PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
Material de apoio
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1 INTRODUÇÃO
A disciplina Metodologia da Pesquisa Científica apresenta-se como elemento facilitador
na produção de conhecimentos. É uma ferramenta capaz de auxiliar e entender os processos de
buscas de respostas, ou seja, um meio para obtenção do conhecimento. Sendo assim, possibilita
um maior aprofundamento e direcionamento da pesquisa, apoiando o pesquisador em todas as
etapas de seu estudo.
A disciplina elenca a estrutura de trabalhos acadêmicos facilitando o ordenamento das
idéias e assim uma redação clara, precisa, comunicativa e consistente.
Um texto é claro quando não deixa margem a interpretações diferentes da que o autor
quer comunicar. Uma linguagem muito rebuscada que utiliza termos desnecessários desvia a
atenção de quem lê e pode confundir.
Um texto é claro quando utiliza uma linguagem precisa, Isto é, cada palavra empregada
traduz exatamente o pensamento que se deseja transmitir. É mais fácil ser preciso na linguagem
científica do que na literária, na qual a escolha de termos é bem mais ampla. De qualquer forma,
a seleção dos termos e a cautela no uso de expressões coloquiais devem estar sempre presentes na
redação acadêmica.
Já a comunicabilidade é essencial na linguagem científica, em que os temas devem ser
abordados de maneira direta e simples, com lógica e continuidade no desenvolvimento das idéias.
É muito desagradável uma leitura em que frases substituem simples palavras ou quando a
seqüência das idéias apresentadas é interrompida atrapalhando o entendimento.
Finalmente, o princípio da consistência é um importante elemento do estilo e pode ser
considerado sob três dimensões: expressão gramatical (por exemplo, um erro comum que ocorre
na enumeração de itens: o primeiro é substantivo, o segundo uma frase e o terceiro um período
completo); categoria (as seções de um capítulo devem manter um equilíbrio, ou seja, conteúdos
semelhantes); seqüência (a seqüência adotada para a apresentação do conteúdo deve refletir uma
organização lógica).
A redação de trabalhos acadêmicos e de artigos técnicos possui algumas características
que devem ser obedecidas pelo autor para que a transmissão da informação e a sua compreensão
por parte do leitor sejam eficazes. Vale aqui uma regra básica: ao redigir, coloque-se sempre na
posição do leitor.
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Neste aspecto é essencial conhecer o material a ser utilizado na pesquisa, apresenta os
métodos e tipos de pesquisas mais utilizados em trabalhos científicos, os aspectos normativos que
os pesquisadores deverão manter uniformes durante a sua execução, e ainda, os elementos
essenciais ao processo de estruturação de um projeto de pesquisa.
As normas e padrões, aqui mencionados, têm como suporte a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) e, desta forma, permitem que os trabalhos acadêmicos estejam em
conformidade com os padrões adotados em âmbito nacional e internacional.
O principal padrão internacional que norteia a elaboração de documentos é a Norma
ISO-690. A partir da International Standardization Organization (ISO) outros países criaram seus
próprios órgãos normativos. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT),
fundada em 1940, além de representante da ISO e da Associação Mercosul de Normalização
(AMN) é responsável por adaptar, criar e comercializar as normas nacionais.
"A leitura faz ao homem completo; a
conversa, ágil, e o escrever, preciso".
(Francis Bacon)
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2 A METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
“Um MÉTODO infalível de
produzir CONHECIMENTOS é
levar a CRER antes de tudo.”
2.1 Conceito e importância da metodologia científica
A metodologia da pesquisa científica refere-se à forma de como se organiza e funciona
o conhecimento. É, portanto, o estudo ou conhecimento dos métodos utilizados para a realização
de pesquisas científicas e/ou acadêmicas.
Metodologia literalmente refere-se ao estudo dos métodos e, especialmente, do método
da ciência, que se supõe universal. Embora procedimentos variem de uma área da ciência para
outra (as disciplinas científicas), diferenciadas por seus distintos objetos de estudo, consegue-se
determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos (filosófico,
algoritmo – matemático etc.).
