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Baixar para ler offline
A R E V I S T A D E Q U E M EDUCA

                                                                                EDICÃO     3



                                                                               ESPECIAL
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                                                                                  :      docinhos                :
          professor                                                               :     parafestas
         nascido nos                                                                     em geral.
       Estados Unidos.                                                                 Encomendas                :
          Falar com
                                                                                  :      com três                I
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                                                                                          Cilene.
                                                                                                                 I
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                                                                                 itaçáo de trabalhos escolares       i
                                                                                 k'
                                                                                 kssados entrar em conta
                                                                                      com Kátia.




                                                                                               W m a i
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                                                                                                    a
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                                                                                       T
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                                                                                                    -

                      Ler, planejar, escrever, revisar, reescrever,..=ggz;z                e




                     Tudo o que seus alunos precisam saber para ZS3'Lr r..& =-                 *

                     redigir com coerência, coesãi 2 criatividade E
índice




  secões    3                                     reportagens
   7 CARO EDUCADOR                                12 EXREVER DE VERDADE
                                                       O que a turma precisa saber para redigir boas composições
   9 FALA, MESTRE1 Mirta Torres
  54 ESTANTE                                      18 G~NEROS,
                                                            COMO USAR
                                                       Explore as caracteristicas dos diferentes tipos de texto
  58 ARTIGO Márcia V. Fortunato                        O QUE i PARIIQUE(M)
                                                       Projetos didáticos garantem produções de qualidade
                                                  32 O QUE CADA UM SABE
                                                       Conheça o nível dos estudantes para saber o que trabalhar
                                                         t PARA ESCREVER
                                                       como bons autores podem inspirar a meninada
                                                  38      hDA REESCRT
                                                       ~ u d ao narrador da nistória é um caminho para a autoria
                                                               r
                                                       RAIO 1
                                                       Leitura e resumo sao procedimentos essenciais para estudar
                                                  45 HORA             APERFEICOI
                                                       Revisar   db   produções é UIII meio de conquistar a autonomia
                                                  48 DE OWO NA TELA
                                                       A utilidade do computador no processo de revisão
                                                  51 UÇAOOEMESTRE
                                                       Seguir o estilo de autores profissionais ajuda a escrever melhor
                         Foto Derc/li0
  ~GRAOECIMEMOSA    BEATRIZGOUVEIAE A PROFESSOU
  .LAUDIA TONDATO, DA EMEF PROFESX>R ROSALVITO
  :OBRA, DE SAO CAETANO W SUL, SP
................................................................................................................................................................................

                                                                                                                                 Caro educador


                         Fundador: VICiOR C M T A
                               (1907-1990)
                        Presidente: Roberto Cinta
                Diretora Executiva: Angela Dannemann
        Conselheiros: Roberb CMia, G i a n d o Prancesco Civita,
                 V i c m Civik, RoberiaAnamaria Civila,
        Maria Antonia MagalhHes Civita, Claudio de Moura Castro,
         Jorge GerdauJohannpeter, José Augusto Pinto Moreira,
                   Marcos MagaihHa e Mauro CaiIian




                  Diretor de Redaçáo: Gabriel Pillar Grossi
                      Redatora-cheíe: Denise PeUegrini
                     Diretora de Aite: Manuela Novais
                 Coordenadora Pedag6gica: Regina Scarpa
         Editores: Beabiz Vichessi, Rodrigo Ratier e Ronaldo Nunes
                     Editora-assistente:Bmna Nicolielo
               Reoórteres: Ana Rita Maiiins. Andemn Moco.    '
                 ' Beauit Santomauro e ~ i i n c a Bibiano
                         Estagibria: Camila Monroe
                        Editora de Arte: lulia Bmwne
                Designers: Alice ~asconieiios Victor Malta
                                                e
                  Atendimento ao Leitoi: Marina S i e o n i
                        NOVA ESCOLA EDIGO WEB
                           Editor: Ricardo Falzetia
          Editoras-assistentes: Elisa Meireiies (projetas especiais),
                       Janaína Castro e Paula -da
                           Rei>Órtei: Pauia Nada1
                       Editor de Arte: Vdmar Oliveira
                   Webmastetci: núago Barbosa de Moura
                     NOVA ESCOLA GESTÁO        ESCOLAR
                           Editora: Paola Gentile
                       Editora de Arte: Renata B o m
                 Editoraassistente: VerBnica Fraidenraich
               Rep6ttcres: Gustavo Heidrich e Noemia Lopes

                                                                                   Escrever mesmo
                   PRODUÇÃO TEXTO
                           DE                                                      A       preocupação com a qualidade do
                                                                                           ensino 6 cada vez maior em nosso
                                                                                   país, certo? Em parte por causa das ava-
                                                                                                                                este especial. Entrevista, artigo e repor-
                                                                                                                                tagens sobre as pesquisas na área e expe-
                                                                                                                                riências reais de sal: de aula ajudam a
                 Diretor de Redaeo: Gabriel Pillar Grossi
                    Redatora-chefe: Denise Peiiegrini                              liações externas (que mostram que os         entender por que 6 importante formar
                    Diretora de Arte: Manuela Novais
                 Coordenadora Pedag6gica: Regina Scarpa
                                                                                   alunos têm desempenho muito abaixo           alunos capazes de expressar as próprias
                         Editora: Beatriz V i c h d
                       Dedgner: Alice Vaxoncellos
                                                                                   do esperado nas duas disciplinas), em        opiniões por meio da palavra escrita e,    -
               Colaborou nesta edição: Paulo Kaiser (reviao)                       parte por causa dos indicadores de alfa-     assim, construir um percurso como au-
                                                                                   betismo funcional (que insistem em se        tor. Sem dúvida, uma das mais impor-
                                                                                   manter muito elevados, confirmando           tantes atribuições de toda escola.
                              COMERCIAL
              Gerente de Publicidade: Sandra Moskovich
                                                                                   que os brasileiros adultos não conseguem
                Publicidade: Fernanda Sant'Anna Rocha                              ler, escrever e fazer contas com facilida-
         Gerente de Marketing e Publicações:Mirian D i N i m
                Gerente de Assinaturas: Rosana Berbel                              de), em parte por causa dos próprios in-
            Gerente de Circula~So  Avulsas: Maurício Paiva
         Analista de ClrculaçBo e Marketing: Eliiabeth Sachetii
                                                                                   dicadores internos das escolas (que reve-
             Pacotes de Assinaturas: Cynthia VasconceUos                           lam altas taxas de repetência e um gran-
                       Analista de Planejamento
                e Controle Operacional: Kútia Gmenes                               de número de crianças e jovens analfa-
                   Processos Gráficos: Vitor Nogueira                              betos ao fim do 7 O , 8 O ou 9O ano).
                                                                                      Ao longo de 2009, NOVA ESCOLA
       NOVA ESCOLA edl@o   =pedal Rodu@deTm (EAN789-3614-0689815)
       e uma pubUcaç80 da Ruidaq% Maoi Chrlie üisúibuida em todo o pais pela       publicou uma série de reportagens
       Dlsoibuidora Nadonal de PuMig@es (Dlnap SA), Pnulo. NOVA
                                                         São                       (acompanhadas de sugestões de ativida-
       ESCOU não admite publiddade ndadonal.
                                                                                   des) para ajudar os professores a traba-
                  IMWSSA NA D m O G&KA DA EDITORA *BRIL                .
                   Av. Otaviano Alver da U m 4400. CEP 02909.900
                                                                                   lhar com seus estudantes os principais
                            m do 6. a huio. SP
                             i
                             a      o                                              conteúdos e procedimentos ligados à
                                    MARÇO, 2010
                                                                                   produção de texto. Todo o material foi
                                                                               I   revisado e complementado para montar                         Diretor de Redaçâo

                                                                                                                                www.ne.org.br   Especial Produqão   de Texto   7
Fala, mestre!




"0 bom texto é o que cumpre
o propósitode quem o produzn
Pesquisadora argentina defende que, para trabalhar com produção
textual, os professores também precisam ser bons leitores e escritores
ANA GONZAGA novaescola@atleitor.com.br



S     e ensinar as crianças a produzir tex-
      tos de qualidade é um desafio, pre-
 parar os educadores para realizar essas
                                                projeto Maestro + Maestro, que, preven-
                                                do dois professores para cada sala de au-
                                                la, visa diminuir as dificuldades de estu-
                                                                                              Como definir o que 6 uma produção
                                                                                              de qualidade?
                                                                                              MIRTA TORRES O escritor tem de ter
 tarefas 6 uma responsabilidade igual-          dantes do l0 grau, etapa em que se con-       um propósito claro que o leve a escrever,
 mente complexa e instigante. E é essa          centram os maiores índices de repetência      tal como preparar um texto para o semi-
 missão que Mirta Torres tomou para di-         no sistema argentino.                         nário ou um convite para uma festa. O
 recionar sua ,carreira. Especialista em           Apesar da pouca afinidade com a lín-       bom texto C aquele que cumpre o propó-
 didática da leitura e da escrita, ela já foi   gua portuguesa, Mirta garante que sua         sito de quem o produz.
 diretora de Educação primária de Bue-          experiência pedagógica na Argentina po-
,nosAires e esteve à frente de vários pro-      de ser bastante útil para os professores      Para isso, o que é preciso ser ensina-
 gramas de melhoramento pedagógico.             que lidam com produ~ão texto no
                                                                              de              do aos alunos?
 Atualmente, coordena um grupo que              Brasil. "Valem o raciocínio e as estraté-     MIRTA Diversos aspectos colaboram pa-
 trabalha com a alfabetização de alunos         gias", diz ela, que concedeu esta entrevis-   ra que sejam produzidos textos qualifica-
 que foram reprovados ou entraram na            ta por telefone ? NOVA ESCOLA de sua
                                                                  I                           dos entre aceitáveis e bons. A turma toda
 escola mais tarde e tambdm integra o           residência, em Buenos Aires.                  deve ser incentivada a escrever de      e
                                                                                                www.ne.org.br Especial Produgão de   Texto   9
Fala, mestre! MIRTA TORRES

     emaneira habitual e frequente.Tal co- (CT al como um piloto                             em um personagem e o leitor sabe que
     mo um piloto de avião precisa acumular                                                  se fala dele, não C necessário escrever seu
                                                                                             nome. Podemos colocar 'o', 'a', 'os', 'as"'.
     horas de voo para ser hábil, um escritor
     precisa somar muitas oportunidades de
                                                      de avião precisa
     &crita. Na prática, que; dizer que os es-
     tudantes devem ser estimuladosa elabo-
                                                     ac umu1a r horas de                      Para escrever bem, 6 fundamental ser
                                                                                              um bom leitor?
     rar perguntas sobre um tema estudado e          VOO para ser h bi1,                      MIRiA Sim. A formação leitora ajuda na
     resumir a matéria para passar a um cole-                                                 formação do escritor. A familiaridade
     ga que htou. escritos menos ambi-
                     são                             um esc r itor precisa                   com outros'textos fornece modelos e co-
     ciosos, porém também exigem escrever,                                                   nhecimento sobre outros gêneros e es-
     ler e corrigir. Embora, em muitas situa-           somar muitas                         truturas. Devemos ler como escritores:
     ções escolares de escrita, o texto não te-                                              voltar ao texto para verificar de que ma-
     nha outro propósito a não ser o de escre-         oportunidades                         neira um autor resolveu um problema
     ver para aprender a escrita, C fundamen-
     tal gerar condições didáticas com sentido
                                                          de escrita. 11                     semelhante ao que temos em mãos, por
                                                                                             exemplo. No mais, a leitura desperta o
     social. Elas devem garantir a construção                                                desejo de escrever. Cabe 21 escola abrir
     de produções contextualizadas, que ul-                                                  diversas possibilidades: oferecer titulos
     trapassem os muros da escola, como uma        concluíram. "Como poderíamos evitar       que fascinam crianças e jovens sem refor-
     solicitação por escrito para o diretor de     isso?: ela perguntou. Os pequenos suge-   çar o que o mercado já oferece de manei-
     um museu, de permissão para uma visi-         riram correções: "Pinóquio caiu no mar    ra excessiva. Não precisa ofertar livros do
     ta. Assim, antes de começar a escrever,       e a baleia o engoliu. A baleia ficou com  Harry Potter, mas obras de Robert Louis
     aprende-se que C preciso saber quem é o       ele em sua barriga durante três dias e    Stevenson (1850-1894), como A Ilha do
     leitor e as informações necessárias.          depois de três dias o jogou na praia". De-Tesouro, precisam ser recomendadas. Arn-
                                                   pois disso, a professora sugeriu que o    bos são valiosos, só que, se os do segundo
     Por isso é ruim propor que se escreva         fragmento correspondente do conto fos-    tipo não forem oferecidos, dificilmente
     sobre um tema livre ou aberto, por            se relido, o que resultou na troca de bar-os leitores vão decidir lê-los. Mas há que
     exemplo, "Minhas Ferias"?                     riga por ventre. Para evitar a repetição da
                                                                                             destacar que nem todo bom leitor d um
     MIRTA A escrita nunca deve ser livre.         expressão "três dias", foram propostas al-bom escritor. Muitos de nós somos exce-
     Precisa ser produzida em um contexto,         gumas opções: "ao final desse tempo",     lentes leitores, porém somente escreve-
     sempre. A psicolinguista argentina Emi-       "logo","depois" e "então" As crianças es- mos de modo aceitável.
     lia Ferreiro caracteriza muito bem essa '     colheram "logo". Assim que se chegou à
     questão. Ela diz que "não há nada menos       terceira versão, um menino disse que al- O que se espera de um educador co-
     livre do que um texto livre". Muitas coi-     go soava mal, repetindo a expressão que mo leitor?
     sas incidem sobre qualquer texto: os pro-     a docente já havia usado. Ele continuou: MIRTA Ele deve desfrutar da leitura, es-
     pósitos que guiam a escrita, os destinatá-    "Quando Pinóquio cai no mar, trata-se tar atento aos gostos dos estudantes e
     rios e a situação comunicativa. As crian-     de uma baleia, uma baleia qualquer. De- considerar sua importância como uma
     ças têm de aprender que o material deve       pois, quando ela carrega Pinóquio du- ponte entre eles e os textos. Pequenas, as
     se refletir no leitor.                        rante três dias na barriga, no ventre, en- crianças não podem sozinhas e, já maio-
                                                   tão é a baleia porque não se trata de uma res, precisam de ajuda para acessar gran-
     Como os educadores podem ajudar               baleia qualquer".Então, foi reescrito: "Pi- des obras, que não enfrentariam por
     os estudantes a refinar seus textos?          nóquio caiu no mar e uma baleia o en- iniciativa própria. É válido destacar que
     MIRTA Vou responder citando um caso           goliu. A baleia ficou com ele em seu o docente que seja um bom leitor 6 capaz
     de alunos de 7 anos que estavam reescre-      ventre durante três dias e logo o jogou de descobrir a ambiguidade, a obscurida-
     vendo a história de Pinóquio. Eles dita-      na praia".                                  de ou a pobreza presentes nos textos e
     vam para a professora: "Pinóquio caiu no                                                  compartilhar isso com o grupo.
     mar e a baleia o engoliu. A baleia ficou      Como a professora fez para que os
     com Pinóquio em sua barriga durante           alunos incorporassem essa prática?        A partir de quando os alunos devem
     três dias e depois de três dias jogou Pin6-   MIRTA Durante a produção, ela recor-      produzir textos?
     quio na praia". Ela leu em voz alta o pa-     dou com a turma como e por que havia      MIRTA Essa atividade pode ser anterior
     rágrafo, comentou que algo soava mal e        sido substituído o nome Pinóquio a fim    A aquisição da habilidade de escrever. As
     releu enfatizando o nome Pinóquio.            de que fosse elaborada uma regra geral,   discussóes entre eles e o professor sobre
     "Fala-se muitas vezes o nome Pinóquio",       registrada no caderno: "Quando se fala    ''como fica melhor", "como se poderia

