Este documento discute diferentes perspectivas sobre justiça divina e humana. A justiça divina é descrita como proporcional aos méritos de cada um, com as almas progredindo através de encarnações sucessivas. A justiça humana é analisada sob três abordagens: utilitarismo, liberdade e virtude. Dois casos éticos sobre um bonde descontrolado são apresentados para ilustrar esses conceitos.
1. Justiça de Deus e
Justiça dos Homens
Comunhão Espírita de Brasília
22 de março de 2014
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Sumário
1. Justiça e Direitos Naturais (LE - Lei de
Justiça, Amor e Caridade)
2. A Justiça Divina Segundo O Espiritismo (O Céu
e o Inferno)
3. A Justiça dos Homens (Justiça – Michael J.
Sandel)
4. Questões para Reflexão
5. Conclusões
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Obras Utilizadas
1ª Edição em 1857, com 501 questões. Na
4ª edição passou a ter 1018 Questões
Publicado em 1865
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Por mim mesmo juro — disse o
Senhor Deus — que não quero a
morte do ímpio, senão que ele se
converta, que deixe o mau caminho
e que viva.” (EZEQUIEL, 33:11.)
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Justiça e Direitos Naturais
873 O sentimento de justiça é natural ou é resultado de ideias
adquiridas?
– É tão natural que vos revoltais com o pensamento de uma injustiça.
O progresso moral desenvolve, sem dúvida, esse sentimento, mas
não o dá: Deus o colocou no coração do homem; por isso
encontrareis, muitas vezes, nos homens simples e primitivos noções
mais exatas de justiça do que naqueles que têm muito conhecimento.
874 Se a justiça é uma lei natural, por que os homens a
entendem de maneiras diferentes, e que um considere justo o
que parece injusto a outro?
– É que à Lei se misturam frequentemente paixões que alteram esse
sentimento, como acontece com a maior parte dos outros sentimentos
naturais, e fazem o homem ver as coisas sob um falso ponto de vista.
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Justiça e Direitos Naturais
875 Como se pode definir a justiça?
– A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um.
875 a O que determina esses direitos?
– São determinados por duas coisas: a lei humana e a lei natural.
Tendo os homens feito leis apropriadas aos seus costumes e
caráter, essas leis estabeleceram direitos que variaram com o
progresso dos conhecimentos. Observai que as vossas leis atuais,
sem serem perfeitas, já não consagram os mesmos direitos da
Idade Média. No entanto, esses direitos antiquados, que vos
parecem monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. O
direito estabelecido pelos homens nem sempre, portanto, está de
acordo com a justiça. Regula apenas algumas relações sociais,
enquanto, na vida particular, há uma imensidão de atos unicamente
inerentes à consciência de cada um.
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Justiça e Direitos Naturais
876 Fora do direito consagrado pela lei
humana, qual é a base da justiça fundada sobre a
lei natural?
– O Cristo disse: ―Não façais aos outros o que não
quereis que vos façam‖. Deus colocou no coração do
homem a regra de toda a verdadeira justiça pelo desejo
que cada um tem de ver respeitados os seus direitos. Na
incerteza do que fazer em relação ao semelhante numa
determinada circunstância, o homem deve perguntar-se
como desejaria que se fizesse com ele na mesma
circunstância: Deus não poderia lhe dar um guia mais
seguro do que a própria consciência.
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Justiça e Direitos Naturais
877 A necessidade para o homem de viver em sociedade
lhe impõe obrigações particulares?
– Sim, e a primeira de todas é a de respeitar os direitos dos
semelhantes. Aquele que respeitar esses direitos sempre será justo.
Em vosso mundo, onde tantos homens não praticam a lei da justiça,
cada um usa de represálias, e isso gera perturbação e confusão em
vossa sociedade. A vida social dá direitos e impõe deveres
recíprocos.
878 Podendo o homem se enganar sobre a extensão de seu
direito, quem pode fazê-lo conhecer esse limite?
– O limite do direito será sempre o de dar aos seus semelhantes o
mesmo que quer para si, em circunstâncias iguais e reciprocamente.
