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Alexandre Rodrigues de Lima
DÍZIMOS E OFERTAS
À LUZ DA BÍBLIA
Brasília
2009
Dízimos e Ofertas à Luz da Bíblia
Copyright © 2009 Alexandre Rodrigues de Lima
Capa: Gilson Rodrigues
Diagramação: Heiko Humann
Tradução para o inglês: Erick Nietto
Impressão:
2ª Edição Revista e Corrigida: Novembro/2009
Tiragem: 2.000 exemplares
Lima, Alexandre Rodrigues
Dizimos e Ofertas à Luz da Biblia
Alexandre Rodrigues de Lima —
Brasília : Ed. Kaco Gráfica, 2007.
12x18 cm; 96 p.
ISBN 978-85-907075-0-9
1. Dízimo. 2. Bíblia — Doutrina. I Título
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra,
de qualquer forma ou por qualquer meio,
salvo com a permissão prévia e por escrito do autor.
São permitidas apenas breves citações,
desde que citada a fonte.
Todos os direitos reservados ao autor.
Pedidos:alexandre@devoltaapalavra.com.br
www.devoltaapalavra.com
Material protegido por direitos autorais
PREFÁCIO
Confesso que a sensação que me sobreveio
quando, pela primeira vez, percebi pelas Escrituras as
densas trevas do tempo em que vivemos, foi de medo.
Todavia não demorou muito para que esse sentimento
se transformasse em um forte encargo de consagrar-
me ao Senhor e à Sua Palavra, com o fim de me tornar
cooperador com Ele e, de alguma maneira, ajudar
aqueles que são vítimas do deus deste século, o qual
se ocupa em cegar o “...entendimento dos incrédulos
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da
glória de Cristo” (2Co 4:4).
ESTAMOS VIVENDO EM UMA ERA
PROFÉTICA, conforme profetizou o apóstolo Paulo,
dizendo: “E se recusarão a dar ouvidos à verdade,
entregando-se às fábulas” (2Tm 4:4). Foram essas as
palavras usadas pelo apóstolo, com o fim de exprimir,
ainda que palidamente, a condição de completa
apostasia do povo de Deus nestes últimos dias.
O ensino contido nessa porção das
Escrituras é constituído de dois pólos: no primeiro
4
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
extremo, observa- se que muitos se recusariam a dar
ouvidos à verdade. Isto é, manifestariam uma forte
resistência quanto à verdade de Deus, a ponto de
não suportarem a sã doutrina (2Tm 4:3). No extremo
oposto, vemos que tais pessoas se entregariam às
fábulas, deixando-se levar pelos enganos descarados
e incabíveis de satanás.
O apóstolo Paulo ainda nos diz, em outra
de suas epístolas, sobre este tempo de trevas: “e com
todo engano de injustiça aos que perecem, porque não
acolheram o amor da verdade para serem salvos. É
por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação
do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem
julgados todos quantos não deram crédito à verdade;
antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça”
(2Ts 2:10-11).
Sabendo, portanto, da necessidade da Igreja
de Jesus Cristo de conhecer e experimentar a verdade,
foi que nos sentimos constrangidos a oferecer ao povo
de Deus esta série temática - De Volta à Palavra - cujo
objetivo é propor uma releitura da Bíblia Sagrada, ao
fazer abordagens de temas relevantes que determinam
5
Prefácio
o bom crescimento e a edificação dos filhos de Deus.
Neste livro, nos propomos a discorrer o
tema DÍZIMOS E OFERTAS À LUZ DA BÍBLIA, na
expectativa de que Deus nos falará profundamente e
que continuará a falar-nos nos temas seguintes.
Bom desfrute!
Bispo Alexandre Rodrigues
6
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
ÍNDICE
PREFÁCIO	4
INTRODUÇÃO	8
PRIMEIRO PERÍODO: ANTES DA LEI	 10
SEGUNDO PERÍODO: DURANTE A LEI	 15
TERCEIRO PERÍODO: DEPOIS DA LEI	 20
DEZ PRINCÍPIOS DO NOVO TESTAMENTO
PARA OFERTAS DE RIQUEZAS MATERIAIS	 29
PRIMEIRO PRINCÍPIO	34
SEGUNDO PRINCÍPIO	 38
TERCEIRO PRINCÍPIO	 43
QUARTO PRINCÍPIO	46
QUINTO PRINCÍPIO	52
SEXTO PRINCÍPIO	 58
SÉTIMO PRINCÍPIO	 65
OITAVO PRINCÍPIO	68
NONO PRINCÍPIO	76
DÉCIMO PRINCÍPIO	86
INTRODUÇÃO
A vida cristã deve ser vivida com equilíbrio,
pois todo e qualquer extremo é sempre muito
perigoso. A Palavra de Deus deve ser lida como um
todo, e não devemos, simplesmente, tomar textos
isolados conforme melhor nos apraz, para com eles
construirmos um raciocínio falaz, e acabarmos,
assim, por criar sofismas.
Para uma compreensão adequada a respeito
de dízimos e ofertas, torna-se necessário discorrer toda
a Escritura, atentando para a sua divisão na história,
conforme as dispensações que Deus estabeleceu em
Sua Palavra. A partir de um estudo pormenorizado,
visto na perspectiva dos tempos e do modo como que
Deus se relaciona com o Seu povo em cada época,
perceberemos como que a história da Bíblia está
dividida em três partes distintas: antes, durante e
depois da lei.
Esse é um princípio de interpretação
indispensável no estudo de qualquer tema bíblico.
Faz-se, pois, necessário, sempre que nos aproximamos
8
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
da Bíblia Sagrada, o uso de uma visão histórica,
dispensacional, a qual considera as alianças de Deus
e respeita o modo como que, em cada época, o Senhor
Se relaciona com o Seu povo. Somente a partir
desse conhecimento é que será possível se obter um
entendimento adequado do assunto em questão.
Neste estudo, oferecemos uma análise
minuciosa e particularizada do tema dízimos e
ofertas, e do modo como se deve entendê-los nas três
principais dispensações bíblicas: antes, durante e
depois da lei. Vejamos.
9
Introdução
1PRIMEIRO PERÍODO: ANTES DA LEI
A lei foi dada aos israelitas, por intermédio
de Moisés, depois de terem sido libertados do Egito,
estando eles congregados no monte Sinai (Êxodo 19).
Esse marco, legi-
timado pelas Es-
crituras, nos leva
à compreensão de
que, tudo o que vem
antes de Êxodo 19,
isto é, de Gêneses
1 a Êxodo 18, cor-
responde ao perío-
do chamado ANTES
DA LEI.
Este perío-
do dispensacional é
confirmado pela Es-
critura do Novo tes-
tamento em Roma-
nos 5:12-14, texto
no qual nos é dito que, desde Adão (Gn 1) até Moisés
(Êx 18), havia o pecado no mundo, todavia, o pecado
OS DÍZIMOS MENCIONA-
DOS ANTES DA LEI NÃO
ERAM PRATICADOS EM
FUNÇÃO DE FORÇA DE LEI.
ANTES, PELO CONTRÁRIO,
ERAM OFERECIDOS COMO
RESULTADO DE RECONHE-
CIMENTO E DE GRATIDÃO.
TRATAVA-SE DE REAÇÃO
ESPONTÂNEA DE UM CO-
RAÇÃO QUE HAVIA COM-
PREENDIDO QUE TUDO
QUANTO POSSUÍA - O TRA-
BALHO, O ALIMENTO, A
FAMÍLIA, A SAÚDE - ERAM
RESULTADOS, NÃO DA PRÓ-
PRIA CAPACIDADE, MAS
DO CUIDADO PATERNAL DE
DEUS A SEU FAVOR.
10
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
não era levado em conta, pois não ha- via a lei.
Outra prova a favor da existência do perío-
do anterior à lei encontra-se em João 1:17, que nos
diz: “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a
graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”.
Ora, vede. Se a lei foi dada por intermédio de Moisés,
certo é que antes dele, isto é, durante todo o período
histórico compreendido entre Gn 1 a Êx 18, NÃO HA-
VIA A LEI. Isso certamente nos leva a perceber que
houve tal dispensação em que não havia ainda a lei, a
qual não raras vezes é ignorada ou desconhecida pela
maioria dos cristãos.
Mais uma vez reafirma o apóstolo Paulo, a
respeito da referida dispensação, dizendo: “Outrora,
SEM A LEI, eu vivia, mas SOBREVINDO o preceito, re-
viveu o pecado, e eu morri” (Rm 7:9).
Verifica-se, portanto, a confirmação da Es-
critura referente ao primeiro período da história da
Bíblia e do homem: o período ANTES DA LEI.
Quanto á prática do dízimo é preciso, pois,
11
Primeiro período: antes da Lei
fazer a seguinte pergunta: o dízimo é um elemento
próprio da lei, ou já existiam vestígios a seu respeito
no período anterior, período esse em que ainda não
havia a lei?
Segundo o testemunho da Bíblia Sagrada,
durante o período antes da lei há registros, de duas
ocasiões, em que dois homens procederam com a
prática do dízimo: Abraão (Gn 14:18-20) e Jacó (Gn
28:18-22). Há de se ressaltar, todavia, quais os prin-
cípios e a motivação que os levaram a dar o dízimo.
No caso de Abraão, vemos um homem que
compreendeu o cuidado de Deus para consigo, e que
reconheceu que a vitória obtida sobre os quatro reis,
não seria possível, senão pela intercessão de Melqui-
sedeque, o sacerdote do Deus Altíssimo. Assim, im-
pulsionado por profunda gratidão a Deus, e não por
força de lei, movido tão somente por “espírito” de RE-
CONHECIMENTO e GRATIDÃO, foi que Abraão sepa-
rou o dízimo de todos os despojos conquistados na
guerra, e os deu a Melquisedeque.
Abraão reconheceu que por ele mesmo, com
12
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
apenas 318 homens, não poderia jamais vencer os
quatro reinos. Quando, pois, voltava vitorioso da ba-
talha, ao ser recebido por Melquisedeque, compreen-
deu que a sua intercessão foi que lhe abriu o caminho
para a vitória, haja vista ser o ministério de o minis-
tério da intercessão (Hb 7:17 e 25). Por esta razão, de
tudo quanto conquistou, separou-lhe o dízimo.
No caso de Jacó, temos a figura de um fugi-
tivo e errante, lançado à própria sorte, longe de casa
e sem o amparo algum de seus pais. Percebendo ele a
dureza e perigos da vida, e sabendo que não lhe seria
possível sobreviver sem o cuidado paternal de Deus,
orou, dizendo: “Se Deus for comigo, e me guardar nes-
ta jornada que empreendo, e me der pão para comer
e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz
para a casa de meu pai, então, o SENHOR será o meu
Deus; e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de
Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu
te darei o dízimo”.
Ora, o que se percebe neste voto feito por
Jacó? Percebe-se o mesmo princípio que norteou a
“oferta” de Abraão, porquanto, disse Jacó: “Se Deus
13
Primeiro período: antes da Lei
for comigo, e me guardar nesta jornada que empreen-
do, e me der pão para comer e roupa que me vista [...]
de tudo o que me concederes, certamente te darei o
dízimo”. O ato de Jacó entregar os dízimos foi, seme-
lhantemente, o resultado do reconhecimento de que
todas as suas conquistas eram expressão do cuidado
de Deus para consigo, em sua difícil jornada.
Portanto, na Bíblia há menção de pessoas
que praticaram o dízimo ANTES DA LEI. Ressalto, en-
tretanto, que tal prática não diz respeito ao dízimo
movido pela força de Lei. Antes, pelo contrário, diz de
um dízimo como fruto de reconhecimento e gratidão.
Trata-se de reação espontânea de um coração que
compreendeu que tudo quanto possui – o trabalho, o
alimento, a família, a saúde – são resultados, não da
própria capacidade, mas do cuidado paternal de Deus
a seu favor.
Este é o princípio do dízimo antes da lei: RE-
CONHECIMENTO e GRATIDÃO.
14
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
2SEGUNDO PERÍODO: DURANTE A LEI
“A lei foi dada por intermédio de Moisés; a
graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”
(João 1:17). Esse texto nos mostra que o período da
lei teve o seu come-
ço em Moisés, e o
seu fim, em Cristo.
D u r a n -
te o período da lei,
houve também a
presença do dízi-
mo. A diferença,
no entanto, entre
o dízimo da lei e o
dízimo praticado
por Abraão e Jacó,
antes da lei, está
no princípio como
eram aplicados. A
Bíblia não limita a
prática do dízimo apenas ao período da lei. Mas, ao
estendê-la aos períodos antes e durante a lei, dife-
O princípio do dízimo
durante a lei era uma
espécie de coerção,
princípio esse que
conduzia o ofertan-
te a obedecer a Deus
pelo medo da puni-
ção. por outro lado,
o ofertante era ins-
pirado pela promessa
de recompensa, o que
o fazia um interessei-
ro e barganhador, e
não um servo que se
coloca na posição de
súdito, em adoração
a tudo o que o seu
Senhor é.
15
Segundo período: durante a Lei
rencia-a mediante princípios distintos de aplicação.
Assim, se antes da lei o princípio que regia a prática
do dízimo era o do reconhecimento e gratidão do cora-
ção, qual seria, então, o princípio norteador do dízimo
durante a o período da lei?
Ora, vede. O princípio de aplicação do dí-
zimo durante a lei é o princípio da BÊNÇÃO e da
MALDIÇÃO, de acordo com as condições da primeira
aliança, feita no monte Sinai (Ex 19:5-6). Conforme
se verifica no prelúdio da primeira aliança, se o povo
de Israel andasse no caminho da obediência, fazendo
tudo o que a lei determinava, teriam a bênção garan-
tida da parte de Deus. Se, todavia, se desviasse e vies-
se a andar no caminho da desobediência, deixando
de guardar os estatutos da aliança, receberiam como
justa recompensa, as maldições e imprecações pres-
critas na lei (Dt 27 - 28).
O dízimo, naquele tempo, era enquadrado
na mesma disciplina que os demais mandamentos.
Por essa razão, Malaquias, o último profeta do An-
tigo testamento, ao se referir à infidelidade do povo
de Israel, sobretudo no que diz respeito aos dízimos
16
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
e ofertas, fez severas repreensões, utilizando-se do
princípio da bênção e da maldição, de acordo com a
lei (MI 3:8-11).
Este princípio não é aplicável aos dias de
hoje, tendo em vista o fato de a nova aliança ter su-
plantado a antiga, como está escrito no novo testa-
mento: “Porque, se aquela primeira aliança tivesse
sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo
buscado lugar para uma segunda. E, de fato, repreen-
dendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei
nova aliança com a casa de Israel e com a casa de
Judá, não segundo a aliança que fiz com seus pais,
no dia em que os tomei pela mão, para os conduzir até
fora da terra do Egito; pois eles não continuaram na
minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor
[...]. Quando ele diz nova, torna antiquada a primeira.
Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está
prestes a desaparecer” (Hb 8:7-8 e 13).
Neste caso, se já não mais vivemos no tem-
po da lei, pois esta é uma aliança revogada por causa
de sua fraqueza e inutilidade (Hb 7:18), não podemos
nos utilizar dos princípios nela envolvidos, uma vez
17
Segundo período: durante a Lei
que “Cristo nos resgatou da MALDIÇÃO da lei, fazen-
do-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está
escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em ma-
deiro, para que a BÊNÇÃO de Abraão chegasse aos
gentios, em Jesus Cristo...)” - GI 3:13-14.
Quando Jesus sofria na cruz do Calvário, le-
vava sobre si todas as maldições prescritas na lei, as
quais cabiam a nós. Ele próprio Se fez maldição em
nosso lugar. Como pode, nos dias de hoje, no tempo
em que a BÊNÇÃO prometida a Abraão chega a nós
pela fé, e não por obras, sermos “bombardeados” por
uma série de maldições pronunciadas dos púlpitos,
por aqueles que se declaram homens de Deus? Isso
não é próprio de quem conhece a Deus e a Sua Pala-
vra. Tais pregadores, privados da verdade, supondo
que a piedade é fonte de lucro, conduzem os cristãos
a um falso relacionamento com Deus, baseado numa
aliança já revogada, e os fazem naufragar na fé, afo-
gando-os na ruína e perdição (1Tm 6:5-10).
O princípio do dízimo durante a lei era uma
espécie de coerção, princípio esse que conduzia o ofer-
tante a obedecer a Deus pelo medo da punição. Por
18
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
outro lado, o ofertante era inspirado pela promessa
da recompensa, o que o fazia um interesseiro e bar-
ganhador, e não um servo que se coloca na posição
de súdito, em adoração a tudo o que o seu Senhor é.
O tempo da lei passou e, portanto, o princí-
pio da bênção e maldição não faz parte da vida devo-
cional dos cristãos do tempo presente. Deixemo-nos,
pois, levar para aquilo que é perfeito (Hb 6:1).
19
Segundo período: durante a Lei
TERCEIRO PERÍODO: DEPOIS DA LEI
O período no qual vivemos é chamado bi-
blicamente de dispensação da graça, conforme cla-
ramente escreveu o
amado irmão e após-
tolo Paulo, dizendo:
“se é que tendes ouvi-
do a respeito da dis-
pensação da graça de
Deus a mim confiada
para vós outros” (Ef
3:2). A dispensação
da graça diz respeito
ao mesmo período de
que falou o apóstolo
João, tempo esse em
que a graça e a ver-
dade foram trazidas por Jesus Cristo (Jo 1:17).
Este é o período delimitado pelo novo tes-
tamento e, portanto, é por ele que devemos nos re-
ger. A nossa busca, no que diz respeito aos dízimos
e ofertas, consiste no descobrimento da vontade de
3
NO NOVO TESTAMENTO,
NÃO HÁ, EM NENHUMA
PARTE SEQUER, O ENSI-
NO NA FORMA DE MANDA-
MENTO A RESPEITO DO
DÍZIMO. O TEMPO DA LEI
PASSOU E, PORTANTO, O
PRINCÍPIO DA BÊNÇÃO E
MALDIÇÃO NÃO FAZ PAR-
TE DA VIDA DEVOCIONAL
DOS CRISTÃOS DO TEM-
PO PRESENTE. DEIXEMO-
NOS, POIS, LEVAR PARA
AQUILO QUE É PERFEITO.
20
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
Deus, neste particular, conforme se encontra na nova
aliança. Descobrir, pois, os princípios que norteiam
as ofertas de riquezas materiais, que os cristãos no
presente tempo oferecem ao Senhor, é nossa tarefa.
Vejamos:
No novo testamento não há, em nenhuma
parte sequer, o ensino na forma de mandamento a
respeito do dízimo. Há, todavia, algumas pessoas que,
nesciamente, insistem em apresentar dois textos, Ma-
teus 23:23 e Hebreus 7:4-9, como que querendo justi-
ficar o mandamento e a prática do dízimo nos ensinos
do novo testamento. Diante disso, torna- se necessá-
rio saber do que tratam os referidos textos, para não
criarmos sofismas com a Palavra de Deus.
Na primeira referência em Mateus 23:23,
diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque
dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e ten-
des negligenciado os preceitos mais importantes da
Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fa-
zer estas coisas, sem omitir aquelas!”.
Quando se faz leitura do referido texto com
21
Terceiro período: depois da Lei
um olhar imparcial, observa-se que não há uma rati-
ficação da prática do dízimo, como quem transfere a
sua legalidade para o novo testamento. Pelo contrário,
vemos uma repreensão severa aos que, ao praticarem
a lei, negligenciavam o que havia de mais importante,
ao passo que, as coisas menores eram colocadas em
primeiro lugar.
Esta é a razão pela qual, no versículo ante-
rior, (23:22), o mesmo Jesus repreende os escribas e
fariseus, dizendo: “Guias cegos, que coais o mosqui-
to e engolis o camelo!”. Ora, o que vem a significar o
mosquito aqui neste contexto? Representa as coisas
menos significativas da lei, as quais eles coavam, isto
é, faziam questão de as praticarem. O camelo, por
sua vez, representa as coisas de maior importância,
as quais eles engoliam, isto é, deixavam passar des-
percebidas, sem serem observadas. O ensino de Cris-
to nesta porção da Escritura, NÃO TRATA da prática
do dízimo aos cristãos que estão sob a nova aliança.
Antes, trata-se de uma repreensão à atitude hipócrita
dos líderes religiosos daquele tempo. Os fariseus ob-
servavam aquilo que lhes convinha, e negligenciavam
o que era, de fato, essencial, a saber: a justiça, a mi-
22
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
sericórdia e a fé.
Aquilo que era exterior e que não procedia
do coração era praticado por eles; ao passo que, o que
requeria pureza e fidelidade de coração, proveniente
de uma alma transformada, desse, eles se esquiva-
vam. Por essa razão, exclamou Jesus, dizendo: “...de-
víeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas”.
Ou seja, a prática das coisas de menor importância,
não isenta de responsabilidade o homem que está
sob a lei, de vir a obedecer aos demais mandamentos.
O dever daqueles que estão sob a primeira aliança
(pois neste tempo a nova aliança ainda não havia sido
promulgada) compreende tanto de mandamentos de
“menor” importância (o mosquito), quanto de man-
damentos que assumem um maior grau na escala de
valores divinos (os camelos).
O ensinamento claro ministrado por Jesus
no contexto de Mateus 23 ensina-nos que o cumpri-
mento da lei, de acordo com a aliança do Sinai, deve
ser integral, sem parcialidades, conforme declarou
Tiago em sua epístola, dizendo: “Pois qualquer que
guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se tor-
23
Terceiro período: depois da Lei
na culpado de todos” (Tg 2:10).
De acordo com esse princípio da aliança do
Sinai, não se podia observar o que era mais signifi-
cativo, e ao mesmo tempo negligenciar aquilo que se
julgava menos importante; nem tão pouco se podia
negligenciar as coisas consideradas grandes, para se
dedicar às menos importantes. O princípio da lei é
este: aquele que tropeça em um só ponto, seja grande
ou pequeno, é culpado de todos.
