SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Baixar para ler offline
canal|marçode2015
28
Melhoramento genético
para todos
pesquisa
Líria Rezende
E
m uma ilha remota próxima ao Polo
Norte e habitada por focas, ursos po-
lares, aves e leões marinhos, um su-
per cofre abriga um dos maiores tesouros
da humanidade e, ao mesmo tempo, uma
riqueza de valor incalculável. Amostras sele-
cionadas de praticamente todos os vegetais
existentes permanecem armazenadas de-
baixo de uma montanha onde a temperatu-
ra nunca ultrapassa os 20ºC negativos. Mais
conhecido como Arca do Fim do Mundo,
uma espécie de Arca de Noé subterrânea
dos alimentos, o Banco Global de Sementes
de Svalbard, na Noruega, conta com amos-
tras de diversos países e tem capacidade
para guardar 4,5 milhões de sementes em
embalagens hermeticamente lacradas e,
acredite, a salvo de terremotos, inundações,
aquecimento e até mesmo explosões nu-
cleares e queda de asteróides. É o que os es-
pecialistas em melhoramento genético de
plantas chamam de acessos, isto é, amos-
tras reduzidas com sementes represen-
tativas de diferentes populações de uma
mesma espécie. A caixa forte foi inaugura-
da em 2008 e, de lá pra cá, já recebeu do
Brasil acessos de três culturas seculares, bá-
sicas na nossa agricultura e extremamente
presentes na alimentação cotidiana: milho,
arroz e, mais recentemente, feijão – todas
cedidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) e réplicas de cole-
ções nucleares já existentes no País.
Do distante arquipélago de Svalbard
para terras tupiniquins, o feijão que você
come na sua casa passou por no mínimo
quinze anos de pesquisa. É o que garante o
coordenador da Coleção Nuclear de Feijão
Comum da Embrapa Arroz e Feijão, Jaison
Pereira. Ele explica que as 514 variedades
de feijão depositadas este ano na caixa forte
nórdica são uma cópia da coleção nuclear,
compilação estratégica que reúne linhagens,
cultivares melhoradas e acessos tradicionais
Pesquisas desenvolvidas ao longo
de anos estão atentas à crescente
demanda por alimentos e energia
Jaison Pereira, coordenador da
Coleção Nuclear de Feijão Comum
da Embrapa Arroz e Feijão
canal|marçode2015
29
tiplicar mais sementes, é preciso haver um
estoque mínimo. À medida que a gente vai
multiplicando, disponibilizamos para aqueles
que solicitaram primeiro. No próximo ano, a
expectativa é conceder mais variedades para
outras instituições e pesquisadores, a fim de
que possam enriquecer suas pesquisas. É o
que chamamos de valoração, aumentar o va-
lor do germoplasma, produzir novos genes”,
esclarece Jaison Pereira.
Reflexos no campo e na mesa
Na prática, o melhoramento genético de
plantas visando a alimentação humana tem
seus reflexos no campo e na mesa, sobretu-
do em tempos de aumento da demanda por
produção de alimentos. Maior produtividade,
resistência a fatores climáticos e tolerância a
pragas e doenças, minimizando o uso de in-
sumos agrícolas e os impactos ambientais de
pulverizações com agrotóxicos, estão entre
as principais vantagens, como aponta o co-
ordenador. “O melhoramento de plantas em
si tem uma contribuição muito grande para
o agronegócio brasileiro. É um trabalho ex-
tremamente múltiplo e importante para toda
a cadeia produtiva, do pequeno ao grande
agricultor, e também para o consumidor final.
Se a lavoura produz mais, há mais oferta, pre-
ço menor e um produto sempre novo, recém-
-colhido, na mesa do consumidor, sem falar
em segurança alimentar e maior qualidade
nutricional”, salienta o pesquisador. Ele pon-
tua que, apesar de não ser pioneiro, o Brasil
segue como referência em se tratando de
melhoramento genético para a agricultura de
clima tropical. “O sucesso da humanidade se
deve à agricultura e, sobretudo, ao melhora-
mento de plantas”, acrescenta.