Devido à necessidade de o discente elaborar um trabalho de conclusão de curso (TCC) e
realizar pesquisas, as Instituições de Ensino Superiores passaram a inserir nos componentes
curriculares a disciplina “metodologia da pesquisa científica“.
2.2 Origem e evolução da metodologia da pesquisa científica
A origem remota do método científico situa-se na Grécia clássica, com o nascimento da
dialética, que se apresentava como método de pesquisa e busca da verdade por meio da
formulação adequada de perguntas e respostas. A primeira pergunta relaciona-se à definição do
tema do diálogo, ou debate. Obtida a resposta, faz-se nova pergunta com base no conteúdo da
primeira resposta e assim por diante, até chegar à verdade. A dialética foi, portanto, uma
precursora da lógica. A lógica é a forma de raciocinar coerente, em que se estabelecem relações
de causa e efeito. A dialética é o processo e arte de se buscar a verdade pelo diálogo e pela
discussão.
A metodologia da pesquisa científica contemporânea tem sua origem no pensamento de
René Descartes, que foi posteriormente desenvolvida empiricamente pelo físico inglês Isaac
Newton. René Descartes propôs chegar à verdade através da dúvida sistemática e da
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decomposição do problema em pequenas partes, características que definiram a base da pesquisa
científica. René Descartes (31 de Março de 1596, La Haye en Touraine, França — 11 de
Fevereiro de 1650, Estocolmo, Suécia), também conhecido como Renatus Cartesius, foi filósofo,
físico e matemático francês. Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na
filosofia, mas também obteve reconhecimento matemático posterior por sugerir a fusão da
álgebra com a geometria, fato que gerou a geometria analítica e um sistema de coordenadas que
hoje leva o seu nome. Por esses feitos ele teve um papel-chave na Revolução Científica
influenciando o desenvolvimento por Leibniz e Isaac Newton do cálculo moderno.
Sir Isaac Newton (Woolsthorpe, 4 de Janeiro de 1643 — Londres, 31 de Março de
1727) foi um cientista inglês, mais reconhecido como físico e matemático, embora tenha sido
também astrônomo, alquimista e filósofo natural. Newton é o autor da obra Philosophiae
Naturalis Principia Mathematica, publicada em 1687, que descreve a lei da gravitação universal e
as Leis de Newton — as três leis dos corpos em movimento que assentaram-se como fundamento
da mecânica clássica.
Ainda no século XVI, nascia outro filósofo que se destacou com uma obra onde a
ciência era exaltada como benéfica para o homem. Em suas investigações, Francis Bacon,
ocupou-se especialmente da metodologia científica e do empirismo, sendo muitas vezes chamado
de "fundador da ciência moderna".
Francis Bacon, (Londres, 1561 — Londres, 1626) foi um político, filósofo e ensaísta
inglês, É considerado como o fundador da ciência moderna.
No século XX, o Círculo de Viena acrescentou aos princípios de René Descartes a
necessidade de verificação e o método indutivo. O Círculo de Viena era composto por um grupo
de filósofos e cientistas, organizado informalmente em Viena à volta da figura de Moritz Schlick.
Encontravam-se semanalmente, entre 1922 e finais de 1936, ano em que Schlick foi assassinado
por um estudante universitário irado. Muitos membros deixaram a Áustria com a ascendência do
partido Nazista, tendo o círculo sido dissolvido em 1936. O seu sistema filosófico ficou
conhecido como o "Positivismo lógico".
