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PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013

Mobile learning: Proibir ou integrar?

Mobile learning: Proibir ou integrar?
Fernanda Ledesma

Escola Secundária D. João II

RESUMO:
Neste artigo propormo-nos fazer uma abordagem à aprendizagem com tecnologias móveis (mobile learning),
oscilando entre dicotomias, procurando equilíbrios e respostas. Pretendemos entender o que dizem os
documentos centrais que definem as políticas educativas, dos diversos países, recorrendo a estudos e relatórios
internacionais. Tentamos definir o conceito mobile learning, procuramos rever a literatura nesta área de modo a
perceber a relação, os receios e reações dos principais atores – o aluno e o professor – relativamente a estes
ambientes digitais. Por fim, ainda que de forma breve, abordamos a aprendizagem, as metodologias e as
aplicações na nuvem necessárias à integração do mobile learning em contexto educativo.

O QUE É O MOBILE LEARNING



Mobile learning é uma das derivações da
educação a distância ou e-Learning. O
conceito mobile learning pode ser traduzido
para português por aprendizagem móvel
ou entendido como integração das
tecnologias móveis em contexto educativo.
Quanto tentamos aprofundar este conceito
de acordo com Sharples, Milrad, ArnedilloSánchez e Vavoula (2009) verificamos que
associam “móvel” de mobile learning a
mobilidade em diferentes perspetivas:



Mobilidade no espaço físico –
aprendizagens realizadas em diferentes
locais; pessoas em movimento que
aproveitam os seus tempos livres para
aprender; a localização pode ou não, ser
relevante para a aprendizagem;



Mobilidade da tecnologia –
utilização de ferramentas e recursos
portáteis; pode incluir alternância entre
equipamentos (por exemplo, entre
computador e telemóvel);



1

Mobilidade no espaço conceptual –
os numerosos episódios de aprendizagem
quotidiana requerem mudanças da
atenção do aprendente entre diferentes
tópicos conceptuais, de acordo com o seu
interesse pessoal, curiosidade e empenho
na tarefa;
Mobilidade no espaço social – os
aprendentes desempenham diferentes
papéis nos seus diversos grupos e
contextos sociais, incluindo a família, o
trabalho ou a sala de aula;
Aprendizagem dispersa no tempo –
a aprendizagem é um processo
cumulativo que envolve ligações e
reforços dentro de uma diversidade de
experiências em contextos formais e
informais de aprendizagem.



A ubiquidade das tecnologias móveis, sem
fios na vida pessoal e social tem vindo a
alterar significativamente os ritmos diários
e hábitos de vida. Perante esta realidade, é
inevitável que nos questionemos sobre o
impacto que estes equipamentos poderão
ter nas escolas, nos locais de trabalho e nos
relacionamentos interpessoais em geral
Fernanda Ledesma
PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013

(Lasica, 2007). Estamos perante uma
área em desenvolvimento, por isso,
geradora de dicotomias, como por
exemplo: Deveremos proibir ou
integrar tecnologias móveis em
contexto educativo? Serão apenas uma
moda ou vieram para ficar? São
geradoras de ruído ou acrescentam algo
de novo ao processo de ensino e
aprendizagem? Oscilando entre extremos
procuramos
equilíbrios
e
algumas
respostas, pelo que procedemos de seguida
à revisão de documentos orientadores das
políticas educativas, estudos e relatórios
internacionais, documentos nacionais e ao
nível de estabelecimento de ensino.
O QUE DIZEM OS RELATÓRIOS E
ESTUDOS
INTERNACIONAIS
VERSUS
OS
NORMATIVOS
INTERNOS E REGULAMENTOS
DOS ESTABELECIMENTOS DE
ENSINO
A este propósito recorremos aos objetivos
de aprendizagem relacionados com as
tecnologias da informação e comunicação
(TIC) definidos para a utilização das
tecnologias móveis, nos documentos
orientadores a nível central, em vários
países europeus, segundo a informação
agregada pelo estudo Eurydice (2011). Na
perspectiva deste estudo geralmente,

Mobile learning: Proibir ou integrar?

assume-se que as TIC tem um impacto
positivo na aprendizagem. Os benefícios
decorrentes das TIC vão para além da
utilização de computadores e da Internet,
alargando-se ao uso de outras tecnologias,
tais como as câmaras digitais e os
telemóveis, que podem auxiliar a
aprendizagem e o desenvolvimento pessoal
dos alunos. Na maioria dos países da
Europa, é atualmente promovida a
utilização de um conjunto variado de
ferramentas TIC para o ensino e
aprendizagem. Grande parte dos países
recomenda ou sugere aos professores o uso
de
hardware
diverso,
incluindo
computadores, projetores ou apontadores
laser, DVD, vídeo, televisão, máquina
fotográfica,
quadros
interativos
e
ambientes virtuais de aprendizagem que
integram um conjunto variado de
infraestruturas TIC para criarem um
espaço
de
aprendizagem
online
personalizado. No entanto, ainda poucos
países recomendam ou sugerem o uso de
dispositivos móveis e de leitores de livros
eletrónicos. (P.46). O objetivo de
aprendizagem menos adoptado, segundo
este estudo, é a “utilização de dispositivos
móveis”, incluído apenas nos documentos
orientadores de aproximadamente metade
dos sistemas educativos dos países
observados neste estudo (p. 39) ver figura
1.

Figura 1. Objetivos de aprendizagem relacionados com as TIC presentes em documentos orientadores, definidos a
nível central, para o ensino básico e secundário 2009/2010.
Fonte: Eurydice.

2

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Observando a figura 1 verificamos que
apenas 7 países: Dinamarca, Irlanda,
Espanha, Letónia, Polónia, Eslováquia e
Escócia possuem objetivos definidos para a
utilização
de
dispositivos
móveis
relativamente a todos os ciclos de ensino,
nos respetivos documentos orientadores.
Temos um grupo de países que apenas
apresenta objetivos para os alunos a partir
do 3º ciclo e ensino secundário, como a
Bélgica
(Comunidade
germanófona),
Bulgária, República Checa, Alemanha,
Estónia, Grécia, Hungria, Malta, Roménia
e País de Gales. De salientar que Portugal
não possui qualquer definição nos
documentos centrais para a utilização dos
dispositivos móveis.
O grupo TIC da Comissão Europeia
(Comissão Europeia/grupo TIC, 2010)
divulgou que, atualmente, os alunos estão,
não só a usar computadores, mas também
a aceder a outras tecnologias móveis, tais
como os dispositivos multimédia e os
telemóveis com acesso à Internet (p.20).
Cada vez mais, os telemóveis têm um
acesso pleno à rede e os jovens usam quer
as ligações fixas, quer os telemóveis para
acederem à Internet. Assim, sugerem que
as mesmas medidas de segurança,
seguidas para a utilização da Internet,
se tornam importantes para o uso de

