SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Baixar para ler offline
Sobre a aplicação do estilo artístico internacional
                          Art Nouveau em produtos atuais
COITINHO, Manuela A. Graduanda do Curso Bacharelado em Design. Instituto Federal Sul-Rio-
Grandense – IFSul (coitinho.m@gmail.com)




UMA ARTE NOVA

Durante o século 19 havia uma obsessão curiosa no meio cultural-artístico europeu.
Existia aqui uma busca por um estilo que traduzisse adequadamente o fervilhamento e
a modernidade desta época. Alguns críticos defendiam que deveria haver um retorno
aos estilos do passado, enquanto outros buscavam essa ruptura alegando que, com a
proximidade com o século 20 a sociedade industrial necessitava de um estilo novo.
(DENIS, 2000)

Nos 20 anos de transição entre os séculos 19 e 20 o ecletismo entre as referências ,
propósitos e formas se estabelece no primeiro estilo moderno e internacional – o Art
Nouveau. Toda a contradição da era moderna estava presente no movimento, o que
proporcionou a produção de variadas obras – gráficas, arquitetônicas, artísticas, etc. –
que transmitiriam a visão desse estilo dos profissionais das respectivas áreas, já que
ele estava presente em diferentes regiões européias. (DENIS, 2000)

O Art Nouveau se associa com a grande sinuosidade das formas botânicas de
elementos florais e das formas femininas e suas curvas – o que remete diretamente ao
romantismo e à beleza. Com cores vivas e com a presença do dourado, asas de
libélulas e penas de pavão, o estilo estaria intimamente ligado ao luxo e à
prosperidade predominando, dessa forma, a estética decorativista que antecedeu a
Primeira Guerra Mundial, quando houve a necessidade de uma evolução tecnológica.
(DENIS, 2000; SILVA, 2012)

                                              “(...) a existência de formas de plantas e animais

                                     demonstraria a exata distância que difere o labor artístico

                                                     da reprodução realizada pelas máquinas.”

                                                                                 (SOUSA, 2008)
Unificar as linguagens do design era o ideal dos artistas do Art Nouveau e muitos deles
usavam diferentes técnicas à procura desta integração; entretando, o lema “a arte pela
arte” fez com que o Art Nouveau fosse chamado de “doença decorativa”, já que o
estilo cada vez mais se rebuscava em termos de ornamentação. (PORTO, sem data)

Apesar disso, ele também aponta o uso de formas geométricas e angulares, planos
retos e contornos evidenciados dependendo, como dito anteriormente, com a região
de atuação do artista em questão. (DENIS, 2000)

Pode-se dizer que foi através das peças gráficas em geral e fotografias, e da Exposição
Universal de 1900 (Paris) que o Art Nouveau foi ampla e imediatamente divulgado; sua
disseminação se deu em uma época onde a rápida expansão dessa produção gráfica
influenciando a utilização desse estilo em elementos ligados ao design de livros,
revistas, etc. (DENIS, 2000)




ESCOLA FRANCESA DE NANCY

A França foi um dos primeiros países a incorporar o Art Nouveau, desenvolvido como
uma tendência que interpretava linhas como signos abstratos. Nesse momento, é
criada a Escola de Nancy, em 1901, a qual era toda voltada ao naturalismo das formas
– usadas tanto como decorações, quanto como elementos estruturais – com uma forte
influência de simbolismo de origem literária. Inicia-se também, aqui, a profusão das
molduras, criando forças verticais e horizontais em contraponto à atenuação dos
ângulos retos. (DUARTE, 2008)

Nessa escola, temos nomes importantes e de grande relevância onde, entre eles, estão
Eugène Grasset e Alphonse Mucha, que são os artistas que inspiraram este trabalho.

