Este número especial da revista se dedica à produção de textos por estudantes. Contém entrevista com pesquisadora sobre a importância de professores serem bons leitores e escritores para ensinar produção textual, além de reportagens sobre gêneros textuais, níveis dos alunos, revisão e uso de computadores no processo de escrita.
Ensinar a escrever: estratégias para inspirar os alunos
1. A R E V I S T A D E Q U E M EDUCA
EDICÃO 3
ESPECIAL
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: docinhos :
professor : parafestas
nascido nos em geral.
Estados Unidos. Encomendas :
Falar com
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itaçáo de trabalhos escolares i
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com Kátia.
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Ler, planejar, escrever, revisar, reescrever,..=ggz;z e
Tudo o que seus alunos precisam saber para ZS3'Lr r..& =- *
redigir com coerência, coesãi 2 criatividade E
2. índice
secões 3 reportagens
7 CARO EDUCADOR 12 EXREVER DE VERDADE
O que a turma precisa saber para redigir boas composições
9 FALA, MESTRE1 Mirta Torres
54 ESTANTE 18 G~NEROS,
COMO USAR
Explore as caracteristicas dos diferentes tipos de texto
58 ARTIGO Márcia V. Fortunato O QUE i PARIIQUE(M)
Projetos didáticos garantem produções de qualidade
32 O QUE CADA UM SABE
Conheça o nível dos estudantes para saber o que trabalhar
t PARA ESCREVER
como bons autores podem inspirar a meninada
38 hDA REESCRT
~ u d ao narrador da nistória é um caminho para a autoria
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RAIO 1
Leitura e resumo sao procedimentos essenciais para estudar
45 HORA APERFEICOI
Revisar db produções é UIII meio de conquistar a autonomia
48 DE OWO NA TELA
A utilidade do computador no processo de revisão
51 UÇAOOEMESTRE
Seguir o estilo de autores profissionais ajuda a escrever melhor
Foto Derc/li0
~GRAOECIMEMOSA BEATRIZGOUVEIAE A PROFESSOU
.LAUDIA TONDATO, DA EMEF PROFESX>R ROSALVITO
:OBRA, DE SAO CAETANO W SUL, SP
3. ................................................................................................................................................................................
Caro educador
Fundador: VICiOR C M T A
(1907-1990)
Presidente: Roberto Cinta
Diretora Executiva: Angela Dannemann
Conselheiros: Roberb CMia, G i a n d o Prancesco Civita,
V i c m Civik, RoberiaAnamaria Civila,
Maria Antonia MagalhHes Civita, Claudio de Moura Castro,
Jorge GerdauJohannpeter, José Augusto Pinto Moreira,
Marcos MagaihHa e Mauro CaiIian
Diretor de Redaçáo: Gabriel Pillar Grossi
Redatora-cheíe: Denise PeUegrini
Diretora de Aite: Manuela Novais
Coordenadora Pedag6gica: Regina Scarpa
Editores: Beabiz Vichessi, Rodrigo Ratier e Ronaldo Nunes
Editora-assistente:Bmna Nicolielo
Reoórteres: Ana Rita Maiiins. Andemn Moco. '
' Beauit Santomauro e ~ i i n c a Bibiano
Estagibria: Camila Monroe
Editora de Arte: lulia Bmwne
Designers: Alice ~asconieiios Victor Malta
e
Atendimento ao Leitoi: Marina S i e o n i
NOVA ESCOLA EDIGO WEB
Editor: Ricardo Falzetia
Editoras-assistentes: Elisa Meireiies (projetas especiais),
Janaína Castro e Paula -da
Rei>Órtei: Pauia Nada1
Editor de Arte: Vdmar Oliveira
Webmastetci: núago Barbosa de Moura
NOVA ESCOLA GESTÁO ESCOLAR
Editora: Paola Gentile
Editora de Arte: Renata B o m
Editoraassistente: VerBnica Fraidenraich
Rep6ttcres: Gustavo Heidrich e Noemia Lopes
Escrever mesmo
PRODUÇÃO TEXTO
DE A preocupação com a qualidade do
ensino 6 cada vez maior em nosso
país, certo? Em parte por causa das ava-
este especial. Entrevista, artigo e repor-
tagens sobre as pesquisas na área e expe-
riências reais de sal: de aula ajudam a
Diretor de Redaeo: Gabriel Pillar Grossi
Redatora-chefe: Denise Peiiegrini liações externas (que mostram que os entender por que 6 importante formar
Diretora de Arte: Manuela Novais
Coordenadora Pedag6gica: Regina Scarpa
alunos têm desempenho muito abaixo alunos capazes de expressar as próprias
Editora: Beatriz V i c h d
Dedgner: Alice Vaxoncellos
do esperado nas duas disciplinas), em opiniões por meio da palavra escrita e, -
Colaborou nesta edição: Paulo Kaiser (reviao) parte por causa dos indicadores de alfa- assim, construir um percurso como au-
betismo funcional (que insistem em se tor. Sem dúvida, uma das mais impor-
manter muito elevados, confirmando tantes atribuições de toda escola.
COMERCIAL
Gerente de Publicidade: Sandra Moskovich
que os brasileiros adultos não conseguem
Publicidade: Fernanda Sant'Anna Rocha ler, escrever e fazer contas com facilida-
Gerente de Marketing e Publicações:Mirian D i N i m
Gerente de Assinaturas: Rosana Berbel de), em parte por causa dos próprios in-
Gerente de Circula~So Avulsas: Maurício Paiva
Analista de ClrculaçBo e Marketing: Eliiabeth Sachetii
dicadores internos das escolas (que reve-
Pacotes de Assinaturas: Cynthia VasconceUos lam altas taxas de repetência e um gran-
Analista de Planejamento
e Controle Operacional: Kútia Gmenes de número de crianças e jovens analfa-
Processos Gráficos: Vitor Nogueira betos ao fim do 7 O , 8 O ou 9O ano).
Ao longo de 2009, NOVA ESCOLA
NOVA ESCOLA edl@o =pedal Rodu@deTm (EAN789-3614-0689815)
e uma pubUcaç80 da Ruidaq% Maoi Chrlie üisúibuida em todo o pais pela publicou uma série de reportagens
Dlsoibuidora Nadonal de PuMig@es (Dlnap SA), Pnulo. NOVA
São (acompanhadas de sugestões de ativida-
ESCOU não admite publiddade ndadonal.
des) para ajudar os professores a traba-
IMWSSA NA D m O G&KA DA EDITORA *BRIL .
Av. Otaviano Alver da U m 4400. CEP 02909.900
lhar com seus estudantes os principais
m do 6. a huio. SP
i
a o conteúdos e procedimentos ligados à
MARÇO, 2010
produção de texto. Todo o material foi
I revisado e complementado para montar Diretor de Redaçâo
www.ne.org.br Especial Produqão de Texto 7
4. Fala, mestre!
"0 bom texto é o que cumpre
o propósitode quem o produzn
Pesquisadora argentina defende que, para trabalhar com produção
textual, os professores também precisam ser bons leitores e escritores
ANA GONZAGA novaescola@atleitor.com.br
S e ensinar as crianças a produzir tex-
tos de qualidade é um desafio, pre-
parar os educadores para realizar essas
projeto Maestro + Maestro, que, preven-
do dois professores para cada sala de au-
la, visa diminuir as dificuldades de estu-
Como definir o que 6 uma produção
de qualidade?