Outro filósofo que colaborou com o desenvolvimento do método científico foi Karl
Popper que apesar de não ter frequentado às reuniões do Círculo de Viena, foi uma figura central
na recepção e na crítica às suas doutrinas. Popper demonstrou que nem a verificação nem a
indução serviam ao método científico, pois o cientista deve trabalhar com o falseamento, ou seja,
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deve fazer uma hipótese e testá-la procurando não provas de que ela está certa, mas provas de que
ela está errada. Se a hipótese não resistir ao teste, diz-se que ela foi rejeitada. Caso não, diz-se
que foi aceita. Popper provou também que a ciência é um conhecimento provisório, que funciona
através de sucessivos falseamentos, ao contrário do conhecimento religioso, que trabalha com
verdades eternas. Karl Raimund Popper (Viena, 28 de Julho de 1902 - Londres, 17 de Setembro
de 1994) foi um filósofo da ciência austríaco naturalizado britânico. É considerado por muitos
como o filósofo mais influente do século XX a tematizar a ciência. Foi também um filósofo
social e político de estatura considerável, um grande defensor da democracia liberal e um
oponente implacável do totalitarismo.
Na década de 70 e 80 os estudos de Thomas Kuhn, a estrutura das Revoluções
Científicas, trouxeram à tona o uso do conceito de paradigma, aplicado à história do fazer
científico. Thomas Kuhn percebeu que os paradigmas são elementos essenciais do método
científico, sendo os momentos de mudança de paradigmas chamados de revoluções científicas.
Thomas Samuel Kuhn (Cincinnati, 18 de Julho 1922 - Cambridge, 17 de Junho 1996) foi um
físico dos Estados Unidos da América cujo trabalho incidiu sobre história e filosofia da ciência,
tornando-se um marco importante no estudo do processo que leva ao desenvolvimento científico.
Mais recentemente a metodologia da pesquisa científica tem sido abalada pela crítica ao
pensamento cartesiano elaborada pelo filósofo francês Edgar Morin. Morin propõe, no lugar da
divisão do objeto de pesquisa em partes, uma visão sistêmica, do todo. Esse novo paradigma é
chamado de Teoria da complexidade (complexidade entendida como abraçar o todo). Edgar
Morin, o seu verdadeiro nome é Edgar Nahoum, nasceu em Paris em 8 de Julho 1921, é um
sociólogo e filósofo francês de origem Judaico-Espanhola (sefardita). Pesquisador emérito do
CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique). Formado em Direito, História e Geografia
se adentrou na Filosofia, na Sociologia e na Epistemologia. Um dos principais pensadores sobre
complexidade. É um pensador de expressão internacional, um humanista, preocupado com a
elaboração de um método capaz de apreender a complexidade do real, tecendo severas críticas à
fragmentação do conhecimento. Autor de mais de trinta livros, entre eles: O método, Introdução
ao pensamento complexo, Ciência com consciência e Os sete saberes necessários para a
educação do futuro. Durante a Segunda Guerra Mundial, participou da Resistência Francesa. É
considerado um dos pensadores mais importantes do século XXI.
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3 A NATUREZA DO CONHECIMENTO
“Conhecer é SER, é VIVER,
é PENSAR, é FAZER.”
3.1 Conceito de conhecimento
Conhecimento é o ato ou efeito de apreender intelectualmente, de perceber um fato ou
uma verdade; cognição, percepção.
A definição clássica de conhecimento, originada em Platão (427–347 a.C.), diz que ele
consiste de crença verdadeira e justificada (Figura 1)
Figura 1 – Conhecimento segundo Platão
O tema "conhecimento" inclui, mas não está limitado, às descrições, hipóteses,
conceitos, teorias, princípios e procedimentos que são ou úteis ou verdadeiros. O estudo do
conhecimento é a epistemologia.
O conhecimento distingue-se da mera informação porque está associado a uma
intencionalidade. Tanto o conhecimento quanto a informação consistem de declarações
verdadeiras, mas o conhecimento pode ser considerado informação com um propósito ou uma
utilidade.
Informação significa fatos: é o tipo de coisa presente em livros, que pode ser expressa
em palavras ou imagens. A informação pode, portanto vir em várias formas: verbal, visual, por
ondas... Há informação sobre previsão do tempo, esportes, diversões, finanças... No mundo dos
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computadores, a definição atual é dada por Claude Shannon (1916-2001): a informação está
presente sempre que um sinal é transmitido de um lugar para outro.
