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                                                                                               das lutas
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                                                                                                Abril de 2010




Enchente e mais tragédias, de novo
                                                                                            fotos de Marcelo Ávila




                            Agora que a grande mídia começa diminuir espaço nas suas páginas sobre a tragédia dos
                         cerca de sete mil desabrigados e mais de 255 mortos soterrados por lama, pedra e lixo no Rio
                         de Janeiro, o Jornal Abaixo-Assinado não quer deixar cair no esquecimento e vai fundo na
                         discussão do problema das chuvas na cidade. Em artigo na página 3, Almir Paulo recorre a um
                         texto “As enchentes” escrito por Lima Barreto no Correio da Noite, em 19 de janeiro de 1915,
                         para mostrar que o problema é antigo e de conhecimento dos governos e questiona o prefeito
                         Eduardo Paes sobre os investimentos na Geo-Rio. O deputado Chico Alencar salienta, em
                         artigo na página 4, que as chuvas no Rio, inevitáveis, poderiam produzir menos óbitos e
                         desabamentos. Então, a responsabilidade é também dos governantes, que, como hábito, cuidam
                         mais de obras ‘grandiosas’, cosméticas ou rodoviárias do que de saneamento, habitação segura,
                         dragagem de rios, e coleta contínua e seletiva de lixo. O fotógrafo Marcelo Ávila registrou em
                         fotos os estragos causados pela chuva na comunidade Santa Maria, na Taquara, e na Praça
                         Seca. Evidenciando a necessidade de uma política habitacional para nossa região.
                            As autoridades precisam assumir sua culpa em vez de buscar desculpas. A responsabilidade
                         é humana e política e não vale culpar os mortos.
                            Choramos como cidadãos a perda de vidas valorosas e desejamos que a dor dos que
                         perderam seus entes queridos sirva para mudar os rumos da política dos podres poderes em
                         nosso Estado e em nossa cidade Leia mais nas páginas 3, 4 e 5.


    Descobrindo talentos                      Patrimônio Histórico da Baixada de
Jovens da região lançam livros             Jacarepaguá abandonado pelos governos
                        Página 7                                                                        Página 6
2

                                               Cartas dos leitores
          EXPEDIENTE                                                 O direito fundamental ao meio ambiente
Ano 5 - Número 43 - Abril de 2010
                                              *Luciana Araujo                              natureza, ou seja, a flora, mas sim a
jornalabaixoassinado@yahoo.com.br                                                          todos os elementos que constituí a
           Tel.: (21) 7119-6044
                                                  “Todos têm direito ao meio               biosfera, ou esfera da vida, e que dão
    Caixa Postal 70514 – Taquara – RJ                                                      origem aos ecossistemas, no qual inclui-
             CEP 22.740-971                        ambiente ecologicamente
                                                                                           se o homem.
          Publicação mensal da                equilibrado, bem de uso comum do
                                                                                              O meio ambiente, então, é um direito
        RPC Editora Gráfica Ltda              povo e essencial à sadia qualidade
        CNPJ 08.855.227/0001-20                                                            de todos, porém um meio ambiente
                                                de vida, impondo-se ao Poder               ecologicamente equilibrado, ao mesmo
           Conselho Editorial                 Público e à coletividade o dever de
  Almir Paulo, Ivan Lima, Manoel Meirelles,                                                tempo em que é um bem de uso comum
  Val Costa, Jayme Rocha, Sílvia Regina,       defendê-lo e preserva-lo para as            – ou seja, pertence ao povo, e não ao
        Paulo Silva, Luciana Araujo,            presentes e futuras gerações”.             particular,       nem      ao       Estado    capaz de garantir a todo os homens,
    Sônia dos Santos, Cláudio Mattos,
         Pedro Ivo e Maraci Soares                                                         exclusivamente. O dever de gestor desse       indistintamente, os direitos que todos os
                                                  Este é o artigo 225 da nossa             patrimônio cabe, assim, tanto ao poder        seres humanos possuem de igualdade,
     Colaboraram nessa edição                                                              público quando a coletividade, para           liberdade, fraternidade e dignidade.
  Ione Santana, Jerônimo da Silva, Jane
                                              Constituição Federal de vital importância
  Nascimento, Maurício Lafayete, Elena        para a compreensão e aplicação de todo       garantir seu uso sustentável na atualidade,       A proteção ao meio ambiente não
        Barros e Tatiana Santiago             as leis brasileiras que tratam da temática   e para que as gerações futuras tenham         deve ser exigida somente do Poder
       Diagramação e Arte-final
                                              da proteção ao meio ambiente.                também a possibilidade de usufruir desse      Público, todos nós somos co-
               Jane Fonseca                       A partir da Constituição de 1988 a       mesmo ambiente natural, garantindo o uso      responsáveis pela proteção ambiental,
                                              proteção ambiental foi incluída como         prolongado dos recursos da Terra.             ou seja, devemos proteger e denunciar
 Mala-direta: Governo Federal; Câmara         algo fundamental, indispensável a               Sendo os direitos humanos aqueles          a degradação ambiental.
  Federal (bancada do Rio); Governo do
Estado; Assembléia Legislativa; Prefeitura;   sobrevivência da espécie humana,             direitos essenciais e fundamentais a              Reconhecer o meio ambiente como
  Câmara Municipal; Tribunal de Justiça;      contemplando, desta forma, o direito ao      garantir a dignidade da pessoa humana,        um direito fundamental é o primeiro
 partidos políticos; Acija; Acibarra; Acir;
sindicatos; cooperativas; associações de      meio ambiente ecologicamente                 tanto em caráter individual quanto            passo para a sua efetivação e a garantia
moradores; FamRio; Famerj; Faferj; Faf-Rio;   equilibrado como um direito humano           coletivo, que devem ser reconhecido e         de um ambiente saudável para nós e
       Ong’s; Ibase; Fase; Viva Rio;
            rádios comunitárias               fundamental.                                 respeitados por todos, o direito a um meio    para as futuras gerações, como disposto
                                                  A Constituição ao proteger o meio        ambiente essencial a sadia qualidade de       no artigo 225 da Constituição Federal.
    As matérias assinadas são de              ambiente, não protege apenas a               vida é um Direito Humano Fundamental,                                       *Geógrafa
    responsabilidade dos autores
          Distribuição gratuita

                                                       Desabafo contra Viação Santa Maria                         de uma professora em quem um aluno colocou uma bomba
Saiba onde encontrar o                            Cansei do monopólio da empresa de transporte Santa              (não sei se caseira ou bombinha) e machucou sua barriga.
Jornal Abaixo-Assinado                        Maria em setores de Jacarepaguá (AP4), como na Estrada              Cadê a divulgação e atitudes?
Caro leitor, agora mensalmente você           dos Bandeirantes. Há dias em que espero o ônibus por até                          *Geny Guimarães, professora, por e-mail.
poderá obter o exemplar do Jornal             40 minutos. Depois eles seguem em direção à Vargem Grande
Abaixo-Assinado de Jacarepaguá,               lotados. Os ônibus da linha 747 estão obsoletos. Já assisti                        JAAJ na escola
gratuitamente, nos seguintes endereços:       um motorista colando a caixa situada abaixo do volante com   Distribui no dia 9 de março o Jornal Abaixo-Assinado de
Taquara
                                              fita isolante. Outro dia um dos bons profissionais que há na Jacarepaguá nas três turmas do 3º ano em que sou professor
• Centro Comercial Barão da Taquara           empresa me contou que houve redução do número de carros      de História. Leitura atenta e interessada e debates foi o que
(Prédio da Caixa)                             da linha 747, de mais de 30 passaram a cerca de 17.          mais observei, um SUCESSO escolar. Na próxima edição
• Centro Comercial Unicenter Taquara            *Sílvia Regina, moradora de Vargem Grande, por e-mail      gostaria de ter uns duzentos exemplares para distribuição e
• Padaria Nobreza                                                                                          divulgação do JAAJ nas minhas seis turmas. Como faço para
• Clube Português                                             A violência nas escolas                      obter os jornais em abril?
Freguesia                                         A violência nas escolas está cada dia pior. E o que mais *Iremar Adelmo, professor, morador do Pechincha, por e-mail.