Mobile learning: Proibir ou integrar?

telemóveis
(proteção
de
dados
pessoais, evitar conteúdos prejudiciais,
proteção do consumidor, vicio ao jogo
etc.)(p.42).
Uma das mais recentes edições (2010) do
Horizon
Report que
apresenta
as
tendências das tecnologias na educação,
destaca os aplicativos móveis e os tablets
como as tecnologias que devem ser
adotadas a curtíssimo prazo. Este relatório
prevê grande impacto da tecnologia móvel
nas instituições, nomeadamente de ensino
superior. De acordo com o relatório, até
2015, a grande maioria (80%) das pessoas
que acedem à Internet , deverão passar a
fazê-lo partir de dispositivos móveis. Os
dispositivos móveis capazes de aceder à
internet superarão os computadores nos
próximo anos. No Japão, mais de 75% dos
utilizadores de Internet já usam o telemóvel
como a sua primeira escolha para o acesso.
Esta mudança dos meios de ligação à
Internet está
a
aumentar pela
convergência de três tendências: o
número crescente
de dispositivos
móveis com capacidade para aceder à
internet; conteúdos na web cada vez
mais
flexíveis; e
o
contínuo
desenvolvimento das
redes
que suportam esta ligação.

Figura 2. Três tendências que conduzem à mudança dos meios de ligação à Internet.

A tecnologias móveis continuam a merecer
atenção como
uma
tecnologia
3

emergente para o ensino e aprendizagem.
Os dispositivos disponíveis atualmente
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são multifuncionais e robustos, no entanto,
também se tem verificado na diferntes
etápas de integração das tecnologias em
contexto educativo, que elas se tornam
obsoletas antes de uma total adopção,
porque a sua evolução ocorre rapidamente.
O
relatório Horizon(2010) coloca
a tecnologia móvel no horizonte a curto
prazo, com ênfase na ampla gama de
atividades que são agora possíveis através
de dispositivos móveis.
Ao nível dos normativos emanados
centralmente (Lei 51/2012 de 5 de
setembro - estatuto do aluno) e dos
regulamentos
internos
dos
estabelecimentos de ensino é frequente
obervarmos referências à proibição da
utilização dos equipamentos tecnológicos,
nomeadamente dos telemóveis, sendo estes
vistos como uma ameaça e não como uma
oportunidade. A alusão ao uso do
telemóvel é redutora quando nos referimos
às tecnologias móveis, por outro lado no
mesmo normativo, logo de seguida,
podemos encontrar a exceção - exceto
quando a utilização de qualquer dos
meios tecnológicos acima referidos
esteja diretamente relacionada com as
atividades a desenvolver e seja
expressamente
autorizada
pelo
professor ou pelo responsável pela
direção ou supervisão dos trabalhos ou
atividades em curso - no entanto estas
referências mostram-nos que o caminho a
percorrer se afigura longo, se a nível central
não é proibido o uso de tecnologias
móveis, ao nível local as reações e os
receios dos atores – o aluno, o professor e
os órgãos de gestão - são diferentes em
cada contexto.
RELAÇÃO DOS ALUNOS COM AS
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO
Os alunos que hoje frequentam a escola,
não a concebem, tal como a vida em
sociedade, sem as TIC, pois cresceram na
era digital e a tecnologia faz parte
integrante da sua vida. Segundo a visão da
4

Mobile learning: Proibir ou integrar?

Psicologia da Educação, fazem parte da sua
identidade. Os alunos que frequentam
atualmente o ensino básico e até o
secundário, não têm referências que lhe
permitam comparar a escola de hoje, com a
escola de ontem, na qual não existiam as
TIC, para eles não ocorreu nenhuma
mudança, viveram toda a sua vida, numa
realidade embebida na linguagem digital.
Como refere Prensky “Our students have
changed radically. Today’s students are no longer
the people our educational system was designed to
teach” (Prensky, 2001, p.1). Ainda, segundo o
mesmo autor os
nossos alunos
representam a primeira geração a crescer
com as tecnologias. Eles despendem a
maior parte do seu tempo a usar o
computador, os videojogos, consolas, usam
webcam’s,
telemóveis
com
diversas
funcionalidades multimédia e muitos
outros brinquedos e utensílios da era
digital. A comunicação em tempo real
como o email, mensagens instantâneas e
discussões na rede fazem parte do seu diaa-dia.

Devido a esta grande interação, os alunos
pensam e processam informação de uma
forma diferente. Esta é a grande diferença
entre os alunos, classificados como “digital
natives” e os professores, que Prensky,
considera “digital immigrants”, aqueles que
não sendo da era digital conseguiram
integrar-se no ambiente tecnológico. O
autor vai mais longe na análise, referindo
que o cérebro dos “nativos digitais” e dos
“emigrantes digitais” funciona de forma
diferente, dando o exemplo quando um
aluno (nativo digital) recebe um email, lê no
computador, o professor (emigrante
Fernanda Ledesma
PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013

digital), tem a tendência de imprimir para
ler. Salienta que os “instrutores emigrantes
digitais”, os professores, que falam uma
língua antiga, lutam por ensinar uma
linguagem inteiramente nova.
A maioria dos nossos alunos cresceram
num mundo digital, intrinsecamente eles
esperam criar, consumir, reunir, trocar
informação e materiais, uns com os outros,
através dos meios digitais. No entanto, é
necessário ter em conta que o facto de
serem aprendizes da era digital, não
significa que usem as tecnologias sempre
adequadamente e muito menos de modo
seguro. É um imperativo preparar as
gerações para esta nova forma de estar,
onde todos assumimos o papel de
consumidores e criadores de conteúdos
e também onde as competências para
pesquisar e analisar criticamente a
informação
são
essenciais.
As
competências digitais são adquiridas pelos
alunos em contexto educacional, mas
também fora dele, o professor tem de ter
em conta a aprendizagem formal, não
formal e informal, sendo muitas vezes
surpreendido pelos conhecimentos do
aluno e principalmente pela facilidade com
que manuseia o equipamento tecnológico.
Na perspetiva de Teresa d’Eça “Temos de
ensinar hoje a pensar em ‘amanhã’. Temos
de conciliar o ensino com os novos rumos
da vida moderna, com os meios
informáticos, com as novas tecnologias de
informação e comunicação, com o recurso
à rede. Só assim, prepararemos os jovens
mais adequadamente para os desafios que
irão enfrentar. Parece-me ser este o rumo a
seguir até pela perfeita sintonia entre os
jovens de hoje e os meios tecnológicos
espantosos que a sua época lhes vem
pondo à disposição” (D'Eça, 1998, p. 17).
Como referem os autores citados (Prensky,
2001 e D'Eça, 1998) a maioria dos alunos
de hoje, são nativos digitais, com o avanço
das tecnologias móveis também chamados
de “geração polegar” estão cada vez menos
recetivos a mensagens fechadas à
intervenção, pois aprenderam desde
pequenos a interagir com brinquedos
5