“Não teria tanta gente se alimentando no
Planeta se não houvesse melhoramento ge-
nético, isso ninguém discute. É a tecnologia
mais fundamental com a qual a agricultura
pode contar, mais que adubação ou controle
de pragas, por exemplo, é o que tem de mais
satisfatórioeimportanteparamelhorarapro-
dutividade”, enfatiza o diretor de Genética do
Instituto Agronômico de Campinas, Carlos
C o -
l o m -
bo. Fun-
dado por D.
Pedro II em 1887,
inicialmente para
atender a cafeicul-
tura, o IAC é reconhe-
cidamente pioneiro na
pesquisa latino-americana de culturas como
algodão, cana, mandioca, amendoim, arroz,
feijão e soja. A propósito, cultura expressiva
na agricultura brasileira, a soja é um caso in-
teressante que exemplifica a importância do
setor de melhoramento. De acordo com o
diretor, o que era impossível cerca de trinta
anos atrás hoje é realidade graças às pesqui-
sas na área: plantação de soja no norte do
Maranhão, na linha do Equador. Isso porque
a soja plantada na China, de dias curtos e
habituada à latitude alta, não daria certo em
território brasileiro, já que necessita de certa
quantidade de luz inexistente nos países tro-
picais. “Foi a seleção genética de plantas de
dias longos que possibilitou seu desenvolvi-
mento por aqui”, relata.
Carlos Colombo conta que, em termos
de melhoramento, o feijão “está lá na frente”,
lapidando o que já se possui, tudo sempre
em cadeia.“O feijão é um bom exemplo. Du-
rante muito tempo, o melhoramento visava
produtividade, quilos por hectare. Um feijão
tem que ser resistente a doenças, tolerante à
seca etc. Enfim, uma planta produtiva é uma
planta sadia. De uns dez, quinze anos pra cá, o
mercado consumidor começou a exigir qua-
lidade do feijão tipo carioca na panela. Tem
feijão que, depois de colhido, vai oxidando
e escurece. Isso não atrai quem vai comprar,
prefere-se o mais claro, grãos que não escu-
reçam com o passar do tempo. Tempo de
cozimento menor é outra característica que
também é genética. Isso é o mercado que
está exigindo, funciona em cadeia. O melho-
ramento tem que enxergar todo o processo.
Além disso, o custo de produção não pode
ser caro, pois prejudica tanto o produtor
quanto o consumidor”, assinala o diretor.
cultivados pela população brasileira desde
a década de 1970. Trata-se de uma amos-
tra representativa porque é o suprassumo
de uma biblioteca viva ainda maior, cien-
tificamente denominada Banco Ativo de
Germoplasma, que totaliza 18 mil acessos
de feijão de todos os continentes. Sediado
em Santo Antônio de Goiás (GO) e prestes
a completar quatro décadas no próximo
ano, este é o maior banco brasileiro de
germoplasma de feijão comum e o quarto
maior do mundo, segundo o pesquisador.
Nele, sementes de feijão de tipos bastante
consumidos, como carioca, preto, mulati-
nho, roxinho e jalo, dentre outras, ficam ar-
mazenadas a uma temperatura entre 10ºC
a 12ºC e 20% de umidade.
Acontece que (não é difícil imaginar)
entre 18 mil acessos e 500 acessos, é bem
mais fácil trabalhar com uma quantidade
reduzida, porém variada. “Este é o objeti-
vo da coleção nuclear, reduzir o número
de acessos, selecionar o material mais di-
vergente possível e sempre ter uma pos-
sibilidade maior de trabalho e alcance. A
coleção é dinâmica, podem entrar novos
genótipos nela.
Uma coleção nuclear não pode ser
muito grande, não pode dificultar o tra-
balho de atender o melhoramento gené-
tico de plantas, porque senão fica inviável.
