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Bohoslavsky, R. (1991). Orientação vocacional: A estratégia clínica. São Paulo: Martins Fontes.
Knobel, M. (1981). A síndrome da adolescência normal. In A. Aberastury & M. Knobel (Orgs.), Adolescência normal (pp. 24-62). Porto Alegre: Artes
Médicas.
PROJETO “PENSANDO NO FUTURO”: TRABALHO COM O PROJETO DE VIDA DE
ADOLESCENTES DO 1º E 2º ANOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA
PARTICULAR
Carolina Mota Gala Saviolli
Colégio Vianna
Apresentação
Este projeto foi uma iniciativa da coordenadoria pedagógica da escola particular
Colégio Vianna, situada na cidade de Ribeirão Preto, que, em parceria com a
psicóloga, buscaram uma intervenção com alunos do 1º e 2º anos do Ensino Médio
que favorecesse uma maior motivação para os estudos e, conseqüentemente, para o
vestibular.
Como objetivos, a partir desse intercâmbio coordenação-psicóloga, ficou clara a
necessidade de despertar no adolescente a sua responsabilidade pelo próprio futuro,
pelas escolhas realizadas, que começam no hoje, pensando desde a forma como
organiza seu tempo até as questões psicológicas envolvidas, o papel da família nesse
contexto, os interesses pessoais, dentre outros.
Essa iniciativa se justifica porque geralmente, em nosso sistema educacional, os jovens
acabam refletindo sobre uma carreira, por exemplo, ou seus objetivos futuros, apenas
no terceiro ano do Ensino Médio, quando já precisam fazer uma escolha “definitiva” no
vestibular. Isso pode contribuir para uma escolha menos amadurecida e saudável para
o indivíduo. Por isso, dar a oportunidade do aluno poder discutir com a psicóloga e os
colegas sobre os temas relacionados a esse processo se mostra essencial para que
ele possa, efetivamente, construir tanto seu caminho pessoal quanto profissional. Além
disso, saber mais sobre aquilo que se gosta, pode tornar o estudo algo imbuído de
sentido, ajudando-o a se sentir mais motivado.
Desenvolvimento
O planejamento dos grupos se fundamenta em toda a abordagem da Orientação
Profissional, no sentido de ajudar os alunos a uma tomada de decisões mais autônoma
e consciente, cuja referência principal é Bohoslavsky (1991), mas contextualizando-a
ao momento de vida desses adolescentes. O foco também é um pouco mais amplo,
não só voltado para a escolha de uma carreira, mas para a construção de um projeto
de vida, que demanda maior responsabilização individual, especialmente no que tange
aos estudos e preparação para o vestibular. O processo da adolescência também é
abarcado, pois se constitui em um período de intensas mudanças físicas e emocionais,
em que o jovem se depara com a separação das figuras parentais e o luto pela perda
do corpo infantil, buscando estruturar paulatinamente uma identidade independente
(Knobel, 1983).
Os encontros foram idealizados com a freqüência de duas a três sessões mensais,
totalizando oito ao final. Cada encontro tem duração de uma hora e vinte minutos,
sendo realizado na própria sala de aula, no horário das aulas regulares, e com todos os
alunos de cada classe. Até o momento, foram realizadas cinco sessões com o primeiro
ano e seis com o segundo ano.
No primeiro encontro, fizemos a apresentação dos participantes e a discussão do
contrato. Iniciamos a conversa sobre o presente e o futuro.
No segundo, discutimos sobre o momento em que esse jovem se encontra no ciclo de
vida: a adolescência. Conversamos sobre as perdas e os ganhos inerentes a essa
Bohoslavsky, R. (1991). Orientação vocacional: A estratégia clínica. São Paulo: Martins Fontes.
Knobel, M. (1981). A síndrome da adolescência normal. In A. Aberastury & M. Knobel (Orgs.), Adolescência normal (pp. 24-62). Porto Alegre: Artes
Médicas.
transição, e a responsabilidade apareceu em ambos os grupos de forma ambígua: às
vezes como um ganho, às vezes como uma perda. Trabalhamos com a
responsabilidade como possibilidade de crescimento e independência.
O terceiro grupo buscou exercitar com os jovens o momento presente e o momento
futuro. Foi pedido que fizessem esse exercício de imaginação com um personagem de
sua idade e, num segundo momento, esse mesmo personagem daqui a 10 anos. Como
ele estaria pessoalmente e profissionalmente? O objetivo foi aproximar os jovens da
reflexão de que, quando se têm um projeto de vida, damos início hoje, por meio de
nossas iniciativas pessoais, a quem seremos amanhã, pautados pelos objetivos
traçados e motivação. Propus o exame do quê estavam fazendo e se era suficiente
para os objetivos que se viam alcançando no futuro, e muitos puderam perceber que
não obteriam sucesso sem o devido trabalho, ou seja, de forma mágica.
