescoço antes que ele pudesse terminar a frase e
bateu-o contra a porta do forno.
―Eu não estou no clima para suas piadas de merda. Vou perguntar
novamente: onde diabos está Hamish?
Seu cativo empurrou contra ele, sacudindo as mãos com mais graça do
que um homem de uma construção maciça parecia capaz. Logan
cuidadosamente ajeitou a camiseta e ajeitou seus ombros, ele lançou um
olhar zangado para ele.
―Eu não vejo Hamish há dois dias. Ele deveria estar com você. Então
para de encher o saco, e deixe-me aproveitar meu jogo.
Logan virou-se e foi para o sofá, sentando-se no canto oposto de Enya.
Quando o peso com o qual ele deixou-se cair a sacudiu e quase a fez perder o
controle sobre seu livro, ela só levantou uma sobrancelha.
―Testosterona. ― Ela murmurou sob sua respiração.
Logan estreitou os olhos.
―E você sabe exatamente o que fazer sobre isso, não é? Mas não, você
não vai abrir as pernas para qualquer um de nós, não é?
―Cala a boca!― A resposta de Manus veio antes que Enya pudesse
mesmo chegar com o punhal que sempre levava em seu quadril, mesmo
quando ela estava relaxando.
―Idiota. ― Ela sussurrou.
Manus olhou para Aiden.
―Quanto a Hamish. Se ele não está com você, talvez foi pego em uma
emboscada.
―Então, devemos rastrear o seu celular e encontrá-lo. ― Disse um voz
na porta adicionando a sentença de Manus.
Aiden virou a cabeça para o recém-chegado: Pearce.
―Não é como se ele negligenciasse seus deveres. ― Continuou Pearce
enquanto entrava no comodo cheio.
Aiden assentiu. Pearce estava certo.
―Eu estava em desvantagem.
Uma mão suave tocou seu braço. Sua cabeça virou-se para a direita.
Enya tinha aproximado-se dele sem que ele percebesse.
―O que aconteceu hoje?
Aiden colocou uma mão contra o balcão da cozinha.
Ele fechou os olhos.
―Eu chamei Hamish, mas ele não apareceu. Não podia segurá-los por
mais tempo. Matei dois deles, mas o terceiro permaneceu dentro da proteção
do vórtice. Ele era muito forte. E tinha poder total sobre ela.― Tanto que ela
tentou matá-lo, e em vez disso... ―Minha incumbência matou uma criança
inocente. Eu tive que terminar com ela.
―Maldição!― Manus amaldiçoou.
―Não outra!― Logan acrescentou.
―Maldição, que merda você fez, Aiden, dormiu no trabalho? Por que não
foi com ela camuflada?― Manus falou entre os dentes cerrados.
Aiden permitiu toda a fúria arder em seus olhos quando ele enfrentou
Manus.
―Eu a protegia o melhor que pude!
―Se você a tivesse camuflada adequadamente, ela não teria se perdido!
―O que você está dizendo?― Aiden disse.
―Você sabe o que estou dizendo!― Manus rebateu e moveu-se. ―Se você
a queria devidamente camuflada diabos, deveria tocá-la o tempo todo.― Aiden
sabia exatamente sobre o que Manus falava. Ele e seus guerreiros tinham
duas formas de camuflar os seres humanos: pelo poder de suas mentes, ou
pelo toque. O primeiro precisava de mais energia, mas apenas como um sinal
de telefone celular que pode ser interceptado ou interrompido, era possível
romper a ligação e, inadvertidamente, revelar uma incumbência. O segundo
trazia outros problemas. O toque de um Guerreiro da Névoa poderia ser
percebido como íntimo, mesmo quando não era concebido como tal.
―Como você os toca? Como finge sentir algo para que eles confiem em
você? Isso não é protegê-los! É contra todas as regras do livro. ― Aiden
rosnou.
―Eu não me importo com as regras de merda. Regras são para pessoas
que não podem pensar por si mesmos.
―E você quebra todas elas.― Aiden sentiu seu peito subir.
Ele não poderia ser como Manus, que fingia amar cada mulher que
tinha que proteger, essa era uma maneira infalível de tornar certo que todas
as mulheres estivessem camufladas. Ele, por outro lado, preferia não tocar os
seres humanos, enquanto pudesse ser evitado. Eles não poderiam ser
confiáveis, pois eram fracos, e além de ter ocasionalmente uma noite com uma
mulher humana, ele não estava interessado nelas. Não mais.
Não depois do que um ser humano fez à sua família.
―Você fode com elas de modo que não tem que gastar qualquer energia
extra!
A acusação só valeu-lhe um sorriso de Manus.
―Eu não iria dizer exatamente isso. Gasto muita energia fazendo isso.
Antes que Manus pudesse se afastar, Aiden deu um soco em seu rosto,
limpando o sorriso.
Maldição, era bom bater em alguém!
Parecia purificador bater o lixo fora em Manus, desencadeando sua
raiva e frustração nele. Talvez sua mente fosse lenta.
Um soco no queixo chicoteou a cabeça de Aiden de volta.
Ele provou o sangue um instante depois, mas ignorou-o para responder
o golpe de Manus. Aproveitando sua perna direita contra o balcão da cozinha,
chutou um banquinho no chão enquanto Aiden virou-se contra o Guerreiro da
Névoa. O ataque bateu Manus contra a geladeira, que gemeu sob o impacto.
―Idiota!― Manus cuspiu. ―Isto não é sobre o fato que quebrei as regras.
Não finja que você não tem pensado nisso mesmo... como é doce quebrar uma
regra de vez em quando.― Ele deu um sorriso diabólico.
―Foda-se!― Havia muitas mulheres dispostas nos bares frequentados
por Aiden. Ele não precisava enroscar-se com suas incumbências. Sexo era
sexo e enquanto a mulher estava razoavelmente quente, o que importava-lhe
quem ela era? Ele não tinha interesse em se envolver com uma incumbência.
Ele mantinha distância deles, emocional e físicamente, sabendo que um dia
poderia vir a matar um deles, assim como hoje. Ele não podia permitir que
suas emoções ficassem no caminho.
―E pare de culpar-me por seus fracassos! Não estou brincando de bode
expiatório hoje. ― Rosnou Manus, interrompendo os pensamentos de Aiden e
fazendo com que ele se concentrasse no assunto em questão.
Ele tinha apenas que culpar a si mesmo pelo que aconteceu esta noite.
Bem, e Hamish. Mas, uma vez que ele encontrasse seu segundo errante,
haveria um inferno para pagar.
Bater em Manus não traria de volta sua incumbência, não iria desfazer
nada.
―Ah, merda!― Aiden amaldiçoou e abaixou seu punho. ―Eu falhei.― Ele
levantou os olhos para encontrar o olhar de Manus, mas em vez de um olhar
zombeteiro, ele reconheceu um lampejo de compaixão.
Manus empurrou-se fora da geladeira e passou por ele.
―Acostume-se com isso.
Aiden agarrou seu ombro e virou-o.
―O que você quer dizer?
―Você não viu os relatórios dos outros complexos?
―E quando você acha que eu teria tido tempo de ler relatórios
estúpidos?― Ele esteve nessa tarefa por várias semanas e mal teve tempo de
correr de volta para o complexo para atualizações urgentes.
Aiden limpou o sangue de sua boca e olhou para os outros na sala.
Pearce limpou a garganta.
―Os demônios estão ficando mais fortes. Os outros complexos estão
relatando mais e mais... perdas.
Aiden balançou a cabeça em descrença.
―Como?
―Eles de alguma forma parecem saber onde nossas incumbências estão.
Apesar de estarem camufladas, eles encontram.
―Isso não é possível. ― Protestou Aiden e olhou para Logan e Enya.
―Eles não têm esses recursos. Eles não podem sentir as nossas incumbências
quando estão encobertas.
Enya assentiu solenemente.
―Isso é certo, mas e se eles não precisam desses sentidos? E se eles têm
outra forma de saber onde nossas incumbências estão?
Não querendo seguir o pensamento de Enya, Aiden respirou firme.
―Você não pode dizer isso.
Logan bufou.
―E por que não? Nossas próprias emoções não são tão diferentes das
dos seres humanos que estamos protegendo. Então, o que faz você pensar que
todos nós podemos resistir à tentação?
―Mas é para isso que fomos treinados...― A voz de Aiden morreu. Ele
engoliu devendo passar a secura da garganta. Seu pensamento seguinte veio
do nada. ―Mas Hamish. Você não pode dizer que ele... e os demônios...
―Ele não estava lá para apoiá-lo. E como é que os demônios
encontraram sua incumbência de qualquer maneira, quando você disse que
ela estava camuflada?― Logan perguntou.
―Quem melhor para saber onde você está, por vezes, do que o seu
segundo? ― Acrescentou Manus.
―Um traidor? Você acha que Hamish vendeu-me para os demônios?
Quando as palavras saíram de seus lábios, seu coração apertou-se
dolorosamente. Aiden procurou o apoio do balcão da cozinha, com os joelhos
tremendo sob a tensão. Não poderia ser possível.
Hamish era como um irmão para ele.
―Nós temos que encontrá-lo.― Ele olhou para Pearce. ―Encontre seu
celular. Talvez ele esteja machucado em algum lugar.
CAPÍTULO QUATRO
Barclay deixou cair o martelo e pediu ordem na câmara municipal. O
resmungo dos membros do conselho reduziu lentamente. Quando finalmente
morreu, ele olhou para os rostos dos homens e mulheres que sentavam-se em
volta da mesa, que estava construída em um semi-círculo. Todos eles eram
experientes guerreiros da névoa, sete homens e duas mulheres com grande
conhecimento e habilidades, que tinha servido bem as pessoas durante
muitos séculos. Eles foram escolhidos a dedo para servir ao Conselho dos
Nove, o corpo governante da sua raça antiga. Juiz, júri e carrasco, o conselho
tinha um fardo pesado. No entanto, cada membro usava seu dever com
orgulho.
Cercado por runas antigas gravadas na pedra das paredes da câmara, e
protegido pelos poderes coletivo dos Guerreiros da névoa, este era o santuário,
um lugar onde poucos outros guerreiros eram permitidos pôr os pés.
Decisões importantes foram tomadas dentro destas paredes, decisões
que podiam significar vida ou morte para os seres humanos e Guerreiros da
Névoa igualmente.
Sempre que ele sentava-se no centro da mesa, Barclay, como primus
inter pares, o primeiro entre iguais, sentia o peso da responsabilidade em seu
peito. Ele sentia os ventos da mudança, e sabia que seu mundo estava à beira
de algo novo, que mudaria a vida de todos para pior se ele e seus
companheiros Guerreiros da Névoa não pudessem parar isso. Se pelo menos
ele soubesse o que era.
Barclay limpou a voz e descansou os olhos no homem alto, cujos olhos
castanhos parecia ansiosos e cujo cabelo castanho escuro parecia mais
despenteado do que o habitual.
―Geoffrey, você convocou esta reunião. O conselho está ansioso para
ouvir o seu relatório.
Geoffrey levantou-se.
―Irmãos, Irmãs, Primus. ― Ele acenou com a cabeça em direção a
Barclay. ―Tenho recebido relatos preocupantes de nosso emissario.
Informações veio à tona que os demônios descobriram um soro que pode
tornar os seres humanos mais suscetíveis às suas influências.
Um suspiro coletivo percorreu a assembléia.
Barclay prendeu a respiração, o pensamento de tal coisa ser possível,
chocava-o até o amago. Era essa a mudança que ele tinha sentindo
ultimamente?
―Os demônios não são capazes de bruxaria. ― Finlay protestou em voz
alta.
―Nunca ouvi falar de tal coisa!― Riona, uma das duas conselheiras,
interveio levantando suas mãos em um gesto dramático. ―Além disso, as
bruxas são nossas aliadas, não deles.
Barclay bateu o martelo sobre a mesa.
―Ordem! Ordem!
Os membros do conselho fizeram silencio quando ele lançou um olhar
zangado para eles. Em seguida, virou os olhos para Geoffrey.
―Continue com seu relato.
Lançando um olhar aguçado para Finlay, Geoffrey entreabriu os lábios.
―Feitiçaria não. Estamos de acordo, meu amigo. ― Barclay estava ciente
de que Geoffrey e Finlay raramente concordavam em qualquer coisa. Ele teve
que mediar muitas lutas entre os dois guerreiros, que eram tão teimosos. Pela
primeira vez, ele esperava que não houvesse luta quando estourou esta
reunião. As circunstâncias eram muito terríveis para perder tempo com uma
exibição inútil de excesso de testosterona como se os dois fossem adolescentes
e não os homens endurecidos que lutaram ao seu lado durante séculos.
―No entanto, eu não estou falando de bruxaria. Estou falando sobre a
ciência.
―Ciência?― Finlay repetiu, claramente atordoado.
Um cruel aceno com a cabeça marcou a resposta de Geoffrey.
―Ciência farmacêutica. Dra. Leila Cruickshank.― Ele passou uma
imagem ao redor. ―É uma pesquisadora talentosa que trabalha para a Inter
Pharma. Ao longo dos últimos anos, ela dedicou sua vida a encontrar uma
cura para a doença de Alzheimer.
―Muito admirável. Mas o que isso tem a ver conosco?― Wade
interrompeu, passando os dedos pelo cabelo loiro escuro. ―Além disso, muitos
outros já tentaram antes dela, e ninguém conseguiu.
―O que tem esta Dra.Cruickshank?― Finley perguntou, acenando com a
mão para a foto que chegou a Barclay neste momento.
O olhar de Barclay caiu sobre o rosto da jovem. A foto foi tirada através
de uma janela de uma distância razoável. Apesar disso, a lente foi capaz de
captar sua essência: suas agradáveis características determinadas e seu nariz
reto e olhos penetrantes que ressaltou o que Geoffrey disse. Vestindo um
jaleco branco, ela sentava em um computador, olhando para a tela com
fascínio. Seu longo cabelo escuro estava puxado em um rabo de cavalo casual,
alguns fios escapando, enquadrando suas características clássicas,
suavizando-os.
―Nossos relatórios dos emissarios diz que ela está à beira de um
avanço. De acordo com relatórios do laboratório, ele foi capaz de obter acesso
aos primeiros ensaios clínicos, que sugerem que o soro parece... desbloquear
a mente.
―Desbloquear?― Barclay ecoou. ―Explique.
―Com a doença de Alzheimer, os neurônios e as sinapses no cérebro são
destruídas, desligando a mente, bloqueando longe lembranças e experiências,
fazendo com que as pessoas não se lembrem de seus entes queridos. Se este
soro faz o que acho que ele faz, então parece reverter alguns desses efeitos.
―Bem, isso é uma coisa boa, então. ― Deirdre concordou e empurrou
seu longo cabelo loiro atrás das costas. ―Então, suponho que você quer que
ela seja protegida?
Geoffrey balançou a cabeça e olhou em volta, sua expressão solene.
―Pelo contrário. Eu quero que ela seja eliminada.
Finlay pulou de seu assento.
―O que?
―Nós juramos proteger os humanos e ajudar ainda mais o mundo. ―
Deidre acrescentou, colocando a mão no braço de Finlay e instando-o a
sentar-se. ―E você quer fazer o contrário?
―É melhor você ter uma explicação muito boa para isso. ― Wade disse.
Como Norton, Ian e Cinead, os três membros do conselho que tinham
até agora permanecidos quietos, Barclay limpou a garganta, levantou-se e fez
sinal a todos para ficarem em silêncio.
Então ele se virou para Geoffrey.
―Eu também gostaria de ouvir o seu raciocínio por trás disso. Alzheimer
tem atormentado a humanidade por muitos anos, e negar os seres humanos a
cura para esta doença...― Ele balançou a cabeça. ―Fale.
As bochechas de Geoffrey pareceram aquecer quando ele continuou.
Claramente, este assunto era caro ao seu coração.
―Assim como o soro pode parar o Alzheimer e reverter alguns dos seus
efeitos por reparar alguns dos neurônios danificados e memórias permitindo
fluir livremente de novo, irá desbloquear a mente dando todo acesso aos
demônios fácilmente. Os seres humanos possuem resistência natural para
resistir à influência dos demônios do medo, isso será derretido. Não haverá
nenhum bloqueio, nenhum portão. A mente humana ficará tão aberta quanto
um portão da escola no dia da formatura. E se a Inter Pharma decidir não só
usar este medicamento para tratar pacientes com Alzheimer, mas como
também usá-lo como uma vacina...
Geoffrey não tinha que terminar sua frase.
Todos na sala sabiam o que isso significava. Desde a tenra idade, todos
os seres humanos estariam caminhando com convites para os demônios
assumirem suas mentes e controlá-los para fazer o seu lance.
―Ninguém seria capaz de resistir. ― Cinead disse em uma voz grave,
levantando-se quando fez isso. Ele acenou com a cabeça em direção a Barclay.
―Posso falar?
Barclay mostrou seu acordo com um aceno de sua mão. Cinead, o
escocês que estava no conselho há mais tempo do que qualquer um deles,
mas nunca aceitou a nomeação como Primus, era o mais sábio entre eles,
sempre olhando para todos os lados de um problema antes de tomar uma
decisão.
―Geoffrey, você diz que seu emissario viu relatórios do laboratório. Eles
estão disponíveis para nossa avaliação?
―Eu posso adquiri-los, se você não acredita em minhas palavras.― Ele
parecia irritado com o pedido de Cinead.
―Eu gostaria de vê-los e estudar os dados por mim mesmo. Não
podemos calmamente eliminar um ser humano apenas com base no relatório
de um emissario que pode não ter o conhecimento relevante que é preciso
para avaliar esta questão. Nós nunca atuamos em rumores ou suposições.
Não há necessidade de começar agora.
Geoffrey bufou.
―Eu conseguirei o relatório de sangue, mas digo a você, não há tempo
a perder. Se o medicamento for levado para o mercado, ele tem o potencial de
aniquilar a raça humana e nós no processo.
―Eu concordo. ― Disse Riona. ―No mínimo, o acesso a ela deve ser
limitado até sabermos mais. Se os demônios conseguirem um pouco disso,
eles podem ser capazes de reproduzi-lo e distribuí-lo entre a população
humana.
―Será administrado por injeção, eu presumo?― Norton perguntou, suas
sobrancelhas ergueram-se em um franzir profundo.
Geoffrey encolheu os ombros.
―Nem toda vacina pode ser necessariamente ministrada com uma
agulha. Se os demônios se apossarem dela, quem garante que eles não
infiltrem na alimentação humana ou no abastecimento de água? Eles tem que
ser parados antes de chegarem tão longe. Temos que destruir todos os
vestígios da pesquisa da Dra. Cruickshank e todas as amostras da droga.
―Se a droga realmente faz o que você diz. ― Norton admitiu. ―No
entanto, até então, eu estou com Cinead: nós não iremos interferir até que os
fatos sejam confirmados.
―Os fatos parecem muito claro para mim. ― Ian expressou. ―Sua
pesquisa é perigosa. É necessário ter muito cuidado agora. Cada minuto que
sentamos aqui discutindo isso, os demônios se aproximam dela, se já não a
encontraram.
―Então, assim é o quanto você valoriza a vida humana. ― Riona
comentou. ―E se fosse a sua vida?
―Eu sou imortal. ― Ian disse entre dentes.
―Mesmo você pode ser morto. ― Riona pressionou sob sua respiração. ―
Com as armas certas.
Barclay rangeu os dentes, não queria ouvir mais brigas entre os dois.
―Ou mantenham suas observações no assunto em mãos, ou tirem suas
divergências lá fora. O que vai ser?
Com seu olhar severo, ambos pressionaram seus lábios juntos.
Wade lançou um olhar para o dois, então se endireitou na cadeira.
―Se o que Geoffrey diz é verdade, acredito que a raça humana está em
perigo. E há realmente apenas uma maneira de lidar com uma ameaça como
essa. Nós somos guerreiros; danos colaterais são esperados.
Barclay apertou a mandíbula. Wade sempre errou no lado de atacar
primeiro e fazer perguntas depois, e neste caso não parecia ser diferente. Ele
deu a seu companheiro membro do conselho um olhar firme. Um encolher de
ombros, foi a resposta de Wade.
Geoffrey lançou a Barclay um suplicante olhar.
―Primus, apelo a você. Nós não podemos deixar isso continuar. O perigo
é muito imenso, as consequências podem ser desastrosas.― Barclay juntou os
dedos, dando um sopro contra eles. Por um momento, ele fechou os olhos.
Esta não era sua decisão para tomar, não importava o quanto ele temesse que
Geoffrey estivesse certo. Uma droga que virava uma mente humana em um
buffet tudo-que-você-pode-comer para os demônios do medo anunciaria uma
onda de varrer o mal sobre este mundo. Com mais e mais humanos que
atuassem sobre as más influências dos demônios, as guerras que devastam a
terra, a miséria e a dor se espalhariam. Medo aumentaria, e os demônios
alimentariam-se de todos, especialmente o medo. E eles ficariam mais fortes
com cada ser humano que levassem a seu seio.