Grasset, junto com Mucha, foi considerado um dos artistas que difundiram o
movimento Art Nouveau através de ilustrações e cartazes. Seus cartazes são feitos de
composições simples, que apresentam poucos traços ou perspectivas. Suas imagens
são bastante simples com relação a tantas outras presentes no movimento; seu traço
regular que conversa com cores fortes e chapadas, traz para suas peças contraste e
volume. O elemento feminino sempre esteve presente: era a mulher sensual, por
vezes melancólica e com uma grande carga de erotismo velado por rostos angelicais.
(VIANA, 2006; CARVALHO, 2009)

Já as pinturas e desenhos de Mucha possuem, dentre outras características, um
traçado muito delineado, uma tipografia estilizada, uma mulher idealizada, bela, e
ingênua, assim como a figura representada por Grasset, símbolos e arabescos. Mucha
ainda inovou o formato de seus cartazes – tornou-os mais esguios – potencializando
seu efeito requintado e moderno junto com a utilização de cores encontradas na
natureza em tons pastéis, dando um toque de romantismo a suas peças; para cartazes
publicitários, prioritariamente, adequou suas influências da arte asiáticas destacando
por meio de molduras o produto em questão. (ROTELLI, 2009)




O PROJETO

Para a realização do projeto proposto, foram levadas em consideração as
características gerais do movimento e dos artistas citados acima – Eugène Grasset e
Alphonse Mucha – sendo que foram indicadas as mais importantes para a produção da
embalagem.

Na face frontal da embalagem (Figura 01) foram utilizados elementos como fontes
referentes à época do movimento, assim como foi averiguado na pesquisa preliminar
de imagens dos dois artistas. Os tipos utilizados foram escolhidos por bem representar
o movimento e ainda serem atuais, pois proporcionam leitura e legibilidade, ponto
importante dentro do capitalismo. A fonte das palavras “Anaïs Anaïs” foi escolhida por
ser mais robusta e, por isso, destacar o nome do perfume. Já as fontes das
informações secundárias são mais simples devido a elas não merecerem tanto
destaque quanto o título.
Figura 01


Para destacar essa face das demais utilizei um recurso muito evidente nas peças de
Mucha que são as molduras. Nesse caso, empreguei esse grafismo no formato
retangular como uma analogia à forma esguia de alguns cartazes desse artista além de
automaticamente destacar a face principal do produto; essa formatação traz ao
produto um requinte atemporal, assim como trouxe aos trabalhos desse artista à
época. Complementando essa informação temos a imagem feminina de Grasset onde
temos a nítida sensação de que a mulher está envolvida numa atmosfera romântica
criada pelo perfume.

No verso (Figura 02) foram colocadas as informações adicionais do produto, como a
composição química e os cuidados que o usuário deve ter no manuseio. Essas
informações para um consumidor são irrelevantes e assim foi decidido que a fonte
seria simples, sem serifa e de fácil compreensão, mas de cor clara e contrastante o
suficiente para permitir uma boa leitura sem prejudicar a composição final da
programação da embalagem.
Figura 02


Nas laterais foi somente indicado o nome do perfume, conforme o a parte frontal já
apresenta; isso fará com que se destaque essa informação, independente do lado que
a embalagem seja visualizada. (Figura 03; Figura 04)




                 Figura 03                              Figura 04
Para a programação da embalagem foi escolhido usar prioritariamente a cor verde, a
qual faz referência direta à natureza, tema muito recorrente no movimento Art
Nouveau, além de as peças de Grasset, em sua maioria, terem muitos elementos nessa
cor e suas tonalidades; ainda, na vista frontal, foi usado um tom pastel de verde atrás
da imagem para aumentar o contraste com a mesma.




CONSIDERAÇÕES

Mesmo com o estilo Art Nouveau ter perdido força em um curto espaço de tempo
hoje, ainda, podemos propor peças gráficas e outros produtos de design baseados
nesse movimento. Isso se dá pelo fato dele apresentar conceitos e grafismos bastante
usuais como formas sinuosas e cores marcantes, proporcionando uma assimilação
direta com o universo feminino atual.

