O artigo discute como o Brasil está vivendo um "Novo Normal" potencializado pela crise chinesa, onde o crescimento será mais lento e a economia dependerá mais do consumo interno. A China está altamente endividada e isso gerou uma bolha imobiliária similar à crise dos EUA em 2008. As empresas brasileiras precisam inovar, reduzir custos e se internacionalizar para sobreviver nesse cenário desafiador.
1. Diário Catarinense, 27.08.2015 – pág. 18
O Novo Normal e Crise Chinesa
Henry Uliano Quaresma*
Estamos vivendo no mundo, mais especificamente no Brasil, o Novo Normal potencializado
pela Crise Chinesa.
O termo “Novo Normal” foi criado por Mohamed El-Erian, presidente do Conselho de
Desenvolvimento Mundial do governo americano, para caracterizar o fato de que esta crise
não é como as que vivemosnasúltimasdécadas, com repercussões basicamente cíclicas, mas
sim uma crise que provocará uma mudança estrutural. E quando ela passar, as coisas não
ficarão iguais, ficaremos numa condição de vigília permanente.
O presidente chinês Xi Jinping tem colocado que a China entrou no Novo Normal, que o
crescimentoserámaislento e que a economia terá que caminhar para o modelo do consumo
interno.
Conforme estudo recente da McKinsey Global Institute, o endividamento chinês vem
crescendo USD 21 trilhões desde 2007, o governo vem incentivando o setor privado em
fundos, bancos e empresas, sendo grande parte direcionada ao mercado imobiliário, e
empréstimos têm crescido na ordem de 25% ao ano.
A condição de endividamento acabou sendo utilizada para valorizar os ativos, gerando surto
especulativo semelhante ao que ocorreu nos EUA, aliado à desaceleração econômica. Claro
que como os mercados são interligados, recebemos uma influência direta da Crise Chinesa
adicionada às Crises Política e Econômica no Brasil.
Estamos vivendo um momento crítico e único, em que as atenções terão que estar dirigidas
para as melhores saídas estratégicas, com grande gerenciamento e análise de risco.
As ações rápidas em todas as áreas e setores são fundamentais para a manutenção das
atividades básicas, objetivando realinhamento de focos.
A inovaçãode produtos, novasideias, novosmodelosde negócio,simplificação de processos,
vendas dirigidas, internacionalização e custos baixos passam a ocupar papel central para a
competitividade e a subsistência das empresas, tendo que ser desdobrados em novas
atividades e maneiras de fazer as coisas acontecer.
Atrás da crise é que surgem as oportunidades. Bem-vindos ao Novo Normal!
*Henry Uliano Quaresma
CEO Brasil Business Consulting, Diretor da TSL, Ex-Diretor da FIESC