• Centro Com. Unicenter Freguesia
                                              me assusta é justamente o fato de que a maioria dos casos
• Passarela da Freguesia
Pechincha                                     não são publicados, não chegam aos jornais e a sociedade Resposta do JAAJ: Professor Iremar, ficamos felizes
• Academia Personal Studio – Estr.            não fica sabendo. Todos os dias vários e vários professores com o trabalho que o senhor realizou com o nosso jornal,
Tindiba, nº 185                               estão sendo atacados, principalmente por alunos do 6º ao 9º significa que nossa proposta editorial está no caminho
Praça Seca                                    ano (ensino fundamental) com idade entre 12 e 17 ou 18 certo. Será um enorme prazer entregar-lhe os 200
• Condomínio Residencial Florianópolis        anos. Resultado: professores traumatizados e afastados, só exemplares mensalmente, para que o senhor possa
- portaria na R. Florianópolis, nº 1.521.     isso.                                                        desenvolver o debate e a reflexão junto com seus alunos
• Academia Rio Swin – Rua Cândido
                                                  Li em O Dia on line de 05/04/2010: “Alunos espancam
Benício, nº 2.339
                                              diretora – Educadora tentou separar briga entre estudantes
Informações e Assinaturas pelo telefone       de colégio municipal em Vila Isabel e foi atacada. Ameaçada         Cartas Informe nome completo, telefone e
(21) 7119-6125                                de morte pelo grupo, que também depredou escola,                    endereço. O jornal se reserva o direito de, sem
jornalabaixoassinado@yahoo.com.br             profissional pediu afastamento. Professores temem voltar à          alterar o conteúdo, resumir ou editar as cartas.
Caixa Postal 70514 – Taquara/RJ –                                                                                       jornalabaixoassinado@yahoo.com.br
                                              unidade”.                                                               Cx. postal 70514 – Taquara – 22.740-971
Cep 22.740-971                                    Ninguém toma atitudes. Eu soube por alto um outro caso
3

                                                                                                             Opinião
    Editorial
                 O petróleo é nosso!
     O
              Jornal Abaixo-Assinado dos royalties e todos os Estados e
             soma-se as diversas forças municípios dividirão os 60% res-
            políticas e ao povo do Estado tantes, seguindo os critérios de par-
     do Rio de Janeiro contra a aprova- tilha dos fundos de Participação dos
     ção pela Câmara dos Deputados de Estados e Municípios.
     uma emenda a um projeto de lei que        Esses novos critérios de partilha                                                          Rio:
     regulamenta a exploração do petró- de royalties dos campos pré-sal e dos
     leo da camada pré-sal, de autoria dos já existentes trará uma perda para o                                        Caos nosso a cada chuva.
     deputados Ibsen Pinheiro (PMDB- Estado do Rio de Janeiro em mais                                               E os principais culpados são os governos
     RS), Humberto Souto (PPS-RS) e de R$ 4,6 bilhões de arrecadação.
     Marcelo Castro (PMDB-PI).              Um duro golpe contra o povo carioca                                       AS ENCHENTES
         A emenda Ibsen, como ficou co- e fluminense.                                    “As chuvaradas de verão, quase todos os anos, causam no nosso Rio de Janeiro,
     nhecida, muda as regras da divisão        Acreditamos que o debate sério        inundações desastrosas. Além da suspensão total do tráfego, com uma prejudicial
     dos royalties pagos pelas empresas sobre a divisão do pré-sal (a camada         interrupção das comunicações entre os vários pontos da cidade, essas inundações
     petrolíferas como                                         está a cerca de       causam desastres pessoais lamentáveis, muitas perdas de haveres e destruição de
     compensação pe-                                           300 quilometros       imóveis.
                                 “...o certo é que a
     los impactos de-                                          da costa e a 7.000        De há muito que a nossa engenharia municipal se devia ter compenetrado do
     mográficos, am-           divisão dos royalties           metros de profun-     dever de evitar tais acidentes urbanos. Uma arte tão ousada e quase tão perfeita,
     bientais e de infra-    preserve o equilíbrio da didade no oceano,              como é a engenharia, não deve julgar irresolvível tão simples problema.
     estrutura causa-         federação, recompense só começarão a                       O Rio de Janeiro, da avenida, dos squares, dos freios elétricos, não pode estar
     dos pela explora-                                         gerar renda den-      à mercê de chuvaradas, mais ou menos violentas, para viver a sua vida integral.
     ção do petróleo.
                                  os Estados mais              tro de dez anos)          Como está acontecendo atualmente, ele é função da chuva. Uma vergonha!
     Pelas regras atu-        afetados pela extração aconteça sem o-                 Não sei nada de engenharia, mas, pelo que me dizem os entendidos, o problema
     ais, a maior parte      do petróleo e, sobretudo, portunismo elei-              não é tão difícil de resolver como parece fazerem constar os engenheiros
     dos royalties vai                garanta o                toral porque o cer-   municipais, procrastinando a solução da questão.”
     para a União, para                                        to é que a divisão
     os Estados e mu-           desenvolvimento de             dos royalties pre-        Caro leitor, sabe quem escreveu o texto   387.346 pessoas em 448 áreas
     nicípios onde há              todo o país...”             serve o equilíbrio    acima? Sabe em que jornal e em que ano?       vistoriadas pelo órgão.
     produção de petró-                                        da federação, re-         Este texto “As enchentes” foi                 Enquanto isso, a prefeitura do
     leo. Os demais Estados recebem compense os Estados mais afetados                escrito por Lima Barreto no Correio           senhor Paes prevê gastar R$ 120
     apenas uma pequena parcela do pela extração do petróleo e, so-                  da Noite, em 19 de janeiro de 1915.           milhões com publicidade. A Cidade da
     dinheiro.                              bretudo, garanta o desenvolvimento           O texto do escritor Lima Barreto          Música já consumiu uns R$ 500
         Com o argumento de que é pre- de todo o país, em especial sirva para        parece atual ao abordar as chuvas do          milhões, e ainda pode consumir uns R$
     ciso dar tratamento igualitário aos melhoria da educação, saúde, ge-            início do século passado. São quase 100       100 milhões. E inexistem como
     Estados, a emenda Ibsen mantém a ração de emprego e o cuidado am-               anos que sofremos com a falta de              prioridades da Prefeitura (e do Governo
     fatia de 40% da União na divisão biental.                                       planejamento do poder público.                Estadual também) obras de prevenção
                                                                                         O problema é que nossas cidades           de acidentes geológicos.
                                                                                     não estão preparadas para enfrentar               Nossa cidade continua esburacada
            Solidariedade ao mestre Miguel Baldez                                    essa situação. Por quê será? Vejamos          e mal iluminada, qualquer chuvinha as
       O Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá presta sua solidariedade              o que acontece com nossa cidade               ruas ficam alagadas, os bueiros
    ao professor Miguel Baldez, que após 42 anos de trabalho, foi demitido da        maravilhosa.                                  entupimentos. Rios e canais
    Universidade Cândido Mendes por defender ensino superior de qualidade e              O relatório do Tribunal de Contas         transbordam porque falta dragagem e
    garantias trabalhistas.
                                                                                     aponta falhas e deficiências na limpeza       limpeza. Constantes apagões, depois da
       Nossa solidariedade ao mestre Miguel Baldez tem por objetivo
                                                                                     de rios e canais da cidade do Rio por         privatização da Light. A água nas
    homenagear a trajetória de luta de Baldez já que boa parte dos seus 80 anos
    de idade foram dedicados à luta em defesa dos oprimidos sempre ao lado           parte da Prefeitura. As verbas para           torneiras tem faltado como há muito
    dos movimentos sociais e por uma sociedade mais justa e igualitária.             contenção de catástrofes foram                tempo não se via, apesar da
                                                                                     diminuídas. No Plano Plurianual da            propaganda governamental com a
                                                                                     Prefeitura, os recursos previstos de 2010     “nova” Cedae.
      Você escreve e nós publicamos                                                  a 2013 para a Geo-Rio totalizam R$ 37             Agora vem o Lula, o Sérgio Cabral,
    Moradores de Jacarepaguá, Praça Seca, Vila Valqueire, Camorim,                   milhões. De 32 áreas de risco contidas        o Eduardo Paes e o Jorge Roberto da
    Cidade de Deus, Rio das Pedras, Barra, Recreio e das Vargens.                    no Plano Municipal de Redução de              Silveira, diante do caos acontecendo,
    Queremos sua participação no nosso jornal. Você pode escrever e                  Riscos de 2005 até agora nenhuma delas        darem declarações que culpam a
    nós publicamos na íntegra suas reivindicações, suas denúncias e                  recebeu as obras necessárias. De 2007         chuva ou os mortos. Creio que todos
    sua visão sobre os problemas da sua comunidade e da região. Enfim,
    entre no debate e na luta para construir um bairro melhor. Solte o seu           a 2009 a verba empenhada pela Geo-            nós queremos o compromisso com
    verbo e grito em nossas páginas.                                                 Rio foi de R$ 46 milhões – 28% do que         políticas públicas que nos respeitem
                                                                                     mostrava a necessidade de intervenções        como cidadãos e seres humanos diante
                    jornalabaixoassinado@yahoo.com.br                                com obras de contenção no valor total         da dor.