No encontro seguinte, pensamos juntos sobre os valores, crenças que muitas vezes
estão ligados à forma como vemos o mundo, as pessoas, as atividades, mostrando que
as escolhas são individuais e que temos que nos conhecer bem para saber que valores
sustentam nossos interesses.
No quinto grupo, foi feita uma dinâmica com nomes de profissões e requisitou-se que
os alunos escolhessem primeiro aquelas que gostariam de conhecer, depois as que
consideram interessantes e, por fim, as que efetivamente se viam exercendo.
O sexto foi realizado apenas com o segundo ano, e trabalhamos as coisas que gostam
e não de fazer, áreas do conhecimento que têm interesse e o quadro de rotina, que se
refere a como organizam o tempo disponível para atividades relacionadas ao estudo e
preparo para o vestibular.
Conclusão
Com este trabalho, espera-se que os alunos possam ter maior autoconhecimento e,
principalmente, conhecer melhor seus interesses, para que consigam direcionar seus
investimentos pessoais, inclusive seu tempo de estudo, motivação, desempenho
escolar. Busca-se que eles possam desenvolver um olhar crítico sobre a sua forma de
conduzir a vida, estimulando uma maior responsabilização pelo seu desenvolvimento.
Possivelmente, as reflexões também contribuam para a formação de indivíduos mais
autônomos e conscientes de suas escolhas (inclusive no âmbito das profissões)
(Bohoslavsky, 1991).
Pode-se dizer que, até o momento, os alunos têm aproveitado o espaço oferecido,
refletindo sobre si mesmos e olhando mais criticamente para suas ações frente ao
futuro. Entretanto, há diferenças entre as salas do primeiro e segundo ano – os alunos
do segundo parecem ter noção maior da necessidade de trabalhar tais questões –
assim como entre cada um dos alunos, com suas limitações e possibilidades
particulares. Mas esse lugar para reflexões sobre como o indivíduo vai se construindo,
vai se desenvolvendo do hoje para o amanhã, se mostra uma rica experiência para a
formação mais ampla desses alunos. O papel e abertura da escola, que co-construiu
esse espaço de reflexões e conversas, com certeza foi e está sendo indispensável para
o andamento das atividades propostas, e reflete um posicionamento sensível que prima
pelo desenvolvimento pessoal pleno de seus alunos.

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  • 1. Bohoslavsky, R. (1991). Orientação vocacional: A estratégia clínica. São Paulo: Martins Fontes. Knobel, M. (1981). A síndrome da adolescência normal. In A. Aberastury & M. Knobel (Orgs.), Adolescência normal (pp. 24-62). Porto Alegre: Artes Médicas. PROJETO “PENSANDO NO FUTURO”: TRABALHO COM O PROJETO DE VIDA DE ADOLESCENTES DO 1º E 2º ANOS DO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PARTICULAR Carolina Mota Gala Saviolli Colégio Vianna Apresentação Este projeto foi uma iniciativa da coordenadoria pedagógica da escola particular Colégio Vianna, situada na cidade de Ribeirão Preto, que, em parceria com a psicóloga, buscaram uma intervenção com alunos do 1º e 2º anos do Ensino Médio que favorecesse uma maior motivação para os estudos e, conseqüentemente, para o vestibular. Como objetivos, a partir desse intercâmbio coordenação-psicóloga, ficou clara a necessidade de despertar no adolescente a sua responsabilidade pelo próprio futuro, pelas escolhas realizadas, que começam no hoje, pensando desde a forma como organiza seu tempo até as questões psicológicas envolvidas, o papel da família nesse contexto, os interesses pessoais, dentre outros. Essa iniciativa se justifica porque geralmente, em nosso sistema educacional, os jovens acabam refletindo sobre uma carreira, por exemplo, ou seus objetivos futuros, apenas no terceiro ano do Ensino Médio, quando já precisam fazer uma escolha “definitiva” no vestibular. Isso pode contribuir para uma escolha menos amadurecida e saudável para o indivíduo. Por isso, dar a oportunidade do aluno poder discutir com a psicóloga e os colegas sobre os temas relacionados a esse processo se mostra essencial para que ele possa, efetivamente, construir tanto seu caminho pessoal quanto profissional. Além disso, saber mais sobre aquilo que se gosta, pode tornar o estudo algo imbuído de sentido, ajudando-o a se sentir mais motivado. Desenvolvimento O planejamento dos grupos se fundamenta em toda a abordagem da Orientação Profissional, no sentido de ajudar os alunos a uma tomada de decisões mais autônoma e consciente, cuja referência principal é Bohoslavsky (1991), mas contextualizando-a ao momento de vida desses adolescentes. O foco também é um pouco mais amplo, não só voltado para a escolha de