Mobile learning: Proibir ou integrar?

eletrónicos, com o comando da televisão,
playstation, gameboy, e mais tarde com o rato
do computador, telemóvel, ipads, tablets
entre outros. Lidam facilmente com a
diversidade de tarefas e de equipamentos,
mas necessitam de ser educados
relativamente à diversidade e credibilidade
de fontes de informação e comunicação, de
modo a produzirem e partilharem
conteúdos autonomamente de forma
adequada. O que fascina os alunos face às
tecnologias é a facilidade da sua utilização,
a comunicação e as descobertas que lhes
proporciona, eles vivem tudo isto
intensamente. Os alunos não têm receio de
“mexer”, manusear e interagir com as
tecnologias, porque podem fazer algo que
as danifique, não têm essa preocupação,
gostam de desafios e experimentam tudo o
que é novo e lhes traz aventura. O aluno
encontra nas tecnologias situações mais
estimulantes que aquelas que lhe são
oferecidas pela vida quotidiana e pela
escola, fazendo com que ele participe de
forma indireta ou mais ou menos direta,
em situações heroicas ou extraordinárias.
A utilização das tecnologias móveis pelos
alunos, a já denominada “geração polegar”,
em contextos informais inclui variadas
práticas digitais, ainda que em muitas
situações sejam práticas realizadas de forma
intuitiva. Seja o manuseamento “quase
natural” de diversos tipos de media, o
funcionamento colaborativo em rede, seja
através de mensagens instantâneas,
participando em discussões nas redes
sociais ou também recorrendo a diversas
fontes de informação. Estas práticas
informais potenciam o desenvolvimento de
competências essenciais na sociedade atual.
A utilização, como recurso educativo, de
tecnologias altamente personalizadas das
quais os alunos já se apropriaram, pelo
menos ao nível do manuseamento e
utilizam intensivamente em contextos
informais, potencia a ligação entre
contextos de aprendizagem informais e
formais. No entanto, a escola permanece
como um dos únicos contextos da vida dos
jovens onde o telemóvel é, quase, interdito.
Fernanda Ledesma
PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013

Assim, se coloca mais uma vez a dicotomia
– Proibir ou integrar?

O PAPEL DO PROFESSOR NESTE
CONTEXTO
Harasim citada por Ramos (2002, p.123)
refere que um aspeto considerado
fundamental no ensino através da rede, é a
mudança do papel do professor que
gradualmente
se
transforma
num
facilitador da aprendizagem dos alunos.
“Educar através de redes de computadores
altera as relações entre professor,
estudantes e matéria de ensino… a
aprendizagem online está centrada no
estudante e requer do professor um papel e
uma forma de estar mais flexível. O
professor planifica a atividade e depois
segue o fluxo da conversação, oferecendo a
orientação necessária, em vez de se limitar
a
seguir estritamente
um plano
previamente elaborado ou a seguir
linearmente os conteúdos”.
A integração das TIC na sala de aula,
reforçada atualmente com a invasão das
tecnologias móveis, em qualquer lugar, a
qualquer hora, veio acrescentar às
competências do professor – científicas,
curriculares,
pedagógicas,
relacionais,
socioculturais - competências digitais que
lhe
permitam
conseguir
fazer
autonomamente a exploração pedagógica
de novas aplicações que surgem
diariamente na nuvem, bem como
capacidade de selecionar, adaptar e avaliar
6

Mobile learning: Proibir ou integrar?

recursos educativos digitais(RED) que o
possam ajudar a criar ambientes de ensino
e aprendizagem capazes de envolver os
alunos e atrair a sua atenção, neste
contexto que há focos de distracção por
todo lado, pois esta sala de aula está aberta,
não tem uma porta para fechar. Perante a
realidade, a multiplicação de redes, a
internet, a ampliação alucinante da
produção de recursos, a facilidade com que
os alunos acedem à informação que
prolifera no ciberespaço, a ação do
professor deverá deslocar-se cada vez mais
do ensinar para o ajudar a aprender, ou seja
no aprender a aprender, pois é necessário
educar e formar alunos com capacidade
de aprender continuamente de forma
autónoma, crítica e criativa.
A introdução das TIC em contexto de
ensino e aprendizagem altera o papel e a
postura do professor. Face a este cenário
tem de utilizar novas metodologias, o que o
coloca perante situações de incerteza e
dúvidas, em muitos casos, não é só por
causa do domínio das tecnologias, mas
também o seu novo papel, que lhe exige,
abertura e flexibilidade, pois o professor
deixa de ter o controlo da situação. Até há
pouco tempo estava habituado a recorrer
ao manual, muitas vezes como fonte
“única” para os alunos, que dominava até à
exaustão, de repente é confrontado com
novos equipamentos, grande quantidade de
informação disponível e novos métodos
que de certa forma, colocam em causa o
seu saber, pois já não há uma única
resposta ou via correta, mas sim, diversas
soluções e percursos para resolver cada
situação, o imprevisto e o improviso estão
presentes em cada momento, o que exige a
capacidade de constantemente transformar
constrangimentos em oportunidades.
O professor é um ator essencial na
mudança, pois tem oportunidade de dirigir
as suas práticas pedagógicas. A ação do
professor exerce-se, não só ao nível do
desenvolvimento do currículo, mas
também a sua construção, pois não deve
ter um papel de simples consumidor do
currículo, mas pode e deve ter o papel de
Fernanda Ledesma
PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013

configurador do currículo elaborado ou
reelaborado de acordo com as realidades
onde se vai desenvolver, tendo em conta o
contexto, a escola, o grupo de alunos, a
idade, as suas características pessoais, o seu
ritmo, as suas vivências e saberes e atitudes
que o tornam único, o espaço, a própria
organização do espaço, os recursos
disponíveis e o tempo de que o professor
dispõe.
O professor deixa de ser o transmissor de
conhecimentos e passa a ter um papel de
orientador, facilitador do conhecimento, de
suporte da aprendizagem, que dirige,
orienta e acompanha o decorrer das
atividades, estimulando a interatividade e
alimentando a motivação. É necessário
estar atento aos vários ritmos, às
descobertas, pois o professor será o elo
entre todos, aquele que promove a união e
harmonia em todo o processo.
APRENDIZAGEM E O MOBILE
LEARNING
A definição de uma teoria específica ou de
teorias e metodologias mais adequadas à
integração do mobille learning ainda é uma
área em exploração e desenvolvimento, no
entanto, conforme vamos experimentando,
vamos (re)adaptando algumas metodologias
que permitam conduzir ao desenvolvimento
de literacias na área da informação,
comunicação/interação, produção/criação e
segurança neste ambiente de aprendizagem
digital tão interactivo.
As tecnologias móveis e sem fios podem
transformar o conceito de aprendizagem se
conseguirmos mudarmos o foco do
conhecimento
factual
para
o
desenvolvimento de literacias, por exemplo,
como pesquisar sobre um assunto? O que
pesquisar ? o que selecionar?
Importa ao aluno ser capaz de distinguir
fontes de informação fidedignas das que
não têm credibilidade, assim como de filtrar,
resumir e analisar criticamente diferentes
fontes de informação. Neste contexto
7