MIRTA TORRES O escritor tem de ter
tarefas 6 uma responsabilidade igual- dantes do l0 grau, etapa em que se con- um propósito claro que o leve a escrever,
mente complexa e instigante. E é essa centram os maiores índices de repetência tal como preparar um texto para o semi-
missão que Mirta Torres tomou para di- no sistema argentino. nário ou um convite para uma festa. O
recionar sua ,carreira. Especialista em Apesar da pouca afinidade com a lín- bom texto C aquele que cumpre o propó-
didática da leitura e da escrita, ela já foi gua portuguesa, Mirta garante que sua sito de quem o produz.
diretora de Educação primária de Bue- experiência pedagógica na Argentina po-
,nosAires e esteve à frente de vários pro- de ser bastante útil para os professores Para isso, o que é preciso ser ensina-
gramas de melhoramento pedagógico. que lidam com produ~ão texto no
de do aos alunos?
Atualmente, coordena um grupo que Brasil. "Valem o raciocínio e as estraté- MIRTA Diversos aspectos colaboram pa-
trabalha com a alfabetização de alunos gias", diz ela, que concedeu esta entrevis- ra que sejam produzidos textos qualifica-
que foram reprovados ou entraram na ta por telefone ? NOVA ESCOLA de sua
I dos entre aceitáveis e bons. A turma toda
escola mais tarde e tambdm integra o residência, em Buenos Aires. deve ser incentivada a escrever de e
www.ne.org.br Especial Produgão de Texto 9
5. Fala, mestre! MIRTA TORRES
emaneira habitual e frequente.Tal co- (CT al como um piloto em um personagem e o leitor sabe que
mo um piloto de avião precisa acumular se fala dele, não C necessário escrever seu
nome. Podemos colocar 'o', 'a', 'os', 'as"'.
horas de voo para ser hábil, um escritor
precisa somar muitas oportunidades de
de avião precisa
&crita. Na prática, que; dizer que os es-
tudantes devem ser estimuladosa elabo-
ac umu1a r horas de Para escrever bem, 6 fundamental ser
um bom leitor?
rar perguntas sobre um tema estudado e VOO para ser h bi1, MIRiA Sim. A formação leitora ajuda na
resumir a matéria para passar a um cole- formação do escritor. A familiaridade
ga que htou. escritos menos ambi-
são um esc r itor precisa com outros'textos fornece modelos e co-
ciosos, porém também exigem escrever, nhecimento sobre outros gêneros e es-
ler e corrigir. Embora, em muitas situa- somar muitas truturas. Devemos ler como escritores:
ções escolares de escrita, o texto não te- voltar ao texto para verificar de que ma-
nha outro propósito a não ser o de escre- oportunidades neira um autor resolveu um problema
ver para aprender a escrita, C fundamen-
tal gerar condições didáticas com sentido
de escrita. 11 semelhante ao que temos em mãos, por
exemplo. No mais, a leitura desperta o
social. Elas devem garantir a construção desejo de escrever. Cabe 21 escola abrir
de produções contextualizadas, que ul- diversas possibilidades: oferecer titulos
trapassem os muros da escola, como uma concluíram. "Como poderíamos evitar que fascinam crianças e jovens sem refor-
solicitação por escrito para o diretor de isso?: ela perguntou. Os pequenos suge- çar o que o mercado já oferece de manei-
um museu, de permissão para uma visi- riram correções: "Pinóquio caiu no mar ra excessiva. Não precisa ofertar livros do
ta. Assim, antes de começar a escrever, e a baleia o engoliu. A baleia ficou com Harry Potter, mas obras de Robert Louis
aprende-se que C preciso saber quem é o ele em sua barriga durante três dias e Stevenson (1850-1894), como A Ilha do
leitor e as informações necessárias. depois de três dias o jogou na praia". De-Tesouro, precisam ser recomendadas. Arn-
pois disso, a professora sugeriu que o bos são valiosos, só que, se os do segundo
Por isso é ruim propor que se escreva fragmento correspondente do conto fos- tipo não forem oferecidos, dificilmente
sobre um tema livre ou aberto, por se relido, o que resultou na troca de bar-os leitores vão decidir lê-los. Mas há que
exemplo, "Minhas Ferias"? riga por ventre. Para evitar a repetição da
destacar que nem todo bom leitor d um
MIRTA A escrita nunca deve ser livre. expressão "três dias", foram propostas al-bom escritor. Muitos de nós somos exce-
Precisa ser produzida em um contexto, gumas opções: "ao final desse tempo", lentes leitores, porém somente escreve-
sempre. A psicolinguista argentina Emi- "logo","depois" e "então" As crianças es- mos de modo aceitável.
lia Ferreiro caracteriza muito bem essa ' colheram "logo". Assim que se chegou à
questão. Ela diz que "não há nada menos terceira versão, um menino disse que al- O que se espera de um educador co-
livre do que um texto livre". Muitas coi- go soava mal, repetindo a expressão que mo leitor?
sas incidem sobre qualquer texto: os pro- a docente já havia usado. Ele continuou: MIRTA Ele deve desfrutar da leitura, es-
pósitos que guiam a escrita, os destinatá- "Quando Pinóquio cai no mar, trata-se tar atento aos gostos dos estudantes e
rios e a situação comunicativa. As crian- de uma baleia, uma baleia qualquer. De- considerar sua importância como uma
ças têm de aprender que o material deve pois, quando ela carrega Pinóquio du- ponte entre eles e os textos. Pequenas, as
se refletir no leitor. rante três dias na barriga, no ventre, en- crianças não podem sozinhas e, já maio-
tão é a baleia porque não se trata de uma res, precisam de ajuda para acessar gran-
Como os educadores podem ajudar baleia qualquer".Então, foi reescrito: "Pi- des obras, que não enfrentariam por
os estudantes a refinar seus textos? nóquio caiu no mar e uma baleia o en- iniciativa própria. É válido destacar que
MIRTA Vou responder citando um caso goliu. A baleia ficou com ele em seu o docente que seja um bom leitor 6 capaz
de alunos de 7 anos que estavam reescre- ventre durante três dias e logo o jogou de descobrir a ambiguidade, a obscurida-
vendo a história de Pinóquio. Eles dita- na praia". de ou a pobreza presentes nos textos e
vam para a professora: "Pinóquio caiu no compartilhar isso com o grupo.
mar e a baleia o engoliu. A baleia ficou Como a professora fez para que os
com Pinóquio em sua barriga durante alunos incorporassem essa prática? A partir de quando os alunos devem
três dias e depois de três dias jogou Pin6- MIRTA Durante a produção, ela recor- produzir textos?
quio na praia". Ela leu em voz alta o pa- dou com a turma como e por que havia MIRTA Essa atividade pode ser anterior
rágrafo, comentou que algo soava mal e sido substituído o nome Pinóquio a fim A aquisição da habilidade de escrever. As
releu enfatizando o nome Pinóquio. de que fosse elaborada uma regra geral, discussóes entre eles e o professor sobre
"Fala-se muitas vezes o nome Pinóquio", registrada no caderno: "Quando se fala ''como fica melhor", "como se poderia
10 Especial Produgáo de Texto www.ne.org.br
6. dizer'', "o que falta colocar" permitem ções. O texto eleito para ser revisado co-
refletir sobre a escrita. Assim, muitos, ((AS etapas letivamente deve representar os obstácu-
antes de estarem plenamente alfabetiza-
dos, já conhecem as características da
de produ~ão de los que a maioria encontra. Uma vez
descobel-tos no texto do companheiro os
linguagem escrita por terem escutado
bastante leitura em voz alta. Quer dizer,
texto não devem aspectos que devem ser revistos, o profes-
sor pode sugerir que cada um revise sua
já podem se dedicar à produção de tex- ser enumeradas própria produção.