10 Especial Produgáo de Texto www.ne.org.br
dizer'', "o que falta colocar" permitem                                                            ções. O texto eleito para ser revisado co-
refletir sobre a escrita. Assim, muitos,           ((AS etapas                                     letivamente deve representar os obstácu-
antes de estarem plenamente alfabetiza-
dos, já conhecem as características da
                                                  de produ~ão   de                                 los que a maioria encontra. Uma vez
                                                                                                   descobel-tos no texto do companheiro os
linguagem escrita por terem escutado
bastante leitura em voz alta. Quer dizer,
                                                 texto não devem                                   aspectos que devem ser revistos, o profes-
                                                                                                   sor pode sugerir que cada um revise sua
já podem se dedicar à produção de tex-            ser enumeradas                                   própria produção.
tos, como ditames. Lembro-me de um
projeto chamado Cuentos de Piratas, de-         porque não são fixas                               Como ensinar gramática e as normas
senvolvido com crianças de 5 anos. A .                                                             da língua no interior das práticas de
professora lia para elas os contos e todos       e sucessivas, mas                                 leitura e escrita?
levavam os livros para casa para reler e                                                           MtRTA Efetivamente,se recorrem à gra-
folhear. Depois, juntamente com a do-               um processo                                    mática e às normas da língua quando é
cente, faziam listas de personagens, to-
mavam nota dos conflitos que apareciam
                                                    de vai e vem. 13                               necessário penetrar em aspectos da com-
                                                                                                   preensão de um texto, como "qual é o
em histórias de piratas, colocavam legen- ....................................................     sujeito do parágrafo?", mas principal-
das na imagem de um barco: timão, vela,                                                            mente para revisar. De acordo com a ida-
proa, popa. Finalmente, em grupo, cria- MIRTA As situações didáticas de escrita                    de da garotada, alguns aspectos são reto-
ram uma história de piratas.                não são todas iguais. Em alguns casos, é               mados em outros momentos, dedicados
                                            interessante observar os escritos durante              s6 A reflexão gramatical.
Quais são as etapas essenciais da pro- o processo para ajudar a turma a relê-los,
dução de texto?                             a retomar o fio do relato e a corrigir uma             É comum encontrarmos pessoas que
MIRTA A escrita propriamente dita leva expressão. Em outros, é melhor deixar                       dizem não saber escrever bem e se
tempo: se escreve e se relê para saber co- que escrevam sem intervir. Há alguns                    sentem mais seguras ao falar, o que
mo prosseguir, o que falta, se está indo anos, em um projeto com crianças de 7                     leva a entender que a passagem do
bem, se convém substituir algum pará- e 8 anos, lançamos mão de um recurso                         oral para o escrito é o ponto de di-
grafo ou reescrever tudo. O processo de didático que deu ótimos resultados. Or-                    ficuldade delas. Como isso pode ser
leitura e correção não 6 posterior à escri- ganizávamos as aulas de modo que não                   enfrentando na escola?
ta, mas parte dela. Ao considerar termi- houvesse tempo suficiente para terminar                   MIRTA Não creio que isso se deva à pas-
nado, o passo seguinte é reler ou dar os textos, fazendo com que o gmpo pro-                       sagem do oral para o escrito. A fala per-
para outro leitor fazer isso e opinar. Fei- duzisse apenas uma parte dele. Na aula           mite gestos, alusões que reforçam o peso
tas as cor:eçÕes finais, passa-se o texto a seguinte, a produção era lida para recor-        do que foi dito. Temos uma grande prá-
limpo com o formato mais ou menos dar até onde haviam chegado e decidir                      tica cotidiana na comunicação oral e
definitivo.Contudo, as etapas não devem como continuar. Essa situação genuína                muito menor na escrita. Quem considera
ser enumeradas porque não são f i a s e da releitura permite descobrir erros, pen-           mais fácil se comunicar oralmente está,
sucessivas. Elas constituem um processo sar formas apropriadas de expressão, en-             sem dúvida, pensando em trocas familia-
de vai e vem.                               fim, ajuda a tomar distância do escrito e        res e não em apresentações orais formais,
                                            retomá-lo como leitor.                           como as conferências, que exigem verba-
Como o educador deve escolher o que                                                          lizar e organizar todos os momentos da
enfocar primeiro na revisão?                    É válido que os próprios alunos revi- exposição. Nesses casos, as dificuldades
MIRTA Cada texto é único. Todavia, 6            sem os textos dos colegas?                   encontradas são parecidas com a de es-
ikprescindivel - sobretudo com turmas           MIRTA Minha experiência mostra que crever. Ensinar a escrever e a falar de for-
que já têm autonomia na produção - fa-          nein sempre é produtivo que os estudan- ma aceitável exige empenho do profes-
zer uma primeira leitura para checar a          tes leiam mutuamente as produções dos sor, que deve guiar a turma com mãos
coerência. Se os alunos se concentrarem         i ~ m ~ a n h e i r o s . menores não enten- firmes e seguras.
                                                                     Os                                                                            a
em detalhes, podem não conseguir che-           dem a letra e os maiores nem sempre
car a coerência geral.                          sabem o que procurar, o que faz com que                      :8
                                                                                                                                ....................
                                                fiquem detidos em detalhes que não in- i
                                                                                             : Mirta Torres, mirtatorres5@Jgmail.com
Fazer intervenções enquanto os estu-            terferem na qualidade final. A revisão : internet                                                  b
dantes produzem é correto?Ou é me-
Ihor deixá-losterminar e revisar só ao
fim do trabalho?
                                                dos colegas ganha valor quando o profes- i Em abc.gov.arllainstitucion~ na busca
                                                sor propõe revisar conjuntamente o tex- i hombnimo de ~i~ castedo (em espanhol),
                                                to, orientando a leitura e sugerindo op- '
                                                                                                                                 digite
                                                                                             : sobre enseiiar a leery escribir e acesse o texto
                                                                                                                                                 1 H

                                                                                                        www.ne.org.br Especial Produqáo de Texto       11
Producão de texto
                3                                  10aopam




    tscrever
    de verdade
     Para produzir textos de qualidade, seus alunos têm de saber o que
     querem dizer, para quem escrevem e qual é o gênero que melhor
     exprime suas ideias. A chave é ler muito e revisar continuamente
     THAIS GURGEL novaescola@atleitor.com.br Colaborou Tadeu Breda




     N       arração, descrição e dissertação. problema seja resolvido por um órgão
             Por muito tempo, esses três tipos público: cada uma dessas ações envolve
     de texto reinaram absolutos nas propos- um tipo de texto com uma finalidade,
                                                                                            exemplo, sejam conteúdos a apresentar
                                                                                            aos alunos sem que eles os tenham iden-
                                                                                            tificado pela leitura. Um risco é cair na
     tas de escrita. Consenso entre professores, um suporte e um meio de veiculação         tentação de transmitir verbalmente as
     essa maneira de ensinar a escrever foi específicos. Conhecer esses aspectos é a        diferentes estruturas textuais. Cabe ao
     uma das responsáveis pela falta de profi- condição mínima para decidir, enfim, o       professor permitir que as crianças adqui-
     ciência entre nossos estudantes. O traba- que escrever e de que forma fazer isso.      ram os comportamentos do leitor e do
     lho baseado nas composições e redações Fica evidente que não são apenas as ques-       escritor pela participação em situações
     escolares tem uma fragilidade: ele não tões gramaticais ou notacionais (a orto-        práticas e não por meras verbalizações.
     garante o conhecimento necessário para grafia, por exemplo) que ocupam o cen-             Ensinar a produzir textos nessa pers-
     produzir os textos que os alunos terão de tro das atenções na constnição da escrita,   pectiva prevê abordar três aspectos prin-
     escrever ao longo da vida. "Nessa antiga mas a maneira de elaborar o discurso.         cipais: a construção das condições didáti-
     abordagem, ninguém aprendia a consi-          Há outro ponto fundamental nessa         cas, a revisão e a criação de um percurso
     derar quem seriam os leitores. Por isso, transformação das atividades de produ-        de autoria, como explicado a seguir.
     não havia a reflexão sobre a melhor es- ção de texto: quem vai ler. E, nesse caso,
     tratégia para pôr as ideias no papel", diz você não conta. "Entregar um texto para     Os textos redigidos em classe
     Telma Ferraz Leal, da Universidade Fe- o professor é cumprir tarefa", diz Feman-       precisam de um destinatário
     deral de Pernambuco (UFPE).                 da Liberali, da Pontifícia Universidade    "Escreva um texto sobre a primavera."
        Para aproximar a produção escrita das Católica de São Paulo (PUC-SP). "Para         Quem se depara com uma proposta como
     necessidades enfrentadas no dia a dia, o que o aluno fique estimulado com a pro-       essa imediatamente deveria se fazer algu-
     caminho atual é enfocar o desenvolvi- posta, 6 preciso que veja sentido nisso."        mas perguntas. Para quê? Que tipo de
     mento dos comportamentos leitores e O objetivo é fazer com que um leitor               escrita será essa? Quem vai lê-la? Certas
     escritores. Ou seja: levar a criança a par- ausente no momento da produção com-        informações precisam estar claras para
     ticipar de forma eficiente de atividades preenda o que se quis comunicar.              que se saiba por onde começar um texto
     da vida social que envolvam ler e escre-      O primeiro passo é conhecer os diver-    e se possa avaliar se ele condiz com o que
     ver. Noticiar um fato num jornal, ensi- sos gêneros. Isso não significa que os re-     foi pedido. Nas pesquisas didáticas de
     nar'os passos para fazer uma sobremesa cursos discursivos,textuais e linguísticas      práticas de linguagem, essas delimitações
     ou argumentar para conseguir que um dos contos de fadas e da reportagem, por           se denominam condições didáticas de*

12 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br
I-
                                                                             I




    DESV                       TERM(
     ASSU,. m w                DESNECESSAR
    O autor chama              As palavras          V   a r u r l u ar1
     'tenção para a            "marginaisJ;         que.0~ jove        êm
        'estão dos assaltos,   "assa1tantes"e       consciência para
       1s logo foca em
         "                     "criminosos"são      assumir os crimes
       utras situações qt      usadas com o mesmo   que cometem,
r   envolvem men
    de idade sem s,
                         ,     propósito, o que     mas não expõe
                               deixa a produção     nada que ju        que
    iprofundar.                com Pouca fluidez.   essa ideia.
                                                              . . .. .
                                                                 LJ
                                                                  '
                                                              , ,' .
..................................
                                                                                                                  .............................
                                                                                   ................................
                                                 ....................................
                  ................................
...................
qoducão de texto    3
                                                                10ao.       a-


                                          ...
                                          ..
                                           ..           -


                             BIOGRAFIA
                             Dados ordenados cro ogicamente e recursos linguísticas q u e asseguram a c
                             tem   --I 'como os advérbios) são algumas das características do gêner




                                                                                                                                                                                   1



                                    t
                                    L~   .    .-




                                                                                                      ,DOS 3t_F




                                                                                                                                             -
                                                              :ORMAÇÕES                               PLICAÇn                              -E       C-
                                                                                     -        Alguns t -
                                                                                                     e                                      ~ ~ ~ p o r t a n t e w a m ' * - ~

                           a grod~w
                                    O
                           " v.-.-- , inich
                                                          d«te texta                          , g r niiian>
                                                                                               i n on    i
                                                                                                           i*lw
                                                                                              d«-m claro o 4*
                                                                                                                                            m      a de
                                                                                                                                                                 P.R
                                                                                                                                                       1"lwrn~- em -
                                                                                                                                                                       * O

                           ~t~~CwiRCntei                  mectiV<n e                                                                        orgíni# as
                                                                                                                                                                      f