Os fariseus, naquele momento, deveriam re-
conhecer a sua incapacidade de cumprir toda a lei, e
se reconhecerem malditos, como também está escri-
to: “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão
debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo
aquele que não permanece em todas as coisas escri-
tas no Livro da lei, para praticá-las” (GI 3:10). Então,
uma vez prostrados, deveriam clamar pela graça divi-
na, encurvados diante d’Aquele que veio trazer vida,
e vida em abundância (Jo 10:10). Pois, como diz a
Escritura, “é evidente que, pela lei, ninguém é justifi-
cado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (GI
3:11).
24
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
A segunda referência bíblica citada por aque-
les que desejam aplicar o dízimo ao novo testamento
é Hebreus 7:4-10. Nesta passagem encontra-se uma
dissertação do apóstolo, a respeito da superioridade
do sacerdócio de Melquisedeque sobre o obsoleto sa-
cerdócio de Arão. O texto em questão nada tem a ver
com a prática do dízimo, conforme alguns, arbitra-
riamente, o impõem. O ponto conflitante dissertado
nesta porção é o fato de que, com a morte, ressur-
reição e ascensão de Cristo, o sacerdócio deixava de
ser exercido pelos sacerdotes levitas e passava a ser
executado por Cristo, nos céus, segundo a ordem de
Melquisedeque.
Todavia a controvérsia se instaura no mo-
mento em que se questiona com que autoridade fora
feita a mudança de sacerdócio. Pois, se somente os
filhos de Levi poderiam exercer o sacerdócio, como
poderia “este” Cristo, ser o único e exclusivo sacer-
dote, nos céus, se nem ao menos pertencia à tribo de
Levi? Ora, sabemos que o Cristo veio da tribo de Judá
(Hb 7:13-14). Como, então, poderia Jesus Cristo ser o
sacerdote na presença de Deus, segundo uma ordem
sacerdotal (ordem de Melquisedeque), a qual não pos-
25
Terceiro período: depois da Lei
suía nenhuma relevância ou tradição para o povo de
Israel?
A resposta para esses questionamentos en-
contra-se na superioridade de Cristo sobre todas as
coisas. Tratando-se da questão do sacerdócio, o escri-
tor aos Hebreus nos mostra como que Melquisedeque
é superior a Abraão e, consequentemente, superior a
Levi. E para provar a sua asseveração, o apóstolo nos
apresenta a sobre-excelência de Melquisedeque so-
bre Abraão e Levi, tomando por argumento o episódio
narrado em Gênesis 14, ocasião em que Abraão paga
o dízimo a Melquisedeque.
Diz-nos o texto sagrado que quando Abraão
voltava vitorioso da guerra contra os quatro reis, Mel-
quisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo, veio ao seu
encontro para lhe servir pão e vinho. Abraão, vendo
que a sua conquista sobre os reis era devido à inter-
cessão de Melquisedeque, (pois o ministério de Mel-
quisedeque é o ministério da intercessão – Hb 7:25),
deu-lhe o dízimo de tudo quanto havia conquistado.
Melquisedeque, por sua vez, o abençoou.
26
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
Neste ponto, o apóstolo lança a seguinte
pergunta: quem é maior: o que abençoa ou o que é
abençoado? “Evidentemente, é fora de qualquer dúvi-
da que o inferior [Abraão] é abençoado pelo superior
(Melquisedeque)” (Hb 7:7). E se Abraão, sendo menor,
deu o dízimo a Melquisedeque, então, Levi, descen-
dente de Abraão, o que recebe ordem de recolher, de
acordo com a lei, os dízimos do povo de Israel, tam-
bém o pagou a Melquisedeque. Pois, quando Abraão
pagou o dízimo, Levi semelhantemente o fez, na sua
pessoa (Hb 7:5 e 9-10). Esse é o princípio da unidade
biológica. Levi, bisneto de Abraão, estava nele, quan-
do este pagou o dízimo a Melquisedeque.
Assim, se Levi possuía proeminência entre
os filhos de Israel porque recolhia para si o dízimo de
todo o povo, então, Melquisedeque é superior a ele,
pois dele recebeu o dízimo. Compreende-se, pois, des-
se texto, que o apóstolo não argumenta a favor da
prática do dízimo na era do novo testamento. Antes,
ao tomar por empréstimo o episódio do dízimo de
Abraão, fundamenta a argumentação da sobre-exce-
lência de Melquisedeque sobre Levi.
27
Terceiro período: depois da Lei
O sacerdócio de Cristo, portanto, cuja linha-
gem é a de Melquisedeque, tem origens remotas, des-
de muito antes de sequer existir a nação de Israel.
Trata-se de um sacerdócio que o tempo, nem os peca-
dos e nem a morte seriam capazes de interrompê-lo,
como está escrito: “O SENHOR jurou e não se arrepen-
derá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem
de Melquisedeque” (110:4).
Portanto verifica-se que o assunto de He-
breus 7 não existe para ratificar a prática do dízimo na
era do novo testamento; embora o dízimo de Abraão
seja ali mencionado, é tomado tão somente como texto
argumentativo a favor da verdadeira intenção do au-
tor da epístola: falar da superioridade de Cristo sobre
Levi, da linhagem sacerdotal de Melquisedeque sobre
a levítica, com o fim de se chegar à grande conclu-
são do capítulo oito: “Ora, o essencial das coisas que
temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que
se assentou à destra do trono da Majestade nos céus,
como ministro do santuário e do verdadeiro tabernácu-
lo que o Senhor erigiu, não o homem” (vs. 1 e 2).
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DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
DEZ PRINCÍPIOS DO NOVO
TESTAMENTO PARA AS OFERTAS
DE RIQUEZAS MATERIAIS
QUAL O ENSINAMENTO CLARO E PRÁTICO
DO NOVO TESTAMENTO EM RELAÇÃO
ÀS OFERTAS DE RIQUEZAS MATERIAIS?
É importante ressaltarmos que em toda e
qualquer época, seja antes, durante ou depois da lei,
as ofertas de riquezas materiais SEMPRE FIZERAM
PARTE da vida devocional do povo de Deus.
Nunca houve um tempo em que a prática do
ofertar fosse facultativa. Na verdade, o que muda de
dispensação para dispensação, não é a responsabili-
dade de se ofertar riquezas materiais, mas o princí-
pio que a norteia e o modo como praticamos o ato do
ofertar.
Muitos, escondidos por detrás de uma falsa
obediência ao novo testamento, argumentando que
não há mandamento explícito sobre o dízimo, esqui-
vam-se de ofertar ao Senhor, considerando isso uma
atitude nobre e correta diante de Deus. Outros, po-
rém, considerando que não há porcentagem estipula-
da que determine ao crente o quanto se deve ofertar,
conduzem-se negligentes neste particular, ofertando
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DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
do que lhes sobra (quando sobra), numa clara expres-
são de avareza. Todavia, não é esse o ensinamento
bíblico do Novo testamento.
A nova aliança
não veio para rebaixar
o padrão de fidelidade
e serviço dos servos de
Deus. Nem mesmo veio
abrir uma porta para
a negligência e para a
prática da avareza. Pelo
contrário; a Escritura do
novo testamento nos en-
sina que “se a vossa jus-
tiça não EXCEDER EM
MUITO a dos escribas e
fariseus, jamais entra-
reis no reino dos céus”
(Mt 5:20). A nova aliança requer um padrão de justiça
excedente a dos escribas e fariseus. De sorte que, se
a justiça que os fariseus buscavam provinha de lei,
a justiça excelente vivida e praticada pelos cristãos
do Novo testamento é o próprio Cristo como Vida, ex-
A NOVA ALIANÇA RE-
QUER UM PADRÃO DE
JUSTIÇAEXCEDENTEA
DOS ESCRIBAS E FARI-
SEUS. DE SORTE QUE,
SE A JUSTIÇA QUE OS
FARISEUS BUSCAVAM
PROVINHA DE LEI, A
JUSTIÇA EXCELENTE
VIVIDA E PRATICADA
PELOS CRISTÃOS DO
NOVO TESTAMENTO
É O PRÓPRIO CRISTO
COMO VIDA, EXPRES-
SANDO-SE POR NOSSO
INTERMÉDIO.
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
pressando-Se por nosso intermédio (Rm 10:3-4; 1 Co
1:30; Fp 3:9-10). Essa Vida Divina, a qual é o próprio
Cristo que habita em nós (Cl 3:4; 1 Jo 5:20), ensi-
na-nos que “é mister socorrer os necessitados... [pois]
mais bem aventurado é dar que receber” (Atos 20:35).
Ensina-nos também essa mesma Vida que em nós
habita que a maneira de administrarmos os bens de
Deus, que estão sob a nossa mordomia, é ajuntando
tesouros no céu, onde traça e nem ferrugem corroem,
e onde ladrões não escavam nem roubam (Mt 6:20).
Ora, esse padrão de justiça não corresponde
ao padrão da lei, a qual mede a quantia a ser dada, a
saber: 10%. Antes, pelo contrário, é um ato do cora-
ção, como disse o próprio Jesus: “Porque, onde está o
teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6:21).
Assim, no novo testamento, a largura e a visão do co-
ração é que determinam a quantia a ser ofertada. A
interpretação equivocada a respeito da graça de Deus
tem produzido muitos males no meio do Seu povo. Ao
invés de reagirmos positivamente à Sua graça, bus-
cando alcançar uma vida santa, justa e piedosa, te-
mos nos tornado negligentes e tardios, com a falsa
segurança de que tudo terminará bem (Tt 2:11-14).
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DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
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Não devemos nos esquecer das palavras dos apósto-
los que nos exortaram, dizendo: “Não vos enganeis:
de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem se-
mear, isso também ceifará” (GI 6:7). E ainda: “Ora,
nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a
vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará
o seu povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus
vivo” (Hb 10:30-31). Todos esses são conceitos clássi-
cos do Novo testamento. Fiquemos atentos.
Os capítulos 8 e 9 da Segunda Epístola de
Paulo aos Coríntios são dedicados ao assunto do ofer-
tar no Novo testamento. O apóstolo, nestes capítulos,
utiliza 39 versículos para apresentar os principais
princípios sobre o modo, as motivações, o porquê e a
responsabilidade do ofertar individual de cada cris-
tão.
Portanto nos propomos, no que se segue, a
fazer uma investigação acurada na Bíblia Sagrada,
apresentando DEZ PRINCÍPIOS que regem o ofertar
na era neotestamentária de acordo com a doutrina
dos apóstolos.
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
PRIMEIRO PRINCÍPIO
OFERTA É UM DIREITO ADQUIRIDO PELA GRAÇA
DE DEUS AOS CRENTES DO NOVO TESTAMENTO
O primeiro princípio diz que o ofertar é, so-
bretudo, um direito adquirido pela graça de Deus, aos
crentes do Novo testamento. Somente os que partici-
pam do dom da salvação, podem participar do dom do
ofertar. Foi por essa razão que os irmãos da Macedô-
nia rogaram ao apóstolo Paulo, dizendo que não lhes
privassem da GRAÇA de participar da assistência aos
santos (2Co 8:4).
Os cristãos da Macedônia viviam momentos
de profunda pobreza (8:2). Talvez fosse essa uma boa
desculpa, por parte deles, para não participarem da
graça do ofertar. Todavia, movidos por uma visão, vi-
são esta muito maior do que a pobreza a qual esta-
vam sofrendo, rogaram, com muitos rogos, a graça
de participarem da assistência aos santos. E não so-
mente isso, mas ao ofertar, se mostraram voluntá-
rios, NA MEDIDA de suas posses, e mesmo ACIMA
DELAS (2Co 8:3).
1
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DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
Vejam: mesmo que o mandamento neotes-
tamentário nos diga que o ofertar deve ser daquilo
que temos, e não daquilo que não temos (2Co 8:12),
a visão da graça não conhece limites; pois não possui
parentesco com a lei, a qual possui como norte as le-
tras frias e mortas do certo e do errado.
Ora, essa disposição no ofertar é um rom-
pimento com o paradigma do dízimo do antigo tes-
tamento, pois não se limita a 10% do salário, mas
sobrepuja e vai além do que a lei determina. É um
ofertar da graça. É a visão de que a maior oferta cha-
mada de “O Dom Inefável de Deus” (2Co 9:15), é a dá-
diva do Pai a nós – Jesus Cristo – o qual morreu em
nosso lugar.
Por isso, a disposição do ofertar, segundo o
princípio da graça, deve ser praticada na esfera do
amor, e não nos limites periféricos da lei.
Observa-se que o ato do ofertar, segundo o
princípio da graça, está intimamente ligado ao dom
inefável de Deus. A Bíblia nos afirma que a igreja pri-
mitiva, ao enviar os apóstolos para pregarem o evan-
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
gelho, NÃO ACEITAVA OFERTAS DE GENTIOS, por
causa do Nome de Jesus Cristo (3 Jo 1:7). Isto é, a
compreensão da igreja era de que aqueles que não
haviam experimentado a graça da salvação, da oferta
do corpo de Jesus, não podiam, por uma questão de
coerência, participar da graça do ofertar, visto que a
mensagem do evangelho exige, sobretudo, a entrega
da própria pessoa ao Senhor, e não somente o ofertar
de recursos materiais.
O contrário disso acontece tão frequente-
mente nas igrejas institucionais dos dias de hoje. As
pessoas são convidadas a levarem seus recursos como
oferta “a Deus”, na promessa de que receberão como
recompensa o dobro, o triplo, ou até mesmo o cêntu-
plo, na proporção daquilo que cada um deu. Em con-
trapartida, nada dizem da necessidade do novo nasci-
mento, da transformação necessária da vida interior,
nem tão pouco se preocupam com as mais estranhas
confissões de fé, professadas pelos ofertantes. Antes,
ao contrário, lhes são dito que NÃO PRECISAM MU-
DAR DE “RELIGIÃO”, pois o que “Deus” deseja, di-
zem, é tão somente fazer- lhes prosperar no melhor
desta terra.
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DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
Ora, esse tipo de relacionamento e culto é
pagão, e se assemelha à proposta da divindade gen-
tílica Baal, a qual é reconhecida historicamente pelo
poder de fertilizar e fazer prosperar os seus adora-
dores. Esses, para “obterem” respostas aos seus pe-
didos, não precisavam deixar de lado os seus deu-
ses antigos. Antes, conforme é comum até os dias de
hoje, bastavam praticar os rituais exigidos e oferecer
as ofertas estabelecidas, conformando-se ao o sincre-
tismo religioso, marca evidente das igrejas caídas do
século XXI.
O Conceito fundamental das ofertas no Novo
testamento é que, somente os que recebem o Senhor
como oferta pelos seus pecados e se dão, a si mes-
mos, primeiramente a Ele antes de qualquer outra
coisa, é que estão aptos para ofertar ao Senhor (2Co
8:5). Somente os que se dão primeiramente ao Se-
nhor, podem doar, consequentemente, suas ofertas
para a cooperação de Sua verdade. (3 Jo 1:7 e 8).
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
SEGUNDO PRINCÍPIO
OFERTA FAZ PARTE DA CONFISSÃO DE FÉ
DOS CRISTÃOS DO NOVO TESTAMENTO
Somente os que receberam o Dom Inefável
de Deus (a vida eterna que é Cristo Jesus), estão ap-
tos para participar do dom do ofertar segundo a gra-
ça. A razão para tal restrição é explicada pelo fato de
o ato do ofertar assim como tantos outros benefícios
e disciplinas provenientes da fé evangélica, fazerem
parte da confissão de fé dos crentes em Jesus Cristo.
Os benefícios da eterna redenção tanto quanto a obe-
diência que se requer ao evangelho são exclusivos dos
que ouviram, e creram e que passaram a professar o
nome de Jesus.
O dom do ofertar é um benefício adquirido
pelo ato redentor de Cristo Jesus na cruz do Calvário.
Eis a razão pela qual o dom do ofertar faz parte da nos-
sa CONFISSÃO DE FÉ, conforme está escrito: “Porque
o serviço desta assistência não só supre a necessida-
de dos santos, mas também redunda em muitas gra-
ças a Deus, visto como, na PROVA DESTA MINISTRA-
2
38
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
ÇÃO [do ofertar], glorificam a Deus pela OBEDIÊNCIA
DA VOSSA CONFISSÃO QUANTO AO EVANGELHO de
Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles
e para todos, enquanto oram eles a vosso favor, com
grande afeto, em virtude da superabundante graça de
Deus que há em vós. GRAÇAS A DEUS PELO SEU DOM
INEFÁVEL!” - 2Co 9:12-15.
Paulo foi o apóstolo separado para pregar o
evangelho aos gentios (Ef 3:1-2). Desse modo, a con-
fissão de fé da igreja neotestamentária, o que difere,
em muito, das sombras e figuras próprias da religião
judaica, foi por ele definida e consolidada, mediante
seu ministério de pregador, apóstolo, profeta e mestre
(1Tm 2:7 cf. At 13:1).
Em seu ensinamento sobre ofertas, Paulo
nos ensina que o ato de ofertar é uma ministração;
isto é, é um serviço espiritual prestado por sacerdotes
a Deus. A palavra grega usada para “ministração”, em
2 Coríntios 9:13, possui a mesma raiz do termo grego
diakonos, e que traduzido quer dizer diácono. Ora, o
que vem a ser um diácono? Diácono é alguém sepa-
rado para Deus a fim de servi-lO, no que concerne
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
a coisas materiais, porém, com fins espirituais, para
facilitar e viabilizar a pregação da Palavra de Deus (At
6:1-4).
Afirmar, portanto, que os que ofertam a
Deus riquezas de caráter material ministram ao Se-
nhor assim como o fazem os diáconos, quer dizer que,
embora ofertem recursos terrenos, possuem por obje-
tivo maior e espiritual a colaboração na pregação da
verdade.
Aqueles que ofertam ao Senhor, de acordo
com a graça a eles dispensada, prestam a Deus um
serviço espiritual. Isto é, no momento em que ofertam
para o suprimento e bom andamento das questões
materiais do povo de Deus, prestam, na verdade, um
serviço espiritual ao próprio
Senhor. Assim como os diáconos foram es-
tabelecidos, no princípio da igreja, para servir as me-
sas (At 6:1-7), e esse ato de servir na distribuição da
refeição diária constituía um serviço sagrado a Deus,
do mesmo modo, o ofertar de riquezas materiais cons-
titui um culto a Deus e faz parte da vida devocional de
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DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
todos os Seus verdadeiros do Altíssimo.
Ofertar é um ato de adoração e de culto
prestado a Deus. Portanto, sempre que nos dirigir-
mos ao gazofilácio (caixa de ofertas) para levarmos a
Deus nossas ofertas, precisamos fazê-lo com temor
diante do Senhor, sem hipocrisia, com coração volun-
tário, visto que estamos diante do Criador dos céus e
da Terra, e que ali Ele está para receber das nossas
mãos as nossas ofertas (Mc 12:41).
Não devemos considerar as ofertas, ou mes-
mo o momento do ofertar, como algo menos santo do
que os demais procedimentos que têm lugar nas reu-
niões da igreja. Tudo quanto fazemos, sejam nossas
orações, louvores, testemunhos, pregações ou ofertas,
constitui o nosso culto a Deus. A igreja, nesse sen-
tido, na qualidade de sacerdócio santo, sempre que
se reúne, reúne-se para oferecer a Deus sacrifícios
espirituais por intermédio de Jesus Cristo (1 Pe 2:5).
E assim, ao entoarmos a Deus cânticos espirituais,
ou ao elevarmos a Ele as nossas orações, ou quan-
do ministramos a Sua Palavra, ou quando ao Senhor
dedicamos nossas ofertas, ou ainda quando fazemos
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
qualquer outra coisa em o nome de Jesus, estamos a
cultuar a Deus e a servi-lO em Sua presença, para o
louvor da Sua graça.
O ofertar, olhando-o por outro prisma, cons-
titui não somente um culto ao Senhor, mas também
consiste em prova de obediência ao evangelho que um
dia abraçamos, conforme afirmou o apóstolo Paulo,
dizendo: “...glorificam a Deus pela OBEDIÊNCIA DA
VOSSA CONFISSÃO QUANTO AO EVANGELHO de
Cristo e pela liberalidade com que contribuís...” (2Co
9:13).
Portanto, o ato de ofertar é privilégio somen-
te dos santos, visto ser, por um lado, um culto a Deus,
mediante Jesus Cristo, o que implicar crer no Seu
nome; e por outro, um gesto de obediência à confis-
são que fizemos no dia em que cremos no evangelho,
a qual devemos sustentar até o dia de Cristo Jesus.
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DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
TERCEIRO PRINCÍPIO
OFERTAS COMO EXPRESSÃO DE AMOR
PARA COM OS SANTOS
Quando o apóstolo Paulo busca tocar o co-
ração da igreja, para que ela seja despertada para a
graça do ofertar, ele evita estabelecer mandamentos
rígidos ou coercivos. Antes, ao clamar à igreja por
ofertas, apela para a sinceridade do amor dos santos,
pois sabe que o modo de ofertar do novo testamento
tem por inspiração a Oferta do Pai ao homem perdido:
O Dom Inefável, o qual é Cristo Jesus (2Co 9:15). Por
isso, diz: “Não vos falo na forma de mandamento, mas
para provar, pela diligência de outros, a SINCERIDA-
DE DO VOSSO AMOR; pois conheceis a graça de nosso
Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre POR
AMOR DE VÓS, para que, pela sua pobreza, vos tor-
násseis ricos” (2Co 8:8-9).
O amor que muitas vezes expressamos de
lábios precisa ser materializado, em obras, de fato e
verdade. Por essa razão, foi que o apóstolo João em
sua epístola nos exortou, dizendo: “Ora, aquele que
3
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão pa-
decer necessidade, e fechar-lhe o coração, como pode
permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não ame-
mos de palavra, nem de língua, mas de fato e verda-
de. E nisto conheceremos que somos da verdade, bem
como, perante ele, tranquilizaremos o nosso coração”
(1 Jo 3:17-19).
