O documento discute a memória, definindo-a como um depósito passivo do passado que sobrevive no presente e pode ser reativado por meio de uma reflexão. A memória tem um caráter unificador e ativo-transformador, servindo como um ato de poder na produção da memória coletiva e do esquecimento. Nos dias de hoje, há uma proliferação de memórias particulares de grupos antes excluídos. Para proteger o patrimônio cultural brasileiro, é necessário registrar e garantir a transmissão de diferentes manifestações cult
2. O que é memória
Depósito passivo dos vestígios do
passado que sobrevivem no
presente
não se pode rememorar o que
desapareceu por completo
apenas aquilo que sobrevive,
concretamente, no presente
Princípio ativo = uma reflexão
que se debruça sobre vestígios do
passado
que sobrevivem no presente no
intuito
– de selecioná-los
– condensá-los
dando sentido ao passado
e ao presente
Forma de ação
atividade auto-representativa que
indivíduo, grupo ou sociedade
produz
buscando assumir e defender a
identidade e orientar a ação
individual e coletiva
3. Caráter unificador
Se liga à reprodução da sociedade
– ao lastro da tradição de uma cultura
conferindo sentido de permanência às sociedades e aos
grupos
Fixa os sentidos e as identidades
– permitindo às sociedades e aos grupos
traçar suas origens
garantir e reconhecer sua permanência no decorrer do
tempo
4. Caráter ativo transformador
Potencialmente uma ação reflexiva sobre a
mudança
– traze em si a possibilidade do presente ser visto não
como uma realidade fixa e imutável
mas como um produto da ação humana
5. Ato de poder
A memória integra os mecanismos de controle
– Desse embate resulta
o que será lembrado
o que deve ser esquecido
Poder
de transmitir ou eternizar memória(s)
de propor ou impor dada memória à coletividade
– campo de conflitos
pode criar, refazer ou destruir identidades sociais
pode dar sentido e eficácia aos atos coletivos
6. Atuar na produção social da
memória coletiva e do
esquecimento é uma das grandes
preocupações dos grupos e dos
indivíduos que dominaram e
dominam as sociedades.
7. Estados-nacionais
Usurparam para si muitos dos antigos lugares
da memória
– a reforma dos calendários
– a reorganização das comemorações coletivas
– a proposição de novos símbolos e novas tradições
conferiram-lhes unidade e legitimidade política
8. Mesmo reconhecendo os esforços de controle da produção da
memória, não se pode afirmar que apenas uma memória
unificada e monolítica vem sendo produzida
Hoje = proliferação de memórias particulares
que têm como objetos e como autores
– grupos sociais antes excluídos do discurso social
esforço para construir identidades e para redefinir
posição e interesses diante da sociedade.
9. Elementos que constituem a memória
Acontecimentos
Vividos individualmente
Vividos pelo grupo ou pela coletividade
Eventos fora do espaço-tempo da pessoa ou grupo
– por meio da socialização ocorre o fenômeno de
projeção ou de identificação com determinado
passado
memória (quase) herdada
10. Elementos que constituem a memória
Pessoas = personagens
Encontradas no decorrer da vida
Que não pertenceram necessariamente ao
espaço-tempo da pessoa
11. Elementos que constituem a memória
Lugares
Ligados a uma lembrança pessoal
Ligados a uma lembrança que não tem apoio no
tempo cronológico
Na memória da pessoa, pode haver lugares de
apoio da memória, que são os lugares de
comemoração
12. Registro e memória
Para os antigos gregos, a memória era
sobrenatural
Um dom a ser exercitado
Mnemosine, mãe das Musas, protetoras das
artes e da história, possibilitava aos poetas
lembrar do passado e transmiti-lo aos mortais
13. Registro e memória
Surgimento da escrita e de outras formas de
registros
– configuram o esvaziamento das antigas
mnemotecnias orais
– Simmel fala de separação entre cultura subjetiva e
cultura objetiva
distanciamento entre os recursos objetivados de memória e
a experiência vivida da rememoração
– desencadeia um processo de autonomização virtual
dos processos de racionalização do pensamento
importante para surgimento das “civilizações”
14. Registro e memória
A aceleração proporcionada pelo presente
trouxe consigo
– preocupação com passado
traduzida em proecupação com memória
O alto grau de informação na(s) sociedade(s)
contemporânea(s) (visuais, sonoras, auditivas,e
virtuais)
– faz com que o célebro não registre todas infomações
15. Ameaça do esquecimento
desejo de recuperar o passado
– vontade de memorizar
– dever de lembrar
16. Na sociedade
contemporânea
recorre-se aos recursos
tecnológicos para fazer
o inventário, o registro
e o reconhecimento
das manifestações
culturais, a fim de
assegurar sua
salvaguarda.
Inventariar, proteger e
garantir a transmissão
de fenômenos tão
diferentes (música,
artesanato, saberes) se
constitui em um
trabalho de análise
científica e conceitual
que deverá ser
registrado através de
novas tecnologias.
17. Todas essas questões são importantes de
serem pensadas, quando o foco do
interesse é o Patrimônio Cultural Brasileiro,
um conjunto de bens de natureza material e
imaterial que se referem à ação, à memória
e à identidade dos grupos formadores da
sociedade nacional