                                         ea               f r a e r-11    que                                                               -,    vew    conjugadolM mwc'
                           d m d,erinslmtntO              O autm cdheu or
                           do biograf*                    d*s     para o tmo
                           uracterfrtkis                   respondendo                                                                      6 aw~ln"--
                           que marom o @nem.               ~ I J C S ~de ~ S li+,:
                                                                       ~ uma                  :,?
                                                                                                ..,      .        -,        ?.: : .........
                                                                                                    , ~ l ~ - ~ ~1c - . p ! O . : ,; L
                                                                                                                                : .:,.;,       e...Ia.;.+.-. ..,-:,
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,  . produção textual. No que se refere ao     principais notícias do momento, como o        preender quais são os elementos princi-
  exemplo citado, fica difícil responder às       surto de dengue no Rio de Janeiro e a         pais desse problemaen
  perguntas,já que esse tipo de redação não       discussão sobre a maioridade penal. Com
  existe fora da escola, ou seja, não faz par-    as características do gênero já discutidas    A revisão vai além da ortografia
  te de nenhum gênero.                            e frescas na memória, todos passaram à        e foca os propósitos do texto
     De acordo com Bernard Schneuwly e            produção individual (7eia o texto de um dos   Produzir textos é um processo que envol-
  Joaquim Dolz, o trabalho com um gêne-           alunos na página 13).                         ve diferentes etapas: planejar, escrever,
  ro em sala é o resultado de uma decisão            A primeira versão foi lida pela profes-    revisar e reescrever. Esses comportamen-
  didática que visa proporcionar ao aluno         sora. "Sempre havia observações a fazer,      tos escritoressão os conteúdos fundamen-
  conhecê-lo melhor, apreciá-lo ou compre-        mas eu deixava que os próprios meninos        tais da produção escrita. A revisão não
  endê-lo para que ele se torne capaz de          ajudassem a identificar as fragilidades",     consiste em corrigir apenas erros ortográ-
  produzi-lo na escola ou fora dela. No ar-       diz Maria Teresa. Divididos em pequenos       ficos e gramaticais, como se fazia antes,
  tigo Os Gêneros Escolares - Das Práticas de     grupos, os alunos revisaram a produção        mas cuidar para que o texto cumpra sua
  Linguagem aos Objetos de Ensino, os pesqui-     de um colega, escrevendo um bilhete pa-       finalidade comunicativa. "Deve-se olhar
  sadores suíços citam ainda como objetivo        ra o autor com sugestões e avaliando se       para a produção dos estudantes e identi-
  desse trabalho desenvolver capacidades          ela estava adequada para a publicação.        ficar a que provoca o estranhamento no
  transferíveis para outros gêneros.              Eram comuns comentários como "argu-           leitor dentro dos usos sociais que ela terá",
     Para que a criança possa encontrar so-       mento fraco" e "falta conclusão".             explica Fernanda ~iberali.
  luções para sua produção, ela precisa ter          "Envolver estudantes de 6 O a 9 O ano na       Com a ajuda do professor, as tumas
  um amplo repertório de leituras. Essa           produção textual é um grande desafio",        aprendem a analisar se ideias e recursos
  possibilidade foi dada à turma de 9 O ano       ressalta Roxane Rojo, da Universidade         utilizados foram eficazes e de que forma
  da professora Maria Teresa Tedesco, do          Estadual de Campinas (Unicarnp)."Mui-         o material pode ser melhorado. A sala de
  Centro de Educação e Humanidades Ins-           tas vezes, eles tiveram de produzir textos    3 O ano de Ana Clara Bin, na Escola da
  tituto de Aplicação Fernando Rodrigues          sem função comunicativa durante a es-         Vila, em São Paulo, avançou muito com
  da Silveira - conhecido como Colégio de         colaridade inicial e, por acreditaremque      um trabalho sistemático de revisão. Por
  Aplicação da Universidade Estadual do           escrever C uma chatice, são mais resisten-    um semestre, todos se dedicaram a um
  Rio de Janeiro (Uerj). Procurando desen-        tes." Atenta, Maria Teresa soube driblar      projeto sobre a história das famílias, que
  volver a leitura crítica de textos jomalis-     o problema. Percebendo que a turma            culminou na publicação de um livro,
  ticos e o conhecimento das estruturas           andava inquieta com a proibição por par-      distribuído também para os pais. Dentro
  argumentativas na produção textual, ela         te da direção do uso de short entre as        desse contexto, ela propôs a leitura de
  propôs uma atividade permanente: a cada         meninas, ela fez diko o tema de um edi-       contos em que escritores narram histórias
  semana, um grupo elegia uma notícia e           torial do jornal mural.                       da própria iXancia. Os estudantes se en-
  expunha A turma a forma como ela tinha             "Para que algudm se coloque na posi-       volveram na reescrita de um dos contos,
  sido tratada nos jornais. Depois, seguia-se     ção de escritor, é preciso que sua produção   narrado em primeira pessoa. Eles tiveram
  um debate sobre o tema ou a maneira             tenha circulação garantida e leitores de      de reescrevê-lo na perspectiva de um ob-
  como 9s reportagens tinham sido veicu-          verdade", diz Roxane. E todos saberiam a      servador - ou seja, em terceira pessoa. A
  ladas. Paralelamente, os estudantes tive-       opinião do aluno sobre a q'uestão, inclu-     segunda missão foi ainda mais desafiado-
  ram contato com textos de finalidades           sive a diretoria. "Só assim ele assume        ra: contar uma história da infincia dos
' comunicativas diversas no jornal, como          responsabilidade pela comunicação de          pais. Para isso, cada um entrevistou fami-
  cartas de leitores, editoriais e artigos opi-   seu pensamento e se coloca na posição         liares, anotou as informações em forma
  nativos."O objetivo era que eles analisas-      do leitor, antecipando como ele vai inter-    de tópicos e colocou tudo no papel (leia
  sem os materiais, refletissem sobre os          pretá-lo." A argumentação da garotada foi     o texto de um dos alunos à esquerda).
  propósitos de cada um e adquirissem um          tão bem estruturada que a diretoria re-          Ana Clara leu os trabalhos e elegeu
  repertório discursivo e linguístico",conta      solveu voltar atrás e liberar mais uma vez    alguns pontos para discutir. "O mais co-
  Maria Teresa, que lançou um desafio:            o uso da roupa entre as garotas.              mum era encontrar só o relato de um
  produzir um jornal mural.                          A criação de condições didáticas nas       fato", diz."Recorremos, então, aos contos
     A proposta era trabalhar com textos          propostas para as turmas de l0 a S0 ano       lidos para saber que informações e deta-
  opinativos, como os editoriais. Para que        segue os mesmos preceitos utilizados pe-      lhes tornavam a história interessante e
  a escrita ganhasse sentido,ela avisou que       la professora Maria Teresa."Em qualquer       como organizá-lospara dar emoção."Ca-
  o jornal seria afixado no corredor e que        série, como na vida, produzir um texto C      da um releu seu conto, realizou outra
  toda a comunidade escolar teria acesso a'       resolver um problema", ensina Telma           entrevista com o parente-personagem e
  ele. Os assuntos escolhidos tratavam das        Ferraz Leal. "Mas para isso 6 preciso com-    produziu uma segunda versão.              e
                                                                                                   www.ne.org.br    Especial Produgáo de Texto   15
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                                                                                                                                                                          .....,..,
       de
Produ~ão texto                                                     10ao~a.o




                                                                              a&
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                                                                          lorbm-
                                                                                                   ,        .         da-           ..
                                                                                                                                      -  &&r
                                                                                                                                                 J*w..




                                 A escolha da
                                                                        - -
                                                             A ararasurge sem
                                                                                --
                                                                              -T.
                                                                                              P                             ANALISE GERAL
                                 expressão"era uma           ser apresentada,                 C ~ ~ ~ I I UCJ
                                                                                                          I I   ter         É apropriado retomar as marcas do
                                 vez" revela que o           diferentemente do cão.           conseguido se livrar          g@nero  fábula e o significado de
                                 aluno se confundiu          O mesmo ocorre c o r             da armadilha dos              proverbios e ditos populares. A leitura
                CI               com a maneira de
                                 comeqar textos de
                                 outro g@nero
                                                             os caçadores e com
                                                             os outros animais.
                                                             Isso prejudica a
                                                                                                        sem ajuda
                                                                                              de sua amiga arara,           dos colegas pode ajudar o autor
                                                                                                                            a perceber que apresentar Os
                                                                                              a moral da fábula
                                 conto, o conto.             compreensão do texto.            não faz sentido.              personagens 6 fundamental.
erevisão - análise coletiva de uma pro-
de
    Tiveram início ai diferentesformas        complexo processo de transformação de
                                              seus conhecimentos em um texto".
                                                                                              da história. Pediu, então, uma pesquisa
                                                                                             sobre provérbios e seu uso cotidiano. Com
dução no quadro, revisão individual com                                                       essa compreensão e um repertório de
base em discussõescom o grupo e revisões      Ser autor exige pensar                          ditados populares, Edileuza sugeriu a
em duplas -, realizadas vários dias depois    no enredo e na estrutura                        criação de uma fábula individual. Ela
para que houvesse o distanciarnentoem         O terceiro aspecto fundamental no tra-          discutiu com o grupo que esse gênero
relação ao trabalho. A primeira proposta      balho de produção textual é garantir que       geralmente tem como protagonistas ini-
foi a "revisão de ouvido". Para realizá-la,   a criança ganhe condições de pensar no         migos tradicionais (cão e gato, por exem-
Ana Clara leu em voz alta um dos contos       todo. Do enredo à forma de estruturar os       plo). Estava coiocada uma restrição. Em
para a turma, que identificou a omissão.      elementos no papel: k preciso aprender         seguida, relembrou provérbios que po-
de palavras e informações. Ela selecionou     a dar conta de tudo para atingir o leitor.     deriam ser a moral das histórias criadas.
alguns aspectos a enfocar na revisão: or-     Esse processo denomina-se construção               Desde o início, todos sabiam que as
tografia, gramática e pontuação.              de um percurso de autoria e se adquire         produções seriam lidas por outros alunos,
   Quando a classe foi dividida em duplas,    com tempo, prática e reflexão.                 o que serviu de estimulo para bolar tra-
um dos propósitos da professora era que          Os estudos em didática das práticas de      mas envolventes."Há uma diferença en-
uns dessem sugestões aos outros. A pes-       linguagem fizeram cair por terra o pen-        tre escrever textos com autonomia - obe-
quisadora argentina em didática Mirta         samento de que a redação com tema livre        decendo à estrutura do gênero, sem pro-
Castedo k defensora desse tipo de propos-     estimula a criatividade. Hoje sabe-se que      blemas o r t o ~ i c oe de coerência - e se
                                                                                                                   s
ta. Para ela, as situações de revisão em      depois da alfabetização há ainda uma           tornar autor", explica Patrícia. "No pri-
grupo desenvolvem a reflexão sobre o          longa lista de aprendizagens. Foi consi-       meiro caso, basta aprender as caracterís-
que foíproduzido i o r meio justamente        derando a complexidade desse processo          ticas do gênero e conhecer o enredo, por
da troca de opiniões e críticas."Revisar o    que Edileuza dos Santos, professora da         exemplo. No segundo, 6 preciso desen-
que os colegas fazem k interessante, pois     EM de Santo Amaro, no Recife, desenvol-        volver ideias." Para chegar lá, a interação
o aluno se coloca no lugar de leitor",        veu um projeto de fábulas com a skrie          com professores e colegas e o acesso a um
emenda Telma. "Quando volta para a            (leia o texto de um dos alunos à esquerda).    repertório literário são importantes.
própria produção e revisa, a criança tem         Ela deu infcio ao trabalho investindo          Do 6 O ao 9 O ano, o processo de cons-
mais condições de criar o distanciamento      na ampliação do repertório dentro desse        trução da autoria pode exigir desafios que
dela e enxergar as fragilidades."             gênero literário. Assim foi possível obser-    sejam cada vez mais complexos: a elabo-
   Um escritor proficiente, no entanto,       var regularidades na estrutura discursiva      ração de tensões na narrativa ou a parti-
não faz a revisão só no fim do trabalho.      e linguística, como o fato de que os ani-      cipação em debates para desenvolver a
Durante a escrita,é comum reler o trecho      mais são os protagonistas. "Escolhi esse       argumentação,como fez Maria Teresa."A
já produzido e verificar se ele está ade-     gênero porque ele tem começo, meio e           reescrita pode vir com propostas de pro-
quado aos objetivos e às ideias que tinha     fim bem marcados, algo que eu queria           dução de paródias, no caso dos maiores,
a intenção de comunicar - só então pla-       trabalhar com a garotada?                      que exigem mais elaboração", diz Roxane.
neja-se a continuação. E isso k feito por        A primeira proposta foi o reconto oral      Uma boa forma de fazer circular textos
todo escritor profissional.                   de uma fábula conhecida. "Isso envolve         nessa fase são os meios digitais, como
   A revisão em processo e a final são        organizar ideias e pode ser uma forma          blogs e o site da própria escola. Os jovens
passos fundamentais para conseguir de         de planejar a escrita", endossa Patrícia       podem se responsabilizar por toda a pro-
fato uma boa escrita. Nesse sentido, a        Corsino, da Universidade Federal do Rio        dução. Levar os estudantes a se expressar
maneira como você escreve e revisa no         de Janeiro (UFRJ).Quando já dominamos          cada vez melhor, afinal, deve ser o obje-
quadro, por exemplo, pode colaborar           todas as informações de uma narrativa,         tivo de todo professor.                  (3
para que a criança o tome como um mo-         podemos nos focar apenas na forma de
delo e se familiarize com.0 procedimen-       expor os elementos -mas esse é um gran-        l   OUER SABER M A I S ?   I
to. Sobre o assunto, Mirta Castedo escre-     de desafio no inicio da escola-idade.         -i
ve em sua tese de doutorado: "Os bons            Na turma de Edileuza, as propostas          : Centro de Educação e
                                                                                             i Humanidades Instituto de Aplicação          i
escritores adultos (...) são pessoas que      seguintes foram a reescrita individual e       i Fernando Rodrigues da Sllveira,
pensam sobre o que vão escrever,colocam       a produção de versões de fábulas conhe-        : tel. (21) 2333-7873, cap-uerjQhotmail.com   i
                                                                                             i E M de Santo Amaro, tel. (81) 3232-5919     :
em palavras e voltam sobre o já produzi-      cidas com modificações dos personagens         i Escola da Vila, tel. (1 1) 3726-3578,



                                                                                                                                           1
do para julgar sua adequação. Mas não         ou do cenário. Aos poucos, todos ganha-        j vilaQvila.com.br
                                                                                             : Fernanda Liberali, Iiberali@uoi.com.br
realizam as três ações (planejar,escrever     ram condições de inventar situações. A         i Roxane Rojo, rrojoQiel.unicamp.br
e revisar) sucessivamente: vão e voltam       professora percebeu que os estudantes          : Teima Ferraz Leal, tfleal@terra.com.br
de umas às outras, desenvolvendo um           não entendiam bem o sentido da moral

                                                                                                   www.ne.org.br Especial Produgão de Texto    17
Práticas de linguagem 10,50am                     '




     Gêneros,
     como usar
     Eles invadiram a escola - e isso é bom. Mas é preciso parar de ficar só
     ensinando suas características para passar a utilizá-los no dia a dia de
     todas as turmas com o objetivo de formar leitores e escritores de verdade
     ANDERSON MOÇO anderson.moco@abril.com.br


18 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br
seja, se é um texto com função comuni-
                                                                                          cativa, tem um gênero.
                                                                                              Na última década, a grande mudança
                                                                                          nas aulas de Língua ~or&guesa a che-
                                                                                                                            foi
                                                                                          gada dos gêneros h escola. Essa mudança
                                                                                          é uma novidade a ser comemorada. Po-




                                                                         *
                                                                                          rém muitos especialistase formadores de
                                                                                          professores destacam que há uma peque-
                                                                                          na confusão na forma de trabalhar. Ex-
                                                                                          plorar apenas as características de cada
                                                                                          gênero (cartatem cabeçalho, data, sauda-
                                                                                          çáo inicial, despedida etc.) não faz com
                                                                                          que ninguém aprenda a, efetivamente,
                                                                                          escrever uma carta. Falta discutir por que
                                                                                          e para quem escrever a mensagem, certo?
                                                                                          Afinal, quem vai se dar ao trabalho de
                                                                                          escrever para guardá-la? Essa é a diferen-
                                                                                          ça entre tratar os gêneros como conteú-
                                                                                          dos em si e ensiná-los no interior das
                                                                                          práticas de leitura e escrita.
                                                                                            ' Essa postura equivocada tem raízes
                                                                                          claras: é uma infeliz reedição do jeito de
                                                                                          ensinar Língua Portuguesa que predomi-
                                                                                          nou durante a maior parte do século
                                                                                          passado. A regra era falar sobre o idioma
                                                                                          e memorizar definilões: "Adjetivo: pala-
                                                                                          vra que modifica o substantivo, indican-
                                                                                          do qualidade, caráter, modo de ser ou
                                                                                          estado. Sujeito: termo da oração a respei-
                                                                                          to do qual se enuncia algo". E assim por
                                                                                          diante, numa lista quilométrica. Pode até
                                                                                          parecer mais fácil e econômico trabalhar
                                                                                          apenas com os aspectos estruturais da
                                                                                          língua, mas é garantido: a turma não vai
                                                                                          aprender."O que importa é fazer a garo-
                                                                                          tada transitar entre as diferentes estrutu-
                                                                                          ras e funções dos textos como leitores e
                                                                                          escritores", explica a linguista Beth Mar-'
                                                                                          cuschi, da Universidade Federal de Per-
                                                                                          nambuco (UFPE).
                                                                                              É por isso que não faz sentido pedir

T    odo dia, você acorda de manhã e
     pega o jornal para saber das últimas
novidades enquanto toma o c f da ma-
                               aé
                                            te da sala e lê alguns antes de dormir. para os estudantes escreverem só para
                                            Não C de hoje que nossa relação com os você ler (e avaliar). Quando alguém es-
                                            textos escritos é assim: eles têm formato creve uma carta, C porque outra pessoa
nhã. Em seguida, vai até a caixa de cor-    próprio, suporte específico, possíveis pro- vai recebê-la. Quando alguém redige
reio e descobre que recebeu folhetos de     pósitos de leitura - em outras palavras, uma notícia, é porque muitos vão lê-la.
propaganda e (surpresa!) a carta de um      possuem o que os especialistas chamam Quando alguém produz um conto, uma
amigo que está morando em outro país.       de "características sociocomunicativas", crbnica ou um romance, é porque espera
Depois, vai ate a escola e separa livros    definidas pelo conteúdo, pela função, emocionar, provocar ou simplesmente
para planejar uma atividade com seus        pelo estilo e pela composição do mate- entreter diversos leitores. E isso é perfei-
alunos. No fim do dia, de volta h casa,     rial a ser lido. E C essa soma de caracterís- tamente possível fazer na escola: a carta
pega uma coletânea de poemas na estan-      ticas que define os diferentes gêneros. Ou pode ser enviada para amigos, paren-     e
                                                                                            www.ne.org.br Especial Produgão de Texto    19
Práticas de linguagem                                      1°a050ano



  e tes ou colegas de outras turmas; a            lJl<UIJU3 A LUI<I<ILULAI<UU MUNILIIJIC
                                                           I
  notícia pode ser diwlgada num jornal
  distribuído internamente ou transfor-           Dividida em semestres, cobre 1O ao 5 O ano
  mado em mural; o texto literário pode           e é adotada em toda a rede municipal
  dar origem a um livro, produzido de for-
  ma coletiva pela moçada.
     Os especialistas dizem que os gêneros
  são, na verdade, uma "condição didática
  para trabalhar com os comportamentos
  leitores e escritores". A sutileza é que eles
  devem estar a serviço dos verdadeiros
  conteúdos: os chamados "comportamen-
  tos leitores e escritores"(ler para estudar,
  encontrar uma informação específica,
  tomar notas, organizar entrevistas, elabo-
  rar resumos, sublinhar as informações
                                                        cantigas e adivinhas).
  mais re.levantes, comparir dados entre                                                       Objetivos Desenvolver
  textos e, claro, enfrentar o desafio de es-          Objetivos Desenvolver '                 comportamentos leitores e ler antes
                                                       coqportamentos leitores e               de saber ler convencionalmente,
  crevê-los)."Cabe ao professor possibilitar           escritores, ler antes de saber          tentando estabelecer relações entre
  que os alunos pratiquem esses compor-                ler e escrever sem saber                o oral e o escrito.
                                                       escrever convencionalmente.             Conteúdos Leitura, escrita
  tamentos,utilizando textos de diferentes             Conteúdos Leitura, escrita              e comportamentos leitores.
  gêneros", diz Beatriz Gouveia, coordena-             e comportamentos leitores.
  dora do Programa Alem das Letras, do
  Instituto Avisa Lá, em São Paulo, e sele-
  cionadora do Prêmio Victor Civita -
  Educador Nota 10.