O conhecimento não pode ser inserido num computador por meio de uma representação,
pois neste caso seria reduzido a uma informação. Assim, neste sentido, é absolutamente
equivocado falar-se de uma "base de conhecimento" num computador. No máximo, podemos ter
uma "base de informação", mas se é possível processá-la no computador e transformar o seu
conteúdo, e não apenas a forma, o que nós temos de fato é uma tradicional base de dados.
O conhecimento pode ainda ser aprendido como um processo ou como um produto.
Quando nos referimos a uma acumulação de teorias, idéias e conceitos o conhecimento surge
como um produto resultante dessas aprendizagens, mas como todo produto é indissociável de um
processo, podemos então olhar o conhecimento como uma atividade intelectual através da qual é
feita a apreensão de algo exterior à pessoa.
Aristóteles (384 - 322 a.C) dividiu o conhecimento em três áreas: científica, prática e
técnica.
3.2 Tipos de conhecimentos
Pelo conhecimento o homem penetra nas diversas áreas da realidade para dela tomar
posse. A própria realidade apresenta níveis e estruturas diferentes em sua própria constituição.
Assim, a partir de um ente, fato ou fenômeno isolado, pode-se subir até situá-lo dentro
de um contexto mais complexo, ver seu significado e função, sua natureza aparente e profunda,
sua origem, sua finalidade, sua subordinação a outros entes, enfim, sua estrutura considerada.
E foi com o passar do tempo que o homem descobriu que não há apenas um tipo de
conhecimento, mas sim vários. Os principais são: o conhecimento popular, o conhecimento
filosófico, o conhecimento teológico, o conhecimento científico e o conhecimento mítico.
3.2.1 Conhecimento popular
É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento
adquirido através de ações não planejadas.
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O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção
operada com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade
de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é
possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido.
É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser
reduzido a uma formulação geral. A característica de assistemático baseia-se na “organização”
particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das
idéias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que
dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. É verificável, visto que está
limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia.
Finalmente é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a
respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência
de fenômenos situados além das percepções objetivas.
3.2.2 Conhecimento filosófico
É fruto do raciocínio e da reflexão humana. É o conhecimento especulativo sobre
fenômenos, gerando conceitos subjetivos. Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo,
ultrapassando os limites formais da ciência.
O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses,
que não poderão ser submetidas à observação: “as hipóteses filosóficas baseiam - se na
experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação”; por
este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses
filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem
refutados. É racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente
correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a
uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua
totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger
todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados,
assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação
(experimentação). Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura
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para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente
recorrendo às luzes da própria razão humana. Assim, se o conhecimento científico abrange fatos
concretos, positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de
instrumentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são idéias,
relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa
razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que
é exigida pela ciência experimental. O método por excelência da ciência é o experimental: ela
caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmando somente aquilo que é autorizado pela
experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega “o método racional, no qual prevalece o
processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas
somente coerência lógica”. O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar
e analisar o que se constitui o objeto da pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo que
a filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de
uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes
indagações do espírito humano e, até, busca as leis mais universais que englobem e harmonizem
as conclusões da ciência.
3.2.3 Conhecimento religioso
O conhecimento religioso, isto é, teológico é o conhecimento revelado pela fé divina
ou crença religiosa. Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado. Depende da formação
moral e das crenças de cada indivíduo. Apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas
(valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais
verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do
mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas
evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento
revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as “verdades”
tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade
(sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão sistemática do mundo
é interpretada como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em
dúvida nem sequer verificáveis. A postura dos teólogos e cientistas diante da teoria da evolução
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das espécies, particularmente do Homem, demonstra as abordagens diversas: de um lado, as
posições dos teólogos fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os
cientistas buscam, em suas pesquisas, fatos concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas
hipóteses. Na realidade, vai-se mais longe. Se o fundamento do conhecimento científico consiste
na evidência dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o do conhecimento
filosófico e de seus enunciados, na evidência lógica, fazendo com que em ambos os modos de
conhecer devem à evidência resultar da pesquisa dos fatos ou da análise dos conteúdos dos
enunciados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém nelas à procura de evidência,
pois a toma da causa primeira, ou seja, da revelação divina.
