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esde o começo do século milhares
de empresários, técnicos, profes-
sores, estudantes e trabalhadores
brasileiros tomaram o caminho da Chi-
na, o fenômeno mundial que saiu de uma
situação miserável há poucas décadas
para o patamar de uma das maiores eco-
nomias do planeta. Entre os ‘pioneiros’
dessa aventura asiática está o catarinense
Henry Quaresma, hoje autor de dois livros
sobreopaíseumdosmaioresespecialistas
brasileiros nos caminhos do ‘negócio da
China’. Nesses 17 anos, a China mudou
muito: plantou, fabricou e exportou tudo
o que podia em produtos de baixo valor
agregado, feito então com mão de obra
barata – e que ainda assim poupava me-
tade do que ganhava. Cresceu quase 10%
ano por décadas e acumulou trilhões de
dólares. Nos últimos anos, o presidente
Bondeconomia
Fernando Bond
ECONOMIA
bondcomunicacao@gmail.com
O nicho de negócios por pequenos empresários está
crescendo, principalmente pelo comércio eletrônico. Pequenos
empresários catarinenses já exportam para a China, inclusive
produtos com alto teor tecnológico
Há um importante ambiente favorável aos
negócios, com mercado consumidor gigantesco,
conectado de forma absurda ao comércio
eletrônico por smartphones
TERÇA-FEIRA, 21 DE NOVEMBRO DE 20178
DIVULGAÇÃO
Apesar de todas as fronteiras que já foram
abertas, para boa parte dos empresários cata-
rinenses a China ainda é um mistério. É muito
difícil abrir negócios com os chineses?
Henry Quaresma - As relações de negócios estão
mais facilitadas em todos os sentidos. Com relação à
comunicação, o inglês é cada vez mais utilizado nas
negociações, facilitando os contatos. No entanto, o
processo de negociação tem uma abrangência maior,
com fatores culturais que devem ser respeitados. Um
dos mais importantes é o ‘guanxi’, que representa o
capitalsocialqueumindivíduotememseugruposocial
(parenteseemprego),ouseja,respeitoaovalordo‘ne-
tworking’.Comocrescimentodaeconomiadoméstica
na China e a preferência por produtos importados,
abre-se uma excelente oportunidade de exportamos
osmaisdiversosprodutos.Poroutrolado,asparcerias
estão crescendo muito, inclusive na área de produtos
de alta tecnologia.
Médiosepequenosempresáriostambémtêm
oportunidadesdefazernegócioscomaChina?
Henry- Perfeitamente. Osnegóciospodemserfeitos
emdiversasmodalidades,desdeaimportação,expor-
tação, licenciamento, representação e investimentos
(participações societárias), entre outras. O nicho de
negócios por pequenos empresários está crescendo,
principalmenteporintermédiodocomércioeletrônico.
Pequenosempresárioscatarinensesjáexportampara
aChina,inclusiveprodutoscomaltoteortecnológico.
Para quem ainda não conhece o ambiente
empresarial chinês, vale a pena participar de
missões àquele país?
Henry - Duas recomendações para começar a en-
tender os negócios com a China: a primeira seria ler
o livro O Fator China e o Novo Normal, editado pela
EdiçõesAduaneiras. Asegunda,programarumavisita
àFeiramultisetorialCantonFair,emGuangzhou,que
ocorre em dois momentos ao ano com três fases de
produtos (http://www.cantonfair.org.cn/en/index.
aspx).Avisitaàfeirapermiteconheceroqueestásendo
produzido e vendido na China, além de possibilitar
conhecertendênciasdemercadoepreços.Portanto,as
missõesefeirassãofundamentais,ummomentoímpar
deabsorçãodeconhecimentoestratégicoecomercial.
Como pode o país “mais comunista do mun-
do” ser também o “mais capitalista”? Como
funciona este modelo e no que isso inluencia
para quem quer fazer negócios com a China?
Henry-AChinatornou-seasegundamaioreconomia
mundial com a riqueza conquistada por meio de um
modelodedesenvolvimentoquecombinavariáveisdo
mundocapitalista,incorporandotecnologias,atraindo
capital e criando um setor produtivo altamente com-
petitivo, com características de planejamento central
e ditadura de partido único que conduz o processo
socioeconômico do país. Há poucas décadas, a eco-
nomia chinesa era do mesmo tamanho da brasileira,
hoje é quase cinco vezes maior. O país obteve por
décadas taxas de crescimento do PIB acima de 10%
ao ano, o que permitiu a inclusão de uma popula-
ção do tamanho da norte-americana no mercado de
consumo. A combinação das duas situações propor-
ciona um grande controle e um grande incentivo ao
crescimento econômico. Temos um quadro com uma
população de 1,3 bilhão de habitantes, alto índice de
segurança,inclusivecomcâmerasdevigilânciapública
com reconhecimento facial. As taxas de crescimento
anualatuaisgiramemtornode7%,complanejamento
quinquenal. Portanto, há um importante ambiente
favorável aos negócios, com mercado consumidor
gigantesco, conectado de forma absurda ao comércio
eletrônico por smartphones.