  As boas opções para abordar
  os gêneros em sala de aula
  Existem muitas formas de trabalhar os
                                                        do sistema de escrita).                Produção coletiva ou em dupla
  gêneros na prática. Nos quadros que                   Reconto de contos conhecidos           de bilhetes, convites, receitas, regras
  acompanham esta reportagem, você co-                  com o professor como escriba,          de jogos, propagandase anúncios.
                                                        preservando os elementos               Reescrita coletiva de contos
  nhece e compara duas propostas curricu-               da linguagem escrita.                  conhecidos.
  lares, de uma instituição privada e de urna
                                                       Objetivos Refletir sobre               Objetivos Refletir sobre o
  rede pública. A primeira (publicada à di-            o funcionamento do sistema             funcionamento do sistema de escrita
  reita e nas páginas 22 e 23) é da Secretaria         de escrita e apropriar-se              e produzir um texto em linguagem
                                                       das caracterlsticas da                 escrita, recuperando os principais
  de Educação de Nova Lima, na região                  linguagem escrita.                     elementos da narrativa.
  metropolitana de Belo Horizonte. A se-               Conteúdos Leitura e escrita            Conteúdos Leitura e escrita e produção
                                                       e produção de texto oral com           de texto oral com destino escrito.
  gunda (da página 24 à 27) é da Escola                destino escrito.
  Projeto Vida, em São Paulo. Ambas co-
  brem do loao 5 O ano do Ensino Funda-
  mental e podem servir de exemplo para                 Agenda de telefones e endereços
                                                        dos alunos da turma.                    Coletânea de reescritas de contos
  distribuir os conteúdos porque represen-              Livro de parlendas preferidas           ditados para o professor.
  tam um passo além da chamada"norma-                   pelo grupo.
                                                                                               Objetivos Produzir um texto
  tização descritiva"(a tendência de explicar            ibjetivos Estabelecer um sentido      em linguagem escrita, recuperando
  s6 as características de cada gênero).               , ara o uso do alfabeto, favorecer      os principais elementos da narrativa,
                                                       situações de escrita com base em        e perceber a diferença entre
     Antes de detalhar como funciona a                 textos de memória e refletir sobre o    a linguagem oral e a escrita.
  abordagem que privilegia o ensino dos                funcionamento do sistema de escrita.    Conteúdo Linguagem escrita.
                                                       Conteúdos Ordem alfabgtica
  comportamentos leitores e escritores,                e leitura e escrita.
  vale uma palavrinha sobre os conteúdos
  clássicos da disciplina: ortografia e gra-
  mática. Eles continuam sendo muito      e
c ,
                                                                                                                                           -1


                                                                                                                                                      n
     Leitura diária de contos e poemas                 Leitura diária de textos literários            Leitura diária de textos literários




                                                   I.
     pelo professor.                                   e informativos pelo professor.                 pelo professor.
     Roda de conversa com media ão do                  Roda de conversa (emissão de                   Roda de conversa (escuta atenta
     professor sobre temas diversiÁcados.              opiniões pessoais).                            e manifestação de opiniões).
     Roda de biblioteca (emprkstimo                    Roda de biblioteca (emprkstimo                 Roda de biblioteca (emprkstimo de
     de livros e compartilhamento                      de livros com comentários, lembrança           livros e apreciação de textos literários).
     de impressões sobre eles).                        de trechos, indicação aos colegas              Leitura compartilhada de textos
     Leitura e escrita de textos de                    e apreciação de textos literários).            informativos para estudar os
     memória (poesias, adivinhas,                      Leitura e escrita de textos práticos           temas tratados nas diferentes
     cantigas e trava-llnguas).                        (bilhetes, cartões, avisos, anúncios etc.).    áreas de conhecimento.
                                                                                                      Leitura pelo aluno de diferentes gêneros
    Objetivos Desenvolver comportamentos             Objetivos Familiarizar-se com textos             para localizar e selecionar informações.
    leitores e utilizar as estratkgias de            literários e informativos e desenvolver          Escrita de textos práticos (bilhetes,
    seleção, antecipação e verificação,              o comportamento leitor.                          cartões, avisos, anúncios etc.)
    considerando aquilo que já se sabe sobre         Conteúdos Leitura, produção de texto
    o sistema de escrita.                            e comportamentos leitores.                      Objetivos Desenvolver comportamentos
    Conteúdos Leitura, escrita e                                                                     leitores, aprender procedimentos que
    comportamentos leitores.                                                                         leitores experientes usam ao procurar
                                                                                                     informações nos textos e pôr em jogo
                                                                                                     os conhecimentos sobre a escrita,
                                                                                                     considerando as caracterlsticas do gênero.
                                                                                                     Conteúdos Leitura, produção de texto
                                                                                                     e revisão (pontuação, coesão, coerência
                                                                                                     e aspectos referentes a regularidades
                                                                                                     e irregularidades ortográficas).

     Leitura de várias versões do mesmo              Reescrita em dupla de contos
     conto para apreciar e comparar                  selecionados pela turma.                         Reescrita de contos conhecidos

a    textos de qualidade.
     Reconto e reescrita de uma versão
     do conto escolhida pelos alunos.
     Escrita em dupla de textos de memória.
                                                     Revisão coletiva das reescritas.
                                                     Leitura, com a ajuda do professor,
                                                     de textos de diferentes gêneros,
                                                     apoiando-se em conhecimentos sobre
                                                                                                      (individualmente ou em dupla),
                                                                                                      considerando as ideias principais do texto
                                                                                                      e as caracterlsticas da linguagem escrita.
                                                                                                      Escrita coletiva de brincadeiras
     Revisão coletiva dos textos produzidos          o tema do texto, as caracterlsticas do           infantis coletadas em entrevistas
     em dupla.                                       seu portador e o gênero.                         e registros escritos.
                                                                                                      Revisão coletiva (aspectos
    Objetivos Conhecer e valorizar os               Objetivos Participar de uma situação              notacionais e discursivos).
    recursos lingulsticos utilizados pelo           de revisão com a ajuda do professor,
    autor e considerar a importancia da             visando aprimorar a escrita e ler                Objetivos Produzir textos utilizando
    escrita correta para ser mais bem               diferentes gêneros com mais fluência.            recursos de linguagem escrita e
    entendida pelos leitores.                       Conteúdos Leitura, produção e revisão            desenvolver comportamentos de escritor
    Conteúdos Leitura, produção de texto            de textos (aspectos notacionais                  (planejar, redigir, revisar e passar a limpo).
    e revisão (ausência de marcas de                e discursivos, considerando as                   Conteúdos Produção de texto oral
    nasalização, hipo e hiperssegmentação,          caracterlsticas lingulsticas do gênero).         com destino escrito e revisão de
    entre outros).                                                                                   textos (pontuação, coesão, coerência
                                                                                                     e ortografia).

i      Livro de cantigas de roda preferidas         Leitura de contos de própria autoria              Manual de brincadeiras infantis antigas
       pelos alunos.                                para outras turmas (após o reconto,               para serem desenvolvidas nas aulas
                                                    a reescrita e a revisão).                         de Educação Flsica.
     Objetivos Escrever alfabeticamente             Caderno de relatos de memórias                    Saraus literários (narração, reconto
     textos de memória e pôr em jogo                da turma com fotos e registros escritos.          de contos conhecidos e declamação
     os conhecimentos sobre a escrita.                                                                de poesias e trava-llnguas).




                                                   -
     Conteúdo Ortografia.                          Objetivos Desenvolver comportamentos




          rh
                                                   leitores e escritores e escrever relatos,         Objetivos Desenvolver comportamentos
                                                   considerando as caracterlsticas textuais          escritores (planejar o que se vai escrever,
                                                   e discursivas do gênero.                          escolher uma entre várias possibilidades
                                                   Conteúdos Leitura, produção e revisão de          e rever após a escrita), identificar
                                               '   textos (ortografia e aspectos relacionados        caracterlsticasdos gêneros orais e
                                                   3 linguagem que se usa para escrever).            escritos e participar de situações de
                                                                                                     uso de linguagem oral.
                                      L                                                              Conteúdos Comportamentos leitores,
                                                                                                     comunicação oral, produção de texto e
/

Práticas de linguagem                                          1°m50am




                                                                                          I
     Leitura diária de textos literários,      Leitura diária de textos literários,        Leitura diária de diferentes
    informativos e instrucionais               informativos e práticos pelo professor.     gêneros pelo professor.
    pelo professor.                            Leitura compartilhada de textos             Roda de biblioteca e roda de
     Roda de conversa (manifestação            informativos e de divulgação cientlfica.    conversa relacionada aos projetos.
    de opiniões).                              Roda de biblioteca e roda de conversa       Leitura pelo aluno de gibis,
     Roda de biblioteca (empréstimo de         (discussões relacionadas aos projetos).     enciclop6dias, jornais (para buscar
    livros e comparação de livros lidos).      Leitura de textos em diferentes             informações, se divertir e aprender
     Leitura compartilhada de textos           portadores para buscar informações.         sobre o tema).
    informativos e discussão de temas.
    Escrita de notlcias e de textos           Objetivos Familiarizar-secom textos         Objetivos Familiarizar-secom
    publicitários (propagandas, cartazes,     de diferentes gêneros e selecionar textos   diferentes ggneros e selecionar
    folhetos, slogans, outdoors etc.).        em diferentes fontes, observando seu        textos em diferentes fontes,
                                              propósito enquanto leitor.                  observando seus propósitos.
   Objetivos Desenvolver                      Conteúdo Comportamentos leitores            Conteúdos Comportamentos leitores.
   comportamentos leitores, aprender          (seleção de informações e leitura
    procedimentos que leitores experientes    de textos informativos).
    usam para fazer perguntas e fazer
   colocações ertinentes e por em
   jogo os con(ecimentos sobre
   a escrita considerando as
   caracterlsticas do gênero.
   Conteúdos Leitura, produ ão de
   texto e revisão (regularidaies e
    irregularidades ortográficas,
   coerência, coesão e pontuação).

    *.Leitura para refletir sobre os            Leitura e reescrita de contos             Leitura de vários textos de um
      recursos lingulsticos utilizados          tradicionais tendo um                     mesmo autor, analisando os recursos
      pelo autor (identificação nos contos      personagem como narrador.                 lingulsticos utilizados por ele.
      dos recursos e as caracterlsticas         Reescrita individual ou em dupla           Produ ão de textos práticos, informativos
      próprias desse gênero).                   de textos informativos.                   e literjrios individualmente ou em dupla,
      Produção de contos.                       Revisão coietiva ou em dupla               utilizando procedimentos de escritor.
      Revisão coletiva (ortografia              (coerência, coesão e ortografia).          Revisão de textos produzidos em dupla
      e pontuação).                                                                        e com a ajuda do professor.
                                               Objetivos Reescrever um conto
    Objetivos Reconhecer a leitura             em primeira pessoa (o personagem           Objetivos Conhecer caracterlsticas
    como uma fonte essencial para              6 ao mesmo tempo narrador)                 discursivas e comunicativas desses gêneros,
    produzir textos, aprender                  e desenvolver comportamentos               saber reconhecer, organizar e utilizar
    procedimentos de revisão e                 escritores.                                os recursos lingulsticos presentes nos textos
    conhecer caracterlsticas discursivas       ConteSidos Leitura de contos               e aprender procedimentos de revisão.
    e comunicativasdesse gênero.               tradicionais, produção textual e           Conteúdos Leitura, produção de texto e
    Conteúdos Leitura, produção de             revisão (ortografia, pontuação e            revisão (ortografia, pontuação, concordância
    texto e revisão (ortografia, pontuação,    concordâncias verbal e nominal).            nominal e verbal e aspectos discursivos).