             Caixa Postal 70514 – Taquara/RJ – Cep 22.740-971                        de R$ 159,8 milhões, para beneficiar             *Coordenador Editorial do JAAJ
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                                          Enchentes
                                                                                           Vargens sofreu com as chuvas
                            A tragédia                                                  Na opinião do arquiteto Canagé Vilhena, morador das Vargens, “enfim
                    Chico                                                            aconteceu o que se esperava: Vargem Grande e Vargem Pequena formam agora
                            poderia ser                                              a Veneza Carioca. Os canais assoreados, há muitos anos, impedem o fluxo
                    Alencar menor                                                    normal das águas pluviais. Estes bairros estão sob a água, agora às 3horas da
                                                                                     madrugada do dia 6 de março de 2010.Segundo a prefeitura a cidade só ficará
                                                                                     pronta para enfrentar as enchentes a partir do ano que vem. Até lá vamos
                                          há manutenção em galerias pluviais e       conviver com a conversa oficial de sempre. Até lá vamos continuar vendo a
                                          fluviais, porque não há educação           prefeitura e governo do estado recebendo verbas emergenciais para manter
    Nosso Rio de Janeiro transborda.      ambiental cidadã para todos, porque        tudo como sempre esteve. Mais uma vez São Pedro será responsabilizado.”
As forças da natureza geram               não há sequer ação preventiva quanto
destruição e morte. O dilúvio deste       a temporais anunciados. Seria leviano
abril atinge níveis pluviométricos        e demagógico dizer que a ação pública
impressionantes. Mas não podemos          evitaria todo e qualquer desastre, mas
ficar na dolorosa constatação da          que ela minimizaria danos e
tragédia. O ser humano criou, há          preservaria vidas, não há dúvidas!
tempos, tecnologias e mecanismos              Em nome da dor das famílias
que impedem que fiquemos tão              enlutadas, dor concreta, lágrimas reais,
expostos à pesada ação da natureza.       muito mais pungente que abstrata
Natureza que, por sinal, dando sinais,    “lamentação pelo Rio”, é preciso agir,
reage de forma cada vez mais violenta     mudar posturas, iniciar políticas de
às insanas alterações que temos           longo prazo, sem o olhar imediatista
provocado no planeta.                     do voto fácil. E cada um de nós
    As chuvas no Rio, inevitáveis,        também tem a obrigação de fazer a
poderiam produzir menos óbitos e          sua parte, na atitude diária e na
desabamentos.            Então,       a   solidariedade emergencial, com mais
responsabilidade é também dos             consciência do que é viver em
governantes, que, como hábito,            coletividade.
cuidam mais de obras ‘grandiosas’,            Em nome do pranto sentido de
cosméticas ou rodoviárias do que de       tantas famílias, que acontece aqui e       Mansão em Vargem Grande, situada ao final da Rua Capitão Pedro Afonso. Vizinhos
saneamento, habitação segura,             neste momento, é preciso encaminhar        relataram que moradores sairam com ajuda do Corpo de Bombeiros.
dragagem de rios, e coleta contínua e     soluções imediatas, envolvendo a
seletiva de lixo. Mas cada cidadão
também tem sua responsabilidade,
                                          população como partícipe, e não ficar
                                          projetando só os Jogos Olímpicos de              Doação e apoio as
desde o aparentemente prosaico
hábito de jogar papel higiênico em
vasos sanitários ao lixo lançado a
                                          2016 ou vinculado aos interesses das
                                          grandes         empreiteiras          e        vítimas das enchentes
                                          incorporadoras, financiadoras de
esmo, nas ruas e praças.                  campanhas eleitorais. Estas só                  Jornal Abaixo Assinado e Personal Studio
    Não é por acaso, muito menos por      enxergam as cidades como lugar de
um desígnio cruel de Deus, que as         negócios e o solo urbano como
                                                                                       se juntam para ajudar as vítimas das enchentes
vítimas das enchentes sejam sempre        mercadoria. O jogo da vida, da                        na Baixada de Jacarepaguá.
os pobres, com raríssimas exceções!       sobrevivência, está sendo jogado
São as principais vítimas porque não                                                     As chuvas que atingiram a           amenizar essa situação, o JAAJ e a
                                          agora, e a população carioca e
há política habitacional, porque não há                                               Região Metropolitana do Rio de         Personal Studio irão recolher
                                          fluminense está perdendo. Nessa
oferta de alternativas aos que moram                                                  Janeiro no início de abril deixaram    alimentos não perecíveis, produtos
                                          tragédia, na verdade, todos
em áreas de risco, porque não há                                                      milhares de desabrigados e             de higiene pessoal e roupas para
                                          perdemos.
limpeza urbana adequada em nossas                                                     desalojados. Na Baixada de             doar às vítimas das enchentes. A sua
                                            *Professor de História e Deputado
comunidades faveladas, porque não                                                     Jacarepaguá, a situação também         participação é essencial!
                                                         Federal pelo PSOL-RJ
                                                                                      não foi diferente. Recreio dos
                                                                                      Bandeirantes, Vargem Grande,                 Local para doações:
                                                                                      Praça Seca e a comunidade de
                                                                                                                                 Estr. do Tindiba, 185 sala 104
                                                                                      Santa Maria foram as áreas mais
                                                                                                                                  Pechincha - das 17h às 21h.
                                                                                      atingidas pelas chuvas. Muitas
                                                                                                                                   Telefone (21) 3327-4007
                                                                                      dessas pessoas perderam tudo e só
                                                                                                                                         Prof. Jéferson.
 (21) 7119-6125 / (21) 7119-6163 E-mail: jornalabaixoassinado@yahoo.com.br            possuem a roupa do corpo. Visando
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                                                                                          Enchentes

Novamente, uma tragédia anunciada
    Há anos a população da Baixada de Jacarepaguá sofre com as chuvas. Sai
governo, entra governo, nada muda. É só promessa. Um ano no governo,
Eduardo Paes nada fez. O governador Sérgio Cabral, em fim de mandato,
nada fez na região. Os rios continuam sem serem dragados, os moradores
vivem em áreas de risco e nenhuma casa foi construída na região. Não tem
jeito: a culpa é dos governantes!
    Marcelo Ávila, fotógrafo e morador do Pechincha, registrou em primeira
mão para o Jornal Abaixo-Assinado o drama das comunidades da Praça Seca
e da Taquara, em especial dos moradores da Comunidade de Santa Maria.




                                                    Poesia
                                                    O poema da professora Elena Barros,
                                                    moradora da Taquara, traduz nossa
                                                    indignação com as 255 mortes nas
                                                    enchentes do início de abril.

                                                           Imagens que falam
                                                       Imagens que falam na moldura fria
                                                        e colorida das fotos da vida real.
                                                    Imagens que gritam o caos e o abandono,
                                                                o desespero total.
                                                        O descuido, a irresponsabilidade,
                                                                a não-comunhão.
                                                      Imagens aflitas, perdidas, destroçadas,
                                                              imagens distorcidas,
                                                    imagens mutiladas de vidas, muitas vidas,
                                                           carregadas em enxurradas
                                                                meio à multidão.
                                                         Quero olhar pela lente do belo
                                                        e ver o Rio de verde e amarelo –
                                                             cidade, estado, nação.
                                                     Imagens que esperam em desassossego
                                                        o socorro burocrático do descaso
                                                                e da desatenção...
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                                         Yakaré upá guá
           O abandono do Patrimônio Histórico da Baixada de Jacarepaguá
*Val Costa                                                                              Benício da Silva Moreira.             pelo Instituto de Pensões e Assistência
    Patrimônio Histórico pode ser                                                       Localizado na Rua Cândido             aos Servidores do Estado – IPASE –
definido como um bem material,                                                          Benício número 2.610, essa            que construiu um conjunto habitacional
natural ou imóvel concebido por                                                         residência serviu de moradia para     na propriedade no ano de 1956. Ao
sociedades do passado e que                                                             o popular médio até o ano de sua      adquiri-lo, o Instituto cedeu o casarão
possuiu importância artística,                                                          morte, em 1897. Em 8 de março         para o Sr. José Floriano de Souza
cultural, religiosa, documental ou                                                      de 1954, foi inaugurado no mesmo      Portas, que foi o primeiro administrador
estética. O Instituto do Patrimônio                                                     prédio o Educandário Nossa            dessas terras na era IPASE, atuando
Histórico e Artístico Nacional –                                                        Senhora da Vitória, pelo professor    como guarda florestal da fazenda. Hoje,
IPHAN- é o responsável pela                                                             João Fernandes da Cruz. Após a        esse importante vestígio histórico
gestão, proteção e preservação do                                                       morte do seu fundador, em 2000,       necessita, além de um tombamento
                                     Vista panorâmica da Baixada de Jacarepaguá
patrimônio histórico e artístico                                                        o terreno começou a ser ocupado       urgente dos órgãos competentes,
brasileiro. Além desse órgão, o estado tombado pelo Inepac em 3 de                 por um loteamento e o prédio foi           reformas que possam mantê-lo de pé.
do Rio de Janeiro conta também com setembro de 1965, através do processo           gradativamente destruído.                     A preservação e a conservação do
o Instituto Estadual do Patrimônio 03/300.396/65.                                     Pode-se citar ainda o casarão da        patrimônio histórico, cultural e
Cultural – Inepac- que se dedica à             Em 1565, Estácio de Sá, doou à      Fazenda Mato Alto, localizado no bairro    ambiental é dever de toda a sociedade.
preservação do patrimônio cultural cidade              uma      sesmaria      de   da Praça Seca. Essas terras foram          Conscientizar as atuais e futuras
estadual, elaborando estudos, aproximadamente 130 Km2. Essa                        vendidas pelo neto do Barão da             gerações da importância desses
fiscalizando obras, emitindo pareceres vasta extensão de terras englobava          Taquara, Zezé, no final da década de       vestígios do passado possibilita formar
técnicos, pesquisando, catalogando e Barra da Tijuca, São Conrado, Gávea,          1930, ao jornalista do extinto periódico   uma identidade local, fundamental para
efetuando tombamentos.                     Leblon, Copacabana, Flamengo,           “A Noite”, Geraldo Rocha Este. Em          construir uma cidadania participativa.
