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s medidas anunciadas pelo
novo governo eleito, rela-
cionadas ao setor econô-
mico e às questões estruturais,
começam a gerar um novo clima
de negócios.
No plano nacional, as dire-
ções apontam credibilidade nas
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normal”, pois taxas como aquelas
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firmados no Brasil somam US$
1,450 bilhão e os anunciados US$
1,3 bilhão. Eles envolvem os se-
tores de serviços, petróleo e gás,
fabricação de máquinas e equi-
pamentos. As empresas como
a Sanxing Eletric, Fosun, GsPak,
Bitmain, Hanergy Holdings Group,
dentre outras, ainda poderão ter
novos anúncios no início de 2019.
Após 30 anos de crescimento
do Produto Interno Bruto (PIB)
a uma média anual de 10%, o
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“normal” os números superlativos
do crescimento da China. Por
isso, diante da desaceleração dos
Por: Henry Uliano Quaresma(*)
BRAZIL EXPORT - 37BRAZIL EXPORT - 37
imensa, o que torna o resultado
ainda mais significativo.
A segunda maior economia
do mundo gerou um PIB superior
a US$ 10 trilhões em 2015. A
expansão esperada equivalerá a
incorporar a economia inteira de
um país como a Argentina em
apenas um ano. E outras ainda
maiores nos anos seguintes.
O mais importante é notar as
principais características do reor-
denamento da economia chinesa
e as diferenças em relação ao
antigo “normal”. No passado, a
geração de riquezas foi alavan-
cada por um vigoroso ciclo de
investimentos. O nível de investi-
mento equivale a quase 50% do
PIB chinês – para efeito de com-
paração, a taxa de investimento
no Brasil é inferior a 20% do PIB.
Esse processo ergueu cidades,
construiu a infraestrutura e gerou
uma impressionante capacidade
produtiva, posicionando a China
como maior produtor industrial
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A estratégia, entretanto, che-
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vestido. A capacidade produtiva
elevada já não encontra demanda
suficiente ao redor do mundo, ao
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estão se elevando na China.
Diante desse quadro, a política
econômica está sendo reorienta-
da, para que o próximo período
de crescimento seja assentado
no aumento do consumo da po-
pulação. Há muito espaço para
isso. O consumo das famílias
chinesas equivale a apenas um
terço do PIB.
No Brasil, cujos padrões são
modestos, as famílias consomem
o equivalente a metade do PIB. A
chegada da população chinesa a
um patamar como esse causará
uma gigantesca movimentação
na economia do país, com o
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produzidos em outros países.
O governo empreende uma
série de complexas reformas ins-
titucionais para que o processo
seja sustentável. Dentre elas, alte-
rações no sistema de registro de
terrenos rurais e urbanos, para dar
maior segurança aos proprietá-
rios, e uma nova regulamentação
ambiental.
Os sistemas de previdência
social e de assistência médica
também estão sendo reformula-
dos. Uma ampla reforma tributária
está em curso, assim como ajus-
tes na legislação trabalhista para
torná-la mais flexível. A burocracia
diminui, assim como o peso do
estado no conjunto da economia,
e a corrupção é combatida com
determinação. A política monetária
ficou mais flexível e integrada aos
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Algumas dessas reformas
podem provocar instabilidades
no curto prazo, o que é natural.
Pode-se afirmar que se trata de um
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ainda que todo controle tenha um
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o país tem um projeto, sabe aonde
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sua contribuição para a moderni-
zação do país. O sistema de zonas
francas está em expansão por
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privado é bem-vindo, sinalizando
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mia. Empreendedores chineses
ditam moda em todo o mundo,
com a criação de novos modelos
de negócios como as vendas
pela internet do mercado de luxo
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Empresários como Jack Ma,
do Alibaba, e Robin Li, do Baidu,
dão mostras do potencial criativo
e da magnitude do que ocorre na
China. O Baidu, de Li, se tornou
o segundo maior site de buscas
do mundo, menor apenas que o
Google, após conquistar a pre-
ferência dos mais de meio bilhão
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to business voltado a pequenos
empresários e rapidamente con-
quistou o mercado mundial. O
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pecto mais fascinante do “novo
normal”. Para os empresários
brasileiros, abrem-se janelas muito
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A próxima etapa, que já foi
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tunidades para importação, expor-
tação, parcerias, sociedades e
investimentos. As oportunidades
estão por serem descobertas, no-
vos modelos de negócios poderão
ser criados, o intercâmbio deverá
ser aprofundado.
(*) Henry Uliano Quaresma, CEO
da Brasil Business Partners, Ex-
-Diretor da Federação das Indús-
trias do Estado de Santa Catarina.
