O documento é um panfleto produzido pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo para conscientizar a população sobre os sintomas e cuidados com a dengue. O panfleto utiliza cores, figuras e sinais matemáticos para facilitar a compreensão dos leitores sobre a doença.
2. POR QUE TRABALHAR COM
GÊNEROS DISCURSIVOS?
A língua não é expressão do pensamento nem
instrumento de comunicação, e sim elemento social de
interação, seu ensino não deve se dar a partir de
elementos abstratos, mas através de situações
concretas de enunciações. Os gêneros dos discursos
são uma possibilidade de ensino da língua, levando em
consideração sua dimensão social para desenvolver,
nos alunos, habilidades e capacidades de uso da língua
oral ou escrita, permitindo-lhes seu uso adequado, nas
diversas esferas sociais, de acordo com o objetivo
almejado.
3. O que é um panfleto? Ele é
diferente de um folheto?
Escreva no papel a resposta.
4. Qual a diferença entre folheto, folder,
flyer e panfleto?
O panfleto nasceu no século XII, quando circulou na
Inglaterra um breve poema de amor, anônimo, escrito em
latim, com o nome de ‘Pamphilus seu de amore’, que se
tornou extremamente popular e foi traduzido para inglês
como Phamphlet.
Até o fim do século XIV a palavra pamphlet era usada em
inglês para designar qualquer texto de tamanho menor do
que os enormes livros manuscritos daquela época, antes da
invenção da imprensa e nos séculos seguintes, o sentido do
vocábulo evoluiu até significar um libelo difamatório,
folheto escrito em estilo satírico ou violento, especialmente
sobre assuntos políticos.
5. Em português o pamphlet acabou virando panfleto, mas a
tradução real de pamphlet seria folheto. Não há diferença
entre folheto e panfleto, pelo menos, não em sua origem
vocabular.
Com a evolução dos processos de impressão os flyers,
muito comuns para divulgação de eventos e casas noturnas.
O flyer, que em inglês significa voador, ganhou este nome
devido a sua velocidade de distribuição e preserva a
característica básica do panfleto, pois é direto e possui
pouca informação, porém sua qualidade é bem maior. Por
sua vez, a palavra folder, em inglês, significa pasta e é
derivada de fold, que por sua vez significa dobra. Então
agora ficou fácil entender a diferença entre um folder e um
folheto ou panfleto, não é mesmo?
Se tem dobra, é folder. Se não tem, é folheto, panfleto ou
flyer.
6. Observe o texto e responda as
questões que lhe foram entregues
7. Um exemplo
A análise de um panfleto produzido para atender a
uma necessidade da Secretaria Estadual de Saúde de
São Paulo no combate a dengue. É, portanto, um
enunciado concreto pertencente à esfera social da
saúde, atrelado aos recursos da esfera publicitária.
8. Por que este texto é um panfleto?
O suporte é uma folha avulsa, preenchida, geralmente, de um
lado apenas);
A circulação é entregue diretamente às pessoas ou é deixado em
lugares acessíveis, a fim de que possa circular livremente;
Tem seu enunciado direto e objetivo;
Tem poucas informações;
O texto é composto por poucas e pequenas frases ou unidades
discursivas;
Traz as marcas dos patrocinadores através de logotipos;
É colorido (na maioria das vezes);
Utiliza-se da linguagem verbal e não verbal;
O tamanho e o tipo de papel através do qual é veiculado
correspondem ao modelo convencionalmente instituído pela
sociedade.
9. Momento histórico da produção do
panfleto
O panfleto circulou por ocasião do aumento no índice de óbitos por dengue no Estado de São Paulo.
No início de 2010, o município encontrava-se entre os oito Estados que apresentavam números
recordes de óbitos nos últimos três anos em decorrência da dengue.
São dados do site:
Em 2010, São Paulo registrou 2.310 casos graves de dengue, o que inclui as mortes por febre hemorrágica e
de DCC (dengue com complicação).
Com as 120 mortes já confirmadas, o índice de letalidade da doença chega a 5,19% dos casos graves, taxa
cinco vezes maior que o considerado aceitável pela OMS (Organização Mundial da Saúde)5.
Segundo o site, o aumento da doença é ocasionado por vários fatores, entre eles: problemas no
atendimento aos pacientes que se apresentam aos serviços de saúde; o diagnóstico tardio e um
tratamento inadequado, além da automedicação ao invés da procura por assistência médica tão logo
quanto possível.
Como a dengue é uma doença de evolução rápida, a procura pelo atendimento médico, a tempo, pode
significar a vida do paciente. Uma das saídas imediatas para diminuir o problema é educar a
população e capacitar os profissionais de saúde.
Diante do exposto, o governo Estadual de São Paulo, em parceria com a Empresa metropolitana de
Transportes Urbanos - EMTU/SP - uma sociedade anônima de economia mista e de capital fechado
controlada pelo Governo do Estado de São Paulo; com a Agência Reguladora de Serviços Públicos
Delegados de Transportes do Estado de São Paulo – ARTESP; com o Departamento de Vigilância à
Saúde de São Paulo – COVISA, entre outras, fez circular um panfleto que tinha como tema a dengue.
O objetivo era conscientizar a população sobre os cuidados ao contrair a doença para evitar mais
complicações e possíveis óbitos por dengue.