tos, como ditames. Lembro-me de um
projeto chamado Cuentos de Piratas, de- porque não são fixas Como ensinar gramática e as normas
senvolvido com crianças de 5 anos. A . da língua no interior das práticas de
professora lia para elas os contos e todos e sucessivas, mas leitura e escrita?
levavam os livros para casa para reler e MtRTA Efetivamente,se recorrem à gra-
folhear. Depois, juntamente com a do- um processo mática e às normas da língua quando é
cente, faziam listas de personagens, to-
mavam nota dos conflitos que apareciam
de vai e vem. 13 necessário penetrar em aspectos da com-
preensão de um texto, como "qual é o
em histórias de piratas, colocavam legen- .................................................... sujeito do parágrafo?", mas principal-
das na imagem de um barco: timão, vela, mente para revisar. De acordo com a ida-
proa, popa. Finalmente, em grupo, cria- MIRTA As situações didáticas de escrita de da garotada, alguns aspectos são reto-
ram uma história de piratas. não são todas iguais. Em alguns casos, é mados em outros momentos, dedicados
interessante observar os escritos durante s6 A reflexão gramatical.
Quais são as etapas essenciais da pro- o processo para ajudar a turma a relê-los,
dução de texto? a retomar o fio do relato e a corrigir uma É comum encontrarmos pessoas que
MIRTA A escrita propriamente dita leva expressão. Em outros, é melhor deixar dizem não saber escrever bem e se
tempo: se escreve e se relê para saber co- que escrevam sem intervir. Há alguns sentem mais seguras ao falar, o que
mo prosseguir, o que falta, se está indo anos, em um projeto com crianças de 7 leva a entender que a passagem do
bem, se convém substituir algum pará- e 8 anos, lançamos mão de um recurso oral para o escrito é o ponto de di-
grafo ou reescrever tudo. O processo de didático que deu ótimos resultados. Or- ficuldade delas. Como isso pode ser
leitura e correção não 6 posterior à escri- ganizávamos as aulas de modo que não enfrentando na escola?
ta, mas parte dela. Ao considerar termi- houvesse tempo suficiente para terminar MIRTA Não creio que isso se deva à pas-
nado, o passo seguinte é reler ou dar os textos, fazendo com que o gmpo pro- sagem do oral para o escrito. A fala per-
para outro leitor fazer isso e opinar. Fei- duzisse apenas uma parte dele. Na aula mite gestos, alusões que reforçam o peso
tas as cor:eçÕes finais, passa-se o texto a seguinte, a produção era lida para recor- do que foi dito. Temos uma grande prá-
limpo com o formato mais ou menos dar até onde haviam chegado e decidir tica cotidiana na comunicação oral e
definitivo.Contudo, as etapas não devem como continuar. Essa situação genuína muito menor na escrita. Quem considera
ser enumeradas porque não são f i a s e da releitura permite descobrir erros, pen- mais fácil se comunicar oralmente está,
sucessivas. Elas constituem um processo sar formas apropriadas de expressão, en- sem dúvida, pensando em trocas familia-
de vai e vem. fim, ajuda a tomar distância do escrito e res e não em apresentações orais formais,
retomá-lo como leitor. como as conferências, que exigem verba-
Como o educador deve escolher o que lizar e organizar todos os momentos da
enfocar primeiro na revisão? É válido que os próprios alunos revi- exposição. Nesses casos, as dificuldades
MIRTA Cada texto é único. Todavia, 6 sem os textos dos colegas? encontradas são parecidas com a de es-
ikprescindivel - sobretudo com turmas MIRTA Minha experiência mostra que crever. Ensinar a escrever e a falar de for-
que já têm autonomia na produção - fa- nein sempre é produtivo que os estudan- ma aceitável exige empenho do profes-
zer uma primeira leitura para checar a tes leiam mutuamente as produções dos sor, que deve guiar a turma com mãos
coerência. Se os alunos se concentrarem i ~ m ~ a n h e i r o s . menores não enten- firmes e seguras.
Os a
em detalhes, podem não conseguir che- dem a letra e os maiores nem sempre
car a coerência geral. sabem o que procurar, o que faz com que :8
....................
fiquem detidos em detalhes que não in- i
: Mirta Torres, mirtatorres5@Jgmail.com
Fazer intervenções enquanto os estu- terferem na qualidade final. A revisão : internet b
dantes produzem é correto?Ou é me-
Ihor deixá-losterminar e revisar só ao
fim do trabalho?
dos colegas ganha valor quando o profes- i Em abc.gov.arllainstitucion~ na busca
sor propõe revisar conjuntamente o tex- i hombnimo de ~i~ castedo (em espanhol),
to, orientando a leitura e sugerindo op- '
digite
: sobre enseiiar a leery escribir e acesse o texto
1 H
www.ne.org.br Especial Produqáo de Texto 11
7. Producão de texto
3 10aopam
tscrever
de verdade
Para produzir textos de qualidade, seus alunos têm de saber o que
querem dizer, para quem escrevem e qual é o gênero que melhor
exprime suas ideias. A chave é ler muito e revisar continuamente
THAIS GURGEL novaescola@atleitor.com.br Colaborou Tadeu Breda
N arração, descrição e dissertação. problema seja resolvido por um órgão
Por muito tempo, esses três tipos público: cada uma dessas ações envolve
de texto reinaram absolutos nas propos- um tipo de texto com uma finalidade,
exemplo, sejam conteúdos a apresentar
aos alunos sem que eles os tenham iden-
tificado pela leitura. Um risco é cair na
tas de escrita. Consenso entre professores, um suporte e um meio de veiculação tentação de transmitir verbalmente as
essa maneira de ensinar a escrever foi específicos. Conhecer esses aspectos é a diferentes estruturas textuais. Cabe ao
uma das responsáveis pela falta de profi- condição mínima para decidir, enfim, o professor permitir que as crianças adqui-
ciência entre nossos estudantes. O traba- que escrever e de que forma fazer isso. ram os comportamentos do leitor e do
lho baseado nas composições e redações Fica evidente que não são apenas as ques- escritor pela participação em situações
escolares tem uma fragilidade: ele não tões gramaticais ou notacionais (a orto- práticas e não por meras verbalizações.
garante o conhecimento necessário para grafia, por exemplo) que ocupam o cen- Ensinar a produzir textos nessa pers-
produzir os textos que os alunos terão de tro das atenções na constnição da escrita, pectiva prevê abordar três aspectos prin-
escrever ao longo da vida. "Nessa antiga mas a maneira de elaborar o discurso. cipais: a construção das condições didáti-
abordagem, ninguém aprendia a consi- Há outro ponto fundamental nessa cas, a revisão e a criação de um percurso
derar quem seriam os leitores. Por isso, transformação das atividades de produ- de autoria, como explicado a seguir.
não havia a reflexão sobre a melhor es- ção de texto: quem vai ler. E, nesse caso,
tratégia para pôr as ideias no papel", diz você não conta. "Entregar um texto para Os textos redigidos em classe
Telma Ferraz Leal, da Universidade Fe- o professor é cumprir tarefa", diz Feman- precisam de um destinatário
deral de Pernambuco (UFPE). da Liberali, da Pontifícia Universidade "Escreva um texto sobre a primavera."