A proposta do trabalho traz Anaïs Anaïs como um perfume que transmite o frescor da
natureza e a singular delicadeza e sensualidade presente na mulher, reiterando que o
estilo   do   século   XIX   é   completamente    empregável     a   qualquer   produto
moderno/contemporâneo.
REFERÊNCIAS

CARVALHO, T. L. Das Artes. 4 mar. 2009. Disponível em:
<http://taislc.blogspot.com.br/2009/03/art-nouveau.html>. Acesso em: 10 set. 2012,
15:35.

DENIS, R. C. Uma Introdução à História. São Paulo: Edgard Blüsher, 2000. Curitiba:
Prisma, 2005. 332 p.

DUARTE, G. Países afetados pelo Art Nouveau 1 - França. 2008. Disponível em: <
http://facesartnouveau.blogspot.com.br/2008/12/descoberta-do-ferro-e-tcnica-de-
fundio.html>. Acesso em: 29 set. 2012, 18:22.

FUNDATION, M. Alphonse Mucha – Art Nouveau & Utopia. 2012. Disponível em:
<http://www.muchafoundation.org>. Acesso em: 24 out. 2012, 10:34.

PORTO, C. Art Nouveau e Art Déco. Disponível em:
<http://claudiaporto.wordpress.com/monografias/art-nouveau-e-art-deco/>. Acesso
em: 22 set. 2012, 14:08.

ROTELLI, N. B. A. Teoria de História das Artes e Arquitetura II. 25 jul. 2009. Disponível
em: <http://thaa2.wordpress.com/2009/07/25/o-estilo-do-art-nouveau-parte-v/>.
Acesso em 24 out. 2012, 12:37.

SILVA, V. P. P. Blog Educativo. 13 fev. 2012. Disponível em: <
http://arteeuropeiadevanguarda.blogspot.com.br/2012/02/arte-nova-art-nouveau-da-
escola.html>. Acesso em: 15 set. 2012, 15:23.

SOUSA, R. As características do Art Nouveau. 18 jan. 2008. Disponível em: <
http://www.brasilescola.com/historiag/art-nouveau2.htm>. Acesso em: 25 set. 2012,
17:55.

VIANA, D. Seção Gemäldegalerie: Grasset e os primórdios do Art Nouveau. 6 jun.
2006. Disponível em: <http://diegoviana.opsblog.org/secao-gemaldegalerie-grasset-e-
os-primordios-do-art-nouveau/>. Acesso em: 24 out. 2012, 17:20.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Arte contemporanea
Arte contemporaneaArte contemporanea
Arte contemporaneadenise lugli
 
Aula teorica - Bauhaus
Aula teorica  - BauhausAula teorica  - Bauhaus
Aula teorica - BauhausVenise Melo
 
Aula teorica - Design Gráfico Pós-Moderno
Aula teorica - Design Gráfico Pós-ModernoAula teorica - Design Gráfico Pós-Moderno
Aula teorica - Design Gráfico Pós-ModernoVenise Melo
 
Criação do humano maquina
Criação do humano maquinaCriação do humano maquina
Criação do humano maquinaVenise Melo
 
História da Arte: Pintura mural
História da Arte: Pintura muralHistória da Arte: Pintura mural
História da Arte: Pintura muralRaphael Lanzillotte
 
As grandes ruturas no início do seculo xx
As grandes ruturas no início do seculo xxAs grandes ruturas no início do seculo xx
As grandes ruturas no início do seculo xxAna Barreiros
 
97753484 atividade-de-artes-expressionismo
97753484 atividade-de-artes-expressionismo97753484 atividade-de-artes-expressionismo
97753484 atividade-de-artes-expressionismoPedro Alcantara
 
Hd 2016.1 aula.16 - panorama do design no brasil
Hd 2016.1 aula.16 - panorama do design no brasilHd 2016.1 aula.16 - panorama do design no brasil
Hd 2016.1 aula.16 - panorama do design no brasilTicianne Darin
 
Hd 2016.1 aula.11_bauhaus
Hd 2016.1 aula.11_bauhausHd 2016.1 aula.11_bauhaus
Hd 2016.1 aula.11_bauhausTicianne Darin
 