Mobile learning: Proibir ou integrar?

confunde-se frequentemente literacia
tecnológica versus literacia digital, pois
não é suficiente saber manusear o
equipamento tecnológico, mas sim
fundamental ser capaz de utilizar de
forma racional a enorme quantidade e
diversidade de informação, bem como
saber gerir as interações disponíveis nas
redes. Começa a falar-se de “literacia
móvel” no sentido da necessidade de
desenvolvimento de competências de
“etiqueta” móvel, bem como de gestão da
ubiquidade e das potencialidades dos
equipamentos digitais portáteis (Shuler,
2009).
A integração do mobile learning, devido às
limitações de armazenamento, induz a que
se utilizem de aplicações na nuvem, que
geralmente disponibilizam uma solução
gratuita capaz de reponder às necessidades
dos projetos educativos. Por exemplo, as
Taxonomias de Bloom Revistas têm surgido
frequentemente associadas a exemplos de
aplicações digitais para implementar cada
uma delas em contexto educativo. A figura a
seguir é apenas um exemplo, entre muitos
que podemos encontrar disponíveis na web.

Figura 3. Aplicações na web 2.0 para implementar as Taxonomias de
Bloom Revistas
Fonte: http://www.schrockguide.net/bloomin-apps.html

No que se refere às relações entre as
aprendizagens e as práticas digitais dos
jovens, Drotner (2008) coloca questões
importantes: Como é que as práticas e
Fernanda Ledesma
PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013

experiências digitais dos jovens
influenciam
as
suas
atitudes
relativamente à aprendizagem e
práticas educacionais? Como lidam os
jovens
com
os
suportes
de
aprendizagem que existem na escola?
São adequados às novas práticas ou
têm de ser modificados? Em nosso
entender, se aceitarmos que estas
formas de comunicação fomentam
aprendizagens que são necessárias na
formação de futuras competências,
então temos aqui um desafio às
práticas curriculares existentes.
ALGUMAS REFLEXÕES
Após termos procedido à revisão dos
documentos orientadores das políticas
educativas, estudos e relatórios, podemos
concluir que é necessário proceder a
alterações, de forma a facilitar e fomentar a
integração do mobile learning em contexto
educativo. Ainda assim, não consideramos
que este seja o principal factor proibitivo
ou inibidor de uma integração mais
abrangente.
Quando nos propomos desenvolver um
projeto integrando o mobile learning,
admitimos a possibilidade de substituição
do caderno, por exemplo, pelo tablet. Neste
contexto passamos a ter como suporte
digital de apoio pedagógico o tablet.
Podemos concluir que as baterias já
oferecem autonomia suficiente para
dispensar a necessidade de uma tomada em
cada secretária. A portabilidade permite
acompanhar o aluno em praticamente
todos os lugares. A interface é
suficientemente prática e amigável, sem o
estorvo de ratos e teclados. Temos ligação
à internet, no entanto há alguns
constrangimentos
a
ultrapassar.
A
capacidade de armazenamento não permite
instalar muito software, pelo que deveremos
recorrer às aplicações na nuvem sempre
que possível, o que exige ao professor
competências digitais.

8

Mobile learning: Proibir ou integrar?

Este ambiente digital gera algumas
preocupações e receios ao professor que se
confronta com vários desafios. Por
exemplo, como manter a atenção do
aluno? Como evitar que troquem
mensagens e piadinhas enquanto
falam? Como controlar plágios e "copy
& paste"? Como competir com tantas
coisas interessantes que os alunos
podem aceder durante as aulas? E se
eles pesquisarem na Internet sobre o
tema da aula, fizerem perguntas que
não sabemos responder? Ou, pior, nos
corrigirem durante a aula?
Em nosso entender, os receios e
preocupações são um dos factores
inibidores com mais impacto, mas cabe a
nós professores, na forma como
apresentamos e orientamos as atividades
pedagógicas não criar espaços para "cola" e
"plágio", exigindo-lhes criatividade e
capacidade para reformular e colocar a sua
marca pessoal em cada atividade proposta.
Este é o grande desafio que se coloca!
Neste ambiente digital, no qual integramos
as tecnologias móveis, não há portas, nem
janelas, das quais falávamos, quando nos
referíamos à sala de aula tradicional, mas
sim um open space, pelo que proibir é como
tentar fechar a porta, num local no qual
não existem muros para a suportar, logo a
porta ficará muito pouco tempo segura e
na posição que a colocamos. O que é
proibido em pouco tempo é contornado
pelos alunos autonomamente. Pelo que
ignorar a existência das tecnologias móveis
ou proibir são soluções ilusórias, será
preferível acompanhar, integrar e educar
para esta nova forma de ser e estar em
qualquer lugar e a qualquer hora.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
D'Eça, T. A. (1998). NetAprendizagem: Internet na
educação. Porto: Porto Editora.
Drotner, K. (2008). Leisure Is Hard Work: Digital
Practices and Future Competencies. In David
Buckingham (Ed.), Youth, Identity, and Digital
Media (pp. 167–184). Cambridge, MA: The MIT
Press.
Fernanda Ledesma
PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013

Mobile learning: Proibir ou integrar?