3.2.4 Conhecimento científico
O conhecimento científico é a de investigação metódica e sistemática da realidade. É
considerado como “real” porque lida com ocorrências, fatos, fenômenos concretos e observáveis.
Necessita de uma TEORIA para tornar-se legítimo, de HIPÓTESES para serem testadas e de um
MÉTODO para conduzir a INVESTIGAÇÃO. Constitui um conhecimento contingente, pois suas
proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não
apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um
saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos
dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações
(hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em
conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é
aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o
acervo de teoria existente.
3.2.5 Conhecimento mítico
É um tipo de conhecimento que ajuda o ser humano a "explicar" o mundo por meio de
representações que não são logicamente raciocinadas, nem resultantes de experimentações
científicas. O homem primitivo, diante de uma natureza totalmente desconhecida, misteriosa e
amedrontadora viu-se impossibilitado de descobrir respostas reais, criando assim explicações
fantásticas para os fenômenos naturais.
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Até 600 a.C, aproximadamente, o homem grego explicava tudo por meio dos mitos, os
quais começaram a surgir já no período Neolítico. Temos, entre outros, os mitos nórdicos (Tor –
deus do trovão, e outros) e os mitos gregos (Zeus e Apolo, por ex.).
Assim, ainda que o conhecimento mítico crie representações para atribuir um sentido às
coisas, ele ainda se baseia na crença de que seres fantásticos e suas histórias sobrenaturais é que
são os responsáveis pela razão de ser do existente.
O conhecimento mítico surge de um relacionamento emocional, não lógico ente sujeito-
objeto. Então, são três características básicas desse conhecimento imaginativo, ilógico e
explicativo.
A seguir encontram-se os tipos de conhecimentos aqui mencionados sistematizados:
Conhecimento Popular Conhecimento Filosófico
Conhecimento Religioso
(Teológico)
Valorativo
Reflexivo
Assistemático
Verificável
Falível
Inexato
Valorativo
Racional (Lógico)
Sistemático
Não verificável
Infalível
Exato
Valorativo
Inspiracional (Dogmático)
Sistemático
Não verificável
Infalível
Exato
Conhecimento Científico Conhecimento Mítico
Real (factual)
Racional-Contingente
Sistemático
Verificável
Falível
Aproximadamente exato
Valorativo
Explicativo
Assistemático
Não verificável
Inaginativo
Ilógico-Inexato
Falível
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Exemplos abordando os diversos conhecimentos
1 O vento não é o sopro dos deuses (explicação Religiosa e Mítica), nem um fenômeno
provocado pela chuva (explicação popular). A movimentação do ar se dá pelo deslocamento
das camadas de alta pressão da atmosfera para as camadas de baixa pressão (explicação
científica).
2 Um homem morreu: Em seu velório estavam presentes um padre, um filósofo, um inculto e
um médico. Uma pessoa pergunta aos 4, por que o homem morreu.
Responda: Quais as explicações dadas pelo Padre, Filósofo, Inculto e pelo Médico sobre a
morte do homem?
Apesar da separação “metodológica” entre os tipos de conhecimento popular, filosófico,
religioso, científico e outros, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito
cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar
uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na
experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, através de
investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-
se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente,
pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre
o que dele dizem os textos sagrados.
Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um
cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada
religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir
segundo conhecimentos provenientes do senso comum.
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4 FUNDAMENTOS DA CIÊNCIA
“A ciência não é o único caminho de acesso ao
conhecimento e a verdade.”