Em breve, o mundo seria invadido pelo mal: ainda mais pessoas iriam
morrer de doenças e fome. Cada país seria repleto de guerras e conflitos, não
haveria manutenção da paz, sem aplicação da lei, não haveria organizações
para transportarem ajuda humanitária. Todo mundo estaria por si mesmo.
Seria o Armagedom.
Barclay ergueu as pálpebras.
―Uma votação, então. Aqueles que acreditam que a mulher deve ser
atribuída a um Guerreiro da Névoa para proteção, por agora, diga 'sim';
aqueles que querem eliminar a ameaça, eliminando a cientista e sua pesquisa,
diga 'Não'.
Um por um ‘Sim’ e ‘Não’ saltou contra a parede das câmaras.
Barclay prendeu a respiração até que todos votaram.
***
Aiden andou no caminho do hall o tempo que levou para as câmaras do
conselho, lançando um olhar para a porta de ferro fechada em intervalos de
alguns segundos. Era como se os membros do Conselho estivessem sempre
ali, ou talvez fosse simplesmente porque ele sentia-se ansioso para acabar
logo com isso. O conselho não ficaria satisfeito com o resultado da sua última
missão, mas ter que acusar um companheiro Guerreiro da Névoa de traição
no mesmo fôlego, não iria agradar ninguém. Seus amigos no complexo tinham
avisado a ele sobre fazer a acusação e sugeriu que ele deixasse o conselho
tirar suas próprias conclusões, simplesmente apresentando os fatos de que ele
e seus irmãos tinham descoberto quando procurando Hamish. Mas Aiden
sabia muito bem. Ele era tão cabeça quente como Logan, mesmo que não
ostentasse quebrar as regras do conselho da maneira que Manus fazia. Na
maioria das vezes, ele as seguia. Não fazer isso acarretaria a punição severa
do conselho.
A única razão das transgressões de Manus não terem chegado aos
ouvidos do conselho ainda era porque seu complexo era particularmente
unido. Ninguém queria ser conhecido como um informante. Sua regra tácita
era que eles classificavam as coisas entre si, sem envolver o conselho.
Enquanto Manus não tinha escrúpulos em seduzir as mulheres aos
seus cuidados, Aiden não apreciava o sabor amargo como um assunto deixado
para trás. Sim, ele buscou aventuras sexuais fora do complexo, com mulheres
mortais, mas sem pretensão, nunca dormia com a mesma mulher duas vezes,
limitando-se a uma noite, a fim de não perder o foco em sua missão ou ficar
emocionalmente envolvido.
Ele raramente tinha algum tempo de inatividade durante o qual se
envolvia em uma relação que ia além do habitual método bam-bum-obrigado-
senhora. Não que estivesse reclamando. Ele não estava interessado em um
relacionamento. E o sexo? Ele podia sempre conseguir sexo quando realmente
precisasse, mas ultimamente até mesmo a excitação de uma rapidinha com
um estranho virtual não podia afugentar o vazio que ele começava a sentir em
seu interior. Ele perguntava se era a mudança que causou estes sentimentos
estranhos. Ele estava aproximando-se de seu aniversário de 200 anos, e com
ele o que os Guerreiros da Névoa chamavam, época de acasalamento ou
Rasen. Seus hormônios subiam para encontrar um companheiro, mas havia
poucas opções.
A razão de tão poucos Guerreiros da Névoa mulheres estivessem
disponíveis para acasalamento era o gene dominante do sexo masculino, que
favorecia a produção de mais homens que mulheres de sua espécie,
inclinando o equilíbrio em seu mundo. Por séculos, os Guerreiros da Névoa do
sexo masculino tiveram que procurrar no mundo humano seus companheiros.
O empreendimento inteiro estava repleto de perigos: caso um Guerreiro da
Névoa escolhesse um humano como seu companheiro, em vez de um dos
poucos Guerreiros da Névoa femininos, ambos estavam em perigo de perder
suas vidas. Só o amor puro de coração faria possível uma união entre um
Guerreiro da Névoa e um humano. Aiden não acreditava que o amor existisse.
Poderia um Guerreiro da Névoa amar uma criatura tão inerentemente
fraca?
E se o amor não fosse verdadeiro e puro, o ritual do acasalamento, que
ligava os dois amantes juntos, iria privá-los de suas vidas. Sua morte não
seria imediata, mas tinham conhecimento do que aconteceria. A imortalidade
do Guerreiro da Névoa iria escorrer como uma areia numa ampulheta. Assim
como seu companheiro, ele definharia em poucos meses, tempo suficiente
para arrepender-se de suas ações e ver sua própria morte chegando.
Hamish tinha quase entrado em tal união, e só por pura sorte descobriu
a tempo que sua companheira destinada foi plantada pelos demônios.
A taxa de sucesso para encontrar uma companheira era muito baixa,
com poucas mulheres solteiras Guerreiros da Névoa disponíveis. Ele
praticamente cresceu com Enya, que vivia no mesmo complexo com ele, e
considerava-a como uma verdadeira irmã.
Não havia atração física entre eles. Ele conhecia a maioria das outras
mulheres Guerreiros da Névoa nos EUA, porque eram raras, mas nenhuma
agitou-lhe o sangue como uma mulher deve atormentar um homem. Talvez ele
simplesmente não foi feito para um relacionamento.
Aiden sabia o que se esperava dele, e não queria desapontar. Mas
agradar sua mãe e pai, bem assim como a sua comunidade não estava na
vanguarda de seus pensamentos. Ele era um guerreiro em primeiro lugar,
encontrar uma companheira e ajudar sua raça a procriar era um distante
segundo lugar.
Talvez ele pudesse suprimir os impulsos que cresciam sobre dele.
Ele tinha mais força de vontade que esses malditos hormônios tinham
contra ele.
―Guerreiro. ― Uma voz chamou-o. ―O conselho irá ve-lo agora.
O atendente, que parecia ter surgido do nada, ficou na frente da porta
da câmara do Conselho.
―Um momento. ― ele pediu. ― Por favor deixe todos os seus dispositivos
eletrônicos aqui.― Ele apontou para um recuo esculpido ao lado da porta.
Aiden fez o que lhe foi pedido e então permitiu ao atendente passar um
bastão para cima e para baixo de seu corpo. Era uma medida de segurança
para que nenhum dispositivo de gravação pudesse ser contrabandeado para
as câmaras do conselho, desde que tudo que se passava lá dentro era mantido
em segredo.
Quando Aiden finalmente entrou, a porta fechou-se atrás dele com um
som alto.
―O conselho dá-lhe boas vindas, Guerreiro. ― A voz do Primus
cumprimentou.
Aiden olhou diretamente para ele reconhecendo suas boas vindas. Ele
abaixou a cabeça.
―Agradeço ao conselho por receber-me, Primus.
Com as formalidades para trás, era hora de dar-lhes a notícia. Ele não
podia segurar isso por mais tempo.
―Eu trago más notícias. Meu último trabalho terminou em uma perda.
Minha incumbência sucumbiu aos demônios. Eu tive que eliminá-la.―
Resmungos baixos atravessou a assembléia.
―Por mais que lamentamos esse incidente. ― Disse Geoffrey. ―
Dificilmente isso é uma questão para incomodar o conselho. Você não é o
único que perdeu uma incumbência nas últimas semanas. Os relatórios...
―Eu ouvi sobre os relatórios. ― Aiden interrompeu impaciente.
Quando Geoffrey e vários dos outros membros do conselho engasgaram,
ele soube que agiu contra o protocolo, interrompendo-o. No entanto, tempo
suficiente já foi desperdiçado. Ele não poderia ficar com cerimônia.
―E o que você tem a nos dizer que pode estar relacionado com isso?
Quando Geoffrey tentou falar, Primus levantou a mão.
―Deixe-o falar.
Tomando um fôlego extra, Aiden contou o que desvendou em seu
complexo.
―Hamish desapareceu. No início, pensei que pudesse ter sido pego em
uma emboscada, mas depois rastreamos seu celular e encontramos suas
coisas.
―Como assim?― Primus perguntou curiosamente.
―Nós encontramos seu celular em uma caçamba de lixo, juntamente
com toda sua roupa. Dobrada.
Várias sobrancelhas subiram. Deirdre falou.
―O que você está alegando?
Aiden engoliu devido ao gosto amargo na boca.
―Quando eu estava na minha última missão, superado em número
pelos demônios, eu chamei Hamish. Ele era o meu segundo. Ele não
apareceu. Tenho razões para acreditar que ele nos abandonou. ― As próximas
palavras feriram dize-las. ―Eu acredito que ele foi-se para o lado dos
demônios.
Ele desejou que estivesse errado, mas tudo apontava para isso.
Suspiros indignados preencheram a câmara do conselho.
Cinead ergueu de seu assento. Aiden sempre gostou do escocês e sabia
que ele poderia esperar uma decisão dele.
―Essas são alegações graves, Aiden. Hamish é um valioso membro da
nossa sociedade, um lutador feroz. Eu não acredito que ele fosse capaz de
traição. Ele é forte de espírito, um dos guerreiros menos susceptíveis de serem
influenciados pelos demônios.
―Então explique-me por que ele não veio em meu auxílio, por que
encontramos suas roupas e celular. Ele livrou-se de tudo o que poderia ter
sido usado para localizá-lo. ― Aiden lançou um olhar acusador a Cinead.
Talvez o membro do conselho escocês não quisesse acreditar que um
companheiro fosse capaz de tal coisa. ―Por que os demônios encontraram
minha incumbência quando eu a tinha camuflada? Apenas Hamish poderia
saber onde estávamos.
Ian levantou a mão.
―Ah, não é inteiramente verdade, eu temo.― Aiden levantou uma
sobrancelha como vários chefes e virou-se para o membro do conselho que
falou.
―Como todos vocês sabem, todo mundo que está assentado sobre este
conselho tem conhecimento de qualquer tarefa que é entregue. Cada um de
nós poderia saber o paradeiro de sua incumbência. Você está nos chamando
de traidores também?
―Não, claro que não. ― Ele apressou-se a responder.
―Então você pode conceder ao seu companheiro guerreiro Hamish a
mesma cortesia. Poderia haver uma miríade de razões pelas quais ele
desapareceu. Talvez ele foi capturado.
―Desde quando assaltantes dobram as roupas que retiram de suas
vítimas?― Aiden resmungou sob sua respiração. Apenas Hamish tomaria tal
cuidado com suas amadas roupas de grife.
Cinead acenou para Ian.
―Bem enviaremos guerreiros para procurar por ele.― Ele acenou para
Geoffrey. ―Você pode notificar o emissário? Eles podem ser capazes de
ajudar.― Geoffrey deu um aceno de cabeça.
―Eu quero estar na equipe de busca. ― Aiden solicitou.
―Eu não acredito que seja sábio. Você está emocionalmente envolvido.
― Cinead disse.
Aiden lançou um olhar suplicante à frente do conselho.
―Primus, apelo a você.
O balançar lento de cabeça anulou qualquer esperança de que ele
pudesse chegar a Hamish antes que qualquer outra pessoa e tirar a verdade
dele.
―Pai, eu te imploro. ― Insistiu ele, esperando, enfatizando que ele não
fosse apenas seu Primus, mas o mais importante, seu pai, ele poderia
argumentar com isso.
Ele e seu pai trocaram um longo olhar. Os cabelos escuros do homem
mais velho mostrava alguns fios errantes de prata, e seu rosto anguloso
estava cheio de rugas de expressão. Olhos castanhos estudou-o sob os cílios
escuros. Aiden sabia que ele herdou muitas das características de seu pai, e
lado-a-lado, muitos teriam pensado que eram irmãos, em vez de pai e filho.
Como todos guerreiros da névoa, seu pai envelheceu somente uma
fração em comparação com os seres humanos. Enquanto os descendentes de
guerreiros da névoa, se desenvolviam da mesma forma que as crianças
humanas, uma vez que eles chegaram ao seu vigésimo quinto aniversário, o
seu envelhecimento era retardado à velocidade de um caracol. Mesmo o
homem mais velho de sua espécie, um Guerreiro da Névoa de mais de 1.500
anos de idade, parecia um homem na casa dos cinquenta anos. O tempo era
bom para sua espécie.
Finalmente, Primus balançou a cabeça.
―Eu temo, filho, que isso não seja possível. Você é necessário em outros
lugares. Temos uma tarefa para você.
CAPÍTULO CINCO
Em seu estado camuflado, Aiden passeou fora da instalação da Inter
Pharma. Depois de deixar a câmara do conselho, ele olhou para a pasta de
papel pardo contendo os detalhes de sua incumbência e leu-o de capa a capa.
Ele formou a sua opinião sobre este caso na hora que ele chegou na última
página, secretamente questionando a decisão do conselho. Dado os detalhes
estabelecidos no relatório, ele teria decidido eliminar o humano em questão.
Seria a maneira mais segura e confiável de garantir que os demônios não
tivessem acesso a esta droga perigosa.
No entanto, quando ele olhou a imagem da Dra. Cruickshank, que
estava escondida em um envelope e foi colocado na parte de trás do arquivo,
seu intestino imediatamente fez um flip curioso. Ele esperava que ela fosse
diferente... mais... e não tão... bonita. Mas não era apenas a beleza dela que
criou tal reação física nele. Era o olhar determinado em seus olhos que a
câmara foi capaz de captar. O que ele leu neles o atraiu mais que tudo: força.
Uma mulher humana que era forte e determinada, não fraca e impressionável,
não facilmente seduzida. Será que ela era forte o suficiente para resistir aos
demônios, uma vez que a encontrassem?
Ele virou-se, irritado consigo mesmo por deixar uma imagem mudar sua
convicção. O que ela parecia não importava. Não influenciaria em como ele a
trataria: com profissionalismo total. Assim como ele tratou com todos os
outros. E caso fosse necessário matá-la, ele não hesitaria.
Aiden deixou o olhar flutuar pela rua. A área era uma mistura de
edifícios residenciais e comerciais. As lojas há muito tempo fechadas, mas
alguns dos restaurantes mais adiante na rua ainda estavam abertos. Algumas
das janelas nos edifícios de escritórios nas proximidades estavam iluminadas,
e nos edifícios de apartamentos via-se pessoas vivendo suas vidas, fazendo o
jantar, assistindo TV. Ele sempre sentiu-se como um ladrão quando via os
outros como agora. No entanto, tornou-se uma segunda natureza. Todos os
Guerreiros da Névoa faziam isso.
A curiosidade sempre foi um de seus traços. Mesmo no início de sua
formação, ele gostava de ver os seres humanos, observar como eles viviam.
Em muitos aspectos, era tão diferente de sua própria vida de dever e serviço.
Dentro desses apartamentos ele olhava para as pessoas amadas. Eles viam
as crianças crescerem, tinham carreiras, compartilhava risadas e lágrimas. E
um dia, eles morriam.
Enquanto sua vida no complexo proporcionava-lhe os mesmos confortos
que os humanos tinham, a vida era muito diferente lá. Para começar, ele
passava muito pouco tempo no complexo, e era raro que todos os habitantes
estivessem lá ao mesmo tempo. Um ou outro estava sempre em missão.
Aniversários não eram celebrados, nem Natal, Páscoa, ou qualquer outro
feriado. Todos os dias eram os mesmos. Não havia final de semana onde as
pessoas relaxavam e desenrolavam. Demônios não descansavam no sábado ou
domingo, e nem guerreiros da névoa. O perigo estava sempre acordado. Nunca
dormia.
Aiden desviou o olhar do prédio e continuou o levantamento da área.
Poucos carros passavam. Um ônibus parou no quarteirão seguinte, deixou
uma mulher com uma pequena criança. Na distância, uma porta fechada e
outra aberta. Sons normais de um bairro.
Mas os seus sentidos estavam apenas parcialmente comprometidos,
seus pensamentos voltando para sua nova incumbência, Leila. Ele iria segui-
la até sua casa esta noite e avaliaria onde era mais vulnerável a um ataque
dos demônios. Não que ele acreditasse que iria montar um ataque imediato:
eles queriam o que ela tinha, a droga. Eles estavam mais propensos a
encontrar algo em sua vida para fazer uma barganha.
O som de passos e vozes o fez virar a cabeça de volta para o prédio
ocupado da Inter Pharma.
Através das janelas do chão ao teto, que encerraram o lobby, viu Leila
cruzando a porta, trocando algumas palavras com o vigia noturno. A foto que
foi dada a ele não fazia justiça. Na realidade, ela parecia ainda mais
encantadora do que a imagem em preto e branco. Seu estômago ficou tenso
com a visão, dando-lhe uma reação visceral que ele não estava acostumado
quando lidava com uma incumbência. Ela era diferente de qualquer outra que
ele já protegeu.
Aiden atribuiu sua reação ao fato de que essa mulher era extremamente
perigosa: se os demônios a seduzissem para seu lado, eles teriam um cientista
brilhante trabalhando para eles. Ele deduziu muito do dossiê sobre ela. Quem
sabia que outros soros ela poderia inventar, talvez um que deixasse os
Guerreiros da Névoa impotentes? Sim, ele raciocinou consigo mesmo, o que
sentiu em seu intestino agora tinha tudo a ver com o conhecimento de que
uma mente brilhante como a dela estava presa em um corpo humano que
sucumbiria eventualmente aos demônios, porque, apesar da força que ele viu
nos seus olhos, ela nunca seria forte o suficiente para resistir a eles.
E sua reação não tinha nada a ver com o fato de que achou ela mais
inebriante do que qualquer outra mulher que já conheceu.
Leila sorriu para o guarda de segurança antes de sair para o ar fresco
noite. Era setembro, mas o dia estava nublado, e estava mais frio do que o
normal nessa época. Ela virou à esquerda e desceu o quarteirão.
Aiden a seguiu, permanecendo em seu estado camuflado, e consciente
de que mesmo que seu corpo estivesse invisível, ele poderia ainda ser ouvido.
Sua respiração, os seus passos, nada disso podiam ser disfarçados por sua
camuflagem. Era essa uma das razões que ele e seus companheiros
Guerreiros da Névoa usavam um especialmente projetado sapatos de sola
macia quando em missão. Eles absorviam quase todo som dos seus passos
sobre o pavimento. Além disso, ele aprendeu a pisar levemente, como um
gato, ou como um ladrão. Se ele ficasse longe o suficiente, sua incumbência
nunca o notaria.
No entanto, ele rompeu o protocolo e aproximou-se, andando um mero
passo atrás dela, perto o suficiente para tocá-la, se desejasse. Um cheiro fraco
de rosas a cercava. Era tão bela que por um instante o fez esquecer o motivo
pelo qual estava ali.
Ela usava uma jaqueta curta por cima da blusa. Seu delicioso traseiro,
envolto naquela calça sob medida, balançava de um lado para o outro em um
ritmo tentador que poderia fazer qualquer homem virar suavemente sua
cabeça. O cabelo dela estava preso em um rabo de cavalo apertado, e ele
perguntou qual seria a sensação de liberá-lo de seus limites e enterrar o rosto
nele. Imerso em seu perfume, sentindo a maciez da seda de seus cabelos,
enquanto ela contorcia-se toda debaixo dele em óbvio êxtase.
Ele exalou bruscamente com o pensamento inesperado.
Um instante depois, Leila virou sobre os calcanhares. Ela teria colidido
contra ele, se não fosse a velocidade sobrenatural com a qual sua espécie foi
agraciada. Ele balançou num impasse e prendeu a respiração.
Seus olhos olharam para a escuridão, formando linhas de tensão em
sua testa, seus lábios entreabertos. Ele notou o pulso contraindo no seu
pescoço. Sua mão segurou a bolsa de ombro, claramente segurando algo com
força em seu punho. Uma faca? Uma arma? Mas ela não puxou, seus olhos e
seu rosto relaxaram lentamente enquanto examinava a área. Seus ombros
caíram, e ela virou-se, continuando na mesma direção de antes.
Aiden começou a respirar novamente. Era melhor não concentrar-se no
corpo sedutor de Leila, ou incidentes como este continuaria acontecendo. E da
próxima vez, ela poderia saltar para ele e perceber que algo estava errado. Ele
não podia correr o risco, embora não importaria em saber como seu corpo
parecia pressionado contra o seu, sentir suas curvas ceder ao seus músculos
rígidos.
Merda, por que estava pensando nisso, em vez de no fato de que ela
representava um perigo para a humanidade? Ele não estava tão faminto por
sexo para esquecer que envolver-se com uma incumbência só daria origem a
muitos problemas. Ele tinha mais controle do que isso!
Seus olhos cairam de volta sobre suas curvas que ela inocentemente
ostentava na frente dele, mesmo sem saber o que estava fazendo. Será que
ficaria com os quadris balançando se soubesse o efeito que esses movimentos
tinham sobre ele? Ou será que ela continuaria insultando-o com seu corpo de
pecado? Porque provocando ela estava.
Um flash de luz de repente o deixou tonto, sua cabeça afastou-se de seu
traseiro. Com horror, ele testemunhou um carro descontrolado que vinha em
sua direção no cruzamento que acabou de passar.
Antes de entrar na faixa de pedestres, que mostrava sinal verde para
ela, Leila sobressaltou para trás, mas seu calcanhar ficou preso em um
bueiro.