Para aproximar a produção escrita das Católica de São Paulo (PUC-SP). "Para Quem se depara com uma proposta como
necessidades enfrentadas no dia a dia, o que o aluno fique estimulado com a pro- essa imediatamente deveria se fazer algu-
caminho atual é enfocar o desenvolvi- posta, 6 preciso que veja sentido nisso." mas perguntas. Para quê? Que tipo de
mento dos comportamentos leitores e O objetivo é fazer com que um leitor escrita será essa? Quem vai lê-la? Certas
escritores. Ou seja: levar a criança a par- ausente no momento da produção com- informações precisam estar claras para
ticipar de forma eficiente de atividades preenda o que se quis comunicar. que se saiba por onde começar um texto
da vida social que envolvam ler e escre- O primeiro passo é conhecer os diver- e se possa avaliar se ele condiz com o que
ver. Noticiar um fato num jornal, ensi- sos gêneros. Isso não significa que os re- foi pedido. Nas pesquisas didáticas de
nar'os passos para fazer uma sobremesa cursos discursivos,textuais e linguísticas práticas de linguagem, essas delimitações
ou argumentar para conseguir que um dos contos de fadas e da reportagem, por se denominam condições didáticas de*
12 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br
8. I-
I
DESV TERM(
ASSU,. m w DESNECESSAR
O autor chama As palavras V a r u r l u ar1
'tenção para a "marginaisJ; que.0~ jove êm
'estão dos assaltos, "assa1tantes"e consciência para
1s logo foca em
" "criminosos"são assumir os crimes
utras situações qt usadas com o mesmo que cometem,
r envolvem men
de idade sem s,
, propósito, o que mas não expõe
deixa a produção nada que ju que
iprofundar. com Pouca fluidez. essa ideia.
. . .. .
LJ
'
, ,' .
9. ..................................
.............................
................................
....................................
................................
...................
qoducão de texto 3
10ao. a-
...
..
.. -
BIOGRAFIA
Dados ordenados cro ogicamente e recursos linguísticas q u e asseguram a c
tem --I 'como os advérbios) são algumas das características do gêner
1
t
L~ . .-
,DOS 3t_F
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:ORMAÇÕES PLICAÇn -E C-
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e ~ ~ ~ p o r t a n t e w a m ' * - ~
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10. , . produção textual. No que se refere ao principais notícias do momento, como o preender quais são os elementos princi-
exemplo citado, fica difícil responder às surto de dengue no Rio de Janeiro e a pais desse problemaen
perguntas,já que esse tipo de redação não discussão sobre a maioridade penal. Com
existe fora da escola, ou seja, não faz par- as características do gênero já discutidas A revisão vai além da ortografia
te de nenhum gênero. e frescas na memória, todos passaram à e foca os propósitos do texto
De acordo com Bernard Schneuwly e produção individual (7eia o texto de um dos Produzir textos é um processo que envol-
Joaquim Dolz, o trabalho com um gêne- alunos na página 13). ve diferentes etapas: planejar, escrever,
ro em sala é o resultado de uma decisão A primeira versão foi lida pela profes- revisar e reescrever. Esses comportamen-
didática que visa proporcionar ao aluno sora. "Sempre havia observações a fazer, tos escritoressão os conteúdos fundamen-
conhecê-lo melhor, apreciá-lo ou compre- mas eu deixava que os próprios meninos tais da produção escrita. A revisão não
endê-lo para que ele se torne capaz de ajudassem a identificar as fragilidades", consiste em corrigir apenas erros ortográ-
produzi-lo na escola ou fora dela. No ar- diz Maria Teresa. Divididos em pequenos ficos e gramaticais, como se fazia antes,
tigo Os Gêneros Escolares - Das Práticas de grupos, os alunos revisaram a produção mas cuidar para que o texto cumpra sua
Linguagem aos Objetos de Ensino, os pesqui- de um colega, escrevendo um bilhete pa- finalidade comunicativa. "Deve-se olhar
sadores suíços citam ainda como objetivo ra o autor com sugestões e avaliando se para a produção dos estudantes e identi-
desse trabalho desenvolver capacidades ela estava adequada para a publicação. ficar a que provoca o estranhamento no
transferíveis para outros gêneros. Eram comuns comentários como "argu- leitor dentro dos usos sociais que ela terá",
Para que a criança possa encontrar so- mento fraco" e "falta conclusão". explica Fernanda ~iberali.
luções para sua produção, ela precisa ter "Envolver estudantes de 6 O a 9 O ano na Com a ajuda do professor, as tumas
um amplo repertório de leituras. Essa produção textual é um grande desafio", aprendem a analisar se ideias e recursos
possibilidade foi dada à turma de 9 O ano ressalta Roxane Rojo, da Universidade utilizados foram eficazes e de que forma
da professora Maria Teresa Tedesco, do Estadual de Campinas (Unicarnp)."Mui- o material pode ser melhorado. A sala de
Centro de Educação e Humanidades Ins- tas vezes, eles tiveram de produzir textos 3 O ano de Ana Clara Bin, na Escola da
tituto de Aplicação Fernando Rodrigues sem função comunicativa durante a es- Vila, em São Paulo, avançou muito com
da Silveira - conhecido como Colégio de colaridade inicial e, por acreditaremque um trabalho sistemático de revisão. Por
Aplicação da Universidade Estadual do escrever C uma chatice, são mais resisten- um semestre, todos se dedicaram a um
Rio de Janeiro (Uerj). Procurando desen- tes." Atenta, Maria Teresa soube driblar projeto sobre a história das famílias, que
volver a leitura crítica de textos jomalis- o problema. Percebendo que a turma culminou na publicação de um livro,
ticos e o conhecimento das estruturas andava inquieta com a proibição por par- distribuído também para os pais. Dentro
argumentativas na produção textual, ela te da direção do uso de short entre as desse contexto, ela propôs a leitura de
propôs uma atividade permanente: a cada meninas, ela fez diko o tema de um edi- contos em que escritores narram histórias
semana, um grupo elegia uma notícia e torial do jornal mural. da própria iXancia. Os estudantes se en-
expunha A turma a forma como ela tinha "Para que algudm se coloque na posi- volveram na reescrita de um dos contos,
sido tratada nos jornais. Depois, seguia-se ção de escritor, é preciso que sua produção narrado em primeira pessoa. Eles tiveram
um debate sobre o tema ou a maneira tenha circulação garantida e leitores de de reescrevê-lo na perspectiva de um ob-
como 9s reportagens tinham sido veicu- verdade", diz Roxane. E todos saberiam a servador - ou seja, em terceira pessoa. A
ladas. Paralelamente, os estudantes tive- opinião do aluno sobre a q'uestão, inclu- segunda missão foi ainda mais desafiado-
ram contato com textos de finalidades sive a diretoria. "Só assim ele assume ra: contar uma história da infincia dos
' comunicativas diversas no jornal, como responsabilidade pela comunicação de pais. Para isso, cada um entrevistou fami-
cartas de leitores, editoriais e artigos opi- seu pensamento e se coloca na posição liares, anotou as informações em forma
nativos."O objetivo era que eles analisas- do leitor, antecipando como ele vai inter- de tópicos e colocou tudo no papel (leia
sem os materiais, refletissem sobre os pretá-lo." A argumentação da garotada foi o texto de um dos alunos à esquerda).