Pintura rupestre x arte mural x grafite x completo
Pintura rupestre x arte mural x grafite x completoPintura rupestre x arte mural x grafite x completo
Pintura rupestre x arte mural x grafite x completoCEF16
 

Mais procurados (19)

Arte contemporanea
Arte contemporaneaArte contemporanea
Arte contemporanea
 
Vanguardas Europeias
Vanguardas EuropeiasVanguardas Europeias
Vanguardas Europeias
 
Pintura mural
Pintura muralPintura mural
Pintura mural
 
Aula teorica - Bauhaus
Aula teorica  - BauhausAula teorica  - Bauhaus
Aula teorica - Bauhaus
 
Art Nouveau
Art NouveauArt Nouveau
Art Nouveau
 
Aula teorica - Design Gráfico Pós-Moderno
Aula teorica - Design Gráfico Pós-ModernoAula teorica - Design Gráfico Pós-Moderno
Aula teorica - Design Gráfico Pós-Moderno
 
Design
DesignDesign
Design
 
História da Arte: Muralismo
História da Arte: MuralismoHistória da Arte: Muralismo
História da Arte: Muralismo
 
Criação do humano maquina
Criação do humano maquinaCriação do humano maquina
Criação do humano maquina
 
História da Arte: Pintura mural
História da Arte: Pintura muralHistória da Arte: Pintura mural
História da Arte: Pintura mural
 
As grandes ruturas no início do seculo xx
As grandes ruturas no início do seculo xxAs grandes ruturas no início do seculo xx
As grandes ruturas no início do seculo xx
 
Art Noveau,Simb,Nabis,Fauves 2019
Art Noveau,Simb,Nabis,Fauves 2019Art Noveau,Simb,Nabis,Fauves 2019
Art Noveau,Simb,Nabis,Fauves 2019
 
Intervenção Urbana
Intervenção UrbanaIntervenção Urbana
Intervenção Urbana
 
Arte moderna
Arte modernaArte moderna
Arte moderna
 
97753484 atividade-de-artes-expressionismo
97753484 atividade-de-artes-expressionismo97753484 atividade-de-artes-expressionismo
97753484 atividade-de-artes-expressionismo
 
Realismo na Arte
Realismo na ArteRealismo na Arte
Realismo na Arte
 
Hd 2016.1 aula.16 - panorama do design no brasil
Hd 2016.1 aula.16 - panorama do design no brasilHd 2016.1 aula.16 - panorama do design no brasil
Hd 2016.1 aula.16 - panorama do design no brasil
 
Hd 2016.1 aula.11_bauhaus
Hd 2016.1 aula.11_bauhausHd 2016.1 aula.11_bauhaus
Hd 2016.1 aula.11_bauhaus
 
Pintura rupestre x arte mural x grafite x completo
Pintura rupestre x arte mural x grafite x completoPintura rupestre x arte mural x grafite x completo
Pintura rupestre x arte mural x grafite x completo
 

Semelhante a Uma arte nova para produtos atuais

Arte século xx 5º período
Arte século xx 5º períodoArte século xx 5º período
Arte século xx 5º períodoDoug Caesar
 
Revisão 4ºbim respondida
Revisão 4ºbim respondidaRevisão 4ºbim respondida
Revisão 4ºbim respondidaCEF16
 
Arte modular
Arte modularArte modular
Arte modularLelaUdesc
 
Movimentos artísticos início século XX
Movimentos artísticos início século XXMovimentos artísticos início século XX
Movimentos artísticos início século XXDenise Lima
 
Revisional de vanguardas europeias e de modernismo
Revisional de vanguardas europeias e de modernismoRevisional de vanguardas europeias e de modernismo
Revisional de vanguardas europeias e de modernismoma.no.el.ne.ves
 
historia-da-arte4 contemporanea arte arte
historia-da-arte4 contemporanea arte artehistoria-da-arte4 contemporanea arte arte
historia-da-arte4 contemporanea arte artessuser90b57a
 