Aiden pulou para a frente, agarrou-a e puxou-a fora do caminho do
veículo fora de controle.
Perdeu o equilíbrio, caiu sobre a calçada, rolando até a porta de uma
loja com Leila em seus braços. Seu coração batia em seu peito, e seu instinto
chutou, revelando-o em uma fração de segundo. Seu grito de surpresa foi
abafado contra seu casaco.
―Você está bem?― Ele conseguiu dizer quando prendeu a respiração e
tentou sentar-se, sem soltá-la.
Este incidente claramente poderia ser considerado como uma
emergência, e revelar-se a ela, portanto, era necessário. Não queria dizer que
ela tinha que saber quem ele era. Ela nunca conseguiria descobrir que ele não
era humano, e que possuía poderes que iria assustar humanos como ela. Que
era melhor ela não saber, porque não sabia como iria reagir.
Ela parecia atordoada e não fez nenhuma tentativa de livrar-se de seu
abraço. Seu corpo estava tão perto do seu que sentia-se inebriante. Ela
cheirava como um fruto maduro pronto para a colheita, exibindo suas curvas
a combinação perfeita de suavidade e firmeza. Ele saboreou o momento,
sabendo que uma vez que ela se recuperasse, iria afastá-lo. Afinal, ele era um
estranho, estava escuro, e havia poucas pessoas ao redor. O instinto faria dela
um ser cauteloso, apesar do fato de que ele a salvou de ser atropelada por um
carro.
Aiden olhou para o cruzamento, o carro não tinha parado. Um motorista
bêbado, mais provável.
No entanto, ele não conseguiu livrar-se do pensamento de que isso não
era coincidência. Ele tinha há muito tempo deixado de acreditar em coisas
que acontecem ao acaso.
―Eu estou bem. ― Ela murmurou, sua mão empurrando contra ele para
firmar-se.
Quando conseguiu sentar e levantar-se a cabeça, olhou-o, avaliando-o
como para descobrir se ele era confiável.
―Obrigada. Eu não vi... o carro passou um sinal vermelho.
Ele acenou com a cabeça.
―Estou feliz por estar lá.
―Eu não vi você. ― Ela disse, sua voz cautelosa quando afastou-se dele.
―Não havia ninguém atrás de mim. Eu ouvi você.
Humana perceptiva.
―Eu estava apenas de passagem. Os faróis do carro provavelmente
cegaram você, assim não me viu.
Ele levantou-se lentamente e estendeu a mão para ela.
Leila deu-lhe um olhar duvidoso.
―Obrigada.― Ela fez um movimento para erguer-se, declinando a sua
mão, mas no momento em que sua perna direita tocou o chão, seu joelho
dobrou e ela gritou de dor.
Aiden não hesitou e a apoiou, colocando um braço em volta de sua
cintura, trazendo-a contra ele.
O calor de seu corpo infiltrou no seu, inflamando suas células
instantaneamente.
―Segure-se sobre meus ombros. ― Ele instruiu quando agachou-se.
Suas mãos elegantes cravaram em seus ombros.
Ele estendeu a mão para o pé.
―Vou verificar se está quebrado, certo?
―Certo. ― Ela sussurrou.
Lentamente, ele acariciou as mãos sobre seu tornozelo e testou sua
amplitude de movimento. Ela estremeceu imediatamente.
―Ai!
―Eu sinto muito. Isso levará apenas um segundo. ― Ele a segurou e
permitiu que todos seus sentidos sobrenaturais penetrassem em sua pele e
chegasse até o osso. Estava intacto. Não havia ruptura, apenas um entorse.
Aliviado, ele exalou.
―Ele não está quebrado.
―Como você sabe? Você é médico?― Leila olhou para ele com
curiosidade em seus olhos.
Aiden soltou seu pé e ergueu-se, certificando-se de manter apoiado seu
peso.
―Não, eu não sou médico. Mas o tornozelo está apenas torcido. Você
tem muita sorte.
―Obrigada, de novo.
―Você deve colocar um pouco de gelo imediatamente.
―Irei fazer isso quando chegar em casa.
―Não, quero dizer agora. Mesmo um atraso de meia hora pode deixá-lo
pior.― Ele apontou para o fim do quarteirão onde as luzes de um bar irlandês
piscavam convidativas. ―Eles devem ter um pouco de gelo ali.
Que diabos ele estava fazendo? Não devia envolver-se mais com ela do
que já tinha feito. Se fosse esperto, iria deixá-la agora. Mas, aparentemente,
esta noite sua mente estava ocupada com outras coisas, o desejo devia ser um
deles, a necessidade inexplicável de conhecê-la era outro.
―Isso não será necessário. Pegarei um táxi para levar-me para casa.
Ele olhou para cima e para baixo da rua.
―Você não vai encontrar um táxi por aqui essa hora da noite. Podemos
ligar para um do bar, depois de você colocar um pouco de gelo em seu
tornozelo.― E agradecer ao seu salvador.
Ele poderia vividamente imaginar que tipo de agradecimento preferia:
um beijo daqueles lábios atrevidos. Por que, de repente, ele sabia que deveria
ficar longe dela?
―Certo, acho que posso andar tão longe. ― Leila finalmente admitiu.
―Caminhar?― Ele balançou a cabeça. Não enquanto ele estivesse ali
para dar uma mão. ―Eu não acho que você deva caminhar.― Ignorando seu
protesto, ele a levantou em seus braços e caminhou em direção ao bar.
―Mas...
Quando ele olhou em seus olhos azuis como oceano, as pálpebras de
repente agitaram, e ela abaixou-as rapidamente.
Cor corou suas bochechas.
A cada passo, seu corpo friccionava-se contra o dele, e apesar da roupa
que os separava, ele sentiu uma onda de excitação o percorrer. O contato era
intenso e real, a recompensa uma tortura, como a protuberância em sua calça
jeans podia atestar.
Ele percebeu como ela estudou o pescoço e os músculos flexionados
debaixo de sua camiseta apertada. Parecia que ela não queria levantar os
olhos para examinar seu rosto tão abertamente. Não que ele se importasse de
ser estudado por ela. Inferno, não havia nada que ele pudesse pensar agora
que importaria-se dela fazer.
Com o pé, Aiden empurrou a porta do bar e foi um prazer ver que ele
estava meio vazio. Ignorando os olhares curiosos dos poucos clientes, ele
desceu Leila para um banco ao lado da janela e levantou a perna nele.
―Fique aqui, irei pegar gelo. ― Ele instruiu e foi para o bar.
O barman olhou primeiro para Aiden, em seguida, além dele.
―Algo errado?
―Minha amiga torceu o tornozelo. Você poderia dar-me um pouco de
gelo picado e um pano limpo? ― Ele perguntou e colocou uma nota de 20 no
balcão. ―E dois Jamesons, puro.
―Sim, as mulheres e seus saltos. ― Ele respondeu e pegou uma toalha
atrás dele, enchendo com gelo.
―Os saltos não foram os culpados. Um carro passou um sinal vermelho
e quase a matou. ― Ele estremeceu quando as palavras saíram de seus
lábios.
―Malditos motoristas bêbados. ― O barman assobiou. ―Vou dizer-lhe
uma coisa, quando vejo um dos meus habituais bebendo demais, confisco as
chaves do carro. Não importa o quanto eles me amaldiçoem por isso.― Ele
entregou-lhe a toalha. ―Aqui. Irei levar os Jamesons à sua mesa.
―Obrigado.
Aiden levou o gelo enrolado na toalha e voltou para sua incumbência,
que estava sentada ereta, inclinando-se contra a parede com painéis de
madeira, a perna esticada sobre o banco.
Ele sentou-se ao seus pés.
―Isso deve fazer você sentir-se muito melhor em breve.― Ele enrolou a
toalha em um tubo longo e serpenteou ao redor de seu tornozelo, amarrando-o
nas extremidades de modo que ficasse no lugar.
Quando olhou para cima, ele colidiu com seu olhar.
―Você já fez isso antes. ― Ela aprovou.
Ele sorriu.
―Eu costumava entrar em problemas quando era mais jovem.
Crianças da Névoa não curavam-se automáticamente como os
Guerreiros da Névoa adultos faziam. Eles precisavam ser atendidos da mesma
forma que as crianças humanas. Eles, no entanto, eram imunes a doenças
humanas, tais como sarampo e caxumba, mas ossos quebrados, cortes e
contusões deixavam a sua marca da mesma forma que fazia em filhos
mortais.
―Aqui estão seus dois Jamesons, puro. ― O barman anunciou e deixou
dois copos com o líquido âmbar na pequena mesa ao lado deles. ―Saúde!
Aiden acenou para ele então olhou para Leila, apontando para o uísque.
―Para lavar o choque.
CAPÍTULO SEIS
Leila pegou o copo que seu salvador entregou-lhe e hesitou. Era uma
decisão sábia? Este homem era um completo estranho. Um estranho muito
bonito, ela corrigiu-se. Aquele que salvou sua vida. Se ele não tivesse a
empurrado fora do caminho tão rápido, o carro a teria atingido em cheio e
seria a manchete de amanhã.
Pesquisadora promissora morta em atropelamento e fuga.
Ela estremeceu interiormente.
Talvez precisasse de uma bebida agora que a realidade bateu.
―Meu nome é Aiden. ― O gostoso disse. Um nome que combinava com
ele.
―Leila.
Ele bateu com o copo no dela.
―Devemos beber à boa sorte, Leila?
―Pela boa sorte.― Ela tomou um gole do uísque. Quando ele fez o seu
caminho para baixo de sua garganta, sua pele começou a queimar, mas não
era desagradável o suficiente para ela arrepender-se. Calor espalhou-se em
seu corpo, fazendo-a imediatamente sentir-se melhor apesar de seu tornozelo
latejante.
Quando ela inclinou-se em direção à mesa para deixar seu copo, Aiden
tomou a dela, os dedos roçando no processo. Ela o pegou olhando-a ao mesmo
tempo. Seu olhar era intenso, os olhos escuros parecendo ainda mais escuros
do que quando ele voltou do bar com a toalha na mão. Estranho como a cor
dos olhos de uma pessoa podia mudar assim.
Ao mesmo tempo, ela não foi capaz de romper o contato. Sua boca ficou
seca quando seu olhar caiu sobre seus lábios entreabertos. Ela nunca sentiu-
se tão consciente de outra pessoa. Ele estava bem ali, mas muito longe para
tocá-lo, enquanto ele poderia colocar a mão na perna dela, em qualquer
momento, se quisesse. Será que ele iria?
Ela ignorou o pensamento errante. O que havia de errado com ela?
Claramente, o choque de quase ser atropelada por um carro mexeu com
sua mente. Caso contrário, por que de repente ela fantasiaria sobre o beijo
com um estranho?
E por que o seu coração batia mais rápido, o peito arfante e sua língua
serpenteando para umedecer os lábios secos?
Como que antecipando um deleite de dar água na boca, seu estômago
apertou-se em conjunto com suas respirações, também esperando algo
delicioso. As palmas das mãos estavam suadas, mas ela absteve-se de limpá-
las em sua calça, não querendo chamar a atenção para seu estado traidor. Se
não soubesse de nada, diria que estava se comportando como uma menina de
escola que acabou de ver o zagueiro de sua equipe de futebol sair do vestiário
sem nada além de uma toalha enrolada na cintura.
Aiden estava completamente vestido, mas tinha o mesmo efeito sobre
ela. Sua reação a ele era incomum para ela. Ela nunca viu qualquer benefício
em um caso de uma noite, mas com esse homem, iria jogar a precaução ao
vento, apenas uma vez.
―Obrigada novamente. ― Disse rapidamente, não querendo que o
silêncio entre eles se esticasse ainda mais e voltasse para o constrangimento.
Já era ruim o suficiente que estivesse babando sobre ele. Como se nunca
tivesse saído com um homem bonito.
Bonito? Quer dizer pecaminosamente lindo, ela emendou.
Seu cabelo escuro era curto e reto. Pela aparência, ele era grosso, e
tinha certeza de que poderia confirmar sua hipótese se pudesse enfiar os
dedos nele.
Talvez, ao mesmo tempo, ela pudesse testar quão suave seus lábios
eram e o que sentia-se ao roçar os dedos sobre a cicatriz acima da
sobrancelha ou sobre os os pelos que enfeitavam o queixo.
―Parece que você está voltando a sua cor.― Ele olhou para seu rosto, e
ela percebeu o quanto sentia-se ruborizada. Ela estava corando? Na idade
dela, deviam estar no passado, tais reações imaturas, mas uma olhada rápida
para pegar seu reflexo na janela revelou que seu rosto parecia de fato um
pouco vermelho.
Ela encontrou um bode expiatório muito rapidamente e não teve
nenhum problema de passar a culpa.
―O whisky―. Leila apontou para o copo na mesa. ―Eu não estou
acostumada a isso.
―Eu deveria ter perguntado se você queria algo mais, mas considerando
o choque que teve, percebi que uísque faria o truque. Sempre me ajuda.―
Aiden tomou um gole do seu copo, claramente saboreando o gosto antes de
devidamente engolir.
―Sim, o choque. ― Leila concordou apressadamente.
Sua mão estava tremendo ainda quando levou uma mecha de cabelo
atrás da orelha que tinha afrouxado de seu rabo de cavalo, mas ela já sentia-
se melhor. O gelo teve um efeito paralisante em seu tornozelo. Infelizmente, a
formosura de seu companheiro havia reduzido seu cérebro para produzir um
discurso de apenas frases simples, curtas. Ela não podia deixar isso
continuar. Isso era ridículo. Ela era uma médica, uma mulher inteligente e
mais do que capaz de falar com um homem bonito em frases complexas. Ela
só tinha de puxar em conjunto, ter a sua habitual auto confiança novamente.
―Eu estava trabalhando até tarde. ― Ela murmurou, em seguida,
limpou a garganta para dar força a sua voz. Funcionou. ―Bem, eu trabalho
até tarde na maioria das noites.― O que mais ela fazia? Não tinha
praticamente nenhuma vida social.
―Você não deve ir sozinha para casa à noite. Há todos os tipos de coisas
que podem acontecer.
Ela encolheu os ombros.
―Eu estava apenas andando a poucas quadras do metrô.
―O metrô mais próximo fica a cinco quadras daqui e cinco longos e
muito desertos quarteirões, se posso acrescentar.― Ele estalou a língua. ―Isso
é arriscado.
―Eu não estou preocupada. Estou armada.― Ela cresceu na cidade e
sabia que era preparada.
Ele levantou uma sobrancelha surpreso.
―Arma?
Ela cavou em sua bolsa de ombro e puxou sua arma escolhida,
agitando-a triunfante.
―Spray.
Mas Aiden não parecia impressionado.
―Você sabe como é fácil para um homem que sabe o que está fazendo
tirar isso de sua mão e usá-lo contra você?
Ela acenou para ele.
―Eu sei como usá-lo.― Ela carregava o spray durante anos.
―Você sabe?― Havia um brilho estranho em seus olhos quando ele fez
um movimento brusco. Antes que ela pudesse reagir, pegou o spray de sua
mão e ergueu-o.
Choque percorreu-a, e com o canto do olho, viu o garçom parar em
pleno movimento. Uma sensação de pânico tomou conta dela, embora
houvesse outras pessoas no bar.
―Viu?― Aiden perguntou. ―Viu como foi fácil para mim desarmá-la?
Ainda com seu coração batendo forte, ela olhou para ele com os olhos
arregalados. Isto não estava em sua lista de previsibilidade.
―Mas ... mas eu não estava preparada. Nós estamos em um bar.― Ele
balançou a cabeça e colocou a lata de spray de volta em sua mão.
―Isso pode acontecer em qualquer lugar. Você deve sempre estar
preparada.
Ela sempre pensou que estivesse, mas este estranho tinha provado que
não estava nem perto perto de lidar com o imprevisível. Ela fez uma nota
mental para trabalhar nisso, como, ela não tinha certeza.
―Você tinha vantagem, porque eu mostrei para você.
Ela sentiu a necessidade de defender-se, não querendo entrar nessa de
que toda mulher era fraca e precisava da proteção de um homem. Ela não
precisava de ninguém. Por muitos anos, tomou conta de si mesma e construiu
uma vida ordenada bem assim.
Ele sorriu e colocou a mão sobre a dela. Instintivamente ela apertou os
dedos ao redor da lata.
Aiden acenou em agradecimento.
―Bom, você está aprendendo. Porque qualquer um pode ser um
atacante.
―Mesmo você? Mesmo que tenha salvado a minha vida?― Ela não tinha
ideia de por que perguntou isso a ele, os lábios formando as palavras sem sua
permissão.
Ele brevemente apertou a mão dela, então cortou o contato, um olhar
estranho em seu rosto.
―Você não tem nada a temer de mim.
Leila ergueu o queixo.
―E por que deveria confiar em você?― Ele não tinha acabado de mostrar
a ela que poderia atacar-lhe se quisesse? Ela não deveria deixar-se enganar
por seu belo rosto.
Ele aproximou-se e pegou sua mão livre. Seus olhos a penetraram como
se estivesse tentando ver profundamente dentro dela. Quando seus lábios
separaram-se, ele fez isso só para sussurrar tão baixinho que mal ouviu:
―Talvez você não deva.― Então ele puxou a mão até seus lábios e deu
um beijo quente na parte de trás. Quando ele a deixou ir, um sorriso brincava
nos lábios. Seu ventre vibrou com entusiasmo em resposta.
Agora ela entendeu. Tudo foi uma piada. Ele acabou de puxar sua
perna.
Ela respirou de alívio. Quando ela exalou, uma risada explodiu em seus
pulmões.
Ele olhou para ela com surpresa.
―O que é tão engraçado?
―Você. Você estava tentando me assustar, mas não pode manter uma
cara séria. Você sempre faz isso para encantar as mulheres?
―Eu encantei você?
Ela preferiu não responder a essa pergunta.
Aiden sorriu.
―Eu acho que você me descobriu.― Por um momento, ela pode ver o
menino que deve ter sido uma vez.
―Como é que você sabe tanto sobre segurança e outras coisas? Você é
algum tipo de consultor de segurança?
―Não exatamente.
Sua resposta curta a pegou de surpresa. Ele era provavelmente o único
homem que ela conhecia que não queria falar sobre si mesmo.
―Militar?― Deus, ela esperava que não.
Ele hesitou como se contemplasse o que ela disse.
Ele iria repartir-se em uma mentira? Inferno, por que ela estava tão
desconfiada?
―Se você não quer me dizer, isso é f...
―Eu sou um guarda-costas.
Por si só, seus olhos percorreram seu corpo instantaneamente. Sim, ele
era alto, e quando ele a carregou, pareceu sem esforço. Ela sentiu o flexionar
de seus músculos sob o dela. No entanto, ele não era apenas musculos e
força. Ele tinha uma velocidade grande. A rapidez com que ele a agarrou e
moveu-se fora do caminho do carro em alta velocidade, foi em um borrão.
Excitação e desapontamento colidiram dentro dela.
Ele era um homem com um trabalho perigoso, alguém muito diferente
de si mesma, de sua própria vida. Um homem para não envolver-se, não
importava o quão quente ele era e o quanto ela queria-lhe. Ela não precisava
adicionar uma outra pessoa à sua vida para preocupar-se. Ela se preocupava
o suficiente com seus pais. Isso tomava toda sua energia. Não havia nada em
um homem que desapareceria por dias a fio, provavelmente sem uma palavra.
Não, ela nunca seria capaz de fazer isso.
A rapidinha que tinha contemplado apenas alguns minutos mais cedo
perdeu todo seu apelo. Ela não queria ser tentada a querer mais. Porque as
coisas aconteciam, e se um caso de uma noite se transformasse em duas
noites, uma semana ou um mês? Era o mesmo motivo pelo qual ela nunca
namorou um policial, bombeiro, ou qualquer pessoa que estivesse no exército.
Um guarda-costas caia na mesma categoria.
Com pesar, ela permitou que seus lábios formassem suas próximas
palavras.
―Eu deveria chamar um táxi.
Ele pareceu sacudido por sua resposta por um momento. Em seguida,
ele esvaziou o último gole de sua bebida e olhou para seu copo.
―Eu irei certificar-me que você chegue em casa com segurança.
CAPÍTULO SETE
Aiden insistiu em esperar o táxi com ela. Quando a ajudou entrar no
táxi, o clima estava sombrio.
Por que incomodava que Leila pudesse ficar longe dele rápido o
suficiente? Ele devia estar aliviado. Não foi por isso que ele avisou em primeiro
lugar? Ele ficou irritado quando percebeu que ela pensou que sua pequena
lata de spray dava alguma proteção, quando, na verdade, qualquer demônio
que a visse com isso simplesmente riria na cara dela.
A rejeição de Leila convinha-lhe muito bem, sua mente insistiu.
Quanto mais distância ele pudesse manter entre eles, era melhor. Eles
não eram amigos, e ela nunca devia cometer o erro de vê-lo como tal. Nem se
quisesse alguma coisa com ela, e ela concordasse, então ele poderia protegê-
la. Fim da história.