De semelhante modo, o apóstolo Paulo exor-
ta aos irmãos, dizendo: “Completai, agora, a obra co-
meçada, para que, assim como revelaste prontidão no
querer, assim a leveis a termo, segundo as vossas pos-
ses” (2Co 8:11). Veja como esse texto mostra-nos que
o ofertar começa no coração, com a prontidão do que-
rer, e que continua com a materialização da vontade,
levando-a a cabo, ao trazermos as nossas ofertas se-
gundo as nossas posses.
Observe que o ponto de partida das ofertas
não é o padrão da lei, mas a disposição do coração.
É quando o coração se mostra voluntarioso, pronto a
dar, disposto a dividir, desejoso a compartilhar.
Nisso tudo vemos a expressão do amor de
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DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
Deus em nós, o qual, sendo rico se fez pobre, por nos
amar, para nos enriquecer com a Sua própria vida e
glória (2Co 8:9).
A pregação do evangelho, viabilizada pelos
recursos das ofertas de caráter material, consiste em
manifestação de amor para com aqueles por quem
Cristo morreu, e que aguardam o dia em que, pela
pregação da Palavra, virão a crer no evangelho, como
um dia se deu conosco (Rm 10:13-17 cf. Ef 1:13).
“Manifestai, pois, perante as igrejas, a PRO-
VA DO VOSSO AMOR e da nossa exultação a vosso
respeito na presença destes homens” (2Co 8:24).
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
QUARTO PRINCÍPIO
OFERTAS COMO EXPRESSÃO DE
GENEROSIDADE E NÃO DE AVAREZA
“Portanto, julguei conveniente recomendar
aos irmãos que me precedessem entre vós e preparas-
sem de antemão a vossa dádiva já anunciada, para
que esteja pronta como EXPRESSÃO DE GENEROSI-
DADE E NÃO DE AVAREZA” (2Co 9:5).
Esse é um princípio fundamental, o qual
distingue as ofertas do novo testamento do dízimo da
antiga aliança. A preocupação do apóstolo, nesse par-
ticular, é sobre o tipo de sentimento que nossas ofer-
tas expressam.
Aplicando aqui o princípio de interpretação
da leitura dialética, as perguntas possíveis extraídas
do texto supracitado são:
1) Qual deve ser a verdadeira motivação do
coração do ofertante no ato do ofertar?
4
46
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
2) A quantidade a ser ofertada deve ser de-
terminada pela contabilidade mesquinha imposta por
lei, ou deve ser a expressão de um coração generoso
cheio de louvor e gratidão por todos os benefícios que
Deus nos tem dado?
3) Que tipo de sentimento existe no coração,
no momento de separar a oferta: alegria ou tristeza?
Louvor ou pesar?
4) O que o coração sente depois de ter lan-
çado a oferta dentro do gazofilácio: desejo de ofertar
mais, caso houvesse condição, ou sentimento de de-
ver cumprido?
Muitos não julgam o seu coração quanto à
questão das ofertas. Todavia, devemos nos lembrar de
que o ofertar faz parte da vida devocional do cristão.
Assim como todas as outras coisas devem proceder
de um coração limpo e tocado pelo Espírito Santo, do
mesmo modo devem ser as ofertas.
Poucos cristãos oraram alguma vez por si
mesmos, para que o Senhor os iluminasse, e desse-
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
lhes direção sobre a quantidade a ser ofertada. Ge-
ralmente conduzem-se automatizados e robotizados a
uma prática corriqueira, sem nenhuma devoção ver-
dadeira de coração. Não se preocupam, muitas vezes,
em apresentar a Deus as suas ofertas, nem as de-
dicam de modo específico ao Senhor. Dirigem-se ao
gazofilácio e lançam ali algum dinheiro, (geralmente
do que lhes sobra, isto é, quando sobra), com a falsa
sensação de consciência apaziguada e sentimento de
dever cumprido.
Todavia não devemos proceder dessa ma-
neira. Não podemos ofertar movidos pelo sentimento
de obrigação, nem sermos coagidos por palavras de
ameaça e imposições da antiga aliança.
A generosidade desconhece os limites mes-
quinhos do dízimo do antigo testamento. A sua capa-
cidade de dar, não parte daquilo que possui, mas do
quanto a obra de Deus necessita. A generosidade não
se preocupa com o quanto lhe sobra, mas preocupa-
se com o que ainda falta para o avanço do Reino de
Deus. Esse era o sentimento que abundava nos co-
rações dos irmãos macedônios, os quais, mesmo em
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DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
profunda pobreza, rogaram para que não lhes tiras-
se a graça de participarem da assistência aos santos
(2Co 8:2-4)
Podemos melhor compreender a generosi-
dade em oposição à avareza, considerando o seguin-
te exemplo: Imagine que alguém tenha um saboroso
bolo de chocolate, e, vendo o seu irmão passar ne-
cessidade, por alívio de consciência, se proponha a
repartir o bolo. Dividindo-o, porém, em dez pedaços,
e dando-lhe apenas uma parte (10%), ficando com os
nove pedaços restantes, seria isso uma expressão de
generosidade ou de avareza? Ora, é certo que esse ato
mesquinho reflete o sentimento de avareza que há no
coração, e manifesta o quanto é egoísta a alma de al-
guém que ainda não foi ganho pelo Senhor.
Se dependesse tão somente da alma huma-
na, mesquinha e conformada a esse século capitalis-
ta, quanto de seus recursos ofertaria ao Senhor? Essa
pergunta nos leva a refletir e a considerar que muitos
cristãos ofertam os seus dízimos ao Senhor movidos
pelo medo das maldições da lei. Outros, gananciosos,
buscam por meio do dinheiro garantir as bênçãos sem
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
medidas, de que falou o profeta Malaquias, que Deus
haveria de derramar dos céus. Movidos por esses dois
sentimentos carnais – o medo de perder o que tem e
a vontade de ganhar fortunas – é que muitos ainda
levam seus dízimos aos grandes centros religiosos.
Quando, entretanto, conhecem a graça de
Deus e compreendem que não mais estão presos a
porcentagens, sentem-se incapazes de continuar a
ofertar. Não raras vezes, aqueles que, outrora, oferta-
vam 10%, passam a ofertar apenas 5%, outras vezes
3%, e ainda chegam a não ofertar coisa alguma. E por
que isso acontece? Porque perderam o medo da puni-
ção da lei, e acabaram por descobrir que nunca houve
verdadeiro amor e fidelidade naquilo que faziam. Uma
vez libertados da lei (Rm 7:6), tendo despido seus co-
rações da veste da auto justiça (Gn 3:7), reconhece-
ram o que de fato eram, e se descobriram avarentos,
egoístas e covardes.
A generosidade, portanto, é atributo da-
queles que foram libertos, não somente da lei, mas
também do pecado (Rm 6:18), isto é, do egoísmo e
da avareza. Por essa razão sabem compartilhar, não
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DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
somente 10%, mas em muito maior proporção, não
na medida da lei, mas na medida de suas posses, e
mesmo acima delas (2Co 8:3), fazendo de coração ao
Senhor.
Por isso é que a Bíblia nos ensina a entre-
garmos as nossas ofertas como expressão de gene-
rosidade e não de avareza. De acordo com a Chave
Linguística do novo testamento Grego, de Fritz Rie-
necker, o texto de 2Co 9:5 traduz a seguinte ideia:
Para que a vossa oferta, já anunciada, esteja “pronta
como um presente, e não como alguma coisa arranca-
da de vocês” — p. 357 (comentário de 2Co 9:5).
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
QUINTO PRINCÍPIO
OFERTAS COMO SEMEADURA,
NÃO COMO BARGANHA COM DEUS
Hoje em dia muito se fala em “acordos” com
Deus. Há um número crescente de pessoas que bus-
cam avidamente as igrejas chamadas evangélicas,
com o propósito de barganhar com o Senhor. Ofere-
cem mil com o fim de receberem dez mil; entregam
dez mil visando cem mil, e assim por diante.
Observa-se que não há nas mensagens que
divulgam esse tipo de negócio a verdadeira motivação
que traduz o sentimento cristão: o saber comparti-
lhar, o contribuir com o outro, o ofertar (doar). O que
inspira o coração de tais “ofertantes”, segundo a teo-
logia da prosperidade, é a noção de negócio, de lucro,
de esperteza. Trata-se de um espírito empreendedor
que busca a Deus, não para adorá-lo, mas para nego-
ciar com Ele.
O alvo a ser alcançado com esse tipo de
“oferta” não é o avanço da obra de Deus ou o auxí-
5
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DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
lio aos pobres, mas o próprio ofertante. Ao designar
a sua “oferta”, o ofertante o faz visando a si próprio,
deliberando, de antemão, quanta vai lhe render aque-
le negócio. É uma atitude egoísta destituída de qual-
quer bondade proveniente de um coração oblativo. É
a manifestação de um falso “amor”, decadente, que se
esconde por detrás de uma falsa piedade (2Tm 3:5).
O verdadeiro ofertar, em contraposição, é
movido por outras intenções. Trata-se do contribuir
e do dar, movido por um coração voluntário, segundo
está escrito: “Cada um CONTRIBUA segundo tiver pro-
posto no coração, não com tristeza ou por necessidade;
porque Deus ama a quem dá com alegria” (2Co 9:7).
Temos, nesse sentido, o ofertar dos irmãos
da igreja primitiva, o qual nos serve de modelo, quan-
to ao sentimento governante nos corações daqueles
que trazem suas ofertas ao Senhor: “Da multidão dos
que creram era um o coração e a alma. Ninguém con-
siderava exclusivamente sua nem uma das coisas que
possuía; tudo, porém, lhes era comum. Com grande
poder, os apóstolos davam testemunho da ressurrei-
ção do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante
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Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles, por-
quanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as,
traziam os valores correspondentes e depositavam aos
pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um
à medida que alguém tinha necessidade” (At 4:32-35).
A prática do contribuir e do ofertar desta
primeira igreja era, na verdade, um ato de libação. Os
irmãos se derramavam, abrindo mão da própria vida,
em favor de outros.
Não pense você, igreja do século XXI, que é
sem resultados esse tipo de ofertar. A Bíblia nos ensi-
na que os valores depositados ao Senhor, com alegria
e singeleza de coração, são tão lucrativos e rendosos
quanto a capacidade de uma semente de produzir a
trinta, sessenta e noventa por um, como nos afirma a
Escritura: “...Aquele que semeia pouco, pouco também
ceifará; e o que semeia com fartura com abundância
também ceifará” (2Co 9:6).
Não se trata aqui de barganha com Deus,
mas de resultado. Esse texto não nos incita a nego-
ciar com o Senhor, mas nos ensina o princípio justo
54
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
de Deus, o princípio da semeadura e da colheita: “...
pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”
(GI 6:7).
É por isso que falamos de singeleza de co-
ração. Pois, para o ofertante, o seu ato de ofertar é
um contribuir; para Deus, todavia, refere-se a um se-
mear: aquele que oferta, entrega a semente. A terra,
por sua vez, acolhe-a e a faz morrer. O Deus que nos
ama, a faz germinar e produzir frutos para o nosso
bem.
Entretanto, alguém dirá: “a Bíblia nos asse-
gura que a quantidade da colheita depende do tanto
que semeamos. Isso, porventura, não nos leva a ofer-
tar visando o lucro?” Não; não se lermos todo o con-
texto no qual está inserido esse versículo.
A Palavra de Deus nos afirma que “Deus pode
fazer-vos abundar em toda graça...” (2Co 9:8a). Ora,
“toda graça” neste contexto refere-se de fato a pros-
peridade material. Todavia, pergunto: Com qual pro-
pósito Deus nos faria colher abundantemente rique-
zas materiais? Para o nosso próprio enriquecimento?
55
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
Para prosperarmos com o fim em nós mesmos? Não,
é certo que não. Mas assim diz a Escritura: “...a fim
de que, TENDO sempre, em tudo, ampla suficiência,
SUPERABUNDEIS EM TODA BOA OBRA” (2Co 9:8).
Conclui-se, pois, pelo testemunho da Bíblia
Sagrada que o objetivo de Deus em fazer-nos prospe-
rar é para que tenhamos o suficiente para nós e am-
pla suficiência para outros. Deus em Sua sabedoria,
querendo tratar com os corações dos homens, me-
diante a Sua vontade permissiva, faz prosperar a uns
para que este exerça a generosidade a favor do outro,
e assim, sejam tributadas graças a Deus (2Co 9:11).
Não é sem razão que a Palavra de Deus com-
para os recursos que do Senhor recebemos a duas
figuras que encerram princípios fundamentais: pão e
semente (2Co 9:10). O pão é para a satisfação de nos-
sas necessidades, a semente é para semearmos (ofer-
tarmos), a fim de ajudar aqueles que pouco ou nada
colheram, conforme está escrito: “suprindo a vossa
abundância, no presente, a falta daqueles, de modo
que a abundância daqueles venha a suprir a vossa fal-
ta, e, assim, haja igualdade, como está escrito: O que
56
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve
falta” (2Co 8:14-15).
Deus, na verdade, faz multiplicar as nossas
sementes com o fim de nos conduzir à prática cada
vez mais intensa do ofertar, para que, deste modo,
pratiquemos a justiça, “como está escrito: Distribuiu,
deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre.
Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para
alimento também suprirá e aumentará a vossa semen-
teira e multiplicará OS FRUTOS DA VOSSA JUSTIÇA”
(2Co 9:9-10).
Ofertar, portanto, é ato de praticar a justi-
ça, não de negociar com Deus. Por outro lado, a insis-
tência em não ofertar é prática da INJUSTIÇA, o que,
certamente, caracteriza iniquidade.
57
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
SEXTO PRINCÍPIO
OFERTA CONFORME O CORAÇÃO,
NÃO COM TRISTEZA OU POR NECESSIDADE,
MAS COM ALEGRIA
“Cada um contribua segundo tiver proposto
no coração, não com tristeza ou por necessidade; por-
que Deus ama a quem dá com alegria” (2Co 9:7).
Este versículo nos leva a perceber três cui-
dados que devemos ter em relação ao nosso ato de
ofertar:
1) O cuidado com o coração;
2) O cuidado com o sentimento; e
3) O cuidado com a razão que nos move a
ofertar.
Em primeiro lugar, precisamos notar que o
cuidado para com o coração é necessário em função
do que diz a Escritura a seu respeito: “Enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas, e desesperada-
mente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17:9).
6
58
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
Ora, um coração enganoso e corrupto não
é digno de confiança. Como, então, podemos ofertar
segundo tiver proposto no coração? E se, porventu-
ra, estivermos sendo enganados pelo nosso coração
egoísta, o qual inventa “mil e uma” desculpas para
não ofertar o que convém ao Senhor?
Diante disso, só há uma saída. Precisamos
sondar o nosso coração, a partir do nosso espírito.
Em Provérbios 20:27 diz: “O espírito do homem é a
lâmpada do SENHOR, a qual esquadrinha todo o mais
íntimo do corpo”. Tal qual a lâmpada ilumina a casa,
assim o espírito humano é lâmpada no interior do
homem, e lhe mostra os recônditos remotos, outrora
escuros da alma. Por essa razão é que continua o pro-
feta Jeremias, dizendo: “Eu, o SENHOR, esquadrinho
o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a
cada um segundo seu proceder, segundo o fruto das
suas ações” (Jr 17:10).
Deste modo, tendo Deus habitando o nos-
so espírito (Ef 2:22), e sendo Ele próprio a luz que o
preenche, podemos discernir as intenções do nosso
coração, e então, tratá-lo, como convém, no poder do
59
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
Espírito Santo.
Assim, é necessário ofertarmos de acordo
com nosso coração sob a luz do Espírito de Deus;
pois, “o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longani-
midade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio pró-
prio. Contra essas coisas não há lei” (GI 5:22-23).
Este, pois, é um princípio do novo testamen-
to: Se o que nos inspira a ofertar e nos ensina o modo
como fazê-lo é a unção do Espírito de Deus em nós,
então, é certo que o faremos em amor, com bondade e
fidelidade, pois esses constituem o fruto do Espírito.
Se, todavia, não há essas três características em nos-
so ato de ofertar, é porque não estamos sendo guia-
dos pelo Espírito de Deus, e, sem sombra de dúvidas,
estaremos sendo enganados por nosso coração enga-
noso e corrupto.
Andemos, portanto, na luz, para que tenha-
mos a certeza de que seremos aprovados por Cristo,
no dia da Sua vinda.
Em segundo lugar, é preciso atentar para
com o tipo de sentimento que temos ao ofertar. É pre-
60
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
ciso ofertar com alegria e não com tristeza. É preciso
encontrar satisfação nas realizações de outros e no
progresso da obra de Deus.
Ananias e Safira se propuseram a ofertar o
valor de uma propriedade que possuíam. Quando, to-
davia, receberam a soma de dinheiro em suas mãos,
suas almas ficaram entenebrecidas e tocadas por pro-
funda tristeza. Tal sentimento era devido ao dilema
que agora viviam seus corações. Por um lado, viam-se
“forçados” a ofertar, não por estarem sendo coagidos
pelos apóstolos, mas por se sentirem constrangidos
diante da generosidade da igreja, a qual despreten-
siosamente ofertava os seus bens. Por outro lado, não
se achavam dispostos a doar todo o valor, tal como foi
com Barnabé, o qual, tendo vendido um campo, ofer-
tou toda a soma, depositando-a aos pés dos apóstolos
(At 4:36-37).
A avareza misturada ao desejo de serem vis-
tos como os demais crentes da igreja, produziu neles
uma tristeza tal, a ponto de perderem completamen-
te a paz e serem envolvidos por muitos pensamentos
perniciosos.
61
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
Neste conflito, relutaram por alguns dias,
até que seus corações corruptos lhes propuseram
uma saída, a saber: ofertar apenas uma parcela do
dinheiro, como se essa fosse todo o valor da proprie-
dade. A tristeza em seus corações obscureceu-lhes o
espírito, de modo que os levou facilmente ao caminho
da mentira. E qual não foi o resultado inevitável, fo-
ram ambos expostos à vergonha e levados à morte,
como forma de disciplina do Senhor por causa de seu
erro (At 5:1-4).
Não deixemos, portanto, que a tristeza que
levou Ananias e Safira à morte, nos leve, semelhan-
temente, a perder a entrada no reino e a sermos dis-
ciplinados durante os mil anos pelo Senhor, ficando
fora de Sua presença (Mt 25:10-12; 2Pe 1:10-11).
Em terceiro lugar, há o cuidado que deve-
mos ter para com a razão que nos move a ofertar. O
texto sagrado diz que devemos ofertar “...não por ne-
cessidade” (2Co 9:7). Este ensinamento nos mostra
que, o dever de ofertar, não se restringe a momentos
de necessidade da igreja ou dos santos.
62
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
Muitos cristãos só são movidos a ofertar
quando percebem que há alguma necessidade clara
e emergencial. Quando, todavia, as finanças da igreja
parecem correr bem, com equilíbrio, se esquivam de
ofertar, usando o argumento de que não há necessi-
dade específica.
O ensinamento do apóstolo Paulo aqui nes-
ta porção concentra-se no fato de que, não devemos
confundir o dever de se ofertar ofertas ordinárias com
as necessidades extraordinárias da igreja.
A razão que deve governar o nosso ato de
ofertar, não é o fato de haver ou não necessidades
emergenciais, mas o conhecimento de nossa respon-
sabilidade e dever cristão, e o reconhecimento de que
tal prática constitui atos de justiça dos santos (2Co
9:9; Ap 19:7-8).
Torna-se necessário, neste ponto, corrigir-
mos a interpretação equivocada que alguns dão a este
texto, dizendo: “A escritura nos ensina que não deve-
mos ofertar com necessidade; uma vez que o ofertante
esteja passando necessidade, está isento de ofertar”.
63
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
Entretanto, não é a isso que se refere o texto. A Escri-
tura não diz que não devemos ofertar COM necessi-
dade, mas que não devemos ofertar POR necessidade.
Ou seja, o ato de ofertar não deve acontecer somente
quando há necessidade específica por parte da igre-
ja, mas deve ocorrer, ordinariamente, mesmo quando
não há qualquer pendência ou carência definida, pois
“...Deus ama a quem dá com alegria”.
64
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
SÉTIMO PRINCÍPIO
OFERTAS PLANEJADAS
A Palavra de Deus nos ensina que as nossas
ofertas ao Senhor devem ser ofertas planejadas. Veja
o que diz a Escritura: “Quanto à coleta para os santos,
fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia.
No primeiro dia da semana, cada um de vós PONHA
DE PARTE, EM CASA, conforme a sua prosperidade, e
VÁ JUNTANDO, para que se não façam coletas quando
eu for” (1Co 16:1-2).
Não poucos cristãos são indisciplinados
quanto a essa questão. A razão, talvez, seja o fato de
não darem às ofertas o mesmo grau de importância
que é dedicado às demais disciplinas cristãs. Há, co-
mumente, uma supervalorização das orações, louvo-
res, cultos e pregações, como também lhes é atribuído
um alto nível de espiritualidade. Todavia ao tratar-se
de ofertas, não raramente, há certo descaso quanto à
sua preparação. Tal descaso acontece tanto no campo
da preparação espiritual do ofertante quanto no sen-
tido da organização financeira, de modo a priorizar
7
65
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
aquilo que deve ser separado para o Senhor, antes de
qualquer outra coisa.
Enquanto escrevia tais palavras e medita-
va sobre a importância de se ter uma boa prepara-
ção quanto ao ato de ofertar, veio-me à lembrança a
prática de certa irmã em Cristo que, ao preparar de
antemão a sua oferta, separa as melhores cédulas e
as dedica como oferta ao Senhor. Essa preocupação
em ofertar as cédulas mais novas (menos surradas),
não é uma preocupação de somenos importância. Na
verdade, para tal irmã, em particular, esse é um pro-
cedimento espiritual e que faz parte de sua devoção a
Deus. Este é um princípio bíblico de que tudo o que é
separado ao Senhor deve ser o melhor possível (cf. Ex
12:5; MI 1:7-8; Fp 4:18).