Muita coisa que é guardada acaba sendo
repetida. É o que a gente chama de redun-
dância, a coleta de material aparentado
em várias partes do País”, explica Jaison.
“O Banco Global faz solicitação a alguns
países potenciais que são referência em
certa cultura. O Brasil é o que mais produz e
mais consome feijão, que mundialmente é
extremamente importante, sobretudo para
os países mais pobres, porque é considera-
do a carne do pobre. O Brasil planta feijão
desde a época dos índios, e este material
está sendo adaptado há mais de 500 anos,
o que cria um acesso regionalizado, adap-
tado a muito calor, muita seca, por exem-
plo. Então acaba sendo um germoplasma
importantíssimo em termos mundiais”,
ressalta o coordenador. Em outras palavras,
estes bancos funcionam como um verda-
deiro backup, resguardando uma seleção
sofisticada da variabilidade genética de de-
terminado alimento.
Destinada à pesquisa e produção de
novas variedades, a Coleção Nuclear de
Feijão da Embrapa foi estruturada nos últi-
mos sete anos e é resultado de um trabalho
incansável – adjetivo, aliás, bem conhecido
dos geneticistas. A ideia é selecionar os
grãos mais divergentes, ou seja, aqueles
que não têm parentesco entre si, possibi-
litando maior variedade. Em julho último,
outra cópia foi cedida ao Instituto Agro-
nômico do Paraná (Iapar), e a perspectiva
é disponibilizá-la a diferentes instituições,
inclusive da China e de países da África. “É
um processo continuado, precisamos mul-
Carlos Colombo,
diretor de Genética do
Instituto Agronômico
de Campinas (IAC)
Mas é um outro produto que vem
concentrando os esforços do pesqui-
sador Carlos Colombo nos últimos oito
anos. A menina dos olhos do diretor de
Genética do IAC é a macaúba: “não de-
manda muita água, ocorre em ambientes
bastante secos, tem óleo de qualidade
igual ou superior ao dendê e apresenta
produtividade naturalmente alta”, como
destaca Colombo.
Palmeira nativa que ocorre do Méxi-
co ao norte da Argentina e em todas as
regiões do Brasil, o fruto da macaúba,
algo em torno de cinco centímetros de
diâmetro, tem chamado a atenção dos
pesquisadores do IAC pelo alto teor de
óleo, visando também a alimentação hu-
mana, mas sobretudo a geração de ener-
gia. “O teor do óleo da polpa vai de 10%
a 72%, ou seja, é muito grande a variação.
“O objetivo é criar novas variedades da
planta, uma alternativa de grande poten-
cial para produção de biodiesel”, aponta
o responsável.
Ele explica que, naturalmente, a ma-
caúba chega a produzir anualmente qua-
tro mil quilos de óleo por hectare, consi-
derando-se 400 plantas por hectare. Para
ter uma ideia do que isso representa, a
soja, principal matéria-prima para ob-
tenção de biodiesel no País, registra uma
quantidade dez vezes menor, cerca de
420 quilos por hec-
tare, o girassol, 890, a
mamona, 1.320 quilos
de óleo por ano, e o
dendê, que exige muita
água, seis mil quilos. “Com
o melhoramento da macaú-
ba, a expectativa é chegar a oito
mil quilos de óleo por hectare”, relata
o diretor. A expectativa é lançar uma
cultivar de macaúba daqui a oito anos.