Não, era apenas o começo, sua voz interior insistiu enquanto o seu
batimento cardíaco acelerava de acordo.
Não querendo que seus pensamentos fossem mais longe por esse
caminho, ele viu o táxi desaparecer na próxima esquina e puxou seu celular.
Ele discou o número de Manus e começou a caminhar na direção onde seu
carro estava estacionado.
―Sim?― Seu segundo respondeu imediatamente. De todas as pessoas
do município tinham atribuído Manus para ele.
―Eu preciso que você verifique uma placa para mim. Minha
incumbência quase foi atropelada por um carro esta noite.
―Que merda.
―Poderia ser uma coincidência...
Manus bufou.
―Desde quando você acredita em coincidências?
Manus estava certo. Ele não acreditava.
―Qual é o número da placa?
Aiden recitou de memória.
―Eu não consegui o último número. Havia um pouco de sujeira na
placa, obscurecendo-a.― Ele apenas teve uma fração de segundo para ler a
placa quando o carro passou zumbindo por ele. Mas os seus sentidos
sobrenaturais tinham pego o que puderam de qualquer maneira.
―Que tipo de carro era?
―Um Toyota, parecia um Corolla.― Um carro muito indistinto, como
milhões de outros.
―Dê-me algumas horas. Eu mando uma mensagem para você do que
achar.
―Bom, estou indo para o apartamento de Leila agora.
―Ah, é Leila agora. Interessante.
Aiden apertou a mão ao redor de seu telefone, a raiva aumentando.
―Apartamento da Dra.Cruickshank. ― Ele corrigiu através dos dentes
cerrados.
―Como ela é?
―Não é o seu tipo. ― Aiden respondeu, seus arrepios subindo mais uma
vez. Só se o inferno congelasse ele deixaria Manus protegê-la em seu lugar.
Ela era sua incumbência.
Sua responsabilidade.
―Ah, então é assim agora.
―O que diabos você está falando?
―Você a quer, Leila, não é? Para si mesmo. ― Manus adivinhou.
―Mentira! Ela é a minha incumbência, isso é tudo. Eu não me envolvo
com minhas incumbências.― Ele obedecia as regras. Mesmo que seu corpo
quisesse algo diferente desta vez. Algo que não só quebraria as regras dos
Guerreiros da névoa, mas o seu próprio código de ética.
―Você verá a luz um dia, acredite em mim.
―Basta fazer o seu trabalho!
Aiden desligou e olhou para a entrada escura do beco que ele
estacionou sua Ferrari preta. Era o mesmo tipo de beco, onde apenas alguns
dias antes, ele perdeu uma incumbência. Sacudindo a lembrança
desagradável, ele abriu o carro e esgueirou-se no assento do motorista.
Guerreiros da Névoa e a Batalha Final
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Guerreiros da Névoa e a Batalha Final

  • 1. GGUER N RREIR No lim Tin IROS D mite da na Fols DA NÉ a paixã lsom NÉVOA ão A
  • 2. Sinop C Aiden t Medo p ferrame a pesso saiba, a o efeito influên O acredita seu inv pse Capazes d têm prote por sécul enta em s oa a forne a droga q o colatera ncia de dem O Consel ando que ventor, ou Traduç Leit de tornare egido os s los. Mas suas mãos ecer-lhes e que está d al inespera mônios. ho dos e a única utros estão Dispon ção e Rev Revisão tura fina em-se inv seres hum os demô s para sed este elixir desenvolve ado de en Guerreiro maneira o empenh nibilizaçã visão Ini Final: Si al e form visíveis, im manos do ônios pod duzir os s r é o ser h endo para nfraquece os da Né segura de hados em ão: Soryu icial: Bru ilvia Helena matação: mortais G o poder s dem ter seres hum humano ci a curar a er a resist évoa está e erradica proteger a   una Raquel a Mary Guerreiros ombrio d em breve manos para ientista Le doença d tência da á dividido ar essa am a cientista s da Névo dos Demô e uma p a o lado n eila. Sem de Alzheim a mente c o: algun meaça é e a humana oa como nios do oderosa negro. E que ela mer tem contra a s deles eliminar a.
  • 3. Aiden é um leal guerreiro da névoa que aceita a missão de protegê-la, apesar de suas próprias convicções de que os seres humanos não são confiáveis. No entanto, quando sua vida está em perigo, ele muda de opinião, e é arrastado para uma batalha cujos participantes são desconhecidos: ele está lutando contra os demônios ou contra seus companheiros guerreiros da névoa? Um desejo proibido queima entre Aiden e Leila quando eles são forçados a contar com as únicas pessoas que podem confiar: um no outro. E mesmo que ele possa salvá-la e derrotar seus inimigos, uma união entre eles pode ser a aventura mais arriscada de todas. Informação: A autora ainda não escreveu os outros livros da série.
  • 4. Agra N livro é u alguma E Grace C túnel. B ver meu C excelen seus co seco, o E sem o m isso val adecime Não impor um trabal as pessoas Em prime Cal sem a Bloqueio us person Como sem nte e por d onselhos c melhor. E por últi meu mari ler a pena entos rta quanto lho de am s em minh eiro lugar a sua orie de escrito nagens ma mpre, pud dar-me a com uma imo mas ido Mark. a. os livros e mor e jama ha vida qu agradeço entação e or não tem ais claram de contar visão sob boa dose não men Você é m eu escrevi ais chegar ue tornar o a minh ajuda nã m nada a mente e m com meu bre o mun e de humo nos impor minha esp i e quanto ria até vo ram tudo i ha melhor ão conseg a ver com me ajuda a u amigo ndo mascu or seco. D rtante, eu pinha dors os mais ir cê, leitor, isso possí r amiga e uiria ver você, am a tecer min Wilson, c ulino, entr Devo-lhe u u não sab sal, meu rei escreve se não fo ível. e parceira a luz no miga. Você nhas hist com seu regando t um Martin beria o qu apoio, e f er, cada osse por a crítica final do ê me faz tórias. instinto todos os ni muito ue fazer faz tudo
  • 5. CAPÍTULO UM Aiden lançou sua adaga no demônio, visando a testa, mas a arma falhou o alvo, quando o bastardo girou com velocidade sobre-humana. Girando para a esquerda, Aiden evitou o que estava por vir: uma antiga faca voando em sua direção, deixando o pulso hábil do demônio tão rápido quando o verme do submundo transformou-se em seus calcanhares. A extremidade afiada da faca passou por ele nem um centímetro proximo demais. Forjada nos dias escuros, a arma poderia matá-lo, um imortal guerreiro da névoa. E ele não estava ali para morrer. Estava lutando contra o mal para salvar a sua incumbência, a mulher humana a qual ele foi designado para proteger da influência dos demônios do medo, os maiores inimigos da humanidade. Aiden observou com horror quando os três demônios reuniram seus poderes e projetaram um turbilhão de névoa negra, envolvendo a entrada de um prédio degradado, seus tentáculos alcançando os pés de sua incumbência, quando ela deu mais um passo em direção a eles como se fosse puxada por cordas invisíveis. Soava semelhante a um tornado ensurdecendo seus ouvidos, e seus gritos foram devidamente engolidos por ele quando Sarah foi sugada em suas profundezas. Seduzida por promessas dos demônios de poder e riquezas, ela avançou em direção ao portal escuro que iria levá-la ao seu mundo e transformá-la em um deles.   ―Sarah! Nããão! Ela virou a cabeça, como se tivesse ouvido sobre o barulho no beco. Mas seus olhos estavam vazios. Como se ela nem sequer estivesse vendo-o. Ele sabia que a única maneira de fazê-la parar era destruir o portal, o que significava matar os demônios que o criou. Em um flash, ele virou-se para
  • 6. recuperar a faca que o demônio tinha jogado nele. Assim como tal arma poderia matá-lo, poderia matar um demônio. Eles eram tão vulneráveis a ferramentas forjadas nos dias escuros como os guerreiros da névoa eram. Aiden olhou do beco estreito para o cruzamento, mas nenhum de seus irmãos estava vindo em seu auxílio. Quando ele percebeu que estava em desvantagem, imediatamente chamou o seu segundo, Hamish. Mas seu companheiro Guerreiro da Névoa estava longe de ser encontrado. Como se ele tivesse desaparecido no ar. Seu código de ética ditava que se o segundo Guerreiro da Névoa estivesse perto, iria responder rapidamente em situações como estas, situações de vida e morte. Aiden foi muitas vezes para Hamish o segundo, e mesmo que o posto fosse implícito, uma opção entre sentinela e o segundo ocorria atribuição após atribuição. É assegurado constante aprimoramento de suas habilidades, de estar tão confortáveis com emissão de ordens como devidamente segui-las, sem duvidar. Eles eram irmãos, se não no sangue, unidos por um objetivo comum: proteger a raça humana da influência dos demônios do medo e promover o bem neste mundo. Do canto do olho, percebeu um movimento e imediatamente dois dos demônios tinham deixado a proteção do vórtice, de forma clara vindo para acabar com ele em combate. Aiden soltou uma risada amarga. Eles teriam uma surpresa. Matar de perto e pessoalmente era sua especialidade. ―Venham e peguem-me. ― Ele zombou deles, abrindo os braços em convite. Uma rajada de vento soprou seu casaco, fazendo com que seus restos agitassem loucamente atrás dele. As risadas de zombaria dos demônios zumbiram sobre o ruído e, por um momento, foi tudo que Aiden ouviu. Seu olhar suplicante para Sarah desapareceu em seus olhos estéreis. Ela moveu a cabeça lentamente de um lado para o outro quando deu mais um passo para a frente. Ela era apenas um ser humano fraco, a influência que os demônios tinham sobre ela era muito forte para resistir.
  • 7. Rangendo os dentes, e agarrando a antiga lâmina firmemente em seu punho, Aiden saltou no primeiro demônio, uma criatura humanóide na aparência, mas com os olhos verdes brilhando, as histórias diziam que era o sinal da maldade por dentro. Ele bateu em seu adversário, que estava construído maciçamente como um tanque. Isso não dissuadiu Aiden, no mínimo. Enquanto ele não era tão forte como o demônio, era mais ágil e mais rápido. Era a sua vantagem em combate. Rosnando como um animal, o demônio levantou um punhal em direção ao seu peito, mas Aiden esquivou-se num piscar de olhos e pulou atrás dele. Com um golpe limpo, ele correu a faca ao longo do pescoço do demônio, cortando-o da esquerda para a direita. Em meio aos sons surpresos da criatura antes de morrer, o sangue jorrou verde na rua. Aiden enfiou o joelho nas costas do demônio morto e jogou-o no chão. Mas ele não teve a chance de respirar. Com um grunhido feroz, o segundo demônio saltou sobre ele, enfrentando-o. O impacto tirou todo ar de seus pulmões, por um momento, imobilizando-o. Enquanto estava deitado sobre a superfície úmida, a criatura enorme prendeu-o, ele arriscou um olhar para o vórtice. Sarah estava quase em cima dele, seus passos menos hesitantes agora. Aiden podia ouvir os sussurros bem sedutores do terceiro demônio que estava persuadindo-a a ir para ele. E fraca como estava, ela aproximou-se. No entanto, Aiden ainda não iria permitir isso. Buscando toda a sua força, ele libertou uma perna e chutou forte entre as coxas do demônio. Felizmente, os demônios também tinham bolas. E pelos sons que o filho da puta estava fazendo agora, eles eram tão sensíveis como um ser humano. Com um empurrão, Aiden afastou o demônio ferindo-o em seu peito. Seus olhos procuraram a faca que ele deixou cair quando o idiota forçou-o ao chão. Enquanto fazia isso, o demônio recuperou sua força e levantou-se, segurando o braço com a adaga chicoteando na direção do pescoço de Aiden. Ele rolou para o lado, evitando a lâmina mortal por uma fração de segundo, e ficou de pé no mesmo instante. Mas o demônio foi mais rápido e jogou sua perna contra ele, enviando-o para a parede atrás dele.
  • 8. Uma costela fraturada, mas o poder correndo através de seu corpo fez Aiden ter certeza de não sentir dor. Como um imortal, sua tolerância à dor era muitas vezes maior que um mero ser humano, mesmo que seu corpo tivesse a aparência inteiramente de um humano. Debaixo da pele e músculo, porém, havia as experiências coletivas dos Guerreiros da Névoa que já caminharam sobre a Terra. Virtual eles chamavam, e dava-lhes poder para lutar contra demônios e esconder-se dos seres humanos como se tivessem jogado um manto de invisibilidade sobre eles. Eles foram agraciados com poderes que desafiavam a física, poderes que os humanos consideravam sobrenatural, se soubessem que os Guerreiros da Névoa existiam. Mas sua existência foi escondida por séculos. Desde o seu início nos dias escuros. Assim, quando Aiden ficou de pé, sua mão roçou a adaga que jogou antes na testa do demônio. Ele agarrou-a e pulou para a frente novamente, correndo contra o seu agressor, pousando a faca no estômago do canalha. Quando os olhos do demônio arregalaram-se de medo e descrença, Aiden puxou para cima o punhal, cortando-o como um porco. As vísceras e sangue verde derramando dele, o fedor contaminando o ar fresco da noite, antes de seu corpo desabar. Sem perder um segundo, Aiden virou-se e correu em direção a sua incumbência. Em uma tentativa desesperada de puxá-la de volta, seu corpo enrolado em tensão, seu longo casaco preto batendo de lados, soprado de volta pela força do ar rodopiando e o nevoeiro. Levando as mãos à frente para tentar pular em sua direção, ele concentrou toda sua energia em um pensamento: salvar esta humana das garras do mal. A raiva fervia nele como em um caldeirão prestes a transbordar. Ele não podia permitir que eles a levassem. Toda alma que os demônios levavam para o seu lado os fazia mais forte. Logo, eles levantariam-se novamente de suas tocas no fundo do submundo e dominariam a humanidade mais uma vez. A desolação dessa perspectiva o fez estremecer até os ossos. Um grito atrás dele fez com que ele girasse sua cabeça, fazendo-o perder a concentração por um momento. Ele viu uma mulher com uma criança nos
  • 9. braços, freneticamente tocando uma campainha em um dos prédios de apartamentos, os olhos arregalados de horror. Merda! Ele não precisava de testemunhas para o que estava acontecendo ali. Mas não havia nada que ele pudesse fazer agora. Sua prioridade era salvar Sarah. Reunindo o antigo poder que estava dentro de cada Guerreiro da Névoa, ele permitiu surgir através de seu corpo e recarregar suas células. Ele caiu para a frente, incumbências elétricas dançando nas palmas das mãos, como pequenas chamas, e estendeu a mão para ela. Ela empurrou-o de volta, a raiva brilhando em seus olhos. Atrás dela, ele vislumbrou o terceiro demônio quando sua mão estendeu-se através do vórtice, um punhal em sua palma. Sussurrando algo para ela, o demônio pressionou a antiga arma em sua mão. Com medo, Aiden percebeu quando ela aceitou e jogou-lhe o pulso, como se tivesse sido treinada para isso. O demônio tinha o controle de seu corpo agora. Tudo que Aiden podia fazer era girar para o lado para evitar a lâmina. Então seus olhos ficaram verde. Ao ceder à demanda do demônio, ela tornou-se um deles. Outro grito chamou sua atenção para a mulher atrás dele. O que ele viu virou seu estômago. O punhal de Sarah atingiu a criança na cabeça. Sangue saia do corte para o minúsculo suéter branco e para as mãos da mãe que estava tentando desesperadamente salvar seu bebê. Maldição! Ele devia ter matado Sarah no momento em que percebeu que ela não poderia ser salva. Agora ela matou um inocente. E ele era o culpado, porque não agiu rápido o suficiente. Ele deixou-a viver, porque esperava que pudesse salvá-la. Ele falhou novamente. Sentindo seu passado alcançá-lo, ele forçou as lembranças dolorosas de sua primeira e única outra falha e concentrou sua energia em sua incumbência anterior. Sem hesitar, ele apontou. O punhal antigo mirando no pescoço de Sarah, prendendo seus movimentos. O sangue jorrou do ferimento fatal quando ela caiu para frente no turbilhão.
  • 10. Gritos de frustração do demônio encheram o beco, e pedaços de luz ilumiram a noite escura. Um momento depois, o ar e o nevoeiro pararam e tudo ficou tranquilo, exceto pelos soluços da mulher cujo filho estava morto em seus braços. Quando ele chegou ao lugar onde Sarah caiu, estava vazio. O vórtice a tinha engolido. Apenas seu punhal ensanguentado foi deixado como prova de que ele a matou. Ele não teve escolha, a não ser fazê-lo. Era melhor do que os demônios tê-la para usá-la. Melhor para ela e para o mundo. Era a razão pela qual ele não poderia arrepender-se de sua ação. Ele só lamentava ter adiado o inevitável e não ter agido antes. Nunca mais hesitaria em matar um ser humano que ele tivesse razão para acreditar que foi comprometido. Era melhor um ser humano morrer do que os demônios capturarem outra alma ou um inocente sofrer, como esta criança e sua mãe. Da próxima vez, sua adaga iria encontrar seu alvo no momento em que suspeitasse que um demônio estava influenciando sua incumbência. Ele não hesitaria novamente. Os humanos eram muito fracos. Eles deveriam ser eliminados assim que representassem um perigo. O Conselho estava errado ao tentar protegê- los quando eles claramente voltariam-se contra seus protetores, contra os Guerreiros da Névoa que só queriam o seu melhor. Sarah não foi a primeira que provou isso a ele. Lembranças antigas, ainda frescas como sempre, lembrava-o mais uma vez que ele nunca poderia vacilar novamente. Sua hesitação custou-lhe muito caro há muitos anos. Como resultado, toda a sua família sofreu; eles perderam um ente querido, e foi culpa dele. Seu coração apertou-se dolorosamente quando a culpa sobre o seu erro do passado ressurgiu. Ele nunca poderia cometer o mesmo erro novamente. O mal tinha que ser erradicado rapidamente, não importava a forma como se apresentasse: demônio ou humano.
  • 11. CAPÍTULO DOIS Leila levantou a cabeça do microscópio quando ouviu uma batida urgente na porta de seu laboratório. ―Dra. Cruickshank? Você ainda está aí? Ela alisou o jaleco para baixo e pegou seu reflexo no armário de vidro sobre a bancada de trabalho que estava curvada. Seu rabo de cavalo ainda estava segurando o cabelo comprido e escuro, mas várias mechas tinham se soltado e agora enrolavam ao redor de seu rosto. Parecia quase como se um cabeleireiro tivesse feito um enorme esforço para arrumar o cabelo assim. É claro que isso era impossível. Ela não ia a um salão de cabeleireiro em meses. Como poderia perder seu tempo precioso preocupando-se com sua aparência, quando tinha um trabalho tão importante para fazer? Ao longo dos últimos meses, ela fez um enorme progresso. Os ensaios clínicos eram promissores, e parecia haver apenas um pouco de ajuste mais fino necessário até que a droga fizesse exatamente o que ela queria: parar a doença de Alzheimer, uma doença que seus pais sofriam. A droga ainda parecia mostrar alguma promessa de ser capaz de reverter alguns dos efeitos da doença, mesmo que as chances de erradicação que todos os danos do Alzheimer já tivesse causado fossem pequenas. Para seus pais, era uma corrida contra o tempo. Houve momentos em que parecia perfeitamente bem, mas em outros momentos, lapsos de memória eram gritantes, e ela podia senti-los esvaindo. Se ela não terminasse sua investigação em breve, os danos aos neurônios de seus cérebros se tornaria muito grave até mesmo para qualquer droga revertê-la. Quanto mais cedo a droga fosse administrada, maior as chances de alguma recuperação da função cerebral. Mesmo que ela soubesse que seus pais nunca poderiam recuperar-se
  • 12. totalmente, ela agarrava-se à esperança de que pelo menos algumas das suas funções cerebrais poderiam ser restauradas ao seus antigos estados. Com 36 anos, ela deveria ter filhos e uma família própria, mas nunca houve nada além de seu trabalho. Depois de terminar a faculdade de medicina, ela queria ir para a cirurgia plástica, atraídos pela alta renda que a especialidade oferecia. No entanto, quando pela primeira vez seu pai e depois sua mãe mostrou sinais precoces da doença, ela rapidamente mudou seus caminhos. Leila, de repente percebeu que para seus pais dinheiro não significa nada quando eles estavam perdendo o que mais amavam: um ao outro. Depois de formar-se, a Inter Pharma mostrou interesse em sua pesquisa e ofereceu-lhe um emprego. Agora, ela dirigia seu próprio laboratório, supervisionando três assistentes e dois jovens investigadores. Ela adorava correr por seu próprio laboratório, afinal seu trabalho apelava para seus sentidos. Tudo tinha seu tempo e lugar. Foi como ela conseguiu lidar com a crise: por manter as coisas em ordem e sempre sabendo o que vinha a seguir, sempre com um plano. Deu-lhe segurança, algo que ela desejava desde que seus pais adoeceram. E essa necessidade de segurança permeou toda a sua obra. Enquanto sua equipe de laboratório executava muitas partes diferentes de sua pesquisa, Leila era a única que tinha acesso a todos os dados e a fórmula completa do medicamento, tal como existia agora. Manter os dados seguros era fundamental para ela. Era um dos motivos de não usar o computador da rede que a Inter Pharma deu a ela, mas usava seu próprio computador portátil criptografado, o backup de seus dados em um cartão de memória que estava pendurado, disfarçado como um pingente de diamante cravejado, em um colar em volta de seu pescoço onde quer que fosse. Houve incidentes anteriormente, onde os dados de outro pesquisador foram roubados por um empregado e mais tarde ressurgiu em outra empresa farmacêutica, que em seguida, nomeou para si a descoberta. Uma nova droga significava grandes quantidades de dinheiro para a Inter Pharma, mas para Leila significava um começo para seus pais e ver a luz de reconhecimento em
  • 13. seus olhos novamente antes que fosse tarde demais e eles se fossem para sempre. ―Dra. Cruickshank? Leila saltou de sua cadeira e foi até a porta, abrindo-a. Ela se acostumou a trancar a porta quando estava sozinha no laboratório. Quando abriu, olhou para o rosto corado da assistente pessoal do CEO, Jane. ―Ah, bom, você ainda está aqui. Eu não tinha certeza. ― Ela balbuciou. Leila balançou a cabeça, preocupada. Sua equipe já tinha saído, mas mesmo que já tivesse passado das oito horas, ela não estava pronta para sair. Havia sempre mais dados a serem analisados. ―Jane, há algo que você precisa? ― Perguntou ela, esperando que a secretária tola quisesse um pacote extra de adoçante ou um saquinho de chá, porque ela, mais uma vez esqueceu de comprar suprimentos para os executivos. ―O Sr. Patten enviou-me. Ele perguntou se poderia dar-lhe um minuto para falar com ele. ―Agora? Eu pensei que ele ja tivesse ido para casa há muito tempo. ―Era raro que alguém, além dela e do cara da segurança trabalhasse até tarde. ―Eu também. Mas ele teve uma reunião e só agora terminou. É claro, ele me fez ficar.― Jane soltou um suspiro irritado. ―Então você pode? Quero dizer, vê-lo em seu escritório? Leila assentiu distraidamente, embora odiasse a interrupção. ―Ah, e você teria qualquer adoçante sobrando? Está muito corrido. Bem, isso explicava por que Jane não usou o telefone para chamá-la ao escritório. Leila virou-se rapidamente para pegar um punhado de pacotes da tigela em cima da geladeira e pressionou-os nas mãos estendidas de Jane. Certificando-se de fechar a porta atrás dela, ela caminhou por todo o corredor ao lado da assistente de Patten. A chave em seu pescoço tilintou contra seu pingente, fazendo um som estranho no corredor vazio.