Sabendo que Deus vai julgar a cada um de
nós segundo as nossas obras, na manifestação do
Seu reino (Mt 16:27), e que tal julgamento investiga-
rá as intenções do coração (Hb 4:12-13), é certo que
a atitude de separar as melhores cédulas ao Senhor
será contabilizada e resultará em galardão.
Semelhante atenção deve ser dada à orga-
66
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
nização financeira para não ocorrer o caso de, depois
de quitados todos os compromissos seculares, venha-
mos a faltar com as nossas ofertas. Por essa razão,
advertiu o apóstolo Paulo, dizendo: “porque bem re-
conheço a vossa presteza, da qual me glorio junto aos
macedônios, dizendo que a Acaia ESTÁ PREPARADA
desde o ano passado; e o vosso zelo tem estimulado
a muitíssimos. Contudo, enviei os irmãos, para que o
nosso louvor a vosso respeito, neste particular, não se
desminta, a fim de que, como venho dizendo, ESTI-
VÉSSEIS PREPARADOS, para que, caso alguns mace-
dônios forem comigo e vos encontrem desapercebidos,
não fiquemos nós envergonhados (para não dizer, vós)
quanto a esta confiança. Portanto, julguei conveniente
recomendar aos irmãos que me precedessem entre vós
e PREPARASSEM DE ANTEMÃO A VOSSA DÁDIVA já
anunciada, para que ESTEJA PRONTA como expres-
são de generosidade e não de avareza” (2Co 9:1-5).
Portanto ao tratarmos com as ofertas de ri-
quezas materiais precisamos ter uma rígida riquezas
materiais precisamos ter uma rígida disciplina e uma
preparação, tanto espiritual quanto administrativa,
para não corrermos o risco de, depois de termos tra-
balhado tanto, sermos desqualificados (1Co 9:25-27).
67
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
OITAVO PRINCÍPIO
OFERTAS PARA PROMOVER A IGUALDADE
Os dois próximos princípios visam à eluci-
dação de questões relativas à finalidade e destino das
ofertas. Tal compreensão, necessária, constitui para
os dias de hoje algo de extrema importância, visto que
paira sobre este tema muita sombra e escuridão, en-
quanto, os que poderiam clarificá-lo, silenciam suas
vozes e se negam a discorrer o assunto pelas Escri-
turas.
Promover a IGUALDADE entre os irmãos é
a primeira razão apresentada pela Bíblia Sagrada,
para a prática de ofertas no novo testamento. Esse
não foi um mandamento imposto pela primeira igreja,
mas uma manifestação espontânea da vida de Cris-
to, a qual pulsava no coração dos primeiros discípu-
los, levando- os a considerarem uns aos outros, aci-
ma de qualquer preço. A esse respeito está escrito:
“Todos os que creram estavam JUNTOS e tinham tudo
em COMUM. Vendiam as suas propriedades e bens,
distribuindo o produto ENTRE TODOS, à medida que
8
68
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
alguém tinha necessidade” (At 2:44-45).
A igreja, nos seus primórdios, vivia momen-
tos de profunda sensibilidade espiritual, o que os tor-
navam ensináveis, de maneira que o Espírito de Cristo
que neles estava podia, sem sofrer qualquer resistên-
cia, conduzi-los ao caminho de uma vida coletiva co-
mum. O sentimento dominante na alma dos crentes
não era o de acumular tesouros nesta terra. As reu-
niões praticadas pela igreja não promoviam campa-
nhas com o fim de buscar recursos deste mundo. Ao
contrário disso, constrangidos pelo amor do Senhor,
vendiam os seus bens e propriedades, buscando a co-
munhão por meio do ofertar, tanto do ter quanto do
não- ter; assim do dar como do receber.
Sobre tais irmãos nos é dito: “EM CADA
ALMA HAVIA TEMOR...” (At 2:43). E isso era tudo.
Qualquer outro comportamento que fugisse a essa
regra do Espírito feria o mover da Vida, o qual guiava
a recém-nascida igreja em seus primeiros passos. Os
que se atreviam a tentar mudar o curso sobrenatural
do mover divino na igreja, sofriam a punição, imedia-
tamente (At 5:1-11; 8:18-23).
69
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
A igualdade a ser promovida entre os san-
tos, por meio do ofertar, deve seguir os seguintes pa-
râmetros, de acordo com as Escrituras: primeiramen-
te, deve-se atentar para os irmãos que são separados
para o trabalho na obra do Senhor, em tempo integral.
“Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós,
sobrecarga; mas para que haja igualdade SUPRINDO A
VOSSA ABUNDÂNCIA, no presente, A FALTA DAQUE-
LES, de modo que a ABUNDÂNCIA DAQUELES VENHA
A SUPRIR A VOSSA FALTA, e assim, haja igualdade,
como está escrito: O que muito colheu não teve demais;
e o que pouco, não teve falta” (2Co 8:13-15).
Embora esse texto não fale diretamente do
trato para com os irmãos de tempo integral, todavia,
estabelece o princípio do cuidado mútuo. A igualda-
de aqui referida pelo apóstolo Paulo, só acontece se
houver “uma via de mão dupla”, de maneira que, os
que se consagram integralmente ao Senhor suprem a
FALTA ESPIRITUAL daqueles que estão envolvidos no
trabalho secular; e os que estão envolvidos no traba-
lho secular suprem a FALTA MATERIAL dos que estão
envolvidos na obra do Senhor, conforme está escri-
to: “...SUPRINDO A VOSSA ABUNDÂNCIA...A FALTA
70
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
DAQUELES, de modo que a ABUNDÂNCIA DAQUELES
VENHA A SUPRIR A VOSSA FALTA...”. Este é um prin-
cípio geral capaz de estabelecer equilíbrio justo entre
os irmãos.
O mesmo princípio é aplicado por Paulo em
sua carta aos Romanos 15:26 e 27: “porque aprouve à
Macedônia e à Acáia levantar uma coleta em benefício
dos pobres dentre os santos que vivem em Jerusalém.
Isto lhes pareceu bem, e mesmo LHES SÃO DEVEDO-
RES; porque, se os gentios TÊM SIDO PARTICIPANTES
DOS VALORES ESPIRITUAIS DOS JUDEUS, DEVEM
TAMBÉM SERVI-LOS COM BENS MATERIAIS”. E ain-
da, em outro lugar, reafirma, dizendo: “Mas aquele que
está instruído na palavra faça participante de todas as
coisas boas àquele que o instrui” (Gl6:6). Nisso consis-
te a sabedoria de Deus revelada em Sua Palavra.
Algumas pessoas julgam mal os obreiros
que se dedicam integralmente à obra do Senhor, ar-
gumentando que não existe tal prática ensinada nas
Escrituras. Entretanto, o que diz a Bíblia Sagrada a
esse respeito? Veja: “Devem ser considerados mere-
cedores de dobrados honorários os presbíteros que
71
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
presidem bem, com especialidade os que se afadigam
na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: Não
amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: O traba-
lhador é digno do seu salário” (1Tm 5:17-18).
Observe que o apóstolo Paulo, utilizando-se
da figura do boi, pois o boi é símbolo do serviço cris-
tão, nos ensina que assim como o boi não poderia ter
a sua boca amordaçada enquanto debulhava o trigo,
de semelhante modo, o obreiro não deve ser impedido
de extrair o seu sustento da mesma obra em que está
envolvido; por isso ele diz: “O trabalhador é digno do
seu salário”.
Em segundo lugar, a fim de promover a
igualdade na igreja, é preciso levar em consideração
as viúvas, verdadeiramente viúvas, que não possuem
filhos ou netos que a amparem (1Tm 5:3-4 e 16). Es-
sas devem ser inscritas, a fim de usufruírem o direito
de serem assistidas em suas necessidades ordinárias.
Esse é um dever da igreja, o qual é levado a cabo me-
diante os recursos provenientes das ofertas dos san-
tos.
72
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
Nesse grupo, incluem-se também os órfãos.
Tiago, ao apresentar a praticidade do evangelho em
relação às coisas simples do cotidiano, nos exortou,
dizendo: “A religião pura e sem mácula, para com o
nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas
NAS SUAS TRIBULAÇÕES...” (1:27). E o apóstolo Pau-
lo, ao falar-nos sobre a sua responsabilidade ministe-
rial, fez-nos saber que, a única direção que ele rece-
beu dos apóstolos de Jerusalém, foi a recomendação
para não se esquecer dos pobres (GI 2:10).
Ora, como todos esses cuidados podem ser
cumpridos, senão pela cooperação das ofertas volun-
tárias e liberais de cada um dos santos que compõe
a igreja?
Ao governo da igreja, todavia, compete à res-
ponsabilidade de administrar as ofertas dos santos,
trazidas de boa fé, e distribuí-las com firmeza e sa-
bedoria, com o fim de promover a igualdade entre os
irmãos.
Foi em nome desta igualdade que o apóstolo
Paulo exortou as irmãs, a que não se ataviassem de
73
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
ouro, pérolas ou vestuário dispendioso (1Tm 2:9). A
preocupação do apóstolo nesta referência, não recai
sobre a questão da vaidade, como alguns, insistente-
mente, têm interpretado. Mas tal preocupação e en-
sinamento buscavam promover a igualdade entre as
irmãs, de modo que, o brilho exterior dos aparatos
dispendiosos (caros), não viesse a ofuscar a glória da
comunhão e da singeleza de coração comuns a todos
os santos.
O desejo do apóstolo Paulo era que fosse ba-
nido da vida de reuniões da igreja qualquer elemento,
seja ele externo ou interno, que viesse a quebrar a
comunhão entre os irmãos. Pois até mesmo os enfei-
tes de ouro de algumas irmãs, realçados pela pobreza
de outras, é capaz de romper com a comunhão do
corpo de Cristo. Por esta razão, continuou o apóstolo
Paulo, ao invés de as irmãs se ataviarem com ouro e
com vestidos dispendiosos, deveriam se ATAVIAR DE
BOAS OBRAS (como é próprio às mulheres piedosas)
- 1Tm 2:10.
Qual, pois, a relação entre o “se ataviar de
boas obras” com o ouro, com o qual as mulheres se
74
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
enfeitavam? Ora, vede. O apóstolo fala-nos do dever
de transformar a riqueza que trazemos para o nosso
próprio luxo e vaidade, em benefício aos que são des-
providos de recursos materiais. Esse é o significado
de se ataviar de boas obras, e esse é o caminho que
promove a igualdade na igreja.
75
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
NONO PRINCÍPIO
OFERTAS PARA COOPERAR COM A VERDADE
Ao falar a respeito daqueles que estão envol-
vidos na obra do Senhor, dos que são enviados para
pregar a Palavra de Deus, o apóstolo João, em sua
terceira epístola, nos instrui, dizendo: “Amado, pro-
cedes fielmente naquilo que PRATICAS PARA COM OS
IRMÃOS, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros,
os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu
amor. Bem farás ENCAMINHANDO-OS EM SUA JOR-
NADA POR MODO DIGNO DE DEUS; pois por causa
do Nome foi que saíram, nada recebendo dos gentios.
Portanto, devemos ACOLHER esses irmãos, para nos
tornarmos COOPERADORES DA VERDADE” (1:5-8).
Esta porção das Escrituras fala do CUIDA-
DO PRATICADO PARA COM OS IRMÃOS. Gaio, muito
provavelmente um bispo de alguma igreja estabeleci-
da pelo apóstolo João, é nos apresentado como mo-
delo de fidelidade, alguém que administrava bem as
finanças da igreja, no que diz respeito a obras missio-
nárias.
9
76
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
A fidelidade de Gaio em seu cuidado para
com os obreiros de Deus se manifestava tanto no
ACOLHER os missionários como no ENCAMINHÁ-LOS
por modo digno de Deus. Toda essa honra e cuidado
especial a favor dos obreiros do Senhor, era devido ao
fato de eles terem saído por causa do Nome (Jesus).
Saíram no sentido de ir fazer a obra missionária em
outras terras. E de que maneira saíram? “...Nada re-
cebendo dos gentios”; isto é, saíram em obediência ao
IDE de Jesus Cristo (Mc 16:15), sem contudo, receber
nenhum salário previsto por parte do governo ou de
qualquer outra entidade gentílica.
A motivação do coração desses apóstolos da
igreja era tão somente a propagação do Nome de Je-
sus. Por isso está escrito: “Quão formosos são os pés
dos que anunciam coisas boas!” (Rm 10:15). Por esta
razão, quando a igreja supre a necessidade destes ir-
mãos, não de qualquer modo, mas ofertando-lhes sa-
lário (2Co 11:8; 1Tm 5:18), por modo digno de Deus
(3Jo 1:6), a igreja se torna COOPERADORA DA VER-
DADE.
Como sempre costumo dizer aos santos da
77
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
igreja, na qual eu sirvo, Deus bem que poderia suprir
a necessidade de Sua igreja usando meios milagro-
sos, sem que precisasse da participação do homem.
Esse, todavia, é um pensamento meramente natural,
apresentado, não por haver nele sabedoria, mas para
levar os santos a refletirem sobre o porquê Deus não
o faz deste modo.
A razão por que o Senhor não o faz desse
modo, encontra-se no fato de que, em Seu plano eter-
no, Deus decidiu nada fazer sem o homem. A própria
obra de redenção exigiu que o Deus Forte se tornasse
um menino, e que o Pai da eternidade se fizesse filho
(Is 9:6). Participante de carne e sangue à nossa seme-
lhança (Hb 2:14), o Verbo se fez carne e veio habitar
entre nós (Jo 1:14).
Este é o princípio da encarnação, do Deus
imanente, princípio este em que o Divino se une ao
homem para o cumprimento de Sua vontade. Essa
unidade de propósito foi manifestada, primeiramente,
na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, e hoje, nos dias
do Novo testamento, por meio da Igreja, “a qual é o
78
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em
todas as coisas” (Ef 1:22).
Em tudo isso se vê a expressão da graça de
Deus, o qual nos concede a honra e o privilégio de nos
unirmos a Ele, de modo a trabalharmos juntos, em
mútua cooperação. De sorte que, sempre que oferece-
mos a Deus as nossas ofertas, unindo a Ele os nossos
corações, na busca de ver cumprida a Sua vontade,
nos tornamos cooperadores da verdade.
Existe maior privilégio do que este, de ser-
mos cooperadores da Verdade, ao lado de Deus, tra-
balhando juntos pelo Seu propósito eterno? É certo
que não. Por isso, a cada dia Deus nos convida a nos
associarmos a Ele na grande batalha que já se apro-
xima do fim.
O modo como Salomão buscava a coopera-
ção de Sulamita para se unir a ele no labor de seus
sofrimentos no campo, se aplica semelhantemente a
Cristo, que não desiste de nos convidar, com muitos
rogos, a que nos unamos a Ele na grande tarefa de
implantarmos na terra o reino de nosso Pai:
79
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
(O rogo do amado)
“Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a
voz do meu amado, que está batendo: Abre-me, minha
irmã, querida minha, pomba minha, imaculada minha,
porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus
cabelos, das gotas da noite”.
(A resposta da amada)
“Já despi a minha túnica, hei de vesti-la ou-
tra vez? Já lavei os pés, tornarei a sujá- los. O meu
amado meteu a mão por uma fresta, e o meu coração
se comoveu por amor dele” (Ct 5:2-4).
É desse modo que o Senhor procura nos
atrair para Si. Com o fim de fazer-nos unir a Ele e nos
lançar no calor da batalha, é preciso que o Senhor nos
apresente Suas mãos feridas. Somente as marcas dos
cravos nas mãos de Cristo são capazes de fazer-nos
levantar da “cama”, do nosso comodismo, de arrancar
de nós as desculpas esfarrapadas e de contagiar, pelo
ardor do Seu coração, o nosso espírito e alma.
Não é tempo, igreja, de “vestirmos as nossas
vestes”, de “lavarmos os nossos pés” e de nos “reco-
80
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
lhermos em nossos aposentos”. A batalha pelo Reino
está agora, mais do que nunca, em pleno combate. Se
abrirmos espaço, ainda que seja uma pequena fresta
na porta de nosso coração, o Senhor nos revelará as
marcas da redenção, a qual nos despertará para uma
entrega de cooperação com Ele. E assim, com o cora-
ção comovido de amor, sairemos após Ele e as nossas
cabeças ficarão cheias do orvalho da noite. “Saiamos,
pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério” (Hb
13:13).
Como estará, pois, a tua cabeça, no dia do
tribunal de Cristo (2Co 5:10)? Estará como a cabeça
de Cristo, cheia do orvalho da noite, ou estará seca e
quentinha, pelo comodismo em face à responsabilida-
de de se unir a Cristo, em cooperação com a verdade?
Talvez alguns, diante desse apelo, respon-
dam como também respondeu Sulamita ao seu ama-
do, dizendo: “Não posso...”. Não posso porque, como
deixaria a vida do trabalho secular, para me dedicar
à pregação do evangelho, a fim de me tornar coopera-
dor com Ele? Afinal, Deus vê que tenho família, res-
ponsabilidades, negócios, enfim.
81
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
De fato, nem todos foram chamados para
entregarem suas vidas ao serviço de tempo integral,
para a pregação do evangelho. Todavia, aqueles que
não podem deixar a vida do trabalho secular para se
dedicarem exclusivamente à proclamação do Nome de
Jesus podem se unir a Ele, de outra forma, em coope-
ração com a verdade, mediante as ofertas de riquezas
materiais.
Em Filipenses 4:15-17, lemos: “E sabeis
também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho,
quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se AS-
SOCIOU COMIGO no tocante a dar e receber, senão
unicamente vós outros; porque até para Tessalônica
MANDASTES não somente uma vez, mas duas, O BAS-
TANTE PARA AS MINHAS NECESSIDADES. Não que
eu procure o donativo, mas o que realmente me inte-
ressa é o FRUTO QUE AUMENTE O VOSSO CRÉDITO”.
Esse é um exemplo típico de como podemos
nos associar àqueles que saem para pregar a Palavra,
nos tornando, assim, cooperadores da verdade. Como
está dito no versículo acima, o apóstolo havia parti-
do para a Macedônia. Paulo é que era o pregador, o
82
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
apóstolo, o enviado. Os demais irmãos da igreja, não
possuindo o mesmo ministério que ele, nem estando
desembaraçados dos deveres desta terra, não podiam
sair juntamente com ele para levar a verdade de Deus.
Todavia, apesar de suas limitações neste particular,
puderam se ASSOCIAR ao apóstolo na propagação da
verdade, ao colaborarem na sustentação de seu mi-
nistério, por meio de suas ofertas voluntárias.
Ser um cooperador da verdade, portanto,
significa se colocar ao seu lado, de modo a viabilizar
todos os meios necessários para a sua propagação, a
fim de alcançar o seu objetivo final. Assim, todos os
que ofertam na era do novo testamento, cuja aplica-
ção é destinada para esse fim, tornam- se cooperado-
res da verdade.
De semelhante modo, assim como nos dias
de hoje nos associamos à verdade e nos tornamos
seus cooperadores, todos os frutos resultantes dessa
associação serão igualmente compartilhados no dia
do tribunal de Cristo. Pois assim está escrito: “Ora, o
que planta e o que rega são um; e cada um receberá
o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho” (1Co
83
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
3:8). Do mesmo modo, pois, que um planta e outro
rega, dividindo entre si o labor da seara, os frutos do
trabalho compartilhado serão, semelhantemente, re-
partidos, e cada um receberá o seu galardão na pro-
porção de sua participação.
Por essa razão, o apóstolo Paulo declarou
que aqueles que haviam se associado a ele na divulga-
ção da Palavra de Deus, sustentando o seu ministério
apostólico mediante ofertas voluntárias, tinham a seu
favor, creditado nos céus, a participação nos frutos
angariados. Esse foi, certamente, o sentido das pa-
lavras de Cristo, quando nos exortou, dizendo: “Não
acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde
a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e
roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu,
onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não
escavam, nem roubam” (Mt 6:19-20).
Os recursos que investimos na obra do Se-
nhor são tesouros acumulados no céu. Isso nos dá
a certeza de que a cada depósito, aumenta o nosso
crédito para o dia de Cristo Jesus.
84
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
Quando, pois, por ocasião do reino milenar,
Jesus Cristo vier a receber do Pai os reinos da terra
por herança (Sl 2:8-9), todos os que a Ele se uniram,
sejam por intermédio do dar a si mesmos para a obra
missionária ou do se associar a ela mediante ofertas
de riquezas materiais, compartilharão (se depender
deste particular) da bênção de reinar com Cristo por
mil anos, sobre nações (Is 53:11 e 12; Ap 2:26-27).
A base de distribuição de galardões será segundo o
princípio de cada um receberá segundo as suas obras
(Mt 16:27).
Essa é a segunda razão pela qual o Senhor
Deus estabeleceu a prática das ofertas: para que nós,
na qualidade de Seus servos, aprendêssemos a lei da
cooperação, e desta maneira manifestássemos no co-
ração, não somente a intenção, mas a disposição e o
agir quanto ao ato de ofertar, em concordância com
aquilo que afirmamos crer.
85
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
DÉCIMO PRINCÍPIO
OFERTAS QUE RESULTAM EM GLÓRIAS A DEUS
“Porque o serviço desta assistência não só
supre a necessidade dos santos, mas TAMBÉM RE-
DUNDA EM MUITAS GRAÇAS A DEUS, visto como, na
prova desta ministração, glorificam a Deus pela obe-
diência da vossa confissão quanto ao evangelho de
Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles
e para todos” (2Co 9:12-13).
Após discorremos as duas razões pelas
quais o Senhor Deus estabeleceu a prática do ofer-
tar, chegamos agora ao último princípio. Este trata
do resultado e do testemunho dos cristãos mediante
as suas ofertas.