Art Noveau, Simbolismo ,Les Nabis, Fauvismo 2019
Art Noveau, Simbolismo ,Les Nabis, Fauvismo 2019Art Noveau, Simbolismo ,Les Nabis, Fauvismo 2019
Art Noveau, Simbolismo ,Les Nabis, Fauvismo 2019CLEBER LUIS DAMACENO
 
Design
DesignDesign
Designbrshrs
 
Aula 01 art nouveau x futurismo
Aula 01   art nouveau x futurismoAula 01   art nouveau x futurismo
Aula 01 art nouveau x futurismoVenise Melo
 
Arte contemporânea 03, conceitualismo ou arte conceitural
Arte contemporânea 03, conceitualismo ou arte conceituralArte contemporânea 03, conceitualismo ou arte conceitural
Arte contemporânea 03, conceitualismo ou arte conceituralma.no.el.ne.ves
 
ARTE CONTEMPORÂNEA: HIBRIDISMO E REFLEXÃO PARA O ENSINO DA ARTE
ARTE CONTEMPORÂNEA: HIBRIDISMO E REFLEXÃO PARA O ENSINO DA ARTEARTE CONTEMPORÂNEA: HIBRIDISMO E REFLEXÃO PARA O ENSINO DA ARTE
ARTE CONTEMPORÂNEA: HIBRIDISMO E REFLEXÃO PARA O ENSINO DA ARTEVis-UAB
 
Aula 1 2013 pidi
Aula 1   2013 pidiAula 1   2013 pidi
Aula 1 2013 pidirmpatron
 

Semelhante a Uma arte nova para produtos atuais (20)

Tipografia
TipografiaTipografia
Tipografia
 
Arte século xx 5º período
Arte século xx 5º períodoArte século xx 5º período
Arte século xx 5º período
 
teste de artes
teste de artesteste de artes
teste de artes
 
Modernismo
ModernismoModernismo
Modernismo
 
Revisão 4ºbim respondida
Revisão 4ºbim respondidaRevisão 4ºbim respondida
Revisão 4ºbim respondida
 
Arte modular
Arte modularArte modular
Arte modular
 
Movimentos artísticos início século XX
Movimentos artísticos início século XXMovimentos artísticos início século XX
Movimentos artísticos início século XX
 
Art Nouveau
Art NouveauArt Nouveau
Art Nouveau
 
Revisional de vanguardas europeias e de modernismo
Revisional de vanguardas europeias e de modernismoRevisional de vanguardas europeias e de modernismo
Revisional de vanguardas europeias e de modernismo
 
historia-da-arte4 contemporanea arte arte
historia-da-arte4 contemporanea arte artehistoria-da-arte4 contemporanea arte arte
historia-da-arte4 contemporanea arte arte
 
Art Noveau, Simbolismo ,Les Nabis, Fauvismo 2019
Art Noveau, Simbolismo ,Les Nabis, Fauvismo 2019Art Noveau, Simbolismo ,Les Nabis, Fauvismo 2019
Art Noveau, Simbolismo ,Les Nabis, Fauvismo 2019
 
Design
DesignDesign
Design
 
Op art
Op artOp art
Op art
 
Aula 01 art nouveau x futurismo
Aula 01   art nouveau x futurismoAula 01   art nouveau x futurismo
Aula 01 art nouveau x futurismo
 
Arte contemporânea 03, conceitualismo ou arte conceitural
Arte contemporânea 03, conceitualismo ou arte conceituralArte contemporânea 03, conceitualismo ou arte conceitural
Arte contemporânea 03, conceitualismo ou arte conceitural
 
ARTE CONTEMPORÂNEA: HIBRIDISMO E REFLEXÃO PARA O ENSINO DA ARTE
ARTE CONTEMPORÂNEA: HIBRIDISMO E REFLEXÃO PARA O ENSINO DA ARTEARTE CONTEMPORÂNEA: HIBRIDISMO E REFLEXÃO PARA O ENSINO DA ARTE
ARTE CONTEMPORÂNEA: HIBRIDISMO E REFLEXÃO PARA O ENSINO DA ARTE
 
