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CURSO MESTRADO EM TEOLOGIA
DISCIPLINA: O CRESCIMENTO DA IGREJA
O CRESCIMENTO DA IGREJA
1. O desafio do crescimento da Igreja
O crescimento da igreja é o resultado do Evangelho sendo pregado com genuinidade e santidade,
pessoas são salvas por Jesus, vidas são transformadas, igrejas são plantadas. Paulo disse aos
crentes de Colossos que o Evangelho “em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo” (Cl 1.6).
O conceito bíblico de crescimento é amplo, e quando diz respeito a Igreja, quer dizer:
desenvolvimento, aperfeiçoamento. No NT o crescimento da Igreja é identificado como “corpo”. Um
corpo saudável cresce, da mesma forma a Igreja se tiver vida: cresce. Aí duas perguntas são
levantadas:
1.1- Em que áreas se deve crescer?
Paulo fala em Efésios 4.15, que os crentes devem crescer “em tudo”. Em Colossenses fala em
crescer no “pleno conhecimento de Deus” (Cl 1.10) e em “ações de graça” (Cl 2.7). Em 1
Tessalonicenses da importância de crescer no amor de uns para com os outros (3.12). Em sua
segunda epístola o apóstolo Pedro exorta os cristãos a crescerem “na graça e no conhecimento” do
Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3.18). Generalizando, pode-se dizer que os cristãos devem crescer,
progredir ou amadurecer em quatro áreas principais: adoração (devoção, culto), comunhão (amor,
companheirismo), testemunho (evangelização, discipulado) e serviço (diaconia, solidariedade).
1.2 Como alcançar o verdadeiro crescimento?
Para haver verdadeiro crescimento ocorra, existem certas condições apontadas pelos textos
bíblicos. (a) O crescimento deve vir de Deus, não do mero esforço, diligência ou criatividade humana.
Daí, oração, fidelidade às Escrituras. Crítica ao movimento do “crescimento da igreja”. (b) O
crescimento exige submissão e obediência à Cabeça do corpo, Cristo. Ef 4.15b: “... cresçamos em
tudo naquele que é o Cabeça, Cristo.” O crescimento deve ser cristocêntrico, não antropocêntrico. (c)
O crescimento requer profunda união e coordenação entre os membros (Cl 2.19: “juntas e
ligamentos”). Ef 4.16: “... de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda
junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento...” (d) O crescimento
implica numa correta associação de verdade e amor: “... seguindo a verdade em amor, cresçamos em
tudo... para a edificação de si mesmo em amor” (Ef 4.15a,16b).
A igreja primitiva cresceu rapidamente porque os crentes, cheios do Espírito Santo, evangelizavam
todo o tempo (At 5.42; 8.4). Como resultado viu-se o vertiginoso crescimento registrado no livro de
Atos dos Apóstolos. A proclamação da Palavra de Deus promove o crescimento e a edificação da
igreja. (At 2.41,47; 4.4; 5.14; 9.31, 21.20).
2. O líder e o crescimento da Igreja
Tudo começa com o líder. Diz Barna: “nunca vi Deus dar uma visão para comissões!”
1
. Assim como
em cada sermão se toma uma parte das Escrituras para ser explicado, o líder precisa também tomar
a visão de Jesus, esclarecê-la e torná-la alcançável para a igreja local, ou para uma região. Ao
esclarecer a situação que uma igreja se encontra (diagnóstico) e apresentar para ela o que ela
poderia alcançar em um tempo e espaço determinado (visão), os métodos e ações se submetem à
esta visão. Já não estamos sujeitos aos modismos metodológicos, nem ao ativismos vazio, mas à
utilização coordenada de métodos e ações úteis para alcançar aquela visão.
Não se pode subestimar a influência de um líder, pois o mesmo procura conduzir pessoas,
motivando, influenciando as pessoas para voluntariamente contribuam para atingir os objetivos
propostos do grupo. O estilo de liderança cristã reflete os princípios bíblicos de lidar e considerar as
pessoas, bem como os motivos, ou as razões que norteiam a liderança devem ser fundamentadas
nas qualidades bíblicas.
2.1 A necessidade de uma liderança espiritual
A natureza espiritual da igreja necessita de uma liderança que esteja além dos limites do que é
puramente humano que esteja disposto a pagar o preço. Líderes espirituais não são constituídos por
eleição ou mesmo por instituições eclesiásticas, eles são forjados por Deus. Sobre este tipo de
liderança diz J. Oswald Sanders “a maior necessidade da igreja, para que cumpra suas obrigações
para com a presente geração, é uma liderança espiritual, sacrificial, plena de autoridade vinda do alto.
Plena de autoridade porque as pessoas gostam de ser lideradas por alguém que sabe aonde vai, e
que inspira confiança. Elas seguem quase sem questionar o líder que se mostra sábio e forte, que
age conforme com sua fé. Espiritual, porque uma liderança carnal, que pode ser explicada em termos
do natural, embora possa ser atraente e competente, resultará, contudo, apenas em esterilidade, e
em bancarrota moral e espiritual. Sacrificial, porque foi modelada segundo a vida daquele que se deu
a si mesmo em sacrifício pelo mundo todo, dando-nos um exemplo, para que seguíssemos seus
passos
2
.”
Russel Shedd diz que “Um líder convence outras pessoas a segui-lo porque tem respostas e
soluções. Ele sabe o caminho a seguir ou, pelo menos, convence seus seguidores de que é
1
George Barna. O Poder da Visão, p35
2 Liderança Espiritual, pág. 8
competente. Pouca ou nenhuma vantagem pode ser obtida pela elevação de alguém a uma posição
de autoridade, se essa pessoa é nitidamente incapaz de convencer o grupo de que pode resolver
seus problemas.
3
”
2.2 Definindo Liderança
Liderança pode ser definida como influência, ou seja, a habilidade de influenciar a outros. Alguém
só pode se considerar líder à medida que influencia outras pessoas a segui-lo. “O líder de igreja
eficiente é aquele que tem provado que sabe como trabalhar arduamente. Ele tem calosidade nas
mãos e aprendeu a disciplina do trabalho árduo e produtivo
4
.” O general chinês destaca que “há três
tipos de pessoas no mundo: aquelas que não se mexem, as que são movíveis e as que movem os
outros”
5
. O presidente dos Estados Unidos Harry Trumam definia o líder como alguém que tem “a
habilidade de fazer com que os outros façam o que não queiram fazer e gostem de fazê-lo.
6
”
2.3 Liderança positiva e negativa
A liderança é a capacidade e o desejo de unir homens e mulheres num mesmo propósito. Na
definição do almirante Nimitz líder é aquele que “inspira suficiente confiança a seus subordinados de
modo a aceitarem suas idéias e obedecerem seu comando
7
”. O líder estudantil John R. Mott disse
que o líder “é o homem que conhece o caminho e sabe-se manter a frente, trazendo os outros após
si.” Para Arthur Schlesinger Jr liderança é “a capacidade de persuadir, inspirar e mobilizar
multidões.
8
” Já Gardner define liderança como “o processo de persuasão e exemplo pelo qual uma
pessoa(ou equipe de líderes) induz um grupo a agir de acordo com os propósitos comuns a todos.
9
”
2.3.1 Cracterísticas da liderança negativa
3
Russel Shedd – O líder que Deus usa – pág.8
4
Cajado do Pastor – seção A1, pág. 5
5
Liderança Espiritual, pág. 20
6
I Liderança Espiritual, pág. 21
7
Liderança Espiritual, pág.20
8
Redescobrindo a alma da liderança pág. 118
9
Redescobrindo a alma da liderança pág. 119
As Escrituras e a história da igreja estão repletas de exemplos de pessoas que exerceram liderança
positiva, bem como, possui inúmeros exemplos daqueles que exerceram liderança negativa
procurando fazer o povo de Deus se desviar do caminho.
• Egoísmo
Quando o líder se preocupa mais com o seu conforto do que com as necessidades do rebanho de
Deus. A prioridade máxima do líder deve ser a de cuidar do rebanho e não de si mesmo. Cristo diz
que o bom pastor “dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10.11).
• Negligência
Quando o líder não se preocupa com o rebanho, não se envolve com ele. Sendo que o que Deus
deseja é que o líder trate das ovelhas fracas, cuide das doentes, cure suas feridas, busque a
desgarrada e resgate a perdida. “Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus
rebanhos” (Pv 27.23).
• Brutalidade
“A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não
tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza” (Ez 34.4).
• Incapacidade de agregar
Uma liderança negativa pode afetar o rebanho, quando o líder negligencia o seu grupo, o mesmo
freqüentemente se dispersa, o que também traz conseqüências amargas para o líder “Assim diz o
SENHOR Deus: Eis que eu estou contra os pastores e deles demandarei as minhas ovelhas; porei
termo no seu pastoreio, e não se apascentarão mais a si mesmos; livrarei as minhas ovelhas da sua
boca, para que já não lhes sirvam de pasto” (Ez 34.10).
b) Características do líder positivo
A liderança exige acima de tudo confiança. Um grupo somente crerá em um líder que deu mostras
de visão e propósito, dando razões ao grupo para confiar, e a confiança está estritamente ligada ao
caráter.
2.2.3 - Características da Liderança Espiritual
• Santidade
A santidade é um quesito fundamental na vida de um líder cristão mais do que nunca, pois até
mesmo no mundo religioso nunca se observou tamanha insegurança. As profecias bíblicas que
apontam apostasia e indiferença para com os crentes professos cumprem-se cabalmente em nossos
dias, entretanto, daqueles que permanecem firme em seu propósito de servir ao Mestre e a sua
igreja.
E esta santidade consiste em fundamentalmente separação do mundo. A postura do líder cristão de
inimizade para com o mundo gera conflitos "Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu.
Mas como não sois do mundo, antes, dele vos escolhi, é por isso que o mundo vos odeia" (Jo 15:19).
E esta vida de santidade representa o afastamento dos prazeres do mundo (Hb 9.24-26), das
alianças sociais e comerciais do mundo (2 Co 6.14-18).
• Unção do Espírito Santo
Ser cheio do Espírito de Deus era requisito básico para a eleição de um diácono na igreja primitiva
(At 6.3). É o poder do Espírito Santo que enche o líder de ousadia, impregna no coração do líder
paixão pelas almas. Diz Hernandes Dias Lopes: ”No Pentecoste, o Espírito desceu sobre os
discípulos em chamas como de fogo. Deus é fogo consumidor. O trono de Deus é fogo. A Palavra de
Deus é fogo. Ele faz dos seus ministros labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo. Sempre foi desejo
de Jesus lançar fogo sobre a terra: "Eu vim para lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já
estivesse a arder" (Lc 12.49).”
• Sabedoria
No homem nem sempre conhecimento e sabedoria estão juntos. Um analfabeto pode ser mais sábio
que um erudito. O conhecimento é adquirido por estudo, ao passo que a sabedoria é resultado de
uma compreensão intuitiva das coisas. Ambos no homem são imperfeitos, mas em Deus são
perfeitamente absolutos.
Os homens alcançam o conhecimento por meio do estudo, à sabedoria é intuitiva. “Normalmente a
sabedoria usa o conhecimento para servir a alguns propósitos determinados. O conhecimento é o
entendimento das regras gerais, enquanto a sabedoria é o extrair conclusões gerais de regras
particulares para um propósito definido. A sabedoria é o conhecimento intuitivo aplicado.” O líder
sábio é equilibrado e o livra das extravagâncias. O conhecimento pode ser adquirido através de
estudos, porém, ao ser cheio do Espírito de Deus o líder é cheio de sabedoria.
• Fé
As Escrituras ensinam que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6). Os líderes do AT e do
NT viam o decurso da história sob o prisma da fé num Deus soberano sobre tudo e sobre todos, cuja
providência abrange todas as coisas, não viam como os historiadores de hoje de um prisma
puramente secular. Da mesma forma hoje um líder de fé ultrapassa obstáculos que os líderes que
não entendem o campo da fé não ultrapassam. Líderes de fé surgem no vácuo daqueles que
fracassaram exatamente por lhes faltar fé para vencer barreiras. Muitas igrejas fracassam porque os
seus líderes deixaram de crer e tornaram-se mestres em narrar desgraças ao invés de olharem com
os olhos da fé as crises como oportunidades de crescimento. Um grande desafio para a liderança
eclesiástica é o viver por fé, o que é marcado pela fé na providência, que produz convicção inabalável
de que Deus é o Senhor de tudo e Senhor da igreja.
• Amor
Diz Russel Shedd que “Uma liderança sem amor é como um corpo sem o coração. Morta e sem
sentido, ela promove vaidade, em vez de maturidade cristã”
10
. James C. Hunter diz em seu livro “O
monge e o executivo que: "Liderança não é estilo, liderança é essência, isto é, caráter. Liderança e o
amor são questões ligadas ao caráter. Paciência, bondade, humildade, abnegação, respeito,
generosidade, honestidade, compromisso. Estas são as qualidades construtoras do caráter, são os
hábitos que precisamos desenvolver e amadurecer se quisermos nos tornar líderes de sucesso, que
vencem no teste do tempo".
• Serviço
O ideal de Cristo para o seu povo é o de uma comunidade servindo-se mutuamente
11
. “Pois o próprio
Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”
(Mc 10.45). O apóstolo Paulo dizia: “sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gl 5.13). O
serviço do crente deve ser estendido ao mundo necessitado, infelizmente na cristandade hodierna
são poucos aqueles que querem servir a muitos.
Shedd lembra que “A mãe de Tiago e João esperava por posições maiores de liderança para seus
filhos no reino que Jesus planejava inaugurar. Não somente os filhos de Zebedeu creram que o poder
e a felicidade fossem sinônimos, mas também, os outros dez discípulos tornaram-se ressentidos
quando eles perceberam que as duas maiores posições na organização tinham sido solicitadas. Eles
também estavam tão animados quanto Tiago e João para alcançar a autoridade e o poder no Reino.
Jesus, porém, comparou o conceito mundano de "grandeza" a sua própria definição”
12
.
Cristo rejeitou todos os conceitos mundanos de liderança: “Mas Jesus, chamando-os para junto de
si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu
domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Mas entre vós não é assim; pelo
10 O líder que Deus usa, pág. 24
11 Serviço mútuo, uns aos outros.
12 O líder que Deus usa, pág. 27
contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva e quem quiser ser o
primeiro entre vós será servo de todos” (Mc 10.42-44).
Cristo ensina que há um preço caro a ser pago por uma liderança marcante “Mas Jesus lhes disse:
Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou
batizado?” (Mc 10.38), o que se pode aprender também é que só se alcança a excelência na
liderança mediante o espírito de servo, ou seja, somente se exerce o primeiro lugar quando tornar-se
servo de todos. Quando se fala em “espírito de servo” não se tem em vista meros atos de serviço,
pois muitas vezes tais atos são praticados por motivações errôneas.
a.3) Características práticas do líder positivo
• Visão
Ninguém vai além de sua visão. Ninguém seguirá alguém que não sabe como fazer e nem aonde
vai. Visão sem paixão faz do líder apenas um visionário, paixão sem visão torna o líder num fanático.
A visão se constitui em previsão, ou a visão de coisas e pessoas e visão interna, visão realista de si
mesmo. Em outras palavras, visão é saber discernir o que vem pela frente. O líder responsável
sempre olhará para frente, para tentar saber como suas decisões irão repercutir não apenas as
pessoas hoje, mas também as gerações vindouras.
Russel Sheed chama a atenção “O homem que Deus usa necessita ter uma visão do alvo e dos
objetivos finais da organização. Ele precisa, em oração, olhar para o futuro com sua imaginação e
perceber o propósito central que trouxe a igreja ou o grupo à existência. Ele vê claramente o final
para o qual ela existe. Cada investimento em tempo, em dinheiro, em pessoas e em sacrifício
necessitam mover na direção daquele objetivo”
13
. O gerenciamento eficiente sem a liderança eficiente
é, como um autor escreveu, "como arrumar cadeiras do convés no Titanic".
“Olhos que olham são comuns, olhos que vêem são raros
14
.” Sanders diz que visão inclui otimismo e
esperança. “Jamais um pessimista tornou-se líder. O pessimista vê uma dificuldade em cada
oportunidade. O pessimista, sempre vendo dificuldades antes das possibilidades tende a refrear o
homem de visão que deseja deslanchar.