10. Contextualizando o panfleto:
conteúdo temático
A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo mandou confeccionar um
panfleto informativo, destinado a circular nos órgãos públicos, em especial nas
diversas unidades da Secretaria de Saúde do Estado, abordando os principais
sintomas e os cuidados a serem tomados para evitar possíveis complicações da
doença, ou a morte de pacientes, em decorrência da automedicação e ou falta
de atendimento em tempo hábil.
A escolha do gênero panfleto, neste caso, se justifica porque permite ser
reproduzido num grande números de exemplares para cumprir a função social
de informar, se não todo, pelo menos uma grande parte do público alvo que
corresponde à população do Estado de São Paulo.
Sua forma e tamanho, facilitam o manuseio pela população e sua circulação nas
diversas unidades que compõem a esfera da saúde.
Outro fato que determina a escolha deste gênero é a relação entre os
interlocutores que não dá pra acontecer boca a boca, em virtude de o público
alvo ser composto por um grande número de pessoas, por isso, também, a
parceria com os meios de transportes públicos nos quais o panfleto irá circular
para fazer chegar a informação ao público alvo.
11. Estrutura composicional
Os autores do texto – profissionais da empresa contratada para confeccionar o
panfleto (provavelmente da esfera publicitária) – se basearam nas
características convencionalizadas socialmente por este gênero, já que a
organização de seu enunciado se apresenta mais menos da mesma forma em
outros textos.
Escreveram tendo em vista o interlocutor (cidadãos da cidade de São Paulo), os
propósitos comunicativos (informar ao público sobre os sintomas da dengue); a
situação imediata (momento marcado pelo aumento dos casos da doença); a
situação mais ampla (geralmente a doença se alastra em determinada época do
ano).
O gênero permite intercalar a linguagem verbal e a não verbal, o que o torna
mais atrativo e acessível a diferentes interlocutores.
Neste panfleto, especificamente, as características comum ao gênero são: o
enunciado direto; poucas informações; as frases ou unidades discursivas são
pequenas; traz as marcas dos patrocinadores através de logotipos; é colorido;
utiliza-se da linguagem verbal e não verbal; o tamanho e tipo de papel através
do qual é veiculado corresponde ao modelo convencional.
12. Estilo
Os autores exploram estilo próprio como: o texto é iniciado com uma frase exclamativa que tem um
tom argumentativo: “PODE SER DENGUE!”. Exploraram bastante as cores, predominando o preto, o
vermelho e o amarelo; utilizaram o recurso dos sinais de adição, na cor preta, para dá um efeito
somatório dos sintomas, os quais se apresentam em forma de desenhos sinonímicos sobre fundo de
cores distintas em tons de amarelo, verde, roxo e vermelho, e representado abaixo de cada desenho a
forma verbal do sintoma sob forma de letras garrafais preta. Na sequência da representação dos
sintomas, os autores utilizam o sinal de subtração em cor vermelha e, logo à frente, o desenho de uma
pessoa assoando o nariz sobre fundo vermelho, escrito abaixo, “RESFRIADO”, em letras garrafais
vermelhas. Logo depois, em cor preta, o sinal de igualdade seguido da frase (unidade discursiva
injuntiva): procure um médico ou posto de saúde. E como é característico do gênero, os logotipos das
empresas responsáveis pela confecção e publicação do panfleto que fazem parceria com a Secretaria
Estadual da Saúde de São Paulo, entre eles: a CONVISA, EMTU/SP, ARTESP, Governo estadual, entre
outros.
O enunciado é composto com utilização de cores, figuras, sinais de adição, subtração e igualdade para
facilitar a compreensão do interlocutor. E a utilização das cores (predominando a cor vermelha, preta
e amarela), além de chamar a atenção do interlocutor por tornar o texto mais atrativo visualmente,
sugere outra interpretação: vermelho pode estar relacionado com o perigo da doença; preto pode
referir-se ao luto, à morte, pois uma vez não tratada devidamente, a dengue pode levar a pessoa à
óbito; e, finalmente, amarelo que é sinal de alerta à população.
A estratégia de utilizar os sinais matemáticos, provalvemente, se justifica pela intenção de enfatizar,
que a dengue apresenta todos os sintomas mencionados, menos (“-”) o resfriado. Talvez estes recursos
possam sinalizar para um público menos esclarecido, mas que possuem contato com as operações
básicas do dia a dia comum a “todos” os cidadãos. Isso facilita a constituição do sentido pretendido
pelos autores. Ou seja, o sentido não é único, mas é direcionado pelos locutores do texto.
13. Bibliografia
ALVES, Andresa Guedes Kaminski; COSTA-HÜBES, Terezinha da
Conceição. O gênero panfleto no ensino de língua portuguesa numa
perspectiva sociointeracionista, 2010. Disponível em: < http://cac-
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RENAN, Pedro. Qual a diferença entre folheto, folder, flyer e
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http://blog.wedologos.com.br/diferenca-entre-folheto-e-panfleto/ >
Acesso em 01/03/2016.
LEÃO, Ana. Atividade com folheto de supermercado, 2009.
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http://aproanaleao.blogspot.com.br/2009/09/atividade-com-folheto-
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