    Detentora de um dos maiores Catete, Gamboa e Saúde, indo até a                 dezembro de 1943, foram compradas                     *Professor e Pesquisador
acervos históricos da cidade, a Baixada nascente do Rio Comprido. Em 1753,
de Jacarepaguá possui vários vestígios a Câmara Municipal marcou o
que remontam ao período do Brasil perímetro da sesmaria com 21 pedras                         Líder conta à história
colonial e que se encontram lavradas, todas com a inscrição CMA,                              da Fazenda Mato Alto
abandonados pelo poder público. de Câmara. Ao longo dos séculos, esses
Dentre os quais, destaca-se o Marco 5 marcos foram gradativamente sendo
                                                                                    Entrevista com Presbítero Alves, na foto
(cinco) das Sesmarias da Tijuca, destruídos ou aterrados. O único que                ao lado com dona Letícia, é morador e
localizado na Estrada do Joá nº 690 e restou foi o marco localizado em um           líder comunitário da Fazenda Mato Alto
                                           terreno na Estrada do Joá. Sem
                                                                                                                                               D. Letícia e Sr. Alves
                                           qualquer tipo de identificação, esse     JAAJ: Fale um pouco sobre a história da Fazenda
                                           importante vestígio da história da       Mato Alto e do aparecimento da comunidade
                                           cidade necessita muito mais que um       nessas terras.
                                           tombamento, que é um ato de cunho        Sr. Alves: Quando o IPASE adquiriu estas terras , colocou aqui pessoas
                                           jurídico, mas principalmente de ações    para tomar conta. Assentou no Casarão a família do Sr. Floriano, que
                                           efetivas para preservá-lo.               passou, esse senhor, a ser o primeiro administrador da Fazenda Mato
                                               Outro bem tombado, desta vez pelo    Alto. Outros administradores sucederam-lhe e outras famílias foram
                                           IPHAN, que desapareceu da nossa          assentadas.
Terreno abandonado na Estrada do Joá paisagem, foi o prédio construído, em
onde está o Marco V                        1885, pelo médico-sanitarista Cândido    JAAJ: Quais as iniciativas que a Associação de Moradores teve para
                                                                                    preservar o “Casarão”?
               Pesquisadores lançam blog sobre                                      Sr. Alves: A comunidade foi contemplada com o programa Favela Bairro.
                 a Baixada de Jacarepaguá                                           Quando a equipe da Prefeitura veio inspecionar a comunidade para
                                                                                    implantação do programa, eu levei essa equipe para ver o Casarão, e
     Os professores Val Costa e Luciana Araujo lançaram, no final do ano
                                                                                    pedi-lhes que estudassem a possibilidade do tombamento do mesmo e o
 passado, um blog para divulgar as suas pesquisas sobre a Baixada de
 Jacarepaguá. Nele, os pesquisadores expõem os seus artigos e avisam sobre          aproveitassem para usá-lo como posto médico. A resposta foi que ficaria
 as palestras e eventos que participam. O objetivo é desenvolver um espaço          muito caro, e não valeria a pena.
 virtual dinâmico, onde moradores, pesquisadores ou apaixonados pela região
 possam contribuir com fotos e textos. Se você tem uma foto antiga, imagem          JAAJ: Qual a importância da preservação do patrimônio histórico
 ou documento sobre a Baixada de Jacarepaguá, mande para o blog que os              para as gerações do presente e do passado?
 pesquisadores terão prazer em postá-la.                                            Sr. Alves: A preservação do patrimônio histórico é importante no sentido
     O endereço do blog: http://barra-jpa.blogspot.com/                             de dar conhecimento às gerações do presente e do futuro, como foi, o
     E-mail para contato: barra-jpa@hotmail.com                                     que foi, para que foi e porque foi que aconteceu cada construção.
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                                                                               Descobrindo talentos
                   Moradores da região lançam livros
                                                                                                              Entrevista com Marco Aurélio
        Esse mês o Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá (JAAJ) apresenta duas entrevistas com
    jovens escritores da Baixada de Jacarepaguá. A primeira foi realizada com Ulisses Junior. Ele é           JAAJ: Como surgiu a idéia de
    locutor e professor de Inglês e Português. Seu livro, “Visões de um Aprendiz”, aborda questões            escrever um livro?
    sobre filosofia e fé. O segundo autor tem apenas 13 anos. É o adolescente Marco Aurélio, aluno do         Marco: A idéia de escrever “O
    professor Val Costa, que está lançando a aventura fantástica “O Diário de um Explorador” Ambos os         Diário de um Explorador”
    livros são edições independentes e mostram um pouco da riqueza cultural da nossa região.                  surgiu a partir da terceira
                                                                                                              leitura do livro de Val Costa,
                                                                                                              professor de História da minha Jovens escritores,
Entrevista com Ulisses Júnior                             privado, pois as condições de meu pai               escola, Garriga de Menezes. Marco Aurélio e
                                                                                                                                               Matheus Palermo
                                                          serralheiro e minha mãe dona de casa eram           Antes da decisão de escrever
JAAJ: Como surgiu a ideia de                              muito limitadas. Sendo assim, desde muito cedo      meu livro, tentei editar vários outros, até que,
escrever o livro?                                         busquei alternativas para suprir o que me           finalmente, nasceu “O Diário de um
Ulisses: A ideia de escrever o                            faltava em relação à educação e acesso a            Explorador”. Minha avó e minha mãe,
“Visões de um Aprendiz” surgiu                            conteúdos maiores, como o estudo de uma             principalmente, contribuíram bastante para a
da necessidade que eu tinha (e                            língua, por exemplo no meu caso, o inglês.          construção do livro de forma contínua, sempre
ainda tenho) de compartilhar                              Muitas vezes eu tinha que ser uma espécie de        me apoiando nas horas complicadas da edição.
com as pessoas, conhecidas minhas ou não, um              autodidata para conseguir aprender e
pouco daquilo que penso a respeito dos                    apreender       determinados        conteúdos,      JAAJ: Por que optar por uma história de
relacionamentos intrapessoais e interpessoais, ou         determinadas matérias na escola pública onde        aventura fictícia?
seja, as relações que criamos com a gente mesmo           eu estudava, pois na minha época não havia          Marco: Decidi optar por esse gênero ao ver
e as que temos uns com os outros.                         distribuição de material didático, como livros      alguns filmes de aventura fictícia nos cinemas.
                                                          ou cadernos de apoio e, como muitas vezes meus      Estava jogando na Internet quando comecei a
JAAJ: Por que optar por escrever sobre                    pais não podiam comprar os livros solicitados,      ler sobre algumas “historinhas” de ficção no site
espiritualidade e fé?                                     devido ao alto preço, eu tinha de me virar com      do game e me impressionei pela criatividade de
Ulisses: A opção por escolher falar sobre                 o que pudesse. Passei então a frequentar uma        seus criadores, decidi escolher esse gênero ao ler
espiritualidade e sobre fé nasce justamente daquilo       biblioteca pública que existia próximo a minha      essas histórias no próprio site do jogo.
que enxergo como base para uma vida mais                  casa. Foi lá que, pouco a pouco, comecei a ter
saudável: a crença em algo superior a nós. Não            contato com o mundo da leitura, dos livros, dos     JAAJ: Como a escola e a família contribuíram
falo sobre religião, falo sobre fé, de diferentes tipos   autores e, gradativamente, despertei o gosto        para estimular o seu gosto por livros?
de fé e especialmente a nossa relação com elas.           por alguns assuntos. Essas visitas à biblioteca     Marco: Sempre me interessei por livros de
                                                          me ajudaram muito, pois, sem saber, eu              diferentes gêneros. Como disse anteriormente,
JAAJ: Como a escola e a família contribuíram              trabalhava vários aspectos e despertava em          ao ler pela terceira vez o livro do professor Val,
para estimular o seu gosto por livros?                    mim mesmo alguns hábitos que, mais tarde, só        decidi escrever o meu. A escola estimula o meu
Ulisses: Escola e família: duas instituições              contribuíram com a minha formação, como, por        gosto por livros, me apresentando várias obras
importantíssimas para a formação de qualquer              exemplo, o acesso à cultura universal, através      da literatura brasileira. A minha família sempre
cidadão de bem.Venho de uma família pobre,                dos livros de história e geografia, de literatura   me presenteia com livros, principalmente quando
onde o estímulo para o estudo era muito                   e até mesmo de psicologia.                          vamos a eventos como a Bienal.