  • 14. ―Eu sempre admirei o seu colar. ― Jane falou. ―Você lembra de onde você o comprou? ―É feito sob encomenda. ― Disse Leila, ignorando o súbito formigamento em sua nuca. Ela rapidamente lançou um olhar por cima do ombro, mas não viu nada além do piso de linóleo brilhante nem as paredes branco estéril. ―Feito sob encomenda? Ela acenou de volta para Jane. ―Sim, eu pedi a um joalheiro para fazê-lo.― Para esconder seu pen drive de 64mb e manter sua pesquisa perto de seu coração, literalmente. Mas ninguém sabia disso. Talvez fosse paranóia ou talvez fosse simplesmente o senso comum, mas ela queria garantir que nenhum de seus dados jamais fosse perdido. ―É lindo. Onde é a loja? Eu gostaria de fazer algo semelhante. ―Ele saiu do negócio, eu temo. ― Leila mentiu e tentou um sorriso arrependido. Ela não queria revelar o nome do joalheiro apenas no caso dele deixar escapar que o pingente era por dentro do tamanho perfeito para um cartão de memória. Ninguém deveria saber que ela carregava seus dados com ela. Por não guardar seus dados no computador de seu laboratório levantou uma bandeira vermelha e rendeu-lhe uma reunião com o CEO. No entanto, uma vez que ela explicou seu caso e o fato de estar preocupada sobre a pesquisa ser roubada, Patten concedeu um acordo: a cada noite, quando terminasse com sua pesquisa, ela iria fazer o backup dos dados em um disco rígido externo que ela então colocaria em um cofre. Somente a impressão do seu próprio polegar ou de Patten poderia abrir a peça especialmente projetada, garantindo assim que ninguém não autorizado pudesse acessá-lo. Parecia que seu chefe era tão paranóico quanto ela. E por que ele não deveria ser? A investigação farmacêutica era um negócio cruel. A primeira empresa a desenvolver uma nova droga iria começar algo grande que nenhuma outra empresa poderia competir. Ser o primeiro era tudo neste negócio.
  • 15. Seu laptop estava armado com um software especial que iria iniciar uma sequência para destruir dados no disco rígido impedindo qualquer um de mexer com ele. Ele era a prova de falha. ― ... então eu fui com o vermelho. O que você acha?― Jane apontou para suas unhas, que foram pintadas de uma cor laranja medonho. Claramente, a jovem era daltônica. ―Bonito. ― Leila conseguiu dizer, perguntando o que mais Jane tinha tagarelado enquanto ela estava com a cabeça nas nuvens novamente. Foi o que aconteceu tantas vezes ultimamente: ela ia ao espaço pensando sobre uma coisa ou outra, e nem mesmo percebia que outras pessoas estavam ao seu redor ou até mesmo falando com ela. Na próxima curva do corredor, que virava à esquerda, Leila apertou o botão do elevador. As portas de imediato separaram-se, e ela entrou, seguida por Jane. Sua colega apertou o botão para o andar executivo, e as portas começaram a fechar. Assim quando as portas estavam quase fechadas, algo apitou e as portas abriram-se novamente. ―Que inferno?― Jane amaldiçoou e apertou o botão de novo. ―Eu não posso acreditar nesses elevadores estúpidos. Na metade da semana eles estão fora de serviço, supostamente sendo consertados, e a outra metade da semana eles estão piscando de novo. Leila balançou a cabeça. ―Eu não sei. Normalmente vou pelas escadas. ―Bem que é fácil quando você está no terceiro andar, mas tenta o oitavo, e você estará sem ar em um momento. ― Leila não podia impedir-se de olhar para o salto altíssimo de Jane. Sim, ou quebrar um tornozelo. Mas ela absteve-se de fazer um comentário. Não era o seu negócio que Jane estivesse fora de forma. Ela mesma corria pelo menos quatro vezes por semana, tentando manter-se saudável e em forma. Bem pelo menos magra. Ela percebeu quanto peso sua mãe ganhou quando quebrou uma perna há alguns anos e não foi capaz de mover-se muito. Leila sabia que tinha o físico de sua mãe, pequeno e sólido, em vez de magra e sabia que se ela deixasse ir,
  • 16. viraria um balão um dia. Por isso, ela corria e subia as escadas sempre que tinha uma chance. Quando chegaram no oitavo andar, Jane virou-se para a cozinha, instruindo Leila a deixa-la. ― Vá para a direita para vê-lo. Ele está esperando por você. Leila puxou seu jaleco e tirou um fio de cabelo do tecido branco. Limpando a garganta, ela ergueu a mão e bateu os nós dos dedos contra a porta. ―Entre.― A ordem foi instantânea e dita com autoridade inconfundível. Ela não perdeu tempo, abriu a porta e entrou no escritório de Patten. A sala estava envolvida na semi-escuridão. Patten, um homem na casa dos cinquenta, grisalho nas têmporas e careca na parte superior, sentava-se na mesa larga, que era iluminada por uma luz de halogênio grande. No entanto, as luzes do teto fluorescentes estavam desligadas. ―Entre, entre, Dra. Cruickshank. Desculpe a falta de luzes, mas queimou quando o meu visitante esteve aqui antes. Foi embaraçoso, também. Melhor começar a manutenção disso imediatamente. ―Boa noite, Sr. Patten. ― Ela respondeu simplesmente, sabendo que ele não esperava uma resposta de seu discurso sobre as luzes. ―Você queria me ver? ―Ah, sim. É isso mesmo.― Ele colocou uma mecha de cabelos grisalhos de volta atrás de sua orelha, fazendo-a ciente de que assim como ela, ele precisava de um corte de cabelo. Ele parecia um pouco desalinhado. Agora que ela olhou para ele mais de perto quando aproximou-se e sentou-se na cadeira em frente a sua mesa, notou que seu rosto parecia cinzento e cansado. Como se tivesse queimado a vela em ambas as extremidades, assim como alguém que conhecia: ela mesmo. Bem, ele provavelmente não era o único workaholic na Inter Pharma. Ninguém chegava ao topo sem sacrificar alguma coisa. ―Sente-se... Ah, você está sentada... bom, bom...― Leila franziu a testa em preocupação. Ela nunca viu seu chefe afobado. Ela esperava que ele não estivesse tendo um derrame, porque apesar de ter um diploma de médica, não estava equipada para lidar com uma emergência médica. A última vez que
  • 17. viu um paciente foi durante a sua residência no Mass General, parecia eras atrás. ―Você está se sentindo mal?― Sentiu-se obrigada a perguntar, seu lado emotivo elevou sua cabeça. Seus olhos de repente focaram, e ele apareceu tão claro como sempre tinha sido. ―Claro, por que não estaria? ... Bem, eu queria falar com você, porque tive a visita de um acionista. Leila sentou-se mais a frente em sua cadeira, descruzando as pernas. Por que Patten queria falar com ela sobre um acionista? Ela não estava envolvida nas operações ou de qualquer forma nas finanças da empresa. Além de ser responsável por seu orçamento próprio no laboratório, tudo que ela fazia era pesquisa pura. Um tiro de adrenalina de repente corria através dela. Ela sabia que o preço da ação havia recentemente mergulhado. Isso poderia significar que os acionistas estavam infelizes e queriam cortar programas? Possivelmente eliminar sua pesquisa? ―Meu orçamento já está apertado como está.― As palavras saíram antes que ela pudesse pensar mais longe. Droga! A forma como agiu, ela nunca teria feito isso no corpo diplomático. E se ela continuasse a soltar esse tipo de declarações, sua carreira como pesquisadora com seu próprio laboratório em breve poderia pousar em uma ladeira escorregadia também. Patten lançou-lhe um olhar confuso. ―O que? ―Eu sinto muito, continue; você estava dizendo que um acionista visitou você. ―Sim. Parece que o Sr. Zoltan adquiriu uma grande quantidade de ações quando o mercado caiu. Ele agora é dono de 36%, e enquanto isso não lhe dá o controle absoluto sobre a empresa, isso faz dele o maior acionista. Leila ergueu a mão de seu colo. ―Uh, Sr. Patten, como sabe, não estou envolvida nessa parte da empresa. Minha pesquisa... ―Estou chegando lá, Dra. Cruickshank.
  • 18. Ela assentiu com a cabeça rapidamente, não querendo perturbá-lo ainda mais. Algo claramente tinha o agitado hoje, e ela não estava interessada em ser atingida no fogo cruzado. Era melhor manter a boca fechada e deixá-lo falar. Talvez ele simplesmente precisasse desabafar com alguém, e além de Jane e o guarda de segurança na entrada, ela era o único que restava no prédio. Leila suspirou interiormente. Ótimo! Agora, seu chefe estava descarregando algumas coisas inúteis sobre ela quando poderia utilizar o tempo muito melhor e terminar de analisar os dados que não tinha chegado ainda. ―Como eu disse, o Sr. Zoltan agora é dono de uma vasta quantidade desta empresa, o que lhe dá certos poderes. Você provavelmente vai perceber que não seria prudente deixar o homem com raiva e negar-lhe o que ele deseja. ― O Sr. Patten limpou uma gota de suor da testa antes de continuar: ―Ele poderia forçar um voto e prática remodelação do conselho de inicialização, eu... ah, como você vê, eu de verdade não tenho muita escolha no assunto. ― Seus olhos se viram nervosos. Por sua vez o nervosismo espalhou-se por ela, fazendo sua pele formigar com mal-estar e as palmas das mãos ficarem úmidas. Na borda, ela mexeu-se em sua cadeira, mas se absteve de dizer qualquer coisa, percebendo que ele não tinha terminado de falar. ―Ele apenas quer ter certeza que seu investimento está seguro, veja. Não é diferente de um novo proprietário inspecionando sua fábrica e vigiando o processo de produção. Certo, é assim que tem que olhar para isso. Observando o processo de produção? Ele estava dizendo o que ela pensava que estava dizendo? Ele não poderia consentir isso... não, isso nunca iria acontecer. ―Sr. Patten, eu...― Ela gaguejou, sua mente em tumulto demais para ser capaz de formar uma frase coerente. ―O Sr. Zoltan irá retornar na segunda-feira para sentar com você. ―Sentar? Patten assentiu, evitando seu olhar, e em vez disso olhando para a escuridão além de sua janela.
  • 19. ―Ele pediu para conhecer sua pesquisa. O meu entendimento é que ele tem um diploma de médico, assim quer avaliar a viabilidade do produto no qual você está trabalhando. Leila pulou. ―Você não pode permitir isso. Minha pesquisa... É segredo. Nenhum estranho pode... ―O Sr. Zoltan não é um estranho. Ele práticamente é dono desta empresa. Descrença a percorreu, fazendo oscilar seus joelhos. ―Mas você disse que ele só possui 36% das ações, isso não significa que ele é dono de nós. ―No mundo corporativo lhe dá poder suficiente sobre nós para forçar qualquer prática que ele quiser. Não sei mesmo que outros recursos tem à sua disposição. Tudo o que sabemos, é que ele pode comprar outros quinze por cento, dando-lhe o controle total. Leila se inclinou sobre a mesa. ―Por favor, Sr. Patten, você tem que parar isso. Eu não posso ter um estranho olhando por cima do ombro. Este é um trabalho sensível. Se alguém se apodera de minha fórmula, eles podem roubar. Não é seguro ter alguém no laboratório que poderia... ―Eu entendo seus sentimentos, Dra. Cruickshank, mas não tenho escolha. Minhas mãos estão atadas. Sua pesquisa pertence a esta empresa. Não é de sua propriedade. Se eu disser a você para dar total acesso a alguém como ele, então você fará como digo. ― Ele disse entre os dentes cerrados. ―Nós estamos entendidos? Leila puxou de volta, a decepção correndo em suas veias. ―Eu entendo.― Sua mandíbula se apertou. ―Isso é tudo por hoje? Ele acenou com a cabeça, um olhar cansado cruzando suas feições. ―Vá para casa, Dra. Cruickshank. E eventualmente verá que as coisas não são tão ruins quanto você poderia pensar. Ela virou-se sem dizer uma palavra e voltou para seu laboratório, segurando as lágrimas de frustração até que a porta fechou-se atrás dela.
  • 20. Caiu em sua cadeira, cobriu o rosto com as mãos e deixou as lágrimas rolarem. Isso não era justo. Ela trabalhou tão longo e duro para isso, e agora algum acionista rico com um diploma de medicina daria um golpe em seu trabalho. E se isso não fosse tudo o que ele queria fazer? E se ele tinha a intenção de assumir a investigação e levar o crédito por isso? Ela viu coisas como essa acontecer antes, onde um pesquisador foi expulso no meio do projeto e algum novato assumiu, alegando o crédito pelo resultado final. Ou o que aconteceria se ele fosse incompetente e destruisse o progresso que ela teve? Se isso acontecesse, os pais dela nunca ficariam melhor. Ela não podia permitir que isso acontecesse. Ninguém jamais descobriria o suficiente sobre sua pesquisa para ser capaz de assumir. Este era o trabalho de sua vida! ―Você não pode tirar isso de mim, Patten. ― Ela murmurou, enxugando as lágrimas do rosto. Conforme ela empurrava a cadeira, roçando o chão, o som ecoou no laboratório vazio. As pernas dela a levaram ao cofre na parede. Ela pressionou o polegar contra o touchpad que ativava um scanner. Então ela ouviu um clique no mecanismo. Um sinal sonoro acompanhado por uma luz verde disse lhe que sua autorização foi aceita. Leila abriu a grossa porta e olhou para o interior escuro. Ela tinha que fazer o que precisava ser feito.
  • 21. CAPÍTULO TRÊS Aiden irrompeu através da porta do complexo. Não havia necessidade de abri-la. Seu corpo simplesmente desmaterializou-se ao atravessar o material sólido e materializou-se além em um processo rápido demais para o olho humano analisar. Só iriam ver um homem andando em linha reta em uma porta ou uma parede, o processo por trás disso permanecia um mistério. Era um poder único dos guerreiros da névoa; nenhum demônio conhecido tinha uma habilidade semelhante. Ele seguiu pelo corredor. O enorme edifício tinha três andares acima do solo e dois abaixo. Suas paredes eram grossas, como as de um velho castelo inglês, como o caminho que seus antepassados construíram em suas próprias fortalezas. Seu passado estava impresso na estrutura: runas antigas decoravam todas as paredes, pisos, e amuletos para afastar o mal que pairava sobre cada porta e janela. Havia muitos complexos Guerreiro da Névoa pontilhados pelo mundo, lugares onde os irmãos e as poucas irmãs, viviam juntos. Todos os complexos eram protegidos pelo poder coletivo dos Guerreiros da Névoa, seus virtuais, e poderiam muito bem passar por invisível. Um hipnótico feitiço antigo, garantia que os edifícios passassem despercebidos pelos humanos. No interior, os seres humanos não eram permitidos. Nem mesmo as incumbências de Guerreiros da Névoa poderia ser confiável para manter seu segredo da localização. Havia sempre uma chance de que um deles iria se virar contra eles e eventualmente traí-los aos demônios.
  • 22. Dentro dos muros do complexo, os Guerreiros da Névoa poderiam recarregar suas energias depois de cada missão, a energia era gasta quando eles camuflavam suas incumbências de detecção por demônios. Armas há muito esquecidas estavam armazenadas nos vastos cofres no subterrâneo, armas que poderiam matar mesmo um imortal guerreiro da névoa. Embora nenhuma arma humana ou uma faca poderiam ferir permanentemente Aiden ou seus irmãos e irmãs, qualquer arma forjada durante os dias negros tinha o poder de matar os Guerreiros e demonios do medo igualmente. Quando Aiden correu para a cozinha grande que era o centro e de fato o coração da casa, que ele chamava de lar, seus olhos percorreram os reunidos ali rapidamente. Manus estava ocupado atacando a geladeira, coberto apenas por uma calça de couro bem ajustada, com o peito cheio de cicatrizes descoberto, enquanto Logan servia-se de uma bebida. Seu cabelo escuro solto sobre os ombros parecia como se tivesse acabado de acordar. Enya, a única mulher em seu complexo, descansava em um canto do sofá grande na grande sala adjacente. Seu longo cabelo loiro estava trançado e preso em círculos na parte de trás de sua cabeça. Ela raramente usava-o solto, e Aiden só poderia suspeitar que ele estava na cintura agora. Em vez de assistir o jogo de futebol que soava na TV gigante montada na parede, ela tinha seu nariz preso em um livro. Aiden amaldiçoou. ―Onde diabos ele está? Cabeças se viraram para ele. Manus fechou a porta da geladeira e jogou um monte de sacos de plástico com frios no balcão da cozinha. ―Eu tenho medo que a minha capacidade de leitura da mente não valha nada, então atire-nos um nome, pode?― Manus trocou um olhar com Logan, que tomou a sua bebida de um gole. ―Alguém está com humor ruim hoje. ― Acrescentou Logan como se quisesse provocá-lo. Aiden sentiu seu temperamento irar-se e endireitou sua postura. ―Manus quase tem razão. ― Enya de repente interveio ainda sem levantar os olhos de seu livro.
  • 23. ―Eu estou falando sobre o fodido do Hamish!― Aiden sentiu o ar sair correndo de seus pulmões, a raiva sobre o seu segundo fracasso crescendo a cada momento. Logan sorriu e levantou a garrafa de uísque, mais uma vez. ―Não tinha ideia de que vocês eram tão próximos! Mas hei, se você quiser foder Hamish, vá... Aiden tinha Logan pelo pescoço antes que ele pudesse terminar a frase e bateu-o contra a porta do forno. ―Eu não estou no clima para suas piadas de merda. Vou perguntar novamente: onde diabos está Hamish? Seu cativo empurrou contra ele, sacudindo as mãos com mais graça do que um homem de uma construção maciça parecia capaz. Logan cuidadosamente ajeitou a camiseta e ajeitou seus ombros, ele lançou um olhar zangado para ele. ―Eu não vejo Hamish há dois dias. Ele deveria estar com você. Então para de encher o saco, e deixe-me aproveitar meu jogo. Logan virou-se e foi para o sofá, sentando-se no canto oposto de Enya. Quando o peso com o qual ele deixou-se cair a sacudiu e quase a fez perder o controle sobre seu livro, ela só levantou uma sobrancelha. ―Testosterona. ― Ela murmurou sob sua respiração. Logan estreitou os olhos. ―E você sabe exatamente o que fazer sobre isso, não é? Mas não, você não vai abrir as pernas para qualquer um de nós, não é? ―Cala a boca!― A resposta de Manus veio antes que Enya pudesse mesmo chegar com o punhal que sempre levava em seu quadril, mesmo quando ela estava relaxando. ―Idiota. ― Ela sussurrou. Manus olhou para Aiden. ―Quanto a Hamish. Se ele não está com você, talvez foi pego em uma emboscada. ―Então, devemos rastrear o seu celular e encontrá-lo. ― Disse um voz na porta adicionando a sentença de Manus. Aiden virou a cabeça para o recém-chegado: Pearce.