propósitos de cada um e adquirissem um tão bem estruturada que a diretoria re- Ana Clara leu os trabalhos e elegeu
repertório discursivo e linguístico",conta solveu voltar atrás e liberar mais uma vez alguns pontos para discutir. "O mais co-
Maria Teresa, que lançou um desafio: o uso da roupa entre as garotas. mum era encontrar só o relato de um
produzir um jornal mural. A criação de condições didáticas nas fato", diz."Recorremos, então, aos contos
A proposta era trabalhar com textos propostas para as turmas de l0 a S0 ano lidos para saber que informações e deta-
opinativos, como os editoriais. Para que segue os mesmos preceitos utilizados pe- lhes tornavam a história interessante e
a escrita ganhasse sentido,ela avisou que la professora Maria Teresa."Em qualquer como organizá-lospara dar emoção."Ca-
o jornal seria afixado no corredor e que série, como na vida, produzir um texto C da um releu seu conto, realizou outra
toda a comunidade escolar teria acesso a' resolver um problema", ensina Telma entrevista com o parente-personagem e
ele. Os assuntos escolhidos tratavam das Ferraz Leal. "Mas para isso 6 preciso com- produziu uma segunda versão. e
www.ne.org.br Especial Produgáo de Texto 15
11. .............................................................................
.................. ................................................................................
.....,..,
de
Produ~ão texto 10ao~a.o
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lorbm-
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J*w..
A escolha da
- -
A ararasurge sem
--
-T.
P ANALISE GERAL
expressão"era uma ser apresentada, C ~ ~ ~ I I UCJ
I I ter É apropriado retomar as marcas do
vez" revela que o diferentemente do cão. conseguido se livrar g@nero fábula e o significado de
aluno se confundiu O mesmo ocorre c o r da armadilha dos proverbios e ditos populares. A leitura
CI com a maneira de
comeqar textos de
outro g@nero
os caçadores e com
os outros animais.
Isso prejudica a
sem ajuda
de sua amiga arara, dos colegas pode ajudar o autor
a perceber que apresentar Os
a moral da fábula
conto, o conto. compreensão do texto. não faz sentido. personagens 6 fundamental.
12. erevisão - análise coletiva de uma pro-
de
Tiveram início ai diferentesformas complexo processo de transformação de
seus conhecimentos em um texto".
da história. Pediu, então, uma pesquisa
sobre provérbios e seu uso cotidiano. Com
dução no quadro, revisão individual com essa compreensão e um repertório de
base em discussõescom o grupo e revisões Ser autor exige pensar ditados populares, Edileuza sugeriu a
em duplas -, realizadas vários dias depois no enredo e na estrutura criação de uma fábula individual. Ela
para que houvesse o distanciarnentoem O terceiro aspecto fundamental no tra- discutiu com o grupo que esse gênero
relação ao trabalho. A primeira proposta balho de produção textual é garantir que geralmente tem como protagonistas ini-
foi a "revisão de ouvido". Para realizá-la, a criança ganhe condições de pensar no migos tradicionais (cão e gato, por exem-
Ana Clara leu em voz alta um dos contos todo. Do enredo à forma de estruturar os plo). Estava coiocada uma restrição. Em
para a turma, que identificou a omissão. elementos no papel: k preciso aprender seguida, relembrou provérbios que po-
de palavras e informações. Ela selecionou a dar conta de tudo para atingir o leitor. deriam ser a moral das histórias criadas.
alguns aspectos a enfocar na revisão: or- Esse processo denomina-se construção Desde o início, todos sabiam que as
tografia, gramática e pontuação. de um percurso de autoria e se adquire produções seriam lidas por outros alunos,
Quando a classe foi dividida em duplas, com tempo, prática e reflexão. o que serviu de estimulo para bolar tra-
um dos propósitos da professora era que Os estudos em didática das práticas de mas envolventes."Há uma diferença en-
uns dessem sugestões aos outros. A pes- linguagem fizeram cair por terra o pen- tre escrever textos com autonomia - obe-
quisadora argentina em didática Mirta samento de que a redação com tema livre decendo à estrutura do gênero, sem pro-
Castedo k defensora desse tipo de propos- estimula a criatividade. Hoje sabe-se que blemas o r t o ~ i c oe de coerência - e se
s
ta. Para ela, as situações de revisão em depois da alfabetização há ainda uma tornar autor", explica Patrícia. "No pri-
grupo desenvolvem a reflexão sobre o longa lista de aprendizagens. Foi consi- meiro caso, basta aprender as caracterís-
que foíproduzido i o r meio justamente derando a complexidade desse processo ticas do gênero e conhecer o enredo, por
da troca de opiniões e críticas."Revisar o que Edileuza dos Santos, professora da exemplo. No segundo, 6 preciso desen-
que os colegas fazem k interessante, pois EM de Santo Amaro, no Recife, desenvol- volver ideias." Para chegar lá, a interação
o aluno se coloca no lugar de leitor", veu um projeto de fábulas com a skrie com professores e colegas e o acesso a um
emenda Telma. "Quando volta para a (leia o texto de um dos alunos à esquerda). repertório literário são importantes.
própria produção e revisa, a criança tem Ela deu infcio ao trabalho investindo Do 6 O ao 9 O ano, o processo de cons-
mais condições de criar o distanciamento na ampliação do repertório dentro desse trução da autoria pode exigir desafios que
dela e enxergar as fragilidades." gênero literário. Assim foi possível obser- sejam cada vez mais complexos: a elabo-
Um escritor proficiente, no entanto, var regularidades na estrutura discursiva ração de tensões na narrativa ou a parti-
não faz a revisão só no fim do trabalho. e linguística, como o fato de que os ani- cipação em debates para desenvolver a
Durante a escrita,é comum reler o trecho mais são os protagonistas. "Escolhi esse argumentação,como fez Maria Teresa."A
já produzido e verificar se ele está ade- gênero porque ele tem começo, meio e reescrita pode vir com propostas de pro-
quado aos objetivos e às ideias que tinha fim bem marcados, algo que eu queria dução de paródias, no caso dos maiores,
a intenção de comunicar - só então pla- trabalhar com a garotada? que exigem mais elaboração", diz Roxane.