         Exposição                                                                                            sua inspiração para seu trabalho. Ambientalista,
                                                                                                              formou-se em História Natural, em Ciências
                                                                                                              Biológicas e fez Pós-Graduação na área
      Natureza & Arte                                                                                         ambiental. Há trinta anos trabalha
                                                                                                              profissionalmente na área do meio ambiente.
       “Natureza & Arte” é o nome da Exposição                                                                Paralelamente à carreira científica, freqüentou
    de Arte da artista plástica Jane Bastos que está                                                          diversos ateliês onde aprendeu diferentes
    aberta à visitação na Sala de Exposição do Espaço                                                         técnicas em estilos figurativos e abstracionados
    Cultural da Estácio de Sá – Campus Jacarepaguá,                                                           e fez vários cursos livres de História da Arte.
    na Estrada do Capenha, nº 1.535, Freguesia.                                                                   A exposição “Natureza & Arte” foi
        A artista Jane Bastos, nascida no Rio de                                                              inaugurada dia 25 de março a vai até o dia 28
    Janeiro, desde a infância gostava de desenhar                                                             de abril de 2010, das 10 às 21h, de segunda a
    e pintar a natureza. Sempre buscou na natureza                                                            sexta-feira.
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Jaaj 43 abr10

  • 1. O jornal das lutas comunitárias e da cultura popular Ano 5 - Número 43 Abril de 2010 Enchente e mais tragédias, de novo fotos de Marcelo Ávila Agora que a grande mídia começa diminuir espaço nas suas páginas sobre a tragédia dos cerca de sete mil desabrigados e mais de 255 mortos soterrados por lama, pedra e lixo no Rio de Janeiro, o Jornal Abaixo-Assinado não quer deixar cair no esquecimento e vai fundo na discussão do problema das chuvas na cidade. Em artigo na página 3, Almir Paulo recorre a um texto “As enchentes” escrito por Lima Barreto no Correio da Noite, em 19 de janeiro de 1915, para mostrar que o problema é antigo e de conhecimento dos governos e questiona o prefeito Eduardo Paes sobre os investimentos na Geo-Rio. O deputado Chico Alencar salienta, em artigo na página 4, que as chuvas no Rio, inevitáveis, poderiam produzir menos óbitos e desabamentos. Então, a responsabilidade é também dos governantes, que, como hábito, cuidam mais de obras ‘grandiosas’, cosméticas ou rodoviárias do que de saneamento, habitação segura, dragagem de rios, e coleta contínua e seletiva de lixo. O fotógrafo Marcelo Ávila registrou em fotos os estragos causados pela chuva na comunidade Santa Maria, na Taquara, e na Praça Seca. Evidenciando a necessidade de uma política habitacional para nossa região. As autoridades precisam assumir sua culpa em vez de buscar desculpas. A responsabilidade é humana e política e não vale culpar os mortos. Choramos como cidadãos a perda de vidas valorosas e desejamos que a dor dos que perderam seus entes queridos sirva para mudar os rumos da política dos podres poderes em nosso Estado e em nossa cidade Leia mais nas páginas 3, 4 e 5. Descobrindo talentos Patrimônio Histórico da Baixada de Jovens da região lançam livros Jacarepaguá abandonado pelos governos Página 7 Página 6
  • 2. 2 Cartas dos leitores EXPEDIENTE O direito fundamental ao meio ambiente Ano 5 - Número 43 - Abril de 2010 *Luciana Araujo natureza, ou seja, a flora, mas sim a jornalabaixoassinado@yahoo.com.br todos os elementos que constituí a Tel.: (21) 7119-6044 “Todos têm direito ao meio biosfera, ou esfera da vida, e que dão Caixa Postal 70514 – Taquara – RJ origem aos ecossistemas, no qual inclui- CEP 22.740-971 ambiente ecologicamente se o homem. Publicação mensal da equilibrado, bem de uso comum do O meio ambiente, então, é um direito RPC Editora Gráfica Ltda povo e essencial à sadia qualidade CNPJ 08.855.227/0001-20 de todos, porém um meio ambiente de vida, impondo-se ao Poder ecologicamente equilibrado, ao mesmo Conselho Editorial Público e à coletividade o dever de Almir Paulo, Ivan Lima, Manoel Meirelles, tempo em que é um bem de uso comum Val Costa, Jayme Rocha, Sílvia Regina, defendê-lo e preserva-lo para as – ou seja, pertence ao povo, e não ao Paulo Silva, Luciana Araujo, presentes e futuras gerações”. particular, nem ao Estado capaz de garantir a todo os homens, Sônia dos Santos, Cláudio Mattos, Pedro Ivo e Maraci Soares exclusivamente. O dever de gestor desse indistintamente, os direitos que todos os Este é o artigo 225 da nossa patrimônio cabe, assim, tanto ao poder seres humanos possuem de igualdade, Colaboraram nessa edição público quando a coletividade, para liberdade, fraternidade e dignidade. Ione Santana, Jerônimo da Silva, Jane Constituição Federal de vital importância Nascimento, Maurício Lafayete, Elena para a compreensão e aplicação de todo garantir seu uso sustentável na atualidade, A proteção ao meio ambiente não Barros e Tatiana Santiago as leis brasileiras que tratam da temática e para que as gerações futuras tenham deve ser exigida somente do Poder Diagramação e Arte-final da proteção ao meio ambiente. também a possibilidade de usufruir desse Público, todos nós somos co- Jane Fonseca A partir da Constituição de 1988 a mesmo ambiente natural, garantindo o uso responsáveis pela proteção ambiental, proteção ambiental foi incluída como prolongado dos recursos da Terra. ou seja, devemos proteger e denunciar Mala-direta: Governo Federal; Câmara algo fundamental, indispensável a Sendo os direitos humanos aqueles a degradação ambiental. Federal (bancada do Rio); Governo do Estado; Assembléia Legislativa; Prefeitura; sobrevivência da espécie humana, direitos essenciais e fundamentais a Reconhecer o meio ambiente como Câmara Municipal; Tribunal de Justiça; contemplando, desta forma, o direito ao garantir a dignidade da pessoa humana, um direito fundamental é o primeiro partidos políticos; Acija; Acibarra; Acir; sindicatos; cooperativas; associações de meio ambiente ecologicamente tanto em caráter individual quanto passo para a sua efetivação e a garantia moradores; FamRio; Famerj; Faferj; Faf-Rio; equilibrado como um direito humano coletivo, que devem ser reconhecido e de um ambiente saudável para nós e Ong’s; Ibase; Fase; Viva Rio; rádios comunitárias fundamental. respeitados por todos, o direito a um meio para as futuras gerações, como disposto A Constituição ao proteger o meio ambiente essencial a sadia qualidade de no artigo 225 da Constituição Federal. As matérias assinadas são de ambiente, não protege apenas a vida é um Direito Humano Fundamental, *Geógrafa responsabilidade dos autores Distribuição gratuita Desabafo contra Viação Santa Maria de uma professora em quem um aluno colocou uma bomba Saiba onde encontrar o Cansei do monopólio da empresa de transporte Santa (não sei se caseira ou bombinha) e machucou sua barriga. Jornal Abaixo-Assinado Maria em setores de Jacarepaguá (AP4), como na Estrada Cadê a divulgação e