A Semana de Arte Moderna de 1922 reuniu escritores, artistas e músicos para apresentar novas tendências artísticas e romper com o academicismo que predominava no Brasil na época. A semana promoveu debates sobre a necessidade de uma arte brasileira moderna e autônoma culturalmente, influenciada pelas vanguardas européias mas com características nacionais. Apesar da forte crítica recebida, o movimento foi fundamental para a renovação das artes no país.
2. Essa arte nova aparece inicialmente através da atividade crítica e
literária de Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e
alguns outros artistas que vão se conscientizando do tempo em que
vivem.
Oswald de Andrade, já em 1912, começa a falar do Manifesto
Futurista, que propõe “o compromisso da literatura com a nova civilização
técnica”.
3. Mas, ao mesmo tempo, Oswald de Andrade alerta para a valorização
das raízes nacionais, que devem ser o ponto de partida para os artistas
brasileiros. Assim, cria movimentos, como o Pau-Brasil, escreve para os
jornais expondo suas ideias renovadoras de grupos de artistas que começam
a se unir em torno de uma nova proposta estética.
4. Antes dos anos 20, são feitas em São Paulo duas exposições de
pintura que colocam a arte moderna de um modo concreto para os
brasileiros: a de Lasar Segall, em 1913, e a de Anita Malfatti, em 1917.
"Tropical”. De Anita Malfatti
“Menino com Lagartixas”. 1924
Lasar Segall
5. Com Lasar Segall em 1913 o Brasil teve seu primeiro contato com a
arte mais inovadora que era feita na Europa. Seus trabalhos não provocou
polêmica, pois foram vistos como produção de estrangeiro.
Mãe preta
Mercadores
6. A exposição de Anita Malfatti em 1914 provocou uma grande
polêmica com os adeptos da arte acadêmica; Pois se tratava de uma artista
brasileira apresentando novos valores estéticos.
O Farol
8. A Semana de Arte Moderna de 22, realizada entre 11 e 18 de
fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, contou com a
participação de escritores, artistas plásticos, arquitetos e músicos.
9. Seu objetivo era renovar o ambiente artístico e cultural da cidade
com "a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura,
arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual",
10. Esse era o ano em que o país comemorava o primeiro centenário da
Independência e os jovens modernistas pretendiam redescobrir o Brasil,
libertando-o das amarras que o prendiam aos padrões estrangeiros.
Seria, então, um movimento pela independência artística do Brasil.
11. Os jovens modernistas da Semana negavam, antes de mais nada, o
academicismo nas artes. A essa altura, estavam já influenciados
esteticamente por tendências e movimentos como o Cubismo, o
Expressionismo e diversas ramificações pós-impressionistas.
Até aí, nenhuma novidade nem renovação. Mas, partindo desse
ponto, pretendiam utilizar tais modelos europeus, de forma consciente, para
uma renovação da arte nacional, preocupados em realizar uma arte
nitidamente brasileira, sem complexos de inferioridade em relação à arte
produzida na Europa.
12. Com a Semana de Arte Moderna, instalou-se a necessidade de voltar
os olhos para o Brasil, valorizando a nossa terra, a nossa cultura, as nossas
cores tanto nas artes com, Anita Malfatti e outros artistas assim como na
literatura com Oswald de Andrade.
13. De acordo com o catálogo da mostra, participavam da Semana
os seguintes artistas:
•Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Zina Aita, Vicente do Rego Monteiro,
Ferrignac (Inácio da Costa Ferreira), Yan de Almeida Prado, John Graz,
Alberto Martins Ribeiro e Oswaldo Goeldi, com pinturas e desenhos;
•Marcavam presença, ainda, Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso
e Wilhelm Haarberg, com esculturas; Antonio Garcia Moya e Georg
Przyrembel, com projetos de arquitetura.
•Além disso, havia escritores como Mário de Andrade, Oswald de
Andrade, Menotti del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, Ronald de
Carvalho, Álvaro Moreira, Renato de Almeida, Ribeiro Couto e
Guilherme de Almeida.
•Na música, estiveram presentes nomes consagrados, como Villa-
Lobos, Guiomar Novais, Ernâni Braga e Frutuoso Viana.
14. Tarsila do Amaral
Apesar de não ter exposto na semana de 22, Tarsila colaborou decisivamente
para o desenvolvimento da arte moderna brasileira, pois produziu uma obra
indicadora de novos rumos.
15. O Pescador - Este quadro tem um
colorido excepcional e trata de um
tema bem brasileiro: um pescador
num lago em meio a uma pequena
vila com casinhas e vegetação
típica. Este quadro foi exposto em
Moscou, na Rússia em 1931 e foi
comprado pelo governo russo.
Abaporu - Este é o quadro mais importante já produzido no
Brasil. Tarsila pintou um quadro para dar de presente para o
escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. Quando
viu a tela, assustou-se e chamou seu amigo, o também
escritor Raul Bopp. Ficaram olhando aquela figura estranha e
acharam que ela representava algo de excepcional. Tarsila
lembrou-se então de seu dicionário tupi-guarani e batizaram o
quadro como Abaporu (o homem que come). Foi aí que
Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e criaram o
Movimento Antropofágico, com a intenção de "deglutir" a
cultura europeia e transformá-la em algo bem brasileiro. Este
Movimento, apesar de radical, foi muito importante para a arte
brasileira e significou uma síntese do Movimento Modernista
brasileiro, que queria modernizar a nossa cultura, mas de um
modo bem brasileiro. O "Abaporu" foi a tela mais cara
vendida até hoje no Brasil, alcançando o valor de
US$1.500.000. Foi comprada pelo colecionador argentino
Eduardo Costantini.
16. RESUMO:
A semana de arte moderna, foi uma
reação a tendência conservadora da arte
predominante no Brasil no início do século XX.
As ideias e os novos estilos artísticos
apresentados foram severamente criticados.
De todo modo, esse movimento foi muito
importante para abrir caminhos para a
renovação da arte nacional, acompanhando as
transformações que aconteciam na Europa, mas
adaptando-se à realidade brasileira.