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A BEL A E A
FERA
Era uma vez um rico comerciante que tinha três filhas, cada uma mais
encantadora que a outra. A mais moça era tão linda — de mente, corpo e
coração — que a chamavam de Bela. O pai dava às filhas tudo o que queriam, e
também uma boa educação. As duas irmãs mais velhas não ligavam muito para
essa parte, gostavam mesmo era de se vestir elegantemente e dançar a noite
inteira.
Já Bela adorava livros, achava uma maravilha ler e tocar cravo. E quando os
pretendentes vinham aos montes pedir sua mão, sempre dizia: “Não, vou ficar
mais um pouco com meu pai”.
As três moças viveram como princesas até o dia em que o comerciante
recebeu um recado lhe informando que sua frota de navios havia
afundado
no mar, durante uma tempestade. De repente, ele estava endividado até
o
pescoço. Em menos de um mês teve de vender tudo o que possuía e
mudar
com a família para uma casinha pequena caindo aos pedaços, que ficava
no
meio de um bosque e era rodeada por um terreno abandonado. No
início,
as três meninas choraram, se lamentaram, se revoltaram... As duas mais
velhas não se conformavam. Dormiam até tarde e, quando acordavam,
reclamavam da vida.
Bela, no entanto, começou a olhar à sua volta e a perceber como aquele bosque era
bonito. Tratou de fazer uma horta e criar um bando de gansos e um rebanho de
cabras. Alimentava seus bichos todos os dias e descobriu que podia trabalhar como
qualquer outra pessoa.
Mesmo assim, eles viviam na pobreza. Um dia, o comerciante recebeu outra
mensagem dizendo que um dos seus barcos havia chegado ao porto a duras penas e
que, se ele fosse correndo para a cidade, ainda poderia resgatar uma parte da
mercadoria.
A primeira filha pediu roupas; a segunda, joias. Bela achou que roupas
e joias não a ajudariam no trabalho. A coisa de que mais sentia falta quando
cuidava da horta era das rosas. Se o pai pudesse lhe trazer uma rosa, ela
plantaria uma roseira.
O pai foi o mais depressa que pôde, mas, quando chegou ao porto, o
navio já tinha sido esvaziado pelos credores e não sobrou nada para ele.
Re solveu voltar logo porque não tinha dinheiro nem para passar a noite
numa pousadinha, e assim partiu. Seu cavalo já estava se cansando, e a noite
logo ia cair. De repente, o tempo fechou e começou a chover. E com a chuva
chegou também a neve. Antes que se desse conta, ele tinha se
per dido. Na esperança de que o cavalo soubesse voltar para casa, deixou
que ele escolhesse o caminho. De fato, não demorou muito para avistar uma
luz ao longe. Entraram numa trilhazinha estreita margeada por altas árvores.
O cavalo avançava aos trancos e barrancos, contra o vento, a chuva e a
neve, em direção àquela luz que estava a cada passo mais brilhante. Chegou
então a um jardim que rodeava um grande castelo. O lugar tinha um ar
diferente do clima gelado do bosque. Parecia mais quente, quase como se
nele reinasse a primavera. O comerciante apeou e levou sua montaria para
o estábulo, que estava vazio. Deu os grãos que encontrou em um balde a
seu cavalo, penteou-o e foi bater na porta do castelo. Ninguém atendeu.
A porta não estava trancada. O comerciante entrou e andou por um corredor comprido
até uma lareira, que produzia chamas brilhantes. Diante da lareira havia uma mesa posta,
com frango assado, pão fresco e uma garrafa de vinho. Ele chamou por alguém, mas não
teve resposta. Passado um tempo, não pôde mais resistir. Sentou diante do fogo numa
cadeira confortável e comeu o frango inteiro. Depois de uns copos de vinho, adormeceu
ali mesmo. Dormiu a noite inteira.
Quando acordou, a mesa estava limpa e posta com chocolate quente,
pãezinhos frescos e frutas. Depois de comer, sentiu-se bem e resolveu ir
embora. Sua capa esfarrapa da tinha desaparecido, e em seu lugar havia ou
trade lã grossa.
Ele se levantou, vestiu-a e saiu para enfrentar o novo dia. Ninguém apareceu
quando foi buscar o cavalo, então selou-o e estava pronto para deixar o
castelo. Ao passar pelo último trecho do jardim, o comerciante viu uma
roseira e se lembrou da promessa que havia feito a Bela. Quando pegou a
rosa mais formosa, ouviu um rugido: uma fera furiosa pulou em cima dele,
que caiu de joelhos. A Fera — um ser coberto de pelos — olhava o homem
do alto.
O comerciante chorou, chorou, mas estava claro que a Fera não mu da
ria de ideia. Para ganhar tempo e poder se despedir da família, o comerciante
disse que ia buscar sua filha, a mais moça das três. Com um peso no coração,
montou no cavalo e voltou para casa.
Quando chegou à sua casinha, Bela foi ao seu encontro, toda feliz por ver o pai.
Viu na mão dele a rosa que tinha trazido para ela. O pai contou às três filhas a
história da Fera. Bela ficou em silêncio. As duas mais velhas, no entanto, se
queixaram e protestaram furiosas: Bela, como sempre, tinha criado problema
com mais um de seus estranhos pedidos.