Eurydice (2011). Números chave sobre a aprendizagem e a
inovação através das TIC nas escolas da Europa.
Agência de Execução relativa à Educação, ao
Audiovisual e à Cultura. http://www.gepe.minedu.pt/np4/?newsId=643&fileName=Numero
s_Chave_TIC.pdf, acedido em 3 de Março de
2013.
Horizon Report (2011). Time-to-Adoption Horizon: One
Year
or
Less.
http://wp.nmc.org/horizon2011/sections/mo
biles/ acedido em 20 de março de 2013
Lasica, J. D. (2007). The Mobile
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http://www.marcprensky.com/writing/Prensky
%20%20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigr
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9

Ramos, J. L. (2002). As Redes Somos nós. In: C. N.
Educação, Redes de Aprendizagem, Redes de
Conhecimento (pp. 109-131). ME.: Conselho
Nacional de Educação.
Sharples M., Milrad M., Arnedillo Sánchez, I., &
Vavoula G. (2009). Mobile Learning: Small
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S., de Jong, T., Lazonder, A., Barnes, S. &
Montandon, L. (eds) Technology Enhanced
Learning: Principles and Products. Berlim: Springer.
Shuler, C. (2009). Pockets of Potential: Using Mobile
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Siemens, G. (2004). Connectivism: A Learning
Theory for the Digital Age. Acedido em
http://www.elearnspace.org/Articles/conn
ectivism.htm a 16 de março de 2013