      Apresentação de um conto                  Leitura e produção de jornal mural.        Roda de leitura com a participação
      produzido pela turma para os alunos       Indicação literária de vários livros       dos pais (apresentações, apreciações
      da escola.                                e autores ara a maior circulação
                                                de livros biblioteca da escola.
    Objetivos Recuperar os elementos
    da narrativa com base na linguagem         Objetivos Reescrever e produzir textos
    que se usa para escrever.                  utilizando procedimentos de escritor.
    Conteúdos Leitura e                        Conteúdos Leitura de jornais,              Objetlvos Favorecer a troca de
    produção de texto.                         produção de texto e revisão                experiências de leitura e p8r em
                                               (aspectos notacionais e discursivos).      jogo os conhecimentos sobre a escrita
                                                                                          considerando as caracterlsticas do gênero.
                                                                                          Conteúdos Leitura, produção de texto.
                                                                                          e revisão (ortografia, pontuação
                                                                                          e aspectos discursivos).
& importantes nesse novo jeito de pla-
                                                                                             nejar, pois conhecê-los é essencial para
                                                                                             que os alunos superem as dificuldades.
                                                                                             Que tempo verbal usar para contar algo
                                                                                             que já ocorreu? Que recursos de coesão
                                                                                             e coerencia garantem a compreensão de
                                                                                             uma história? "Saber utilizar a língua é
    Leitura diária de diferentes generos          Leitura diária de diferentes g@neros       o que mais influencia a qualidade textu-
    textuais pelo professor.                      textuais pelo professor.
    Roda de biblioteca (com emprkstimo            Roda de biblioteca (emprkstimo             al: ressalta Beth Marcuschi. Para alcançar
    de livros).                                   de livros).                                isso, porém, não é necessário colocar a
    Roda de conversa (emissão de opiniões         Roda de conversa, participação
    sobre determinado assunto para                em seminários e entrevistas.               ortografia e a gramática como um fim
    argumentar e contra-argumentar).              Leitura pelo aluno com diferentes          em si mesmo, ocupando o centro das
    Leitura de textos para buscar                 propósitos.
    informações, compreender e estudar.                                                      aulas. Assim como os gêneros, elas são
                                              Objetivos Participar de situações              um meio para ensinar a ler e escrever
   Objetivos Participar de situações          de intercâmbio oral, trocando                  cada vez melhor.
   de interclmbio oral, trocando opiniões,    opiniões, planejando e justificando sua
   planejando e justificando sua fala,        fala, e adquirir comportamentos leitores.          Nas propostas curriculares da Escola
   e adquirir comportamentos leitores.        Conteúdos Leitura e comunicação                Projeto Vida e da rede de Nova Lima,
   Conteúdos Comportamentos leitores          oral (seminárioe entrevista).
   e comunicação oral.                                                                       você vai notar que não existe uma pro-
                                                                                             gressão de aspectos "mais fáceis" para
                                                                                             outros "mais dificeis", pois qualquer gê-
                                                                                             nero pode ser trabalhado em qualquer
                                                                                             ano. "O que deve variar conforme a idade
                                                                                             é a complexidade dos textos", afirma Re-
                                                                                             gina Scarpa, coordenadora pedagógica de
                                                                                             NOVA ESCOLA.Alem disso, é fundamen-
  * Leitura para refletir sobre a escrita         Revisão de textos produzidos por           tal retomar o estudo sobre determinado
   (reconhecer os recursos lingulsticos           alunos de outras turmas (elaborar
   presentes nos diversos tipos de texto).        devolutivas, fazendo algumas               g&nero(em diferentes momentos, mas
   Pesquisa sobre determinado assunto
   (selecionar os textos de acordo com os
   propósitos da leitura e fazer resumos).
                                              -   considerações sobre o texto revisado).
                                                  Leitura de artigos de opinião, noticias,
                                                  re ortagens e resenhas para desenvolver
                                                                                             para atender a necessidades específicas
                                                                                             de aprendizagem).
   Produção de textos informativos.               a gmiliaridade com esses eneros.
   Revisão das produções escritas.                Produçbo de resenhas dos!ivros lidos.
                                                                                             A turma deve saber que cada
  Objetivos Reconhecer a leitura como         Objetivos Revisar textos assumindo             t i p o de texto tem um suporte
                                              o ponto de vista do leitor e conhecer
                                                                                             A apresentação dos textos 6 outro ponto
  informações e revisar textos assumindo                                                     essencial: eles devem ser trabalhados em
  o ponto de vista do leitor.                 Conteúdos Leitura, produção de
  Conteúdos Análise e reflexão sobre          resenhas e revisão (pontuação,ortografia,      seu suporte real. Se você quer usar repor-
  a Ilngua, produqão de texto e revisão       concord%ncia  verbal e nominal, adequação      tagens, tem de levar para a sala jornais e
  (aspectos notacionais e discursivos).       ao g@nero,coerencia e coesão textual).
                                                                                             revistas de verdade. Para explorar receitas,
                                                                                             6 preciso que os alunos manuseiem obras
                                                                                             de culinária. Na análise de bio@ias, é
 Livro de cruzadinhas da turma                     Produção de jornal da turma.
 com verbetes (reflexão orto ráfica                Elaboração de resenhas de livros para     fundamental cada um dispor de livros
 considerando as regularidales                     apresentar a outras turmas da escola.     desse tipo. E assim sucessivamente. Por-
 e irregularidades ortográficas).
 Elaboração de um folheto informativo             Objetivos Expressar sentimentos,           tanto, nada de oferecer apenas uma carta
 sobre um tema estudado.                          ideias e opiniões com base na leitura      que esteja publicada (ou resumida) nas
                                                  efavorecer a familiaridade e o uso
Objetivos Refletir sobre a escrita                dos diversos gêneros textuais em           páginas do livro didático.
das palavras, considerando as regularidades       situações significativas.                      Isso posto, é hora de mergulhar nos
e irregularidades ortográficas, e p8r                        Conteúdo Produção de textos
em jogo os conhecimentos sobre a escrita,                    jornallsticos e resenhas.       currículos.O fio condutor que aproxima
considerando as caracterlsticasdo genero.                                                    as duas propostas é a preocupação de
Conteúdos Ortografia e produção
de textos informativos.                                                                      fazer a turina transitar pelas três posições
                                                                                             enunciativas do texto: ouvinte, leitor e
                                                                                             escritor. É nessa "viagemJ'de possibilida-
                                                                                             des que a garotada exercita os tais com-
                                                                                             portamentos leitores e escritores. Em  e
Ensinar a escrever: estratégias para inspirar os alunos
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  • 1. A R E V I S T A D E Q U E M EDUCA EDICÃO 3 ESPECIAL .i** : docinhos : professor : parafestas nascido nos em geral. Estados Unidos. Encomendas : Falar com : com três I ~ ~ - C Y L S I U 4 n diasde : 1 W YL ' h n$r?.,. J :*i I antecedência. Cilene. I I I ,.- "L!1- I", w?? 142-- itaçáo de trabalhos escolares i k' kssados entrar em conta com Kátia. W m a i Wbi .- I n Brana. a L o da mrnh . -..r - T -5s.-L -, - Ler, planejar, escrever, revisar, reescrever,..=ggz;z e Tudo o que seus alunos precisam saber para ZS3'Lr r..& =- * redigir com coerência, coesãi 2 criatividade E
  • 2. índice secões 3 reportagens 7 CARO EDUCADOR 12 EXREVER DE VERDADE O que a turma precisa saber para redigir boas composições 9 FALA, MESTRE1 Mirta Torres 54 ESTANTE 18 G~NEROS, COMO USAR Explore as caracteristicas dos diferentes tipos de texto 58 ARTIGO Márcia V. Fortunato O QUE i PARIIQUE(M) Projetos didáticos garantem produções de qualidade 32 O QUE CADA UM SABE Conheça o nível dos estudantes para saber o que trabalhar t PARA ESCREVER como bons autores podem inspirar a meninada 38 hDA REESCRT ~ u d ao narrador da nistória é um caminho para a autoria r RAIO 1 Leitura e resumo sao procedimentos essenciais para estudar 45 HORA APERFEICOI Revisar db produções é UIII meio de conquistar a autonomia 48 DE OWO NA TELA A utilidade do computador no processo de revisão 51 UÇAOOEMESTRE Seguir o estilo de autores profissionais ajuda a escrever melhor Foto Derc/li0 ~GRAOECIMEMOSA BEATRIZGOUVEIAE A PROFESSOU .LAUDIA TONDATO, DA EMEF PROFESX>R ROSALVITO :OBRA, DE SAO CAETANO W SUL, SP
  • 3. ................................................................................................................................................................................ Caro educador Fundador: VICiOR C M T A (1907-1990) Presidente: Roberto Cinta Diretora Executiva: Angela Dannemann Conselheiros: Roberb CMia, G i a n d o Prancesco Civita, V i c m Civik, RoberiaAnamaria Civila, Maria Antonia MagalhHes Civita, Claudio de Moura Castro, Jorge GerdauJohannpeter, José Augusto Pinto Moreira, Marcos MagaihHa e Mauro CaiIian Diretor de Redaçáo: Gabriel Pillar Grossi Redatora-cheíe: Denise PeUegrini Diretora de Aite: Manuela Novais Coordenadora Pedag6gica: Regina Scarpa Editores: Beabiz Vichessi, Rodrigo Ratier e Ronaldo Nunes Editora-assistente:Bmna Nicolielo Reoórteres: Ana Rita Maiiins. Andemn Moco. ' ' Beauit Santomauro e ~ i i n c a Bibiano Estagibria: Camila Monroe Editora de Arte: lulia Bmwne Designers: Alice ~asconieiios Victor Malta e Atendimento ao Leitoi: Marina S i e o n i NOVA ESCOLA EDIGO WEB Editor: Ricardo Falzetia Editoras-assistentes: Elisa Meireiies (projetas especiais), Janaína Castro e Paula -da Rei>Órtei: Pauia Nada1 Editor de Arte: Vdmar Oliveira Webmastetci: núago Barbosa de Moura NOVA ESCOLA GESTÁO ESCOLAR Editora: Paola Gentile Editora de Arte: Renata B o m Editoraassistente: VerBnica Fraidenraich Rep6ttcres: Gustavo Heidrich e Noemia Lopes Escrever mesmo PRODUÇÃO TEXTO DE A preocupação com a qualidade do ensino 6 cada vez maior em nosso país, certo? Em parte por causa das ava- este especial. Entrevista, artigo e repor- tagens sobre as pesquisas na área e expe- riências reais de sal: de aula ajudam a Diretor de Redaeo: Gabriel Pillar Grossi Redatora-chefe: Denise Peiiegrini liações externas (que mostram que os entender por que 6 importante formar Diretora de Arte: Manuela Novais Coordenadora Pedag6gica: Regina Scarpa alunos têm desempenho muito abaixo alunos capazes de expressar as próprias Editora: Beatriz V i c h d Dedgner: Alice Vaxoncellos do esperado nas duas disciplinas), em opiniões por meio da palavra escrita e, - Colaborou nesta edição: Paulo Kaiser (reviao) parte por causa dos indicadores de alfa- assim, construir um percurso como au- betismo funcional (que insistem em se tor. Sem dúvida, uma das mais impor- manter muito elevados, confirmando tantes atribuições de toda escola. COMERCIAL Gerente de Publicidade: Sandra Moskovich que os brasileiros adultos não conseguem Publicidade: Fernanda Sant'Anna Rocha ler, escrever e fazer contas com facilida- Gerente de Marketing e Publicações:Mirian D i N i m Gerente de Assinaturas: Rosana Berbel de), em parte por causa dos próprios in- Gerente de Circula~So Avulsas: Maurício Paiva Analista de ClrculaçBo e Marketing: Eliiabeth Sachetii dicadores internos das escolas (que reve- Pacotes de Assinaturas: Cynthia VasconceUos lam altas taxas de repetência e um gran- Analista de Planejamento e Controle Operacional: Kútia Gmenes de número de crianças e jovens analfa- Processos Gráficos: Vitor Nogueira betos ao fim do 7 O , 8 O ou 9O ano). Ao longo de 2009, NOVA ESCOLA NOVA ESCOLA edl@o =pedal Rodu@deTm (EAN789-3614-0689815) e uma pubUcaç80 da Ruidaq% Maoi Chrlie üisúibuida em todo o pais pela publicou uma série de reportagens Dlsoibuidora Nadonal de PuMig@es (Dlnap SA), Pnulo. NOVA São (acompanhadas de sugestões de ativida- ESCOU não admite publiddade ndadonal. des) para ajudar os professores a traba- IMWSSA NA D m O G&KA DA EDITORA *BRIL . Av. Otaviano Alver da U m 4400. CEP 02909.900 lhar com seus estudantes os principais m do 6. a huio. SP i a o conteúdos e procedimentos ligados à MARÇO, 2010 produção de texto. Todo o material foi I revisado e complementado para montar Diretor de Redaçâo www.ne.org.br Especial Produqão de Texto 7
  • 4. Fala, mestre! "0 bom texto é o que cumpre o propósitode quem o produzn Pesquisadora argentina defende que, para trabalhar com produção textual, os professores também precisam ser bons leitores e escritores ANA GONZAGA novaescola@atleitor.com.br S e ensinar as crianças a produzir tex- tos de qualidade é um desafio, pre- parar os educadores para realizar essas projeto Maestro + Maestro, que, preven- do dois professores para cada sala de au- la, visa diminuir as dificuldades de estu- Como definir o que 6 uma produção de qualidade? MIRTA TORRES O escritor tem de ter tarefas 6 uma responsabilidade igual- dantes do l0 grau, etapa em que se con- um propósito claro que o leve a escrever, mente complexa e instigante. E é essa centram os maiores índices de repetência tal como preparar um texto para o semi- missão que Mirta Torres tomou para di- no sistema argentino. nário ou um convite para uma festa. O recionar sua ,carreira. Especialista em Apesar da pouca afinidade com a lín- bom texto C aquele que cumpre o propó- didática da leitura e da escrita, ela já foi gua portuguesa, Mirta garante que sua sito de quem o produz. diretora de Educação primária de Bue- experiência pedagógica na Argentina po- ,nosAires e esteve à frente de vários pro- de ser bastante útil para os professores Para isso, o que é preciso ser ensina- gramas de melhoramento pedagógico. que lidam com produ~ão texto no de do aos alunos? Atualmente, coordena um grupo que Brasil. "Valem o raciocínio e as estraté- MIRTA Diversos aspectos colaboram pa- trabalha com a alfabetização de alunos gias", diz ela, que concedeu esta entrevis- ra que sejam produzidos textos qualifica- que foram reprovados ou entraram na ta por telefone ? NOVA ESCOLA de sua I dos entre aceitáveis e bons. A turma toda escola mais tarde e tambdm integra o residência, em Buenos Aires. deve ser incentivada a escrever de e www.ne.org.br Especial Produgão de Texto 9