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O Conto da bela e a fera

  • 1. A BEL A E A FERA
  • 2. Era uma vez um rico comerciante que tinha três filhas, cada uma mais encantadora que a outra. A mais moça era tão linda — de mente, corpo e coração — que a chamavam de Bela. O pai dava às filhas tudo o que queriam, e também uma boa educação. As duas irmãs mais velhas não ligavam muito para essa parte, gostavam mesmo era de se vestir elegantemente e dançar a noite inteira. Já Bela adorava livros, achava uma maravilha ler e tocar cravo. E quando os pretendentes vinham aos montes pedir sua mão, sempre dizia: “Não, vou ficar mais um pouco com meu pai”.
  • 3. As três moças viveram como princesas até o dia em que o comerciante recebeu um recado lhe informando que sua frota de navios havia afundado no mar, durante uma tempestade. De repente, ele estava endividado até o pescoço. Em menos de um mês teve de vender tudo o que possuía e mudar com a família para uma casinha pequena caindo aos pedaços, que ficava no meio de um bosque e era rodeada por um terreno abandonado. No início, as três meninas choraram, se lamentaram, se revoltaram... As duas mais velhas não se conformavam. Dormiam até tarde e, quando acordavam, reclamavam da vida.
  • 4. Bela, no entanto, começou a olhar à sua volta e a perceber como aquele bosque era bonito. Tratou de fazer uma horta e criar um bando de gansos e um rebanho de cabras. Alimentava seus bichos todos os dias e descobriu que podia trabalhar como qualquer outra pessoa. Mesmo assim, eles viviam na pobreza. Um dia, o comerciante recebeu outra mensagem dizendo que um dos seus barcos havia chegado ao porto a duras penas e que, se ele fosse correndo para a cidade, ainda poderia resgatar uma parte da mercadoria.
  • 5. A primeira filha pediu roupas; a segunda, joias. Bela achou que roupas e joias não a ajudariam no trabalho. A coisa de que mais sentia falta quando cuidava da horta era das rosas. Se o pai pudesse lhe trazer uma rosa, ela plantaria uma roseira. O pai foi o mais depressa que pôde, mas, quando chegou ao porto, o navio já tinha sido esvaziado pelos credores e não sobrou nada para ele. Re solveu voltar logo porque não tinha dinheiro nem para passar a noite numa pousadinha, e assim partiu. Seu cavalo já estava se cansando, e a noite logo ia cair. De repente, o tempo fechou e começou a chover. E com a chuva chegou também a neve. Antes que se desse conta, ele tinha se per dido. Na esperança de que o cavalo soubesse voltar para casa, deixou que ele escolhesse o caminho. De fato, não demorou muito para avistar uma luz ao longe. Entraram numa trilhazinha estreita margeada por altas árvores.
  • 6. O cavalo avançava aos trancos e barrancos, contra o vento, a chuva e a neve, em direção àquela luz que estava a cada passo mais brilhante. Chegou então a um jardim que rodeava um grande castelo. O lugar tinha um ar diferente do clima gelado do bosque. Parecia mais quente, quase como se nele reinasse a primavera. O comerciante apeou e levou sua montaria para o estábulo, que estava vazio. Deu os grãos que encontrou em um balde a seu cavalo, penteou-o e foi bater na porta do castelo. Ninguém atendeu. A porta não estava trancada. O comerciante entrou e andou por um corredor comprido até uma lareira, que produzia chamas brilhantes. Diante da lareira havia uma mesa posta, com frango assado, pão fresco e uma garrafa de vinho. Ele chamou por alguém, mas não teve resposta. Passado um tempo, não pôde mais resistir. Sentou diante do fogo numa cadeira confortável e comeu o frango inteiro. Depois de uns copos de vinho, adormeceu ali mesmo. Dormiu a noite inteira.
  • 7. Quando acordou, a mesa estava limpa e posta com chocolate quente, pãezinhos frescos e frutas. Depois de comer, sentiu-se bem e resolveu ir embora. Sua capa esfarrapa da tinha desaparecido, e em seu lugar havia ou trade lã grossa. Ele se levantou, vestiu-a e saiu para enfrentar o novo dia. Ninguém apareceu quando foi buscar o cavalo, então selou-o e estava pronto para deixar o castelo. Ao passar pelo último trecho do jardim, o comerciante viu uma roseira e se lembrou da promessa que havia feito a Bela. Quando pegou a rosa mais formosa, ouviu um rugido: uma fera furiosa pulou em cima dele, que caiu de joelhos. A Fera — um ser coberto de pelos — olhava o homem do alto.
  • 8. O comerciante chorou, chorou, mas estava claro que a Fera não mu da ria de ideia. Para ganhar tempo e poder se despedir da família, o comerciante disse que ia buscar sua filha, a mais moça das três. Com um peso no coração, montou no cavalo e voltou para casa. Quando chegou à sua casinha, Bela foi ao seu encontro, toda feliz por ver o pai. Viu na mão dele a rosa que tinha trazido para ela. O pai contou às três filhas a história da Fera. Bela ficou em silêncio. As duas mais velhas, no entanto, se queixaram e protestaram furiosas: Bela, como sempre, tinha criado problema com mais um de seus estranhos pedidos.