neja-se a continuação. E isso k feito por A primeira proposta foi o reconto oral Uma boa forma de fazer circular textos
todo escritor profissional. de uma fábula conhecida. "Isso envolve nessa fase são os meios digitais, como
A revisão em processo e a final são organizar ideias e pode ser uma forma blogs e o site da própria escola. Os jovens
passos fundamentais para conseguir de de planejar a escrita", endossa Patrícia podem se responsabilizar por toda a pro-
fato uma boa escrita. Nesse sentido, a Corsino, da Universidade Federal do Rio dução. Levar os estudantes a se expressar
maneira como você escreve e revisa no de Janeiro (UFRJ).Quando já dominamos cada vez melhor, afinal, deve ser o obje-
quadro, por exemplo, pode colaborar todas as informações de uma narrativa, tivo de todo professor. (3
para que a criança o tome como um mo- podemos nos focar apenas na forma de
delo e se familiarize com.0 procedimen- expor os elementos -mas esse é um gran- l OUER SABER M A I S ? I
to. Sobre o assunto, Mirta Castedo escre- de desafio no inicio da escola-idade. -i
ve em sua tese de doutorado: "Os bons Na turma de Edileuza, as propostas : Centro de Educação e
i Humanidades Instituto de Aplicação i
escritores adultos (...) são pessoas que seguintes foram a reescrita individual e i Fernando Rodrigues da Sllveira,
pensam sobre o que vão escrever,colocam a produção de versões de fábulas conhe- : tel. (21) 2333-7873, cap-uerjQhotmail.com i
i E M de Santo Amaro, tel. (81) 3232-5919 :
em palavras e voltam sobre o já produzi- cidas com modificações dos personagens i Escola da Vila, tel. (1 1) 3726-3578,
1
do para julgar sua adequação. Mas não ou do cenário. Aos poucos, todos ganha- j vilaQvila.com.br
: Fernanda Liberali, Iiberali@uoi.com.br
realizam as três ações (planejar,escrever ram condições de inventar situações. A i Roxane Rojo, rrojoQiel.unicamp.br
e revisar) sucessivamente: vão e voltam professora percebeu que os estudantes : Teima Ferraz Leal, tfleal@terra.com.br
de umas às outras, desenvolvendo um não entendiam bem o sentido da moral
www.ne.org.br Especial Produgão de Texto 17
13. Práticas de linguagem 10,50am '
Gêneros,
como usar
Eles invadiram a escola - e isso é bom. Mas é preciso parar de ficar só
ensinando suas características para passar a utilizá-los no dia a dia de
todas as turmas com o objetivo de formar leitores e escritores de verdade
ANDERSON MOÇO anderson.moco@abril.com.br
18 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br
14. seja, se é um texto com função comuni-
cativa, tem um gênero.
Na última década, a grande mudança
nas aulas de Língua ~or&guesa a che-
foi
gada dos gêneros h escola. Essa mudança
é uma novidade a ser comemorada. Po-
*
rém muitos especialistase formadores de
professores destacam que há uma peque-
na confusão na forma de trabalhar. Ex-
plorar apenas as características de cada
gênero (cartatem cabeçalho, data, sauda-
çáo inicial, despedida etc.) não faz com
que ninguém aprenda a, efetivamente,
escrever uma carta. Falta discutir por que
e para quem escrever a mensagem, certo?
Afinal, quem vai se dar ao trabalho de
escrever para guardá-la? Essa é a diferen-
ça entre tratar os gêneros como conteú-
dos em si e ensiná-los no interior das
práticas de leitura e escrita.
' Essa postura equivocada tem raízes
claras: é uma infeliz reedição do jeito de
ensinar Língua Portuguesa que predomi-
nou durante a maior parte do século
passado. A regra era falar sobre o idioma
e memorizar definilões: "Adjetivo: pala-
vra que modifica o substantivo, indican-
do qualidade, caráter, modo de ser ou
estado. Sujeito: termo da oração a respei-
to do qual se enuncia algo". E assim por
diante, numa lista quilométrica. Pode até
parecer mais fácil e econômico trabalhar
apenas com os aspectos estruturais da
língua, mas é garantido: a turma não vai
aprender."O que importa é fazer a garo-
tada transitar entre as diferentes estrutu-
ras e funções dos textos como leitores e
escritores", explica a linguista Beth Mar-'
cuschi, da Universidade Federal de Per-
nambuco (UFPE).
É por isso que não faz sentido pedir
T odo dia, você acorda de manhã e
pega o jornal para saber das últimas
novidades enquanto toma o c f da ma-
aé
te da sala e lê alguns antes de dormir. para os estudantes escreverem só para
Não C de hoje que nossa relação com os você ler (e avaliar). Quando alguém es-
textos escritos é assim: eles têm formato creve uma carta, C porque outra pessoa
nhã. Em seguida, vai até a caixa de cor- próprio, suporte específico, possíveis pro- vai recebê-la. Quando alguém redige
reio e descobre que recebeu folhetos de pósitos de leitura - em outras palavras, uma notícia, é porque muitos vão lê-la.
propaganda e (surpresa!) a carta de um possuem o que os especialistas chamam Quando alguém produz um conto, uma
amigo que está morando em outro país. de "características sociocomunicativas", crbnica ou um romance, é porque espera
Depois, vai ate a escola e separa livros definidas pelo conteúdo, pela função, emocionar, provocar ou simplesmente
para planejar uma atividade com seus pelo estilo e pela composição do mate- entreter diversos leitores. E isso é perfei-
alunos. No fim do dia, de volta h casa, rial a ser lido. E C essa soma de caracterís- tamente possível fazer na escola: a carta
pega uma coletânea de poemas na estan- ticas que define os diferentes gêneros. Ou pode ser enviada para amigos, paren- e
www.ne.org.br Especial Produgão de Texto 19
15. Práticas de linguagem 1°a050ano
e tes ou colegas de outras turmas; a lJl<UIJU3 A LUI<I<ILULAI<UU MUNILIIJIC
I
notícia pode ser diwlgada num jornal
distribuído internamente ou transfor- Dividida em semestres, cobre 1O ao 5 O ano
mado em mural; o texto literário pode e é adotada em toda a rede municipal
dar origem a um livro, produzido de for-
ma coletiva pela moçada.
Os especialistas dizem que os gêneros
são, na verdade, uma "condição didática
para trabalhar com os comportamentos
leitores e escritores". A sutileza é que eles
devem estar a serviço dos verdadeiros
conteúdos: os chamados "comportamen-
tos leitores e escritores"(ler para estudar,
encontrar uma informação específica,
tomar notas, organizar entrevistas, elabo-
rar resumos, sublinhar as informações
cantigas e adivinhas).
mais re.levantes, comparir dados entre Objetivos Desenvolver
textos e, claro, enfrentar o desafio de es- Objetivos Desenvolver ' comportamentos leitores e ler antes
coqportamentos leitores e de saber ler convencionalmente,
crevê-los)."Cabe ao professor possibilitar escritores, ler antes de saber tentando estabelecer relações entre
que os alunos pratiquem esses compor- ler e escrever sem saber o oral e o escrito.
escrever convencionalmente. Conteúdos Leitura, escrita
tamentos,utilizando textos de diferentes Conteúdos Leitura, escrita e comportamentos leitores.
gêneros", diz Beatriz Gouveia, coordena- e comportamentos leitores.
dora do Programa Alem das Letras, do
Instituto Avisa Lá, em São Paulo, e sele-
cionadora do Prêmio Victor Civita -
Educador Nota 10.
As boas opções para abordar
os gêneros em sala de aula
Existem muitas formas de trabalhar os
do sistema de escrita). Produção coletiva ou em dupla
gêneros na prática. Nos quadros que Reconto de contos conhecidos de bilhetes, convites, receitas, regras
acompanham esta reportagem, você co- com o professor como escriba, de jogos, propagandase anúncios.
preservando os elementos Reescrita coletiva de contos
nhece e compara duas propostas curricu- da linguagem escrita. conhecidos.
lares, de uma instituição privada e de urna
Objetivos Refletir sobre Objetivos Refletir sobre o
rede pública. A primeira (publicada à di- o funcionamento do sistema funcionamento do sistema de escrita
reita e nas páginas 22 e 23) é da Secretaria de escrita e apropriar-se e produzir um texto em linguagem
das caracterlsticas da escrita, recuperando os principais
de Educação de Nova Lima, na região linguagem escrita. elementos da narrativa.
metropolitana de Belo Horizonte. A se- Conteúdos Leitura e escrita Conteúdos Leitura e escrita e produção
e produção de texto oral com de texto oral com destino escrito.
gunda (da página 24 à 27) é da Escola destino escrito.