Fernanda Ledesma

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  • 1. PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013 Mobile learning: Proibir ou integrar? Mobile learning: Proibir ou integrar? Fernanda Ledesma Escola Secundária D. João II RESUMO: Neste artigo propormo-nos fazer uma abordagem à aprendizagem com tecnologias móveis (mobile learning), oscilando entre dicotomias, procurando equilíbrios e respostas. Pretendemos entender o que dizem os documentos centrais que definem as políticas educativas, dos diversos países, recorrendo a estudos e relatórios internacionais. Tentamos definir o conceito mobile learning, procuramos rever a literatura nesta área de modo a perceber a relação, os receios e reações dos principais atores – o aluno e o professor – relativamente a estes ambientes digitais. Por fim, ainda que de forma breve, abordamos a aprendizagem, as metodologias e as aplicações na nuvem necessárias à integração do mobile learning em contexto educativo. O QUE É O MOBILE LEARNING  Mobile learning é uma das derivações da educação a distância ou e-Learning. O conceito mobile learning pode ser traduzido para português por aprendizagem móvel ou entendido como integração das tecnologias móveis em contexto educativo. Quanto tentamos aprofundar este conceito de acordo com Sharples, Milrad, ArnedilloSánchez e Vavoula (2009) verificamos que associam “móvel” de mobile learning a mobilidade em diferentes perspetivas:  Mobilidade no espaço físico – aprendizagens realizadas em diferentes locais; pessoas em movimento que aproveitam os seus tempos livres para aprender; a localização pode ou não, ser relevante para a aprendizagem;  Mobilidade da tecnologia – utilização de ferramentas e recursos portáteis; pode incluir alternância entre equipamentos (por exemplo, entre computador e telemóvel);  1 Mobilidade no espaço conceptual – os numerosos episódios de aprendizagem quotidiana requerem mudanças da atenção do aprendente entre diferentes tópicos conceptuais, de acordo com o seu interesse pessoal, curiosidade e empenho na tarefa; Mobilidade no espaço social – os aprendentes desempenham diferentes papéis nos seus diversos grupos e contextos sociais, incluindo a família, o trabalho ou a sala de aula; Aprendizagem dispersa no tempo – a aprendizagem é um processo cumulativo que envolve ligações e reforços dentro de uma diversidade de experiências em contextos formais e informais de aprendizagem.  A ubiquidade das tecnologias móveis, sem fios na vida pessoal e social tem vindo a alterar significativamente os ritmos diários e hábitos de vida. Perante esta realidade, é inevitável que nos questionemos sobre o impacto que estes equipamentos poderão ter nas escolas, nos locais de trabalho e nos relacionamentos interpessoais em geral Fernanda Ledesma
  • 2. PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013 (Lasica, 2007). Estamos perante uma área em desenvolvimento, por isso, geradora de dicotomias, como por exemplo: Deveremos proibir ou integrar tecnologias móveis em contexto educativo? Serão apenas uma moda ou vieram para ficar? São geradoras de ruído ou acrescentam algo de novo ao processo de ensino e aprendizagem? Oscilando entre extremos procuramos equilíbrios e algumas respostas, pelo que procedemos de seguida à revisão de documentos orientadores das políticas educativas, estudos e relatórios internacionais, documentos nacionais e ao nível de estabelecimento de ensino. O QUE DIZEM OS RELATÓRIOS E ESTUDOS INTERNACIONAIS VERSUS OS NORMATIVOS INTERNOS E REGULAMENTOS DOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO A este propósito recorremos aos objetivos de aprendizagem relacionados com as tecnologias da informação e comunicação (TIC) definidos para a utilização das tecnologias móveis, nos documentos orientadores a nível central, em vários países europeus, segundo a informação agregada pelo estudo Eurydice (2011). Na perspectiva deste estudo geralmente, Mobile learning: Proibir ou integrar? assume-se que as TIC tem um impacto positivo na aprendizagem. Os benefícios decorrentes das TIC vão para além da utilização de computadores e da Internet, alargando-se ao uso de outras tecnologias, tais como as câmaras digitais e os telemóveis, que podem auxiliar a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal dos alunos. Na maioria dos países da Europa, é atualmente promovida a utilização de um conjunto variado de ferramentas TIC para o ensino e aprendizagem. Grande parte dos países recomenda ou sugere aos professores o uso de hardware diverso, incluindo computadores, projetores ou apontadores laser, DVD, vídeo, televisão, máquina fotográfica, quadros interativos e ambientes virtuais de aprendizagem que integram um conjunto variado de infraestruturas TIC para criarem um espaço de aprendizagem online personalizado. No entanto, ainda poucos países recomendam ou sugerem o uso de dispositivos móveis e de leitores de livros eletrónicos. (P.46). O objetivo de aprendizagem menos adoptado, segundo este estudo, é a “utilização de dispositivos móveis”, incluído apenas nos documentos orientadores de aproximadamente metade dos sistemas educativos dos países observados neste estudo (p. 39) ver figura 1. Figura 1. Objetivos de aprendizagem relacionados com as TIC presentes em documentos orientadores, definidos a nível central, para o ensino básico e secundário 2009/2010. Fonte: Eurydice. 2 Fernanda Ledesma
  • 3. PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013 Observando a figura 1 verificamos que apenas 7 países: Dinamarca, Irlanda, Espanha, Letónia, Polónia, Eslováquia e Escócia possuem objetivos definidos para a utilização de dispositivos móveis relativamente a todos os ciclos de ensino, nos respetivos documentos orientadores. Temos um grupo de países que apenas apresenta objetivos para os alunos a partir do 3º ciclo e ensino secundário, como a Bélgica (Comunidade germanófona), Bulgária, República Checa, Alemanha, Estónia, Grécia, Hungria, Malta, Roménia e País de Gales. De salientar que Portugal não possui qualquer definição nos documentos centrais para a utilização dos dispositivos móveis. O grupo TIC da Comissão Europeia (Comissão Europeia/grupo TIC, 2010) divulgou que, atualmente, os alunos estão, não só a usar computadores, mas também a aceder a outras tecnologias móveis, tais como os dispositivos multimédia e os telemóveis com acesso à Internet (p.20). Cada vez mais, os telemóveis têm um acesso pleno à rede e os jovens usam quer as ligações fixas, quer os telemóveis para acederem à Internet. Assim, sugerem que as mesmas medidas de segurança, seguidas para a utilização da Internet, se tornam importantes para o uso de Mobile learning: Proibir ou integrar? telemóveis (proteção de dados pessoais, evitar conteúdos prejudiciais, proteção do consumidor, vicio ao jogo etc.)(p.42). Uma das mais recentes edições (2010) do Horizon Report que apresenta as tendências das tecnologias na educação, destaca os aplicativos móveis e os tablets como as tecnologias que devem ser adotadas a curtíssimo prazo. Este relatório prevê grande impacto da tecnologia móvel nas instituições, nomeadamente de ensino superior. De acordo com o relatório, até 2015, a grande maioria (80%) das pessoas que acedem à Internet , deverão passar a fazê-lo partir de dispositivos móveis. Os dispositivos móveis capazes de aceder à internet superarão os computadores nos próximo anos. No Japão, mais de 75% dos utilizadores de Internet já usam o telemóvel como a sua primeira escolha para o acesso. Esta mudança dos meios de ligação à Internet está a aumentar pela convergência de três tendências: o número crescente de dispositivos móveis com capacidade para aceder à internet; conteúdos na web cada vez mais flexíveis; e o contínuo desenvolvimento das redes que suportam esta ligação. Figura 2. Três tendências que conduzem à mudança dos meios de ligação à Internet. A tecnologias móveis continuam a merecer atenção como uma tecnologia 3 emergente para o ensino e aprendizagem. Os dispositivos disponíveis atualmente Fernanda Ledesma