Quais são os principais setores em que é pos-
sível fazer negócios com os chineses?
Henry - Não há nada especíico porque o mercado e
aspossibilidadessãomuitas.Maspodemosdaralguns
exemplos:exportarmatériasprimasdeorigemvegetal
e mineral, produtos de consumo (alimentos, moda,
produtosdetecnologia),peçaseequipamentos,realizar
parceriaseassociações,importarprodutos,etrocade
investimentosBrasil-China.Hojetemoscomogrande
destaque as aquisições chinesas – principalmente
nos setores automotivo e de energia - no Brasil, que
totalizaram 117,1 bilhões de dólares em 247 projetos
entre 2003 e 2017.
Você conhece profundamente a China, viaja
paraláhámuitosanos,váriasvezesporano.O
que mudou e evoluiu desde o início do século?
Por que a China já não cresce mais no mesmo
ritmo de 5 ou 10 anos atrás?
Henry - O Governo de Xi Jinping incentiva a econo-
mia interna e o empreendedorismo, além de atrair
investimentos. Por trás de todos esses movimentos
está a continuidade da busca do “sonho chinês”, que
setraduzpormaioracessoaoconsumoemelhorqua-
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ocrescimentodomercadointernomarcaráanovafase
do processo de desenvolvimento chinês. Em lugar da
poupança que permitiu a expansão do investimento
e sustentou o crescimento até então, a ordem agora é
estimular o consumo da população. Portanto, atual-
mente o crescimento é mais sustentando, com metas
deinidas.
agorareconduzidoaopoderpeloPartido
Comunista,XiJinping,mudouaestraté-
gia: incentivou o consumo interno para
tirar a poupança debaixo do colchão de
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de infraestrutura faraônicas, moradia
e meio ambiente, e incentivou que as
empresas chinesas saíssem às compras
pelo mundo. “No Brasil, eles investiram
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tos entre 2003 e 2017”, diz Quaresma
(foto, na Muralha da China). Ex-diretor
da Federação das Indústrias (Fiesc),
atual CEO da Brasil Business Partners,
sócio-diretor da TSL Energy e mem-
bro da Câmara de Comércio Exterior
da Confederação Nacional do Comércio
(CNC), Henry Quaresma concedeu esta
entrevista há alguns dias, logo depois
do retorno da última viagem à China.
NEGÓCIOS DA CHINA
AO ALCANCE DAS
EMPRESAS DE SC
ECONOMIA06 JORNAL FOLHA | Videira e região, sexta, sábado e domingo, 24, 25 e 26 de novembro de 2017
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  • 1. D esde o começo do século milhares de empresários, técnicos, profes- sores, estudantes e trabalhadores brasileiros tomaram o caminho da Chi- na, o fenômeno mundial que saiu de uma situação miserável há poucas décadas para o patamar de uma das maiores eco- nomias do planeta. Entre os ‘pioneiros’ dessa aventura asiática está o catarinense Henry Quaresma, hoje autor de dois livros sobreopaíseumdosmaioresespecialistas brasileiros nos caminhos do ‘negócio da China’. Nesses 17 anos, a China mudou muito: plantou, fabricou e exportou tudo o que podia em produtos de baixo valor agregado, feito então com mão de obra barata – e que ainda assim poupava me- tade do que ganhava. Cresceu quase 10% ano por décadas e acumulou trilhões de dólares. Nos últimos anos, o presidente Bondeconomia Fernando Bond ECONOMIA bondcomunicacao@gmail.com O nicho de negócios por pequenos empresários está crescendo, principalmente pelo comércio eletrônico. Pequenos empresários catarinenses já exportam para a China, inclusive produtos com alto teor tecnológico Há um importante ambiente favorável aos negócios, com mercado consumidor gigantesco, conectado de forma absurda ao comércio eletrônico por smartphones TERÇA-FEIRA, 21 DE NOVEMBRO DE 20178 DIVULGAÇÃO Apesar de todas as fronteiras que já foram abertas, para boa parte dos empresários cata- rinenses a China ainda é um mistério. É muito difícil abrir negócios com os chineses? Henry Quaresma - As relações de negócios estão mais facilitadas em todos os sentidos. Com relação à comunicação, o inglês é cada vez mais utilizado nas negociações, facilitando os contatos. No entanto, o processo de negociação tem uma abrangência maior, com fatores culturais que devem ser respeitados. Um dos mais importantes é o ‘guanxi’, que representa o capitalsocialqueumindivíduotememseugruposocial (parenteseemprego),ouseja,respeitoaovalordo‘ne- tworking’.Comocrescimentodaeconomiadoméstica na China e a preferência por produtos importados, abre-se uma excelente oportunidade de exportamos osmaisdiversosprodutos.Poroutrolado,asparcerias estão crescendo muito, inclusive na área de produtos de alta tecnologia. Médiosepequenosempresáriostambémtêm oportunidadesdefazernegócioscomaChina? Henry- Perfeitamente. Osnegóciospodemserfeitos