Ecocubatão: Roteiro para o turismo ecologico pelos maguezais..
Ano 501: a exploracao ambiental e a destruicao do Brasil continua
1. ANO 501: 0S DESMATAMENTOS CONTINUAM!
Quando os primeiros exploradores portugueses cumpra e faça cumprir a lei, em favor do interesse
aportaram em terras tupiniquins, que muitos acreditaram coletivo e não de parcos interesses pessoais, que se
até serem uma visão do Paraíso, cá encontraram no meio querem fazer passar, com o uso da mídia conivente,
da diversidade natural da selva exuberante, uma variedade pelos interesses de toda a sociedade. Que sociedade
que sobressaia. De cor avermelhada qual fogo, foi essa a cara pálida, a das colunas sociais? Temos uma
espécie responsável pelo nome como ficou conhecido o legislação ambiental que apesar de todas as conquistas,
território encontrado: Terra Brazilis, mais tarde BRAZIL. ainda está muito aquém do desejado. E a lei é clara ao
Convido os senhores leitores a breves incursões impedir desmatamentos em áreas de proteção
pelos aproximadamente 7% de remanescentes florestais permanente. Que demanda social podem ter então os
nativos da Mata Atlântica (que em sua maioria localizam- pedidos de licença para desmatamentos em áreas de
se no litoral de nosso Estado). Nas trilhas da Baixada floresta nativa para a construção de empreendimentos
Santista é possível ver a exuberância que ainda resta e de veraneio de alto padrão, como ocorre em Bertioga e
quem sabe, com muita sorte, encontrar um exemplar do já no rabo do dragão em Guarujá? Somente se forem para
histórico pau-brasil. levar à favelização uma população pobre que se
Não é nosso objetivo neste artigo apelar ao venderá por nada ou quase nada, em troca dos trabalhos
sentimentalismo barato, mas sim lembrar que durante 500 serviçais destinados à nossa bela aristocracia
anos de colonização desmatou-se sem piedade com o anacrônica.
objetivo básico de obter lucro fácil, às custas da Está na moda falar em parcerias entre órgãos
exploração da natureza e também dos homens simples que públicos e sociedade civil. Que parcerias são essas que
viveram nesta terra. Um jogo parecido ao do pedófilo destruem o meio ambiente e beneficiam o interesse de
sedutor e perverso abusando da ingenuidade das apenas uma minoria, como foram objetos a maior parte
criancinhas. Somente a partir dos últimos trinta anos, surge dos pedidos de licenciamento ambiental que inundam o
uma reação a essa prática de terra arrasada estabelecida DPRN (Departamento de Proteção aos Recursos
pelos poderes econômicos, tanto os privados quanto os do Naturais ) de Santos.
Estado. Timidamente, apelidados de ecochatos por aqueles No início deste século XXI, com uma
cujo único compromisso é com a satisfação imediata de participação cada vez mais direta da sociedade na
seus desejos materiais, o movimento ambientalista solução dos seus problemas, o que se espera do poder
brasileiro, na esteira das novas tendências políticas e soberano do Estado exercido através da tecnocracia, é,
sociais surgidas no planeta no fim da década de 1960, foi pelo menos, transparência e honestidade. O que os
fincando raízes e consolidando-se. Hoje, apesar de sua meros mortais exigem dos tecnocratas para “consolidar
debilidade econômica e numérica, o movimento parece o processo democrático” é a prestação de contas ao
ter-se tornado uma pedra no sapato daqueles interesses público. Por que funcionários do DPRN de Santos, que
arcaicos que ainda persistem. no decorrer dos anos em que ocuparam seus cargos,
Do ex-secretário estadual de meio ambiente conseguiram reconhecida reputação na defesa do meio
Ricardo Tripoli, por exemplo, esperávamos uma atuação ambiente da região foram demitidos e transferidos. Os
digna de seu passado. Nos anos oitenta, é bom lembrar, argumentos dados pela SMA, Secretaria do Meio
Tripoli participou da organização do movimento Ambiente para tais remanejamentos nunca foram
ambientalista em São Paulo. Em 1989 remou junto com os devidamente esclarecidos ao público. Alegam
companheiros nas águas sujas do Rio Tietê, dando início à problemas internos de ineficiência... Que ineficiência é
campanha pela sua despoluição. Foi deste Tripoli, que ao essa? A sociedade têm o direito de saber os motivos e o
assumir a Secretaria, esperávamos avanços em direção a Estado, o dever de informar. Esta é a sua obrigação.
uma política ambiental adequada e que diminuísse os Em face do que ocorre, recomendamos aos
riscos ecológicos que enfrentamos. Avanços para um leitores: - CORRAM atrás do pouco pau-brasil que
mundo que não aceita mais progresso e desenvolvimento ainda resta. Na marcha a ré em que caminha a
em troca de poluição. Um mundo que se cansou de carruagem assumimos definitivamente nossa condição
alternativas fáceis que só engordam os lucros de de incapazes, de terceiro-mundistas. Nem vamos falar
empreendedores e que menosprezam as verdadeiras aqui sobre a contaminação das águas do estuário de
“demandas sociais”. Santos através do benzoapireno lançado pela
Não nos interessa mais nhenhenhém. Do COSIPA. As futuras gerações que se virem...
Estado já pouco ou quase nada se espera. Somente que Carlo Romani, CAVE/FAG (Fac. do Guarujá).