  • 24. ―Não é como se ele negligenciasse seus deveres. ― Continuou Pearce enquanto entrava no comodo cheio. Aiden assentiu. Pearce estava certo. ―Eu estava em desvantagem. Uma mão suave tocou seu braço. Sua cabeça virou-se para a direita. Enya tinha aproximado-se dele sem que ele percebesse. ―O que aconteceu hoje? Aiden colocou uma mão contra o balcão da cozinha. Ele fechou os olhos. ―Eu chamei Hamish, mas ele não apareceu. Não podia segurá-los por mais tempo. Matei dois deles, mas o terceiro permaneceu dentro da proteção do vórtice. Ele era muito forte. E tinha poder total sobre ela.― Tanto que ela tentou matá-lo, e em vez disso... ―Minha incumbência matou uma criança inocente. Eu tive que terminar com ela. ―Maldição!― Manus amaldiçoou. ―Não outra!― Logan acrescentou. ―Maldição, que merda você fez, Aiden, dormiu no trabalho? Por que não foi com ela camuflada?― Manus falou entre os dentes cerrados. Aiden permitiu toda a fúria arder em seus olhos quando ele enfrentou Manus. ―Eu a protegia o melhor que pude! ―Se você a tivesse camuflada adequadamente, ela não teria se perdido! ―O que você está dizendo?― Aiden disse. ―Você sabe o que estou dizendo!― Manus rebateu e moveu-se. ―Se você a queria devidamente camuflada diabos, deveria tocá-la o tempo todo.― Aiden sabia exatamente sobre o que Manus falava. Ele e seus guerreiros tinham duas formas de camuflar os seres humanos: pelo poder de suas mentes, ou pelo toque. O primeiro precisava de mais energia, mas apenas como um sinal de telefone celular que pode ser interceptado ou interrompido, era possível romper a ligação e, inadvertidamente, revelar uma incumbência. O segundo trazia outros problemas. O toque de um Guerreiro da Névoa poderia ser percebido como íntimo, mesmo quando não era concebido como tal. ―Como você os toca? Como finge sentir algo para que eles confiem em
  • 25. você? Isso não é protegê-los! É contra todas as regras do livro. ― Aiden rosnou. ―Eu não me importo com as regras de merda. Regras são para pessoas que não podem pensar por si mesmos. ―E você quebra todas elas.― Aiden sentiu seu peito subir. Ele não poderia ser como Manus, que fingia amar cada mulher que tinha que proteger, essa era uma maneira infalível de tornar certo que todas as mulheres estivessem camufladas. Ele, por outro lado, preferia não tocar os seres humanos, enquanto pudesse ser evitado. Eles não poderiam ser confiáveis, pois eram fracos, e além de ter ocasionalmente uma noite com uma mulher humana, ele não estava interessado nelas. Não mais. Não depois do que um ser humano fez à sua família. ―Você fode com elas de modo que não tem que gastar qualquer energia extra! A acusação só valeu-lhe um sorriso de Manus. ―Eu não iria dizer exatamente isso. Gasto muita energia fazendo isso. Antes que Manus pudesse se afastar, Aiden deu um soco em seu rosto, limpando o sorriso. Maldição, era bom bater em alguém! Parecia purificador bater o lixo fora em Manus, desencadeando sua raiva e frustração nele. Talvez sua mente fosse lenta. Um soco no queixo chicoteou a cabeça de Aiden de volta. Ele provou o sangue um instante depois, mas ignorou-o para responder o golpe de Manus. Aproveitando sua perna direita contra o balcão da cozinha, chutou um banquinho no chão enquanto Aiden virou-se contra o Guerreiro da Névoa. O ataque bateu Manus contra a geladeira, que gemeu sob o impacto. ―Idiota!― Manus cuspiu. ―Isto não é sobre o fato que quebrei as regras. Não finja que você não tem pensado nisso mesmo... como é doce quebrar uma regra de vez em quando.― Ele deu um sorriso diabólico. ―Foda-se!― Havia muitas mulheres dispostas nos bares frequentados por Aiden. Ele não precisava enroscar-se com suas incumbências. Sexo era sexo e enquanto a mulher estava razoavelmente quente, o que importava-lhe quem ela era? Ele não tinha interesse em se envolver com uma incumbência.
  • 26. Ele mantinha distância deles, emocional e físicamente, sabendo que um dia poderia vir a matar um deles, assim como hoje. Ele não podia permitir que suas emoções ficassem no caminho. ―E pare de culpar-me por seus fracassos! Não estou brincando de bode expiatório hoje. ― Rosnou Manus, interrompendo os pensamentos de Aiden e fazendo com que ele se concentrasse no assunto em questão. Ele tinha apenas que culpar a si mesmo pelo que aconteceu esta noite. Bem, e Hamish. Mas, uma vez que ele encontrasse seu segundo errante, haveria um inferno para pagar. Bater em Manus não traria de volta sua incumbência, não iria desfazer nada. ―Ah, merda!― Aiden amaldiçoou e abaixou seu punho. ―Eu falhei.― Ele levantou os olhos para encontrar o olhar de Manus, mas em vez de um olhar zombeteiro, ele reconheceu um lampejo de compaixão. Manus empurrou-se fora da geladeira e passou por ele. ―Acostume-se com isso. Aiden agarrou seu ombro e virou-o. ―O que você quer dizer? ―Você não viu os relatórios dos outros complexos? ―E quando você acha que eu teria tido tempo de ler relatórios estúpidos?― Ele esteve nessa tarefa por várias semanas e mal teve tempo de correr de volta para o complexo para atualizações urgentes. Aiden limpou o sangue de sua boca e olhou para os outros na sala. Pearce limpou a garganta. ―Os demônios estão ficando mais fortes. Os outros complexos estão relatando mais e mais... perdas. Aiden balançou a cabeça em descrença. ―Como? ―Eles de alguma forma parecem saber onde nossas incumbências estão. Apesar de estarem camufladas, eles encontram. ―Isso não é possível. ― Protestou Aiden e olhou para Logan e Enya. ―Eles não têm esses recursos. Eles não podem sentir as nossas incumbências quando estão encobertas.
  • 27. Enya assentiu solenemente. ―Isso é certo, mas e se eles não precisam desses sentidos? E se eles têm outra forma de saber onde nossas incumbências estão? Não querendo seguir o pensamento de Enya, Aiden respirou firme. ―Você não pode dizer isso. Logan bufou. ―E por que não? Nossas próprias emoções não são tão diferentes das dos seres humanos que estamos protegendo. Então, o que faz você pensar que todos nós podemos resistir à tentação? ―Mas é para isso que fomos treinados...― A voz de Aiden morreu. Ele engoliu devendo passar a secura da garganta. Seu pensamento seguinte veio do nada. ―Mas Hamish. Você não pode dizer que ele... e os demônios... ―Ele não estava lá para apoiá-lo. E como é que os demônios encontraram sua incumbência de qualquer maneira, quando você disse que ela estava camuflada?― Logan perguntou. ―Quem melhor para saber onde você está, por vezes, do que o seu segundo? ― Acrescentou Manus. ―Um traidor? Você acha que Hamish vendeu-me para os demônios? Quando as palavras saíram de seus lábios, seu coração apertou-se dolorosamente. Aiden procurou o apoio do balcão da cozinha, com os joelhos tremendo sob a tensão. Não poderia ser possível. Hamish era como um irmão para ele. ―Nós temos que encontrá-lo.― Ele olhou para Pearce. ―Encontre seu celular. Talvez ele esteja machucado em algum lugar.
  • 28. CAPÍTULO QUATRO Barclay deixou cair o martelo e pediu ordem na câmara municipal. O resmungo dos membros do conselho reduziu lentamente. Quando finalmente morreu, ele olhou para os rostos dos homens e mulheres que sentavam-se em volta da mesa, que estava construída em um semi-círculo. Todos eles eram experientes guerreiros da névoa, sete homens e duas mulheres com grande conhecimento e habilidades, que tinha servido bem as pessoas durante muitos séculos. Eles foram escolhidos a dedo para servir ao Conselho dos Nove, o corpo governante da sua raça antiga. Juiz, júri e carrasco, o conselho tinha um fardo pesado. No entanto, cada membro usava seu dever com orgulho. Cercado por runas antigas gravadas na pedra das paredes da câmara, e protegido pelos poderes coletivo dos Guerreiros da névoa, este era o santuário, um lugar onde poucos outros guerreiros eram permitidos pôr os pés. Decisões importantes foram tomadas dentro destas paredes, decisões que podiam significar vida ou morte para os seres humanos e Guerreiros da Névoa igualmente. Sempre que ele sentava-se no centro da mesa, Barclay, como primus inter pares, o primeiro entre iguais, sentia o peso da responsabilidade em seu peito. Ele sentia os ventos da mudança, e sabia que seu mundo estava à beira de algo novo, que mudaria a vida de todos para pior se ele e seus companheiros Guerreiros da Névoa não pudessem parar isso. Se pelo menos ele soubesse o que era. Barclay limpou a voz e descansou os olhos no homem alto, cujos olhos castanhos parecia ansiosos e cujo cabelo castanho escuro parecia mais despenteado do que o habitual. ―Geoffrey, você convocou esta reunião. O conselho está ansioso para ouvir o seu relatório.
  • 29. Geoffrey levantou-se. ―Irmãos, Irmãs, Primus. ― Ele acenou com a cabeça em direção a Barclay. ―Tenho recebido relatos preocupantes de nosso emissario. Informações veio à tona que os demônios descobriram um soro que pode tornar os seres humanos mais suscetíveis às suas influências. Um suspiro coletivo percorreu a assembléia. Barclay prendeu a respiração, o pensamento de tal coisa ser possível, chocava-o até o amago. Era essa a mudança que ele tinha sentindo ultimamente? ―Os demônios não são capazes de bruxaria. ― Finlay protestou em voz alta. ―Nunca ouvi falar de tal coisa!― Riona, uma das duas conselheiras, interveio levantando suas mãos em um gesto dramático. ―Além disso, as bruxas são nossas aliadas, não deles. Barclay bateu o martelo sobre a mesa. ―Ordem! Ordem! Os membros do conselho fizeram silencio quando ele lançou um olhar zangado para eles. Em seguida, virou os olhos para Geoffrey. ―Continue com seu relato. Lançando um olhar aguçado para Finlay, Geoffrey entreabriu os lábios. ―Feitiçaria não. Estamos de acordo, meu amigo. ― Barclay estava ciente de que Geoffrey e Finlay raramente concordavam em qualquer coisa. Ele teve que mediar muitas lutas entre os dois guerreiros, que eram tão teimosos. Pela primeira vez, ele esperava que não houvesse luta quando estourou esta reunião. As circunstâncias eram muito terríveis para perder tempo com uma exibição inútil de excesso de testosterona como se os dois fossem adolescentes e não os homens endurecidos que lutaram ao seu lado durante séculos. ―No entanto, eu não estou falando de bruxaria. Estou falando sobre a ciência. ―Ciência?― Finlay repetiu, claramente atordoado. Um cruel aceno com a cabeça marcou a resposta de Geoffrey. ―Ciência farmacêutica. Dra. Leila Cruickshank.― Ele passou uma imagem ao redor. ―É uma pesquisadora talentosa que trabalha para a Inter
  • 30. Pharma. Ao longo dos últimos anos, ela dedicou sua vida a encontrar uma cura para a doença de Alzheimer. ―Muito admirável. Mas o que isso tem a ver conosco?― Wade interrompeu, passando os dedos pelo cabelo loiro escuro. ―Além disso, muitos outros já tentaram antes dela, e ninguém conseguiu. ―O que tem esta Dra.Cruickshank?― Finley perguntou, acenando com a mão para a foto que chegou a Barclay neste momento. O olhar de Barclay caiu sobre o rosto da jovem. A foto foi tirada através de uma janela de uma distância razoável. Apesar disso, a lente foi capaz de captar sua essência: suas agradáveis características determinadas e seu nariz reto e olhos penetrantes que ressaltou o que Geoffrey disse. Vestindo um jaleco branco, ela sentava em um computador, olhando para a tela com fascínio. Seu longo cabelo escuro estava puxado em um rabo de cavalo casual, alguns fios escapando, enquadrando suas características clássicas, suavizando-os. ―Nossos relatórios dos emissarios diz que ela está à beira de um avanço. De acordo com relatórios do laboratório, ele foi capaz de obter acesso aos primeiros ensaios clínicos, que sugerem que o soro parece... desbloquear a mente. ―Desbloquear?― Barclay ecoou. ―Explique. ―Com a doença de Alzheimer, os neurônios e as sinapses no cérebro são destruídas, desligando a mente, bloqueando longe lembranças e experiências, fazendo com que as pessoas não se lembrem de seus entes queridos. Se este soro faz o que acho que ele faz, então parece reverter alguns desses efeitos. ―Bem, isso é uma coisa boa, então. ― Deirdre concordou e empurrou seu longo cabelo loiro atrás das costas. ―Então, suponho que você quer que ela seja protegida? Geoffrey balançou a cabeça e olhou em volta, sua expressão solene. ―Pelo contrário. Eu quero que ela seja eliminada. Finlay pulou de seu assento. ―O que?
  • 31. ―Nós juramos proteger os humanos e ajudar ainda mais o mundo. ― Deidre acrescentou, colocando a mão no braço de Finlay e instando-o a sentar-se. ―E você quer fazer o contrário? ―É melhor você ter uma explicação muito boa para isso. ― Wade disse. Como Norton, Ian e Cinead, os três membros do conselho que tinham até agora permanecidos quietos, Barclay limpou a garganta, levantou-se e fez sinal a todos para ficarem em silêncio. Então ele se virou para Geoffrey. ―Eu também gostaria de ouvir o seu raciocínio por trás disso. Alzheimer tem atormentado a humanidade por muitos anos, e negar os seres humanos a cura para esta doença...― Ele balançou a cabeça. ―Fale. As bochechas de Geoffrey pareceram aquecer quando ele continuou. Claramente, este assunto era caro ao seu coração. ―Assim como o soro pode parar o Alzheimer e reverter alguns dos seus efeitos por reparar alguns dos neurônios danificados e memórias permitindo fluir livremente de novo, irá desbloquear a mente dando todo acesso aos demônios fácilmente. Os seres humanos possuem resistência natural para resistir à influência dos demônios do medo, isso será derretido. Não haverá nenhum bloqueio, nenhum portão. A mente humana ficará tão aberta quanto um portão da escola no dia da formatura. E se a Inter Pharma decidir não só usar este medicamento para tratar pacientes com Alzheimer, mas como também usá-lo como uma vacina... Geoffrey não tinha que terminar sua frase. Todos na sala sabiam o que isso significava. Desde a tenra idade, todos os seres humanos estariam caminhando com convites para os demônios assumirem suas mentes e controlá-los para fazer o seu lance. ―Ninguém seria capaz de resistir. ― Cinead disse em uma voz grave, levantando-se quando fez isso. Ele acenou com a cabeça em direção a Barclay. ―Posso falar? Barclay mostrou seu acordo com um aceno de sua mão. Cinead, o escocês que estava no conselho há mais tempo do que qualquer um deles, mas nunca aceitou a nomeação como Primus, era o mais sábio entre eles,
  • 32. sempre olhando para todos os lados de um problema antes de tomar uma decisão. ―Geoffrey, você diz que seu emissario viu relatórios do laboratório. Eles estão disponíveis para nossa avaliação? ―Eu posso adquiri-los, se você não acredita em minhas palavras.― Ele parecia irritado com o pedido de Cinead. ―Eu gostaria de vê-los e estudar os dados por mim mesmo. Não podemos calmamente eliminar um ser humano apenas com base no relatório de um emissario que pode não ter o conhecimento relevante que é preciso para avaliar esta questão. Nós nunca atuamos em rumores ou suposições. Não há necessidade de começar agora. Geoffrey bufou. ―Eu conseguirei o relatório de sangue, mas digo a você, não há tempo a perder. Se o medicamento for levado para o mercado, ele tem o potencial de aniquilar a raça humana e nós no processo. ―Eu concordo. ― Disse Riona. ―No mínimo, o acesso a ela deve ser limitado até sabermos mais. Se os demônios conseguirem um pouco disso, eles podem ser capazes de reproduzi-lo e distribuí-lo entre a população humana. ―Será administrado por injeção, eu presumo?― Norton perguntou, suas sobrancelhas ergueram-se em um franzir profundo. Geoffrey encolheu os ombros. ―Nem toda vacina pode ser necessariamente ministrada com uma agulha. Se os demônios se apossarem dela, quem garante que eles não infiltrem na alimentação humana ou no abastecimento de água? Eles tem que ser parados antes de chegarem tão longe. Temos que destruir todos os vestígios da pesquisa da Dra. Cruickshank e todas as amostras da droga. ―Se a droga realmente faz o que você diz. ― Norton admitiu. ―No entanto, até então, eu estou com Cinead: nós não iremos interferir até que os fatos sejam confirmados. ―Os fatos parecem muito claro para mim. ― Ian expressou. ―Sua pesquisa é perigosa. É necessário ter muito cuidado agora. Cada minuto que
  • 33. sentamos aqui discutindo isso, os demônios se aproximam dela, se já não a encontraram. ―Então, assim é o quanto você valoriza a vida humana. ― Riona comentou. ―E se fosse a sua vida? ―Eu sou imortal. ― Ian disse entre dentes. ―Mesmo você pode ser morto. ― Riona pressionou sob sua respiração. ― Com as armas certas. Barclay rangeu os dentes, não queria ouvir mais brigas entre os dois. ―Ou mantenham suas observações no assunto em mãos, ou tirem suas divergências lá fora. O que vai ser? Com seu olhar severo, ambos pressionaram seus lábios juntos. Wade lançou um olhar para o dois, então se endireitou na cadeira. ―Se o que Geoffrey diz é verdade, acredito que a raça humana está em perigo. E há realmente apenas uma maneira de lidar com uma ameaça como essa. Nós somos guerreiros; danos colaterais são esperados. Barclay apertou a mandíbula. Wade sempre errou no lado de atacar primeiro e fazer perguntas depois, e neste caso não parecia ser diferente. Ele deu a seu companheiro membro do conselho um olhar firme. Um encolher de ombros, foi a resposta de Wade. Geoffrey lançou a Barclay um suplicante olhar. ―Primus, apelo a você. Nós não podemos deixar isso continuar. O perigo é muito imenso, as consequências podem ser desastrosas.― Barclay juntou os dedos, dando um sopro contra eles. Por um momento, ele fechou os olhos. Esta não era sua decisão para tomar, não importava o quanto ele temesse que Geoffrey estivesse certo. Uma droga que virava uma mente humana em um buffet tudo-que-você-pode-comer para os demônios do medo anunciaria uma onda de varrer o mal sobre este mundo. Com mais e mais humanos que atuassem sobre as más influências dos demônios, as guerras que devastam a terra, a miséria e a dor se espalhariam. Medo aumentaria, e os demônios alimentariam-se de todos, especialmente o medo. E eles ficariam mais fortes com cada ser humano que levassem a seu seio. Em breve, o mundo seria invadido pelo mal: ainda mais pessoas iriam morrer de doenças e fome. Cada país seria repleto de guerras e conflitos, não
  • 34. haveria manutenção da paz, sem aplicação da lei, não haveria organizações para transportarem ajuda humanitária. Todo mundo estaria por si mesmo. Seria o Armagedom. Barclay ergueu as pálpebras. ―Uma votação, então. Aqueles que acreditam que a mulher deve ser atribuída a um Guerreiro da Névoa para proteção, por agora, diga 'sim'; aqueles que querem eliminar a ameaça, eliminando a cientista e sua pesquisa, diga 'Não'. Um por um ‘Sim’ e ‘Não’ saltou contra a parede das câmaras. Barclay prendeu a respiração até que todos votaram. *** Aiden andou no caminho do hall o tempo que levou para as câmaras do conselho, lançando um olhar para a porta de ferro fechada em intervalos de alguns segundos. Era como se os membros do Conselho estivessem sempre ali, ou talvez fosse simplesmente porque ele sentia-se ansioso para acabar logo com isso. O conselho não ficaria satisfeito com o resultado da sua última missão, mas ter que acusar um companheiro Guerreiro da Névoa de traição no mesmo fôlego, não iria agradar ninguém. Seus amigos no complexo tinham avisado a ele sobre fazer a acusação e sugeriu que ele deixasse o conselho tirar suas próprias conclusões, simplesmente apresentando os fatos de que ele e seus irmãos tinham descoberto quando procurando Hamish. Mas Aiden sabia muito bem. Ele era tão cabeça quente como Logan, mesmo que não ostentasse quebrar as regras do conselho da maneira que Manus fazia. Na maioria das vezes, ele as seguia. Não fazer isso acarretaria a punição severa do conselho. A única razão das transgressões de Manus não terem chegado aos ouvidos do conselho ainda era porque seu complexo era particularmente unido. Ninguém queria ser conhecido como um informante. Sua regra tácita era que eles classificavam as coisas entre si, sem envolver o conselho. Enquanto Manus não tinha escrúpulos em seduzir as mulheres aos seus cuidados, Aiden não apreciava o sabor amargo como um assunto deixado
  • 35. para trás. Sim, ele buscou aventuras sexuais fora do complexo, com mulheres mortais, mas sem pretensão, nunca dormia com a mesma mulher duas vezes, limitando-se a uma noite, a fim de não perder o foco em sua missão ou ficar emocionalmente envolvido. Ele raramente tinha algum tempo de inatividade durante o qual se envolvia em uma relação que ia além do habitual método bam-bum-obrigado- senhora. Não que estivesse reclamando. Ele não estava interessado em um relacionamento. E o sexo? Ele podia sempre conseguir sexo quando realmente precisasse, mas ultimamente até mesmo a excitação de uma rapidinha com um estranho virtual não podia afugentar o vazio que ele começava a sentir em seu interior. Ele perguntava se era a mudança que causou estes sentimentos estranhos. Ele estava aproximando-se de seu aniversário de 200 anos, e com ele o que os Guerreiros da Névoa chamavam, época de acasalamento ou Rasen. Seus hormônios subiam para encontrar um companheiro, mas havia poucas opções. A razão de tão poucos Guerreiros da Névoa mulheres estivessem disponíveis para acasalamento era o gene dominante do sexo masculino, que favorecia a produção de mais homens que mulheres de sua espécie, inclinando o equilíbrio em seu mundo. Por séculos, os Guerreiros da Névoa do sexo masculino tiveram que procurrar no mundo humano seus companheiros. O empreendimento inteiro estava repleto de perigos: caso um Guerreiro da Névoa escolhesse um humano como seu companheiro, em vez de um dos poucos Guerreiros da Névoa femininos, ambos estavam em perigo de perder suas vidas. Só o amor puro de coração faria possível uma união entre um Guerreiro da Névoa e um humano. Aiden não acreditava que o amor existisse. Poderia um Guerreiro da Névoa amar uma criatura tão inerentemente fraca? E se o amor não fosse verdadeiro e puro, o ritual do acasalamento, que ligava os dois amantes juntos, iria privá-los de suas vidas. Sua morte não seria imediata, mas tinham conhecimento do que aconteceria. A imortalidade do Guerreiro da Névoa iria escorrer como uma areia numa ampulheta. Assim como seu companheiro, ele definharia em poucos meses, tempo suficiente para arrepender-se de suas ações e ver sua própria morte chegando.