15
”
• Disciplina
13
O líder que Deus usa, pág.36
14
Oswald Sanders – Liderança Espiritual, pág. 49
15
Liderança Espiritual, pág.50
Somente a pessoa disciplinada tem condições de atingir os patamares mais altos, pois é alguém que
aprendeu a dominar-se a si mesmo. O verdadeiro líder é quem aprendeu a submeter-se de bom
grado, aprendendo a obedecer. Quem se rebela contra a autoridade, raramente estará qualificado
para exercer uma liderança de primeira linha. Muitos que abandonam o ministério não o fazem
porque lhes faltaram dons espirituais, mas porque certamente certas áreas de suas vidas não foram
entregues ao Espírito Santo. O líder cheio da unção do Espírito Santo jamais recua diante das
dificuldades, tampouco, de pessoas problemáticas, antes com serenidade e equilíbrio aplicará
disciplina bondosa quando os interesses do Reino exigem.
• Autoridade
A autoridade exercida pelos líderes da igreja é autoridade delegada pelo próprio Senhor Jesus:
“Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os
expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 10.1). “Eis aí vos dei autoridade para
pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos
causará dano” (Lc 10.19).
Na acepção bíblica, o pastor é alguém que está disposto a dar a sua vida pelas ovelhas, totalmente
dedicado a proteger, servir e alimentar o rebanho de Deus. Não apenas alguém encarregado de
governar, mas alguém que se importa, cuida e ama. “O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo
10.11). Quando um pastor ou obreiro recebe a responsabilidade por uma congregação de crentes, ele
recebe autoridade para alimentar, visitar, defender, proteger, cuidar e disciplinar as ovelhas de Deus
com amor. Assim, os líderes figuram como representantes de Deus, como embaixadores de Cristo (2
Co 5.20). Entretanto, aqueles que receberam a autoridade delegada devem agir nas diversas
situações como Cristo estivesse presente pessoalmente.
• Decisão
Uma das mais acentuadas qualidades da liderança é a capacidade de decisão firme e rápida.
Quando o líder possui uma visão ele precisa fazer algo para que a visão se transforme em ação.
Quando o líder cristão está convicto da vontade de Deus ele sem se importar com as conseqüências
perseguirá o seu ideal sem queimar etapas. Moisés esteve apto para a liderança somente quando
avaliou os custos de abandonar o fausto da corte do Egito para identificar-se com o povo de Deus em
seus sofrimentos (Hb 11.24-27). Todos os heróis da fé listados em Hebreus 11 foram homens de
decisão.
O líder precisa resistir a tentação de adiar a resolução de problemas, porque uma decisão
precipitada é melhor que nenhuma. Na maior parte das decisões a questão de ordem não é tanto o
que se deverá fazer, mas, estar preparado para enfrentar as conseqüências.
• Valores
O grupo para ter sua estima elevada precisa ser liderado por um homem que tenha valores
definidos. Paulo é um exemplo disso, para ele a liberdade era incomparavelmente melhor que a
escravidão. Por isso, o apóstolo dos gentios proclamou vigorosamente a verdade da liberdade em
Cristo aos crentes da Galácia (Gl 5.1-13). Para Paulo quando se perde a liberdade se perde tudo,
pois, a escravidão dos elementos do mundo não se compara ao caminho da liberdade do Espírito
Santo (Gl 4.8,9). Os pastores e os líderes devem constantemente ensinar os valores cristãos que
torna o crente diferente do mundo. O líder cristão precisa estar sempre reafirmando os valores que
configuram a identidade do cristianismo. O guia competente quando sabe o caminho, dá tanta
segurança ao grupo que faz com que a estrada certa pareça a mais natural e a melhor.
“Jesus convidou homens a segui-lo, contudo, não, cega ou ignorantemente. Os discípulos teriam que
negar a si próprios, tomar sua cruz diariamente e seguir cuidadosamente nos passos de Jesus (Lc
9.23). O valor que os seus seguidores ganhariam, contudo, seria inquestionavelmente digno disso.
Eles salvariam suas "vidas" (v. 24). Um bom líder necessita saber pelo que se é digno de viver ou de
morrer. É por isso que Jesus convidou os cansados e os oprimidos para aceitar o seu jugo (Mt 11.28).
Jesus modelou os valores centrais do Reino através de seu estilo de vida e de atitudes. Ele ainda
chama líderes para "aprender dele" (v. 29)
16
”.
a.4) Ações que fazem a liderança eficaz
• Administração
Diz Russel Shedd que “um homem que Deus usa necessita organizar e administrar as atividades e
ações de Deus na Terra. Ele precisa decidir o que será feito, e a seqüência de ações; ele planeja os
acontecimentos, dando prioridade ao que é necessário. Empurra os eventos e as atividades
desnecessárias para a periferia. O bom líder gasta pouco tempo apagando incêndios que irrompem
na organização. Ele se esforça muito mais no ensejo de tomar decisões que previnam as tensões e
os conflitos, do que nos problemas embrionários que poderão provocar incêndios”
17
.
O líder eficaz possui habilidade administrativa, sabendo quando começar, quais os passos a serem
tomados e como atingir os objetivos propostos. Diz Eugene Habecker presidente da Sociedade
Bíblica Americana que “processos e estruturas organizacionais precisam ser regularmente
avaliados
18
.”
Gardner identificou seis características dos líderes-administradores:
a) São pensadores a longo prazo;
16 O líder que Deus usa, pág.37
17
O líder que Deus usa, pág.40
18
Redescobrindo a alma da liderança, pág.111
b) Enxergam além do ponto para o qual caminham e compreendem sua relação com a
organização como um todo;
c) Atingem e influenciam além de sua jurisdição e limite;
d) Dão grande ênfase as características intangéveis da visão, dos valores e da motivação, e
compreendem intuitivamente os elementos não-racionais e inconscientes da interação entre o
líder e os discípulos;
e) Tem a capacidade política de enfrentar as exigências conflitantes dos vários envolvidos
f) Pensam sob o aspecto da renovação
19
.
Dizem alguns que um bom líder revela-se após sua morte ou saída do campo. Ele preparou outros
líderes? Enquanto liderou liberou a igreja para trabalhar? Liderar não é simplesmente mandar.
Biblicamente, liderar é: capacitar; liberar os discípulos para que estes trabalhem; supervisionar os
resultados e refinar o ensino motivador (Lc 10.1-20). Líderes lideram ao mesmo tempo em que
liberam.
• Coragem
20
A coragem é atributo indispensavel do líder eficaz. O Apóstolo Paulo experimentou situações de
risco maximo, algumas vezes sentindo temor (1 Co 2.3; 2 Co 7.5). Embora o medo não fosse um
sentimento agradável, Paulo não o evitou para cumprir o ministério que recebeu de Deus (At 20.24).
Não importa se o líder sentir medo, a exortação de Deus é para que tenha bom ânimo (Js 1.9). Os
discipulos de Cristo estavam acovardados, reunidos a portas fechadas com medo dos judeus (Jo
20.19), mas ao serem cheios do Espírito Santo proclamaram a mensagem salvadora de Cristo com
intrepidez (At 4.13). Quando o líder é guiado pelo Espírito de Deus, ele é domindo não pelo “espírito
de covardia” mas de poder (2 Tm 1.7).
A história da Igreja é um testemunho eloquente de que a coragem do líder é demonstrada quando
o mesmo está disposto a enfrentrar condições e fatos desagradáveis, e agir com firmeza diante
destas circunstâncias desfavoráveis. Outros podem recuar, mas nunca o líder. Grande parte dos
líderes da igreja encontraram morte violenta porém corajosamente deram testemunho de su fé.
Como disse Tertuliano de Cartágo “o sangue dos martires é a semente da igreja.”
19
Citado em Redescobrindo a alma da liderança, pág.120
20
Coragem é a habilidade de confrontar o medo, a dor, o perigo, a incerteza ou a intimidação. Pode ser dividida em física e
moral. O homem sem medo motiva-se a ir mais além. Enfrenta os desafios com confiança e não se preocupa com ior. O
medo pode ser constante, mas o impulso o leva adiante. Coragem é a confiança que o homem tem em momentos de temor
ou situações difíceis, é o que faz viver lutando e enfrentando os problemas e as barreiras que colocam medo, é a força
positiva para combater momentos tenebrosos da vida.
• Humildade
21
A humildade é uma caracteristica não muito apreciada pelo mundo, que preconiza a proeminência e
a publicidade. Para Deus é diferente, a humildade ocupa um lugar de destaque na sua escala de
valores. No mundo se busca autopromoção, diante de Deus o líder espiritual busca a autonegação.
Cristo ensina que o serviço cristão baseia-se na humildade e na servitude (Mt 20.25-27). Contudo, a
humildade é uma qualidade que vai desenvolvendo-se gradualmente na vida do líder quando mais
perto de Cristo o lider chega mais humilde se torna.
21 Humildade vem do latim humus que significa "filhos da terra". Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar
sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. A Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa
fraqueza, modéstia, respeito, pobreza, reverência e submissão.
PARTE 2
Crescimento da Igreja têm sido um tema muito em voga tanto no meio teológico, quanto no meio dos leigos
cristãos de um modo geral. Sendo assim, muito tem se falado sobre o assunto, entretanto pouco tem se
compreendido sobre o mesmo. Alguns devido à falta de compreensão acabam por alijar-se das discussões,
outros possuem uma compreensão errônea que acaba por afetar a aplicação e a transmissão, de forma que a
mensagem é negativamente deturpada. São poucos os que realmente possuem um entendimento claro do
assunto, no entanto muitas vezes são estes poucos que têm feito a diferença no meio evangélico de modo
geral. Não obstante, são estes últimos que contribuem direta e seriamente para a reflexão e mudança de
rumos na igreja evangélica atual.
É neste contexto, por exemplo, que Gruner nos diz que “são poucos os ministros ou leigos
cristãos que compreendem a verdadeira dinâmica do crescimento da igreja” (Gruner, 1984, p. 8).
Este trabalho não objetiva esgotar o assunto em questão. Visa em primeiro lugar conduzir a
um entendimento pleno, correto e integral dos fundamentos inerentes a um crescimento sólido da
igreja evangélica. Assim, esperamos obter uma compreensão correta do que é realmente crescer
como corpo de Cristo.
a) Compreendendo o que é crescer
A compreensão do que é crescer, tem sido no geral deturpada e errônea. Muito tem sido falado,
porém pouco tem realmente sido compreendido em sua plenitude. Têm havido várias linhas de
pensamento, sendo difícil identificar claramente qual delas é a correta.
Alguns pregam que o correto é copiar o modelo de igrejas que crescem, outros acreditam possuir a
única visão correta e ainda outros defendem a realização de pequenas adaptações, dando sua
própria cara ao projeto. Todavia, existem alguns que acreditam ser melhor encontrar os princípios por
trás dos modelos, aplicando-os então na igreja. Qual destas posições é a correta? O que realmente é
crescer? Como alcançar um crescimento integral? Estas são alguns dos questionamentos que
tentaremos responder ao longo deste estudo.
Para Rick Warren crescer é uma conseqüência e não um fim em si mesmo. Assim sendo,
crescimento é o resultado natural de uma igreja sadia e igreja sadia é aquela que mantêm uma
mensagem bíblica e uma missão equilibrada. Em segundo lugar, Warren descreve que crescimento
não é fruto de um único fator, mas sim de um conjunto de fatores que cooperam entre si.
Já Aguilera vê que crescer é acima de tudo trabalhar ministerialmente, especialmente no que tange
ao cumprimento da Grande Comissão. Sendo assim, crescer é envolver toda a igreja no cumprimento
da ordem do Senhor: “fazer discípulos”. Diz-nos também Aguilera que crescer é desenvolver a igreja
como um todo e não somente um parte dela, um departamento ou ministério. Todavia, para que isto
seja realmente uma realidade faz-se necessário o estabelecimento de estratégias específicas,
visando tornar a igreja um ambiente efetivamente propício ao crescimento.
b) O fundamental são os princípios e não os modelos
Um dos grandes problemas do crescimento de igreja reside no fato de que muitos supervalorizam os
modelos de igrejas que crescem. Desta forma alguns líderes de igreja repassam seus “modelos de
crescimento”, como sendo um princípio universalmente válido para qualquer igreja ou situação. Não
obstante, algumas igrejas simplesmente copiam estes modelos, sem preocuparem-se em identificar
até que ponto sua realidade assemelha-se à realidade da igreja modelo. No entanto, Schwarz
conduz-nos à visão de que o que importa não são os modelos das igrejas que crescem, mas os
princípios bíblicos norteadores que se encontram por traz destes modelos, em seu livro ele nos diz
que:
Aprender de igrejas que crescem significa observar de perto a sua prática do ponto de
vista de princípios universais. Não significa, no entanto, aceitar e adotar
incondicionalmente os modelos explicativos que os líderes dessas igrejas querem nos
transmitir como o “segredo do sucesso”. (Schwarz, 1996, p. 17)
Vemos em Amitrano que os princípios de crescimento são válidos a qualquer cultura ou
denominação. Schwarz, por exemplo, conduziu sua pesquisa baseando-se em princípios, de tal forma
que acabou por identificar oito marcas de qualidade comuns a igrejas que crescem de maneira
integral e efetiva.
Aguilera também parece valorizar os princípios, especialmente quando nos diz que devemos estuda-
los com atenção. Indo mais longe ele nos diz que os princípios são aplicáveis a diferentes igrejas e
denominações, acarretando benefícios em todas elas.
Não obstante, Warren diz que métodos são mutáveis, enquanto princípios nunca mudam. Sendo
assim, quando um princípio é realmente bíblico ele é universalmente aplicável a qualquer situação e
em qualquer lugar.
CAPÍTULO II
ADMINISTRANDO PARA CRESCER
Existe uma forte relação entre o crescimento da igreja e a forma como ela é administrada.
Pressupõe-se por crescimento integral uma administração dinâmica, consistente, organizada e
também equilibrada, visando o desenvolvimento e o envolvimento de todos e não somente de uma
parte do todo.
a) O aperfeiçoamento dos santos
E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas aos aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. (Ef
4:11,12)
Crescer de forma integral envolve participação de todos e não somente da liderança da igreja.
Todos devem ser treinados, capacitados e aparelhados para contribuir no trabalho da igreja. No
entanto, na prática não é isto que vem acontecendo nas igrejas de um modo geral. Compete aos
pastores e líderes conscientizar e preparar seus liderados, conduzindo-os ao desenvolvimento de
“uma mentalidade de crescimento ou reprodutora” (Aguilera, 1995, p. 36).
Caio Fábio expõe, por exemplo, que a liderança deve iniciar uma mobilização no povo de
Deus, motivando-os a exercer o sacerdócio universal de forma plena e consistente. Já Moore nos diz
que “o plano de Deus é que a Igreja multiplique trabalhadores para a seara” (Moore, 1983, p. 115).
Assim sendo, pressupõe-se que compete à igreja não somente ganhar vidas para Cristo, mas
também treina-las e envia-las para ganhar outras vidas.
Concordando com Aguilera pode-se dizer que em Ef 4:11,12 temos a descrição da real
função do pastor e dos líderes. A eles compete equipar e preparar os santos para o desempenho do
serviço do Senhor, edificando o corpo de Cristo, a Igreja. Para Miranda Jesus Cristo é o maior
exemplo do que é aperfeiçoar os santos. Jesus ensinou e treinou seus discípulos, capacitando-os ao
cumprimento da Grande Comissão.
Schwarz, por sua vez, qualifica a liderança capacitadora como sendo uma das principais marcas de
qualidade das igrejas que crescem. Segundo ele estes líderes são bem sucedidos por, “concentrar
esforços em capacitar outras pessoas para o ministério” (Schwarz, 1996, p. 22).
b) Dirigindo-se por ministérios de acordo com os dons
Grande parte das igrejas tradicionalmente tem sido dirigida de forma departamentalizada, sem uma
visão integradora e edificante para o todo. A escolha dos líderes de departamento normalmente não
leva em conta o perfil, o dom e a paixão de cada um, de forma que não poucas vezes as pessoas
estão nos lugares errados. No entanto, a nova visão é de uma organização ministerial, onde não
existam mais partes estanques, mas um todo unido e edificante. A escolha dos líderes ou ministros
passa a ser feita considerando-se em primeiro lugar o dom e a paixão de cada um. Assim estaremos
alocando as pessoas certas, nos lugares certos pelas razões certas, como nos diz o lema da Rede
Ministerial de Hybels.