113729190 design-de-interiores
113729190 design-de-interiores113729190 design-de-interiores
113729190 design-de-interiores
 
Art Nouveau
Art NouveauArt Nouveau
Art Nouveau
 
Aula 1 2013 pidi
Aula 1   2013 pidiAula 1   2013 pidi
Aula 1 2013 pidi
 
ArtNouveau
ArtNouveauArtNouveau
ArtNouveau
 

Mais de Manuela Coitinho

Guia de Descontos Osório Week 2017
Guia de Descontos Osório Week 2017Guia de Descontos Osório Week 2017
Guia de Descontos Osório Week 2017Manuela Coitinho
 
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016 (formato artigo)
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016 (formato artigo)TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016 (formato artigo)
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016 (formato artigo)Manuela Coitinho
 
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016Manuela Coitinho
 
Como utilizar seu extintor?
Como utilizar seu extintor?Como utilizar seu extintor?
Como utilizar seu extintor?Manuela Coitinho
 

Mais de Manuela Coitinho (9)

Guia de Descontos Osório Week 2017
Guia de Descontos Osório Week 2017Guia de Descontos Osório Week 2017
Guia de Descontos Osório Week 2017
 
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016 (formato artigo)
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016 (formato artigo)TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016 (formato artigo)
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016 (formato artigo)
 
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016
TCC Design IFSul - Campus Pelotas | Abril 2016
 
Como utilizar seu extintor?
Como utilizar seu extintor?Como utilizar seu extintor?
Como utilizar seu extintor?
 
Tribute to Amy
Tribute to AmyTribute to Amy
Tribute to Amy
 
Limites culturais cores
Limites culturais coresLimites culturais cores
Limites culturais cores
 
Inclusao social
Inclusao socialInclusao social
Inclusao social
 
Gerard huerta
Gerard huertaGerard huerta
Gerard huerta
 
Entendimento coletivo
Entendimento coletivoEntendimento coletivo
Entendimento coletivo
 