  • 5. Fala, mestre! MIRTA TORRES emaneira habitual e frequente.Tal co- (CT al como um piloto em um personagem e o leitor sabe que mo um piloto de avião precisa acumular se fala dele, não C necessário escrever seu nome. Podemos colocar 'o', 'a', 'os', 'as"'. horas de voo para ser hábil, um escritor precisa somar muitas oportunidades de de avião precisa &crita. Na prática, que; dizer que os es- tudantes devem ser estimuladosa elabo- ac umu1a r horas de Para escrever bem, 6 fundamental ser um bom leitor? rar perguntas sobre um tema estudado e VOO para ser h bi1, MIRiA Sim. A formação leitora ajuda na resumir a matéria para passar a um cole- formação do escritor. A familiaridade ga que htou. escritos menos ambi- são um esc r itor precisa com outros'textos fornece modelos e co- ciosos, porém também exigem escrever, nhecimento sobre outros gêneros e es- ler e corrigir. Embora, em muitas situa- somar muitas truturas. Devemos ler como escritores: ções escolares de escrita, o texto não te- voltar ao texto para verificar de que ma- nha outro propósito a não ser o de escre- oportunidades neira um autor resolveu um problema ver para aprender a escrita, C fundamen- tal gerar condições didáticas com sentido de escrita. 11 semelhante ao que temos em mãos, por exemplo. No mais, a leitura desperta o social. Elas devem garantir a construção desejo de escrever. Cabe 21 escola abrir de produções contextualizadas, que ul- diversas possibilidades: oferecer titulos trapassem os muros da escola, como uma concluíram. "Como poderíamos evitar que fascinam crianças e jovens sem refor- solicitação por escrito para o diretor de isso?: ela perguntou. Os pequenos suge- çar o que o mercado já oferece de manei- um museu, de permissão para uma visi- riram correções: "Pinóquio caiu no mar ra excessiva. Não precisa ofertar livros do ta. Assim, antes de começar a escrever, e a baleia o engoliu. A baleia ficou com Harry Potter, mas obras de Robert Louis aprende-se que C preciso saber quem é o ele em sua barriga durante três dias e Stevenson (1850-1894), como A Ilha do leitor e as informações necessárias. depois de três dias o jogou na praia". De-Tesouro, precisam ser recomendadas. Arn- pois disso, a professora sugeriu que o bos são valiosos, só que, se os do segundo Por isso é ruim propor que se escreva fragmento correspondente do conto fos- tipo não forem oferecidos, dificilmente sobre um tema livre ou aberto, por se relido, o que resultou na troca de bar-os leitores vão decidir lê-los. Mas há que exemplo, "Minhas Ferias"? riga por ventre. Para evitar a repetição da destacar que nem todo bom leitor d um MIRTA A escrita nunca deve ser livre. expressão "três dias", foram propostas al-bom escritor. Muitos de nós somos exce- Precisa ser produzida em um contexto, gumas opções: "ao final desse tempo", lentes leitores, porém somente escreve- sempre. A psicolinguista argentina Emi- "logo","depois" e "então" As crianças es- mos de modo aceitável. lia Ferreiro caracteriza muito bem essa ' colheram "logo". Assim que se chegou à questão. Ela diz que "não há nada menos terceira versão, um menino disse que al- O que se espera de um educador co- livre do que um texto livre". Muitas coi- go soava mal, repetindo a expressão que mo leitor? sas incidem sobre qualquer texto: os pro- a docente já havia usado. Ele continuou: MIRTA Ele deve desfrutar da leitura, es- pósitos que guiam a escrita, os destinatá- "Quando Pinóquio cai no mar, trata-se tar atento aos gostos dos estudantes e rios e a situação comunicativa. As crian- de uma baleia, uma baleia qualquer. De- considerar sua importância como uma ças têm de aprender que o material deve pois, quando ela carrega Pinóquio du- ponte entre eles e os textos. Pequenas, as se refletir no leitor. rante três dias na barriga, no ventre, en- crianças não podem sozinhas e, já maio- tão é a baleia porque não se trata de uma res, precisam de ajuda para acessar gran- Como os educadores podem ajudar baleia qualquer".Então, foi reescrito: "Pi- des obras, que não enfrentariam por os estudantes a refinar seus textos? nóquio caiu no mar e uma baleia o en- iniciativa própria. É válido destacar que MIRTA Vou responder citando um caso goliu. A baleia ficou com ele em seu o docente que seja um bom leitor 6 capaz de alunos de 7 anos que estavam reescre- ventre durante três dias e logo o jogou de descobrir a ambiguidade, a obscurida- vendo a história de Pinóquio. Eles dita- na praia". de ou a pobreza presentes nos textos e vam para a professora: "Pinóquio caiu no compartilhar isso com o grupo. mar e a baleia o engoliu. A baleia ficou Como a professora fez para que os com Pinóquio em sua barriga durante alunos incorporassem essa prática? A partir de quando os alunos devem três dias e depois de três dias jogou Pin6- MIRTA Durante a produção, ela recor- produzir textos? quio na praia". Ela leu em voz alta o pa- dou com a turma como e por que havia MIRTA Essa atividade pode ser anterior rágrafo, comentou que algo soava mal e sido substituído o nome Pinóquio a fim A aquisição da habilidade de escrever. As releu enfatizando o nome Pinóquio. de que fosse elaborada uma regra geral, discussóes entre eles e o professor sobre "Fala-se muitas vezes o nome Pinóquio", registrada no caderno: "Quando se fala ''como fica melhor", "como se poderia 10 Especial Produgáo de Texto www.ne.org.br
  • 6. dizer'', "o que falta colocar" permitem ções. O texto eleito para ser revisado co- refletir sobre a escrita. Assim, muitos, ((AS etapas letivamente deve representar os obstácu- antes de estarem plenamente alfabetiza- dos, já conhecem as características da de produ~ão de los que a maioria encontra. Uma vez descobel-tos no texto do companheiro os linguagem escrita por terem escutado bastante leitura em voz alta. Quer dizer, texto não devem aspectos que devem ser revistos, o profes- sor pode sugerir que cada um revise sua já podem se dedicar à produção de tex- ser enumeradas própria produção. tos, como ditames. Lembro-me de um projeto chamado Cuentos de Piratas, de- porque não são fixas Como ensinar gramática e as normas senvolvido com crianças de 5 anos. A . da língua no interior das práticas de professora lia para elas os contos e todos e sucessivas, mas leitura e escrita? levavam os livros para casa para reler e MtRTA Efetivamente,se recorrem à gra- folhear. Depois, juntamente com a do- um processo mática e às normas da língua quando é cente, faziam listas de personagens, to- mavam nota dos conflitos que apareciam de vai e vem. 13 necessário penetrar em aspectos da com- preensão de um texto, como "qual é o em histórias de piratas, colocavam legen- .................................................... sujeito do parágrafo?", mas principal- das na imagem de um barco: timão, vela, mente para revisar. De acordo com a ida- proa, popa. Finalmente, em grupo, cria- MIRTA As situações didáticas de escrita de da garotada, alguns aspectos são reto- ram uma história de piratas. não são todas iguais. Em alguns casos, é mados em outros momentos, dedicados interessante observar os escritos durante s6 A reflexão gramatical. Quais são as etapas essenciais da pro- o processo para ajudar a turma a relê-los, dução de texto? a retomar o fio do relato e a corrigir uma É comum encontrarmos pessoas que MIRTA A escrita propriamente dita leva expressão. Em outros, é melhor deixar dizem não saber escrever bem e se tempo: se escreve e se relê para saber co- que escrevam sem intervir. Há alguns sentem mais seguras ao falar, o que mo prosseguir, o que falta, se está indo anos, em um projeto com crianças de 7 leva a entender que a passagem do bem, se convém substituir algum pará- e 8 anos, lançamos mão de um recurso oral para o escrito é o ponto de di- grafo ou reescrever tudo. O processo de didático que deu ótimos resultados. Or- ficuldade delas. Como isso pode ser leitura e correção não 6 posterior à escri- ganizávamos as aulas de modo que não enfrentando na escola? ta, mas parte dela. Ao considerar termi- houvesse tempo suficiente para terminar MIRTA Não creio que isso se deva à pas- nado, o passo seguinte é reler ou dar os textos, fazendo com que o gmpo pro- sagem do oral para o escrito. A fala per- para outro leitor fazer isso e opinar. Fei- duzisse apenas uma parte dele. Na aula mite gestos, alusões que reforçam o peso tas as cor:eçÕes finais, passa-se o texto a seguinte, a produção era lida para recor- do que foi dito. Temos uma grande prá- limpo com o formato mais ou menos dar até onde haviam chegado e decidir tica cotidiana na comunicação oral e definitivo.Contudo, as etapas não devem como continuar. Essa situação genuína muito menor na escrita. Quem considera ser enumeradas porque não são f i a s e da releitura permite descobrir erros, pen- mais fácil se comunicar oralmente está, sucessivas. Elas constituem um processo sar formas apropriadas de expressão, en- sem dúvida, pensando em trocas familia- de vai e vem. fim, ajuda a tomar distância do escrito e res e não em apresentações orais formais, retomá-lo como leitor. como as conferências, que exigem verba- Como o educador deve escolher o que lizar e organizar todos os momentos da enfocar primeiro na revisão? É válido que os próprios alunos revi- exposição. Nesses casos, as dificuldades MIRTA Cada texto é único. Todavia, 6 sem os textos dos colegas? encontradas são parecidas com a de es- ikprescindivel - sobretudo com turmas MIRTA Minha experiência mostra que crever. Ensinar a escrever e a falar de for- que já têm autonomia na produção - fa- nein sempre é produtivo que os estudan- ma aceitável exige empenho do profes- zer uma primeira leitura para checar a tes leiam mutuamente as produções dos sor, que deve guiar a turma com mãos coerência. Se os alunos se concentrarem i ~ m ~ a n h e i r o s . menores não enten- firmes e seguras. Os a em detalhes, podem não conseguir che- dem a letra e os maiores nem sempre car a coerência geral. sabem o que procurar, o que faz com que :8 .................... fiquem detidos em detalhes que não in- i : Mirta Torres, mirtatorres5@Jgmail.com Fazer intervenções enquanto os estu- terferem na qualidade final. A revisão : internet b dantes produzem é correto?Ou é me- Ihor deixá-losterminar e revisar só ao fim do trabalho? dos colegas ganha valor quando o profes- i Em abc.gov.arllainstitucion~ na busca sor propõe revisar conjuntamente o tex- i hombnimo de ~i~ castedo (em espanhol), to, orientando a leitura e sugerindo op- ' digite : sobre enseiiar a leery escribir e acesse o texto 1 H www.ne.org.br Especial Produqáo de Texto 11
  • 7. Producão de texto 3 10aopam tscrever de verdade Para produzir textos de qualidade, seus alunos têm de saber o que querem dizer, para quem escrevem e qual é o gênero que melhor exprime suas ideias. A chave é ler muito e revisar continuamente THAIS GURGEL novaescola@atleitor.com.br Colaborou Tadeu Breda N arração, descrição e dissertação. problema seja resolvido por um órgão Por muito tempo, esses três tipos público: cada uma dessas ações envolve de texto reinaram absolutos nas propos- um tipo de texto com uma finalidade, exemplo, sejam conteúdos a apresentar aos alunos sem que eles os tenham iden- tificado pela leitura. Um risco é cair na tas de escrita. Consenso entre professores, um suporte e um meio de veiculação tentação de transmitir verbalmente as essa maneira de ensinar a escrever foi específicos. Conhecer esses aspectos é a diferentes estruturas textuais. Cabe ao uma das responsáveis pela falta de profi- condição mínima para decidir, enfim, o professor permitir que as crianças adqui- ciência entre nossos estudantes. O traba- que escrever e de que forma fazer isso. ram os comportamentos do leitor e do lho baseado nas composições e redações Fica evidente que não são apenas as ques- escritor pela participação em situações escolares tem uma fragilidade: ele não tões gramaticais ou notacionais (a orto- práticas e não por meras verbalizações. garante o conhecimento necessário para grafia, por exemplo) que ocupam o cen- Ensinar a produzir textos nessa pers- produzir os textos que os alunos terão de tro das atenções na constnição da escrita, pectiva prevê abordar três aspectos prin- escrever ao longo da vida. "Nessa antiga mas a maneira de elaborar o discurso. cipais: a construção das condições didáti- abordagem, ninguém aprendia a consi- Há outro ponto fundamental nessa cas, a revisão e a criação de um percurso derar quem seriam os leitores. Por isso, transformação das atividades de produ- de autoria, como explicado a seguir. não havia a reflexão sobre a melhor es- ção de texto: quem vai ler. E, nesse caso, tratégia para pôr as ideias no papel", diz você não conta. "Entregar um texto para Os textos redigidos em classe Telma Ferraz Leal, da Universidade Fe- o professor é cumprir tarefa", diz Feman- precisam de um destinatário deral de Pernambuco (UFPE). da Liberali, da Pontifícia Universidade "Escreva um texto sobre a primavera." Para aproximar a produção escrita das Católica de São Paulo (PUC-SP). "Para Quem se depara com uma proposta como necessidades enfrentadas no dia a dia, o que o aluno fique estimulado com a pro- essa imediatamente deveria se fazer algu- caminho atual é enfocar o desenvolvi- posta, 6 preciso que veja sentido nisso." mas perguntas. Para quê? Que tipo de mento dos comportamentos leitores e O objetivo é fazer com que um leitor escrita será essa? Quem vai lê-la? Certas escritores. Ou seja: levar a criança a par- ausente no momento da produção com- informações precisam estar claras para ticipar de forma eficiente de atividades preenda o que se quis comunicar. que se saiba por onde começar um texto da vida social que envolvam ler e escre- O primeiro passo é conhecer os diver- e se possa avaliar se ele condiz com o que ver. Noticiar um fato num jornal, ensi- sos gêneros. Isso não significa que os re- foi pedido. Nas pesquisas didáticas de nar'os passos para fazer uma sobremesa cursos discursivos,textuais e linguísticas práticas de linguagem, essas delimitações ou argumentar para conseguir que um dos contos de fadas e da reportagem, por se denominam condições didáticas de* 12 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br
  • 8. I- I DESV TERM( ASSU,. m w DESNECESSAR O autor chama As palavras V a r u r l u ar1 'tenção para a "marginaisJ; que.0~ jove êm 'estão dos assaltos, "assa1tantes"e consciência para 1s logo foca em " "criminosos"são assumir os crimes utras situações qt usadas com o mesmo que cometem, r envolvem men de idade sem s, , propósito, o que mas não expõe deixa a produção nada que ju que iprofundar. com Pouca fluidez. essa ideia. . . .. . LJ ' , ,' .
  • 9. .................................. ............................. ................................ .................................... ................................ ................... qoducão de texto 3 10ao. a- ... .. .. - BIOGRAFIA Dados ordenados cro ogicamente e recursos linguísticas q u e asseguram a c tem --I 'como os advérbios) são algumas das características do gêner 1 t L~ . .- ,DOS 3t_F - :ORMAÇÕES PLICAÇn -E C- - Alguns t - e ~ ~ ~ p o r t a n t e w a m ' * - ~ a grod~w O " v.-.-- , inich d«te texta , g r niiian> i n on i i*lw d«-m claro o 4* m a de P.R 1"lwrn~- em - * O ~t~~CwiRCntei mectiV<n e orgíni# as f ea f r a e r-11 que -, vew conjugadolM mwc' d m d,erinslmtntO O autm cdheu or do biograf* d*s para o tmo uracterfrtkis respondendo 6 aw~ln"-- que marom o @nem. ~ I J C S ~de ~ S li+,: ~ uma :,? .., . -, ?.: : ......... , ~ l ~ - ~ ~1c - . p ! O . : ,; L : .:,.;, e...Ia.;.+.-. ..,-:, - . : v. T -.? .. +.. . .-.. I q : .:, , -L' ., :. -. L #?.i.<.,;- : .;i i ., !i , :-i;:;*.; ,; ; ; i.<,<;:,;., -. r <>sF!J