emdiversasmodalidades,desdeaimportação,expor- tação, licenciamento, representação e investimentos (participações societárias), entre outras. O nicho de negócios por pequenos empresários está crescendo, principalmenteporintermédiodocomércioeletrônico. Pequenosempresárioscatarinensesjáexportampara aChina,inclusiveprodutoscomaltoteortecnológico. Para quem ainda não conhece o ambiente empresarial chinês, vale a pena participar de missões àquele país? Henry - Duas recomendações para começar a en- tender os negócios com a China: a primeira seria ler o livro O Fator China e o Novo Normal, editado pela EdiçõesAduaneiras. Asegunda,programarumavisita àFeiramultisetorialCantonFair,emGuangzhou,que ocorre em dois momentos ao ano com três fases de produtos (http://www.cantonfair.org.cn/en/index. aspx).Avisitaàfeirapermiteconheceroqueestásendo produzido e vendido na China, além de possibilitar conhecertendênciasdemercadoepreços.Portanto,as missõesefeirassãofundamentais,ummomentoímpar deabsorçãodeconhecimentoestratégicoecomercial. Como pode o país “mais comunista do mun- do” ser também o “mais capitalista”? Como funciona este modelo e no que isso inluencia para quem quer fazer negócios com a China? Henry-AChinatornou-seasegundamaioreconomia mundial com a riqueza conquistada por meio de um modelodedesenvolvimentoquecombinavariáveisdo mundocapitalista,incorporandotecnologias,atraindo capital e criando um setor produtivo altamente com- petitivo, com características de planejamento central e ditadura de partido único que conduz o processo socioeconômico do país. Há poucas décadas, a eco- nomia chinesa era do mesmo tamanho da brasileira, hoje é quase cinco vezes maior. O país obteve por décadas taxas de crescimento do PIB acima de 10% ao ano, o que permitiu a inclusão de uma popula- ção do tamanho da norte-americana no mercado de consumo. A combinação das duas situações propor- ciona um grande controle e um grande incentivo ao crescimento econômico. Temos um quadro com uma população de 1,3 bilhão de habitantes, alto índice de segurança,inclusivecomcâmerasdevigilânciapública com reconhecimento facial. As taxas de crescimento anualatuaisgiramemtornode7%,complanejamento quinquenal. Portanto, há um importante ambiente favorável aos negócios, com mercado consumidor gigantesco, conectado de forma absurda ao comércio eletrônico por smartphones. Quais são os principais setores em que é pos- sível fazer negócios com os chineses? Henry - Não há nada especíico porque o mercado e aspossibilidadessãomuitas.Maspodemosdaralguns exemplos:exportarmatériasprimasdeorigemvegetal e mineral, produtos de consumo (alimentos, moda, produtosdetecnologia),peçaseequipamentos,realizar parceriaseassociações,importarprodutos,etrocade investimentosBrasil-China.Hojetemoscomogrande destaque as aquisições chinesas – principalmente nos setores automotivo e de energia - no Brasil, que totalizaram 117,1 bilhões de dólares em 247 projetos entre 2003 e 2017. Você conhece profundamente a China, viaja paraláhámuitosanos,váriasvezesporano.O que mudou e evoluiu desde o início do século? Por que a China já não cresce mais no mesmo ritmo de 5 ou 10 anos atrás? Henry - O Governo de Xi Jinping incentiva a econo- mia interna e o empreendedorismo, além de atrair investimentos. Por trás de todos esses movimentos está a continuidade da busca do “sonho chinês”, que setraduzpormaioracessoaoconsumoemelhorqua- lidadedevidaparaapopulação.Énessecontextoque ocrescimentodomercadointernomarcaráanovafase do processo de desenvolvimento chinês. Em lugar da poupança que permitiu a expansão do investimento e sustentou o crescimento até então, a ordem agora é estimular o consumo da população. Portanto, atual- mente o crescimento é mais sustentando, com metas deinidas. agorareconduzidoaopoderpeloPartido Comunista,XiJinping,mudouaestraté- gia: incentivou o consumo interno para tirar a poupança debaixo do colchão de 1,3bilhãodechineses,investiuemobras de infraestrutura faraônicas, moradia e meio ambiente, e incentivou que as empresas chinesas saíssem às compras pelo mundo. “No Brasil, eles investiram 171 bilhões de dólares em 247 proje- tos entre 2003 e 2017”, diz Quaresma (foto, na Muralha da China). Ex-diretor da Federação das Indústrias (Fiesc), atual CEO da Brasil Business Partners, sócio-diretor da TSL Energy e mem- bro da Câmara de Comércio Exterior da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Henry Quaresma concedeu esta entrevista há alguns dias, logo depois do retorno da última viagem à China. NEGÓCIOS DA CHINA AO ALCANCE DAS EMPRESAS DE SC ECONOMIA06 JORNAL FOLHA | Videira e região, sexta, sábado e domingo, 24, 25 e 26 de novembro de 2017 JORNAL FOLHA[ ]JF ASSINE JÁ 3566-2727