atitudes? Caro leitor, agora mensalmente você dos Bandeirantes. Há dias em que espero o ônibus por até *Geny Guimarães, professora, por e-mail. poderá obter o exemplar do Jornal 40 minutos. Depois eles seguem em direção à Vargem Grande Abaixo-Assinado de Jacarepaguá, lotados. Os ônibus da linha 747 estão obsoletos. Já assisti JAAJ na escola gratuitamente, nos seguintes endereços: um motorista colando a caixa situada abaixo do volante com Distribui no dia 9 de março o Jornal Abaixo-Assinado de Taquara fita isolante. Outro dia um dos bons profissionais que há na Jacarepaguá nas três turmas do 3º ano em que sou professor • Centro Comercial Barão da Taquara empresa me contou que houve redução do número de carros de História. Leitura atenta e interessada e debates foi o que (Prédio da Caixa) da linha 747, de mais de 30 passaram a cerca de 17. mais observei, um SUCESSO escolar. Na próxima edição • Centro Comercial Unicenter Taquara *Sílvia Regina, moradora de Vargem Grande, por e-mail gostaria de ter uns duzentos exemplares para distribuição e • Padaria Nobreza divulgação do JAAJ nas minhas seis turmas. Como faço para • Clube Português A violência nas escolas obter os jornais em abril? Freguesia A violência nas escolas está cada dia pior. E o que mais *Iremar Adelmo, professor, morador do Pechincha, por e-mail. • Centro Com. Unicenter Freguesia me assusta é justamente o fato de que a maioria dos casos • Passarela da Freguesia Pechincha não são publicados, não chegam aos jornais e a sociedade Resposta do JAAJ: Professor Iremar, ficamos felizes • Academia Personal Studio – Estr. não fica sabendo. Todos os dias vários e vários professores com o trabalho que o senhor realizou com o nosso jornal, Tindiba, nº 185 estão sendo atacados, principalmente por alunos do 6º ao 9º significa que nossa proposta editorial está no caminho Praça Seca ano (ensino fundamental) com idade entre 12 e 17 ou 18 certo. Será um enorme prazer entregar-lhe os 200 • Condomínio Residencial Florianópolis anos. Resultado: professores traumatizados e afastados, só exemplares mensalmente, para que o senhor possa - portaria na R. Florianópolis, nº 1.521. isso. desenvolver o debate e a reflexão junto com seus alunos • Academia Rio Swin – Rua Cândido Li em O Dia on line de 05/04/2010: “Alunos espancam Benício, nº 2.339 diretora – Educadora tentou separar briga entre estudantes Informações e Assinaturas pelo telefone de colégio municipal em Vila Isabel e foi atacada. Ameaçada Cartas Informe nome completo, telefone e (21) 7119-6125 de morte pelo grupo, que também depredou escola, endereço. O jornal se reserva o direito de, sem jornalabaixoassinado@yahoo.com.br profissional pediu afastamento. Professores temem voltar à alterar o conteúdo, resumir ou editar as cartas. Caixa Postal 70514 – Taquara/RJ – jornalabaixoassinado@yahoo.com.br unidade”. Cx. postal 70514 – Taquara – 22.740-971 Cep 22.740-971 Ninguém toma atitudes. Eu soube por alto um outro caso
  • 3. 3 Opinião Editorial O petróleo é nosso! O Jornal Abaixo-Assinado dos royalties e todos os Estados e soma-se as diversas forças municípios dividirão os 60% res- políticas e ao povo do Estado tantes, seguindo os critérios de par- do Rio de Janeiro contra a aprova- tilha dos fundos de Participação dos ção pela Câmara dos Deputados de Estados e Municípios. uma emenda a um projeto de lei que Esses novos critérios de partilha Rio: regulamenta a exploração do petró- de royalties dos campos pré-sal e dos leo da camada pré-sal, de autoria dos já existentes trará uma perda para o Caos nosso a cada chuva. deputados Ibsen Pinheiro (PMDB- Estado do Rio de Janeiro em mais E os principais culpados são os governos RS), Humberto Souto (PPS-RS) e de R$ 4,6 bilhões de arrecadação. Marcelo Castro (PMDB-PI). Um duro golpe contra o povo carioca AS ENCHENTES A emenda Ibsen, como ficou co- e fluminense. “As chuvaradas de verão, quase todos os anos, causam no nosso Rio de Janeiro, nhecida, muda as regras da divisão Acreditamos que o debate sério inundações desastrosas. Além da suspensão total do tráfego, com uma prejudicial dos royalties pagos pelas empresas sobre a divisão do pré-sal (a camada interrupção das comunicações entre os vários pontos da cidade, essas inundações petrolíferas como está a cerca de causam desastres pessoais lamentáveis, muitas perdas de haveres e destruição de compensação pe- 300 quilometros imóveis. “...o certo é que a los impactos de- da costa e a 7.000 De há muito que a nossa engenharia municipal se devia ter compenetrado do mográficos, am- divisão dos royalties metros de profun- dever de evitar tais acidentes urbanos. Uma arte tão ousada e quase tão perfeita, bientais e de infra- preserve o equilíbrio da didade no oceano, como é a engenharia, não deve julgar irresolvível tão simples problema. estrutura causa- federação, recompense só começarão a O Rio de Janeiro, da avenida, dos squares, dos freios elétricos, não pode estar dos pela explora- gerar renda den- à mercê de chuvaradas, mais ou menos violentas, para viver a sua vida integral. ção do petróleo. os Estados mais tro de dez anos) Como está acontecendo atualmente, ele é função da chuva. Uma vergonha! Pelas regras atu- afetados pela extração aconteça sem o- Não sei nada de engenharia, mas, pelo que me dizem os entendidos, o problema ais, a maior parte do petróleo e, sobretudo, portunismo elei- não é tão difícil de resolver como parece fazerem constar os engenheiros dos royalties vai garanta o toral porque o cer- municipais, procrastinando a solução da questão.” para a União, para to é que a divisão os Estados e mu- desenvolvimento de dos royalties pre- Caro leitor, sabe quem escreveu o texto 387.346 pessoas em 448 áreas nicípios onde há todo o país...” serve o equilíbrio acima? Sabe em que jornal e em que ano? vistoriadas pelo órgão. produção de petró- da federação, re- Este texto “As enchentes” foi Enquanto isso, a prefeitura do leo. Os demais Estados recebem compense os Estados mais afetados escrito por Lima Barreto no Correio senhor Paes prevê gastar R$ 120 apenas uma pequena parcela do pela extração do petróleo e, so- da Noite, em 19 de janeiro de 1915. milhões com publicidade. A Cidade da dinheiro. bretudo, garanta o desenvolvimento O texto do escritor Lima Barreto Música já consumiu uns R$ 500 Com o argumento de que é pre- de todo o país, em especial sirva para parece atual ao abordar as chuvas do milhões, e ainda pode consumir uns R$ ciso dar tratamento igualitário aos melhoria da educação, saúde, ge- início do século passado. São quase 100 100 milhões. E inexistem como Estados, a emenda Ibsen mantém a ração de emprego e o cuidado am- anos que sofremos com a falta de prioridades da Prefeitura (e do Governo fatia de 40% da União na divisão biental. planejamento do poder público. Estadual também) obras de prevenção O problema é que nossas cidades de acidentes geológicos. não estão preparadas para enfrentar Nossa cidade continua esburacada Solidariedade ao mestre Miguel Baldez essa situação. Por quê será? Vejamos e mal iluminada, qualquer chuvinha as O Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá presta sua solidariedade o que acontece com nossa cidade ruas ficam alagadas, os bueiros ao professor Miguel Baldez, que após 42 anos de trabalho, foi demitido da maravilhosa. entupimentos. Rios e canais Universidade Cândido Mendes por defender ensino superior de qualidade e O relatório do Tribunal de Contas transbordam porque falta dragagem e garantias trabalhistas. aponta falhas e deficiências na limpeza limpeza. Constantes apagões, depois da Nossa solidariedade ao