uma carreira, mas para a construção de um projeto de vida, que demanda maior responsabilização individual, especialmente no que tange aos estudos e preparação para o vestibular. O processo da adolescência também é abarcado, pois se constitui em um período de intensas mudanças físicas e emocionais, em que o jovem se depara com a separação das figuras parentais e o luto pela perda do corpo infantil, buscando estruturar paulatinamente uma identidade independente (Knobel, 1983). Os encontros foram idealizados com a freqüência de duas a três sessões mensais, totalizando oito ao final. Cada encontro tem duração de uma hora e vinte minutos, sendo realizado na própria sala de aula, no horário das aulas regulares, e com todos os alunos de cada classe. Até o momento, foram realizadas cinco sessões com o primeiro ano e seis com o segundo ano. No primeiro encontro, fizemos a apresentação dos participantes e a discussão do contrato. Iniciamos a conversa sobre o presente e o futuro. No segundo, discutimos sobre o momento em que esse jovem se encontra no ciclo de vida: a adolescência. Conversamos sobre as perdas e os ganhos inerentes a essa
  • 2. Bohoslavsky, R. (1991). Orientação vocacional: A estratégia clínica. São Paulo: Martins Fontes. Knobel, M. (1981). A síndrome da adolescência normal. In A. Aberastury & M. Knobel (Orgs.), Adolescência normal (pp. 24-62). Porto Alegre: Artes Médicas. transição, e a responsabilidade apareceu em ambos os grupos de forma ambígua: às vezes como um ganho, às vezes como uma perda. Trabalhamos com a responsabilidade como possibilidade de crescimento e independência. O terceiro grupo buscou exercitar com os jovens o momento presente e o momento futuro. Foi pedido que fizessem esse exercício de imaginação com um personagem de sua idade e, num segundo momento, esse mesmo personagem daqui a 10 anos. Como ele estaria pessoalmente e profissionalmente? O objetivo foi aproximar os jovens da reflexão de que, quando se têm um projeto de vida, damos início hoje, por meio de nossas iniciativas pessoais, a quem seremos amanhã, pautados pelos objetivos traçados e motivação. Propus o exame do quê estavam fazendo e se era suficiente para os objetivos que se viam alcançando no futuro, e muitos puderam perceber que não obteriam sucesso sem o devido trabalho, ou seja, de forma mágica. No encontro seguinte, pensamos juntos sobre os valores, crenças que muitas vezes estão ligados à forma como vemos o mundo, as pessoas, as atividades, mostrando que as escolhas são individuais e que temos que nos conhecer bem para saber que valores sustentam nossos interesses. No quinto grupo, foi feita uma dinâmica com nomes de profissões e requisitou-se que os alunos escolhessem primeiro aquelas que gostariam de conhecer, depois as que consideram interessantes e, por fim, as que efetivamente se viam exercendo. O sexto foi realizado apenas com o segundo ano, e trabalhamos as coisas que gostam e não de fazer, áreas do conhecimento que têm interesse e o quadro de rotina, que se refere a como organizam o tempo disponível para atividades relacionadas ao estudo e preparo para o vestibular. Conclusão Com este trabalho, espera-se que os alunos possam ter maior autoconhecimento e, principalmente, conhecer melhor seus interesses, para que consigam direcionar seus investimentos pessoais, inclusive seu tempo de estudo, motivação, desempenho escolar. Busca-se que eles possam desenvolver um olhar crítico sobre a sua forma de conduzir a vida, estimulando uma maior responsabilização pelo seu desenvolvimento. Possivelmente, as reflexões também contribuam para a formação de indivíduos mais autônomos e conscientes de suas escolhas (inclusive no âmbito das profissões) (Bohoslavsky, 1991). Pode-se dizer que, até o momento, os alunos têm aproveitado o espaço oferecido, refletindo sobre si mesmos e olhando mais criticamente para suas ações frente ao futuro. Entretanto, há diferenças entre as salas do primeiro e segundo ano – os alunos do segundo parecem ter noção maior da necessidade de trabalhar tais questões – assim como entre cada um dos alunos, com suas limitações e possibilidades particulares. Mas esse lugar para reflexões sobre como o indivíduo vai se construindo, vai se desenvolvendo do hoje para o amanhã, se mostra uma rica experiência para a formação mais ampla desses alunos. O papel e abertura da escola, que co-construiu esse espaço de reflexões e conversas, com certeza foi e está sendo indispensável para o andamento das atividades propostas, e reflete um posicionamento sensível que prima pelo desenvolvimento pessoal pleno de seus alunos.