Mediante a nossa obediência à confissão que
um dia abraçamos, o Nome do Senhor é glorificado e
muitas graças são rendidas a Ele. Pois, quando os
incrédulos contemplam um povo que, a despeito da
era em que vive (uma era capitalista), vive, não para si
mesmo, mas para o reino de Deus, não somente são
10
86
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
levados a glorificá-lo como também são tocados pelo
testemunho de vidas transformadas e conformadas à
imagem de Jesus Cristo (Rm 8:29).
O viver santo do povo de Deus redunda em
louvor e glória ao Nome do Senhor, como está escrito:
“Portanto, quer comais, quer bebais ou FAÇAIS OUTRA
COISA QUALQUER, fazei tudo para a glória de Deus”
(1Co 10:31).
Se a igreja praticasse exatamente o que a
Bíblia ensina sobre ofertas, o mundo a veria como o
sal da terra e a luz do mundo. Pois o dar sem esperar
receber algo em troca, testifica de uma vida, cujo nível
está acima das demais.
O ofertar testifica de pessoas que outrora
eram amantes de si mesmas, mas que agora, foram
transformadas em pessoas solidárias, que se preocu-
pam umas com as outras, que investem em pessoas,
ao invés de investirem em coisas, e que consideram
que é mais bem aventurado dar que receber (At 20:35).
87
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
O contrário, todavia, é o que vemos aconte-
cer. Vivemos numa época como nunca houve, num
tempo em que o povo de Deus tem demonstrado ser
rico e abastado, que não precisa de coisa material al-
guma. Todavia, não se pode dizer o mesmo quanto à
vida espiritual (Ap 3:17). Trata-se de uma era em que
as igrejas são beneficiadas com grandes somas de di-
nheiro ofertadas pelos fiéis e, sobretudo, pelo salário
de sua prostituição, pois a preço tão baixo se vendeu,
e promiscuamente se casou com a política.
Em tudo isso não vemos nenhuma coope-
ração com a Verdade, nem percebemos igualdade no
meio do povo de Deus. O órfão, a viúva e o pobre não
são, nem ao menos, visitados. O dinheiro arrecadado
visa à construção de grandes obras faraônicas, tem-
plos suntuosos, cadeiras acolchoadas para os “don-
docas” se assentarem, e para a sustentação de líderes
milionários que nem ao menos conhecem as ovelhas
que estão sob o seu cuidado (se é que estão). Tais lí-
deres, na verdade, não tratam com ovelhas, mas com
números; não são pastores, mas empresários; não
são homens de Deus, porém homens de negócio.
88
DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
Ah, se a igreja do Senhor se despertasse da
embriaguez do vinho que a faz moribunda, o mundo
inteiro a veria diferente. E por mais que os homens
ímpios não recebessem a Jesus Cristo como Salva-
dor (pois isso não depende do homem), ao menos se
sentiriam ofendidos por causa da santidade do povo
de Deus e os perseguiriam de morte, dando assim, a
oportunidade aos santos, de não somente entregarem
seus recursos materiais ao Senhor, mas também de
ofertarem a Ele as suas próprias vidas.
89
Dez princípios do Novo Testamento
para as ofertas de riquezas materiais
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Dízimos e ofertas antes da lei

  • 1.
  • 2. Alexandre Rodrigues de Lima DÍZIMOS E OFERTAS À LUZ DA BÍBLIA Brasília 2009
  • 3. Dízimos e Ofertas à Luz da Bíblia Copyright © 2009 Alexandre Rodrigues de Lima Capa: Gilson Rodrigues Diagramação: Heiko Humann Tradução para o inglês: Erick Nietto Impressão: 2ª Edição Revista e Corrigida: Novembro/2009 Tiragem: 2.000 exemplares Lima, Alexandre Rodrigues Dizimos e Ofertas à Luz da Biblia Alexandre Rodrigues de Lima — Brasília : Ed. Kaco Gráfica, 2007. 12x18 cm; 96 p. ISBN 978-85-907075-0-9 1. Dízimo. 2. Bíblia — Doutrina. I Título Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, salvo com a permissão prévia e por escrito do autor. São permitidas apenas breves citações, desde que citada a fonte. Todos os direitos reservados ao autor. Pedidos:alexandre@devoltaapalavra.com.br www.devoltaapalavra.com Material protegido por direitos autorais
  • 4. PREFÁCIO Confesso que a sensação que me sobreveio quando, pela primeira vez, percebi pelas Escrituras as densas trevas do tempo em que vivemos, foi de medo. Todavia não demorou muito para que esse sentimento se transformasse em um forte encargo de consagrar- me ao Senhor e à Sua Palavra, com o fim de me tornar cooperador com Ele e, de alguma maneira, ajudar aqueles que são vítimas do deus deste século, o qual se ocupa em cegar o “...entendimento dos incrédulos para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2Co 4:4). ESTAMOS VIVENDO EM UMA ERA PROFÉTICA, conforme profetizou o apóstolo Paulo, dizendo: “E se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2Tm 4:4). Foram essas as palavras usadas pelo apóstolo, com o fim de exprimir, ainda que palidamente, a condição de completa apostasia do povo de Deus nestes últimos dias. O ensino contido nessa porção das Escrituras é constituído de dois pólos: no primeiro 4 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 5. extremo, observa- se que muitos se recusariam a dar ouvidos à verdade. Isto é, manifestariam uma forte resistência quanto à verdade de Deus, a ponto de não suportarem a sã doutrina (2Tm 4:3). No extremo oposto, vemos que tais pessoas se entregariam às fábulas, deixando-se levar pelos enganos descarados e incabíveis de satanás. O apóstolo Paulo ainda nos diz, em outra de suas epístolas, sobre este tempo de trevas: “e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro, para darem crédito à mentira, a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça” (2Ts 2:10-11). Sabendo, portanto, da necessidade da Igreja de Jesus Cristo de conhecer e experimentar a verdade, foi que nos sentimos constrangidos a oferecer ao povo de Deus esta série temática - De Volta à Palavra - cujo objetivo é propor uma releitura da Bíblia Sagrada, ao fazer abordagens de temas relevantes que determinam 5 Prefácio
  • 6. o bom crescimento e a edificação dos filhos de Deus. Neste livro, nos propomos a discorrer o tema DÍZIMOS E OFERTAS À LUZ DA BÍBLIA, na expectativa de que Deus nos falará profundamente e que continuará a falar-nos nos temas seguintes. Bom desfrute! Bispo Alexandre Rodrigues 6 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 7. ÍNDICE PREFÁCIO 4 INTRODUÇÃO 8 PRIMEIRO PERÍODO: ANTES DA LEI 10 SEGUNDO PERÍODO: DURANTE A LEI 15 TERCEIRO PERÍODO: DEPOIS DA LEI 20 DEZ PRINCÍPIOS DO NOVO TESTAMENTO PARA OFERTAS DE RIQUEZAS MATERIAIS 29 PRIMEIRO PRINCÍPIO 34 SEGUNDO PRINCÍPIO 38 TERCEIRO PRINCÍPIO 43 QUARTO PRINCÍPIO 46 QUINTO PRINCÍPIO 52 SEXTO PRINCÍPIO 58 SÉTIMO PRINCÍPIO 65 OITAVO PRINCÍPIO 68 NONO PRINCÍPIO 76 DÉCIMO PRINCÍPIO 86
  • 8. INTRODUÇÃO A vida cristã deve ser vivida com equilíbrio, pois todo e qualquer extremo é sempre muito perigoso. A Palavra de Deus deve ser lida como um todo, e não devemos, simplesmente, tomar textos isolados conforme melhor nos apraz, para com eles construirmos um raciocínio falaz, e acabarmos, assim, por criar sofismas. Para uma compreensão adequada a respeito de dízimos e ofertas, torna-se necessário discorrer toda a Escritura, atentando para a sua divisão na história, conforme as dispensações que Deus estabeleceu em Sua Palavra. A partir de um estudo pormenorizado, visto na perspectiva dos tempos e do modo como que Deus se relaciona com o Seu povo em cada época, perceberemos como que a história da Bíblia está dividida em três partes distintas: antes, durante e depois da lei. Esse é um princípio de interpretação indispensável no estudo de qualquer tema bíblico. Faz-se, pois, necessário, sempre que nos aproximamos 8 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 9. da Bíblia Sagrada, o uso de uma visão histórica, dispensacional, a qual considera as alianças de Deus e respeita o modo como que, em cada época, o Senhor Se relaciona com o Seu povo. Somente a partir desse conhecimento é que será possível se obter um entendimento adequado do assunto em questão. Neste estudo, oferecemos uma análise minuciosa e particularizada do tema dízimos e ofertas, e do modo como se deve entendê-los nas três principais dispensações bíblicas: antes, durante e depois da lei. Vejamos. 9 Introdução
  • 10. 1PRIMEIRO PERÍODO: ANTES DA LEI A lei foi dada aos israelitas, por intermédio de Moisés, depois de terem sido libertados do Egito, estando eles congregados no monte Sinai (Êxodo 19). Esse marco, legi- timado pelas Es- crituras, nos leva à compreensão de que, tudo o que vem antes de Êxodo 19, isto é, de Gêneses 1 a Êxodo 18, cor- responde ao perío- do chamado ANTES DA LEI. Este perío- do dispensacional é confirmado pela Es- critura do Novo tes- tamento em Roma- nos 5:12-14, texto no qual nos é dito que, desde Adão (Gn 1) até Moisés (Êx 18), havia o pecado no mundo, todavia, o pecado OS DÍZIMOS MENCIONA- DOS ANTES DA LEI NÃO ERAM PRATICADOS EM FUNÇÃO DE FORÇA DE LEI. ANTES, PELO CONTRÁRIO, ERAM OFERECIDOS COMO RESULTADO DE RECONHE- CIMENTO E DE GRATIDÃO. TRATAVA-SE DE REAÇÃO ESPONTÂNEA DE UM CO- RAÇÃO QUE HAVIA COM- PREENDIDO QUE TUDO QUANTO POSSUÍA - O TRA- BALHO, O ALIMENTO, A FAMÍLIA, A SAÚDE - ERAM RESULTADOS, NÃO DA PRÓ- PRIA CAPACIDADE, MAS DO CUIDADO PATERNAL DE DEUS A SEU FAVOR. 10 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 11. não era levado em conta, pois não ha- via a lei. Outra prova a favor da existência do perío- do anterior à lei encontra-se em João 1:17, que nos diz: “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo”. Ora, vede. Se a lei foi dada por intermédio de Moisés, certo é que antes dele, isto é, durante todo o período histórico compreendido entre Gn 1 a Êx 18, NÃO HA- VIA A LEI. Isso certamente nos leva a perceber que houve tal dispensação em que não havia ainda a lei, a qual não raras vezes é ignorada ou desconhecida pela maioria dos cristãos. Mais uma vez reafirma o apóstolo Paulo, a respeito da referida dispensação, dizendo: “Outrora, SEM A LEI, eu vivia, mas SOBREVINDO o preceito, re- viveu o pecado, e eu morri” (Rm 7:9). Verifica-se, portanto, a confirmação da Es- critura referente ao primeiro período da história da Bíblia e do homem: o período ANTES DA LEI. Quanto á prática do dízimo é preciso, pois, 11 Primeiro período: antes da Lei
  • 12. fazer a seguinte pergunta: o dízimo é um elemento próprio da lei, ou já existiam vestígios a seu respeito no período anterior, período esse em que ainda não havia a lei? Segundo o testemunho da Bíblia Sagrada, durante o período antes da lei há registros, de duas ocasiões, em que dois homens procederam com a prática do dízimo: Abraão (Gn 14:18-20) e Jacó (Gn 28:18-22). Há de se ressaltar, todavia, quais os prin- cípios e a motivação que os levaram a dar o dízimo. No caso de Abraão, vemos um homem que compreendeu o cuidado de Deus para consigo, e que reconheceu que a vitória obtida sobre os quatro reis, não seria possível, senão pela intercessão de Melqui- sedeque, o sacerdote do Deus Altíssimo. Assim, im- pulsionado por profunda gratidão a Deus, e não por força de lei, movido tão somente por “espírito” de RE- CONHECIMENTO e GRATIDÃO, foi que Abraão sepa- rou o dízimo de todos os despojos conquistados na guerra, e os deu a Melquisedeque. Abraão reconheceu que por ele mesmo, com 12 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 13. apenas 318 homens, não poderia jamais vencer os quatro reinos. Quando, pois, voltava vitorioso da ba- talha, ao ser recebido por Melquisedeque, compreen- deu que a sua intercessão foi que lhe abriu o caminho para a vitória, haja vista ser o ministério de o minis- tério da intercessão (Hb 7:17 e 25). Por esta razão, de tudo quanto conquistou, separou-lhe o dízimo. No caso de Jacó, temos a figura de um fugi- tivo e errante, lançado à própria sorte, longe de casa e sem o amparo algum de seus pais. Percebendo ele a dureza e perigos da vida, e sabendo que não lhe seria possível sobreviver sem o cuidado paternal de Deus, orou, dizendo: “Se Deus for comigo, e me guardar nes- ta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o SENHOR será o meu Deus; e a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo”. Ora, o que se percebe neste voto feito por Jacó? Percebe-se o mesmo princípio que norteou a “oferta” de Abraão, porquanto, disse Jacó: “Se Deus 13 Primeiro período: antes da Lei
  • 14. for comigo, e me guardar nesta jornada que empreen- do, e me der pão para comer e roupa que me vista [...] de tudo o que me concederes, certamente te darei o dízimo”. O ato de Jacó entregar os dízimos foi, seme- lhantemente, o resultado do reconhecimento de que todas as suas conquistas eram expressão do cuidado de Deus para consigo, em sua difícil jornada. Portanto, na Bíblia há menção de pessoas que praticaram o dízimo ANTES DA LEI. Ressalto, en- tretanto, que tal prática não diz respeito ao dízimo movido pela força de Lei. Antes, pelo contrário, diz de um dízimo como fruto de reconhecimento e gratidão. Trata-se de reação espontânea de um coração que compreendeu que tudo quanto possui – o trabalho, o alimento, a família, a saúde – são resultados, não da própria capacidade, mas do cuidado paternal de Deus a seu favor. Este é o princípio do dízimo antes da lei: RE- CONHECIMENTO e GRATIDÃO. 14 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 15. 2SEGUNDO PERÍODO: DURANTE A LEI “A lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1:17). Esse texto nos mostra que o período da lei teve o seu come- ço em Moisés, e o seu fim, em Cristo. D u r a n - te o período da lei, houve também a presença do dízi- mo. A diferença, no entanto, entre o dízimo da lei e o dízimo praticado por Abraão e Jacó, antes da lei, está no princípio como eram aplicados. A Bíblia não limita a prática do dízimo apenas ao período da lei. Mas, ao estendê-la aos períodos antes e durante a lei, dife- O princípio do dízimo durante a lei era uma espécie de coerção, princípio esse que conduzia o ofertan- te a obedecer a Deus pelo medo da puni- ção. por outro lado, o ofertante era ins- pirado pela promessa de recompensa, o que o fazia um interessei- ro e barganhador, e não um servo que se coloca na posição de súdito, em adoração a tudo o que o seu Senhor é. 15 Segundo período: durante a Lei
  • 16. rencia-a mediante princípios distintos de aplicação. Assim, se antes da lei o princípio que regia a prática do dízimo era o do reconhecimento e gratidão do cora- ção, qual seria, então, o princípio norteador do dízimo durante a o período da lei? Ora, vede. O princípio de aplicação do dí- zimo durante a lei é o princípio da BÊNÇÃO e da MALDIÇÃO, de acordo com as condições da primeira aliança, feita no monte Sinai (Ex 19:5-6). Conforme se verifica no prelúdio da primeira aliança, se o povo de Israel andasse no caminho da obediência, fazendo tudo o que a lei determinava, teriam a bênção garan- tida da parte de Deus. Se, todavia, se desviasse e vies- se a andar no caminho da desobediência, deixando de guardar os estatutos da aliança, receberiam como justa recompensa, as maldições e imprecações pres- critas na lei (Dt 27 - 28). O dízimo, naquele tempo, era enquadrado na mesma disciplina que os demais mandamentos. Por essa razão, Malaquias, o último profeta do An- tigo testamento, ao se referir à infidelidade do povo de Israel, sobretudo no que diz respeito aos dízimos 16 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 17. e ofertas, fez severas repreensões, utilizando-se do princípio da bênção e da maldição, de acordo com a lei (MI 3:8-11). Este princípio não é aplicável aos dias de hoje, tendo em vista o fato de a nova aliança ter su- plantado a antiga, como está escrito no novo testa- mento: “Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda. E, de fato, repreen- dendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá, não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito; pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor [...]. Quando ele diz nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer” (Hb 8:7-8 e 13). Neste caso, se já não mais vivemos no tem- po da lei, pois esta é uma aliança revogada por causa de sua fraqueza e inutilidade (Hb 7:18), não podemos nos utilizar dos princípios nela envolvidos, uma vez 17 Segundo período: durante a Lei
  • 18. que “Cristo nos resgatou da MALDIÇÃO da lei, fazen- do-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em ma- deiro, para que a BÊNÇÃO de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo...)” - GI 3:13-14. Quando Jesus sofria na cruz do Calvário, le- vava sobre si todas as maldições prescritas na lei, as quais cabiam a nós. Ele próprio Se fez maldição em nosso lugar. Como pode, nos dias de hoje, no tempo em que a BÊNÇÃO prometida a Abraão chega a nós pela fé, e não por obras, sermos “bombardeados” por uma série de maldições pronunciadas dos púlpitos, por aqueles que se declaram homens de Deus? Isso não é próprio de quem conhece a Deus e a Sua Pala- vra. Tais pregadores, privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro, conduzem os cristãos a um falso relacionamento com Deus, baseado numa aliança já revogada, e os fazem naufragar na fé, afo- gando-os na ruína e perdição (1Tm 6:5-10). O princípio do dízimo durante a lei era uma espécie de coerção, princípio esse que conduzia o ofer- tante a obedecer a Deus pelo medo da punição. Por 18 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 19. outro lado, o ofertante era inspirado pela promessa da recompensa, o que o fazia um interesseiro e bar- ganhador, e não um servo que se coloca na posição de súdito, em adoração a tudo o que o seu Senhor é. O tempo da lei passou e, portanto, o princí- pio da bênção e maldição não faz parte da vida devo- cional dos cristãos do tempo presente. Deixemo-nos, pois, levar para aquilo que é perfeito (Hb 6:1). 19 Segundo período: durante a Lei
  • 20. TERCEIRO PERÍODO: DEPOIS DA LEI O período no qual vivemos é chamado bi- blicamente de dispensação da graça, conforme cla- ramente escreveu o amado irmão e após- tolo Paulo, dizendo: “se é que tendes ouvi- do a respeito da dis- pensação da graça de Deus a mim confiada para vós outros” (Ef 3:2). A dispensação da graça diz respeito ao mesmo período de que falou o apóstolo João, tempo esse em que a graça e a ver- dade foram trazidas por Jesus Cristo (Jo 1:17). Este é o período delimitado pelo novo tes- tamento e, portanto, é por ele que devemos nos re- ger. A nossa busca, no que diz respeito aos dízimos e ofertas, consiste no descobrimento da vontade de 3 NO NOVO TESTAMENTO, NÃO HÁ, EM NENHUMA PARTE SEQUER, O ENSI- NO NA FORMA DE MANDA- MENTO A RESPEITO DO DÍZIMO. O TEMPO DA LEI PASSOU E, PORTANTO, O PRINCÍPIO DA BÊNÇÃO E MALDIÇÃO NÃO FAZ PAR- TE DA VIDA DEVOCIONAL DOS CRISTÃOS DO TEM- PO PRESENTE. DEIXEMO- NOS, POIS, LEVAR PARA AQUILO QUE É PERFEITO. 20 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 21. Deus, neste particular, conforme se encontra na nova aliança. Descobrir, pois, os princípios que norteiam as ofertas de riquezas materiais, que os cristãos no presente tempo oferecem ao Senhor, é nossa tarefa. Vejamos: No novo testamento não há, em nenhuma parte sequer, o ensino na forma de mandamento a respeito do dízimo. Há, todavia, algumas pessoas que, nesciamente, insistem em apresentar dois textos, Ma- teus 23:23 e Hebreus 7:4-9, como que querendo justi- ficar o mandamento e a prática do dízimo nos ensinos do novo testamento. Diante disso, torna- se necessá- rio saber do que tratam os referidos textos, para não criarmos sofismas com a Palavra de Deus. Na primeira referência em Mateus 23:23, diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e ten- des negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fa- zer estas coisas, sem omitir aquelas!”. Quando se faz leitura do referido texto com 21 Terceiro período: depois da Lei
  • 22. um olhar imparcial, observa-se que não há uma rati- ficação da prática do dízimo, como quem transfere a sua legalidade para o novo testamento. Pelo contrário, vemos uma repreensão severa aos que, ao praticarem a lei, negligenciavam o que havia de mais importante, ao passo que, as coisas menores eram colocadas em primeiro lugar. Esta é a razão pela qual, no versículo ante- rior, (23:22), o mesmo Jesus repreende os escribas e fariseus, dizendo: “Guias cegos, que coais o mosqui- to e engolis o camelo!”. Ora, o que vem a significar o mosquito aqui neste contexto? Representa as coisas menos significativas da lei, as quais eles coavam, isto é, faziam questão de as praticarem. O camelo, por sua vez, representa as coisas de maior importância, as quais eles engoliam, isto é, deixavam passar des- percebidas, sem serem observadas. O ensino de Cris- to nesta porção da Escritura, NÃO TRATA da prática do dízimo aos cristãos que estão sob a nova aliança. Antes, trata-se de uma repreensão à atitude hipócrita dos líderes religiosos daquele tempo. Os fariseus ob- servavam aquilo que lhes convinha, e negligenciavam o que era, de fato, essencial, a saber: a justiça, a mi- 22 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 23. sericórdia e a fé. Aquilo que era exterior e que não procedia do coração era praticado por eles; ao passo que, o que requeria pureza e fidelidade de coração, proveniente de uma alma transformada, desse, eles se esquiva- vam. Por essa razão, exclamou Jesus, dizendo: “...de- víeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas”. Ou seja, a prática das coisas de menor importância, não isenta de responsabilidade o homem que está sob a lei, de vir a obedecer aos demais mandamentos. O dever daqueles que estão sob a primeira aliança (pois neste tempo a nova aliança ainda não havia sido promulgada) compreende tanto de mandamentos de “menor” importância (o mosquito), quanto de man- damentos que assumem um maior grau na escala de valores divinos (os camelos). O ensinamento claro ministrado por Jesus no contexto de Mateus 23 ensina-nos que o cumpri- mento da lei, de acordo com a aliança do Sinai, deve ser integral, sem parcialidades, conforme declarou Tiago em sua epístola, dizendo: “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se tor- 23 Terceiro período: depois da Lei