Usada há muito tempo na alimenta-
ção por produtores locais, principalmen-
te no Mato Grosso, a macaúba também
é bastante conhecida em Minas Gerais,
onde o óleo da polpa é tradicionalmen-
te usado para fazer sabão. Nos primeiros
anos de estudo, os esforços se concen-
traram na seleção de variedades, com
intenso contato entre melhorista e pro-
dutor. “A macaúba é muito interessante
para populações de baixa renda, isso
porque ela é perene, você planta uma só
vez e a mesma planta produz por anos
seguidos, a exemplo do café. Além disso,
pode-se usar a entressafra para plantar
outras coisas, você não vai mecanizar,
não exige terrenos planos. É uma alter-
nativa importante para essas populações
que não plantam culturas mecanizadas
porque não dispõem de solo, ambiente
e condições propícias”, diz.
potencial para
gerar energia
O que parece redundante resume
bem a complexidade deste trabalho: se
melhoramento, como o próprio nome
diz, é desenvolver uma coisa melhor do
que já existe, a tendência é que, quan-
to mais variedade houver de uma de-
terminada planta e quanto mais ela for
pesquisada, mais difícil se tornará o me-
lhoramento em algum estágio. Para os
especialistas, não é nenhuma novidade
nem contradição, mas sim algo inerente
à atividade. “A planta mais recente em
termos de melhoramento no Brasil é a
macaúba. A gente observa uma variabi-
lidade grande em quantidade de óleo,
fruto, caule. É muito fácil achar coisa
boa no começo. Daqui a uns cem anos,
quem continuar vai ter muita dificulda-
de, esgotando a variação que interes-
sa, pois terá se chegado a um patamar.
Melhoramento depende disso, é fazer o
melhor”, analisa.
www.sesigo.org.br
O Sesi Ginástica na Empresa é o mais conceituado programa de ginástica laboral do País.
Com um quadro de atividades físicas que se adapta às necessidades de sua empresa, o programa estimula
a motivação do trabalhador, aumenta sua saúde e diminui a ocorrência de eventuais faltas ao trabalho.
Central de Atendimentos:
Goiânia - 4002 6213 | Demais localidades - 0800 642 1313
SistemaFieg/Ascom
8 vezes
campeão
no Prêmio
Marca Brasil
Contrate o Sesi Ginástica na
empresa e eleve sua produtividade.
canal|marçode2015
30
Pioneirismo no melhoramento da cana
canal|marçode2015
31
Com o mais antigo programa de melho-
ramento de cana-de-açúcar em atividade no
País, desde 1933, a unidade do IAC em Ribei-
rão Preto (SP) foi escolhida há pouco mais
de um ano para acolher a terceira réplica da
coleção mundial da cultura – as outras estão
na Índia e nos Estados Unidos. O diretor do
Centro de Cana IAC, Marcos Landell, explica
que a instituição sempre teve uma coleção,
mas começou a dialogar internacionalmente
para deter um arquivo com maior variabilida-
de genética.
Ao todo, são 1.500 variedades de cana
vindas principalmente das regiões de origem,
na Ásia, como Índia e China. E a escolha do
País não foi à toa, relata o pesquisador: se
deve à importância estratégica na produção
de cana e, também, à insistência do próprio
IAC.“Neste primeiro ano de operação, em co-
operação com a iniciativa privada, trouxemos
200 materiais dos Estados Unidos que estão
sendo introduzidos, mantidos em quarente-
na, para que não haja risco de novas pragas.
Agora o esforço é aumentar a capacidade de
importação através da ampliação do quaren-
tenário do IAC, quem sabe com 300, 350 por
ano. Para o Brasil, a coleção tem significado
econômico. Estamos importando este mate-
rial, que está hoje em Miami, e a expectativa
é que em três ou quatro anos tenhamos con-
cluído esta tarefa”, pontua Landell.
Criar novos tipos de cana-de-açúcar para
atender a indústria sucroenergética é o prin-
cipal objetivo do Centro de Cana IAC, reorga-
nizado há vinte anos. Detentor, dentre vários
projetos, de 22 variedades sucroalcooleiras,
sendo duas com características forrageiras
que passaram a ser referência nacional por
atender o importante segmento da pecuária
de corte e de leite, o Centro vem estudando
desde 2009 tipos selvagens, mais rústicos,
para desenvolver uma nova cana voltada à
produção de energia via biomassa. “A cana-
energia, como chamamos, tem alta capaci-
dade de acúmulo de biomassa, alto teor de
fibra e baixo teor de açúcar”, conta Landell.