Neste contexto Warren nos mostra que cada crente é um ministro em potencial, possuindo cada um
seu grau de importância no corpo. Não existe mais uma mera divisão departamental, mas uma
unidade ministerial, onde cada um exerce seu dom de forma a edificar o corpo como um todo.
Todavia, Schwarz alerta que a orientação ministerial pelos dons foi mal interpretada nos últimos
tempos. Era tida como um mero modismo ligado a métodos de crescimento de igreja, enquanto na
verdade tratava-se de um dos pontos chaves para este crescimento. Já Hybels mostra que para o
crente ser frutífero e realizado em seu ministério, ele deve estar contribuindo para a edificação do
corpo. Isto vem através do exercício de sua paixão e de seus dons espirituais.
c) Estruturando a visão com base em propósitos
Por traz de toda igreja existe algo que a dirige ou motiva. Ainda que não esteja explícito ou escrito,
este algo realmente existe e direciona o funcionamento da igreja como um todo. Segundo Warren,
existem vários tipos de igreja, segundo aquilo que as dirige (tradição, personalidade, finanças,
programas, construções, eventos e etc.), no entanto, para ele existe um único modelo bíblico e este é
o de uma igreja dirigida por propósitos. O resto é passageiro, porém o propósito de Deus prevalece.
Para a construção de uma igreja sadia e para o alcance de um crescimento pleno, faz-se necessário
esclarecer a motivação da existência da igreja. Este esclarecimento, por sua vez, consiste em
identifica o que a igreja deve fazer, qual o seu propósito. Para Aguilera “a declaração de propósito
confirma e esclarece a filosofia de ministério da igreja” (Aguilera, 1995, p. 71). O propósito deve ser
claro e curto o suficiente para ser facilmente lembrado por todos, produzindo benefícios para a igreja
e o envolvimento amplo de toda a membresia.
Ao descobrir qual o propósito de Deus, a igreja deve articular-se de forma a estabelecer metas e
alvos a serem alcançados. Assim, a declaração de propósitos será o guia para implementação,
avaliação e controle dos ministérios, programas e atividades. Em Warren nota-se o estabelecimento
de alguns propósitos básicos aos quais a igreja deve atentar, a saber:
• Amar a Deus com todo coração
• Amar ao próximo como a si mesmo
• Fazer discípulos
• Batizar
• Ensinar a obedecer
Para serem efetivamente norteadores os propósitos devem em primeiro lugar ser corretamente
comunicados à igreja, conscientizando-a de sua necessidade e importância. Em segundo lugar a
igreja deve organizar-se em função deles, evitando desvios. E em terceiro lugar os propósitos devem
ser integrados a cada área e aspecto da vida na igreja, ou seja, os ministérios devem estar em
sintonia.
Deve-se considerar ainda que a aplicação dos propósitos não é algo automático, é lenta e
progressiva, no entanto fortalecendo cada dia mais a igreja como um todo.
CAPÍTULO III
ALCANÇANDO A CIDADE
A igreja para crescer precisa sair das quatro paredes. Precisa de estratégias que viabilizem
efetivamente o crescimento e o desenvolvimento, alcançando novas vidas para Cristo. Entretanto,
não basta alcançar novas vidas, é preciso trabalhar com elas, instruindo-as e solidificando-as nos
ensinamentos e princípios bíblicos. É preciso criar oportunidades para que os novos convertidos não
somente se integrem ao corpo, mas nele trabalhem, crescendo e amadurecendo em Espírito e em
Verdade.
a) Evangelismo e discipulado
A Grande Comissão descrita em Mt 28:28-20, sintetiza a essência da missão da igreja de Cristo. Para
Miranda, “Na missão da igreja a evangelização tem prioridade” (Miranda, 1989, p. 46). No entanto,
Moore frisa que não basta evangelizar, deve haver ensino e instrução através do discipulado. Para
ele “Discipulado é a forma mais rápida de multiplicar líderes” (Moore, 1983, p. 32).
Discipular deve ser visto como uma tarefe de todos, e não de uma pequena parte do todo. O exercício
do discipulado não é obrigação apenas dos pastores e líderes, mas de toda igreja, enquanto corpo de
Cristo. Desta forma os resultados serão sólidos e o exercício do sacerdócio universal uma realidade.
Existe, sem dúvidas uma estreita relação entre evangelismo, discipulado e crescimento. O
evangelismo traz novas pessoas ao corpo, no entanto é através do discipulado que estes são
efetivamente integrados, conduzindo ao amadurecimento e desenvolvimento. Isto fica nítido, por
exemplo, nas seguintes palavras escritas por Rosa “Discipular não consiste somente no ato de
comunicar as boas novas de salvação, mas também na integração do convertido à igreja local” (Rosa,
1998, p. 7).
b) Multiplicando-se através dos Grupos Familiares
Hoje não se pode falar de crescimento de igreja sem que se fale também em Grupos Familiares ou,
como alguns preferem, Igreja em Células. Existem diversa metodologias e nomenclaturas, no entanto,
o princípio é o mesmo: a igreja não se reúne somente no templo, mas também nas casas. No geral a
estratégia é boa e edificante, especialmente por conduzir à construção de vínculos de relacionamento
e amizade, fomentando a comunhão e a unidade.
Sobre comunhão, Kornfield e Araújo dizem que “Através dos Grupos Familares as pessoas se
aproximam mais. Há oportunidade para um conhecimento mais íntimo dos irmãos, nascem laços de
amizade; a comunhão fica mais forte.” (Kornfield e Araújo, 2000, p. 57). Assim, na visão de Kornfield
e Araújo através dos grupos familiares a evangelização e o discipulado são mais efetivos e
completos. Conquanto, acontecem através da construção e solidificação de relacionamentos
pessoais.
Conforme At 2:42-47 vemos que a Igreja Primitiva era uma igreja que se reunia nos templos e nas
casas. Segundo Neumann, deve ser assim também em nossos dias. “Um dos critérios para existência
de uma célula é que esteja integralmente relacionada a uma igreja local.” (Neumann, 1993, p.19).
Podemos então dizer que as células ou grupos familiares são importantes, mas em momento algum
devem substituir a igreja. Ambas devem estar unidas, contribuindo e convergindo para o crescimento
integral do corpo.
Schwarz por sua vez expõe que em sua pesquisa sobre igrejas que crescem, conclui-se que “a
multiplicação constante dos grupos familiares e um princípio universal de crescimento da igreja. “
(Schwarz, 1996, p. 32). Todavia, ele diz que a característica marcante destes grupos é a produção
freqüente de novos líderes. Nos grupos familiares ou células os cristãos podem exercitar e
desenvolver seus dons, aprendendo através do serviço aos demais participantes do grupo.
c) Oportunizando oportunidades e aproveitando potencialidades
Vimos anteriormente que crescer de forma integral, envolve participação de todos e não somente dos
pastores e líderes. Assim sendo, todos devem ser treinados para exercer sua função no corpo.
O corpo humano é composto de vários membros, onde cada um exerce uma função específica, à
qual foi destinado. O mesmo acontece com a igreja, enquanto corpo de Cristo, pois cada membro
possui uma função específica a desempenhar.
Entretanto, muitas vezes inexistem na igreja oportunidades reais para o exercício pleno do sacerdócio
universal. Desta forma, muitos tem sido conduzidos a uma mortificação de seus dons e
potencialidades dadas por Deus, pelo simples fato de nunca terem oportunidade de exerce-los
efetivamente. À igreja compete não somente identificar os dons, mas também criar oportunidades
para que haja um crescimento efetivo do corpo, com a contribuição e envolvimento de todos.
d) Relacionamento e comunhão
Schwarz aponta que uma das marcas inerentes à igrejas que crescem é o exercício prático do amor
fraternal. De acordo com sua visão existe uma “correspondência significativa entre o riso e o
crescimento qualitativo e numérico da igreja.” (Schwarz, 1996, p. 36).
A questão unidade é um dos pontos chave para a obtenção de um crescimento integral. Sem unidade
não pode haver crescimento, pois unidade esta ligado não somente a intimidade e comunhão, mas
especialmente à convergência e busca de um propósito único. Sem unidade o alcance pleno do
propósito ou alvo estabelecido pela igreja fica prejudicado, de forma que todo planejamento acaba
vindo por terra.
A Igreja Primitiva, por exemplo, é um referencial de crescimento e desenvolvimento. Deus
acrescentava dia após dia aqueles que seriam salvos. Todavia, boa parte deste crescimento devia-se
ao alto grau de comprometimento, comunhão e amor entre os irmãos que a formavam. Devemos tê-la
como um exemplo a ser seguindo ainda em nossos dias, unindo-nos mutuamente para pregar e
propagar o amor e as boas novas de Cristo.
Para Neumann “a comunhão bíblica acontece quando as pessoas relacionam-se de tal forma que
servem umas às outras, alegrando-se e chorando umas com as outras.” (Neumann, 1993, p. 30). Ele
reforça dizendo que as células são ideais para o cumprimento e alcance pleno deste propósito.
e) Quebrando paradigmas prejudiciais
Para Kivitz paradigmas podem ao mesmo temo “estabelecer limites e referencias de segurança e
transformar-se em bloqueios para projetos benéficos. (Kivitz, 1995, p.13). Assim sendo, podemos
dizer que ao mesmo tempo que paradigmas traçam limites de segurança, podem também
transformar-se em barreiras que retardam e bloqueiam o crescimento e o desenvolvimento.
Schwarz diz que “o maior obstáculo ao desenvolvimento estratégico da igreja são os bloqueios
teológicos profundamente arraigados” (Schwarz, 2001, p. 7). Para ele, um desenvolvimento integral
da igreja somente pode ser obtido através de mudanças ainda mais radicais que as da Reforma
Protestante. É preciso aplicar o que Paulo nos diz em Romanos 12, quando admoesta-nos a provar
uma renovação de mente.
Na busca de um crescimento pleno, verdadeiro e integral a igreja deve suplantar as barreiras e
bloqueios inerentes aos falsos paradigmas. Na visão de Kivitz a igreja deve espelhar-se na Igreja
Primitiva descrita em Atos, “saindo dos limites de culto-clero-domingo-templo” (Kivitz, 1995, p. 97). O
culto-clero-domingo-templo são estruturas que cumprem papel de importância para a vida cristã. Nem
por isso podemos dizer serem estes limites suficientes, pois não o são.
Já Schwarz apresenta dois outros paradigmas: o tecnocrático e o da espiritualização. O primeiro
valoriza extremamente a questão institucional, deixando totalmente de lado o espiritual. Já o segundo
enfatiza o espiritual, classificando como sendo totalmente sem importância a questão institucional.
Deve haver uma mudança de paradigmas, onde não haja mais a divisão entre tecnocratas e
espiritualizantes, mas sim uma visão bipolar onde os dois lados existam juntos em harmonia. Desta
forma o corpo estará crescendo e se desenvolvendo de uma forma integral e plenamente sadia.
f) A plantação de novas igrejas
Schwarz não qualifica a plantação de novas igrejas como uma marca inerentes às igrejas que
crescem. No entanto, ele diz que a plantação de novas igrejas é o resultado da existência destas
marcas, que identificam igrejas que crescem. Sendo assim, podemos dizer que na visão de Schwarz,
igrejas realmente sadias tendem a se reproduzir em outras igrejas, em um processo contínuo e
crescente.
Miranda, por sua vez, assevera que “A igreja não precisa somente de um crescimento em número de
pessoas, mas também em número de congregações ou igrejas novas” (Miranda, 1989, p. 181).
Partindo deste pressuposto ele diz que a vontade de Deus é que ocorra a plantação de novas igrejas
e não que a igreja cresça infinitamente sem expandir-se.
A expansão através da abertura de novas frentes é deverás importante. Primeiramente por
oportunizar o alcance de vidas que não tinham acesso à igreja sede. Em segundo lugar, por propiciar
a abertura de campo para que outros possam contribuir de forma mais efetiva e direta, para com a
obra do Senhor. Desta forma o crescimento será mais efetivo e integral em sua plenitude.
CAPÍTULO IV
CRESCENDO COM A BENÇÃO DE DEUS
O crescimento para ser integral deve ser abençoado por Deus. Sem a benção de Deus o crescimento
não é real, pois estará firmado unicamente no homem, que é fraco e pecador por natureza.
Quando Deus não encontra-se à frente, não há unidade, compromisso e envolvimento. Sem Deus
aquilo que o homem constrói é passageiro e inconsistente. No entanto, quando Deus assume a
direção, as portas se abrem, os propósitos são alcançados e o inimigo é plenamente derrotado.
a) Equilibrando entre qualidade, quantidade e estrutura
Pressupõe-se por crescimento integral um crescimento pleno em todas as áreas. De nada adianta
apresentar um crescimento numérico ou quantitativo, se o crescimento qualitativo estiver esquecido.
Da mesma forma de nada adianta utilizar-se do subterfúgio da qualidade para explicar a falta de
crescimento numérico. Não adianta também desenvolver o lado espiritual esquecendo-se de investir
ou aprimorar o institucional. É errado também valorizar o institucional ou organizacional esquecendo-
se de trabalhar o espiritual.
Segundo Aguilera “quando uma igreja é saudável, ela cresce em três formas: quantidade, qualidade e
estrutura”. (Aguilera, 1995, p. 65). Entende-se por qualidade o crescimento espiritual ou a maturidade
obtida pelos membros da igreja. Já por estrutura Aguilera identifica não somente a liderança da igreja,
mas também as instalações em si. Com relação à liderança ele diz que esta deve ser treinada e
capacitada para comportar e administrar o crescimento, já as instalações devem ser expandidas e
aprimoradas, de forma a comportar o crescimento numérico.
Keyes ao citar Tippet enfatiza que “Uma igreja precisa crescer em três dimensões: quantitativamente,
qualitativamente e organicamente. Deve haver um equilíbrio neste crescimento.” (Keyes, s/d, p. 4). O
próprio Tippet diz que “o crescimento quantitativo e o qualitativo devem caminhar juntos. “ (Tippet,
1970, p. 29)
O crescimento para ser integral deve ser em todos os sentidos. A igreja deve buscar crescer
numericamente, todavia, deve também propiciar o desenvolvimento da qualidade ou maturidade de
seus membros. Não se esquecendo também de desenvolver as estruturas eclesiologicas e
institucionais, de forma a apoiar o crescimento em questão.
b) O amadurecimento na fé, na espiritualidade e na vida cristã
Conforme vimos a pouco, crescer de forma qualitativa significa amadurecer espiritualmente. No
entanto, amadurecer não implica somente em crescer espiritualmente, mas também em fomentar e
buscar o crescimento na fé. Amadurecer significa também melhorar as relações na vida cristã,
buscando transformar a si mesmo e aos outros, através da prática do amor e da ação do Espírito
Santo.
c) Solidez e compromisso na Palavra de Deus
McGavran demonstra que “o crescimento da Igreja acontece sempre que existe fidelidade dos
cristãos em alcançar os perdidos” (McGavran, 2001, p. 29). Segundo sua forma de encarar o
crescimento de igreja, ele estabelece que “quem deseja entender o crescimento da Igreja precisa
encara-lo como fidelidade a Deus” (McGavran, 2001, p. 28). Assim sendo, a vontade de Deus é que a
igreja cresça e fomentar ou buscar este crescimento é ser fiel à vontade do próprio Deus.
Tanto Moore quanto Aguilera enfatizam que crescer deve ser visto como cumprir integralmente a
Grande Comissão. Crescer é então cumprir a Palavra de Deus no tocante à ordem de fazer
discípulos.
A igreja descrita em Atos dos Apóstolos era uma igreja que primava pelo cumprimento da Grande
Comissão, fazendo discípulos em todos os lugares. Por conta disto a Igreja Primitiva deve ser nosso
exemplo de crescimento, tendo como base a Grande Comissão e em especial o fazer discípulos.
Vejamos, por exemplo, o que nos declara Miranda “temos evidência escriturística de que a igreja do
primeiro século funcionava no estrito cumprimento da Grande Comissão” (Miranda, 1989, p. 17). O
cerne da Grande Comissão é o fazer discípulos, conduzindo vidas a Cristo.
CAPÍTULO V
CONCLUSÃO
Para concluir, gostaria de utilizar algumas palavras de Donald McGavran, onde ele diz que:
“Crescimento de igreja é muito mais do que a ampliação do rol de membros” (McGavran, 2001, p. 16).
Conforme vimos na introdução, um dos grandes problemas do crescimento de igreja reside na falta
de compreensão para com o assunto, tanto de pastores e lideres quanto de leigos cristãos.