4.1 Conceito de ciência
Diversos autores tentaram definir o que se entende por ciência. Consideramos mais
precisa a definição de Ferrari (1974), expressa em seu livro Metodologia da ciência.
Entendemos por ciência uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de
proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se
deseja estudar: “A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao
sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”.
As ciências possuem:
a) Objetivo ou finalidade: Preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais
que regem determinados eventos.
b) Função: Aperfeiçoamento, através do crescente acervo de conhecimentos, da relação do
homem com o seu mundo.
c) Objeto: Subdividido em:
• Material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar, de modo geral; e,
• Formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto
material.
4.2 - Desenvolvimento da ciência
A filosofia é uma forma de conhecimento racional e que surgiu em oposição a outra
forma, o mito. Se o mito caracteriza-se por buscar explicações sobrenaturais e definitivas sobre
os fatos cotidianos, a filosofia constitui-se numa interrogação, busca de explicações racionais,
baseadas na própria natureza e na metafísica, para dar significado ao mundo e as nossas vidas.
Essas duas formas de conhecimentos coexistem até hoje, junto com as outras.
Na busca de explicações racionais, a filosofia não ficou estagnada. Na verdade, ela se
desenvolveu tanto que, num determinado momento, já não era possível que uma única pessoa
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pudesse se dedicar a pesquisar sobre muitas coisas. E com crescente desenvolvimento dos
conhecimentos e o conseqüente acúmulo de informações, além da busca constante de uma forma
(método) de produzir conhecimentos verdadeiros, surgiu na Idade Média1
uma nova forma de
conhecimento: a ciência. Alguns autores consideram que todas as ciências são filhas da filosofia,
pois elas foram, num primeiro momento, uma área de interrogação filosófica. E, aos poucos, cada
uma delas foi isolando, constituindo uma área própria de pesquisa e de saber.
Quando tratamos de ciência, não cabe, à primeira vista, especular sobre o pensamento
filosófico. Entretanto, é na filosofia que se busca a compreensão geral da estrutura e
transformações do universo, incluindo-se neste contexto, o homem, tanto no seu aspecto
individual quanto social. Por esta razão, é impossível tratar-se da evolução da ciência sem
atentarmos para o paralelo desenvolvimento da filosofia.
Babilônios e egípcios, a partir de 5.000 a.C. acumularam enormes conhecimentos,
principalmente na matemática e astronomia. Mas foram os gregos os principais responsáveis pelo
desenvolvimento filosófico e pela combinação entre essas duas grandes linhas de conhecimento,
...“ponto de partida da ciência, extraordinária aventura humana com tudo que ela tem de belo,
grandioso e... terrífico para a natureza e a própria Humanidade.” Não parece haver dúvidas de
que a ciência tem seu berço na Grécia.
Em respeito aos objetivos desse texto, não cabe em seu contexto citar de forma
exaustiva todos os grandes nomes, pensadores, filósofos, matemáticos, astrônomos, físicos,
biólogos etc., que de forma indispensável e insubstituível contribuíram para o desenvolvimento
científico. Todavia, julgamos úteis a esses mesmos objetivos, destacarem as contribuições de
alguns poucos desses gênios da humanidade, a começar pelos filósofos da natureza2
, assim
chamados por terem sido os primeiros a adotar uma forma científica de pensar, libertando a
filosofia dos mitos da religião e da superstição. São considerados os verdadeiros fundadores da
ciência.
1
Seu início é marcado pela tomada de Roma pelos germanos: a derrubada do Império Romano do Ocidente ocorreu
no ano de 476. O fim da era medieval é dado pelo ataque de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente,
tomada pelos turcos em 1453.