  • 36. Hamish tinha quase entrado em tal união, e só por pura sorte descobriu a tempo que sua companheira destinada foi plantada pelos demônios. A taxa de sucesso para encontrar uma companheira era muito baixa, com poucas mulheres solteiras Guerreiros da Névoa disponíveis. Ele praticamente cresceu com Enya, que vivia no mesmo complexo com ele, e considerava-a como uma verdadeira irmã. Não havia atração física entre eles. Ele conhecia a maioria das outras mulheres Guerreiros da Névoa nos EUA, porque eram raras, mas nenhuma agitou-lhe o sangue como uma mulher deve atormentar um homem. Talvez ele simplesmente não foi feito para um relacionamento. Aiden sabia o que se esperava dele, e não queria desapontar. Mas agradar sua mãe e pai, bem assim como a sua comunidade não estava na vanguarda de seus pensamentos. Ele era um guerreiro em primeiro lugar, encontrar uma companheira e ajudar sua raça a procriar era um distante segundo lugar. Talvez ele pudesse suprimir os impulsos que cresciam sobre dele. Ele tinha mais força de vontade que esses malditos hormônios tinham contra ele. ―Guerreiro. ― Uma voz chamou-o. ―O conselho irá ve-lo agora. O atendente, que parecia ter surgido do nada, ficou na frente da porta da câmara do Conselho. ―Um momento. ― ele pediu. ― Por favor deixe todos os seus dispositivos eletrônicos aqui.― Ele apontou para um recuo esculpido ao lado da porta. Aiden fez o que lhe foi pedido e então permitiu ao atendente passar um bastão para cima e para baixo de seu corpo. Era uma medida de segurança para que nenhum dispositivo de gravação pudesse ser contrabandeado para as câmaras do conselho, desde que tudo que se passava lá dentro era mantido em segredo. Quando Aiden finalmente entrou, a porta fechou-se atrás dele com um som alto. ―O conselho dá-lhe boas vindas, Guerreiro. ― A voz do Primus cumprimentou.
  • 37. Aiden olhou diretamente para ele reconhecendo suas boas vindas. Ele abaixou a cabeça. ―Agradeço ao conselho por receber-me, Primus. Com as formalidades para trás, era hora de dar-lhes a notícia. Ele não podia segurar isso por mais tempo. ―Eu trago más notícias. Meu último trabalho terminou em uma perda. Minha incumbência sucumbiu aos demônios. Eu tive que eliminá-la.― Resmungos baixos atravessou a assembléia. ―Por mais que lamentamos esse incidente. ― Disse Geoffrey. ― Dificilmente isso é uma questão para incomodar o conselho. Você não é o único que perdeu uma incumbência nas últimas semanas. Os relatórios... ―Eu ouvi sobre os relatórios. ― Aiden interrompeu impaciente. Quando Geoffrey e vários dos outros membros do conselho engasgaram, ele soube que agiu contra o protocolo, interrompendo-o. No entanto, tempo suficiente já foi desperdiçado. Ele não poderia ficar com cerimônia. ―E o que você tem a nos dizer que pode estar relacionado com isso? Quando Geoffrey tentou falar, Primus levantou a mão. ―Deixe-o falar. Tomando um fôlego extra, Aiden contou o que desvendou em seu complexo. ―Hamish desapareceu. No início, pensei que pudesse ter sido pego em uma emboscada, mas depois rastreamos seu celular e encontramos suas coisas. ―Como assim?― Primus perguntou curiosamente. ―Nós encontramos seu celular em uma caçamba de lixo, juntamente com toda sua roupa. Dobrada. Várias sobrancelhas subiram. Deirdre falou. ―O que você está alegando? Aiden engoliu devido ao gosto amargo na boca. ―Quando eu estava na minha última missão, superado em número pelos demônios, eu chamei Hamish. Ele era o meu segundo. Ele não apareceu. Tenho razões para acreditar que ele nos abandonou. ― As próximas
  • 38. palavras feriram dize-las. ―Eu acredito que ele foi-se para o lado dos demônios. Ele desejou que estivesse errado, mas tudo apontava para isso. Suspiros indignados preencheram a câmara do conselho. Cinead ergueu de seu assento. Aiden sempre gostou do escocês e sabia que ele poderia esperar uma decisão dele. ―Essas são alegações graves, Aiden. Hamish é um valioso membro da nossa sociedade, um lutador feroz. Eu não acredito que ele fosse capaz de traição. Ele é forte de espírito, um dos guerreiros menos susceptíveis de serem influenciados pelos demônios. ―Então explique-me por que ele não veio em meu auxílio, por que encontramos suas roupas e celular. Ele livrou-se de tudo o que poderia ter sido usado para localizá-lo. ― Aiden lançou um olhar acusador a Cinead. Talvez o membro do conselho escocês não quisesse acreditar que um companheiro fosse capaz de tal coisa. ―Por que os demônios encontraram minha incumbência quando eu a tinha camuflada? Apenas Hamish poderia saber onde estávamos. Ian levantou a mão. ―Ah, não é inteiramente verdade, eu temo.― Aiden levantou uma sobrancelha como vários chefes e virou-se para o membro do conselho que falou. ―Como todos vocês sabem, todo mundo que está assentado sobre este conselho tem conhecimento de qualquer tarefa que é entregue. Cada um de nós poderia saber o paradeiro de sua incumbência. Você está nos chamando de traidores também? ―Não, claro que não. ― Ele apressou-se a responder. ―Então você pode conceder ao seu companheiro guerreiro Hamish a mesma cortesia. Poderia haver uma miríade de razões pelas quais ele desapareceu. Talvez ele foi capturado. ―Desde quando assaltantes dobram as roupas que retiram de suas vítimas?― Aiden resmungou sob sua respiração. Apenas Hamish tomaria tal cuidado com suas amadas roupas de grife. Cinead acenou para Ian.
  • 39. ―Bem enviaremos guerreiros para procurar por ele.― Ele acenou para Geoffrey. ―Você pode notificar o emissário? Eles podem ser capazes de ajudar.― Geoffrey deu um aceno de cabeça. ―Eu quero estar na equipe de busca. ― Aiden solicitou. ―Eu não acredito que seja sábio. Você está emocionalmente envolvido. ― Cinead disse. Aiden lançou um olhar suplicante à frente do conselho. ―Primus, apelo a você. O balançar lento de cabeça anulou qualquer esperança de que ele pudesse chegar a Hamish antes que qualquer outra pessoa e tirar a verdade dele. ―Pai, eu te imploro. ― Insistiu ele, esperando, enfatizando que ele não fosse apenas seu Primus, mas o mais importante, seu pai, ele poderia argumentar com isso. Ele e seu pai trocaram um longo olhar. Os cabelos escuros do homem mais velho mostrava alguns fios errantes de prata, e seu rosto anguloso estava cheio de rugas de expressão. Olhos castanhos estudou-o sob os cílios escuros. Aiden sabia que ele herdou muitas das características de seu pai, e lado-a-lado, muitos teriam pensado que eram irmãos, em vez de pai e filho. Como todos guerreiros da névoa, seu pai envelheceu somente uma fração em comparação com os seres humanos. Enquanto os descendentes de guerreiros da névoa, se desenvolviam da mesma forma que as crianças humanas, uma vez que eles chegaram ao seu vigésimo quinto aniversário, o seu envelhecimento era retardado à velocidade de um caracol. Mesmo o homem mais velho de sua espécie, um Guerreiro da Névoa de mais de 1.500 anos de idade, parecia um homem na casa dos cinquenta anos. O tempo era bom para sua espécie. Finalmente, Primus balançou a cabeça. ―Eu temo, filho, que isso não seja possível. Você é necessário em outros lugares. Temos uma tarefa para você.
  • 40. CAPÍTULO CINCO Em seu estado camuflado, Aiden passeou fora da instalação da Inter Pharma. Depois de deixar a câmara do conselho, ele olhou para a pasta de papel pardo contendo os detalhes de sua incumbência e leu-o de capa a capa. Ele formou a sua opinião sobre este caso na hora que ele chegou na última página, secretamente questionando a decisão do conselho. Dado os detalhes estabelecidos no relatório, ele teria decidido eliminar o humano em questão. Seria a maneira mais segura e confiável de garantir que os demônios não tivessem acesso a esta droga perigosa. No entanto, quando ele olhou a imagem da Dra. Cruickshank, que estava escondida em um envelope e foi colocado na parte de trás do arquivo, seu intestino imediatamente fez um flip curioso. Ele esperava que ela fosse diferente... mais... e não tão... bonita. Mas não era apenas a beleza dela que criou tal reação física nele. Era o olhar determinado em seus olhos que a câmara foi capaz de captar. O que ele leu neles o atraiu mais que tudo: força. Uma mulher humana que era forte e determinada, não fraca e impressionável, não facilmente seduzida. Será que ela era forte o suficiente para resistir aos demônios, uma vez que a encontrassem? Ele virou-se, irritado consigo mesmo por deixar uma imagem mudar sua convicção. O que ela parecia não importava. Não influenciaria em como ele a trataria: com profissionalismo total. Assim como ele tratou com todos os outros. E caso fosse necessário matá-la, ele não hesitaria. Aiden deixou o olhar flutuar pela rua. A área era uma mistura de edifícios residenciais e comerciais. As lojas há muito tempo fechadas, mas alguns dos restaurantes mais adiante na rua ainda estavam abertos. Algumas
  • 41. das janelas nos edifícios de escritórios nas proximidades estavam iluminadas, e nos edifícios de apartamentos via-se pessoas vivendo suas vidas, fazendo o jantar, assistindo TV. Ele sempre sentiu-se como um ladrão quando via os outros como agora. No entanto, tornou-se uma segunda natureza. Todos os Guerreiros da Névoa faziam isso. A curiosidade sempre foi um de seus traços. Mesmo no início de sua formação, ele gostava de ver os seres humanos, observar como eles viviam. Em muitos aspectos, era tão diferente de sua própria vida de dever e serviço. Dentro desses apartamentos ele olhava para as pessoas amadas. Eles viam as crianças crescerem, tinham carreiras, compartilhava risadas e lágrimas. E um dia, eles morriam. Enquanto sua vida no complexo proporcionava-lhe os mesmos confortos que os humanos tinham, a vida era muito diferente lá. Para começar, ele passava muito pouco tempo no complexo, e era raro que todos os habitantes estivessem lá ao mesmo tempo. Um ou outro estava sempre em missão. Aniversários não eram celebrados, nem Natal, Páscoa, ou qualquer outro feriado. Todos os dias eram os mesmos. Não havia final de semana onde as pessoas relaxavam e desenrolavam. Demônios não descansavam no sábado ou domingo, e nem guerreiros da névoa. O perigo estava sempre acordado. Nunca dormia. Aiden desviou o olhar do prédio e continuou o levantamento da área. Poucos carros passavam. Um ônibus parou no quarteirão seguinte, deixou uma mulher com uma pequena criança. Na distância, uma porta fechada e outra aberta. Sons normais de um bairro. Mas os seus sentidos estavam apenas parcialmente comprometidos, seus pensamentos voltando para sua nova incumbência, Leila. Ele iria segui- la até sua casa esta noite e avaliaria onde era mais vulnerável a um ataque dos demônios. Não que ele acreditasse que iria montar um ataque imediato: eles queriam o que ela tinha, a droga. Eles estavam mais propensos a encontrar algo em sua vida para fazer uma barganha. O som de passos e vozes o fez virar a cabeça de volta para o prédio ocupado da Inter Pharma.
  • 42. Através das janelas do chão ao teto, que encerraram o lobby, viu Leila cruzando a porta, trocando algumas palavras com o vigia noturno. A foto que foi dada a ele não fazia justiça. Na realidade, ela parecia ainda mais encantadora do que a imagem em preto e branco. Seu estômago ficou tenso com a visão, dando-lhe uma reação visceral que ele não estava acostumado quando lidava com uma incumbência. Ela era diferente de qualquer outra que ele já protegeu. Aiden atribuiu sua reação ao fato de que essa mulher era extremamente perigosa: se os demônios a seduzissem para seu lado, eles teriam um cientista brilhante trabalhando para eles. Ele deduziu muito do dossiê sobre ela. Quem sabia que outros soros ela poderia inventar, talvez um que deixasse os Guerreiros da Névoa impotentes? Sim, ele raciocinou consigo mesmo, o que sentiu em seu intestino agora tinha tudo a ver com o conhecimento de que uma mente brilhante como a dela estava presa em um corpo humano que sucumbiria eventualmente aos demônios, porque, apesar da força que ele viu nos seus olhos, ela nunca seria forte o suficiente para resistir a eles. E sua reação não tinha nada a ver com o fato de que achou ela mais inebriante do que qualquer outra mulher que já conheceu. Leila sorriu para o guarda de segurança antes de sair para o ar fresco noite. Era setembro, mas o dia estava nublado, e estava mais frio do que o normal nessa época. Ela virou à esquerda e desceu o quarteirão. Aiden a seguiu, permanecendo em seu estado camuflado, e consciente de que mesmo que seu corpo estivesse invisível, ele poderia ainda ser ouvido. Sua respiração, os seus passos, nada disso podiam ser disfarçados por sua camuflagem. Era essa uma das razões que ele e seus companheiros Guerreiros da Névoa usavam um especialmente projetado sapatos de sola macia quando em missão. Eles absorviam quase todo som dos seus passos sobre o pavimento. Além disso, ele aprendeu a pisar levemente, como um gato, ou como um ladrão. Se ele ficasse longe o suficiente, sua incumbência nunca o notaria. No entanto, ele rompeu o protocolo e aproximou-se, andando um mero passo atrás dela, perto o suficiente para tocá-la, se desejasse. Um cheiro fraco
  • 43. de rosas a cercava. Era tão bela que por um instante o fez esquecer o motivo pelo qual estava ali. Ela usava uma jaqueta curta por cima da blusa. Seu delicioso traseiro, envolto naquela calça sob medida, balançava de um lado para o outro em um ritmo tentador que poderia fazer qualquer homem virar suavemente sua cabeça. O cabelo dela estava preso em um rabo de cavalo apertado, e ele perguntou qual seria a sensação de liberá-lo de seus limites e enterrar o rosto nele. Imerso em seu perfume, sentindo a maciez da seda de seus cabelos, enquanto ela contorcia-se toda debaixo dele em óbvio êxtase. Ele exalou bruscamente com o pensamento inesperado. Um instante depois, Leila virou sobre os calcanhares. Ela teria colidido contra ele, se não fosse a velocidade sobrenatural com a qual sua espécie foi agraciada. Ele balançou num impasse e prendeu a respiração. Seus olhos olharam para a escuridão, formando linhas de tensão em sua testa, seus lábios entreabertos. Ele notou o pulso contraindo no seu pescoço. Sua mão segurou a bolsa de ombro, claramente segurando algo com força em seu punho. Uma faca? Uma arma? Mas ela não puxou, seus olhos e seu rosto relaxaram lentamente enquanto examinava a área. Seus ombros caíram, e ela virou-se, continuando na mesma direção de antes. Aiden começou a respirar novamente. Era melhor não concentrar-se no corpo sedutor de Leila, ou incidentes como este continuaria acontecendo. E da próxima vez, ela poderia saltar para ele e perceber que algo estava errado. Ele não podia correr o risco, embora não importaria em saber como seu corpo parecia pressionado contra o seu, sentir suas curvas ceder ao seus músculos rígidos. Merda, por que estava pensando nisso, em vez de no fato de que ela representava um perigo para a humanidade? Ele não estava tão faminto por sexo para esquecer que envolver-se com uma incumbência só daria origem a muitos problemas. Ele tinha mais controle do que isso! Seus olhos cairam de volta sobre suas curvas que ela inocentemente ostentava na frente dele, mesmo sem saber o que estava fazendo. Será que ficaria com os quadris balançando se soubesse o efeito que esses movimentos
  • 44. tinham sobre ele? Ou será que ela continuaria insultando-o com seu corpo de pecado? Porque provocando ela estava. Um flash de luz de repente o deixou tonto, sua cabeça afastou-se de seu traseiro. Com horror, ele testemunhou um carro descontrolado que vinha em sua direção no cruzamento que acabou de passar. Antes de entrar na faixa de pedestres, que mostrava sinal verde para ela, Leila sobressaltou para trás, mas seu calcanhar ficou preso em um bueiro. Aiden pulou para a frente, agarrou-a e puxou-a fora do caminho do veículo fora de controle. Perdeu o equilíbrio, caiu sobre a calçada, rolando até a porta de uma loja com Leila em seus braços. Seu coração batia em seu peito, e seu instinto chutou, revelando-o em uma fração de segundo. Seu grito de surpresa foi abafado contra seu casaco. ―Você está bem?― Ele conseguiu dizer quando prendeu a respiração e tentou sentar-se, sem soltá-la. Este incidente claramente poderia ser considerado como uma emergência, e revelar-se a ela, portanto, era necessário. Não queria dizer que ela tinha que saber quem ele era. Ela nunca conseguiria descobrir que ele não era humano, e que possuía poderes que iria assustar humanos como ela. Que era melhor ela não saber, porque não sabia como iria reagir. Ela parecia atordoada e não fez nenhuma tentativa de livrar-se de seu abraço. Seu corpo estava tão perto do seu que sentia-se inebriante. Ela cheirava como um fruto maduro pronto para a colheita, exibindo suas curvas a combinação perfeita de suavidade e firmeza. Ele saboreou o momento, sabendo que uma vez que ela se recuperasse, iria afastá-lo. Afinal, ele era um estranho, estava escuro, e havia poucas pessoas ao redor. O instinto faria dela um ser cauteloso, apesar do fato de que ele a salvou de ser atropelada por um carro. Aiden olhou para o cruzamento, o carro não tinha parado. Um motorista bêbado, mais provável.