  • 24. na culpado de todos” (Tg 2:10). De acordo com esse princípio da aliança do Sinai, não se podia observar o que era mais signifi- cativo, e ao mesmo tempo negligenciar aquilo que se julgava menos importante; nem tão pouco se podia negligenciar as coisas consideradas grandes, para se dedicar às menos importantes. O princípio da lei é este: aquele que tropeça em um só ponto, seja grande ou pequeno, é culpado de todos. Os fariseus, naquele momento, deveriam re- conhecer a sua incapacidade de cumprir toda a lei, e se reconhecerem malditos, como também está escri- to: “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escri- tas no Livro da lei, para praticá-las” (GI 3:10). Então, uma vez prostrados, deveriam clamar pela graça divi- na, encurvados diante d’Aquele que veio trazer vida, e vida em abundância (Jo 10:10). Pois, como diz a Escritura, “é evidente que, pela lei, ninguém é justifi- cado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé” (GI 3:11). 24 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 25. A segunda referência bíblica citada por aque- les que desejam aplicar o dízimo ao novo testamento é Hebreus 7:4-10. Nesta passagem encontra-se uma dissertação do apóstolo, a respeito da superioridade do sacerdócio de Melquisedeque sobre o obsoleto sa- cerdócio de Arão. O texto em questão nada tem a ver com a prática do dízimo, conforme alguns, arbitra- riamente, o impõem. O ponto conflitante dissertado nesta porção é o fato de que, com a morte, ressur- reição e ascensão de Cristo, o sacerdócio deixava de ser exercido pelos sacerdotes levitas e passava a ser executado por Cristo, nos céus, segundo a ordem de Melquisedeque. Todavia a controvérsia se instaura no mo- mento em que se questiona com que autoridade fora feita a mudança de sacerdócio. Pois, se somente os filhos de Levi poderiam exercer o sacerdócio, como poderia “este” Cristo, ser o único e exclusivo sacer- dote, nos céus, se nem ao menos pertencia à tribo de Levi? Ora, sabemos que o Cristo veio da tribo de Judá (Hb 7:13-14). Como, então, poderia Jesus Cristo ser o sacerdote na presença de Deus, segundo uma ordem sacerdotal (ordem de Melquisedeque), a qual não pos- 25 Terceiro período: depois da Lei
  • 26. suía nenhuma relevância ou tradição para o povo de Israel? A resposta para esses questionamentos en- contra-se na superioridade de Cristo sobre todas as coisas. Tratando-se da questão do sacerdócio, o escri- tor aos Hebreus nos mostra como que Melquisedeque é superior a Abraão e, consequentemente, superior a Levi. E para provar a sua asseveração, o apóstolo nos apresenta a sobre-excelência de Melquisedeque so- bre Abraão e Levi, tomando por argumento o episódio narrado em Gênesis 14, ocasião em que Abraão paga o dízimo a Melquisedeque. Diz-nos o texto sagrado que quando Abraão voltava vitorioso da guerra contra os quatro reis, Mel- quisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo, veio ao seu encontro para lhe servir pão e vinho. Abraão, vendo que a sua conquista sobre os reis era devido à inter- cessão de Melquisedeque, (pois o ministério de Mel- quisedeque é o ministério da intercessão – Hb 7:25), deu-lhe o dízimo de tudo quanto havia conquistado. Melquisedeque, por sua vez, o abençoou. 26 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 27. Neste ponto, o apóstolo lança a seguinte pergunta: quem é maior: o que abençoa ou o que é abençoado? “Evidentemente, é fora de qualquer dúvi- da que o inferior [Abraão] é abençoado pelo superior (Melquisedeque)” (Hb 7:7). E se Abraão, sendo menor, deu o dízimo a Melquisedeque, então, Levi, descen- dente de Abraão, o que recebe ordem de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo de Israel, tam- bém o pagou a Melquisedeque. Pois, quando Abraão pagou o dízimo, Levi semelhantemente o fez, na sua pessoa (Hb 7:5 e 9-10). Esse é o princípio da unidade biológica. Levi, bisneto de Abraão, estava nele, quan- do este pagou o dízimo a Melquisedeque. Assim, se Levi possuía proeminência entre os filhos de Israel porque recolhia para si o dízimo de todo o povo, então, Melquisedeque é superior a ele, pois dele recebeu o dízimo. Compreende-se, pois, des- se texto, que o apóstolo não argumenta a favor da prática do dízimo na era do novo testamento. Antes, ao tomar por empréstimo o episódio do dízimo de Abraão, fundamenta a argumentação da sobre-exce- lência de Melquisedeque sobre Levi. 27 Terceiro período: depois da Lei
  • 28. O sacerdócio de Cristo, portanto, cuja linha- gem é a de Melquisedeque, tem origens remotas, des- de muito antes de sequer existir a nação de Israel. Trata-se de um sacerdócio que o tempo, nem os peca- dos e nem a morte seriam capazes de interrompê-lo, como está escrito: “O SENHOR jurou e não se arrepen- derá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (110:4). Portanto verifica-se que o assunto de He- breus 7 não existe para ratificar a prática do dízimo na era do novo testamento; embora o dízimo de Abraão seja ali mencionado, é tomado tão somente como texto argumentativo a favor da verdadeira intenção do au- tor da epístola: falar da superioridade de Cristo sobre Levi, da linhagem sacerdotal de Melquisedeque sobre a levítica, com o fim de se chegar à grande conclu- são do capítulo oito: “Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernácu- lo que o Senhor erigiu, não o homem” (vs. 1 e 2). 28 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 29. DEZ PRINCÍPIOS DO NOVO TESTAMENTO PARA AS OFERTAS DE RIQUEZAS MATERIAIS
  • 30. QUAL O ENSINAMENTO CLARO E PRÁTICO DO NOVO TESTAMENTO EM RELAÇÃO ÀS OFERTAS DE RIQUEZAS MATERIAIS? É importante ressaltarmos que em toda e qualquer época, seja antes, durante ou depois da lei, as ofertas de riquezas materiais SEMPRE FIZERAM PARTE da vida devocional do povo de Deus. Nunca houve um tempo em que a prática do ofertar fosse facultativa. Na verdade, o que muda de dispensação para dispensação, não é a responsabili- dade de se ofertar riquezas materiais, mas o princí- pio que a norteia e o modo como praticamos o ato do ofertar. Muitos, escondidos por detrás de uma falsa obediência ao novo testamento, argumentando que não há mandamento explícito sobre o dízimo, esqui- vam-se de ofertar ao Senhor, considerando isso uma atitude nobre e correta diante de Deus. Outros, po- rém, considerando que não há porcentagem estipula- da que determine ao crente o quanto se deve ofertar, conduzem-se negligentes neste particular, ofertando 30 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 31. do que lhes sobra (quando sobra), numa clara expres- são de avareza. Todavia, não é esse o ensinamento bíblico do Novo testamento. A nova aliança não veio para rebaixar o padrão de fidelidade e serviço dos servos de Deus. Nem mesmo veio abrir uma porta para a negligência e para a prática da avareza. Pelo contrário; a Escritura do novo testamento nos en- sina que “se a vossa jus- tiça não EXCEDER EM MUITO a dos escribas e fariseus, jamais entra- reis no reino dos céus” (Mt 5:20). A nova aliança requer um padrão de justiça excedente a dos escribas e fariseus. De sorte que, se a justiça que os fariseus buscavam provinha de lei, a justiça excelente vivida e praticada pelos cristãos do Novo testamento é o próprio Cristo como Vida, ex- A NOVA ALIANÇA RE- QUER UM PADRÃO DE JUSTIÇAEXCEDENTEA DOS ESCRIBAS E FARI- SEUS. DE SORTE QUE, SE A JUSTIÇA QUE OS FARISEUS BUSCAVAM PROVINHA DE LEI, A JUSTIÇA EXCELENTE VIVIDA E PRATICADA PELOS CRISTÃOS DO NOVO TESTAMENTO É O PRÓPRIO CRISTO COMO VIDA, EXPRES- SANDO-SE POR NOSSO INTERMÉDIO. 31 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 32. pressando-Se por nosso intermédio (Rm 10:3-4; 1 Co 1:30; Fp 3:9-10). Essa Vida Divina, a qual é o próprio Cristo que habita em nós (Cl 3:4; 1 Jo 5:20), ensi- na-nos que “é mister socorrer os necessitados... [pois] mais bem aventurado é dar que receber” (Atos 20:35). Ensina-nos também essa mesma Vida que em nós habita que a maneira de administrarmos os bens de Deus, que estão sob a nossa mordomia, é ajuntando tesouros no céu, onde traça e nem ferrugem corroem, e onde ladrões não escavam nem roubam (Mt 6:20). Ora, esse padrão de justiça não corresponde ao padrão da lei, a qual mede a quantia a ser dada, a saber: 10%. Antes, pelo contrário, é um ato do cora- ção, como disse o próprio Jesus: “Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6:21). Assim, no novo testamento, a largura e a visão do co- ração é que determinam a quantia a ser ofertada. A interpretação equivocada a respeito da graça de Deus tem produzido muitos males no meio do Seu povo. Ao invés de reagirmos positivamente à Sua graça, bus- cando alcançar uma vida santa, justa e piedosa, te- mos nos tornado negligentes e tardios, com a falsa segurança de que tudo terminará bem (Tt 2:11-14). 32 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 33. 10 Não devemos nos esquecer das palavras dos apósto- los que nos exortaram, dizendo: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem se- mear, isso também ceifará” (GI 6:7). E ainda: “Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo. Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo” (Hb 10:30-31). Todos esses são conceitos clássi- cos do Novo testamento. Fiquemos atentos. Os capítulos 8 e 9 da Segunda Epístola de Paulo aos Coríntios são dedicados ao assunto do ofer- tar no Novo testamento. O apóstolo, nestes capítulos, utiliza 39 versículos para apresentar os principais princípios sobre o modo, as motivações, o porquê e a responsabilidade do ofertar individual de cada cris- tão. Portanto nos propomos, no que se segue, a fazer uma investigação acurada na Bíblia Sagrada, apresentando DEZ PRINCÍPIOS que regem o ofertar na era neotestamentária de acordo com a doutrina dos apóstolos. 33 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 34. PRIMEIRO PRINCÍPIO OFERTA É UM DIREITO ADQUIRIDO PELA GRAÇA DE DEUS AOS CRENTES DO NOVO TESTAMENTO O primeiro princípio diz que o ofertar é, so- bretudo, um direito adquirido pela graça de Deus, aos crentes do Novo testamento. Somente os que partici- pam do dom da salvação, podem participar do dom do ofertar. Foi por essa razão que os irmãos da Macedô- nia rogaram ao apóstolo Paulo, dizendo que não lhes privassem da GRAÇA de participar da assistência aos santos (2Co 8:4). Os cristãos da Macedônia viviam momentos de profunda pobreza (8:2). Talvez fosse essa uma boa desculpa, por parte deles, para não participarem da graça do ofertar. Todavia, movidos por uma visão, vi- são esta muito maior do que a pobreza a qual esta- vam sofrendo, rogaram, com muitos rogos, a graça de participarem da assistência aos santos. E não so- mente isso, mas ao ofertar, se mostraram voluntá- rios, NA MEDIDA de suas posses, e mesmo ACIMA DELAS (2Co 8:3). 1 34 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 35. Vejam: mesmo que o mandamento neotes- tamentário nos diga que o ofertar deve ser daquilo que temos, e não daquilo que não temos (2Co 8:12), a visão da graça não conhece limites; pois não possui parentesco com a lei, a qual possui como norte as le- tras frias e mortas do certo e do errado. Ora, essa disposição no ofertar é um rom- pimento com o paradigma do dízimo do antigo tes- tamento, pois não se limita a 10% do salário, mas sobrepuja e vai além do que a lei determina. É um ofertar da graça. É a visão de que a maior oferta cha- mada de “O Dom Inefável de Deus” (2Co 9:15), é a dá- diva do Pai a nós – Jesus Cristo – o qual morreu em nosso lugar. Por isso, a disposição do ofertar, segundo o princípio da graça, deve ser praticada na esfera do amor, e não nos limites periféricos da lei. Observa-se que o ato do ofertar, segundo o princípio da graça, está intimamente ligado ao dom inefável de Deus. A Bíblia nos afirma que a igreja pri- mitiva, ao enviar os apóstolos para pregarem o evan- 35 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 36. gelho, NÃO ACEITAVA OFERTAS DE GENTIOS, por causa do Nome de Jesus Cristo (3 Jo 1:7). Isto é, a compreensão da igreja era de que aqueles que não haviam experimentado a graça da salvação, da oferta do corpo de Jesus, não podiam, por uma questão de coerência, participar da graça do ofertar, visto que a mensagem do evangelho exige, sobretudo, a entrega da própria pessoa ao Senhor, e não somente o ofertar de recursos materiais. O contrário disso acontece tão frequente- mente nas igrejas institucionais dos dias de hoje. As pessoas são convidadas a levarem seus recursos como oferta “a Deus”, na promessa de que receberão como recompensa o dobro, o triplo, ou até mesmo o cêntu- plo, na proporção daquilo que cada um deu. Em con- trapartida, nada dizem da necessidade do novo nasci- mento, da transformação necessária da vida interior, nem tão pouco se preocupam com as mais estranhas confissões de fé, professadas pelos ofertantes. Antes, ao contrário, lhes são dito que NÃO PRECISAM MU- DAR DE “RELIGIÃO”, pois o que “Deus” deseja, di- zem, é tão somente fazer- lhes prosperar no melhor desta terra. 36 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 37. Ora, esse tipo de relacionamento e culto é pagão, e se assemelha à proposta da divindade gen- tílica Baal, a qual é reconhecida historicamente pelo poder de fertilizar e fazer prosperar os seus adora- dores. Esses, para “obterem” respostas aos seus pe- didos, não precisavam deixar de lado os seus deu- ses antigos. Antes, conforme é comum até os dias de hoje, bastavam praticar os rituais exigidos e oferecer as ofertas estabelecidas, conformando-se ao o sincre- tismo religioso, marca evidente das igrejas caídas do século XXI. O Conceito fundamental das ofertas no Novo testamento é que, somente os que recebem o Senhor como oferta pelos seus pecados e se dão, a si mes- mos, primeiramente a Ele antes de qualquer outra coisa, é que estão aptos para ofertar ao Senhor (2Co 8:5). Somente os que se dão primeiramente ao Se- nhor, podem doar, consequentemente, suas ofertas para a cooperação de Sua verdade. (3 Jo 1:7 e 8). 37 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 38. SEGUNDO PRINCÍPIO OFERTA FAZ PARTE DA CONFISSÃO DE FÉ DOS CRISTÃOS DO NOVO TESTAMENTO Somente os que receberam o Dom Inefável de Deus (a vida eterna que é Cristo Jesus), estão ap- tos para participar do dom do ofertar segundo a gra- ça. A razão para tal restrição é explicada pelo fato de o ato do ofertar assim como tantos outros benefícios e disciplinas provenientes da fé evangélica, fazerem parte da confissão de fé dos crentes em Jesus Cristo. Os benefícios da eterna redenção tanto quanto a obe- diência que se requer ao evangelho são exclusivos dos que ouviram, e creram e que passaram a professar o nome de Jesus. O dom do ofertar é um benefício adquirido pelo ato redentor de Cristo Jesus na cruz do Calvário. Eis a razão pela qual o dom do ofertar faz parte da nos- sa CONFISSÃO DE FÉ, conforme está escrito: “Porque o serviço desta assistência não só supre a necessida- de dos santos, mas também redunda em muitas gra- ças a Deus, visto como, na PROVA DESTA MINISTRA- 2 38 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 39. ÇÃO [do ofertar], glorificam a Deus pela OBEDIÊNCIA DA VOSSA CONFISSÃO QUANTO AO EVANGELHO de Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles e para todos, enquanto oram eles a vosso favor, com grande afeto, em virtude da superabundante graça de Deus que há em vós. GRAÇAS A DEUS PELO SEU DOM INEFÁVEL!” - 2Co 9:12-15. Paulo foi o apóstolo separado para pregar o evangelho aos gentios (Ef 3:1-2). Desse modo, a con- fissão de fé da igreja neotestamentária, o que difere, em muito, das sombras e figuras próprias da religião judaica, foi por ele definida e consolidada, mediante seu ministério de pregador, apóstolo, profeta e mestre (1Tm 2:7 cf. At 13:1). Em seu ensinamento sobre ofertas, Paulo nos ensina que o ato de ofertar é uma ministração; isto é, é um serviço espiritual prestado por sacerdotes a Deus. A palavra grega usada para “ministração”, em 2 Coríntios 9:13, possui a mesma raiz do termo grego diakonos, e que traduzido quer dizer diácono. Ora, o que vem a ser um diácono? Diácono é alguém sepa- rado para Deus a fim de servi-lO, no que concerne 39 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 40. a coisas materiais, porém, com fins espirituais, para facilitar e viabilizar a pregação da Palavra de Deus (At 6:1-4). Afirmar, portanto, que os que ofertam a Deus riquezas de caráter material ministram ao Se- nhor assim como o fazem os diáconos, quer dizer que, embora ofertem recursos terrenos, possuem por obje- tivo maior e espiritual a colaboração na pregação da verdade. Aqueles que ofertam ao Senhor, de acordo com a graça a eles dispensada, prestam a Deus um serviço espiritual. Isto é, no momento em que ofertam para o suprimento e bom andamento das questões materiais do povo de Deus, prestam, na verdade, um serviço espiritual ao próprio Senhor. Assim como os diáconos foram es- tabelecidos, no princípio da igreja, para servir as me- sas (At 6:1-7), e esse ato de servir na distribuição da refeição diária constituía um serviço sagrado a Deus, do mesmo modo, o ofertar de riquezas materiais cons- titui um culto a Deus e faz parte da vida devocional de 40 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 41. todos os Seus verdadeiros do Altíssimo. Ofertar é um ato de adoração e de culto prestado a Deus. Portanto, sempre que nos dirigir- mos ao gazofilácio (caixa de ofertas) para levarmos a Deus nossas ofertas, precisamos fazê-lo com temor diante do Senhor, sem hipocrisia, com coração volun- tário, visto que estamos diante do Criador dos céus e da Terra, e que ali Ele está para receber das nossas mãos as nossas ofertas (Mc 12:41). Não devemos considerar as ofertas, ou mes- mo o momento do ofertar, como algo menos santo do que os demais procedimentos que têm lugar nas reu- niões da igreja. Tudo quanto fazemos, sejam nossas orações, louvores, testemunhos, pregações ou ofertas, constitui o nosso culto a Deus. A igreja, nesse sen- tido, na qualidade de sacerdócio santo, sempre que se reúne, reúne-se para oferecer a Deus sacrifícios espirituais por intermédio de Jesus Cristo (1 Pe 2:5). E assim, ao entoarmos a Deus cânticos espirituais, ou ao elevarmos a Ele as nossas orações, ou quan- do ministramos a Sua Palavra, ou quando ao Senhor dedicamos nossas ofertas, ou ainda quando fazemos 41 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 42. qualquer outra coisa em o nome de Jesus, estamos a cultuar a Deus e a servi-lO em Sua presença, para o louvor da Sua graça. O ofertar, olhando-o por outro prisma, cons- titui não somente um culto ao Senhor, mas também consiste em prova de obediência ao evangelho que um dia abraçamos, conforme afirmou o apóstolo Paulo, dizendo: “...glorificam a Deus pela OBEDIÊNCIA DA VOSSA CONFISSÃO QUANTO AO EVANGELHO de Cristo e pela liberalidade com que contribuís...” (2Co 9:13). Portanto, o ato de ofertar é privilégio somen- te dos santos, visto ser, por um lado, um culto a Deus, mediante Jesus Cristo, o que implicar crer no Seu nome; e por outro, um gesto de obediência à confis- são que fizemos no dia em que cremos no evangelho, a qual devemos sustentar até o dia de Cristo Jesus. 42 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 43. TERCEIRO PRINCÍPIO OFERTAS COMO EXPRESSÃO DE AMOR PARA COM OS SANTOS Quando o apóstolo Paulo busca tocar o co- ração da igreja, para que ela seja despertada para a graça do ofertar, ele evita estabelecer mandamentos rígidos ou coercivos. Antes, ao clamar à igreja por ofertas, apela para a sinceridade do amor dos santos, pois sabe que o modo de ofertar do novo testamento tem por inspiração a Oferta do Pai ao homem perdido: O Dom Inefável, o qual é Cristo Jesus (2Co 9:15). Por isso, diz: “Não vos falo na forma de mandamento, mas para provar, pela diligência de outros, a SINCERIDA- DE DO VOSSO AMOR; pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre POR AMOR DE VÓS, para que, pela sua pobreza, vos tor- násseis ricos” (2Co 8:8-9). O amor que muitas vezes expressamos de lábios precisa ser materializado, em obras, de fato e verdade. Por essa razão, foi que o apóstolo João em sua epístola nos exortou, dizendo: “Ora, aquele que 3 43 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 44. possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão pa- decer necessidade, e fechar-lhe o coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não ame- mos de palavra, nem de língua, mas de fato e verda- de. E nisto conheceremos que somos da verdade, bem como, perante ele, tranquilizaremos o nosso coração” (1 Jo 3:17-19). De semelhante modo, o apóstolo Paulo exor- ta aos irmãos, dizendo: “Completai, agora, a obra co- meçada, para que, assim como revelaste prontidão no querer, assim a leveis a termo, segundo as vossas pos- ses” (2Co 8:11). Veja como esse texto mostra-nos que o ofertar começa no coração, com a prontidão do que- rer, e que continua com a materialização da vontade, levando-a a cabo, ao trazermos as nossas ofertas se- gundo as nossas posses. Observe que o ponto de partida das ofertas não é o padrão da lei, mas a disposição do coração. É quando o coração se mostra voluntarioso, pronto a dar, disposto a dividir, desejoso a compartilhar. Nisso tudo vemos a expressão do amor de 44 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 45. Deus em nós, o qual, sendo rico se fez pobre, por nos amar, para nos enriquecer com a Sua própria vida e glória (2Co 8:9). A pregação do evangelho, viabilizada pelos recursos das ofertas de caráter material, consiste em manifestação de amor para com aqueles por quem Cristo morreu, e que aguardam o dia em que, pela pregação da Palavra, virão a crer no evangelho, como um dia se deu conosco (Rm 10:13-17 cf. Ef 1:13). “Manifestai, pois, perante as igrejas, a PRO- VA DO VOSSO AMOR e da nossa exultação a vosso respeito na presença destes homens” (2Co 8:24). 