2
Os filósofos Pré-socrático aparecem entre os éculos VII e VII a. C. Em todas colônias gregas que se espalham pela
costa do Mediterrâneo, principalmente na Ásia Menor. Quanto a natureza, a preocupação destes primeiros
pensadores( physis) e cosmológica. Isto e, procuravam neste mundo um princípio que explicasse sua existência e
ordem, dai filósofos da natureza.Alguns filósofos se destacaram neste período. -Tales de Mileto– Grande,
Anaxímenes de Mileto, Pitágoras de Samos,, Xenofanes de Colofon e outros.
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Para os filósofos da natureza as questões fundamentais centravam-se na natureza, seus
processos e transformações. Suas observações davam motivo para indagações acerca do que
viam: como tudo começou? Do nada? Ou sempre existiu alguma coisa? Qual a origem de tudo?
Como tudo se transforma?
Para todas essas questões só havia uma resposta unânime:
...”por trás de toda transformação há uma substância básica”..
4.3 - Classificação e divisão da ciência
A complexidade do universo e a diversidade de fenômenos que nele se manifestam,
aliadas à necessidade do homem de estudá-los para poder entendê-los e explicá-los, levaram ao
surgimento de diversos ramos de estudo e ciências específicas. Estas necessitam de uma
classificação, quer de acordo com sua ordem de complexidade, quer de acordo com seu conteúdo:
objeto ou temas, diferença de enunciados e metodologia empregada.
De acordo com diversos cientistas, qualquer assunto que possa ser estudado pelo
homem pela utilização do método científico e de outras regras especiais de pensamento pode ser
chamado de ciência. Sendo assim, a ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou
prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis que fazem referência a objetos
de uma mesma natureza.
No mundo acadêmico, fazer ciência é importante para todos, porque é por meio dela que
se descobre e se inventa. Graças a ela temos os aparelhos de comunicação, o computador, fibras
óticas, instrumentos cirúrgicos de alta precisão, aviões, foguetes, materiais bélicos, controle de
pragas, aumento na produção no setor agropecuário, vacinas e outros mais. O ser humano, por
intermédio da ciência, interfere e altera a natureza, e estudiosos de áreas diferentes dedicam-se à
busca de soluções de um mesmo tipo de problema.
Em virtude da sobreposição de algumas áreas tem sido muito difícil estabelecer
delimitações onde começa uma ciência e onde termina a outra. Entretanto a característica básica
da ciência é ter um único método aplicado a vários objetos, muda-se o objeto, muda-se a ciência.
As ciências possuem como objeto estabelecer a distinção das características comuns ou
das leis que regem as relações de causa e efeito dos fenômenos, tendo como função aperfeiçoar o
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conhecimento em todas as áreas para tornar a existência humana mais significativa. E o objeto de
estudo das ciências se subdivide-se em formais e factuais (Figura 2).
• Lógica
1 – FORMAIS
• Matemática
• Física
• Química1 – NATURAIS
• Biologia e outras
• Antropologia Cultural
• Direito
• Economia
• Política
• Psicologia Social
CIÊNCIAS
2 – FACTUAIS
2 – SOCIAIS
• Sociologia
Figura 2 – Divisão sucinta da ciência
As ciências formais usam o método dedutivo e seu critério de verdade, consistência ou
não contradição de seus enunciados, onde todos os enunciados são analíticos, isto é, deduzidos
por postulados e teoremas. As ciências formais sintetizam e explicam os fatos e princípios
descobertos sobre o universo e seus habitantes.
As ciências factuais (ou aplicadas) usam o método da observação e
experimentação/explicativo, e em segundo lugar, indução e seu critério de verdade é a verificação
(a evidência sensível). As ciências factuais utilizam fatos e princípios científicos para fazer coisas
úteis aos homens. Estas ciências partem da observação da realidade e utilizam as pesquisas
experimentais, descritivas (quantitativas, qualitativa) e a exploratória.
Muitos autores classificam as ciências e seus ramos de estudo de forma simples e
prática. Outros afirmam que a filosofia pertence às ciências formais, entretanto, seria conveniente
considerar que a filosófica foi o berço das ciências e que as ciências formais são formadas pela
lógica e pela matemática.