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Parceria Estratégica Brasil-China

  • 1. 36 - BRAZIL EXPORT s medidas anunciadas pelo novo governo eleito, rela- cionadas ao setor econô- mico e às questões estruturais, começam a gerar um novo clima de negócios. No plano nacional, as dire- ções apontam credibilidade nas reformas e segurança jurídica para investimentos, que estavam represados e agora poderão fluir. Os fundos de investimentos e empresas internacionais estavam monitorando este momento para as decisões. No primeiro semestre de 2018, os investimentos chineses con- Parceria estratégica Brasil-China A últimos anos, muitos questionam a saúde econômica do país. Ninguém, entretanto, deveria ser pego de surpresa com o “novo normal”, pois taxas como aquelas não são sustentáveis ao longo de muitos anos. Por outro lado, o ritmo da economia projetado para os próximos anos, de 7% ao ano, não deve ser menospreza- do. Com esse resultado, a China seguirá sendo o país com o mais forte ritmo de crescimento de todo o mundo – ao menos entre as economias mais importantes. É preciso considerar que se trata de 7% de uma economia que já é firmados no Brasil somam US$ 1,450 bilhão e os anunciados US$ 1,3 bilhão. Eles envolvem os se- tores de serviços, petróleo e gás, fabricação de máquinas e equi- pamentos. As empresas como a Sanxing Eletric, Fosun, GsPak, Bitmain, Hanergy Holdings Group, dentre outras, ainda poderão ter novos anúncios no início de 2019. Após 30 anos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) a uma média anual de 10%, o mundo todo passou a considerar “normal” os números superlativos do crescimento da China. Por isso, diante da desaceleração dos Por: Henry Uliano Quaresma(*)
  • 2. BRAZIL EXPORT - 37BRAZIL EXPORT - 37 imensa, o que torna o resultado ainda mais significativo. A segunda maior economia do mundo gerou um PIB superior a US$ 10 trilhões em 2015. A expansão esperada equivalerá a incorporar a economia inteira de um país como a Argentina em apenas um ano. E outras ainda maiores nos anos seguintes. O mais importante é notar as principais características do reor- denamento da economia chinesa e as diferenças em relação ao antigo “normal”. No passado, a geração de riquezas foi alavan- cada por um vigoroso ciclo de investimentos. O nível de investi- mento equivale a quase 50% do PIB chinês – para efeito de com- paração, a taxa de investimento no Brasil é inferior a 20% do PIB. Esse processo ergueu cidades, construiu a infraestrutura e gerou uma impressionante capacidade produtiva, posicionando a China como maior produtor industrial do mundo. A estratégia, entretanto, che- gou a um limite, devido ao excesso de endividamento e a diminuição do retorno sobre o capital in- vestido. A capacidade produtiva elevada já não encontra demanda suficiente ao redor do mundo, ao mesmo tempo em que os salários estão se elevando na China. Diante desse quadro, a política econômica está sendo reorienta- da, para que o próximo período de crescimento seja assentado no aumento do consumo da po- pulação. Há muito espaço para isso. O consumo das famílias chinesas equivale a apenas um terço do PIB. No Brasil, cujos padrões são modestos, as famílias consomem o equivalente a metade do PIB. A chegada da população chinesa a um patamar como esse causará uma gigantesca movimentação na economia do país, com o crescimento do setor de serviços e o aumento de consumo de bens produzidos em outros países. O governo empreende uma série de complexas reformas ins- titucionais para que o processo seja sustentável. Dentre elas, alte- rações no sistema de registro de terrenos rurais e urbanos, para dar maior segurança aos proprietá- rios, e uma nova regulamentação ambiental. Os sistemas de previdência social e de assistência médica também estão sendo reformula- dos. Uma ampla reforma tributária está em curso, assim como ajus- tes na legislação trabalhista para torná-la mais flexível. A burocracia diminui, assim como o peso do estado no conjunto da economia, e a corrupção é combatida com determinação. A política monetária ficou mais flexível e integrada aos mercados mundiais. Algumas dessas reformas podem provocar instabilidades no curto prazo, o que é natural. Pode-se afirmar que se trata de um quadro de turbulência controlada – ainda que todo controle tenha um limite. O importante a notar é que o país tem um projeto, sabe aonde quer chegar e promove os ajustes de rota necessários para que os objetivos sejam alcançados. O setor privado também dá a sua contribuição para a moderni- zação do país. O sistema de zonas francas está em expansão por todo o território. Nelas, o capital privado é bem-vindo, sinalizando para uma gradual redução do peso do setor estatal na econo- mia. Empreendedores chineses ditam moda em todo o mundo, com a criação de novos modelos de negócios como as vendas pela internet do mercado de luxo e a micrologística em entrega de produtos. Empresários como Jack Ma, do Alibaba, e Robin Li, do Baidu, dão mostras do potencial criativo e da magnitude do que ocorre na China. O Baidu, de Li, se tornou o segundo maior site de buscas do mundo, menor apenas que o Google, após conquistar a pre- ferência dos mais de meio bilhão de usuários de internet da China. Jack Ma criou um portal business to business voltado a pequenos empresários e rapidamente con- quistou o mercado mundial. O surgimento e o rápido crescimento de empresas como essas, que oxigenam a economia, também ajudam a explicar as oscilações no mercado de capitais chinês. Isso tudo resultará, como de fato já está acontecendo, numa maior integração chinesa com o restante do mundo. Este é o as- pecto mais fascinante do “novo normal”. Para os empresários brasileiros, abrem-se janelas muito mais amplas que a exportações de commodities e a importação de produtos industrializados, que balizaram as relações entre os países até aqui. No mês de novembro passa- do, foi realizada a Feira de Impor- tação na China, a Expo Shanghai, que demonstrou o potencial de importação da China, com a participação de 120 países e 150 mil compradores, tendo uma im- portante participação empresarial brasileira. A próxima etapa, que já foi iniciada, será exportar produtos finais com marcas brasileiras, prin- cipalmente na área de alimentos. Surgem, portanto, novas opor- tunidades para importação, expor- tação, parcerias, sociedades e investimentos. As oportunidades estão por serem descobertas, no- vos modelos de negócios poderão ser criados, o intercâmbio deverá ser aprofundado. (*) Henry Uliano Quaresma, CEO da Brasil Business Partners, Ex- -Diretor da Federação das Indús- trias do Estado de Santa Catarina. EXPORT