Projeto Vida, em São Paulo. Ambas co-
brem do loao 5 O ano do Ensino Funda-
mental e podem servir de exemplo para Agenda de telefones e endereços
dos alunos da turma. Coletânea de reescritas de contos
distribuir os conteúdos porque represen- Livro de parlendas preferidas ditados para o professor.
tam um passo além da chamada"norma- pelo grupo.
Objetivos Produzir um texto
tização descritiva"(a tendência de explicar ibjetivos Estabelecer um sentido em linguagem escrita, recuperando
s6 as características de cada gênero). , ara o uso do alfabeto, favorecer os principais elementos da narrativa,
situações de escrita com base em e perceber a diferença entre
Antes de detalhar como funciona a textos de memória e refletir sobre o a linguagem oral e a escrita.
abordagem que privilegia o ensino dos funcionamento do sistema de escrita. Conteúdo Linguagem escrita.
Conteúdos Ordem alfabgtica
comportamentos leitores e escritores, e leitura e escrita.
vale uma palavrinha sobre os conteúdos
clássicos da disciplina: ortografia e gra-
mática. Eles continuam sendo muito e
16. c ,
-1
n
Leitura diária de contos e poemas Leitura diária de textos literários Leitura diária de textos literários
I.
pelo professor. e informativos pelo professor. pelo professor.
Roda de conversa com media ão do Roda de conversa (emissão de Roda de conversa (escuta atenta
professor sobre temas diversiÁcados. opiniões pessoais). e manifestação de opiniões).
Roda de biblioteca (emprkstimo Roda de biblioteca (emprkstimo Roda de biblioteca (emprkstimo de
de livros e compartilhamento de livros com comentários, lembrança livros e apreciação de textos literários).
de impressões sobre eles). de trechos, indicação aos colegas Leitura compartilhada de textos
Leitura e escrita de textos de e apreciação de textos literários). informativos para estudar os
memória (poesias, adivinhas, Leitura e escrita de textos práticos temas tratados nas diferentes
cantigas e trava-llnguas). (bilhetes, cartões, avisos, anúncios etc.). áreas de conhecimento.
Leitura pelo aluno de diferentes gêneros
Objetivos Desenvolver comportamentos Objetivos Familiarizar-se com textos para localizar e selecionar informações.
leitores e utilizar as estratkgias de literários e informativos e desenvolver Escrita de textos práticos (bilhetes,
seleção, antecipação e verificação, o comportamento leitor. cartões, avisos, anúncios etc.)
considerando aquilo que já se sabe sobre Conteúdos Leitura, produção de texto
o sistema de escrita. e comportamentos leitores. Objetivos Desenvolver comportamentos
Conteúdos Leitura, escrita e leitores, aprender procedimentos que
comportamentos leitores. leitores experientes usam ao procurar
informações nos textos e pôr em jogo
os conhecimentos sobre a escrita,
considerando as caracterlsticas do gênero.
Conteúdos Leitura, produção de texto
e revisão (pontuação, coesão, coerência
e aspectos referentes a regularidades
e irregularidades ortográficas).
Leitura de várias versões do mesmo Reescrita em dupla de contos
conto para apreciar e comparar selecionados pela turma. Reescrita de contos conhecidos
a textos de qualidade.
Reconto e reescrita de uma versão
do conto escolhida pelos alunos.
Escrita em dupla de textos de memória.
Revisão coletiva das reescritas.
Leitura, com a ajuda do professor,
de textos de diferentes gêneros,
apoiando-se em conhecimentos sobre
(individualmente ou em dupla),
considerando as ideias principais do texto
e as caracterlsticas da linguagem escrita.
Escrita coletiva de brincadeiras
Revisão coletiva dos textos produzidos o tema do texto, as caracterlsticas do infantis coletadas em entrevistas
em dupla. seu portador e o gênero. e registros escritos.
Revisão coletiva (aspectos
Objetivos Conhecer e valorizar os Objetivos Participar de uma situação notacionais e discursivos).
recursos lingulsticos utilizados pelo de revisão com a ajuda do professor,
autor e considerar a importancia da visando aprimorar a escrita e ler Objetivos Produzir textos utilizando
escrita correta para ser mais bem diferentes gêneros com mais fluência. recursos de linguagem escrita e
entendida pelos leitores. Conteúdos Leitura, produção e revisão desenvolver comportamentos de escritor
Conteúdos Leitura, produção de texto de textos (aspectos notacionais (planejar, redigir, revisar e passar a limpo).
e revisão (ausência de marcas de e discursivos, considerando as Conteúdos Produção de texto oral
nasalização, hipo e hiperssegmentação, caracterlsticas lingulsticas do gênero). com destino escrito e revisão de
entre outros). textos (pontuação, coesão, coerência
e ortografia).
i Livro de cantigas de roda preferidas Leitura de contos de própria autoria Manual de brincadeiras infantis antigas
pelos alunos. para outras turmas (após o reconto, para serem desenvolvidas nas aulas
a reescrita e a revisão). de Educação Flsica.
Objetivos Escrever alfabeticamente Caderno de relatos de memórias Saraus literários (narração, reconto
textos de memória e pôr em jogo da turma com fotos e registros escritos. de contos conhecidos e declamação
os conhecimentos sobre a escrita. de poesias e trava-llnguas).
-
Conteúdo Ortografia. Objetivos Desenvolver comportamentos
rh
leitores e escritores e escrever relatos, Objetivos Desenvolver comportamentos
considerando as caracterlsticas textuais escritores (planejar o que se vai escrever,
e discursivas do gênero. escolher uma entre várias possibilidades
Conteúdos Leitura, produção e revisão de e rever após a escrita), identificar
' textos (ortografia e aspectos relacionados caracterlsticasdos gêneros orais e
3 linguagem que se usa para escrever). escritos e participar de situações de
uso de linguagem oral.
L Conteúdos Comportamentos leitores,
comunicação oral, produção de texto e
17. /
Práticas de linguagem 1°m50am
I
Leitura diária de textos literários, Leitura diária de textos literários, Leitura diária de diferentes
informativos e instrucionais informativos e práticos pelo professor. gêneros pelo professor.
pelo professor. Leitura compartilhada de textos Roda de biblioteca e roda de
Roda de conversa (manifestação informativos e de divulgação cientlfica. conversa relacionada aos projetos.
de opiniões). Roda de biblioteca e roda de conversa Leitura pelo aluno de gibis,
Roda de biblioteca (empréstimo de (discussões relacionadas aos projetos). enciclop6dias, jornais (para buscar
livros e comparação de livros lidos). Leitura de textos em diferentes informações, se divertir e aprender
Leitura compartilhada de textos portadores para buscar informações. sobre o tema).
informativos e discussão de temas.
Escrita de notlcias e de textos Objetivos Familiarizar-secom textos Objetivos Familiarizar-secom
publicitários (propagandas, cartazes, de diferentes gêneros e selecionar textos diferentes ggneros e selecionar
folhetos, slogans, outdoors etc.). em diferentes fontes, observando seu textos em diferentes fontes,
propósito enquanto leitor. observando seus propósitos.
Objetivos Desenvolver Conteúdo Comportamentos leitores Conteúdos Comportamentos leitores.
comportamentos leitores, aprender (seleção de informações e leitura
procedimentos que leitores experientes de textos informativos).
usam para fazer perguntas e fazer
colocações ertinentes e por em
jogo os con(ecimentos sobre
a escrita considerando as
caracterlsticas do gênero.