Ele observa que enquanto a planta conven-
cional registra de 10% a 13% de fibra, o novo
biótipo apresenta acima de 20%, podendo
atingir valores superiores a 30% de fibra. Já
o teor de açúcar, próximo a 17% na conven-
cional, passará para 1% a 3% na cana-energia.
Na prática, isso significa o dobro ou triplo de
produtividade quando consideradas as novas
possibilidades do etanol de segunda geração,
utilizando-se para industrialização a cana-
energia. A expectativa, conforme o diretor, é
que a tecnologia esteja disponível no merca-
do dentro de quatro anos.
“Estamos criando o novo tipo de cana a
partir de um cenário da futura indústria que
irá fazer uso desta matéria-prima. Os progra-
mas de melhoramento brasileiros estão num
exercício de tentar prever como será a indús-
tria que vai converter e, assim, selecionar ge-
nótipos que venham atendê-la com grande
eficiência. Esse exercício é bastante difícil para
nós, pois o desenvolvimento de uma nova
cultivar pode durar até quinze anos. Então,
temos que nos antecipar em mais de uma
década quando realizamos as nossas hibrida-
ções, visando produzir os novos tipos que vão
atender à indústria de quase duas décadas
depois. O melhor seria se tivéssemos uma si-
nalização segura da área industrial quanto aos
processos que serão utilizados para o proces-
samento da nova matéria-prima que estamos
“inventando”. Para nós, é um esforço redobra-
do”, admite o pesquisador.
“Vinte anos atrás, fizemos um exercício
para imaginar qual seria a canavicultura do
século 21, qual a cana ideal para atender este
novo cenário, como seria plantada e colhi-
da, se teria ou não mão de obra suficiente e
chegamos à conclusão que todo processo
de plantio e colheita seria mecanizado. Pas-
samos a projetar a cana ideal para atender
aos processos de mecanização, selecionan-
do aquelas com hábito de crescimento mais
ereto, uniformidade biométrica dos colmos
e grande capacidade de perfilhamento que
garantisse canaviais mais longevos, mesmo
sob trânsito mais intenso de equipamentos
nos talhões.
Com certeza, sofreríamos impacto e ris-
co de pisoteio maiores. Então essa cana teria
que ter uma habilidade extra para se perpe-
tuar, com bastante perfilhamento e, também,
maior capacidade de fechamento das entreli-
nhas,sombreandoereduzindo,assim,oefeito
de plantas daninhas. Tudo isso se confirmou,
e a planta ideal para atender a canavicultura
atual é bastante próxima desta que projeta-
mos há vinte anos. Hoje, nós acreditamos que
haverá dois tipos de cana: a cana-de-açúcar e
a cana-energia, esta última para atender co-
geração e produção do etanol de segunda
geração. Podemos ser exatos nesta prospec-
ção de cenários do mesmo modo que acer-
tamos vinte anos atrás, mas podemos nos
equivocar nesta projeção. É um risco inerente
à pesquisa”, relata Landell.
Com três décadas dedicadas à pesquisa,
o diretor avalia que os projetos de melho-
ramento genético no País estão bem estru-
turados quando comparados ao que é feito
em outras regiões canavieiras do mundo,
mas alerta para deficiências na área de apro-
veitamento efetivo de recursos humanos
treinados nas universidades e instituições
públicas. “O melhoramento genético de ca-
na-de-açúcar hoje é muito dependente de
investimento privado. Por um lado, isto indica
a sensibilidade da área de produção para um
segmento da pesquisa de extrema importân-
cia para a sustentabilidade do negócio sucro-
energético. Por outro lado, este modelo de
financiamento está suscetível às intempéries
econômicas, como as que estamos passando
no momento, colocando em risco a continui-
dade de importantes projetos e estudos que
darão sustentabilidade ao setor nas próximas
décadas”, alerta.