  • 4. PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013 são multifuncionais e robustos, no entanto, também se tem verificado na diferntes etápas de integração das tecnologias em contexto educativo, que elas se tornam obsoletas antes de uma total adopção, porque a sua evolução ocorre rapidamente. O relatório Horizon(2010) coloca a tecnologia móvel no horizonte a curto prazo, com ênfase na ampla gama de atividades que são agora possíveis através de dispositivos móveis. Ao nível dos normativos emanados centralmente (Lei 51/2012 de 5 de setembro - estatuto do aluno) e dos regulamentos internos dos estabelecimentos de ensino é frequente obervarmos referências à proibição da utilização dos equipamentos tecnológicos, nomeadamente dos telemóveis, sendo estes vistos como uma ameaça e não como uma oportunidade. A alusão ao uso do telemóvel é redutora quando nos referimos às tecnologias móveis, por outro lado no mesmo normativo, logo de seguida, podemos encontrar a exceção - exceto quando a utilização de qualquer dos meios tecnológicos acima referidos esteja diretamente relacionada com as atividades a desenvolver e seja expressamente autorizada pelo professor ou pelo responsável pela direção ou supervisão dos trabalhos ou atividades em curso - no entanto estas referências mostram-nos que o caminho a percorrer se afigura longo, se a nível central não é proibido o uso de tecnologias móveis, ao nível local as reações e os receios dos atores – o aluno, o professor e os órgãos de gestão - são diferentes em cada contexto. RELAÇÃO DOS ALUNOS COM AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Os alunos que hoje frequentam a escola, não a concebem, tal como a vida em sociedade, sem as TIC, pois cresceram na era digital e a tecnologia faz parte integrante da sua vida. Segundo a visão da 4 Mobile learning: Proibir ou integrar? Psicologia da Educação, fazem parte da sua identidade. Os alunos que frequentam atualmente o ensino básico e até o secundário, não têm referências que lhe permitam comparar a escola de hoje, com a escola de ontem, na qual não existiam as TIC, para eles não ocorreu nenhuma mudança, viveram toda a sua vida, numa realidade embebida na linguagem digital. Como refere Prensky “Our students have changed radically. Today’s students are no longer the people our educational system was designed to teach” (Prensky, 2001, p.1). Ainda, segundo o mesmo autor os nossos alunos representam a primeira geração a crescer com as tecnologias. Eles despendem a maior parte do seu tempo a usar o computador, os videojogos, consolas, usam webcam’s, telemóveis com diversas funcionalidades multimédia e muitos outros brinquedos e utensílios da era digital. A comunicação em tempo real como o email, mensagens instantâneas e discussões na rede fazem parte do seu diaa-dia. Devido a esta grande interação, os alunos pensam e processam informação de uma forma diferente. Esta é a grande diferença entre os alunos, classificados como “digital natives” e os professores, que Prensky, considera “digital immigrants”, aqueles que não sendo da era digital conseguiram integrar-se no ambiente tecnológico. O autor vai mais longe na análise, referindo que o cérebro dos “nativos digitais” e dos “emigrantes digitais” funciona de forma diferente, dando o exemplo quando um aluno (nativo digital) recebe um email, lê no computador, o professor (emigrante Fernanda Ledesma
  • 5. PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013 digital), tem a tendência de imprimir para ler. Salienta que os “instrutores emigrantes digitais”, os professores, que falam uma língua antiga, lutam por ensinar uma linguagem inteiramente nova. A maioria dos nossos alunos cresceram num mundo digital, intrinsecamente eles esperam criar, consumir, reunir, trocar informação e materiais, uns com os outros, através dos meios digitais. No entanto, é necessário ter em conta que o facto de serem aprendizes da era digital, não significa que usem as tecnologias sempre adequadamente e muito menos de modo seguro. É um imperativo preparar as gerações para esta nova forma de estar, onde todos assumimos o papel de consumidores e criadores de conteúdos e também onde as competências para pesquisar e analisar criticamente a informação são essenciais. As competências digitais são adquiridas pelos alunos em contexto educacional, mas também fora dele, o professor tem de ter em conta a aprendizagem formal, não formal e informal, sendo muitas vezes surpreendido pelos conhecimentos do aluno e principalmente pela facilidade com que manuseia o equipamento tecnológico. Na perspetiva de Teresa d’Eça “Temos de ensinar hoje a pensar em ‘amanhã’. Temos de conciliar o ensino com os novos rumos da vida moderna, com os meios informáticos, com as novas tecnologias de informação e comunicação, com o recurso à rede. Só assim, prepararemos os jovens mais adequadamente para os desafios que irão enfrentar. Parece-me ser este o rumo a seguir até pela perfeita sintonia entre os jovens de hoje e os meios tecnológicos espantosos que a sua época lhes vem pondo à disposição” (D'Eça, 1998, p. 17). Como referem os autores citados (Prensky, 2001 e D'Eça, 1998) a maioria dos alunos de hoje, são nativos digitais, com o avanço das tecnologias móveis também chamados de “geração polegar” estão cada vez menos recetivos a mensagens fechadas à intervenção, pois aprenderam desde pequenos a interagir com brinquedos 5 Mobile learning: Proibir ou integrar? eletrónicos, com o comando da televisão, playstation, gameboy, e mais tarde com o rato do computador, telemóvel, ipads, tablets entre outros. Lidam facilmente com a diversidade de tarefas e de equipamentos, mas necessitam de ser educados relativamente à diversidade e credibilidade de fontes de informação e comunicação, de modo a produzirem e partilharem conteúdos autonomamente de forma adequada. O que fascina os alunos face às tecnologias é a facilidade da sua utilização, a comunicação e as descobertas que lhes proporciona, eles vivem tudo isto intensamente. Os alunos não têm receio de “mexer”, manusear e interagir com as tecnologias, porque podem fazer algo que as danifique, não têm essa preocupação, gostam de desafios e experimentam tudo o que é novo e lhes traz aventura. O aluno encontra nas tecnologias situações mais estimulantes que aquelas que lhe são oferecidas pela vida quotidiana e pela escola, fazendo com que ele participe de forma indireta ou mais ou menos direta, em situações heroicas ou extraordinárias. A utilização das tecnologias móveis pelos alunos, a já denominada “geração polegar”, em contextos informais inclui variadas práticas digitais, ainda que em muitas situações sejam práticas realizadas de forma intuitiva. Seja o manuseamento “quase natural” de diversos tipos de media, o funcionamento colaborativo em rede, seja através de mensagens instantâneas, participando em discussões nas redes sociais ou também recorrendo a diversas fontes de informação. Estas práticas informais potenciam o desenvolvimento de competências essenciais na sociedade atual. A utilização, como recurso educativo, de tecnologias altamente personalizadas das quais os alunos já se apropriaram, pelo menos ao nível do manuseamento e utilizam intensivamente em contextos informais, potencia a ligação entre contextos de aprendizagem informais e formais. No entanto, a escola permanece como um dos únicos contextos da vida dos jovens onde o telemóvel é, quase, interdito. Fernanda Ledesma
  • 6. PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013 Assim, se coloca mais uma vez a dicotomia – Proibir ou integrar? O PAPEL DO PROFESSOR NESTE CONTEXTO Harasim citada por Ramos (2002, p.123) refere que um aspeto considerado fundamental no ensino através da rede, é a mudança do papel do professor que gradualmente se transforma num facilitador da aprendizagem dos alunos. “Educar através de redes de computadores altera as relações entre professor, estudantes e matéria de ensino… a aprendizagem online está centrada no estudante e requer do professor um papel e uma forma de estar mais flexível. O professor planifica a atividade e depois segue o fluxo da conversação, oferecendo a orientação necessária, em vez de se limitar a seguir estritamente um plano previamente elaborado ou a seguir linearmente os conteúdos”. A integração das TIC na sala de aula, reforçada atualmente com a invasão das tecnologias móveis, em qualquer lugar, a qualquer hora, veio acrescentar às competências do professor – científicas, curriculares, pedagógicas, relacionais, socioculturais - competências digitais que lhe permitam conseguir fazer autonomamente a exploração pedagógica de novas aplicações que surgem diariamente na nuvem, bem como capacidade de selecionar, adaptar e avaliar 6 Mobile learning: Proibir ou integrar? recursos educativos digitais(RED) que o possam ajudar a criar ambientes de ensino e aprendizagem capazes de envolver os alunos e atrair a sua atenção, neste contexto que há focos de distracção por todo lado, pois esta sala de aula está aberta, não tem uma porta para fechar. Perante a realidade, a multiplicação de redes, a internet, a ampliação alucinante da produção de recursos, a facilidade com que os alunos acedem à informação que prolifera no ciberespaço, a ação do professor deverá deslocar-se cada vez mais do ensinar para o ajudar a aprender, ou seja no aprender a aprender, pois é necessário educar e formar alunos com capacidade de aprender continuamente de forma autónoma, crítica e criativa. A introdução das TIC em contexto de ensino e aprendizagem altera o papel e a postura do professor. Face a este cenário tem de utilizar novas metodologias, o que o coloca perante situações de incerteza e dúvidas, em muitos casos, não é só por causa do domínio das tecnologias, mas também o seu novo papel, que lhe exige, abertura e flexibilidade, pois o professor deixa de ter o controlo da situação. Até há pouco tempo estava habituado a recorrer ao manual, muitas vezes como fonte “única” para os alunos, que dominava até à exaustão, de repente é confrontado com novos equipamentos, grande quantidade de informação disponível e novos métodos que de certa forma, colocam em causa o seu saber, pois já não há uma única resposta ou via correta, mas sim, diversas soluções e percursos para resolver cada situação, o imprevisto e o improviso estão presentes em cada momento, o que exige a capacidade de constantemente transformar constrangimentos em oportunidades. O professor é um ator essencial na mudança, pois tem oportunidade de dirigir as suas práticas pedagógicas. A ação do professor exerce-se, não só ao nível do desenvolvimento do currículo, mas também a sua construção, pois não deve ter um papel de simples consumidor do currículo, mas pode e deve ter o papel de Fernanda Ledesma