Uma arte nova para produtos atuais

  • 1. Sobre a aplicação do estilo artístico internacional Art Nouveau em produtos atuais COITINHO, Manuela A. Graduanda do Curso Bacharelado em Design. Instituto Federal Sul-Rio- Grandense – IFSul (coitinho.m@gmail.com) UMA ARTE NOVA Durante o século 19 havia uma obsessão curiosa no meio cultural-artístico europeu. Existia aqui uma busca por um estilo que traduzisse adequadamente o fervilhamento e a modernidade desta época. Alguns críticos defendiam que deveria haver um retorno aos estilos do passado, enquanto outros buscavam essa ruptura alegando que, com a proximidade com o século 20 a sociedade industrial necessitava de um estilo novo. (DENIS, 2000) Nos 20 anos de transição entre os séculos 19 e 20 o ecletismo entre as referências , propósitos e formas se estabelece no primeiro estilo moderno e internacional – o Art Nouveau. Toda a contradição da era moderna estava presente no movimento, o que proporcionou a produção de variadas obras – gráficas, arquitetônicas, artísticas, etc. – que transmitiriam a visão desse estilo dos profissionais das respectivas áreas, já que ele estava presente em diferentes regiões européias. (DENIS, 2000) O Art Nouveau se associa com a grande sinuosidade das formas botânicas de elementos florais e das formas femininas e suas curvas – o que remete diretamente ao romantismo e à beleza. Com cores vivas e com a presença do dourado, asas de libélulas e penas de pavão, o estilo estaria intimamente ligado ao luxo e à prosperidade predominando, dessa forma, a estética decorativista que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, quando houve a necessidade de uma evolução tecnológica. (DENIS, 2000; SILVA, 2012) “(...) a existência de formas de plantas e animais demonstraria a exata distância que difere o labor artístico da reprodução realizada pelas máquinas.” (SOUSA, 2008)
  • 2. Unificar as linguagens do design era o ideal dos artistas do Art Nouveau e muitos deles usavam diferentes técnicas à procura desta integração; entretando, o lema “a arte pela arte” fez com que o Art Nouveau fosse chamado de “doença decorativa”, já que o estilo cada vez mais se rebuscava em termos de ornamentação. (PORTO, sem data) Apesar disso, ele também aponta o uso de formas geométricas e angulares, planos retos e contornos evidenciados dependendo, como dito anteriormente, com a região de atuação do artista em questão. (DENIS, 2000) Pode-se dizer que foi através das peças gráficas em geral e fotografias, e da Exposição Universal de 1900 (Paris) que o Art Nouveau foi ampla e imediatamente divulgado; sua disseminação se deu em uma época onde a rápida expansão dessa produção gráfica influenciando a utilização desse estilo em elementos ligados ao design de livros, revistas, etc. (DENIS, 2000) ESCOLA FRANCESA DE NANCY A França foi um dos primeiros países a incorporar o Art Nouveau, desenvolvido como uma tendência que interpretava linhas como signos abstratos. Nesse momento, é criada a Escola de Nancy, em 1901, a qual era toda voltada ao naturalismo das formas – usadas tanto como decorações, quanto como elementos estruturais – com uma forte influência de simbolismo de origem literária. Inicia-se também, aqui, a profusão das molduras, criando forças verticais e horizontais em contraponto à atenuação dos ângulos retos. (DUARTE, 2008) Nessa escola, temos nomes importantes e de grande relevância onde, entre eles, estão Eugène Grasset e Alphonse Mucha, que são os artistas que inspiraram este trabalho. Grasset, junto com Mucha, foi considerado um dos artistas que difundiram o movimento Art Nouveau através de ilustrações e cartazes. Seus cartazes são feitos de composições simples, que apresentam poucos traços ou perspectivas. Suas imagens são bastante simples com relação a tantas outras presentes no movimento; seu traço regular que conversa com cores fortes e chapadas, traz para suas peças contraste e volume. O elemento feminino sempre esteve presente: era a mulher sensual, por
  • 3. vezes melancólica e com uma grande carga de erotismo velado por rostos angelicais. (VIANA, 2006; CARVALHO, 2009) Já as pinturas e desenhos de Mucha possuem, dentre outras características, um traçado muito delineado, uma tipografia estilizada, uma mulher idealizada, bela, e ingênua, assim como a figura representada por Grasset, símbolos e arabescos. Mucha ainda inovou o formato de seus cartazes – tornou-os mais esguios – potencializando seu efeito requintado e moderno junto com a utilização de cores encontradas na natureza em tons pastéis, dando um toque de romantismo a suas peças; para cartazes publicitários, prioritariamente, adequou suas influências da arte asiáticas destacando por meio de molduras o produto em