2. para conhecer e explicar um fenômeno social, é necessário um exercício de estranhamento do mundo. a Sociologia como disciplina autônoma é interdependente de outras ciências mas sua abordagem é específica já que seu foco são as relações sociais. um cientista social desenvolve a atitude de questionar e estranhar a sua própria sociedade, cultura, instituições políticas assim como as de outrem.
3. sociologie - sociologia - é um neologismo criado pelo francês August Comte em meados do século XIX. ganha status de ciência principalmente com outros três outros pensadores: Durkheim, Marx e Weber no fim do XIX e ínício do XX.
4. “a concepção pessimista de um mundo dominado pela idéia do pecado e da fragilidade da natureza humana, típica do pensamento medieval, encontrou expressão plástica na pintura de Bosch. firmemente aparentada, pela simbologia, com a fantasia popular e a cultura da época, sua insólita obra, cáustica e imaginativa, prenunciou as grandes realizações da pintura flamenga e holandesa dos séculos XVI e XVII. com singular domínio dos tons e valorização dos pormenores, Bosch criou um mundo fantástico, povoado de seres de pesadelo, monstros fantasmagóricos e estranhas construções, onde a natureza se confunde com a fantasia. esse mundo mágico estava presente na cultura da época e aparece também em textos literários, como obras de alquimia, livros satíricos e poemas.” Retirado do endereço eletrônico: http://www.pitoresco.com.br/flamenga/bosch/bosch.htm.
6. HieronymusBosch 1450(?) - 1516 o jardim das delícias terrenas o paraíso na Terra - o julgamento final - o inferno
7. na “geléia geral” Gilberto Gil e Torquato Neto ironizam o que era considerado ideal a ser seguido pelos brasileiros, e ainda mostram o aparentemente oculto da cultura popular longe dos cânones da Ditadura Militar. pode-se ainda, como o próprio título sugere, o trabalho com a Cultura, como um mosaico composto dos mais diversos recortes e percepções da realidade, e manifestações, inclusive populares.
8. no poema “o elefante”, creio que a melhor linha de trabalho seria a construção, neste caso de idéias, significados, mitos, e de sociedade. o homem é o grande construtor, constrói desde sua casa, produz seu alimento, suas idéias, histórias e mitos, se faz tudo isso, por que não sua própria sociedade? e como Drummond constrói seu elefante de materiais diversos, nós fazemos algo semelhante com a nossa realidade.
9. O elefante (Carlos Drummond de Andrade) Fabrico um elefante de meus poucos recursos Um tanto de madeira tirado a velhos móveis talvez lhe dê apoio. E o encho de algodão, de paina, de doçura. A cola vai fixar suas orelhas pensas. A tromba se enovela, é a parte mais feliz de sua arquitetura. Mas há também as presas, dessa matéria pura que não sei figurar. Tão alva essa riqueza a espojar-se nos circos sem perda ou corrupção. E há por fim os olhos, onde se deposita a parte do elefante mais fluida e permanente, alheia a toca fraude. Eis meu pobre elefante pronto para sair à procura de amigos num mundo enfastiado que já não crê nos bichos e duvida das coisas. Ei-lo, massa imponente e frágil, que se abana e move lentamente a pele costurada onde há flores de pano as nuvens, alusões a um mundo mais poético onde o amor reagrupa as formas naturais. Vai o meu elefante pela rua povoada, mas não o querem ver nem mesmo para rir da cauda que ameaça deixá-lo ir sozinho. É todo graça, embora as pernas não ajudem e seu ventre balofo se arrisque a desabar ao mais leve empurrão Mostra com elegância sua mínima vida, e não há na cidade alma que se disponha a recolher em si desse corpo sensível e fugitiva imagem, o passo desastrado mas faminto e tocante. Mas faminto de seres e situações patéticas, de encontros ao luar no mais profundo oceano, sob a raiz das árvores ou no seio das conchas, de luzes que não cegam e brilham através de troncos mais espessos. Esse passo que vai sem esmagar as plantas no campo de batalha, à procura de sítios, segredos, episódios não contados em livros, de que apenas o vento, as folhas, a formiga reconhecem o talhe, mas que os homens ignoram, pois só ousam mostrar-se sob a paz das cortinas à pálpebra cerrada. E já tarde da noite volta meu elefante, mas volta fatigado, as patas vacilantes se desmancham no pó. Ele não encontrou o que carecia, o de que carecemos, eu e meu elefante, em que amo disfarçar-me. Exausto de pesquisa, caiu-lhe o vasto engenho como simples papel. A cola se dissolve e todo o seu conteúdo de perdão, de carícia, de pluma, de algodão, joga sobre o tapete, qual mito desmontado. Amanhã recomeço.
10. “vivendo em Paris [Picasso] desde o início do século [XX], já era uma celebridade quando o Governo da Frente Popular o procurou para que fizesse algumas telas para arrecadar fundos para a República. a violência e a indignação que causou o bombardeio fez com que ele se concentrasse por 5 meses numa grande tela, quase um mural (350,5 cm x 782,3 cm). sua primeira aparição deu-se numa Exposição Internacional sobre a Vida Moderna em Paris, no dia 4 de junho de 1937. o público virou-lhe as costas.
12. não era algo belo de ser visto. Picasso, para retratar o clima sombrio que envolvia o desastre, utilizou-se da cor negra, do cinza e do branco. como nunca a máxima de Giulio Argan segundo a qual a “arte não é efusão lírica, é problema” tenha sido tão explicitada, como na composição de Picasso. o painel encontra-se dominado no alto pela luz de um olho-lâmpada - símbolo da mortífera tecnologia - seguida de duas figuras de animais. no centro um cavalo apavorado, em disparada, representa as forças irracionais da destruição. a direita dele, impassível, um perfil picassiano de um touro imóvel. talvez seja símbolo da Espanha em guerra civil, impotente perante a destruição que a envolvia. logo a baixo do touro, encontramos uma mãe com o filho morto no colo. Ela clama aos céus por uma intervenção. trata-se da moderna pietá de Picasso. uma figura masculina, geometricamente esquartejada, domina as partes inferiores. a direita, uma mulher, com seios expostos e grávida, voltada para a luz, implora pela vida, enquanto outra, incinerada, ergue inutilmente os braços para o vazio, enquanto uma casa arde em chamas. naquele caos a tecnologia aparece esmagando a vida.” Retirado do endereço eletrônico: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/guernica_eta.html.