  • 7. PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013 configurador do currículo elaborado ou reelaborado de acordo com as realidades onde se vai desenvolver, tendo em conta o contexto, a escola, o grupo de alunos, a idade, as suas características pessoais, o seu ritmo, as suas vivências e saberes e atitudes que o tornam único, o espaço, a própria organização do espaço, os recursos disponíveis e o tempo de que o professor dispõe. O professor deixa de ser o transmissor de conhecimentos e passa a ter um papel de orientador, facilitador do conhecimento, de suporte da aprendizagem, que dirige, orienta e acompanha o decorrer das atividades, estimulando a interatividade e alimentando a motivação. É necessário estar atento aos vários ritmos, às descobertas, pois o professor será o elo entre todos, aquele que promove a união e harmonia em todo o processo. APRENDIZAGEM E O MOBILE LEARNING A definição de uma teoria específica ou de teorias e metodologias mais adequadas à integração do mobille learning ainda é uma área em exploração e desenvolvimento, no entanto, conforme vamos experimentando, vamos (re)adaptando algumas metodologias que permitam conduzir ao desenvolvimento de literacias na área da informação, comunicação/interação, produção/criação e segurança neste ambiente de aprendizagem digital tão interactivo. As tecnologias móveis e sem fios podem transformar o conceito de aprendizagem se conseguirmos mudarmos o foco do conhecimento factual para o desenvolvimento de literacias, por exemplo, como pesquisar sobre um assunto? O que pesquisar ? o que selecionar? Importa ao aluno ser capaz de distinguir fontes de informação fidedignas das que não têm credibilidade, assim como de filtrar, resumir e analisar criticamente diferentes fontes de informação. Neste contexto 7 Mobile learning: Proibir ou integrar? confunde-se frequentemente literacia tecnológica versus literacia digital, pois não é suficiente saber manusear o equipamento tecnológico, mas sim fundamental ser capaz de utilizar de forma racional a enorme quantidade e diversidade de informação, bem como saber gerir as interações disponíveis nas redes. Começa a falar-se de “literacia móvel” no sentido da necessidade de desenvolvimento de competências de “etiqueta” móvel, bem como de gestão da ubiquidade e das potencialidades dos equipamentos digitais portáteis (Shuler, 2009). A integração do mobile learning, devido às limitações de armazenamento, induz a que se utilizem de aplicações na nuvem, que geralmente disponibilizam uma solução gratuita capaz de reponder às necessidades dos projetos educativos. Por exemplo, as Taxonomias de Bloom Revistas têm surgido frequentemente associadas a exemplos de aplicações digitais para implementar cada uma delas em contexto educativo. A figura a seguir é apenas um exemplo, entre muitos que podemos encontrar disponíveis na web. Figura 3. Aplicações na web 2.0 para implementar as Taxonomias de Bloom Revistas Fonte: http://www.schrockguide.net/bloomin-apps.html No que se refere às relações entre as aprendizagens e as práticas digitais dos jovens, Drotner (2008) coloca questões importantes: Como é que as práticas e Fernanda Ledesma
  • 8. PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013 experiências digitais dos jovens influenciam as suas atitudes relativamente à aprendizagem e práticas educacionais? Como lidam os jovens com os suportes de aprendizagem que existem na escola? São adequados às novas práticas ou têm de ser modificados? Em nosso entender, se aceitarmos que estas formas de comunicação fomentam aprendizagens que são necessárias na formação de futuras competências, então temos aqui um desafio às práticas curriculares existentes. ALGUMAS REFLEXÕES Após termos procedido à revisão dos documentos orientadores das políticas educativas, estudos e relatórios, podemos concluir que é necessário proceder a alterações, de forma a facilitar e fomentar a integração do mobile learning em contexto educativo. Ainda assim, não consideramos que este seja o principal factor proibitivo ou inibidor de uma integração mais abrangente. Quando nos propomos desenvolver um projeto integrando o mobile learning, admitimos a possibilidade de substituição do caderno, por exemplo, pelo tablet. Neste contexto passamos a ter como suporte digital de apoio pedagógico o tablet. Podemos concluir que as baterias já oferecem autonomia suficiente para dispensar a necessidade de uma tomada em cada secretária. A portabilidade permite acompanhar o aluno em praticamente todos os lugares. A interface é suficientemente prática e amigável, sem o estorvo de ratos e teclados. Temos ligação à internet, no entanto há alguns constrangimentos a ultrapassar. A capacidade de armazenamento não permite instalar muito software, pelo que deveremos recorrer às aplicações na nuvem sempre que possível, o que exige ao professor competências digitais. 8 Mobile learning: Proibir ou integrar? Este ambiente digital gera algumas preocupações e receios ao professor que se confronta com vários desafios. Por exemplo, como manter a atenção do aluno? Como evitar que troquem mensagens e piadinhas enquanto falam? Como controlar plágios e "copy & paste"? Como competir com tantas coisas interessantes que os alunos podem aceder durante as aulas? E se eles pesquisarem na Internet sobre o tema da aula, fizerem perguntas que não sabemos responder? Ou, pior, nos corrigirem durante a aula? Em nosso entender, os receios e preocupações são um dos factores inibidores com mais impacto, mas cabe a nós professores, na forma como apresentamos e orientamos as atividades pedagógicas não criar espaços para "cola" e "plágio", exigindo-lhes criatividade e capacidade para reformular e colocar a sua marca pessoal em cada atividade proposta. Este é o grande desafio que se coloca! Neste ambiente digital, no qual integramos as tecnologias móveis, não há portas, nem janelas, das quais falávamos, quando nos referíamos à sala de aula tradicional, mas sim um open space, pelo que proibir é como tentar fechar a porta, num local no qual não existem muros para a suportar, logo a porta ficará muito pouco tempo segura e na posição que a colocamos. O que é proibido em pouco tempo é contornado pelos alunos autonomamente. Pelo que ignorar a existência das tecnologias móveis ou proibir são soluções ilusórias, será preferível acompanhar, integrar e educar para esta nova forma de ser e estar em qualquer lugar e a qualquer hora. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS D'Eça, T. A. (1998). NetAprendizagem: Internet na educação. Porto: Porto Editora. Drotner, K. (2008). Leisure Is Hard Work: Digital Practices and Future Competencies. In David Buckingham (Ed.), Youth, Identity, and Digital Media (pp. 167–184). Cambridge, MA: The MIT Press. Fernanda Ledesma
  • 9. PROFFORMA Nº 09 – Abril de 2013 Mobile learning: Proibir ou integrar? Eurydice (2011). Números chave sobre a aprendizagem e a inovação através das TIC nas escolas da Europa. Agência de Execução relativa à Educação, ao Audiovisual e à Cultura. http://www.gepe.minedu.pt/np4/?newsId=643&fileName=Numero s_Chave_TIC.pdf, acedido em 3 de Março de 2013. Horizon Report (2011). Time-to-Adoption Horizon: One Year or Less. http://wp.nmc.org/horizon2011/sections/mo biles/ acedido em 20 de março de 2013 Lasica, J. D. (2007). The Mobile Washington: The Aspen Institute. Generation. Prensky, M. (2001), Digital Natives Digital Immigrants. Consultado em março de 2013 em. http://www.marcprensky.com/writing/Prensky %20%20Digital%20Natives,%20Digital%20Immigr ants%20-%20Part1.pdf. 9 Ramos, J. L. (2002). As Redes Somos nós. In: C. N. Educação, Redes de Aprendizagem, Redes de Conhecimento (pp. 109-131). ME.: Conselho Nacional de Educação. Sharples M., Milrad M., Arnedillo Sánchez, I., & Vavoula G. (2009). Mobile Learning: Small devices, Big Issues. In Balacheff, N., Ludvigsen, S., de Jong, T., Lazonder, A., Barnes, S. & Montandon, L. (eds) Technology Enhanced Learning: Principles and Products. Berlim: Springer. Shuler, C. (2009). Pockets of Potential: Using Mobile Technologies to Promote Children’s Learning. New York: The Joan Ganz Cooney Center at Sesame Workshop. Siemens, G. (2004). Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age. Acedido em http://www.elearnspace.org/Articles/conn ectivism.htm a 16 de março de 2013 Fernanda Ledesma