  • 10. , . produção textual. No que se refere ao principais notícias do momento, como o preender quais são os elementos princi- exemplo citado, fica difícil responder às surto de dengue no Rio de Janeiro e a pais desse problemaen perguntas,já que esse tipo de redação não discussão sobre a maioridade penal. Com existe fora da escola, ou seja, não faz par- as características do gênero já discutidas A revisão vai além da ortografia te de nenhum gênero. e frescas na memória, todos passaram à e foca os propósitos do texto De acordo com Bernard Schneuwly e produção individual (7eia o texto de um dos Produzir textos é um processo que envol- Joaquim Dolz, o trabalho com um gêne- alunos na página 13). ve diferentes etapas: planejar, escrever, ro em sala é o resultado de uma decisão A primeira versão foi lida pela profes- revisar e reescrever. Esses comportamen- didática que visa proporcionar ao aluno sora. "Sempre havia observações a fazer, tos escritoressão os conteúdos fundamen- conhecê-lo melhor, apreciá-lo ou compre- mas eu deixava que os próprios meninos tais da produção escrita. A revisão não endê-lo para que ele se torne capaz de ajudassem a identificar as fragilidades", consiste em corrigir apenas erros ortográ- produzi-lo na escola ou fora dela. No ar- diz Maria Teresa. Divididos em pequenos ficos e gramaticais, como se fazia antes, tigo Os Gêneros Escolares - Das Práticas de grupos, os alunos revisaram a produção mas cuidar para que o texto cumpra sua Linguagem aos Objetos de Ensino, os pesqui- de um colega, escrevendo um bilhete pa- finalidade comunicativa. "Deve-se olhar sadores suíços citam ainda como objetivo ra o autor com sugestões e avaliando se para a produção dos estudantes e identi- desse trabalho desenvolver capacidades ela estava adequada para a publicação. ficar a que provoca o estranhamento no transferíveis para outros gêneros. Eram comuns comentários como "argu- leitor dentro dos usos sociais que ela terá", Para que a criança possa encontrar so- mento fraco" e "falta conclusão". explica Fernanda ~iberali. luções para sua produção, ela precisa ter "Envolver estudantes de 6 O a 9 O ano na Com a ajuda do professor, as tumas um amplo repertório de leituras. Essa produção textual é um grande desafio", aprendem a analisar se ideias e recursos possibilidade foi dada à turma de 9 O ano ressalta Roxane Rojo, da Universidade utilizados foram eficazes e de que forma da professora Maria Teresa Tedesco, do Estadual de Campinas (Unicarnp)."Mui- o material pode ser melhorado. A sala de Centro de Educação e Humanidades Ins- tas vezes, eles tiveram de produzir textos 3 O ano de Ana Clara Bin, na Escola da tituto de Aplicação Fernando Rodrigues sem função comunicativa durante a es- Vila, em São Paulo, avançou muito com da Silveira - conhecido como Colégio de colaridade inicial e, por acreditaremque um trabalho sistemático de revisão. Por Aplicação da Universidade Estadual do escrever C uma chatice, são mais resisten- um semestre, todos se dedicaram a um Rio de Janeiro (Uerj). Procurando desen- tes." Atenta, Maria Teresa soube driblar projeto sobre a história das famílias, que volver a leitura crítica de textos jomalis- o problema. Percebendo que a turma culminou na publicação de um livro, ticos e o conhecimento das estruturas andava inquieta com a proibição por par- distribuído também para os pais. Dentro argumentativas na produção textual, ela te da direção do uso de short entre as desse contexto, ela propôs a leitura de propôs uma atividade permanente: a cada meninas, ela fez diko o tema de um edi- contos em que escritores narram histórias semana, um grupo elegia uma notícia e torial do jornal mural. da própria iXancia. Os estudantes se en- expunha A turma a forma como ela tinha "Para que algudm se coloque na posi- volveram na reescrita de um dos contos, sido tratada nos jornais. Depois, seguia-se ção de escritor, é preciso que sua produção narrado em primeira pessoa. Eles tiveram um debate sobre o tema ou a maneira tenha circulação garantida e leitores de de reescrevê-lo na perspectiva de um ob- como 9s reportagens tinham sido veicu- verdade", diz Roxane. E todos saberiam a servador - ou seja, em terceira pessoa. A ladas. Paralelamente, os estudantes tive- opinião do aluno sobre a q'uestão, inclu- segunda missão foi ainda mais desafiado- ram contato com textos de finalidades sive a diretoria. "Só assim ele assume ra: contar uma história da infincia dos ' comunicativas diversas no jornal, como responsabilidade pela comunicação de pais. Para isso, cada um entrevistou fami- cartas de leitores, editoriais e artigos opi- seu pensamento e se coloca na posição liares, anotou as informações em forma nativos."O objetivo era que eles analisas- do leitor, antecipando como ele vai inter- de tópicos e colocou tudo no papel (leia sem os materiais, refletissem sobre os pretá-lo." A argumentação da garotada foi o texto de um dos alunos à esquerda). propósitos de cada um e adquirissem um tão bem estruturada que a diretoria re- Ana Clara leu os trabalhos e elegeu repertório discursivo e linguístico",conta solveu voltar atrás e liberar mais uma vez alguns pontos para discutir. "O mais co- Maria Teresa, que lançou um desafio: o uso da roupa entre as garotas. mum era encontrar só o relato de um produzir um jornal mural. A criação de condições didáticas nas fato", diz."Recorremos, então, aos contos A proposta era trabalhar com textos propostas para as turmas de l0 a S0 ano lidos para saber que informações e deta- opinativos, como os editoriais. Para que segue os mesmos preceitos utilizados pe- lhes tornavam a história interessante e a escrita ganhasse sentido,ela avisou que la professora Maria Teresa."Em qualquer como organizá-lospara dar emoção."Ca- o jornal seria afixado no corredor e que série, como na vida, produzir um texto C da um releu seu conto, realizou outra toda a comunidade escolar teria acesso a' resolver um problema", ensina Telma entrevista com o parente-personagem e ele. Os assuntos escolhidos tratavam das Ferraz Leal. "Mas para isso 6 preciso com- produziu uma segunda versão. e www.ne.org.br Especial Produgáo de Texto 15
  • 11. ............................................................................. .................. ................................................................................ .....,.., de Produ~ão texto 10ao~a.o a& ,& lorbm- , . da- .. - &&r J*w.. A escolha da - - A ararasurge sem -- -T. P ANALISE GERAL expressão"era uma ser apresentada, C ~ ~ ~ I I UCJ I I ter É apropriado retomar as marcas do vez" revela que o diferentemente do cão. conseguido se livrar g@nero fábula e o significado de aluno se confundiu O mesmo ocorre c o r da armadilha dos proverbios e ditos populares. A leitura CI com a maneira de comeqar textos de outro g@nero os caçadores e com os outros animais. Isso prejudica a sem ajuda de sua amiga arara, dos colegas pode ajudar o autor a perceber que apresentar Os a moral da fábula conto, o conto. compreensão do texto. não faz sentido. personagens 6 fundamental.
  • 12. erevisão - análise coletiva de uma pro- de Tiveram início ai diferentesformas complexo processo de transformação de seus conhecimentos em um texto". da história. Pediu, então, uma pesquisa sobre provérbios e seu uso cotidiano. Com dução no quadro, revisão individual com essa compreensão e um repertório de base em discussõescom o grupo e revisões Ser autor exige pensar ditados populares, Edileuza sugeriu a em duplas -, realizadas vários dias depois no enredo e na estrutura criação de uma fábula individual. Ela para que houvesse o distanciarnentoem O terceiro aspecto fundamental no tra- discutiu com o grupo que esse gênero relação ao trabalho. A primeira proposta balho de produção textual é garantir que geralmente tem como protagonistas ini- foi a "revisão de ouvido". Para realizá-la, a criança ganhe condições de pensar no migos tradicionais (cão e gato, por exem- Ana Clara leu em voz alta um dos contos todo. Do enredo à forma de estruturar os plo). Estava coiocada uma restrição. Em para a turma, que identificou a omissão. elementos no papel: k preciso aprender seguida, relembrou provérbios que po- de palavras e informações. Ela selecionou a dar conta de tudo para atingir o leitor. deriam ser a moral das histórias criadas. alguns aspectos a enfocar na revisão: or- Esse processo denomina-se construção Desde o início, todos sabiam que as tografia, gramática e pontuação. de um percurso de autoria e se adquire produções seriam lidas por outros alunos, Quando a classe foi dividida em duplas, com tempo, prática e reflexão. o que serviu de estimulo para bolar tra- um dos propósitos da professora era que Os estudos em didática das práticas de mas envolventes."Há uma diferença en- uns dessem sugestões aos outros. A pes- linguagem fizeram cair por terra o pen- tre escrever textos com autonomia - obe- quisadora argentina em didática Mirta samento de que a redação com tema livre decendo à estrutura do gênero, sem pro- Castedo k defensora desse tipo de propos- estimula a criatividade. Hoje sabe-se que blemas o r t o ~ i c oe de coerência - e se s ta. Para ela, as situações de revisão em depois da alfabetização há ainda uma tornar autor", explica Patrícia. "No pri- grupo desenvolvem a reflexão sobre o longa lista de aprendizagens. Foi consi- meiro caso, basta aprender as caracterís- que foíproduzido i o r meio justamente derando a complexidade desse processo ticas do gênero e conhecer o enredo, por da troca de opiniões e críticas."Revisar o que Edileuza dos Santos, professora da exemplo. No segundo, 6 preciso desen- que os colegas fazem k interessante, pois EM de Santo Amaro, no Recife, desenvol- volver ideias." Para chegar lá, a interação o aluno se coloca no lugar de leitor", veu um projeto de fábulas com a skrie com professores e colegas e o acesso a um emenda Telma. "Quando volta para a (leia o texto de um dos alunos à esquerda). repertório literário são importantes. própria produção e revisa, a criança tem Ela deu infcio ao trabalho investindo Do 6 O ao 9 O ano, o processo de cons- mais condições de criar o distanciamento na ampliação do repertório dentro desse trução da autoria pode exigir desafios que dela e enxergar as fragilidades." gênero literário. Assim foi possível obser- sejam cada vez mais complexos: a elabo- Um escritor proficiente, no entanto, var regularidades na estrutura discursiva ração de tensões na narrativa ou a parti- não faz a revisão só no fim do trabalho. e linguística, como o fato de que os ani- cipação em debates para desenvolver a Durante a escrita,é comum reler o trecho mais são os protagonistas. "Escolhi esse argumentação,como fez Maria Teresa."A já produzido e verificar se ele está ade- gênero porque ele tem começo, meio e reescrita pode vir com propostas de pro- quado aos objetivos e às ideias que tinha fim bem marcados, algo que eu queria dução de paródias, no caso dos maiores, a intenção de comunicar - só então pla- trabalhar com a garotada? que exigem mais elaboração", diz Roxane. neja-se a continuação. E isso k feito por A primeira proposta foi o reconto oral Uma boa forma de fazer circular textos todo escritor profissional. de uma fábula conhecida. "Isso envolve nessa fase são os meios digitais, como A revisão em processo e a final são organizar ideias e pode ser uma forma blogs e o site da própria escola. Os jovens passos fundamentais para conseguir de de planejar a escrita", endossa Patrícia podem se responsabilizar por toda a pro- fato uma boa escrita. Nesse sentido, a Corsino, da Universidade Federal do Rio dução. Levar os estudantes a se expressar maneira como você escreve e revisa no de Janeiro (UFRJ).Quando já dominamos cada vez melhor, afinal, deve ser o obje- quadro, por exemplo, pode colaborar todas as informações de uma narrativa, tivo de todo professor. (3 para que a criança o tome como um mo- podemos nos focar apenas na forma de delo e se familiarize com.0 procedimen- expor os elementos -mas esse é um gran- l OUER SABER M A I S ? I to. Sobre o assunto, Mirta Castedo escre- de desafio no inicio da escola-idade. -i ve em sua tese de doutorado: "Os bons Na turma de Edileuza, as propostas : Centro de Educação e i Humanidades Instituto de Aplicação i escritores adultos (...) são pessoas que seguintes foram a reescrita individual e i Fernando Rodrigues da Sllveira, pensam sobre o que vão escrever,colocam a produção de versões de fábulas conhe- : tel. (21) 2333-7873, cap-uerjQhotmail.com i i E M de Santo Amaro, tel. (81) 3232-5919 : em palavras e voltam sobre o já produzi- cidas com modificações dos personagens i Escola da Vila, tel. (1 1) 3726-3578, 1 do para julgar sua adequação. Mas não ou do cenário. Aos poucos, todos ganha- j vilaQvila.com.br : Fernanda Liberali, Iiberali@uoi.com.br realizam as três ações (planejar,escrever ram condições de inventar situações. A i Roxane Rojo, rrojoQiel.unicamp.br e revisar) sucessivamente: vão e voltam professora percebeu que os estudantes : Teima Ferraz Leal, tfleal@terra.com.br de umas às outras, desenvolvendo um não entendiam bem o sentido da moral www.ne.org.br Especial Produgão de Texto 17
  • 13. Práticas de linguagem 10,50am ' Gêneros, como usar Eles invadiram a escola - e isso é bom. Mas é preciso parar de ficar só ensinando suas características para passar a utilizá-los no dia a dia de todas as turmas com o objetivo de formar leitores e escritores de verdade ANDERSON MOÇO anderson.moco@abril.com.br 18 Especial Produgão de Texto www.ne.org.br
  • 14. seja, se é um texto com função comuni- cativa, tem um gênero. Na última década, a grande mudança nas aulas de Língua ~or&guesa a che- foi gada dos gêneros h escola. Essa mudança é uma novidade a ser comemorada. Po- * rém muitos especialistase formadores de professores destacam que há uma peque- na confusão na forma de trabalhar. Ex- plorar apenas as características de cada gênero (cartatem cabeçalho, data, sauda- çáo inicial, despedida etc.) não faz com que ninguém aprenda a, efetivamente, escrever uma carta. Falta discutir por que e para quem escrever a mensagem, certo? Afinal, quem vai se dar ao trabalho de escrever para guardá-la? Essa é a diferen- ça entre tratar os gêneros como conteú- dos em si e ensiná-los no interior das práticas de leitura e escrita. ' Essa postura equivocada tem raízes claras: é uma infeliz reedição do jeito de ensinar Língua Portuguesa que predomi- nou durante a maior parte do século passado. A regra era falar sobre o idioma e memorizar definilões: "Adjetivo: pala- vra que modifica o substantivo, indican- do qualidade, caráter, modo de ser ou estado. Sujeito: termo da oração a respei- to do qual se enuncia algo". E assim por diante, numa lista quilométrica. Pode até parecer mais fácil e econômico trabalhar apenas com os aspectos estruturais da língua, mas é garantido: a turma não vai aprender."O que importa é fazer a garo- tada transitar entre as diferentes estrutu- ras e funções dos textos como leitores e escritores", explica a linguista Beth Mar-' cuschi, da Universidade Federal de Per- nambuco (UFPE). É por isso que não faz sentido pedir T odo dia, você acorda de manhã e pega o jornal para saber das últimas novidades enquanto toma o c f da ma- aé te da sala e lê alguns antes de dormir. para os estudantes escreverem só para Não C de hoje que nossa relação com os você ler (e avaliar). Quando alguém es- textos escritos é assim: eles têm formato creve uma carta, C porque outra pessoa nhã. Em seguida, vai até a caixa de cor- próprio, suporte específico, possíveis pro- vai recebê-la. Quando alguém redige reio e descobre que recebeu folhetos de pósitos de leitura - em outras palavras, uma notícia, é porque muitos vão lê-la. propaganda e (surpresa!) a carta de um possuem o que os especialistas chamam Quando alguém produz um conto, uma amigo que está morando em outro país. de "características sociocomunicativas", crbnica ou um romance, é porque espera Depois, vai ate a escola e separa livros definidas pelo conteúdo, pela função, emocionar, provocar ou simplesmente para planejar uma atividade com seus pelo estilo e pela composição do mate- entreter diversos leitores. E isso é perfei- alunos. No fim do dia, de volta h casa, rial a ser lido. E C essa soma de caracterís- tamente possível fazer na escola: a carta pega uma coletânea de poemas na estan- ticas que define os diferentes gêneros. Ou pode ser enviada para amigos, paren- e www.ne.org.br Especial Produgão de Texto 19