Entrementes, ao estudarmos os fundamentos para o crescimento integral da igreja, procuramos
sintetizar idéias e pressupostos sobre o assunto em questão. Objetivamos em primeiro lugar
demonstrar que o que realmente importa são os princípios norteadores do crescimento e não o
modelo de crescimento. Em segundo lugar, procuramos despertar a compreensão de que para
crescer deve haver um envolvimento de todos, visando uma edificação mútua, harmoniosa e
conjunta. E em terceiro lugar passamos a verificar que para crescer de forma integral faz-se
necessária a benção de Deus, pois crescer integralmente consiste em cumprir a Palavra de Deus
seguindo Sua direção.
a) Nem sempre crescimento vêm de Deus
Pode haver crescimento sem que este seja realmente integral. Pressupõe aqui que crescimento
integral é aquele que vêm de Deus, sendo essencialmente equilibrado na Palavra de Deus e na
unção do Espírito. Quando dizemos que pode haver crescimento sem que este seja integral, estamos
dizendo que muitas vezes o crescimento é estribado unicamente no homem e suas idéias, isto tanto
no meio evangélico quanto fora dele.
Schwarz, por exemplo, assevera que não necessariamente igrejas grandes são sadias. Muitas das
megaigrejas pesquisadas por ele, encontravam-se enfermas em boa parte dos fatores de qualidade.
Estas igrejas crescem em número, no entanto trata-se de um crescimento sem qualidade e quase
nada efetivo. Da mesma forma que muitas pessoas entram através da conversão, muitos também
saem, pois não encontram um propósito ou diferencial que os faça ficar.
Warren, por sua vez mostra-nos que algumas igreja crescem apenas por transferências de membros
e não por novas conversões. A Grande Comissão não consiste em buscar crentes de outras igrejas,
mas em evangelizar, converter e discipular não crentes.
Já Oliveira procura mostrar que muitas seitas tem apresentado crescimento vertiginoso. Entretanto
não se trata de um crescimento integral, pois contraria a Palavra e até mesmo a essência do
cristianismo: morte e ressurreição de Cristo. Vejamos o que ele nos diz sobre o crescimento de
algumas destas seitas: “O Espiritismo é, sem dúvida, uma das heresias que mais cresce no mundo
hoje.” (Oliveira, 1998, p. 39); “As Testemunhas de Jeová formam uma das seitas que mais crescem
atualmente.” (Oliveira, 1998, p. 79); “A Congregação Cristã no Brasil, durante anos esteve entre as
igrejas que mais crescem no Brasil.” (Oliveira, 1998, p. 141).
Podemos então concluir que pode haver crescimento sem que este seja de Deus e sem que este seja
integral. O crescimento só pode ser visto como integral, aos olhos da Palavra de Deus, quando é
estribado nos princípios bíblico norteadores da vida cristã.
b) Crescer deve ser desenvolver
Crescimento não pode ser visto somente como quantitativo ou numérico. Crescer é em primeiro lugar
desenvolver o caráter cristão, através de uma renovação de mente e de uma santificação diária,
buscando aproximar-se de Deus. Em segundo lugar crescer é desenvolver a prática do amor fraternal
para com o próximo, onde ocorra a edificação e ajuda mútua.
Podemos também dizer que crescer ;e desenvolver as estruturas eclesiásticas. Fomentando o
treinamento, a capacitação e o envolvimento de todos, mas também aprimorando a qualidade das
estruturas físicas.
c) A palavra deve ser a base para um crescimento integral
Conforme nos diz a carta de Tiago, a Palavra de Deus não deve ser somente ouvida ou lida. Ela deve
principalmente ser vivenciada e praticada, como um testemunho vivo da ação de Cristo no viver
humano.
O princípio reformado de Sola Sciptura afirma-nos que “As Escrituras Sagradas constituem-se numa
regra completa de fé e prática” (Anglada, 1998, p. 73). A Palavra de Deus é a única regra infalível de
fé e prática, esta é a síntese do princípio de Sola Scriptura. As autoridades e tradição são falíveis e
até mesmo passageiras, no entanto a Palavra de Deus é infalível e eterna em sua totalidade.
A Palavra deve ser a base ou o parâmetro para o viver do homem de Deus. Ela deve ser vista como
norteadora do caráter cristão de modo geral.
Sem a Palavra de Deus não pode haver crescimento integral. Vimos que o crescimento para ser
integral deve ser abençoado e dirigido por Deus. Todavia, em se ignorando, reduzindo ou deturpando
a Palavra de Deus pode até haver crescimento, no entanto este nunca será integral. Conquanto
somente Deus, Pai e Criador, pode trabalhar o homem em sua integralidade.
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Warren, Rick. (1998). Uma Igreja Com Propósitos.
São Paulo: Editora Vida.
ANEXOS
ENTREVISTA
José Miguel Mendoza Aguilera nasceu no Chile, na cidade de Lota. É bacharel em Teologia
pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo. É Mestre em Ciências da religião pelo Instituto
Metodista de Ensino Superior – SBC/SP. Cursou Especialização em Estudos Brasileiros na
Universidade Mackenzie. Segundo informações obtidas, é mestrando em Educação Cristã pela
Faculdade Teológica Batista de Brasília.
Pastoreou a Igreja Batista no Jardim do Lago e a Igreja Batista em jardim Rodolfo Pirani, das quais foi
fundador. Também pastoreou a Igreja Batista Novas da Paz, Igreja Batista em Parque Capuava e a 1
a
Igreja Batista em Jaboticabal – SP. Atualmente Aguilera faz parte da equipe pastoral da 1
a
Igreja
Batista de Campo Grande-MS, onde vem atuando no Ministério de Ensino e Capacitação Cristã.
É casado com Roseli Kiselar Aguilera e tem três filhas: Tabitha Raisa, Maressa Rachel e Hadassa
Nathaly.
Escritor do livro “Dinamizando a Igreja Para Cumprir a Grande Comissão”. Trata-se de um
pastor de idéias inovadoras e contundentes.
1) Em termos de igreja, o que é crescer para você? Qual sua visão de crescimento?
Muitas das perguntas sobre crescimento de igreja devem ser respondidas a luz de uma definição:
Entendo que “crescimento de igreja” esta relacionada ao crescimento numérico e de maturidade. É
impossível mensurar este crescimento, pois os números nos podem enganar e em termos de
maturidade não temos nenhum “medidor” confiável, talvez algumas marcas. Assim o crescimento da
igreja vive em um constante dialogo “quantidade vs. Qualidade. Um sozinho não é crescimento. É
como uma nota de moeda se faltar um dois lados perde o seu valor. O crescimento da igreja deve ser
dinâmico, integral e saudável. Em termos numéricos podemos saber quanto uma igreja cresceu mas
em termos de qualidade cabe a cada comunidade “visualizar” com objetivo o “cristão ideal” e nesta
tipologia poderá viabilizar aproximadamente como esta a qualidade
2) Como você vê a contraposição atual entre princípios de crescimento e modelos de crescimento?
Não há contraposição de princípios e modelos, se a definição acima (questão 01) é considerada.
Evidente que os meios não justificam os fins. Mas quando temos o “tipo ideal de cristão “declarado
pela comunidade local e somente para esta veremos que princípios e modelos não estão em
oposição mas em justaposição
3) Para a obtenção de um crescimento sólido, integral e sadio qual seria o papel do pastor e lideres
da igreja?
Entendo que o pastor pelo seu oficio deve ser um treinador e “ensinador”. A luz de Efésios 4:1-13ss
tenho que todo pastor é um Mestre. O problema moderno está em que as igrejas pensam que todo
cristão que tem um pouco de desenvoltura, um bom domínio na pregação e desenvolvimento pessoal
este deve ser “consagrado pastor”, mesmo que seja incapaz de treinar e preparar lideres. Este neo-
pastor se torna centralizador. Por isso o pastor-mestre-treinador é peça fundamental para o
crescimento da igreja e assim deve ser um homem de visão, descentralizador, treinador, que treina os
seus líderes para a obra do ministério e todos treinam a igreja. Um pastor que não se atualiza nas
estratégias verá a sua igreja penar. O lidere devem ser: Fiel, Disponível e Ensinavél
4) Em que os dons e os ministérios podem contribuir para o crescimento da igreja?
A igreja moderna precisa entender (e graças a Deus está começando embora muito incipiente) que os
líderes devem ser colocados de acordo aos seus dons. O Corpo de Cristo biblicamente é apresentado
funcionando nas bases dos dons e não a base da eleição. Cabe ao pastor-treinador entender que
Deus deu para a Igreja “homens-dons” para que esta se auxilie mutuamente. É muito triste e
vergonhoso ver algumas igrejas todo fim do ano criando comissões para indicar e correra atrás de
pessoas para ocuparem determinados “cargos”. Dificilmente é questionado se existem os “dons” na
igreja para estabelecer determinado ministério ou cargo ( particularmente rejeito a nomenclatura
“cargo” dá a idéia de peso, de obrigação de “status”. Ministério da a visão bíblica de serviço).
Algumas igrejas criam “os cargos” porque a denominação ou outra igreja tem. O ministério dever ser
criado havendo o dom. Quando se trabalha nesta filosofia, o crescimento é genuíno e mais fácil de
acontecer. Oferecer as pessoas a possibilidade de sentirem-se útil no ministério, pois edificam de
acordo as suas ferramentas dadas por Deus, o crescimento virá sem grande “eventos” ou até meio
ilícitos
5) O estabelecimento ou não de propósitos pode influenciar no crescimento da igreja? Por que?
Toda a igreja deve ter os seus propósitos definidos. Nem todas conseguem declarar este propósito.
Quando centralizamos nossas atividades dentro de um alvo e desenvolvemos estratégia com destino
a este objetivo o crescimento-integral-saudável virá com maior rapidez. A liderança da igreja deve
ser inteligente em saber levar o seu povo a um objetivo
6) Hoje esta muito em voga o assunto dos grupos familiares ou células. Para você existe alguma
relação entre eles e o crescimento?
Atualmente faço parte de uma igreja que está em transição para uma igreja em células. Eu
particularmente estou vendo esta maneira de ser da igreja como uma resposta ao homem pós-
moderno. A maioria dos problemas não são gerados pelo “modelo” que é usado mas na forma que
este sistema é implantado. Atualmente estamos no terceiro ano em células. Vivemos na 3
a
. etapa do
processo (criado segundo o nosso contexto) e recém sentimos que estamos na metade do processo.
A forma de implantar deve ser feito com sabedoria e inteligência. Somente assim haverá um
crescimento integral
7) Vínculos de relacionamento e comunhão são importantes para um crescimento integral?
Sim. Por isso muitas igrejas estão crescendo até rapidamente. Usaram o sistema celular com um
método, como uma ferramenta, como um meio e não como um fim. Células trabalha com
relacionamentos e comunhão mas não é o fim mas o meio para alcançar outro objetivo MAIOR ainda
8) Como você vê a dualismo atual entre qualidadeXquantidade e estruturaXespiritualidade, no
crescimento da igreja?
Nas perguntas 1 a 4 já falei alguma coisa. Qualidade e quantidade são faces da mesma moeda =
crescimento integral-dinâmico-saudável. A estrutura deve facilitar o crescimento integral da igreja e
não emperrar. A estrutura está a serviço da igreja. Neste ponto surge a necessidade de organizar
uma igreja de acordo aos dons existentes na mesma, desta forma, ela desenvolvera uma
espiritualidade bíblica e sadia. Entendo que a igreja terá o seu crescimento espiritual se esta criar
uma filosofia de ministério na qual considere os dons ministeriais dado a igreja.
9) Alguns acham que se esta crescendo, a benção do Senhor esta ali. Será que todo crescimento
vem de Deus?
Não. Claro que não. Mas também não podemos dizer que a falta de um crescimento numérico seja a
marca de um crescimento qualitativo. A afirmação que muitos fazem que estão mais preocupados
como a qualidade e não com números, nada mais é uma mera desculpa para conservar um modelo
de igreja tipo “gueto”. Uma igreja sadia ela deve, ou melhor, TEM que crescer, senão esta doente.
Em Atos 2:41 temos um acréscimo de um grande numero de cristãos a igreja em Jerusalém. Mesmo
não sabendo o tempo que vai de um versículo a outro. Este texto aponta que embora grande a
comunidade tinha estratégias para manter uma comunhão
10) Segundo alguns autores existem paradigmas nas igrejas que prejudicam o crescimento. Qual
seria seu ponto de vista sobre a questão?
Fala-se muito em paradigmas, quebrar paradigmas. Mas um paradigma leva muito tempo para se
estabelecer como tal. O que hoje esta sendo quebrado não são paradigmas, creio eu, o que está
sendo usado hoje são novas maneiras de fazer ou de atuação no mundo. Estes ainda não são novos
paradigmas, mas podem chegar a ser. O que se quebrou são idéias, ou preconceitos. Estas idéias ou
preconceitos são bloqueadores do crescimento integral dinâmico e saudável
11) A seu ver qual seria a base fundamental para a obtenção de um
crescimento integral?
Entendo que toda estratégia ou base para um crescimento deve ter como fundamento a bíblia. Mas
entendo que a “base fundamental” em termos verticais deve ser “preocupação pela necessidade do
ouvinte” ou do ser humano. Significa responder as questões que a sociedade ou ser humano deseja
ter resposta. O homem pós-moderno tem uma visão diferente do ser humano. Mas nós continuamos
com resposta para o homem moderno. Algumas igrejas estão respondendo às questões que ninguém
está perguntando. Às igrejas que respondem a estas questões “pós-modernas” crescem e aquelas
que não crescem “julgam” suas irmãs apontando desvio da “sã doutrina”
12) Como você classificaria o crescimento da Igreja Primitiva, descrita no livro de Atos?
O livro de Atos é um livro “perigoso”. Alguns querem viver o livro de Atos hoje, isso é uma visão
anacrônica da história. Outro grupo aponta o livro de Atos como um livro histórico, com informações
do crescimento da igreja. Dois extremos perigosos. O equilíbrio está no meio como diria um filosofo
grego. Para mim o crescimento do livro de Atos é “modelo ideal” e o chamo de crescimento
“dinâmico-saudável-integral”. Atos aponta para hoje que é possível crescer com qualidade e
quantidade. A igreja atendia as necessidades do momento e crescia. O modelo de igreja de Atos
está relacionada no fato de que ela estava inserida na realidade. A igreja brasileira precisa ver isto no
livro de Atos: é possível crescer desde que a igreja conheça e responda ao homem da sua época. Os
milagres, as intervenções divinas poderão surgir neste crescimento mas não é o foco principal.
13) Como a Palavra de Deus poderia influenciar o crescimento da igreja?
Nas duas ultimas respostas apresentei a idéia de crescimento a partir da necessidade do ser
humano. A Bíblia responde ao ser humano naquilo que ele procura. A Bíblia não é simplesmente um
recipiente de doutrina correta. Embora ela mostre um sistema doutrinário. A bíblia quer tratar o
homem no seu todo. Quando apresentamos Deus para o ser humano devemos apresenta-lo como
Ele preocupado e tratando o homem na sua totalidade. Estamos secularizados a tal ponto que
quando pessoas nos procuram com os seus problemas, apontamos e oferecemos uma série de
cartões de: médicos, advogados, pessoas influentes que podem ajudar, etc. Não sou contra isto e
deve ser feito. Mas dificilmente apresentamos o Deus que cuida do homem integral. A Bíblia como
Palavra de Deus apresenta um Deus que age a favor do homem. Isto está provado na cruz. Se
tivéssemos esta visão de Deus que creio ser bíblica, o crescimento virá como conseqüência desta
visão. A Bíblia influencia no crescimento desde que descubramos o Deus que age no nosso favor.