questão. (ROTELLI, 2009) O PROJETO Para a realização do projeto proposto, foram levadas em consideração as características gerais do movimento e dos artistas citados acima – Eugène Grasset e Alphonse Mucha – sendo que foram indicadas as mais importantes para a produção da embalagem. Na face frontal da embalagem (Figura 01) foram utilizados elementos como fontes referentes à época do movimento, assim como foi averiguado na pesquisa preliminar de imagens dos dois artistas. Os tipos utilizados foram escolhidos por bem representar o movimento e ainda serem atuais, pois proporcionam leitura e legibilidade, ponto importante dentro do capitalismo. A fonte das palavras “Anaïs Anaïs” foi escolhida por ser mais robusta e, por isso, destacar o nome do perfume. Já as fontes das informações secundárias são mais simples devido a elas não merecerem tanto destaque quanto o título.
  • 4. Figura 01 Para destacar essa face das demais utilizei um recurso muito evidente nas peças de Mucha que são as molduras. Nesse caso, empreguei esse grafismo no formato retangular como uma analogia à forma esguia de alguns cartazes desse artista além de automaticamente destacar a face principal do produto; essa formatação traz ao produto um requinte atemporal, assim como trouxe aos trabalhos desse artista à época. Complementando essa informação temos a imagem feminina de Grasset onde temos a nítida sensação de que a mulher está envolvida numa atmosfera romântica criada pelo perfume. No verso (Figura 02) foram colocadas as informações adicionais do produto, como a composição química e os cuidados que o usuário deve ter no manuseio. Essas informações para um consumidor são irrelevantes e assim foi decidido que a fonte seria simples, sem serifa e de fácil compreensão, mas de cor clara e contrastante o suficiente para permitir uma boa leitura sem prejudicar a composição final da programação da embalagem.
  • 5. Figura 02 Nas laterais foi somente indicado o nome do perfume, conforme o a parte frontal já apresenta; isso fará com que se destaque essa informação, independente do lado que a embalagem seja visualizada. (Figura 03; Figura 04) Figura 03 Figura 04
  • 6. Para a programação da embalagem foi escolhido usar prioritariamente a cor verde, a qual faz referência direta à natureza, tema muito recorrente no movimento Art Nouveau, além de as peças de Grasset, em sua maioria, terem muitos elementos nessa cor e suas tonalidades; ainda, na vista frontal, foi usado um tom pastel de verde atrás da imagem para aumentar o contraste com a mesma. CONSIDERAÇÕES Mesmo com o estilo Art Nouveau ter perdido força em um curto espaço de tempo hoje, ainda, podemos propor peças gráficas e outros produtos de design baseados nesse movimento. Isso se dá pelo fato dele apresentar conceitos e grafismos bastante usuais como formas sinuosas e cores marcantes, proporcionando uma assimilação direta com o universo feminino atual. A proposta do trabalho traz Anaïs Anaïs como um perfume que transmite o frescor da natureza e a singular delicadeza e sensualidade presente na mulher, reiterando que o estilo do século XIX é completamente empregável a qualquer produto moderno/contemporâneo.
  • 7. REFERÊNCIAS CARVALHO, T. L. Das Artes. 4 mar. 2009. Disponível em: <http://taislc.blogspot.com.br/2009/03/art-nouveau.html>. Acesso em: 10 set. 2012, 15:35. DENIS, R. C. Uma Introdução à História. São Paulo: Edgard Blüsher, 2000. Curitiba: Prisma, 2005. 332 p. DUARTE, G. Países afetados pelo Art Nouveau 1 - França. 2008. Disponível em: < http://facesartnouveau.blogspot.com.br/2008/12/descoberta-do-ferro-e-tcnica-de- fundio.html>. Acesso em: 29 set. 2012, 18:22. FUNDATION, M. Alphonse Mucha – Art Nouveau & Utopia. 2012. Disponível em: <http://www.muchafoundation.org>. Acesso em: 24 out. 2012, 10:34. PORTO, C. Art Nouveau e Art Déco. Disponível em: <http://claudiaporto.wordpress.com/monografias/art-nouveau-e-art-deco/>. Acesso em: 22 set. 2012, 14:08. ROTELLI, N. B. A. Teoria de História das Artes e Arquitetura II. 25 jul. 2009. Disponível em: <http://thaa2.wordpress.com/2009/07/25/o-estilo-do-art-nouveau-parte-v/>. Acesso em 24 out. 2012, 12:37. SILVA, V. P. P. Blog Educativo. 13 fev. 2012. Disponível em: < http://arteeuropeiadevanguarda.blogspot.com.br/2012/02/arte-nova-art-nouveau-da- escola.html>. Acesso em: 15 set. 2012, 15:23. SOUSA, R. As características do Art Nouveau. 18 jan. 2008. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/historiag/art-nouveau2.htm>. Acesso em: 25 set. 2012, 17:55. VIANA, D. Seção Gemäldegalerie: Grasset e os primórdios do Art Nouveau. 6 jun. 2006. Disponível em: <http://diegoviana.opsblog.org/secao-gemaldegalerie-grasset-e- os-primordios-do-art-nouveau/>. Acesso em: 24 out. 2012, 17:20.