mestre Miguel Baldez tem por objetivo de rios e canais da cidade do Rio por privatização da Light. A água nas homenagear a trajetória de luta de Baldez já que boa parte dos seus 80 anos de idade foram dedicados à luta em defesa dos oprimidos sempre ao lado parte da Prefeitura. As verbas para torneiras tem faltado como há muito dos movimentos sociais e por uma sociedade mais justa e igualitária. contenção de catástrofes foram tempo não se via, apesar da diminuídas. No Plano Plurianual da propaganda governamental com a Prefeitura, os recursos previstos de 2010 “nova” Cedae. Você escreve e nós publicamos a 2013 para a Geo-Rio totalizam R$ 37 Agora vem o Lula, o Sérgio Cabral, Moradores de Jacarepaguá, Praça Seca, Vila Valqueire, Camorim, milhões. De 32 áreas de risco contidas o Eduardo Paes e o Jorge Roberto da Cidade de Deus, Rio das Pedras, Barra, Recreio e das Vargens. no Plano Municipal de Redução de Silveira, diante do caos acontecendo, Queremos sua participação no nosso jornal. Você pode escrever e Riscos de 2005 até agora nenhuma delas darem declarações que culpam a nós publicamos na íntegra suas reivindicações, suas denúncias e recebeu as obras necessárias. De 2007 chuva ou os mortos. Creio que todos sua visão sobre os problemas da sua comunidade e da região. Enfim, entre no debate e na luta para construir um bairro melhor. Solte o seu a 2009 a verba empenhada pela Geo- nós queremos o compromisso com verbo e grito em nossas páginas. Rio foi de R$ 46 milhões – 28% do que políticas públicas que nos respeitem mostrava a necessidade de intervenções como cidadãos e seres humanos diante jornalabaixoassinado@yahoo.com.br com obras de contenção no valor total da dor. Caixa Postal 70514 – Taquara/RJ – Cep 22.740-971 de R$ 159,8 milhões, para beneficiar *Coordenador Editorial do JAAJ
  • 4. 4 Enchentes Vargens sofreu com as chuvas A tragédia Na opinião do arquiteto Canagé Vilhena, morador das Vargens, “enfim Chico aconteceu o que se esperava: Vargem Grande e Vargem Pequena formam agora poderia ser a Veneza Carioca. Os canais assoreados, há muitos anos, impedem o fluxo Alencar menor normal das águas pluviais. Estes bairros estão sob a água, agora às 3horas da madrugada do dia 6 de março de 2010.Segundo a prefeitura a cidade só ficará pronta para enfrentar as enchentes a partir do ano que vem. Até lá vamos há manutenção em galerias pluviais e conviver com a conversa oficial de sempre. Até lá vamos continuar vendo a fluviais, porque não há educação prefeitura e governo do estado recebendo verbas emergenciais para manter Nosso Rio de Janeiro transborda. ambiental cidadã para todos, porque tudo como sempre esteve. Mais uma vez São Pedro será responsabilizado.” As forças da natureza geram não há sequer ação preventiva quanto destruição e morte. O dilúvio deste a temporais anunciados. Seria leviano abril atinge níveis pluviométricos e demagógico dizer que a ação pública impressionantes. Mas não podemos evitaria todo e qualquer desastre, mas ficar na dolorosa constatação da que ela minimizaria danos e tragédia. O ser humano criou, há preservaria vidas, não há dúvidas! tempos, tecnologias e mecanismos Em nome da dor das famílias que impedem que fiquemos tão enlutadas, dor concreta, lágrimas reais, expostos à pesada ação da natureza. muito mais pungente que abstrata Natureza que, por sinal, dando sinais, “lamentação pelo Rio”, é preciso agir, reage de forma cada vez mais violenta mudar posturas, iniciar políticas de às insanas alterações que temos longo prazo, sem o olhar imediatista provocado no planeta. do voto fácil. E cada um de nós As chuvas no Rio, inevitáveis, também tem a obrigação de fazer a poderiam produzir menos óbitos e sua parte, na atitude diária e na desabamentos. Então, a solidariedade emergencial, com mais responsabilidade é também dos consciência do que é viver em governantes, que, como hábito, coletividade. cuidam mais de obras ‘grandiosas’, Em nome do pranto sentido de cosméticas ou rodoviárias do que de tantas famílias, que acontece aqui e Mansão em Vargem Grande, situada ao final da Rua Capitão Pedro Afonso. Vizinhos saneamento, habitação segura, neste momento, é preciso encaminhar relataram que moradores sairam com ajuda do Corpo de Bombeiros. dragagem de rios, e coleta contínua e soluções imediatas, envolvendo a seletiva de lixo. Mas cada cidadão também tem sua responsabilidade, população como partícipe, e não ficar projetando só os Jogos Olímpicos de Doação e apoio as desde o aparentemente prosaico hábito de jogar papel higiênico em vasos sanitários ao lixo lançado a 2016 ou vinculado aos interesses das grandes empreiteiras e vítimas das enchentes incorporadoras, financiadoras de esmo, nas ruas e praças. campanhas eleitorais. Estas só Jornal Abaixo Assinado e Personal Studio Não é por acaso, muito menos por enxergam as cidades como lugar de um desígnio cruel de Deus, que as negócios e o solo urbano como se juntam para ajudar as vítimas das enchentes vítimas das enchentes sejam sempre mercadoria. O jogo da vida, da na Baixada de Jacarepaguá. os pobres, com raríssimas exceções! sobrevivência, está sendo jogado São as principais vítimas porque não As chuvas que atingiram a amenizar essa situação, o JAAJ e a agora, e a população carioca e há política habitacional, porque não há Região Metropolitana do Rio de Personal Studio irão recolher fluminense está perdendo. Nessa oferta de alternativas aos que moram Janeiro no início de abril deixaram alimentos não perecíveis, produtos tragédia, na verdade, todos em áreas de risco, porque não há milhares de desabrigados e de higiene pessoal e roupas para perdemos. limpeza urbana adequada em nossas desalojados. Na Baixada de doar às vítimas das enchentes. A sua *Professor de História e Deputado comunidades faveladas, porque não Jacarepaguá, a situação também participação é essencial! Federal pelo PSOL-RJ não foi diferente. Recreio dos Bandeirantes, Vargem Grande, Local para doações: Praça Seca e a comunidade de Estr. do Tindiba, 185 sala 104 Santa Maria foram as áreas mais Pechincha - das 17h às 21h. atingidas pelas chuvas. Muitas Telefone (21) 3327-4007 dessas pessoas perderam tudo e só Prof. Jéferson. (21) 7119-6125 / (21) 7119-6163 E-mail: jornalabaixoassinado@yahoo.com.br possuem a roupa do corpo. Visando
  • 5. 5 Enchentes Novamente, uma tragédia anunciada Há anos a população da Baixada de Jacarepaguá sofre com as chuvas. Sai governo, entra governo, nada muda. É só promessa. Um ano no governo, Eduardo Paes nada fez. O governador Sérgio Cabral, em fim de mandato, nada fez na região. Os rios continuam sem serem dragados, os moradores vivem em áreas de risco e nenhuma casa foi construída na região. Não tem jeito: a culpa é dos governantes! Marcelo Ávila, fotógrafo e morador do Pechincha, registrou em primeira mão para o Jornal Abaixo-Assinado o drama das comunidades da Praça Seca e da Taquara, em especial dos moradores da Comunidade de Santa Maria. Poesia O poema da professora Elena Barros, moradora da Taquara, traduz nossa indignação com as 255 mortes nas enchentes do início de abril. Imagens que falam Imagens que falam na moldura fria e colorida das fotos da vida real. Imagens que gritam o caos e o abandono, o desespero total. O descuido, a irresponsabilidade, a não-comunhão. Imagens aflitas, perdidas, destroçadas, imagens distorcidas, imagens mutiladas de vidas, muitas vidas, carregadas em enxurradas meio à multidão. Quero olhar pela lente do belo e ver o Rio de verde e amarelo – cidade, estado, nação. Imagens que esperam em desassossego o socorro burocrático do descaso e da desatenção...