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A Justiça Divina Segundo o Espiritismo
É, pois, nas sucessivas encarnações que a alma se despoja
das suas imperfeições, que se purga, em uma palavra, até que
esteja bastante pura para deixar os mundos de expiação como
a Terra, onde os homens expiam o passado e o presente, em
proveito do futuro;
Depende de cada um prolongar ou abreviar a sua
permanência, segundo o grau de adiantamento e pureza
atingido pelo próprio esforço sobre si mesmo
O livramento se dá, não por conclusão de tempo nem por
alheios méritos, mas pelo próprio mérito de cada um,
consoante estas palavras do Cristo: — A cada um, segundo as
suas obras, palavras que resumem integralmente a justiça de
Deus.
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A Justiça Divina Segundo o Espiritismo
Devido às suas imperfeições, o Espírito culpado sofre primeiro
na vida espiritual, sendo-lhe depois facultada a vida corporal
como meio de reparação.
A expiação no mundo dos Espíritos e na Terra não constitui
duplo castigo para eles, porém um complemento, um
desdobramento do trabalho efetivo a facilitar o progresso.
Do Espírito depende aproveitá-lo.
A concessão dessa liberdade é uma prova da sabedoria, da
bondade e da justiça de Deus, que quer que o homem tudo
deva aos seus esforços e seja o obreiro do seu futuro
que, infeliz por mais ou menos tempo, não se queixe senão de
si mesmo, pois que a rota do progresso lhe está sempre franca.
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A Justiça Divina Segundo o Espiritismo
Deus é soberanamente justo. A soberana justiça não é
inexorável absolutamente, nem leva a complacência ao
ponto de deixar impunes todas as faltas; ao contrário,
pondera rigorosamente o bem e o mal, recompensando
um e punindo outro equitativa e proporcionalmente, sem
se enganar jamais na aplicação.
A felicidade ou infelicidade futura é consequência rigorosa
da justiça de Deus, pois a identidade de condições para o
bom e para o mau seria a negação dessa justiça.
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A Justiça Divina Segundo o Espiritismo
Para estar de acordo com a rigorosa justiça, chegaremos, pois,
à conclusão de que as almas mais adiantadas são as
atrasadas de outro tempo, com progressos posteriormente
realizados.
Segundo a Doutrina Espírita, de acordo mesmo com as
palavras do Evangelho, com a lógica e com a mais rigorosa
justiça, o homem é o filho de suas obras, durante esta vida e
depois da morte, nada devendo ao favoritismo: Deus o
recompensa pelos esforços e pune pela negligência, isto por
tanto tempo quanto nela persistir.
A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra: —
tal é a lei da Justiça Divina.
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Justiça dos Homens
TRÊS ABORDAGENS PARA A JUSTIÇA
"Para saber se uma sociedade é justa, basta
perguntar como ela distribui as coisas que
valoriza - renda e riqueza, deveres e direitos,
poderes e oportunidades, cargos e honrarias."
"Uma sociedade justa distribui esses bens da
maneira mais correta; ela dá a cada indivíduo o
que lhe é devido.‖
"As perguntas difíceis começam quando
indagamos o que é devido às pessoas e por quê.‖
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Justiça dos Homens
TRÊS ABORDAGENS PARA A JUSTIÇA
―Ao refletir sobre o certo e o errado‖ em várias
perguntas difíceis ―identificamos três maneiras de
abordar a distribuição dos bens:
a que leva em consideração o bem-estar,
a que aborda a questão pela perspectiva da liberdade
e a que se baseia no conceito de virtude‖
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Justiça dos Homens
TEORIA 1: leva em consideração o bem-estar
(Utilitarista)
JUSTIÇA: maximizar a felicidade para o maior número
de pessoas.
A coisa certa a fazer é aquela que maximizará o
prazer ou a felicidade e que evite a dor ou o
sofrimento
1°) Não respeita os direitos individuais
2°) Reduz tudo que tem valor moral em uma única escala
de prazer/felicidade e dor/sofrimento
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Justiça dos Homens
TEORIA 2: Liberdade
JUSTIÇA: respeito à liberdade de escolha.
1ª) Libertária: maximização dos direitos
individuais em especial relacionados ao livre
mercado e a minimização do papel do Estado.
―Se sou dono de meu corpo, da minha vida e da
minha pessoa, devo ser livre para fazer o que
quiser com eles.‖
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Justiça dos Homens
TEORIA 2: Liberdade
JUSTIÇA: respeito à liberdade de escolha.