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  • 1. CURSO MESTRADO EM TEOLOGIA DISCIPLINA: O CRESCIMENTO DA IGREJA
  • 2. O CRESCIMENTO DA IGREJA 1. O desafio do crescimento da Igreja O crescimento da igreja é o resultado do Evangelho sendo pregado com genuinidade e santidade, pessoas são salvas por Jesus, vidas são transformadas, igrejas são plantadas. Paulo disse aos crentes de Colossos que o Evangelho “em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo” (Cl 1.6). O conceito bíblico de crescimento é amplo, e quando diz respeito a Igreja, quer dizer: desenvolvimento, aperfeiçoamento. No NT o crescimento da Igreja é identificado como “corpo”. Um corpo saudável cresce, da mesma forma a Igreja se tiver vida: cresce. Aí duas perguntas são levantadas: 1.1- Em que áreas se deve crescer? Paulo fala em Efésios 4.15, que os crentes devem crescer “em tudo”. Em Colossenses fala em crescer no “pleno conhecimento de Deus” (Cl 1.10) e em “ações de graça” (Cl 2.7). Em 1 Tessalonicenses da importância de crescer no amor de uns para com os outros (3.12). Em sua segunda epístola o apóstolo Pedro exorta os cristãos a crescerem “na graça e no conhecimento” do Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3.18). Generalizando, pode-se dizer que os cristãos devem crescer, progredir ou amadurecer em quatro áreas principais: adoração (devoção, culto), comunhão (amor, companheirismo), testemunho (evangelização, discipulado) e serviço (diaconia, solidariedade). 1.2 Como alcançar o verdadeiro crescimento? Para haver verdadeiro crescimento ocorra, existem certas condições apontadas pelos textos bíblicos. (a) O crescimento deve vir de Deus, não do mero esforço, diligência ou criatividade humana. Daí, oração, fidelidade às Escrituras. Crítica ao movimento do “crescimento da igreja”. (b) O crescimento exige submissão e obediência à Cabeça do corpo, Cristo. Ef 4.15b: “... cresçamos em tudo naquele que é o Cabeça, Cristo.” O crescimento deve ser cristocêntrico, não antropocêntrico. (c) O crescimento requer profunda união e coordenação entre os membros (Cl 2.19: “juntas e ligamentos”). Ef 4.16: “... de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado, pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento...” (d) O crescimento implica numa correta associação de verdade e amor: “... seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo... para a edificação de si mesmo em amor” (Ef 4.15a,16b). A igreja primitiva cresceu rapidamente porque os crentes, cheios do Espírito Santo, evangelizavam todo o tempo (At 5.42; 8.4). Como resultado viu-se o vertiginoso crescimento registrado no livro de
  • 3. Atos dos Apóstolos. A proclamação da Palavra de Deus promove o crescimento e a edificação da igreja. (At 2.41,47; 4.4; 5.14; 9.31, 21.20). 2. O líder e o crescimento da Igreja Tudo começa com o líder. Diz Barna: “nunca vi Deus dar uma visão para comissões!” 1 . Assim como em cada sermão se toma uma parte das Escrituras para ser explicado, o líder precisa também tomar a visão de Jesus, esclarecê-la e torná-la alcançável para a igreja local, ou para uma região. Ao esclarecer a situação que uma igreja se encontra (diagnóstico) e apresentar para ela o que ela poderia alcançar em um tempo e espaço determinado (visão), os métodos e ações se submetem à esta visão. Já não estamos sujeitos aos modismos metodológicos, nem ao ativismos vazio, mas à utilização coordenada de métodos e ações úteis para alcançar aquela visão. Não se pode subestimar a influência de um líder, pois o mesmo procura conduzir pessoas, motivando, influenciando as pessoas para voluntariamente contribuam para atingir os objetivos propostos do grupo. O estilo de liderança cristã reflete os princípios bíblicos de lidar e considerar as pessoas, bem como os motivos, ou as razões que norteiam a liderança devem ser fundamentadas nas qualidades bíblicas. 2.1 A necessidade de uma liderança espiritual A natureza espiritual da igreja necessita de uma liderança que esteja além dos limites do que é puramente humano que esteja disposto a pagar o preço. Líderes espirituais não são constituídos por eleição ou mesmo por instituições eclesiásticas, eles são forjados por Deus. Sobre este tipo de liderança diz J. Oswald Sanders “a maior necessidade da igreja, para que cumpra suas obrigações para com a presente geração, é uma liderança espiritual, sacrificial, plena de autoridade vinda do alto. Plena de autoridade porque as pessoas gostam de ser lideradas por alguém que sabe aonde vai, e que inspira confiança. Elas seguem quase sem questionar o líder que se mostra sábio e forte, que age conforme com sua fé. Espiritual, porque uma liderança carnal, que pode ser explicada em termos do natural, embora possa ser atraente e competente, resultará, contudo, apenas em esterilidade, e em bancarrota moral e espiritual. Sacrificial, porque foi modelada segundo a vida daquele que se deu a si mesmo em sacrifício pelo mundo todo, dando-nos um exemplo, para que seguíssemos seus passos 2 .” Russel Shedd diz que “Um líder convence outras pessoas a segui-lo porque tem respostas e soluções. Ele sabe o caminho a seguir ou, pelo menos, convence seus seguidores de que é 1 George Barna. O Poder da Visão, p35 2 Liderança Espiritual, pág. 8
  • 4. competente. Pouca ou nenhuma vantagem pode ser obtida pela elevação de alguém a uma posição de autoridade, se essa pessoa é nitidamente incapaz de convencer o grupo de que pode resolver seus problemas. 3 ” 2.2 Definindo Liderança Liderança pode ser definida como influência, ou seja, a habilidade de influenciar a outros. Alguém só pode se considerar líder à medida que influencia outras pessoas a segui-lo. “O líder de igreja eficiente é aquele que tem provado que sabe como trabalhar arduamente. Ele tem calosidade nas mãos e aprendeu a disciplina do trabalho árduo e produtivo 4 .” O general chinês destaca que “há três tipos de pessoas no mundo: aquelas que não se mexem, as que são movíveis e as que movem os outros” 5 . O presidente dos Estados Unidos Harry Trumam definia o líder como alguém que tem “a habilidade de fazer com que os outros façam o que não queiram fazer e gostem de fazê-lo. 6 ” 2.3 Liderança positiva e negativa A liderança é a capacidade e o desejo de unir homens e mulheres num mesmo propósito. Na definição do almirante Nimitz líder é aquele que “inspira suficiente confiança a seus subordinados de modo a aceitarem suas idéias e obedecerem seu comando 7 ”. O líder estudantil John R. Mott disse que o líder “é o homem que conhece o caminho e sabe-se manter a frente, trazendo os outros após si.” Para Arthur Schlesinger Jr liderança é “a capacidade de persuadir, inspirar e mobilizar multidões. 8 ” Já Gardner define liderança como “o processo de persuasão e exemplo pelo qual uma pessoa(ou equipe de líderes) induz um grupo a agir de acordo com os propósitos comuns a todos. 9 ” 2.3.1 Cracterísticas da liderança negativa 3 Russel Shedd – O líder que Deus usa – pág.8 4 Cajado do Pastor – seção A1, pág. 5 5 Liderança Espiritual, pág. 20 6 I Liderança Espiritual, pág. 21 7 Liderança Espiritual, pág.20 8 Redescobrindo a alma da liderança pág. 118 9 Redescobrindo a alma da liderança pág. 119
  • 5. As Escrituras e a história da igreja estão repletas de exemplos de pessoas que exerceram liderança positiva, bem como, possui inúmeros exemplos daqueles que exerceram liderança negativa procurando fazer o povo de Deus se desviar do caminho. • Egoísmo Quando o líder se preocupa mais com o seu conforto do que com as necessidades do rebanho de Deus. A prioridade máxima do líder deve ser a de cuidar do rebanho e não de si mesmo. Cristo diz que o bom pastor “dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10.11). • Negligência Quando o líder não se preocupa com o rebanho, não se envolve com ele. Sendo que o que Deus deseja é que o líder trate das ovelhas fracas, cuide das doentes, cure suas feridas, busque a desgarrada e resgate a perdida. “Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus rebanhos” (Pv 27.23). • Brutalidade “A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza” (Ez 34.4). • Incapacidade de agregar Uma liderança negativa pode afetar o rebanho, quando o líder negligencia o seu grupo, o mesmo freqüentemente se dispersa, o que também traz conseqüências amargas para o líder “Assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu estou contra os pastores e deles demandarei as minhas ovelhas; porei termo no seu pastoreio, e não se apascentarão mais a si mesmos; livrarei as minhas ovelhas da sua boca, para que já não lhes sirvam de pasto” (Ez 34.10). b) Características do líder positivo A liderança exige acima de tudo confiança. Um grupo somente crerá em um líder que deu mostras de visão e propósito, dando razões ao grupo para confiar, e a confiança está estritamente ligada ao caráter. 2.2.3 - Características da Liderança Espiritual • Santidade
  • 6. A santidade é um quesito fundamental na vida de um líder cristão mais do que nunca, pois até mesmo no mundo religioso nunca se observou tamanha insegurança. As profecias bíblicas que apontam apostasia e indiferença para com os crentes professos cumprem-se cabalmente em nossos dias, entretanto, daqueles que permanecem firme em seu propósito de servir ao Mestre e a sua igreja. E esta santidade consiste em fundamentalmente separação do mundo. A postura do líder cristão de inimizade para com o mundo gera conflitos "Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu. Mas como não sois do mundo, antes, dele vos escolhi, é por isso que o mundo vos odeia" (Jo 15:19). E esta vida de santidade representa o afastamento dos prazeres do mundo (Hb 9.24-26), das alianças sociais e comerciais do mundo (2 Co 6.14-18). • Unção do Espírito Santo Ser cheio do Espírito de Deus era requisito básico para a eleição de um diácono na igreja primitiva (At 6.3). É o poder do Espírito Santo que enche o líder de ousadia, impregna no coração do líder paixão pelas almas. Diz Hernandes Dias Lopes: ”No Pentecoste, o Espírito desceu sobre os discípulos em chamas como de fogo. Deus é fogo consumidor. O trono de Deus é fogo. A Palavra de Deus é fogo. Ele faz dos seus ministros labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo. Sempre foi desejo de Jesus lançar fogo sobre a terra: "Eu vim para lançar fogo sobre a terra e bem quisera que já estivesse a arder" (Lc 12.49).” • Sabedoria No homem nem sempre conhecimento e sabedoria estão juntos. Um analfabeto pode ser mais sábio que um erudito. O conhecimento é adquirido por estudo, ao passo que a sabedoria é resultado de uma compreensão intuitiva das coisas. Ambos no homem são imperfeitos, mas em Deus são perfeitamente absolutos. Os homens alcançam o conhecimento por meio do estudo, à sabedoria é intuitiva. “Normalmente a sabedoria usa o conhecimento para servir a alguns propósitos determinados. O conhecimento é o entendimento das regras gerais, enquanto a sabedoria é o extrair conclusões gerais de regras particulares para um propósito definido. A sabedoria é o conhecimento intuitivo aplicado.” O líder sábio é equilibrado e o livra das extravagâncias. O conhecimento pode ser adquirido através de estudos, porém, ao ser cheio do Espírito de Deus o líder é cheio de sabedoria. • Fé As Escrituras ensinam que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6). Os líderes do AT e do NT viam o decurso da história sob o prisma da fé num Deus soberano sobre tudo e sobre todos, cuja providência abrange todas as coisas, não viam como os historiadores de hoje de um prisma
  • 7. puramente secular. Da mesma forma hoje um líder de fé ultrapassa obstáculos que os líderes que não entendem o campo da fé não ultrapassam. Líderes de fé surgem no vácuo daqueles que fracassaram exatamente por lhes faltar fé para vencer barreiras. Muitas igrejas fracassam porque os seus líderes deixaram de crer e tornaram-se mestres em narrar desgraças ao invés de olharem com os olhos da fé as crises como oportunidades de crescimento. Um grande desafio para a liderança eclesiástica é o viver por fé, o que é marcado pela fé na providência, que produz convicção inabalável de que Deus é o Senhor de tudo e Senhor da igreja. • Amor Diz Russel Shedd que “Uma liderança sem amor é como um corpo sem o coração. Morta e sem sentido, ela promove vaidade, em vez de maturidade cristã” 10 . James C. Hunter diz em seu livro “O monge e o executivo que: "Liderança não é estilo, liderança é essência, isto é, caráter. Liderança e o amor são questões ligadas ao caráter. Paciência, bondade, humildade, abnegação, respeito, generosidade, honestidade, compromisso. Estas são as qualidades construtoras do caráter, são os hábitos que precisamos desenvolver e amadurecer se quisermos nos tornar líderes de sucesso, que vencem no teste do tempo". • Serviço O ideal de Cristo para o seu povo é o de uma comunidade servindo-se mutuamente 11 . “Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45). O apóstolo Paulo dizia: “sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gl 5.13). O serviço do crente deve ser estendido ao mundo necessitado, infelizmente na cristandade hodierna são poucos aqueles que querem servir a muitos. Shedd lembra que “A mãe de Tiago e João esperava por posições maiores de liderança para seus filhos no reino que Jesus planejava inaugurar. Não somente os filhos de Zebedeu creram que o poder e a felicidade fossem sinônimos, mas também, os outros dez discípulos tornaram-se ressentidos quando eles perceberam que as duas maiores posições na organização tinham sido solicitadas. Eles também estavam tão animados quanto Tiago e João para alcançar a autoridade e o poder no Reino. Jesus, porém, comparou o conceito mundano de "grandeza" a sua própria definição” 12 . Cristo rejeitou todos os conceitos mundanos de liderança: “Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Mas entre vós não é assim; pelo 10 O líder que Deus usa, pág. 24 11 Serviço mútuo, uns aos outros. 12 O líder que Deus usa, pág. 27
  • 8. contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos” (Mc 10.42-44). Cristo ensina que há um preço caro a ser pago por uma liderança marcante “Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu bebo ou receber o batismo com que eu sou batizado?” (Mc 10.38), o que se pode aprender também é que só se alcança a excelência na liderança mediante o espírito de servo, ou seja, somente se exerce o primeiro lugar quando tornar-se servo de todos. Quando se fala em “espírito de servo” não se tem em vista meros atos de serviço, pois muitas vezes tais atos são praticados por motivações errôneas. a.3) Características práticas do líder positivo • Visão Ninguém vai além de sua visão. Ninguém seguirá alguém que não sabe como fazer e nem aonde vai. Visão sem paixão faz do líder apenas um visionário, paixão sem visão torna o líder num fanático. A visão se constitui em previsão, ou a visão de coisas e pessoas e visão interna, visão realista de si mesmo. Em outras palavras, visão é saber discernir o que vem pela frente. O líder responsável sempre olhará para frente, para tentar saber como suas decisões irão repercutir não apenas as pessoas hoje, mas também as gerações vindouras. Russel Sheed chama a atenção “O homem que Deus usa necessita ter uma visão do alvo e dos objetivos finais da organização. Ele precisa, em oração, olhar para o futuro com sua imaginação e perceber o propósito central que trouxe a igreja ou o grupo à existência. Ele vê claramente o final para o qual ela existe. Cada investimento em tempo, em dinheiro, em pessoas e em sacrifício necessitam mover na direção daquele objetivo” 13 . O gerenciamento eficiente sem a liderança eficiente é, como um autor escreveu, "como arrumar cadeiras do convés no Titanic". “Olhos que olham são comuns, olhos que vêem são raros 14 .” Sanders diz que visão inclui otimismo e esperança. “Jamais um pessimista tornou-se líder. O pessimista vê uma dificuldade em cada oportunidade. O pessimista, sempre vendo dificuldades antes das possibilidades tende a refrear o homem de visão que deseja deslanchar. 15 ” • Disciplina 13 O líder que Deus usa, pág.36 14 Oswald Sanders – Liderança Espiritual, pág. 49 15 Liderança Espiritual, pág.50