  • 45. No entanto, ele não conseguiu livrar-se do pensamento de que isso não era coincidência. Ele tinha há muito tempo deixado de acreditar em coisas que acontecem ao acaso. ―Eu estou bem. ― Ela murmurou, sua mão empurrando contra ele para firmar-se. Quando conseguiu sentar e levantar-se a cabeça, olhou-o, avaliando-o como para descobrir se ele era confiável. ―Obrigada. Eu não vi... o carro passou um sinal vermelho. Ele acenou com a cabeça. ―Estou feliz por estar lá. ―Eu não vi você. ― Ela disse, sua voz cautelosa quando afastou-se dele. ―Não havia ninguém atrás de mim. Eu ouvi você. Humana perceptiva. ―Eu estava apenas de passagem. Os faróis do carro provavelmente cegaram você, assim não me viu. Ele levantou-se lentamente e estendeu a mão para ela. Leila deu-lhe um olhar duvidoso. ―Obrigada.― Ela fez um movimento para erguer-se, declinando a sua mão, mas no momento em que sua perna direita tocou o chão, seu joelho dobrou e ela gritou de dor. Aiden não hesitou e a apoiou, colocando um braço em volta de sua cintura, trazendo-a contra ele. O calor de seu corpo infiltrou no seu, inflamando suas células instantaneamente. ―Segure-se sobre meus ombros. ― Ele instruiu quando agachou-se. Suas mãos elegantes cravaram em seus ombros. Ele estendeu a mão para o pé. ―Vou verificar se está quebrado, certo? ―Certo. ― Ela sussurrou. Lentamente, ele acariciou as mãos sobre seu tornozelo e testou sua amplitude de movimento. Ela estremeceu imediatamente. ―Ai! ―Eu sinto muito. Isso levará apenas um segundo. ― Ele a segurou e
  • 46. permitiu que todos seus sentidos sobrenaturais penetrassem em sua pele e chegasse até o osso. Estava intacto. Não havia ruptura, apenas um entorse. Aliviado, ele exalou. ―Ele não está quebrado. ―Como você sabe? Você é médico?― Leila olhou para ele com curiosidade em seus olhos. Aiden soltou seu pé e ergueu-se, certificando-se de manter apoiado seu peso. ―Não, eu não sou médico. Mas o tornozelo está apenas torcido. Você tem muita sorte. ―Obrigada, de novo. ―Você deve colocar um pouco de gelo imediatamente. ―Irei fazer isso quando chegar em casa. ―Não, quero dizer agora. Mesmo um atraso de meia hora pode deixá-lo pior.― Ele apontou para o fim do quarteirão onde as luzes de um bar irlandês piscavam convidativas. ―Eles devem ter um pouco de gelo ali. Que diabos ele estava fazendo? Não devia envolver-se mais com ela do que já tinha feito. Se fosse esperto, iria deixá-la agora. Mas, aparentemente, esta noite sua mente estava ocupada com outras coisas, o desejo devia ser um deles, a necessidade inexplicável de conhecê-la era outro. ―Isso não será necessário. Pegarei um táxi para levar-me para casa. Ele olhou para cima e para baixo da rua. ―Você não vai encontrar um táxi por aqui essa hora da noite. Podemos ligar para um do bar, depois de você colocar um pouco de gelo em seu tornozelo.― E agradecer ao seu salvador. Ele poderia vividamente imaginar que tipo de agradecimento preferia: um beijo daqueles lábios atrevidos. Por que, de repente, ele sabia que deveria ficar longe dela? ―Certo, acho que posso andar tão longe. ― Leila finalmente admitiu. ―Caminhar?― Ele balançou a cabeça. Não enquanto ele estivesse ali para dar uma mão. ―Eu não acho que você deva caminhar.― Ignorando seu protesto, ele a levantou em seus braços e caminhou em direção ao bar. ―Mas...
  • 47. Quando ele olhou em seus olhos azuis como oceano, as pálpebras de repente agitaram, e ela abaixou-as rapidamente. Cor corou suas bochechas. A cada passo, seu corpo friccionava-se contra o dele, e apesar da roupa que os separava, ele sentiu uma onda de excitação o percorrer. O contato era intenso e real, a recompensa uma tortura, como a protuberância em sua calça jeans podia atestar. Ele percebeu como ela estudou o pescoço e os músculos flexionados debaixo de sua camiseta apertada. Parecia que ela não queria levantar os olhos para examinar seu rosto tão abertamente. Não que ele se importasse de ser estudado por ela. Inferno, não havia nada que ele pudesse pensar agora que importaria-se dela fazer. Com o pé, Aiden empurrou a porta do bar e foi um prazer ver que ele estava meio vazio. Ignorando os olhares curiosos dos poucos clientes, ele desceu Leila para um banco ao lado da janela e levantou a perna nele. ―Fique aqui, irei pegar gelo. ― Ele instruiu e foi para o bar. O barman olhou primeiro para Aiden, em seguida, além dele. ―Algo errado? ―Minha amiga torceu o tornozelo. Você poderia dar-me um pouco de gelo picado e um pano limpo? ― Ele perguntou e colocou uma nota de 20 no balcão. ―E dois Jamesons, puro. ―Sim, as mulheres e seus saltos. ― Ele respondeu e pegou uma toalha atrás dele, enchendo com gelo. ―Os saltos não foram os culpados. Um carro passou um sinal vermelho e quase a matou. ― Ele estremeceu quando as palavras saíram de seus lábios. ―Malditos motoristas bêbados. ― O barman assobiou. ―Vou dizer-lhe uma coisa, quando vejo um dos meus habituais bebendo demais, confisco as chaves do carro. Não importa o quanto eles me amaldiçoem por isso.― Ele entregou-lhe a toalha. ―Aqui. Irei levar os Jamesons à sua mesa. ―Obrigado. Aiden levou o gelo enrolado na toalha e voltou para sua incumbência,
  • 48. que estava sentada ereta, inclinando-se contra a parede com painéis de madeira, a perna esticada sobre o banco. Ele sentou-se ao seus pés. ―Isso deve fazer você sentir-se muito melhor em breve.― Ele enrolou a toalha em um tubo longo e serpenteou ao redor de seu tornozelo, amarrando-o nas extremidades de modo que ficasse no lugar. Quando olhou para cima, ele colidiu com seu olhar. ―Você já fez isso antes. ― Ela aprovou. Ele sorriu. ―Eu costumava entrar em problemas quando era mais jovem. Crianças da Névoa não curavam-se automáticamente como os Guerreiros da Névoa adultos faziam. Eles precisavam ser atendidos da mesma forma que as crianças humanas. Eles, no entanto, eram imunes a doenças humanas, tais como sarampo e caxumba, mas ossos quebrados, cortes e contusões deixavam a sua marca da mesma forma que fazia em filhos mortais. ―Aqui estão seus dois Jamesons, puro. ― O barman anunciou e deixou dois copos com o líquido âmbar na pequena mesa ao lado deles. ―Saúde! Aiden acenou para ele então olhou para Leila, apontando para o uísque. ―Para lavar o choque.
  • 49. CAPÍTULO SEIS Leila pegou o copo que seu salvador entregou-lhe e hesitou. Era uma decisão sábia? Este homem era um completo estranho. Um estranho muito bonito, ela corrigiu-se. Aquele que salvou sua vida. Se ele não tivesse a empurrado fora do caminho tão rápido, o carro a teria atingido em cheio e seria a manchete de amanhã. Pesquisadora promissora morta em atropelamento e fuga. Ela estremeceu interiormente. Talvez precisasse de uma bebida agora que a realidade bateu. ―Meu nome é Aiden. ― O gostoso disse. Um nome que combinava com ele. ―Leila. Ele bateu com o copo no dela. ―Devemos beber à boa sorte, Leila? ―Pela boa sorte.― Ela tomou um gole do uísque. Quando ele fez o seu caminho para baixo de sua garganta, sua pele começou a queimar, mas não era desagradável o suficiente para ela arrepender-se. Calor espalhou-se em seu corpo, fazendo-a imediatamente sentir-se melhor apesar de seu tornozelo latejante. Quando ela inclinou-se em direção à mesa para deixar seu copo, Aiden tomou a dela, os dedos roçando no processo. Ela o pegou olhando-a ao mesmo tempo. Seu olhar era intenso, os olhos escuros parecendo ainda mais escuros do que quando ele voltou do bar com a toalha na mão. Estranho como a cor dos olhos de uma pessoa podia mudar assim. Ao mesmo tempo, ela não foi capaz de romper o contato. Sua boca ficou seca quando seu olhar caiu sobre seus lábios entreabertos. Ela nunca sentiu- se tão consciente de outra pessoa. Ele estava bem ali, mas muito longe para
  • 50. tocá-lo, enquanto ele poderia colocar a mão na perna dela, em qualquer momento, se quisesse. Será que ele iria? Ela ignorou o pensamento errante. O que havia de errado com ela? Claramente, o choque de quase ser atropelada por um carro mexeu com sua mente. Caso contrário, por que de repente ela fantasiaria sobre o beijo com um estranho? E por que o seu coração batia mais rápido, o peito arfante e sua língua serpenteando para umedecer os lábios secos? Como que antecipando um deleite de dar água na boca, seu estômago apertou-se em conjunto com suas respirações, também esperando algo delicioso. As palmas das mãos estavam suadas, mas ela absteve-se de limpá- las em sua calça, não querendo chamar a atenção para seu estado traidor. Se não soubesse de nada, diria que estava se comportando como uma menina de escola que acabou de ver o zagueiro de sua equipe de futebol sair do vestiário sem nada além de uma toalha enrolada na cintura. Aiden estava completamente vestido, mas tinha o mesmo efeito sobre ela. Sua reação a ele era incomum para ela. Ela nunca viu qualquer benefício em um caso de uma noite, mas com esse homem, iria jogar a precaução ao vento, apenas uma vez. ―Obrigada novamente. ― Disse rapidamente, não querendo que o silêncio entre eles se esticasse ainda mais e voltasse para o constrangimento. Já era ruim o suficiente que estivesse babando sobre ele. Como se nunca tivesse saído com um homem bonito. Bonito? Quer dizer pecaminosamente lindo, ela emendou. Seu cabelo escuro era curto e reto. Pela aparência, ele era grosso, e tinha certeza de que poderia confirmar sua hipótese se pudesse enfiar os dedos nele. Talvez, ao mesmo tempo, ela pudesse testar quão suave seus lábios eram e o que sentia-se ao roçar os dedos sobre a cicatriz acima da sobrancelha ou sobre os os pelos que enfeitavam o queixo. ―Parece que você está voltando a sua cor.― Ele olhou para seu rosto, e ela percebeu o quanto sentia-se ruborizada. Ela estava corando? Na idade dela, deviam estar no passado, tais reações imaturas, mas uma olhada rápida
  • 51. para pegar seu reflexo na janela revelou que seu rosto parecia de fato um pouco vermelho. Ela encontrou um bode expiatório muito rapidamente e não teve nenhum problema de passar a culpa. ―O whisky―. Leila apontou para o copo na mesa. ―Eu não estou acostumada a isso. ―Eu deveria ter perguntado se você queria algo mais, mas considerando o choque que teve, percebi que uísque faria o truque. Sempre me ajuda.― Aiden tomou um gole do seu copo, claramente saboreando o gosto antes de devidamente engolir. ―Sim, o choque. ― Leila concordou apressadamente. Sua mão estava tremendo ainda quando levou uma mecha de cabelo atrás da orelha que tinha afrouxado de seu rabo de cavalo, mas ela já sentia- se melhor. O gelo teve um efeito paralisante em seu tornozelo. Infelizmente, a formosura de seu companheiro havia reduzido seu cérebro para produzir um discurso de apenas frases simples, curtas. Ela não podia deixar isso continuar. Isso era ridículo. Ela era uma médica, uma mulher inteligente e mais do que capaz de falar com um homem bonito em frases complexas. Ela só tinha de puxar em conjunto, ter a sua habitual auto confiança novamente. ―Eu estava trabalhando até tarde. ― Ela murmurou, em seguida, limpou a garganta para dar força a sua voz. Funcionou. ―Bem, eu trabalho até tarde na maioria das noites.― O que mais ela fazia? Não tinha praticamente nenhuma vida social. ―Você não deve ir sozinha para casa à noite. Há todos os tipos de coisas que podem acontecer. Ela encolheu os ombros. ―Eu estava apenas andando a poucas quadras do metrô. ―O metrô mais próximo fica a cinco quadras daqui e cinco longos e muito desertos quarteirões, se posso acrescentar.― Ele estalou a língua. ―Isso é arriscado. ―Eu não estou preocupada. Estou armada.― Ela cresceu na cidade e sabia que era preparada. Ele levantou uma sobrancelha surpreso.
  • 52. ―Arma? Ela cavou em sua bolsa de ombro e puxou sua arma escolhida, agitando-a triunfante. ―Spray. Mas Aiden não parecia impressionado. ―Você sabe como é fácil para um homem que sabe o que está fazendo tirar isso de sua mão e usá-lo contra você? Ela acenou para ele. ―Eu sei como usá-lo.― Ela carregava o spray durante anos. ―Você sabe?― Havia um brilho estranho em seus olhos quando ele fez um movimento brusco. Antes que ela pudesse reagir, pegou o spray de sua mão e ergueu-o. Choque percorreu-a, e com o canto do olho, viu o garçom parar em pleno movimento. Uma sensação de pânico tomou conta dela, embora houvesse outras pessoas no bar. ―Viu?― Aiden perguntou. ―Viu como foi fácil para mim desarmá-la? Ainda com seu coração batendo forte, ela olhou para ele com os olhos arregalados. Isto não estava em sua lista de previsibilidade. ―Mas ... mas eu não estava preparada. Nós estamos em um bar.― Ele balançou a cabeça e colocou a lata de spray de volta em sua mão. ―Isso pode acontecer em qualquer lugar. Você deve sempre estar preparada. Ela sempre pensou que estivesse, mas este estranho tinha provado que não estava nem perto perto de lidar com o imprevisível. Ela fez uma nota mental para trabalhar nisso, como, ela não tinha certeza. ―Você tinha vantagem, porque eu mostrei para você. Ela sentiu a necessidade de defender-se, não querendo entrar nessa de que toda mulher era fraca e precisava da proteção de um homem. Ela não precisava de ninguém. Por muitos anos, tomou conta de si mesma e construiu uma vida ordenada bem assim. Ele sorriu e colocou a mão sobre a dela. Instintivamente ela apertou os dedos ao redor da lata. Aiden acenou em agradecimento.
  • 53. ―Bom, você está aprendendo. Porque qualquer um pode ser um atacante. ―Mesmo você? Mesmo que tenha salvado a minha vida?― Ela não tinha ideia de por que perguntou isso a ele, os lábios formando as palavras sem sua permissão. Ele brevemente apertou a mão dela, então cortou o contato, um olhar estranho em seu rosto. ―Você não tem nada a temer de mim. Leila ergueu o queixo. ―E por que deveria confiar em você?― Ele não tinha acabado de mostrar a ela que poderia atacar-lhe se quisesse? Ela não deveria deixar-se enganar por seu belo rosto. Ele aproximou-se e pegou sua mão livre. Seus olhos a penetraram como se estivesse tentando ver profundamente dentro dela. Quando seus lábios separaram-se, ele fez isso só para sussurrar tão baixinho que mal ouviu: ―Talvez você não deva.― Então ele puxou a mão até seus lábios e deu um beijo quente na parte de trás. Quando ele a deixou ir, um sorriso brincava nos lábios. Seu ventre vibrou com entusiasmo em resposta. Agora ela entendeu. Tudo foi uma piada. Ele acabou de puxar sua perna. Ela respirou de alívio. Quando ela exalou, uma risada explodiu em seus pulmões. Ele olhou para ela com surpresa. ―O que é tão engraçado? ―Você. Você estava tentando me assustar, mas não pode manter uma cara séria. Você sempre faz isso para encantar as mulheres? ―Eu encantei você? Ela preferiu não responder a essa pergunta. Aiden sorriu. ―Eu acho que você me descobriu.― Por um momento, ela pode ver o menino que deve ter sido uma vez. ―Como é que você sabe tanto sobre segurança e outras coisas? Você é algum tipo de consultor de segurança?
  • 54. ―Não exatamente. Sua resposta curta a pegou de surpresa. Ele era provavelmente o único homem que ela conhecia que não queria falar sobre si mesmo. ―Militar?― Deus, ela esperava que não. Ele hesitou como se contemplasse o que ela disse. Ele iria repartir-se em uma mentira? Inferno, por que ela estava tão desconfiada? ―Se você não quer me dizer, isso é f... ―Eu sou um guarda-costas. Por si só, seus olhos percorreram seu corpo instantaneamente. Sim, ele era alto, e quando ele a carregou, pareceu sem esforço. Ela sentiu o flexionar de seus músculos sob o dela. No entanto, ele não era apenas musculos e força. Ele tinha uma velocidade grande. A rapidez com que ele a agarrou e moveu-se fora do caminho do carro em alta velocidade, foi em um borrão. Excitação e desapontamento colidiram dentro dela. Ele era um homem com um trabalho perigoso, alguém muito diferente de si mesma, de sua própria vida. Um homem para não envolver-se, não importava o quão quente ele era e o quanto ela queria-lhe. Ela não precisava adicionar uma outra pessoa à sua vida para preocupar-se. Ela se preocupava o suficiente com seus pais. Isso tomava toda sua energia. Não havia nada em um homem que desapareceria por dias a fio, provavelmente sem uma palavra. Não, ela nunca seria capaz de fazer isso. A rapidinha que tinha contemplado apenas alguns minutos mais cedo perdeu todo seu apelo. Ela não queria ser tentada a querer mais. Porque as coisas aconteciam, e se um caso de uma noite se transformasse em duas noites, uma semana ou um mês? Era o mesmo motivo pelo qual ela nunca namorou um policial, bombeiro, ou qualquer pessoa que estivesse no exército. Um guarda-costas caia na mesma categoria. Com pesar, ela permitou que seus lábios formassem suas próximas palavras. ―Eu deveria chamar um táxi. Ele pareceu sacudido por sua resposta por um momento. Em seguida, ele esvaziou o último gole de sua bebida e olhou para seu copo.
  • 55. ―Eu irei certificar-me que você chegue em casa com segurança.
  • 56. CAPÍTULO SETE Aiden insistiu em esperar o táxi com ela. Quando a ajudou entrar no táxi, o clima estava sombrio. Por que incomodava que Leila pudesse ficar longe dele rápido o suficiente? Ele devia estar aliviado. Não foi por isso que ele avisou em primeiro lugar? Ele ficou irritado quando percebeu que ela pensou que sua pequena lata de spray dava alguma proteção, quando, na verdade, qualquer demônio que a visse com isso simplesmente riria na cara dela. A rejeição de Leila convinha-lhe muito bem, sua mente insistiu. Quanto mais distância ele pudesse manter entre eles, era melhor. Eles não eram amigos, e ela nunca devia cometer o erro de vê-lo como tal. Nem se quisesse alguma coisa com ela, e ela concordasse, então ele poderia protegê- la. Fim da história. Não, era apenas o começo, sua voz interior insistiu enquanto o seu batimento cardíaco acelerava de acordo. Não querendo que seus pensamentos fossem mais longe por esse caminho, ele viu o táxi desaparecer na próxima esquina e puxou seu celular. Ele discou o número de Manus e começou a caminhar na direção onde seu carro estava estacionado. ―Sim?― Seu segundo respondeu imediatamente. De todas as pessoas do município tinham atribuído Manus para ele. ―Eu preciso que você verifique uma placa para mim. Minha incumbência quase foi atropelada por um carro esta noite. ―Que merda. ―Poderia ser uma coincidência... Manus bufou. ―Desde quando você acredita em coincidências? Manus estava certo. Ele não acreditava. ―Qual é o número da placa? Aiden recitou de memória.
  • 57. ―Eu não consegui o último número. Havia um pouco de sujeira na placa, obscurecendo-a.― Ele apenas teve uma fração de segundo para ler a placa quando o carro passou zumbindo por ele. Mas os seus sentidos sobrenaturais tinham pego o que puderam de qualquer maneira. ―Que tipo de carro era? ―Um Toyota, parecia um Corolla.― Um carro muito indistinto, como milhões de outros. ―Dê-me algumas horas. Eu mando uma mensagem para você do que achar. ―Bom, estou indo para o apartamento de Leila agora. ―Ah, é Leila agora. Interessante. Aiden apertou a mão ao redor de seu telefone, a raiva aumentando. ―Apartamento da Dra.Cruickshank. ― Ele corrigiu através dos dentes cerrados. ―Como ela é? ―Não é o seu tipo. ― Aiden respondeu, seus arrepios subindo mais uma vez. Só se o inferno congelasse ele deixaria Manus protegê-la em seu lugar. Ela era sua incumbência. Sua responsabilidade. ―Ah, então é assim agora. ―O que diabos você está falando? ―Você a quer, Leila, não é? Para si mesmo. ― Manus adivinhou. ―Mentira! Ela é a minha incumbência, isso é tudo. Eu não me envolvo com minhas incumbências.― Ele obedecia as regras. Mesmo que seu corpo quisesse algo diferente desta vez. Algo que não só quebraria as regras dos Guerreiros da névoa, mas o seu próprio código de ética. ―Você verá a luz um dia, acredite em mim. ―Basta fazer o seu trabalho! Aiden desligou e olhou para a entrada escura do beco que ele estacionou sua Ferrari preta. Era o mesmo tipo de beco, onde apenas alguns dias antes, ele perdeu uma incumbência. Sacudindo a lembrança desagradável, ele abriu o carro e esgueirou-se no assento do motorista.