2ª) Igualitária: Autonomia – agir com uma lei que imponho a
mim mesmo (Immanuel Kant e John Rawls)
A Lei:
o homem ou a humanidade teria um fim em si mesmo e não um
meio.
Somos merecedores de respeito, não porque somos donos de
nós mesmos, mas porque somos seres racionais, capazes de
agir e escolher livremente.
Sem autonomia não há responsabilidade moral.
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Justiça dos Homens
TEORIA 3: Virtude e Vida Boa (justa)
JUSTIÇA: definir direitos e deveres a partir do
aprofundamento dos questionamentos morais
envolvidos.
Liberdade de escolha não é uma base para uma
sociedade justa
Princípios de justiça neutros são um equívoco
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Justiça dos Homens
TEORIA 3: Virtude e Vida Boa (justa)
JUSTIÇA: definir direitos e deveres a partir do
aprofundamento dos questionamentos morais envolvidos.
Sociedade justa – Política do bem comum
1- Cidadania: incentivar nos cidadãos a preocupação
com o todo;
2- limites morais dos mercados (através do debate
público): mercado é um instrumento mas não deve regular
todas as questões
3- virtude cívica e solidariedade contra desigualdades:
através de uma infraestrutura de renovação cívica.
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O BONDE DESGOVERNADO - situação 1
Suponha que vc seja o motorneiro de um bonde desgovernado
avançando a sobre os trilhos a quase 100 km/h. Adiante, você vê
cinco operários em pé sobre os trilhos, com as ferramentas na
mão. Você tenta parar, mas não consegue. Os freios não
funcionam. Você se desespera porque sabe que, se atropelar
esses cinco operários, todos eles morrerão. (Suponhamos que
você tenha certeza disso.)
De repente, você nota um desvio para a direita. Há um operário
naqueles trilhos também, mas apenas um. Você percebe que
pode desviar o bonde, matando esse único trabalhador e
poupando os outros cinco.
O que você deveria fazer?
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O BONDE DESGOVERNADO - situação 2
Suponha que vc é um espectador, de pé numa ponte acima de trilhos de
bonde. De repente você vê um bonde desgovernado avançando a sobre
os trilhos a quase 100 km/h. Adiante, você vê cinco operários em pé
sobre os trilhos, com as ferramentas na mão. Os freios do bonde não
funcionam e ele está preste a atropelar os funcionários. Você se
desespera porque sabe que, se esses cinco operários forem
atropelados, todos eles morrerão. (Suponhamos que você tenha certeza
disso.)
Você se sente impotente para evitar o desastre - até que nota, perto de
você, na ponte, um homem corpulento. Você poderia empurrá-lo sobre o
trilho, no caminho do bonde que se aproxima. Ele morreria, mas os cinco
operários seriam poupados. (Você pensa na hipótese de pular sobres os
trilhos, mas se dá conta de que é muito leve para parar o bonde.)
O que você deveria fazer?
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Conclusão
―Em vez de evitar as convicções morais e religiosas
que nossos concidadãos levam para a vida pública,
deveríamos nos dedicar a elas mais diretamente –
às vezes contestando-as as vezes ouvindo-as e
aprendendo com elas. Isso não é garantia de que
haverá um consenso ou de que haverá a
apreciação das concepções morais e religiosas
dos demais de outro ou ainda que ao aprender
mais sobre a doutrina moral de outro nos leve a
gostar menos.‖
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Conclusão
Ezequiel, Cap. 18
5. Se um homem for justo, se proceder segundo a equidade e a
justiça;
7. Se não magoar nem oprimir ninguém; se entregar ao seu devedor o
penhor que este lhe houver dado; se não tomar nada do bem de
outrem por violência; se dá o seu pão a quem tem fome; se veste os
que estão nus;
8. Se não se presta à usura e não percebe mais do que tem dado; se
desvia sua mão da iniquidade e promove um juízo conciliatório entre
dois que contendem;
9. Se caminha segundo a pauta dos meus preceitos e observa as
minhas ordens para obrar conforme a verdade, esse homem é justo e
viverá mui certamente, disse o Senhor Deus.
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Tenham todos uma BOA SEMANA
Nossos materiais de trabalho da REUNIÃO
DE PAIS encontram-se disponíveis no blog:
http://grupodepaisceb.blogspot.com.br