  • 9. Somente a pessoa disciplinada tem condições de atingir os patamares mais altos, pois é alguém que aprendeu a dominar-se a si mesmo. O verdadeiro líder é quem aprendeu a submeter-se de bom grado, aprendendo a obedecer. Quem se rebela contra a autoridade, raramente estará qualificado para exercer uma liderança de primeira linha. Muitos que abandonam o ministério não o fazem porque lhes faltaram dons espirituais, mas porque certamente certas áreas de suas vidas não foram entregues ao Espírito Santo. O líder cheio da unção do Espírito Santo jamais recua diante das dificuldades, tampouco, de pessoas problemáticas, antes com serenidade e equilíbrio aplicará disciplina bondosa quando os interesses do Reino exigem. • Autoridade A autoridade exercida pelos líderes da igreja é autoridade delegada pelo próprio Senhor Jesus: “Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 10.1). “Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente, vos causará dano” (Lc 10.19). Na acepção bíblica, o pastor é alguém que está disposto a dar a sua vida pelas ovelhas, totalmente dedicado a proteger, servir e alimentar o rebanho de Deus. Não apenas alguém encarregado de governar, mas alguém que se importa, cuida e ama. “O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). Quando um pastor ou obreiro recebe a responsabilidade por uma congregação de crentes, ele recebe autoridade para alimentar, visitar, defender, proteger, cuidar e disciplinar as ovelhas de Deus com amor. Assim, os líderes figuram como representantes de Deus, como embaixadores de Cristo (2 Co 5.20). Entretanto, aqueles que receberam a autoridade delegada devem agir nas diversas situações como Cristo estivesse presente pessoalmente. • Decisão Uma das mais acentuadas qualidades da liderança é a capacidade de decisão firme e rápida. Quando o líder possui uma visão ele precisa fazer algo para que a visão se transforme em ação. Quando o líder cristão está convicto da vontade de Deus ele sem se importar com as conseqüências perseguirá o seu ideal sem queimar etapas. Moisés esteve apto para a liderança somente quando avaliou os custos de abandonar o fausto da corte do Egito para identificar-se com o povo de Deus em seus sofrimentos (Hb 11.24-27). Todos os heróis da fé listados em Hebreus 11 foram homens de decisão. O líder precisa resistir a tentação de adiar a resolução de problemas, porque uma decisão precipitada é melhor que nenhuma. Na maior parte das decisões a questão de ordem não é tanto o que se deverá fazer, mas, estar preparado para enfrentar as conseqüências. • Valores
  • 10. O grupo para ter sua estima elevada precisa ser liderado por um homem que tenha valores definidos. Paulo é um exemplo disso, para ele a liberdade era incomparavelmente melhor que a escravidão. Por isso, o apóstolo dos gentios proclamou vigorosamente a verdade da liberdade em Cristo aos crentes da Galácia (Gl 5.1-13). Para Paulo quando se perde a liberdade se perde tudo, pois, a escravidão dos elementos do mundo não se compara ao caminho da liberdade do Espírito Santo (Gl 4.8,9). Os pastores e os líderes devem constantemente ensinar os valores cristãos que torna o crente diferente do mundo. O líder cristão precisa estar sempre reafirmando os valores que configuram a identidade do cristianismo. O guia competente quando sabe o caminho, dá tanta segurança ao grupo que faz com que a estrada certa pareça a mais natural e a melhor. “Jesus convidou homens a segui-lo, contudo, não, cega ou ignorantemente. Os discípulos teriam que negar a si próprios, tomar sua cruz diariamente e seguir cuidadosamente nos passos de Jesus (Lc 9.23). O valor que os seus seguidores ganhariam, contudo, seria inquestionavelmente digno disso. Eles salvariam suas "vidas" (v. 24). Um bom líder necessita saber pelo que se é digno de viver ou de morrer. É por isso que Jesus convidou os cansados e os oprimidos para aceitar o seu jugo (Mt 11.28). Jesus modelou os valores centrais do Reino através de seu estilo de vida e de atitudes. Ele ainda chama líderes para "aprender dele" (v. 29) 16 ”. a.4) Ações que fazem a liderança eficaz • Administração Diz Russel Shedd que “um homem que Deus usa necessita organizar e administrar as atividades e ações de Deus na Terra. Ele precisa decidir o que será feito, e a seqüência de ações; ele planeja os acontecimentos, dando prioridade ao que é necessário. Empurra os eventos e as atividades desnecessárias para a periferia. O bom líder gasta pouco tempo apagando incêndios que irrompem na organização. Ele se esforça muito mais no ensejo de tomar decisões que previnam as tensões e os conflitos, do que nos problemas embrionários que poderão provocar incêndios” 17 . O líder eficaz possui habilidade administrativa, sabendo quando começar, quais os passos a serem tomados e como atingir os objetivos propostos. Diz Eugene Habecker presidente da Sociedade Bíblica Americana que “processos e estruturas organizacionais precisam ser regularmente avaliados 18 .” Gardner identificou seis características dos líderes-administradores: a) São pensadores a longo prazo; 16 O líder que Deus usa, pág.37 17 O líder que Deus usa, pág.40 18 Redescobrindo a alma da liderança, pág.111
  • 11. b) Enxergam além do ponto para o qual caminham e compreendem sua relação com a organização como um todo; c) Atingem e influenciam além de sua jurisdição e limite; d) Dão grande ênfase as características intangéveis da visão, dos valores e da motivação, e compreendem intuitivamente os elementos não-racionais e inconscientes da interação entre o líder e os discípulos; e) Tem a capacidade política de enfrentar as exigências conflitantes dos vários envolvidos f) Pensam sob o aspecto da renovação 19 . Dizem alguns que um bom líder revela-se após sua morte ou saída do campo. Ele preparou outros líderes? Enquanto liderou liberou a igreja para trabalhar? Liderar não é simplesmente mandar. Biblicamente, liderar é: capacitar; liberar os discípulos para que estes trabalhem; supervisionar os resultados e refinar o ensino motivador (Lc 10.1-20). Líderes lideram ao mesmo tempo em que liberam. • Coragem 20 A coragem é atributo indispensavel do líder eficaz. O Apóstolo Paulo experimentou situações de risco maximo, algumas vezes sentindo temor (1 Co 2.3; 2 Co 7.5). Embora o medo não fosse um sentimento agradável, Paulo não o evitou para cumprir o ministério que recebeu de Deus (At 20.24). Não importa se o líder sentir medo, a exortação de Deus é para que tenha bom ânimo (Js 1.9). Os discipulos de Cristo estavam acovardados, reunidos a portas fechadas com medo dos judeus (Jo 20.19), mas ao serem cheios do Espírito Santo proclamaram a mensagem salvadora de Cristo com intrepidez (At 4.13). Quando o líder é guiado pelo Espírito de Deus, ele é domindo não pelo “espírito de covardia” mas de poder (2 Tm 1.7). A história da Igreja é um testemunho eloquente de que a coragem do líder é demonstrada quando o mesmo está disposto a enfrentrar condições e fatos desagradáveis, e agir com firmeza diante destas circunstâncias desfavoráveis. Outros podem recuar, mas nunca o líder. Grande parte dos líderes da igreja encontraram morte violenta porém corajosamente deram testemunho de su fé. Como disse Tertuliano de Cartágo “o sangue dos martires é a semente da igreja.” 19 Citado em Redescobrindo a alma da liderança, pág.120 20 Coragem é a habilidade de confrontar o medo, a dor, o perigo, a incerteza ou a intimidação. Pode ser dividida em física e moral. O homem sem medo motiva-se a ir mais além. Enfrenta os desafios com confiança e não se preocupa com ior. O medo pode ser constante, mas o impulso o leva adiante. Coragem é a confiança que o homem tem em momentos de temor ou situações difíceis, é o que faz viver lutando e enfrentando os problemas e as barreiras que colocam medo, é a força positiva para combater momentos tenebrosos da vida.
  • 12. • Humildade 21 A humildade é uma caracteristica não muito apreciada pelo mundo, que preconiza a proeminência e a publicidade. Para Deus é diferente, a humildade ocupa um lugar de destaque na sua escala de valores. No mundo se busca autopromoção, diante de Deus o líder espiritual busca a autonegação. Cristo ensina que o serviço cristão baseia-se na humildade e na servitude (Mt 20.25-27). Contudo, a humildade é uma qualidade que vai desenvolvendo-se gradualmente na vida do líder quando mais perto de Cristo o lider chega mais humilde se torna. 21 Humildade vem do latim humus que significa "filhos da terra". Refere-se à qualidade daqueles que não tentam se projetar sobre as outras pessoas, nem mostrar ser superior a elas. A Humildade é a virtude que dá o sentimento exato da nossa fraqueza, modéstia, respeito, pobreza, reverência e submissão.
  • 13. PARTE 2 Crescimento da Igreja têm sido um tema muito em voga tanto no meio teológico, quanto no meio dos leigos cristãos de um modo geral. Sendo assim, muito tem se falado sobre o assunto, entretanto pouco tem se compreendido sobre o mesmo. Alguns devido à falta de compreensão acabam por alijar-se das discussões, outros possuem uma compreensão errônea que acaba por afetar a aplicação e a transmissão, de forma que a mensagem é negativamente deturpada. São poucos os que realmente possuem um entendimento claro do assunto, no entanto muitas vezes são estes poucos que têm feito a diferença no meio evangélico de modo geral. Não obstante, são estes últimos que contribuem direta e seriamente para a reflexão e mudança de rumos na igreja evangélica atual. É neste contexto, por exemplo, que Gruner nos diz que “são poucos os ministros ou leigos cristãos que compreendem a verdadeira dinâmica do crescimento da igreja” (Gruner, 1984, p. 8). Este trabalho não objetiva esgotar o assunto em questão. Visa em primeiro lugar conduzir a um entendimento pleno, correto e integral dos fundamentos inerentes a um crescimento sólido da igreja evangélica. Assim, esperamos obter uma compreensão correta do que é realmente crescer como corpo de Cristo. a) Compreendendo o que é crescer A compreensão do que é crescer, tem sido no geral deturpada e errônea. Muito tem sido falado, porém pouco tem realmente sido compreendido em sua plenitude. Têm havido várias linhas de pensamento, sendo difícil identificar claramente qual delas é a correta. Alguns pregam que o correto é copiar o modelo de igrejas que crescem, outros acreditam possuir a única visão correta e ainda outros defendem a realização de pequenas adaptações, dando sua própria cara ao projeto. Todavia, existem alguns que acreditam ser melhor encontrar os princípios por trás dos modelos, aplicando-os então na igreja. Qual destas posições é a correta? O que realmente é crescer? Como alcançar um crescimento integral? Estas são alguns dos questionamentos que tentaremos responder ao longo deste estudo. Para Rick Warren crescer é uma conseqüência e não um fim em si mesmo. Assim sendo, crescimento é o resultado natural de uma igreja sadia e igreja sadia é aquela que mantêm uma mensagem bíblica e uma missão equilibrada. Em segundo lugar, Warren descreve que crescimento não é fruto de um único fator, mas sim de um conjunto de fatores que cooperam entre si. Já Aguilera vê que crescer é acima de tudo trabalhar ministerialmente, especialmente no que tange ao cumprimento da Grande Comissão. Sendo assim, crescer é envolver toda a igreja no cumprimento da ordem do Senhor: “fazer discípulos”. Diz-nos também Aguilera que crescer é desenvolver a igreja como um todo e não somente um parte dela, um departamento ou ministério. Todavia, para que isto seja realmente uma realidade faz-se necessário o estabelecimento de estratégias específicas, visando tornar a igreja um ambiente efetivamente propício ao crescimento.
  • 14. b) O fundamental são os princípios e não os modelos Um dos grandes problemas do crescimento de igreja reside no fato de que muitos supervalorizam os modelos de igrejas que crescem. Desta forma alguns líderes de igreja repassam seus “modelos de crescimento”, como sendo um princípio universalmente válido para qualquer igreja ou situação. Não obstante, algumas igrejas simplesmente copiam estes modelos, sem preocuparem-se em identificar até que ponto sua realidade assemelha-se à realidade da igreja modelo. No entanto, Schwarz conduz-nos à visão de que o que importa não são os modelos das igrejas que crescem, mas os princípios bíblicos norteadores que se encontram por traz destes modelos, em seu livro ele nos diz que: Aprender de igrejas que crescem significa observar de perto a sua prática do ponto de vista de princípios universais. Não significa, no entanto, aceitar e adotar incondicionalmente os modelos explicativos que os líderes dessas igrejas querem nos transmitir como o “segredo do sucesso”. (Schwarz, 1996, p. 17) Vemos em Amitrano que os princípios de crescimento são válidos a qualquer cultura ou denominação. Schwarz, por exemplo, conduziu sua pesquisa baseando-se em princípios, de tal forma que acabou por identificar oito marcas de qualidade comuns a igrejas que crescem de maneira integral e efetiva. Aguilera também parece valorizar os princípios, especialmente quando nos diz que devemos estuda- los com atenção. Indo mais longe ele nos diz que os princípios são aplicáveis a diferentes igrejas e denominações, acarretando benefícios em todas elas. Não obstante, Warren diz que métodos são mutáveis, enquanto princípios nunca mudam. Sendo assim, quando um princípio é realmente bíblico ele é universalmente aplicável a qualquer situação e em qualquer lugar.
  • 15. CAPÍTULO II ADMINISTRANDO PARA CRESCER Existe uma forte relação entre o crescimento da igreja e a forma como ela é administrada. Pressupõe-se por crescimento integral uma administração dinâmica, consistente, organizada e também equilibrada, visando o desenvolvimento e o envolvimento de todos e não somente de uma parte do todo. a) O aperfeiçoamento dos santos E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas aos aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo. (Ef 4:11,12) Crescer de forma integral envolve participação de todos e não somente da liderança da igreja. Todos devem ser treinados, capacitados e aparelhados para contribuir no trabalho da igreja. No entanto, na prática não é isto que vem acontecendo nas igrejas de um modo geral. Compete aos pastores e líderes conscientizar e preparar seus liderados, conduzindo-os ao desenvolvimento de “uma mentalidade de crescimento ou reprodutora” (Aguilera, 1995, p. 36). Caio Fábio expõe, por exemplo, que a liderança deve iniciar uma mobilização no povo de Deus, motivando-os a exercer o sacerdócio universal de forma plena e consistente. Já Moore nos diz que “o plano de Deus é que a Igreja multiplique trabalhadores para a seara” (Moore, 1983, p. 115). Assim sendo, pressupõe-se que compete à igreja não somente ganhar vidas para Cristo, mas também treina-las e envia-las para ganhar outras vidas. Concordando com Aguilera pode-se dizer que em Ef 4:11,12 temos a descrição da real função do pastor e dos líderes. A eles compete equipar e preparar os santos para o desempenho do serviço do Senhor, edificando o corpo de Cristo, a Igreja. Para Miranda Jesus Cristo é o maior exemplo do que é aperfeiçoar os santos. Jesus ensinou e treinou seus discípulos, capacitando-os ao cumprimento da Grande Comissão.
  • 16. Schwarz, por sua vez, qualifica a liderança capacitadora como sendo uma das principais marcas de qualidade das igrejas que crescem. Segundo ele estes líderes são bem sucedidos por, “concentrar esforços em capacitar outras pessoas para o ministério” (Schwarz, 1996, p. 22). b) Dirigindo-se por ministérios de acordo com os dons Grande parte das igrejas tradicionalmente tem sido dirigida de forma departamentalizada, sem uma visão integradora e edificante para o todo. A escolha dos líderes de departamento normalmente não leva em conta o perfil, o dom e a paixão de cada um, de forma que não poucas vezes as pessoas estão nos lugares errados. No entanto, a nova visão é de uma organização ministerial, onde não existam mais partes estanques, mas um todo unido e edificante. A escolha dos líderes ou ministros passa a ser feita considerando-se em primeiro lugar o dom e a paixão de cada um. Assim estaremos alocando as pessoas certas, nos lugares certos pelas razões certas, como nos diz o lema da Rede Ministerial de Hybels. Neste contexto Warren nos mostra que cada crente é um ministro em potencial, possuindo cada um seu grau de importância no corpo. Não existe mais uma mera divisão departamental, mas uma unidade ministerial, onde cada um exerce seu dom de forma a edificar o corpo como um todo. Todavia, Schwarz alerta que a orientação ministerial pelos dons foi mal interpretada nos últimos tempos. Era tida como um mero modismo ligado a métodos de crescimento de igreja, enquanto na verdade tratava-se de um dos pontos chaves para este crescimento. Já Hybels mostra que para o crente ser frutífero e realizado em seu ministério, ele deve estar contribuindo para a edificação do corpo. Isto vem através do exercício de sua paixão e de seus dons espirituais. c) Estruturando a visão com base em propósitos Por traz de toda igreja existe algo que a dirige ou motiva. Ainda que não esteja explícito ou escrito, este algo realmente existe e direciona o funcionamento da igreja como um todo. Segundo Warren, existem vários tipos de igreja, segundo aquilo que as dirige (tradição, personalidade, finanças, programas, construções, eventos e etc.), no entanto, para ele existe um único modelo bíblico e este é o de uma igreja dirigida por propósitos. O resto é passageiro, porém o propósito de Deus prevalece.