  • 15. Práticas de linguagem 1°a050ano e tes ou colegas de outras turmas; a lJl<UIJU3 A LUI<I<ILULAI<UU MUNILIIJIC I notícia pode ser diwlgada num jornal distribuído internamente ou transfor- Dividida em semestres, cobre 1O ao 5 O ano mado em mural; o texto literário pode e é adotada em toda a rede municipal dar origem a um livro, produzido de for- ma coletiva pela moçada. Os especialistas dizem que os gêneros são, na verdade, uma "condição didática para trabalhar com os comportamentos leitores e escritores". A sutileza é que eles devem estar a serviço dos verdadeiros conteúdos: os chamados "comportamen- tos leitores e escritores"(ler para estudar, encontrar uma informação específica, tomar notas, organizar entrevistas, elabo- rar resumos, sublinhar as informações cantigas e adivinhas). mais re.levantes, comparir dados entre Objetivos Desenvolver textos e, claro, enfrentar o desafio de es- Objetivos Desenvolver ' comportamentos leitores e ler antes coqportamentos leitores e de saber ler convencionalmente, crevê-los)."Cabe ao professor possibilitar escritores, ler antes de saber tentando estabelecer relações entre que os alunos pratiquem esses compor- ler e escrever sem saber o oral e o escrito. escrever convencionalmente. Conteúdos Leitura, escrita tamentos,utilizando textos de diferentes Conteúdos Leitura, escrita e comportamentos leitores. gêneros", diz Beatriz Gouveia, coordena- e comportamentos leitores. dora do Programa Alem das Letras, do Instituto Avisa Lá, em São Paulo, e sele- cionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. As boas opções para abordar os gêneros em sala de aula Existem muitas formas de trabalhar os do sistema de escrita). Produção coletiva ou em dupla gêneros na prática. Nos quadros que Reconto de contos conhecidos de bilhetes, convites, receitas, regras acompanham esta reportagem, você co- com o professor como escriba, de jogos, propagandase anúncios. preservando os elementos Reescrita coletiva de contos nhece e compara duas propostas curricu- da linguagem escrita. conhecidos. lares, de uma instituição privada e de urna Objetivos Refletir sobre Objetivos Refletir sobre o rede pública. A primeira (publicada à di- o funcionamento do sistema funcionamento do sistema de escrita reita e nas páginas 22 e 23) é da Secretaria de escrita e apropriar-se e produzir um texto em linguagem das caracterlsticas da escrita, recuperando os principais de Educação de Nova Lima, na região linguagem escrita. elementos da narrativa. metropolitana de Belo Horizonte. A se- Conteúdos Leitura e escrita Conteúdos Leitura e escrita e produção e produção de texto oral com de texto oral com destino escrito. gunda (da página 24 à 27) é da Escola destino escrito. Projeto Vida, em São Paulo. Ambas co- brem do loao 5 O ano do Ensino Funda- mental e podem servir de exemplo para Agenda de telefones e endereços dos alunos da turma. Coletânea de reescritas de contos distribuir os conteúdos porque represen- Livro de parlendas preferidas ditados para o professor. tam um passo além da chamada"norma- pelo grupo. Objetivos Produzir um texto tização descritiva"(a tendência de explicar ibjetivos Estabelecer um sentido em linguagem escrita, recuperando s6 as características de cada gênero). , ara o uso do alfabeto, favorecer os principais elementos da narrativa, situações de escrita com base em e perceber a diferença entre Antes de detalhar como funciona a textos de memória e refletir sobre o a linguagem oral e a escrita. abordagem que privilegia o ensino dos funcionamento do sistema de escrita. Conteúdo Linguagem escrita. Conteúdos Ordem alfabgtica comportamentos leitores e escritores, e leitura e escrita. vale uma palavrinha sobre os conteúdos clássicos da disciplina: ortografia e gra- mática. Eles continuam sendo muito e
  • 16. c , -1 n Leitura diária de contos e poemas Leitura diária de textos literários Leitura diária de textos literários I. pelo professor. e informativos pelo professor. pelo professor. Roda de conversa com media ão do Roda de conversa (emissão de Roda de conversa (escuta atenta professor sobre temas diversiÁcados. opiniões pessoais). e manifestação de opiniões). Roda de biblioteca (emprkstimo Roda de biblioteca (emprkstimo Roda de biblioteca (emprkstimo de de livros e compartilhamento de livros com comentários, lembrança livros e apreciação de textos literários). de impressões sobre eles). de trechos, indicação aos colegas Leitura compartilhada de textos Leitura e escrita de textos de e apreciação de textos literários). informativos para estudar os memória (poesias, adivinhas, Leitura e escrita de textos práticos temas tratados nas diferentes cantigas e trava-llnguas). (bilhetes, cartões, avisos, anúncios etc.). áreas de conhecimento. Leitura pelo aluno de diferentes gêneros Objetivos Desenvolver comportamentos Objetivos Familiarizar-se com textos para localizar e selecionar informações. leitores e utilizar as estratkgias de literários e informativos e desenvolver Escrita de textos práticos (bilhetes, seleção, antecipação e verificação, o comportamento leitor. cartões, avisos, anúncios etc.) considerando aquilo que já se sabe sobre Conteúdos Leitura, produção de texto o sistema de escrita. e comportamentos leitores. Objetivos Desenvolver comportamentos Conteúdos Leitura, escrita e leitores, aprender procedimentos que comportamentos leitores. leitores experientes usam ao procurar informações nos textos e pôr em jogo os conhecimentos sobre a escrita, considerando as caracterlsticas do gênero. Conteúdos Leitura, produção de texto e revisão (pontuação, coesão, coerência e aspectos referentes a regularidades e irregularidades ortográficas). Leitura de várias versões do mesmo Reescrita em dupla de contos conto para apreciar e comparar selecionados pela turma. Reescrita de contos conhecidos a textos de qualidade. Reconto e reescrita de uma versão do conto escolhida pelos alunos. Escrita em dupla de textos de memória. Revisão coletiva das reescritas. Leitura, com a ajuda do professor, de textos de diferentes gêneros, apoiando-se em conhecimentos sobre (individualmente ou em dupla), considerando as ideias principais do texto e as caracterlsticas da linguagem escrita. Escrita coletiva de brincadeiras Revisão coletiva dos textos produzidos o tema do texto, as caracterlsticas do infantis coletadas em entrevistas em dupla. seu portador e o gênero. e registros escritos. Revisão coletiva (aspectos Objetivos Conhecer e valorizar os Objetivos Participar de uma situação notacionais e discursivos). recursos lingulsticos utilizados pelo de revisão com a ajuda do professor, autor e considerar a importancia da visando aprimorar a escrita e ler Objetivos Produzir textos utilizando escrita correta para ser mais bem diferentes gêneros com mais fluência. recursos de linguagem escrita e entendida pelos leitores. Conteúdos Leitura, produção e revisão desenvolver comportamentos de escritor Conteúdos Leitura, produção de texto de textos (aspectos notacionais (planejar, redigir, revisar e passar a limpo). e revisão (ausência de marcas de e discursivos, considerando as Conteúdos Produção de texto oral nasalização, hipo e hiperssegmentação, caracterlsticas lingulsticas do gênero). com destino escrito e revisão de entre outros). textos (pontuação, coesão, coerência e ortografia). i Livro de cantigas de roda preferidas Leitura de contos de própria autoria Manual de brincadeiras infantis antigas pelos alunos. para outras turmas (após o reconto, para serem desenvolvidas nas aulas a reescrita e a revisão). de Educação Flsica. Objetivos Escrever alfabeticamente Caderno de relatos de memórias Saraus literários (narração, reconto textos de memória e pôr em jogo da turma com fotos e registros escritos. de contos conhecidos e declamação os conhecimentos sobre a escrita. de poesias e trava-llnguas). - Conteúdo Ortografia. Objetivos Desenvolver comportamentos rh leitores e escritores e escrever relatos, Objetivos Desenvolver comportamentos considerando as caracterlsticas textuais escritores (planejar o que se vai escrever, e discursivas do gênero. escolher uma entre várias possibilidades Conteúdos Leitura, produção e revisão de e rever após a escrita), identificar ' textos (ortografia e aspectos relacionados caracterlsticasdos gêneros orais e 3 linguagem que se usa para escrever). escritos e participar de situações de uso de linguagem oral. L Conteúdos Comportamentos leitores, comunicação oral, produção de texto e
  • 17. / Práticas de linguagem 1°m50am I Leitura diária de textos literários, Leitura diária de textos literários, Leitura diária de diferentes informativos e instrucionais informativos e práticos pelo professor. gêneros pelo professor. pelo professor. Leitura compartilhada de textos Roda de biblioteca e roda de Roda de conversa (manifestação informativos e de divulgação cientlfica. conversa relacionada aos projetos. de opiniões). Roda de biblioteca e roda de conversa Leitura pelo aluno de gibis, Roda de biblioteca (empréstimo de (discussões relacionadas aos projetos). enciclop6dias, jornais (para buscar livros e comparação de livros lidos). Leitura de textos em diferentes informações, se divertir e aprender Leitura compartilhada de textos portadores para buscar informações. sobre o tema). informativos e discussão de temas. Escrita de notlcias e de textos Objetivos Familiarizar-secom textos Objetivos Familiarizar-secom publicitários (propagandas, cartazes, de diferentes gêneros e selecionar textos diferentes ggneros e selecionar folhetos, slogans, outdoors etc.). em diferentes fontes, observando seu textos em diferentes fontes, propósito enquanto leitor. observando seus propósitos. Objetivos Desenvolver Conteúdo Comportamentos leitores Conteúdos Comportamentos leitores. comportamentos leitores, aprender (seleção de informações e leitura procedimentos que leitores experientes de textos informativos). usam para fazer perguntas e fazer colocações ertinentes e por em jogo os con(ecimentos sobre a escrita considerando as caracterlsticas do gênero. Conteúdos Leitura, produ ão de texto e revisão (regularidaies e irregularidades ortográficas, coerência, coesão e pontuação). *.Leitura para refletir sobre os Leitura e reescrita de contos Leitura de vários textos de um recursos lingulsticos utilizados tradicionais tendo um mesmo autor, analisando os recursos pelo autor (identificação nos contos personagem como narrador. lingulsticos utilizados por ele. dos recursos e as caracterlsticas Reescrita individual ou em dupla Produ ão de textos práticos, informativos próprias desse gênero). de textos informativos. e literjrios individualmente ou em dupla, Produção de contos. Revisão coietiva ou em dupla utilizando procedimentos de escritor. Revisão coletiva (ortografia (coerência, coesão e ortografia). Revisão de textos produzidos em dupla e pontuação). e com a ajuda do professor. Objetivos Reescrever um conto Objetivos Reconhecer a leitura em primeira pessoa (o personagem Objetivos Conhecer caracterlsticas como uma fonte essencial para 6 ao mesmo tempo narrador) discursivas e comunicativas desses gêneros, produzir textos, aprender e desenvolver comportamentos saber reconhecer, organizar e utilizar procedimentos de revisão e escritores. os recursos lingulsticos presentes nos textos conhecer caracterlsticas discursivas ConteSidos Leitura de contos e aprender procedimentos de revisão. e comunicativasdesse gênero. tradicionais, produção textual e Conteúdos Leitura, produção de texto e Conteúdos Leitura, produção de revisão (ortografia, pontuação e revisão (ortografia, pontuação, concordância texto e revisão (ortografia, pontuação, concordâncias verbal e nominal). nominal e verbal e aspectos discursivos). Apresentação de um conto Leitura e produção de jornal mural. Roda de leitura com a participação produzido pela turma para os alunos Indicação literária de vários livros dos pais (apresentações, apreciações da escola. e autores ara a maior circulação de livros biblioteca da escola. Objetivos Recuperar os elementos da narrativa com base na linguagem Objetivos Reescrever e produzir textos que se usa para escrever. utilizando procedimentos de escritor. Conteúdos Leitura e Conteúdos Leitura de jornais, Objetlvos Favorecer a troca de produção de texto. produção de texto e revisão experiências de leitura e p8r em (aspectos notacionais e discursivos). jogo os conhecimentos sobre a escrita considerando as caracterlsticas do gênero. Conteúdos Leitura, produção de texto. e revisão (ortografia, pontuação e aspectos discursivos).
  • 18. & importantes nesse novo jeito de pla- nejar, pois conhecê-los é essencial para que os alunos superem as dificuldades. Que tempo verbal usar para contar algo que já ocorreu? Que recursos de coesão e coerencia garantem a compreensão de uma história? "Saber utilizar a língua é Leitura diária de diferentes generos Leitura diária de diferentes g@neros o que mais influencia a qualidade textu- textuais pelo professor. textuais pelo professor. Roda de biblioteca (com emprkstimo Roda de biblioteca (emprkstimo al: ressalta Beth Marcuschi. Para alcançar de livros). de livros). isso, porém, não é necessário colocar a Roda de conversa (emissão de opiniões Roda de conversa, participação sobre determinado assunto para em seminários e entrevistas. ortografia e a gramática como um fim argumentar e contra-argumentar). Leitura pelo aluno com diferentes em si mesmo, ocupando o centro das Leitura de textos para buscar propósitos. informações, compreender e estudar. aulas. Assim como os gêneros, elas são Objetivos Participar de situações um meio para ensinar a ler e escrever Objetivos Participar de situações de intercâmbio oral, trocando cada vez melhor. de interclmbio oral, trocando opiniões, opiniões, planejando e justificando sua planejando e justificando sua fala, fala, e adquirir comportamentos leitores. Nas propostas curriculares da Escola e adquirir comportamentos leitores. Conteúdos Leitura e comunicação Projeto Vida e da rede de Nova Lima, Conteúdos Comportamentos leitores oral (seminárioe entrevista). e comunicação oral. você vai notar que não existe uma pro- gressão de aspectos "mais fáceis" para outros "mais dificeis", pois qualquer gê- nero pode ser trabalhado em qualquer ano. "O que deve variar conforme a idade é a complexidade dos textos", afirma Re- gina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA.Alem disso, é fundamen- * Leitura para refletir sobre a escrita Revisão de textos produzidos por tal retomar o estudo sobre determinado (reconhecer os recursos lingulsticos alunos de outras turmas (elaborar presentes nos diversos tipos de texto). devolutivas, fazendo algumas g&nero(em diferentes momentos, mas Pesquisa sobre determinado assunto (selecionar os textos de acordo com os propósitos da leitura e fazer resumos). - considerações sobre o texto revisado). Leitura de artigos de opinião, noticias, re ortagens e resenhas para desenvolver para atender a necessidades específicas de aprendizagem). Produção de textos informativos. a gmiliaridade com esses eneros. Revisão das produções escritas. Produçbo de resenhas dos!ivros lidos. A turma deve saber que cada Objetivos Reconhecer a leitura como Objetivos Revisar textos assumindo t i p o de texto tem um suporte o ponto de vista do leitor e conhecer A apresentação dos textos 6 outro ponto informações e revisar textos assumindo essencial: eles devem ser trabalhados em o ponto de vista do leitor. Conteúdos Leitura, produção de Conteúdos Análise e reflexão sobre resenhas e revisão (pontuação,ortografia, seu suporte real. Se você quer usar repor- a Ilngua, produqão de texto e revisão concord%ncia verbal e nominal, adequação tagens, tem de levar para a sala jornais e (aspectos notacionais e discursivos). ao g@nero,coerencia e coesão textual). revistas de verdade. Para explorar receitas, 6 preciso que os alunos manuseiem obras de culinária. Na análise de bio@ias, é Livro de cruzadinhas da turma Produção de jornal da turma. com verbetes (reflexão orto ráfica Elaboração de resenhas de livros para fundamental cada um dispor de livros considerando as regularidales apresentar a outras turmas da escola. desse tipo. E assim sucessivamente. Por- e irregularidades ortográficas). Elaboração de um folheto informativo Objetivos Expressar sentimentos, tanto, nada de oferecer apenas uma carta sobre um tema estudado. ideias e opiniões com base na leitura que esteja publicada (ou resumida) nas efavorecer a familiaridade e o uso Objetivos Refletir sobre a escrita dos diversos gêneros textuais em páginas do livro didático. das palavras, considerando as regularidades situações significativas. Isso posto, é hora de mergulhar nos e irregularidades ortográficas, e p8r Conteúdo Produção de textos em jogo os conhecimentos sobre a escrita, jornallsticos e resenhas. currículos.O fio condutor que aproxima considerando as caracterlsticasdo genero. as duas propostas é a preocupação de Conteúdos Ortografia e produção de textos informativos. fazer a turina transitar pelas três posições enunciativas do texto: ouvinte, leitor e escritor. É nessa "viagemJ'de possibilida- des que a garotada exercita os tais com- portamentos leitores e escritores. Em e