  • 6. 6 Yakaré upá guá O abandono do Patrimônio Histórico da Baixada de Jacarepaguá *Val Costa Benício da Silva Moreira. pelo Instituto de Pensões e Assistência Patrimônio Histórico pode ser Localizado na Rua Cândido aos Servidores do Estado – IPASE – definido como um bem material, Benício número 2.610, essa que construiu um conjunto habitacional natural ou imóvel concebido por residência serviu de moradia para na propriedade no ano de 1956. Ao sociedades do passado e que o popular médio até o ano de sua adquiri-lo, o Instituto cedeu o casarão possuiu importância artística, morte, em 1897. Em 8 de março para o Sr. José Floriano de Souza cultural, religiosa, documental ou de 1954, foi inaugurado no mesmo Portas, que foi o primeiro administrador estética. O Instituto do Patrimônio prédio o Educandário Nossa dessas terras na era IPASE, atuando Histórico e Artístico Nacional – Senhora da Vitória, pelo professor como guarda florestal da fazenda. Hoje, IPHAN- é o responsável pela João Fernandes da Cruz. Após a esse importante vestígio histórico gestão, proteção e preservação do morte do seu fundador, em 2000, necessita, além de um tombamento Vista panorâmica da Baixada de Jacarepaguá patrimônio histórico e artístico o terreno começou a ser ocupado urgente dos órgãos competentes, brasileiro. Além desse órgão, o estado tombado pelo Inepac em 3 de por um loteamento e o prédio foi reformas que possam mantê-lo de pé. do Rio de Janeiro conta também com setembro de 1965, através do processo gradativamente destruído. A preservação e a conservação do o Instituto Estadual do Patrimônio 03/300.396/65. Pode-se citar ainda o casarão da patrimônio histórico, cultural e Cultural – Inepac- que se dedica à Em 1565, Estácio de Sá, doou à Fazenda Mato Alto, localizado no bairro ambiental é dever de toda a sociedade. preservação do patrimônio cultural cidade uma sesmaria de da Praça Seca. Essas terras foram Conscientizar as atuais e futuras estadual, elaborando estudos, aproximadamente 130 Km2. Essa vendidas pelo neto do Barão da gerações da importância desses fiscalizando obras, emitindo pareceres vasta extensão de terras englobava Taquara, Zezé, no final da década de vestígios do passado possibilita formar técnicos, pesquisando, catalogando e Barra da Tijuca, São Conrado, Gávea, 1930, ao jornalista do extinto periódico uma identidade local, fundamental para efetuando tombamentos. Leblon, Copacabana, Flamengo, “A Noite”, Geraldo Rocha Este. Em construir uma cidadania participativa. Detentora de um dos maiores Catete, Gamboa e Saúde, indo até a dezembro de 1943, foram compradas *Professor e Pesquisador acervos históricos da cidade, a Baixada nascente do Rio Comprido. Em 1753, de Jacarepaguá possui vários vestígios a Câmara Municipal marcou o que remontam ao período do Brasil perímetro da sesmaria com 21 pedras Líder conta à história colonial e que se encontram lavradas, todas com a inscrição CMA, da Fazenda Mato Alto abandonados pelo poder público. de Câmara. Ao longo dos séculos, esses Dentre os quais, destaca-se o Marco 5 marcos foram gradativamente sendo Entrevista com Presbítero Alves, na foto (cinco) das Sesmarias da Tijuca, destruídos ou aterrados. O único que ao lado com dona Letícia, é morador e localizado na Estrada do Joá nº 690 e restou foi o marco localizado em um líder comunitário da Fazenda Mato Alto terreno na Estrada do Joá. Sem D. Letícia e Sr. Alves qualquer tipo de identificação, esse JAAJ: Fale um pouco sobre a história da Fazenda importante vestígio da história da Mato Alto e do aparecimento da comunidade cidade necessita muito mais que um nessas terras. tombamento, que é um ato de cunho Sr. Alves: Quando o IPASE adquiriu estas terras , colocou aqui pessoas jurídico, mas principalmente de ações para tomar conta. Assentou no Casarão a família do Sr. Floriano, que efetivas para preservá-lo. passou, esse senhor, a ser o primeiro administrador da Fazenda Mato Outro bem tombado, desta vez pelo Alto. Outros administradores sucederam-lhe e outras famílias foram IPHAN, que desapareceu da nossa assentadas. Terreno abandonado na Estrada do Joá paisagem, foi o prédio construído, em onde está o Marco V 1885, pelo médico-sanitarista Cândido JAAJ: Quais as iniciativas que a Associação de Moradores teve para preservar o “Casarão”? Pesquisadores lançam blog sobre Sr. Alves: A comunidade foi contemplada com o programa Favela Bairro. a Baixada de Jacarepaguá Quando a equipe da Prefeitura veio inspecionar a comunidade para implantação do programa, eu levei essa equipe para ver o Casarão, e Os professores Val Costa e Luciana Araujo lançaram, no final do ano pedi-lhes que estudassem a possibilidade do tombamento do mesmo e o passado, um blog para divulgar as suas pesquisas sobre a Baixada de Jacarepaguá. Nele, os pesquisadores expõem os seus artigos e avisam sobre aproveitassem para usá-lo como posto médico. A resposta foi que ficaria as palestras e eventos que participam. O objetivo é desenvolver um espaço muito caro, e não valeria a pena. virtual dinâmico, onde moradores, pesquisadores ou apaixonados pela região possam contribuir com fotos e textos. Se você tem uma foto antiga, imagem JAAJ: Qual a importância da preservação do patrimônio histórico ou documento sobre a Baixada de Jacarepaguá, mande para o blog que os para as gerações do presente e do passado? pesquisadores terão prazer em postá-la. Sr. Alves: A preservação do patrimônio histórico é importante no sentido O endereço do blog: http://barra-jpa.blogspot.com/ de dar conhecimento às gerações do presente e do futuro, como foi, o E-mail para contato: barra-jpa@hotmail.com que foi, para que foi e porque foi que aconteceu cada construção.
  • 7. 7 Descobrindo talentos Moradores da região lançam livros Entrevista com Marco Aurélio Esse mês o Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá (JAAJ) apresenta duas entrevistas com jovens escritores da Baixada de Jacarepaguá. A primeira foi realizada com Ulisses Junior. Ele é JAAJ: Como surgiu a idéia de locutor e professor de Inglês e Português. Seu livro, “Visões de um Aprendiz”, aborda questões escrever um livro? sobre filosofia e fé. O segundo autor tem apenas 13 anos. É o adolescente Marco Aurélio, aluno do Marco: A idéia de escrever “O professor Val Costa, que está lançando a aventura fantástica “O Diário de um Explorador” Ambos os Diário de um Explorador” livros são edições independentes e mostram um pouco da riqueza cultural da nossa região. surgiu a partir da terceira leitura do livro de Val Costa, professor de História da minha Jovens escritores, Entrevista com Ulisses Júnior privado, pois as condições de meu pai escola, Garriga de Menezes. Marco Aurélio e Matheus Palermo serralheiro e minha mãe dona de casa eram Antes da decisão de escrever JAAJ: Como surgiu a ideia de muito limitadas. Sendo assim, desde muito cedo meu livro, tentei editar vários outros, até que, escrever o livro? busquei alternativas para suprir o que me finalmente, nasceu “O Diário de um Ulisses: A ideia de escrever o faltava em relação à educação e acesso a Explorador”. Minha avó e minha mãe, “Visões de um Aprendiz” surgiu conteúdos maiores, como o estudo de uma principalmente, contribuíram bastante para a da necessidade que eu tinha (e língua, por exemplo no meu caso, o inglês. construção do livro de forma contínua, sempre ainda tenho) de compartilhar Muitas vezes eu tinha que ser uma espécie de me apoiando nas horas complicadas da edição. com as pessoas, conhecidas minhas ou não, um autodidata para conseguir aprender e pouco daquilo que penso a respeito dos apreender determinados conteúdos, JAAJ: Por que optar por uma história de relacionamentos intrapessoais e interpessoais, ou determinadas matérias na escola pública onde aventura fictícia? seja, as relações que criamos com a gente mesmo eu estudava, pois na minha época não havia Marco: Decidi optar por esse gênero ao ver e as que temos uns com os outros. distribuição de material didático, como livros alguns filmes de aventura fictícia nos cinemas. ou cadernos de apoio e, como muitas vezes meus Estava jogando na Internet quando comecei a JAAJ: Por que optar por escrever sobre pais não podiam comprar os livros solicitados, ler sobre algumas “historinhas” de ficção no site espiritualidade e fé? devido ao alto preço, eu tinha de me virar com do game e me impressionei pela criatividade de Ulisses: A opção por escolher falar sobre o que pudesse. Passei então a frequentar uma seus criadores, decidi escolher esse gênero ao ler espiritualidade e sobre fé nasce justamente daquilo biblioteca pública que existia próximo a minha essas histórias no próprio site do jogo. que enxergo como base para uma vida mais casa. Foi lá que, pouco a pouco, comecei a ter saudável: a crença em algo superior a nós. Não contato com o mundo da leitura, dos livros, dos JAAJ: Como a escola e a família contribuíram falo sobre religião, falo sobre fé, de diferentes tipos autores e, gradativamente, despertei o gosto para estimular o seu gosto por livros? de fé e especialmente a nossa relação com elas. por alguns assuntos. Essas visitas à biblioteca Marco: Sempre me interessei por livros de me ajudaram muito, pois, sem saber, eu diferentes gêneros. Como disse anteriormente, JAAJ: Como a escola e a família contribuíram trabalhava vários aspectos e despertava em ao ler pela terceira vez o livro do professor Val, para estimular o seu gosto por livros? mim mesmo alguns hábitos que, mais tarde, só decidi escrever o meu. A escola estimula o meu Ulisses: Escola e família: duas instituições contribuíram com a minha formação, como, por gosto por livros, me apresentando várias obras importantíssimas para a formação de qualquer exemplo, o acesso à cultura universal, através da literatura brasileira. A minha família sempre cidadão de bem.Venho de uma família pobre, dos livros de história e geografia, de literatura me presenteia com livros, principalmente quando onde o estímulo para o estudo era muito e até mesmo de psicologia. vamos a eventos como a Bienal. Exposição sua inspiração para seu trabalho. Ambientalista, formou-se em História Natural, em Ciências Biológicas e fez Pós-Graduação na área Natureza & Arte ambiental. Há trinta anos trabalha profissionalmente na área do meio ambiente. “Natureza & Arte” é o nome da Exposição Paralelamente à carreira científica, freqüentou de Arte da artista plástica Jane Bastos que está diversos ateliês onde aprendeu diferentes aberta à visitação na Sala de Exposição do Espaço técnicas em estilos figurativos e abstracionados Cultural da Estácio de Sá – Campus Jacarepaguá, e fez vários cursos livres de História da Arte. na Estrada do Capenha, nº 1.535, Freguesia. A exposição “Natureza & Arte” foi A artista Jane Bastos, nascida no Rio de inaugurada dia 25 de março a vai até o dia 28 Janeiro, desde a infância gostava de desenhar de abril de 2010, das 10 às 21h, de segunda a e pintar a natureza. Sempre buscou na natureza sexta-feira.
  • 8. 8