  • 17. Para a construção de uma igreja sadia e para o alcance de um crescimento pleno, faz-se necessário esclarecer a motivação da existência da igreja. Este esclarecimento, por sua vez, consiste em identifica o que a igreja deve fazer, qual o seu propósito. Para Aguilera “a declaração de propósito confirma e esclarece a filosofia de ministério da igreja” (Aguilera, 1995, p. 71). O propósito deve ser claro e curto o suficiente para ser facilmente lembrado por todos, produzindo benefícios para a igreja e o envolvimento amplo de toda a membresia. Ao descobrir qual o propósito de Deus, a igreja deve articular-se de forma a estabelecer metas e alvos a serem alcançados. Assim, a declaração de propósitos será o guia para implementação, avaliação e controle dos ministérios, programas e atividades. Em Warren nota-se o estabelecimento de alguns propósitos básicos aos quais a igreja deve atentar, a saber: • Amar a Deus com todo coração • Amar ao próximo como a si mesmo • Fazer discípulos • Batizar • Ensinar a obedecer Para serem efetivamente norteadores os propósitos devem em primeiro lugar ser corretamente comunicados à igreja, conscientizando-a de sua necessidade e importância. Em segundo lugar a igreja deve organizar-se em função deles, evitando desvios. E em terceiro lugar os propósitos devem ser integrados a cada área e aspecto da vida na igreja, ou seja, os ministérios devem estar em sintonia. Deve-se considerar ainda que a aplicação dos propósitos não é algo automático, é lenta e progressiva, no entanto fortalecendo cada dia mais a igreja como um todo.
  • 18. CAPÍTULO III ALCANÇANDO A CIDADE A igreja para crescer precisa sair das quatro paredes. Precisa de estratégias que viabilizem efetivamente o crescimento e o desenvolvimento, alcançando novas vidas para Cristo. Entretanto, não basta alcançar novas vidas, é preciso trabalhar com elas, instruindo-as e solidificando-as nos ensinamentos e princípios bíblicos. É preciso criar oportunidades para que os novos convertidos não somente se integrem ao corpo, mas nele trabalhem, crescendo e amadurecendo em Espírito e em Verdade. a) Evangelismo e discipulado A Grande Comissão descrita em Mt 28:28-20, sintetiza a essência da missão da igreja de Cristo. Para Miranda, “Na missão da igreja a evangelização tem prioridade” (Miranda, 1989, p. 46). No entanto, Moore frisa que não basta evangelizar, deve haver ensino e instrução através do discipulado. Para ele “Discipulado é a forma mais rápida de multiplicar líderes” (Moore, 1983, p. 32). Discipular deve ser visto como uma tarefe de todos, e não de uma pequena parte do todo. O exercício do discipulado não é obrigação apenas dos pastores e líderes, mas de toda igreja, enquanto corpo de Cristo. Desta forma os resultados serão sólidos e o exercício do sacerdócio universal uma realidade. Existe, sem dúvidas uma estreita relação entre evangelismo, discipulado e crescimento. O evangelismo traz novas pessoas ao corpo, no entanto é através do discipulado que estes são efetivamente integrados, conduzindo ao amadurecimento e desenvolvimento. Isto fica nítido, por exemplo, nas seguintes palavras escritas por Rosa “Discipular não consiste somente no ato de comunicar as boas novas de salvação, mas também na integração do convertido à igreja local” (Rosa, 1998, p. 7). b) Multiplicando-se através dos Grupos Familiares
  • 19. Hoje não se pode falar de crescimento de igreja sem que se fale também em Grupos Familiares ou, como alguns preferem, Igreja em Células. Existem diversa metodologias e nomenclaturas, no entanto, o princípio é o mesmo: a igreja não se reúne somente no templo, mas também nas casas. No geral a estratégia é boa e edificante, especialmente por conduzir à construção de vínculos de relacionamento e amizade, fomentando a comunhão e a unidade. Sobre comunhão, Kornfield e Araújo dizem que “Através dos Grupos Familares as pessoas se aproximam mais. Há oportunidade para um conhecimento mais íntimo dos irmãos, nascem laços de amizade; a comunhão fica mais forte.” (Kornfield e Araújo, 2000, p. 57). Assim, na visão de Kornfield e Araújo através dos grupos familiares a evangelização e o discipulado são mais efetivos e completos. Conquanto, acontecem através da construção e solidificação de relacionamentos pessoais. Conforme At 2:42-47 vemos que a Igreja Primitiva era uma igreja que se reunia nos templos e nas casas. Segundo Neumann, deve ser assim também em nossos dias. “Um dos critérios para existência de uma célula é que esteja integralmente relacionada a uma igreja local.” (Neumann, 1993, p.19). Podemos então dizer que as células ou grupos familiares são importantes, mas em momento algum devem substituir a igreja. Ambas devem estar unidas, contribuindo e convergindo para o crescimento integral do corpo. Schwarz por sua vez expõe que em sua pesquisa sobre igrejas que crescem, conclui-se que “a multiplicação constante dos grupos familiares e um princípio universal de crescimento da igreja. “ (Schwarz, 1996, p. 32). Todavia, ele diz que a característica marcante destes grupos é a produção freqüente de novos líderes. Nos grupos familiares ou células os cristãos podem exercitar e desenvolver seus dons, aprendendo através do serviço aos demais participantes do grupo. c) Oportunizando oportunidades e aproveitando potencialidades Vimos anteriormente que crescer de forma integral, envolve participação de todos e não somente dos pastores e líderes. Assim sendo, todos devem ser treinados para exercer sua função no corpo. O corpo humano é composto de vários membros, onde cada um exerce uma função específica, à qual foi destinado. O mesmo acontece com a igreja, enquanto corpo de Cristo, pois cada membro possui uma função específica a desempenhar.
  • 20. Entretanto, muitas vezes inexistem na igreja oportunidades reais para o exercício pleno do sacerdócio universal. Desta forma, muitos tem sido conduzidos a uma mortificação de seus dons e potencialidades dadas por Deus, pelo simples fato de nunca terem oportunidade de exerce-los efetivamente. À igreja compete não somente identificar os dons, mas também criar oportunidades para que haja um crescimento efetivo do corpo, com a contribuição e envolvimento de todos. d) Relacionamento e comunhão Schwarz aponta que uma das marcas inerentes à igrejas que crescem é o exercício prático do amor fraternal. De acordo com sua visão existe uma “correspondência significativa entre o riso e o crescimento qualitativo e numérico da igreja.” (Schwarz, 1996, p. 36). A questão unidade é um dos pontos chave para a obtenção de um crescimento integral. Sem unidade não pode haver crescimento, pois unidade esta ligado não somente a intimidade e comunhão, mas especialmente à convergência e busca de um propósito único. Sem unidade o alcance pleno do propósito ou alvo estabelecido pela igreja fica prejudicado, de forma que todo planejamento acaba vindo por terra. A Igreja Primitiva, por exemplo, é um referencial de crescimento e desenvolvimento. Deus acrescentava dia após dia aqueles que seriam salvos. Todavia, boa parte deste crescimento devia-se ao alto grau de comprometimento, comunhão e amor entre os irmãos que a formavam. Devemos tê-la como um exemplo a ser seguindo ainda em nossos dias, unindo-nos mutuamente para pregar e propagar o amor e as boas novas de Cristo. Para Neumann “a comunhão bíblica acontece quando as pessoas relacionam-se de tal forma que servem umas às outras, alegrando-se e chorando umas com as outras.” (Neumann, 1993, p. 30). Ele reforça dizendo que as células são ideais para o cumprimento e alcance pleno deste propósito. e) Quebrando paradigmas prejudiciais Para Kivitz paradigmas podem ao mesmo temo “estabelecer limites e referencias de segurança e transformar-se em bloqueios para projetos benéficos. (Kivitz, 1995, p.13). Assim sendo, podemos dizer que ao mesmo tempo que paradigmas traçam limites de segurança, podem também transformar-se em barreiras que retardam e bloqueiam o crescimento e o desenvolvimento. Schwarz diz que “o maior obstáculo ao desenvolvimento estratégico da igreja são os bloqueios teológicos profundamente arraigados” (Schwarz, 2001, p. 7). Para ele, um desenvolvimento integral da igreja somente pode ser obtido através de mudanças ainda mais radicais que as da Reforma Protestante. É preciso aplicar o que Paulo nos diz em Romanos 12, quando admoesta-nos a provar uma renovação de mente.
  • 21. Na busca de um crescimento pleno, verdadeiro e integral a igreja deve suplantar as barreiras e bloqueios inerentes aos falsos paradigmas. Na visão de Kivitz a igreja deve espelhar-se na Igreja Primitiva descrita em Atos, “saindo dos limites de culto-clero-domingo-templo” (Kivitz, 1995, p. 97). O culto-clero-domingo-templo são estruturas que cumprem papel de importância para a vida cristã. Nem por isso podemos dizer serem estes limites suficientes, pois não o são. Já Schwarz apresenta dois outros paradigmas: o tecnocrático e o da espiritualização. O primeiro valoriza extremamente a questão institucional, deixando totalmente de lado o espiritual. Já o segundo enfatiza o espiritual, classificando como sendo totalmente sem importância a questão institucional. Deve haver uma mudança de paradigmas, onde não haja mais a divisão entre tecnocratas e espiritualizantes, mas sim uma visão bipolar onde os dois lados existam juntos em harmonia. Desta forma o corpo estará crescendo e se desenvolvendo de uma forma integral e plenamente sadia. f) A plantação de novas igrejas Schwarz não qualifica a plantação de novas igrejas como uma marca inerentes às igrejas que crescem. No entanto, ele diz que a plantação de novas igrejas é o resultado da existência destas marcas, que identificam igrejas que crescem. Sendo assim, podemos dizer que na visão de Schwarz, igrejas realmente sadias tendem a se reproduzir em outras igrejas, em um processo contínuo e crescente. Miranda, por sua vez, assevera que “A igreja não precisa somente de um crescimento em número de pessoas, mas também em número de congregações ou igrejas novas” (Miranda, 1989, p. 181). Partindo deste pressuposto ele diz que a vontade de Deus é que ocorra a plantação de novas igrejas e não que a igreja cresça infinitamente sem expandir-se. A expansão através da abertura de novas frentes é deverás importante. Primeiramente por oportunizar o alcance de vidas que não tinham acesso à igreja sede. Em segundo lugar, por propiciar a abertura de campo para que outros possam contribuir de forma mais efetiva e direta, para com a obra do Senhor. Desta forma o crescimento será mais efetivo e integral em sua plenitude.
  • 22. CAPÍTULO IV CRESCENDO COM A BENÇÃO DE DEUS O crescimento para ser integral deve ser abençoado por Deus. Sem a benção de Deus o crescimento não é real, pois estará firmado unicamente no homem, que é fraco e pecador por natureza. Quando Deus não encontra-se à frente, não há unidade, compromisso e envolvimento. Sem Deus aquilo que o homem constrói é passageiro e inconsistente. No entanto, quando Deus assume a direção, as portas se abrem, os propósitos são alcançados e o inimigo é plenamente derrotado. a) Equilibrando entre qualidade, quantidade e estrutura Pressupõe-se por crescimento integral um crescimento pleno em todas as áreas. De nada adianta apresentar um crescimento numérico ou quantitativo, se o crescimento qualitativo estiver esquecido. Da mesma forma de nada adianta utilizar-se do subterfúgio da qualidade para explicar a falta de crescimento numérico. Não adianta também desenvolver o lado espiritual esquecendo-se de investir ou aprimorar o institucional. É errado também valorizar o institucional ou organizacional esquecendo- se de trabalhar o espiritual. Segundo Aguilera “quando uma igreja é saudável, ela cresce em três formas: quantidade, qualidade e estrutura”. (Aguilera, 1995, p. 65). Entende-se por qualidade o crescimento espiritual ou a maturidade obtida pelos membros da igreja. Já por estrutura Aguilera identifica não somente a liderança da igreja, mas também as instalações em si. Com relação à liderança ele diz que esta deve ser treinada e capacitada para comportar e administrar o crescimento, já as instalações devem ser expandidas e aprimoradas, de forma a comportar o crescimento numérico. Keyes ao citar Tippet enfatiza que “Uma igreja precisa crescer em três dimensões: quantitativamente, qualitativamente e organicamente. Deve haver um equilíbrio neste crescimento.” (Keyes, s/d, p. 4). O próprio Tippet diz que “o crescimento quantitativo e o qualitativo devem caminhar juntos. “ (Tippet, 1970, p. 29) O crescimento para ser integral deve ser em todos os sentidos. A igreja deve buscar crescer numericamente, todavia, deve também propiciar o desenvolvimento da qualidade ou maturidade de seus membros. Não se esquecendo também de desenvolver as estruturas eclesiologicas e institucionais, de forma a apoiar o crescimento em questão.
  • 23. b) O amadurecimento na fé, na espiritualidade e na vida cristã Conforme vimos a pouco, crescer de forma qualitativa significa amadurecer espiritualmente. No entanto, amadurecer não implica somente em crescer espiritualmente, mas também em fomentar e buscar o crescimento na fé. Amadurecer significa também melhorar as relações na vida cristã, buscando transformar a si mesmo e aos outros, através da prática do amor e da ação do Espírito Santo. c) Solidez e compromisso na Palavra de Deus McGavran demonstra que “o crescimento da Igreja acontece sempre que existe fidelidade dos cristãos em alcançar os perdidos” (McGavran, 2001, p. 29). Segundo sua forma de encarar o crescimento de igreja, ele estabelece que “quem deseja entender o crescimento da Igreja precisa encara-lo como fidelidade a Deus” (McGavran, 2001, p. 28). Assim sendo, a vontade de Deus é que a igreja cresça e fomentar ou buscar este crescimento é ser fiel à vontade do próprio Deus. Tanto Moore quanto Aguilera enfatizam que crescer deve ser visto como cumprir integralmente a Grande Comissão. Crescer é então cumprir a Palavra de Deus no tocante à ordem de fazer discípulos. A igreja descrita em Atos dos Apóstolos era uma igreja que primava pelo cumprimento da Grande Comissão, fazendo discípulos em todos os lugares. Por conta disto a Igreja Primitiva deve ser nosso exemplo de crescimento, tendo como base a Grande Comissão e em especial o fazer discípulos. Vejamos, por exemplo, o que nos declara Miranda “temos evidência escriturística de que a igreja do primeiro século funcionava no estrito cumprimento da Grande Comissão” (Miranda, 1989, p. 17). O cerne da Grande Comissão é o fazer discípulos, conduzindo vidas a Cristo. CAPÍTULO V CONCLUSÃO Para concluir, gostaria de utilizar algumas palavras de Donald McGavran, onde ele diz que: “Crescimento de igreja é muito mais do que a ampliação do rol de membros” (McGavran, 2001, p. 16).
  • 24. Conforme vimos na introdução, um dos grandes problemas do crescimento de igreja reside na falta de compreensão para com o assunto, tanto de pastores e lideres quanto de leigos cristãos. Entrementes, ao estudarmos os fundamentos para o crescimento integral da igreja, procuramos sintetizar idéias e pressupostos sobre o assunto em questão. Objetivamos em primeiro lugar demonstrar que o que realmente importa são os princípios norteadores do crescimento e não o modelo de crescimento. Em segundo lugar, procuramos despertar a compreensão de que para crescer deve haver um envolvimento de todos, visando uma edificação mútua, harmoniosa e conjunta. E em terceiro lugar passamos a verificar que para crescer de forma integral faz-se necessária a benção de Deus, pois crescer integralmente consiste em cumprir a Palavra de Deus seguindo Sua direção. a) Nem sempre crescimento vêm de Deus Pode haver crescimento sem que este seja realmente integral. Pressupõe aqui que crescimento integral é aquele que vêm de Deus, sendo essencialmente equilibrado na Palavra de Deus e na unção do Espírito. Quando dizemos que pode haver crescimento sem que este seja integral, estamos dizendo que muitas vezes o crescimento é estribado unicamente no homem e suas idéias, isto tanto no meio evangélico quanto fora dele. Schwarz, por exemplo, assevera que não necessariamente igrejas grandes são sadias. Muitas das megaigrejas pesquisadas por ele, encontravam-se enfermas em boa parte dos fatores de qualidade. Estas igrejas crescem em número, no entanto trata-se de um crescimento sem qualidade e quase nada efetivo. Da mesma forma que muitas pessoas entram através da conversão, muitos também saem, pois não encontram um propósito ou diferencial que os faça ficar. Warren, por sua vez mostra-nos que algumas igreja crescem apenas por transferências de membros e não por novas conversões. A Grande Comissão não consiste em buscar crentes de outras igrejas, mas em evangelizar, converter e discipular não crentes. Já Oliveira procura mostrar que muitas seitas tem apresentado crescimento vertiginoso. Entretanto não se trata de um crescimento integral, pois contraria a Palavra e até mesmo a essência do cristianismo: morte e ressurreição de Cristo. Vejamos o que ele nos diz sobre o crescimento de algumas destas seitas: “O Espiritismo é, sem dúvida, uma das heresias que mais cresce no mundo hoje.” (Oliveira, 1998, p. 39); “As Testemunhas de Jeová formam uma das seitas que mais crescem atualmente.” (Oliveira, 1998, p. 79); “A Congregação Cristã no Brasil, durante anos esteve entre as igrejas que mais crescem no Brasil.” (Oliveira, 1998, p. 141). Podemos então concluir que pode haver crescimento sem que este seja de Deus e sem que este seja integral. O crescimento só pode ser visto como integral, aos olhos da Palavra de Deus, quando é estribado nos princípios bíblico norteadores da vida cristã.