Conteúdos Leitura, produ ão de
texto e revisão (regularidaies e
irregularidades ortográficas,
coerência, coesão e pontuação).
*.Leitura para refletir sobre os Leitura e reescrita de contos Leitura de vários textos de um
recursos lingulsticos utilizados tradicionais tendo um mesmo autor, analisando os recursos
pelo autor (identificação nos contos personagem como narrador. lingulsticos utilizados por ele.
dos recursos e as caracterlsticas Reescrita individual ou em dupla Produ ão de textos práticos, informativos
próprias desse gênero). de textos informativos. e literjrios individualmente ou em dupla,
Produção de contos. Revisão coietiva ou em dupla utilizando procedimentos de escritor.
Revisão coletiva (ortografia (coerência, coesão e ortografia). Revisão de textos produzidos em dupla
e pontuação). e com a ajuda do professor.
Objetivos Reescrever um conto
Objetivos Reconhecer a leitura em primeira pessoa (o personagem Objetivos Conhecer caracterlsticas
como uma fonte essencial para 6 ao mesmo tempo narrador) discursivas e comunicativas desses gêneros,
produzir textos, aprender e desenvolver comportamentos saber reconhecer, organizar e utilizar
procedimentos de revisão e escritores. os recursos lingulsticos presentes nos textos
conhecer caracterlsticas discursivas ConteSidos Leitura de contos e aprender procedimentos de revisão.
e comunicativasdesse gênero. tradicionais, produção textual e Conteúdos Leitura, produção de texto e
Conteúdos Leitura, produção de revisão (ortografia, pontuação e revisão (ortografia, pontuação, concordância
texto e revisão (ortografia, pontuação, concordâncias verbal e nominal). nominal e verbal e aspectos discursivos).
Apresentação de um conto Leitura e produção de jornal mural. Roda de leitura com a participação
produzido pela turma para os alunos Indicação literária de vários livros dos pais (apresentações, apreciações
da escola. e autores ara a maior circulação
de livros biblioteca da escola.
Objetivos Recuperar os elementos
da narrativa com base na linguagem Objetivos Reescrever e produzir textos
que se usa para escrever. utilizando procedimentos de escritor.
Conteúdos Leitura e Conteúdos Leitura de jornais, Objetlvos Favorecer a troca de
produção de texto. produção de texto e revisão experiências de leitura e p8r em
(aspectos notacionais e discursivos). jogo os conhecimentos sobre a escrita
considerando as caracterlsticas do gênero.
Conteúdos Leitura, produção de texto.
e revisão (ortografia, pontuação
e aspectos discursivos).
18. & importantes nesse novo jeito de pla-
nejar, pois conhecê-los é essencial para
que os alunos superem as dificuldades.
Que tempo verbal usar para contar algo
que já ocorreu? Que recursos de coesão
e coerencia garantem a compreensão de
uma história? "Saber utilizar a língua é
Leitura diária de diferentes generos Leitura diária de diferentes g@neros o que mais influencia a qualidade textu-
textuais pelo professor. textuais pelo professor.
Roda de biblioteca (com emprkstimo Roda de biblioteca (emprkstimo al: ressalta Beth Marcuschi. Para alcançar
de livros). de livros). isso, porém, não é necessário colocar a
Roda de conversa (emissão de opiniões Roda de conversa, participação
sobre determinado assunto para em seminários e entrevistas. ortografia e a gramática como um fim
argumentar e contra-argumentar). Leitura pelo aluno com diferentes em si mesmo, ocupando o centro das
Leitura de textos para buscar propósitos.
informações, compreender e estudar. aulas. Assim como os gêneros, elas são
Objetivos Participar de situações um meio para ensinar a ler e escrever
Objetivos Participar de situações de intercâmbio oral, trocando cada vez melhor.
de interclmbio oral, trocando opiniões, opiniões, planejando e justificando sua
planejando e justificando sua fala, fala, e adquirir comportamentos leitores. Nas propostas curriculares da Escola
e adquirir comportamentos leitores. Conteúdos Leitura e comunicação Projeto Vida e da rede de Nova Lima,
Conteúdos Comportamentos leitores oral (seminárioe entrevista).
e comunicação oral. você vai notar que não existe uma pro-
gressão de aspectos "mais fáceis" para
outros "mais dificeis", pois qualquer gê-
nero pode ser trabalhado em qualquer
ano. "O que deve variar conforme a idade
é a complexidade dos textos", afirma Re-
gina Scarpa, coordenadora pedagógica de
NOVA ESCOLA.Alem disso, é fundamen-
* Leitura para refletir sobre a escrita Revisão de textos produzidos por tal retomar o estudo sobre determinado
(reconhecer os recursos lingulsticos alunos de outras turmas (elaborar
presentes nos diversos tipos de texto). devolutivas, fazendo algumas g&nero(em diferentes momentos, mas
Pesquisa sobre determinado assunto
(selecionar os textos de acordo com os
propósitos da leitura e fazer resumos).
- considerações sobre o texto revisado).
Leitura de artigos de opinião, noticias,
re ortagens e resenhas para desenvolver
para atender a necessidades específicas
de aprendizagem).
Produção de textos informativos. a gmiliaridade com esses eneros.
Revisão das produções escritas. Produçbo de resenhas dos!ivros lidos.
A turma deve saber que cada
Objetivos Reconhecer a leitura como Objetivos Revisar textos assumindo t i p o de texto tem um suporte
o ponto de vista do leitor e conhecer
A apresentação dos textos 6 outro ponto
informações e revisar textos assumindo essencial: eles devem ser trabalhados em
o ponto de vista do leitor. Conteúdos Leitura, produção de
Conteúdos Análise e reflexão sobre resenhas e revisão (pontuação,ortografia, seu suporte real. Se você quer usar repor-
a Ilngua, produqão de texto e revisão concord%ncia verbal e nominal, adequação tagens, tem de levar para a sala jornais e
(aspectos notacionais e discursivos). ao g@nero,coerencia e coesão textual).
revistas de verdade. Para explorar receitas,
6 preciso que os alunos manuseiem obras
de culinária. Na análise de bio@ias, é
Livro de cruzadinhas da turma Produção de jornal da turma.
com verbetes (reflexão orto ráfica Elaboração de resenhas de livros para fundamental cada um dispor de livros
considerando as regularidales apresentar a outras turmas da escola. desse tipo. E assim sucessivamente. Por-
e irregularidades ortográficas).
Elaboração de um folheto informativo Objetivos Expressar sentimentos, tanto, nada de oferecer apenas uma carta
sobre um tema estudado. ideias e opiniões com base na leitura que esteja publicada (ou resumida) nas
efavorecer a familiaridade e o uso
Objetivos Refletir sobre a escrita dos diversos gêneros textuais em páginas do livro didático.
das palavras, considerando as regularidades situações significativas. Isso posto, é hora de mergulhar nos
e irregularidades ortográficas, e p8r Conteúdo Produção de textos
em jogo os conhecimentos sobre a escrita, jornallsticos e resenhas. currículos.O fio condutor que aproxima
considerando as caracterlsticasdo genero. as duas propostas é a preocupação de
Conteúdos Ortografia e produção
de textos informativos. fazer a turina transitar pelas três posições
enunciativas do texto: ouvinte, leitor e
escritor. É nessa "viagemJ'de possibilida-
des que a garotada exercita os tais com-
portamentos leitores e escritores. Em e