45 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 46. QUARTO PRINCÍPIO OFERTAS COMO EXPRESSÃO DE GENEROSIDADE E NÃO DE AVAREZA “Portanto, julguei conveniente recomendar aos irmãos que me precedessem entre vós e preparas- sem de antemão a vossa dádiva já anunciada, para que esteja pronta como EXPRESSÃO DE GENEROSI- DADE E NÃO DE AVAREZA” (2Co 9:5). Esse é um princípio fundamental, o qual distingue as ofertas do novo testamento do dízimo da antiga aliança. A preocupação do apóstolo, nesse par- ticular, é sobre o tipo de sentimento que nossas ofer- tas expressam. Aplicando aqui o princípio de interpretação da leitura dialética, as perguntas possíveis extraídas do texto supracitado são: 1) Qual deve ser a verdadeira motivação do coração do ofertante no ato do ofertar? 4 46 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 47. 2) A quantidade a ser ofertada deve ser de- terminada pela contabilidade mesquinha imposta por lei, ou deve ser a expressão de um coração generoso cheio de louvor e gratidão por todos os benefícios que Deus nos tem dado? 3) Que tipo de sentimento existe no coração, no momento de separar a oferta: alegria ou tristeza? Louvor ou pesar? 4) O que o coração sente depois de ter lan- çado a oferta dentro do gazofilácio: desejo de ofertar mais, caso houvesse condição, ou sentimento de de- ver cumprido? Muitos não julgam o seu coração quanto à questão das ofertas. Todavia, devemos nos lembrar de que o ofertar faz parte da vida devocional do cristão. Assim como todas as outras coisas devem proceder de um coração limpo e tocado pelo Espírito Santo, do mesmo modo devem ser as ofertas. Poucos cristãos oraram alguma vez por si mesmos, para que o Senhor os iluminasse, e desse- 47 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 48. lhes direção sobre a quantidade a ser ofertada. Ge- ralmente conduzem-se automatizados e robotizados a uma prática corriqueira, sem nenhuma devoção ver- dadeira de coração. Não se preocupam, muitas vezes, em apresentar a Deus as suas ofertas, nem as de- dicam de modo específico ao Senhor. Dirigem-se ao gazofilácio e lançam ali algum dinheiro, (geralmente do que lhes sobra, isto é, quando sobra), com a falsa sensação de consciência apaziguada e sentimento de dever cumprido. Todavia não devemos proceder dessa ma- neira. Não podemos ofertar movidos pelo sentimento de obrigação, nem sermos coagidos por palavras de ameaça e imposições da antiga aliança. A generosidade desconhece os limites mes- quinhos do dízimo do antigo testamento. A sua capa- cidade de dar, não parte daquilo que possui, mas do quanto a obra de Deus necessita. A generosidade não se preocupa com o quanto lhe sobra, mas preocupa- se com o que ainda falta para o avanço do Reino de Deus. Esse era o sentimento que abundava nos co- rações dos irmãos macedônios, os quais, mesmo em 48 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 49. profunda pobreza, rogaram para que não lhes tiras- se a graça de participarem da assistência aos santos (2Co 8:2-4) Podemos melhor compreender a generosi- dade em oposição à avareza, considerando o seguin- te exemplo: Imagine que alguém tenha um saboroso bolo de chocolate, e, vendo o seu irmão passar ne- cessidade, por alívio de consciência, se proponha a repartir o bolo. Dividindo-o, porém, em dez pedaços, e dando-lhe apenas uma parte (10%), ficando com os nove pedaços restantes, seria isso uma expressão de generosidade ou de avareza? Ora, é certo que esse ato mesquinho reflete o sentimento de avareza que há no coração, e manifesta o quanto é egoísta a alma de al- guém que ainda não foi ganho pelo Senhor. Se dependesse tão somente da alma huma- na, mesquinha e conformada a esse século capitalis- ta, quanto de seus recursos ofertaria ao Senhor? Essa pergunta nos leva a refletir e a considerar que muitos cristãos ofertam os seus dízimos ao Senhor movidos pelo medo das maldições da lei. Outros, gananciosos, buscam por meio do dinheiro garantir as bênçãos sem 49 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 50. medidas, de que falou o profeta Malaquias, que Deus haveria de derramar dos céus. Movidos por esses dois sentimentos carnais – o medo de perder o que tem e a vontade de ganhar fortunas – é que muitos ainda levam seus dízimos aos grandes centros religiosos. Quando, entretanto, conhecem a graça de Deus e compreendem que não mais estão presos a porcentagens, sentem-se incapazes de continuar a ofertar. Não raras vezes, aqueles que, outrora, oferta- vam 10%, passam a ofertar apenas 5%, outras vezes 3%, e ainda chegam a não ofertar coisa alguma. E por que isso acontece? Porque perderam o medo da puni- ção da lei, e acabaram por descobrir que nunca houve verdadeiro amor e fidelidade naquilo que faziam. Uma vez libertados da lei (Rm 7:6), tendo despido seus co- rações da veste da auto justiça (Gn 3:7), reconhece- ram o que de fato eram, e se descobriram avarentos, egoístas e covardes. A generosidade, portanto, é atributo da- queles que foram libertos, não somente da lei, mas também do pecado (Rm 6:18), isto é, do egoísmo e da avareza. Por essa razão sabem compartilhar, não 50 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 51. somente 10%, mas em muito maior proporção, não na medida da lei, mas na medida de suas posses, e mesmo acima delas (2Co 8:3), fazendo de coração ao Senhor. Por isso é que a Bíblia nos ensina a entre- garmos as nossas ofertas como expressão de gene- rosidade e não de avareza. De acordo com a Chave Linguística do novo testamento Grego, de Fritz Rie- necker, o texto de 2Co 9:5 traduz a seguinte ideia: Para que a vossa oferta, já anunciada, esteja “pronta como um presente, e não como alguma coisa arranca- da de vocês” — p. 357 (comentário de 2Co 9:5). 51 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 52. QUINTO PRINCÍPIO OFERTAS COMO SEMEADURA, NÃO COMO BARGANHA COM DEUS Hoje em dia muito se fala em “acordos” com Deus. Há um número crescente de pessoas que bus- cam avidamente as igrejas chamadas evangélicas, com o propósito de barganhar com o Senhor. Ofere- cem mil com o fim de receberem dez mil; entregam dez mil visando cem mil, e assim por diante. Observa-se que não há nas mensagens que divulgam esse tipo de negócio a verdadeira motivação que traduz o sentimento cristão: o saber comparti- lhar, o contribuir com o outro, o ofertar (doar). O que inspira o coração de tais “ofertantes”, segundo a teo- logia da prosperidade, é a noção de negócio, de lucro, de esperteza. Trata-se de um espírito empreendedor que busca a Deus, não para adorá-lo, mas para nego- ciar com Ele. O alvo a ser alcançado com esse tipo de “oferta” não é o avanço da obra de Deus ou o auxí- 5 52 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 53. lio aos pobres, mas o próprio ofertante. Ao designar a sua “oferta”, o ofertante o faz visando a si próprio, deliberando, de antemão, quanta vai lhe render aque- le negócio. É uma atitude egoísta destituída de qual- quer bondade proveniente de um coração oblativo. É a manifestação de um falso “amor”, decadente, que se esconde por detrás de uma falsa piedade (2Tm 3:5). O verdadeiro ofertar, em contraposição, é movido por outras intenções. Trata-se do contribuir e do dar, movido por um coração voluntário, segundo está escrito: “Cada um CONTRIBUA segundo tiver pro- posto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria” (2Co 9:7). Temos, nesse sentido, o ofertar dos irmãos da igreja primitiva, o qual nos serve de modelo, quan- to ao sentimento governante nos corações daqueles que trazem suas ofertas ao Senhor: “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém con- siderava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurrei- ção do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante 53 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 54. graça. Pois nenhum necessitado havia entre eles, por- quanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade” (At 4:32-35). A prática do contribuir e do ofertar desta primeira igreja era, na verdade, um ato de libação. Os irmãos se derramavam, abrindo mão da própria vida, em favor de outros. Não pense você, igreja do século XXI, que é sem resultados esse tipo de ofertar. A Bíblia nos ensi- na que os valores depositados ao Senhor, com alegria e singeleza de coração, são tão lucrativos e rendosos quanto a capacidade de uma semente de produzir a trinta, sessenta e noventa por um, como nos afirma a Escritura: “...Aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura com abundância também ceifará” (2Co 9:6). Não se trata aqui de barganha com Deus, mas de resultado. Esse texto não nos incita a nego- ciar com o Senhor, mas nos ensina o princípio justo 54 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 55. de Deus, o princípio da semeadura e da colheita: “... pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (GI 6:7). É por isso que falamos de singeleza de co- ração. Pois, para o ofertante, o seu ato de ofertar é um contribuir; para Deus, todavia, refere-se a um se- mear: aquele que oferta, entrega a semente. A terra, por sua vez, acolhe-a e a faz morrer. O Deus que nos ama, a faz germinar e produzir frutos para o nosso bem. Entretanto, alguém dirá: “a Bíblia nos asse- gura que a quantidade da colheita depende do tanto que semeamos. Isso, porventura, não nos leva a ofer- tar visando o lucro?” Não; não se lermos todo o con- texto no qual está inserido esse versículo. A Palavra de Deus nos afirma que “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça...” (2Co 9:8a). Ora, “toda graça” neste contexto refere-se de fato a pros- peridade material. Todavia, pergunto: Com qual pro- pósito Deus nos faria colher abundantemente rique- zas materiais? Para o nosso próprio enriquecimento? 55 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 56. Para prosperarmos com o fim em nós mesmos? Não, é certo que não. Mas assim diz a Escritura: “...a fim de que, TENDO sempre, em tudo, ampla suficiência, SUPERABUNDEIS EM TODA BOA OBRA” (2Co 9:8). Conclui-se, pois, pelo testemunho da Bíblia Sagrada que o objetivo de Deus em fazer-nos prospe- rar é para que tenhamos o suficiente para nós e am- pla suficiência para outros. Deus em Sua sabedoria, querendo tratar com os corações dos homens, me- diante a Sua vontade permissiva, faz prosperar a uns para que este exerça a generosidade a favor do outro, e assim, sejam tributadas graças a Deus (2Co 9:11). Não é sem razão que a Palavra de Deus com- para os recursos que do Senhor recebemos a duas figuras que encerram princípios fundamentais: pão e semente (2Co 9:10). O pão é para a satisfação de nos- sas necessidades, a semente é para semearmos (ofer- tarmos), a fim de ajudar aqueles que pouco ou nada colheram, conforme está escrito: “suprindo a vossa abundância, no presente, a falta daqueles, de modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa fal- ta, e, assim, haja igualdade, como está escrito: O que 56 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 57. muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta” (2Co 8:14-15). Deus, na verdade, faz multiplicar as nossas sementes com o fim de nos conduzir à prática cada vez mais intensa do ofertar, para que, deste modo, pratiquemos a justiça, “como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre. Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa semen- teira e multiplicará OS FRUTOS DA VOSSA JUSTIÇA” (2Co 9:9-10). Ofertar, portanto, é ato de praticar a justi- ça, não de negociar com Deus. Por outro lado, a insis- tência em não ofertar é prática da INJUSTIÇA, o que, certamente, caracteriza iniquidade. 57 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 58. SEXTO PRINCÍPIO OFERTA CONFORME O CORAÇÃO, NÃO COM TRISTEZA OU POR NECESSIDADE, MAS COM ALEGRIA “Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; por- que Deus ama a quem dá com alegria” (2Co 9:7). Este versículo nos leva a perceber três cui- dados que devemos ter em relação ao nosso ato de ofertar: 1) O cuidado com o coração; 2) O cuidado com o sentimento; e 3) O cuidado com a razão que nos move a ofertar. Em primeiro lugar, precisamos notar que o cuidado para com o coração é necessário em função do que diz a Escritura a seu respeito: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperada- mente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17:9). 6 58 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 59. Ora, um coração enganoso e corrupto não é digno de confiança. Como, então, podemos ofertar segundo tiver proposto no coração? E se, porventu- ra, estivermos sendo enganados pelo nosso coração egoísta, o qual inventa “mil e uma” desculpas para não ofertar o que convém ao Senhor? Diante disso, só há uma saída. Precisamos sondar o nosso coração, a partir do nosso espírito. Em Provérbios 20:27 diz: “O espírito do homem é a lâmpada do SENHOR, a qual esquadrinha todo o mais íntimo do corpo”. Tal qual a lâmpada ilumina a casa, assim o espírito humano é lâmpada no interior do homem, e lhe mostra os recônditos remotos, outrora escuros da alma. Por essa razão é que continua o pro- feta Jeremias, dizendo: “Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos; e isto para dar a cada um segundo seu proceder, segundo o fruto das suas ações” (Jr 17:10). Deste modo, tendo Deus habitando o nos- so espírito (Ef 2:22), e sendo Ele próprio a luz que o preenche, podemos discernir as intenções do nosso coração, e então, tratá-lo, como convém, no poder do 59 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 60. Espírito Santo. Assim, é necessário ofertarmos de acordo com nosso coração sob a luz do Espírito de Deus; pois, “o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longani- midade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio pró- prio. Contra essas coisas não há lei” (GI 5:22-23). Este, pois, é um princípio do novo testamen- to: Se o que nos inspira a ofertar e nos ensina o modo como fazê-lo é a unção do Espírito de Deus em nós, então, é certo que o faremos em amor, com bondade e fidelidade, pois esses constituem o fruto do Espírito. Se, todavia, não há essas três características em nos- so ato de ofertar, é porque não estamos sendo guia- dos pelo Espírito de Deus, e, sem sombra de dúvidas, estaremos sendo enganados por nosso coração enga- noso e corrupto. Andemos, portanto, na luz, para que tenha- mos a certeza de que seremos aprovados por Cristo, no dia da Sua vinda. Em segundo lugar, é preciso atentar para com o tipo de sentimento que temos ao ofertar. É pre- 60 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 61. ciso ofertar com alegria e não com tristeza. É preciso encontrar satisfação nas realizações de outros e no progresso da obra de Deus. Ananias e Safira se propuseram a ofertar o valor de uma propriedade que possuíam. Quando, to- davia, receberam a soma de dinheiro em suas mãos, suas almas ficaram entenebrecidas e tocadas por pro- funda tristeza. Tal sentimento era devido ao dilema que agora viviam seus corações. Por um lado, viam-se “forçados” a ofertar, não por estarem sendo coagidos pelos apóstolos, mas por se sentirem constrangidos diante da generosidade da igreja, a qual despreten- siosamente ofertava os seus bens. Por outro lado, não se achavam dispostos a doar todo o valor, tal como foi com Barnabé, o qual, tendo vendido um campo, ofer- tou toda a soma, depositando-a aos pés dos apóstolos (At 4:36-37). A avareza misturada ao desejo de serem vis- tos como os demais crentes da igreja, produziu neles uma tristeza tal, a ponto de perderem completamen- te a paz e serem envolvidos por muitos pensamentos perniciosos. 61 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 62. Neste conflito, relutaram por alguns dias, até que seus corações corruptos lhes propuseram uma saída, a saber: ofertar apenas uma parcela do dinheiro, como se essa fosse todo o valor da proprie- dade. A tristeza em seus corações obscureceu-lhes o espírito, de modo que os levou facilmente ao caminho da mentira. E qual não foi o resultado inevitável, fo- ram ambos expostos à vergonha e levados à morte, como forma de disciplina do Senhor por causa de seu erro (At 5:1-4). Não deixemos, portanto, que a tristeza que levou Ananias e Safira à morte, nos leve, semelhan- temente, a perder a entrada no reino e a sermos dis- ciplinados durante os mil anos pelo Senhor, ficando fora de Sua presença (Mt 25:10-12; 2Pe 1:10-11). Em terceiro lugar, há o cuidado que deve- mos ter para com a razão que nos move a ofertar. O texto sagrado diz que devemos ofertar “...não por ne- cessidade” (2Co 9:7). Este ensinamento nos mostra que, o dever de ofertar, não se restringe a momentos de necessidade da igreja ou dos santos. 62 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 63. Muitos cristãos só são movidos a ofertar quando percebem que há alguma necessidade clara e emergencial. Quando, todavia, as finanças da igreja parecem correr bem, com equilíbrio, se esquivam de ofertar, usando o argumento de que não há necessi- dade específica. O ensinamento do apóstolo Paulo aqui nes- ta porção concentra-se no fato de que, não devemos confundir o dever de se ofertar ofertas ordinárias com as necessidades extraordinárias da igreja. A razão que deve governar o nosso ato de ofertar, não é o fato de haver ou não necessidades emergenciais, mas o conhecimento de nossa respon- sabilidade e dever cristão, e o reconhecimento de que tal prática constitui atos de justiça dos santos (2Co 9:9; Ap 19:7-8). Torna-se necessário, neste ponto, corrigir- mos a interpretação equivocada que alguns dão a este texto, dizendo: “A escritura nos ensina que não deve- mos ofertar com necessidade; uma vez que o ofertante esteja passando necessidade, está isento de ofertar”. 63 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 64. Entretanto, não é a isso que se refere o texto. A Escri- tura não diz que não devemos ofertar COM necessi- dade, mas que não devemos ofertar POR necessidade. Ou seja, o ato de ofertar não deve acontecer somente quando há necessidade específica por parte da igre- ja, mas deve ocorrer, ordinariamente, mesmo quando não há qualquer pendência ou carência definida, pois “...Deus ama a quem dá com alegria”. 64 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 65. SÉTIMO PRINCÍPIO OFERTAS PLANEJADAS A Palavra de Deus nos ensina que as nossas ofertas ao Senhor devem ser ofertas planejadas. Veja o que diz a Escritura: “Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós PONHA DE PARTE, EM CASA, conforme a sua prosperidade, e VÁ JUNTANDO, para que se não façam coletas quando eu for” (1Co 16:1-2). Não poucos cristãos são indisciplinados quanto a essa questão. A razão, talvez, seja o fato de não darem às ofertas o mesmo grau de importância que é dedicado às demais disciplinas cristãs. Há, co- mumente, uma supervalorização das orações, louvo- res, cultos e pregações, como também lhes é atribuído um alto nível de espiritualidade. Todavia ao tratar-se de ofertas, não raramente, há certo descaso quanto à sua preparação. Tal descaso acontece tanto no campo da preparação espiritual do ofertante quanto no sen- tido da organização financeira, de modo a priorizar 7 65 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 66. aquilo que deve ser separado para o Senhor, antes de qualquer outra coisa. Enquanto escrevia tais palavras e medita- va sobre a importância de se ter uma boa prepara- ção quanto ao ato de ofertar, veio-me à lembrança a prática de certa irmã em Cristo que, ao preparar de antemão a sua oferta, separa as melhores cédulas e as dedica como oferta ao Senhor. Essa preocupação em ofertar as cédulas mais novas (menos surradas), não é uma preocupação de somenos importância. Na verdade, para tal irmã, em particular, esse é um pro- cedimento espiritual e que faz parte de sua devoção a Deus. Este é um princípio bíblico de que tudo o que é separado ao Senhor deve ser o melhor possível (cf. Ex 12:5; MI 1:7-8; Fp 4:18). Sabendo que Deus vai julgar a cada um de nós segundo as nossas obras, na manifestação do Seu reino (Mt 16:27), e que tal julgamento investiga- rá as intenções do coração (Hb 4:12-13), é certo que a atitude de separar as melhores cédulas ao Senhor será contabilizada e resultará em galardão. Semelhante atenção deve ser dada à orga- 66 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 67. nização financeira para não ocorrer o caso de, depois de quitados todos os compromissos seculares, venha- mos a faltar com as nossas ofertas. Por essa razão, advertiu o apóstolo Paulo, dizendo: “porque bem re- conheço a vossa presteza, da qual me glorio junto aos macedônios, dizendo que a Acaia ESTÁ PREPARADA desde o ano passado; e o vosso zelo tem estimulado a muitíssimos. Contudo, enviei os irmãos, para que o nosso louvor a vosso respeito, neste particular, não se desminta, a fim de que, como venho dizendo, ESTI- VÉSSEIS PREPARADOS, para que, caso alguns mace- dônios forem comigo e vos encontrem desapercebidos, não fiquemos nós envergonhados (para não dizer, vós) quanto a esta confiança. Portanto, julguei conveniente recomendar aos irmãos que me precedessem entre vós e PREPARASSEM DE ANTEMÃO A VOSSA DÁDIVA já anunciada, para que ESTEJA PRONTA como expres- são de generosidade e não de avareza” (2Co 9:1-5). Portanto ao tratarmos com as ofertas de ri- quezas materiais precisamos ter uma rígida riquezas materiais precisamos ter uma rígida disciplina e uma preparação, tanto espiritual quanto administrativa, para não corrermos o risco de, depois de termos tra- balhado tanto, sermos desqualificados (1Co 9:25-27). 