  • 25. b) Crescer deve ser desenvolver Crescimento não pode ser visto somente como quantitativo ou numérico. Crescer é em primeiro lugar desenvolver o caráter cristão, através de uma renovação de mente e de uma santificação diária, buscando aproximar-se de Deus. Em segundo lugar crescer é desenvolver a prática do amor fraternal para com o próximo, onde ocorra a edificação e ajuda mútua. Podemos também dizer que crescer ;e desenvolver as estruturas eclesiásticas. Fomentando o treinamento, a capacitação e o envolvimento de todos, mas também aprimorando a qualidade das estruturas físicas. c) A palavra deve ser a base para um crescimento integral Conforme nos diz a carta de Tiago, a Palavra de Deus não deve ser somente ouvida ou lida. Ela deve principalmente ser vivenciada e praticada, como um testemunho vivo da ação de Cristo no viver humano. O princípio reformado de Sola Sciptura afirma-nos que “As Escrituras Sagradas constituem-se numa regra completa de fé e prática” (Anglada, 1998, p. 73). A Palavra de Deus é a única regra infalível de fé e prática, esta é a síntese do princípio de Sola Scriptura. As autoridades e tradição são falíveis e até mesmo passageiras, no entanto a Palavra de Deus é infalível e eterna em sua totalidade. A Palavra deve ser a base ou o parâmetro para o viver do homem de Deus. Ela deve ser vista como norteadora do caráter cristão de modo geral. Sem a Palavra de Deus não pode haver crescimento integral. Vimos que o crescimento para ser integral deve ser abençoado e dirigido por Deus. Todavia, em se ignorando, reduzindo ou deturpando a Palavra de Deus pode até haver crescimento, no entanto este nunca será integral. Conquanto somente Deus, Pai e Criador, pode trabalhar o homem em sua integralidade.
  • 26. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aguilera, José M. (1995). Dinamizando a Igreja Para Cumprir a Grande Comissão. São Paulo: Abba Press. Amitrano, Frederico A. (2000). Crescimento de Igreja: Milagre, Método ou Trabalho? Revista Brasileira de Teologia, 01, (01), 54. Anglada, Paulo. (1998). Sola Scriptura: A Doutrina Reformada das Escrituras. São Paulo: Os Puritanos. Bíblia de Estudo Almeida. (1998). Traduzida em português por João Ferreira de Almeida, edição revista e atualizada no Brasil. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil. Bugbee Bruce & Bispo, Armando (2001). Como Descobrir Seu Ministério No Corpo: Uma Introdução à Rede Ministerial. São Paulo: Editora Vida. Fábio, Caio. (1995). Igreja: Crescimento Integral. Niterói: Editora Vinde. Gruner, Leroy. (1984). Crescimento Contagioso da Igreja. Rio de Janeiro: CPAD. Hybels, Bill, Bugbee Bruce & Cousins, Don (1996). Rede Ministerial: Guia do Consultor.
  • 27. São Paulo: Editora Vida. Hybels, Bill, Bugbee Bruce & Cousins, Don. (1996). Rede Ministerial: Guia do Líder. São Paulo: Editora Vida. Hybels, Bill, Bugbee Bruce & Cousins, Don (1996). Rede Ministerial: Guia do Participante. São Paulo: Editora Vida. Keyes, Lourenço E. (s/d). Crescimento Equilibrado na Igreja Local. São Paulo: Editora Sepal. Kivitz, Ed R. (1995). Quebrando Paradigmas. São Paulo: Abba Press. Kornfield, David. & Araújo, Gedimar. (2000). Implantando grupos familiares. São Paulo: Editora Sepal. McGavran, Donald. (2001). Compreendendo o Crescimento da Igreja. São Paulo: Editora Sepal. Miranda, Juan C. (1989). Manual de Crescimento da Igreja. São Paulo: Edições Vida Nova. Moore, Waylon. (1983). Multiplicando Discípulos. Rio de Janeiro: Juerp.
  • 28. Neumann, Mikel. (1993). Alcançar a Cidade: As Células na Evangelização Urbana. São Paulo: Edições Vida Nova. Oliveira, Raimundo. (1998). Seitas e Heresias: Um Sinal dos Tempos. Rio de Janeiro: CPAD. Rosa, Pérsio C. & Day, Jackson.(1998). Os Desafios de Uma Grande Cidade: Fundamentos Bíblicos e Métodos Práticos para o Evangelismo Urbano.(Disponível na Faculdade Teológica Batista de Brasília). Schwarz, Christian. (1996). O Desenvolvimento Natural da Igreja. Curitiba: Editora Evangélica Esperança. Schwarz, Christian. (2001). Mudança de Paradigma na Igreja. Curitiba: Editora Evangélica Esperança. Tippet, Alan. (1970). A Palavra de Deus e o Crescimento da Igreja. São Paulo: Edições Vida Nova. Warren, Rick. (1998). Uma Igreja Com Propósitos. São Paulo: Editora Vida.
  • 30.
  • 31. ENTREVISTA José Miguel Mendoza Aguilera nasceu no Chile, na cidade de Lota. É bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Batista de São Paulo. É Mestre em Ciências da religião pelo Instituto Metodista de Ensino Superior – SBC/SP. Cursou Especialização em Estudos Brasileiros na Universidade Mackenzie. Segundo informações obtidas, é mestrando em Educação Cristã pela Faculdade Teológica Batista de Brasília. Pastoreou a Igreja Batista no Jardim do Lago e a Igreja Batista em jardim Rodolfo Pirani, das quais foi fundador. Também pastoreou a Igreja Batista Novas da Paz, Igreja Batista em Parque Capuava e a 1 a Igreja Batista em Jaboticabal – SP. Atualmente Aguilera faz parte da equipe pastoral da 1 a Igreja Batista de Campo Grande-MS, onde vem atuando no Ministério de Ensino e Capacitação Cristã. É casado com Roseli Kiselar Aguilera e tem três filhas: Tabitha Raisa, Maressa Rachel e Hadassa Nathaly. Escritor do livro “Dinamizando a Igreja Para Cumprir a Grande Comissão”. Trata-se de um pastor de idéias inovadoras e contundentes. 1) Em termos de igreja, o que é crescer para você? Qual sua visão de crescimento? Muitas das perguntas sobre crescimento de igreja devem ser respondidas a luz de uma definição: Entendo que “crescimento de igreja” esta relacionada ao crescimento numérico e de maturidade. É impossível mensurar este crescimento, pois os números nos podem enganar e em termos de maturidade não temos nenhum “medidor” confiável, talvez algumas marcas. Assim o crescimento da igreja vive em um constante dialogo “quantidade vs. Qualidade. Um sozinho não é crescimento. É como uma nota de moeda se faltar um dois lados perde o seu valor. O crescimento da igreja deve ser dinâmico, integral e saudável. Em termos numéricos podemos saber quanto uma igreja cresceu mas em termos de qualidade cabe a cada comunidade “visualizar” com objetivo o “cristão ideal” e nesta tipologia poderá viabilizar aproximadamente como esta a qualidade 2) Como você vê a contraposição atual entre princípios de crescimento e modelos de crescimento?
  • 32. Não há contraposição de princípios e modelos, se a definição acima (questão 01) é considerada. Evidente que os meios não justificam os fins. Mas quando temos o “tipo ideal de cristão “declarado pela comunidade local e somente para esta veremos que princípios e modelos não estão em oposição mas em justaposição 3) Para a obtenção de um crescimento sólido, integral e sadio qual seria o papel do pastor e lideres da igreja? Entendo que o pastor pelo seu oficio deve ser um treinador e “ensinador”. A luz de Efésios 4:1-13ss tenho que todo pastor é um Mestre. O problema moderno está em que as igrejas pensam que todo cristão que tem um pouco de desenvoltura, um bom domínio na pregação e desenvolvimento pessoal este deve ser “consagrado pastor”, mesmo que seja incapaz de treinar e preparar lideres. Este neo- pastor se torna centralizador. Por isso o pastor-mestre-treinador é peça fundamental para o crescimento da igreja e assim deve ser um homem de visão, descentralizador, treinador, que treina os seus líderes para a obra do ministério e todos treinam a igreja. Um pastor que não se atualiza nas estratégias verá a sua igreja penar. O lidere devem ser: Fiel, Disponível e Ensinavél 4) Em que os dons e os ministérios podem contribuir para o crescimento da igreja? A igreja moderna precisa entender (e graças a Deus está começando embora muito incipiente) que os líderes devem ser colocados de acordo aos seus dons. O Corpo de Cristo biblicamente é apresentado funcionando nas bases dos dons e não a base da eleição. Cabe ao pastor-treinador entender que Deus deu para a Igreja “homens-dons” para que esta se auxilie mutuamente. É muito triste e vergonhoso ver algumas igrejas todo fim do ano criando comissões para indicar e correra atrás de pessoas para ocuparem determinados “cargos”. Dificilmente é questionado se existem os “dons” na igreja para estabelecer determinado ministério ou cargo ( particularmente rejeito a nomenclatura “cargo” dá a idéia de peso, de obrigação de “status”. Ministério da a visão bíblica de serviço). Algumas igrejas criam “os cargos” porque a denominação ou outra igreja tem. O ministério dever ser criado havendo o dom. Quando se trabalha nesta filosofia, o crescimento é genuíno e mais fácil de acontecer. Oferecer as pessoas a possibilidade de sentirem-se útil no ministério, pois edificam de acordo as suas ferramentas dadas por Deus, o crescimento virá sem grande “eventos” ou até meio ilícitos 5) O estabelecimento ou não de propósitos pode influenciar no crescimento da igreja? Por que?
  • 33. Toda a igreja deve ter os seus propósitos definidos. Nem todas conseguem declarar este propósito. Quando centralizamos nossas atividades dentro de um alvo e desenvolvemos estratégia com destino a este objetivo o crescimento-integral-saudável virá com maior rapidez. A liderança da igreja deve ser inteligente em saber levar o seu povo a um objetivo 6) Hoje esta muito em voga o assunto dos grupos familiares ou células. Para você existe alguma relação entre eles e o crescimento? Atualmente faço parte de uma igreja que está em transição para uma igreja em células. Eu particularmente estou vendo esta maneira de ser da igreja como uma resposta ao homem pós- moderno. A maioria dos problemas não são gerados pelo “modelo” que é usado mas na forma que este sistema é implantado. Atualmente estamos no terceiro ano em células. Vivemos na 3 a . etapa do processo (criado segundo o nosso contexto) e recém sentimos que estamos na metade do processo. A forma de implantar deve ser feito com sabedoria e inteligência. Somente assim haverá um crescimento integral
  • 34. 7) Vínculos de relacionamento e comunhão são importantes para um crescimento integral? Sim. Por isso muitas igrejas estão crescendo até rapidamente. Usaram o sistema celular com um método, como uma ferramenta, como um meio e não como um fim. Células trabalha com relacionamentos e comunhão mas não é o fim mas o meio para alcançar outro objetivo MAIOR ainda 8) Como você vê a dualismo atual entre qualidadeXquantidade e estruturaXespiritualidade, no crescimento da igreja? Nas perguntas 1 a 4 já falei alguma coisa. Qualidade e quantidade são faces da mesma moeda = crescimento integral-dinâmico-saudável. A estrutura deve facilitar o crescimento integral da igreja e não emperrar. A estrutura está a serviço da igreja. Neste ponto surge a necessidade de organizar uma igreja de acordo aos dons existentes na mesma, desta forma, ela desenvolvera uma espiritualidade bíblica e sadia. Entendo que a igreja terá o seu crescimento espiritual se esta criar uma filosofia de ministério na qual considere os dons ministeriais dado a igreja. 9) Alguns acham que se esta crescendo, a benção do Senhor esta ali. Será que todo crescimento vem de Deus? Não. Claro que não. Mas também não podemos dizer que a falta de um crescimento numérico seja a marca de um crescimento qualitativo. A afirmação que muitos fazem que estão mais preocupados como a qualidade e não com números, nada mais é uma mera desculpa para conservar um modelo de igreja tipo “gueto”. Uma igreja sadia ela deve, ou melhor, TEM que crescer, senão esta doente. Em Atos 2:41 temos um acréscimo de um grande numero de cristãos a igreja em Jerusalém. Mesmo não sabendo o tempo que vai de um versículo a outro. Este texto aponta que embora grande a comunidade tinha estratégias para manter uma comunhão
  • 35. 10) Segundo alguns autores existem paradigmas nas igrejas que prejudicam o crescimento. Qual seria seu ponto de vista sobre a questão? Fala-se muito em paradigmas, quebrar paradigmas. Mas um paradigma leva muito tempo para se estabelecer como tal. O que hoje esta sendo quebrado não são paradigmas, creio eu, o que está sendo usado hoje são novas maneiras de fazer ou de atuação no mundo. Estes ainda não são novos paradigmas, mas podem chegar a ser. O que se quebrou são idéias, ou preconceitos. Estas idéias ou preconceitos são bloqueadores do crescimento integral dinâmico e saudável 11) A seu ver qual seria a base fundamental para a obtenção de um crescimento integral? Entendo que toda estratégia ou base para um crescimento deve ter como fundamento a bíblia. Mas entendo que a “base fundamental” em termos verticais deve ser “preocupação pela necessidade do ouvinte” ou do ser humano. Significa responder as questões que a sociedade ou ser humano deseja ter resposta. O homem pós-moderno tem uma visão diferente do ser humano. Mas nós continuamos com resposta para o homem moderno. Algumas igrejas estão respondendo às questões que ninguém está perguntando. Às igrejas que respondem a estas questões “pós-modernas” crescem e aquelas que não crescem “julgam” suas irmãs apontando desvio da “sã doutrina” 12) Como você classificaria o crescimento da Igreja Primitiva, descrita no livro de Atos? O livro de Atos é um livro “perigoso”. Alguns querem viver o livro de Atos hoje, isso é uma visão anacrônica da história. Outro grupo aponta o livro de Atos como um livro histórico, com informações do crescimento da igreja. Dois extremos perigosos. O equilíbrio está no meio como diria um filosofo grego. Para mim o crescimento do livro de Atos é “modelo ideal” e o chamo de crescimento “dinâmico-saudável-integral”. Atos aponta para hoje que é possível crescer com qualidade e quantidade. A igreja atendia as necessidades do momento e crescia. O modelo de igreja de Atos está relacionada no fato de que ela estava inserida na realidade. A igreja brasileira precisa ver isto no livro de Atos: é possível crescer desde que a igreja conheça e responda ao homem da sua época. Os milagres, as intervenções divinas poderão surgir neste crescimento mas não é o foco principal. 13) Como a Palavra de Deus poderia influenciar o crescimento da igreja?
  • 36. Nas duas ultimas respostas apresentei a idéia de crescimento a partir da necessidade do ser humano. A Bíblia responde ao ser humano naquilo que ele procura. A Bíblia não é simplesmente um recipiente de doutrina correta. Embora ela mostre um sistema doutrinário. A bíblia quer tratar o homem no seu todo. Quando apresentamos Deus para o ser humano devemos apresenta-lo como Ele preocupado e tratando o homem na sua totalidade. Estamos secularizados a tal ponto que quando pessoas nos procuram com os seus problemas, apontamos e oferecemos uma série de cartões de: médicos, advogados, pessoas influentes que podem ajudar, etc. Não sou contra isto e deve ser feito. Mas dificilmente apresentamos o Deus que cuida do homem integral. A Bíblia como Palavra de Deus apresenta um Deus que age a favor do homem. Isto está provado na cruz. Se tivéssemos esta visão de Deus que creio ser bíblica, o crescimento virá como conseqüência desta visão. A Bíblia influencia no crescimento desde que descubramos o Deus que age no nosso favor.