67 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 68. OITAVO PRINCÍPIO OFERTAS PARA PROMOVER A IGUALDADE Os dois próximos princípios visam à eluci- dação de questões relativas à finalidade e destino das ofertas. Tal compreensão, necessária, constitui para os dias de hoje algo de extrema importância, visto que paira sobre este tema muita sombra e escuridão, en- quanto, os que poderiam clarificá-lo, silenciam suas vozes e se negam a discorrer o assunto pelas Escri- turas. Promover a IGUALDADE entre os irmãos é a primeira razão apresentada pela Bíblia Sagrada, para a prática de ofertas no novo testamento. Esse não foi um mandamento imposto pela primeira igreja, mas uma manifestação espontânea da vida de Cris- to, a qual pulsava no coração dos primeiros discípu- los, levando- os a considerarem uns aos outros, aci- ma de qualquer preço. A esse respeito está escrito: “Todos os que creram estavam JUNTOS e tinham tudo em COMUM. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto ENTRE TODOS, à medida que 8 68 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 69. alguém tinha necessidade” (At 2:44-45). A igreja, nos seus primórdios, vivia momen- tos de profunda sensibilidade espiritual, o que os tor- navam ensináveis, de maneira que o Espírito de Cristo que neles estava podia, sem sofrer qualquer resistên- cia, conduzi-los ao caminho de uma vida coletiva co- mum. O sentimento dominante na alma dos crentes não era o de acumular tesouros nesta terra. As reu- niões praticadas pela igreja não promoviam campa- nhas com o fim de buscar recursos deste mundo. Ao contrário disso, constrangidos pelo amor do Senhor, vendiam os seus bens e propriedades, buscando a co- munhão por meio do ofertar, tanto do ter quanto do não- ter; assim do dar como do receber. Sobre tais irmãos nos é dito: “EM CADA ALMA HAVIA TEMOR...” (At 2:43). E isso era tudo. Qualquer outro comportamento que fugisse a essa regra do Espírito feria o mover da Vida, o qual guiava a recém-nascida igreja em seus primeiros passos. Os que se atreviam a tentar mudar o curso sobrenatural do mover divino na igreja, sofriam a punição, imedia- tamente (At 5:1-11; 8:18-23). 69 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 70. A igualdade a ser promovida entre os san- tos, por meio do ofertar, deve seguir os seguintes pa- râmetros, de acordo com as Escrituras: primeiramen- te, deve-se atentar para os irmãos que são separados para o trabalho na obra do Senhor, em tempo integral. “Porque não é para que os outros tenham alívio, e vós, sobrecarga; mas para que haja igualdade SUPRINDO A VOSSA ABUNDÂNCIA, no presente, A FALTA DAQUE- LES, de modo que a ABUNDÂNCIA DAQUELES VENHA A SUPRIR A VOSSA FALTA, e assim, haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve demais; e o que pouco, não teve falta” (2Co 8:13-15). Embora esse texto não fale diretamente do trato para com os irmãos de tempo integral, todavia, estabelece o princípio do cuidado mútuo. A igualda- de aqui referida pelo apóstolo Paulo, só acontece se houver “uma via de mão dupla”, de maneira que, os que se consagram integralmente ao Senhor suprem a FALTA ESPIRITUAL daqueles que estão envolvidos no trabalho secular; e os que estão envolvidos no traba- lho secular suprem a FALTA MATERIAL dos que estão envolvidos na obra do Senhor, conforme está escri- to: “...SUPRINDO A VOSSA ABUNDÂNCIA...A FALTA 70 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 71. DAQUELES, de modo que a ABUNDÂNCIA DAQUELES VENHA A SUPRIR A VOSSA FALTA...”. Este é um prin- cípio geral capaz de estabelecer equilíbrio justo entre os irmãos. O mesmo princípio é aplicado por Paulo em sua carta aos Romanos 15:26 e 27: “porque aprouve à Macedônia e à Acáia levantar uma coleta em benefício dos pobres dentre os santos que vivem em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, e mesmo LHES SÃO DEVEDO- RES; porque, se os gentios TÊM SIDO PARTICIPANTES DOS VALORES ESPIRITUAIS DOS JUDEUS, DEVEM TAMBÉM SERVI-LOS COM BENS MATERIAIS”. E ain- da, em outro lugar, reafirma, dizendo: “Mas aquele que está instruído na palavra faça participante de todas as coisas boas àquele que o instrui” (Gl6:6). Nisso consis- te a sabedoria de Deus revelada em Sua Palavra. Algumas pessoas julgam mal os obreiros que se dedicam integralmente à obra do Senhor, ar- gumentando que não existe tal prática ensinada nas Escrituras. Entretanto, o que diz a Bíblia Sagrada a esse respeito? Veja: “Devem ser considerados mere- cedores de dobrados honorários os presbíteros que 71 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 72. presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa o trigo. E ainda: O traba- lhador é digno do seu salário” (1Tm 5:17-18). Observe que o apóstolo Paulo, utilizando-se da figura do boi, pois o boi é símbolo do serviço cris- tão, nos ensina que assim como o boi não poderia ter a sua boca amordaçada enquanto debulhava o trigo, de semelhante modo, o obreiro não deve ser impedido de extrair o seu sustento da mesma obra em que está envolvido; por isso ele diz: “O trabalhador é digno do seu salário”. Em segundo lugar, a fim de promover a igualdade na igreja, é preciso levar em consideração as viúvas, verdadeiramente viúvas, que não possuem filhos ou netos que a amparem (1Tm 5:3-4 e 16). Es- sas devem ser inscritas, a fim de usufruírem o direito de serem assistidas em suas necessidades ordinárias. Esse é um dever da igreja, o qual é levado a cabo me- diante os recursos provenientes das ofertas dos san- tos. 72 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 73. Nesse grupo, incluem-se também os órfãos. Tiago, ao apresentar a praticidade do evangelho em relação às coisas simples do cotidiano, nos exortou, dizendo: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas NAS SUAS TRIBULAÇÕES...” (1:27). E o apóstolo Pau- lo, ao falar-nos sobre a sua responsabilidade ministe- rial, fez-nos saber que, a única direção que ele rece- beu dos apóstolos de Jerusalém, foi a recomendação para não se esquecer dos pobres (GI 2:10). Ora, como todos esses cuidados podem ser cumpridos, senão pela cooperação das ofertas volun- tárias e liberais de cada um dos santos que compõe a igreja? Ao governo da igreja, todavia, compete à res- ponsabilidade de administrar as ofertas dos santos, trazidas de boa fé, e distribuí-las com firmeza e sa- bedoria, com o fim de promover a igualdade entre os irmãos. Foi em nome desta igualdade que o apóstolo Paulo exortou as irmãs, a que não se ataviassem de 73 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 74. ouro, pérolas ou vestuário dispendioso (1Tm 2:9). A preocupação do apóstolo nesta referência, não recai sobre a questão da vaidade, como alguns, insistente- mente, têm interpretado. Mas tal preocupação e en- sinamento buscavam promover a igualdade entre as irmãs, de modo que, o brilho exterior dos aparatos dispendiosos (caros), não viesse a ofuscar a glória da comunhão e da singeleza de coração comuns a todos os santos. O desejo do apóstolo Paulo era que fosse ba- nido da vida de reuniões da igreja qualquer elemento, seja ele externo ou interno, que viesse a quebrar a comunhão entre os irmãos. Pois até mesmo os enfei- tes de ouro de algumas irmãs, realçados pela pobreza de outras, é capaz de romper com a comunhão do corpo de Cristo. Por esta razão, continuou o apóstolo Paulo, ao invés de as irmãs se ataviarem com ouro e com vestidos dispendiosos, deveriam se ATAVIAR DE BOAS OBRAS (como é próprio às mulheres piedosas) - 1Tm 2:10. Qual, pois, a relação entre o “se ataviar de boas obras” com o ouro, com o qual as mulheres se 74 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 75. enfeitavam? Ora, vede. O apóstolo fala-nos do dever de transformar a riqueza que trazemos para o nosso próprio luxo e vaidade, em benefício aos que são des- providos de recursos materiais. Esse é o significado de se ataviar de boas obras, e esse é o caminho que promove a igualdade na igreja. 75 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 76. NONO PRINCÍPIO OFERTAS PARA COOPERAR COM A VERDADE Ao falar a respeito daqueles que estão envol- vidos na obra do Senhor, dos que são enviados para pregar a Palavra de Deus, o apóstolo João, em sua terceira epístola, nos instrui, dizendo: “Amado, pro- cedes fielmente naquilo que PRATICAS PARA COM OS IRMÃOS, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros, os quais, perante a igreja, deram testemunho do teu amor. Bem farás ENCAMINHANDO-OS EM SUA JOR- NADA POR MODO DIGNO DE DEUS; pois por causa do Nome foi que saíram, nada recebendo dos gentios. Portanto, devemos ACOLHER esses irmãos, para nos tornarmos COOPERADORES DA VERDADE” (1:5-8). Esta porção das Escrituras fala do CUIDA- DO PRATICADO PARA COM OS IRMÃOS. Gaio, muito provavelmente um bispo de alguma igreja estabeleci- da pelo apóstolo João, é nos apresentado como mo- delo de fidelidade, alguém que administrava bem as finanças da igreja, no que diz respeito a obras missio- nárias. 9 76 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 77. A fidelidade de Gaio em seu cuidado para com os obreiros de Deus se manifestava tanto no ACOLHER os missionários como no ENCAMINHÁ-LOS por modo digno de Deus. Toda essa honra e cuidado especial a favor dos obreiros do Senhor, era devido ao fato de eles terem saído por causa do Nome (Jesus). Saíram no sentido de ir fazer a obra missionária em outras terras. E de que maneira saíram? “...Nada re- cebendo dos gentios”; isto é, saíram em obediência ao IDE de Jesus Cristo (Mc 16:15), sem contudo, receber nenhum salário previsto por parte do governo ou de qualquer outra entidade gentílica. A motivação do coração desses apóstolos da igreja era tão somente a propagação do Nome de Je- sus. Por isso está escrito: “Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” (Rm 10:15). Por esta razão, quando a igreja supre a necessidade destes ir- mãos, não de qualquer modo, mas ofertando-lhes sa- lário (2Co 11:8; 1Tm 5:18), por modo digno de Deus (3Jo 1:6), a igreja se torna COOPERADORA DA VER- DADE. Como sempre costumo dizer aos santos da 77 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 78. igreja, na qual eu sirvo, Deus bem que poderia suprir a necessidade de Sua igreja usando meios milagro- sos, sem que precisasse da participação do homem. Esse, todavia, é um pensamento meramente natural, apresentado, não por haver nele sabedoria, mas para levar os santos a refletirem sobre o porquê Deus não o faz deste modo. A razão por que o Senhor não o faz desse modo, encontra-se no fato de que, em Seu plano eter- no, Deus decidiu nada fazer sem o homem. A própria obra de redenção exigiu que o Deus Forte se tornasse um menino, e que o Pai da eternidade se fizesse filho (Is 9:6). Participante de carne e sangue à nossa seme- lhança (Hb 2:14), o Verbo se fez carne e veio habitar entre nós (Jo 1:14). Este é o princípio da encarnação, do Deus imanente, princípio este em que o Divino se une ao homem para o cumprimento de Sua vontade. Essa unidade de propósito foi manifestada, primeiramente, na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo, e hoje, nos dias do Novo testamento, por meio da Igreja, “a qual é o 78 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 79. seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas” (Ef 1:22). Em tudo isso se vê a expressão da graça de Deus, o qual nos concede a honra e o privilégio de nos unirmos a Ele, de modo a trabalharmos juntos, em mútua cooperação. De sorte que, sempre que oferece- mos a Deus as nossas ofertas, unindo a Ele os nossos corações, na busca de ver cumprida a Sua vontade, nos tornamos cooperadores da verdade. Existe maior privilégio do que este, de ser- mos cooperadores da Verdade, ao lado de Deus, tra- balhando juntos pelo Seu propósito eterno? É certo que não. Por isso, a cada dia Deus nos convida a nos associarmos a Ele na grande batalha que já se apro- xima do fim. O modo como Salomão buscava a coopera- ção de Sulamita para se unir a ele no labor de seus sofrimentos no campo, se aplica semelhantemente a Cristo, que não desiste de nos convidar, com muitos rogos, a que nos unamos a Ele na grande tarefa de implantarmos na terra o reino de nosso Pai: 79 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 80. (O rogo do amado) “Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo: Abre-me, minha irmã, querida minha, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite”. (A resposta da amada) “Já despi a minha túnica, hei de vesti-la ou- tra vez? Já lavei os pés, tornarei a sujá- los. O meu amado meteu a mão por uma fresta, e o meu coração se comoveu por amor dele” (Ct 5:2-4). É desse modo que o Senhor procura nos atrair para Si. Com o fim de fazer-nos unir a Ele e nos lançar no calor da batalha, é preciso que o Senhor nos apresente Suas mãos feridas. Somente as marcas dos cravos nas mãos de Cristo são capazes de fazer-nos levantar da “cama”, do nosso comodismo, de arrancar de nós as desculpas esfarrapadas e de contagiar, pelo ardor do Seu coração, o nosso espírito e alma. Não é tempo, igreja, de “vestirmos as nossas vestes”, de “lavarmos os nossos pés” e de nos “reco- 80 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 81. lhermos em nossos aposentos”. A batalha pelo Reino está agora, mais do que nunca, em pleno combate. Se abrirmos espaço, ainda que seja uma pequena fresta na porta de nosso coração, o Senhor nos revelará as marcas da redenção, a qual nos despertará para uma entrega de cooperação com Ele. E assim, com o cora- ção comovido de amor, sairemos após Ele e as nossas cabeças ficarão cheias do orvalho da noite. “Saiamos, pois, a ele, fora do arraial, levando o seu vitupério” (Hb 13:13). Como estará, pois, a tua cabeça, no dia do tribunal de Cristo (2Co 5:10)? Estará como a cabeça de Cristo, cheia do orvalho da noite, ou estará seca e quentinha, pelo comodismo em face à responsabilida- de de se unir a Cristo, em cooperação com a verdade? Talvez alguns, diante desse apelo, respon- dam como também respondeu Sulamita ao seu ama- do, dizendo: “Não posso...”. Não posso porque, como deixaria a vida do trabalho secular, para me dedicar à pregação do evangelho, a fim de me tornar coopera- dor com Ele? Afinal, Deus vê que tenho família, res- ponsabilidades, negócios, enfim. 81 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 82. De fato, nem todos foram chamados para entregarem suas vidas ao serviço de tempo integral, para a pregação do evangelho. Todavia, aqueles que não podem deixar a vida do trabalho secular para se dedicarem exclusivamente à proclamação do Nome de Jesus podem se unir a Ele, de outra forma, em coope- ração com a verdade, mediante as ofertas de riquezas materiais. Em Filipenses 4:15-17, lemos: “E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se AS- SOCIOU COMIGO no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para Tessalônica MANDASTES não somente uma vez, mas duas, O BAS- TANTE PARA AS MINHAS NECESSIDADES. Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me inte- ressa é o FRUTO QUE AUMENTE O VOSSO CRÉDITO”. Esse é um exemplo típico de como podemos nos associar àqueles que saem para pregar a Palavra, nos tornando, assim, cooperadores da verdade. Como está dito no versículo acima, o apóstolo havia parti- do para a Macedônia. Paulo é que era o pregador, o 82 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 83. apóstolo, o enviado. Os demais irmãos da igreja, não possuindo o mesmo ministério que ele, nem estando desembaraçados dos deveres desta terra, não podiam sair juntamente com ele para levar a verdade de Deus. Todavia, apesar de suas limitações neste particular, puderam se ASSOCIAR ao apóstolo na propagação da verdade, ao colaborarem na sustentação de seu mi- nistério, por meio de suas ofertas voluntárias. Ser um cooperador da verdade, portanto, significa se colocar ao seu lado, de modo a viabilizar todos os meios necessários para a sua propagação, a fim de alcançar o seu objetivo final. Assim, todos os que ofertam na era do novo testamento, cuja aplica- ção é destinada para esse fim, tornam- se cooperado- res da verdade. De semelhante modo, assim como nos dias de hoje nos associamos à verdade e nos tornamos seus cooperadores, todos os frutos resultantes dessa associação serão igualmente compartilhados no dia do tribunal de Cristo. Pois assim está escrito: “Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho” (1Co 83 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 84. 3:8). Do mesmo modo, pois, que um planta e outro rega, dividindo entre si o labor da seara, os frutos do trabalho compartilhado serão, semelhantemente, re- partidos, e cada um receberá o seu galardão na pro- porção de sua participação. Por essa razão, o apóstolo Paulo declarou que aqueles que haviam se associado a ele na divulga- ção da Palavra de Deus, sustentando o seu ministério apostólico mediante ofertas voluntárias, tinham a seu favor, creditado nos céus, a participação nos frutos angariados. Esse foi, certamente, o sentido das pa- lavras de Cristo, quando nos exortou, dizendo: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6:19-20). Os recursos que investimos na obra do Se- nhor são tesouros acumulados no céu. Isso nos dá a certeza de que a cada depósito, aumenta o nosso crédito para o dia de Cristo Jesus. 84 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 85. Quando, pois, por ocasião do reino milenar, Jesus Cristo vier a receber do Pai os reinos da terra por herança (Sl 2:8-9), todos os que a Ele se uniram, sejam por intermédio do dar a si mesmos para a obra missionária ou do se associar a ela mediante ofertas de riquezas materiais, compartilharão (se depender deste particular) da bênção de reinar com Cristo por mil anos, sobre nações (Is 53:11 e 12; Ap 2:26-27). A base de distribuição de galardões será segundo o princípio de cada um receberá segundo as suas obras (Mt 16:27). Essa é a segunda razão pela qual o Senhor Deus estabeleceu a prática das ofertas: para que nós, na qualidade de Seus servos, aprendêssemos a lei da cooperação, e desta maneira manifestássemos no co- ração, não somente a intenção, mas a disposição e o agir quanto ao ato de ofertar, em concordância com aquilo que afirmamos crer. 85 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 86. DÉCIMO PRINCÍPIO OFERTAS QUE RESULTAM EM GLÓRIAS A DEUS “Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas TAMBÉM RE- DUNDA EM MUITAS GRAÇAS A DEUS, visto como, na prova desta ministração, glorificam a Deus pela obe- diência da vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles e para todos” (2Co 9:12-13). Após discorremos as duas razões pelas quais o Senhor Deus estabeleceu a prática do ofer- tar, chegamos agora ao último princípio. Este trata do resultado e do testemunho dos cristãos mediante as suas ofertas. Mediante a nossa obediência à confissão que um dia abraçamos, o Nome do Senhor é glorificado e muitas graças são rendidas a Ele. Pois, quando os incrédulos contemplam um povo que, a despeito da era em que vive (uma era capitalista), vive, não para si mesmo, mas para o reino de Deus, não somente são 10 86 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 87. levados a glorificá-lo como também são tocados pelo testemunho de vidas transformadas e conformadas à imagem de Jesus Cristo (Rm 8:29). O viver santo do povo de Deus redunda em louvor e glória ao Nome do Senhor, como está escrito: “Portanto, quer comais, quer bebais ou FAÇAIS OUTRA COISA QUALQUER, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10:31). Se a igreja praticasse exatamente o que a Bíblia ensina sobre ofertas, o mundo a veria como o sal da terra e a luz do mundo. Pois o dar sem esperar receber algo em troca, testifica de uma vida, cujo nível está acima das demais. O ofertar testifica de pessoas que outrora eram amantes de si mesmas, mas que agora, foram transformadas em pessoas solidárias, que se preocu- pam umas com as outras, que investem em pessoas, ao invés de investirem em coisas, e que consideram que é mais bem aventurado dar que receber (At 20:35). 87 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 88. O contrário, todavia, é o que vemos aconte- cer. Vivemos numa época como nunca houve, num tempo em que o povo de Deus tem demonstrado ser rico e abastado, que não precisa de coisa material al- guma. Todavia, não se pode dizer o mesmo quanto à vida espiritual (Ap 3:17). Trata-se de uma era em que as igrejas são beneficiadas com grandes somas de di- nheiro ofertadas pelos fiéis e, sobretudo, pelo salário de sua prostituição, pois a preço tão baixo se vendeu, e promiscuamente se casou com a política. Em tudo isso não vemos nenhuma coope- ração com a Verdade, nem percebemos igualdade no meio do povo de Deus. O órfão, a viúva e o pobre não são, nem ao menos, visitados. O dinheiro arrecadado visa à construção de grandes obras faraônicas, tem- plos suntuosos, cadeiras acolchoadas para os “don- docas” se assentarem, e para a sustentação de líderes milionários que nem ao menos conhecem as ovelhas que estão sob o seu cuidado (se é que estão). Tais lí- deres, na verdade, não tratam com ovelhas, mas com números; não são pastores, mas empresários; não são homens de Deus, porém homens de negócio. 88 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia
  • 89. Ah, se a igreja do Senhor se despertasse da embriaguez do vinho que a faz moribunda, o mundo inteiro a veria diferente. E por mais que os homens ímpios não recebessem a Jesus Cristo como Salva- dor (pois isso não depende do homem), ao menos se sentiriam ofendidos por causa da santidade do povo de Deus e os perseguiriam de morte, dando assim, a oportunidade aos santos, de não somente entregarem seus recursos materiais ao Senhor, mas também de ofertarem a Ele as suas próprias vidas. 89 Dez princípios do Novo Testamento para as ofertas de riquezas materiais
  • 90. 90 DÍZIMOS E OFERTAS à luz da Bíblia