MarcosLandell,diretordoCentrodeCana
IAC:ampliaçãodacoleçãodevariedades
canal|marçode2015
32
Atender os mercados de etanol, de
primeira e segunda gerações, e bio-
diesel tem sido o foco das pesquisas
de melhoramento genético da Em-
brapa Agroenergia, como explica o
pesquisador Alexandre Alonso. Coor-
denador do projeto Palmáceas para
Produção de Óleo e Aproveitamento
Econômico de Co-produtos e Resídu-
os, ele destaca duas culturas conside-
radas tradicionais, com sistemas de
cultivo, logística e escala de produção
já bem desenvolvidos: cana-de-açúcar
e palma de óleo.
No primeiro caso, em vez de traba-
lhar novas cultivares via melhoramen-
to tradicional, a unidade, sediada em
Brasília (DF), desenvolve variedades
de cana transgênicas mais tolerantes
a estresses abióticos, principalmente
frio, e adaptáveis à seca. “O objetivo
é desenvolver novas variedades que
possam ampliar a área de cultivo com
a espécie pela inclusão de áreas hoje
consideradas não aptas”, esclarece o
pesquisador.
embrapa tem foco no etanol e biodiesel
Alexandre Alonso, coordenador do projeto Palmáceas para Produção de Óleo e
Aproveitamento Econômico de Co-produtos e Resíduos da Embrapa Agroenergia
canal|marçode2015
33
Já no caso da palma de óleo, a Embra-
pa possui um programa de melhoramento
estabelecido que vem, ao longo dos anos,
disponibilizando materiais genéticos su-
periores, cientificamente chamados i.e.
híbridos intra e interespecíficos, que re-
sultam maior produção de cachos e óleo
por hectare. “A finalidade é disponibilizar
materiais genéticos mais produtivos e
com maior resistência a estresses bióticos
e abióticos”, pontua o coordenador. Além
dessas culturas, também é desenvolvido
o melhoramento de outras espécies co-
mumente agrupadas como potenciais,
pinhão-manso e macaúba, visando me-
lhorar características relacionadas à arqui-
tetura da planta para sistemas de cultivo
intensivo. “Ambas as espécies destacam-se
pela elevada produção de óleo, e o obje-
tivo das pesquisas atualmente é conhecer
sua diversidade e iniciar o seu processo de
adaptação para cultivo tecnificado”, conta.
Alonso lembra que o País é hoje refe-
rência no mercado de agroenergia, princi-
palmente devido ao sucesso obtido com
o etanol produzido a partir da canade-
-açúcar e do biodiesel a partir do óleo de
soja. “O caso da soja é emblemático, pois
sem todo o trabalho de melhoramento de-
senvolvido com a
espécie não seria
possível o culti-
vo extensivo em
áreas de Cerrado.
Alonso ressalta que
os resultados do me-
lhoramento benefi-
ciam desde o ho-
mem do campo,
passando pelas
empresas, até
chegar ao
consumidor
final. Ele pon-
dera que, para muitas
culturas, o desenvolvimento de novas cul-
tivares mais produtivas via melhoramento
pode significar um salto de produção, tor-
nando o empreendimento mais lucrativo
e/ou sustentável. Já no caso das espécies
destinadas à produção de biodiesel, pros-
segue o coordenador, existe ainda um im-
portante componente social. “Empresas
produtoras de biodiesel devem garantir
a compra de matéria-prima de pequenos
agricultores familiares.
O desenvolvimento de matérias-primas
mais produtivas, portanto, tem grande po-
tencial de geração de empregos, especial-
mente no que tange à agricultura familiar.
Em ultima instância é a população que se
beneficia das pesquisas em melhoramento
genético, pois a disponibilização de mate-
riais genéticos mais produtivos contribui
para a garantia da segurança energética,
para o aumento da quantidade e qualidade
dos produtos – nesse caso, biocombustí-
veis e coprodutos –, e também para a gera-
ção de empregos e renda”, afirma.
3291-5700
3293-2900
3292-4455
RUA 220, 185 - QUADRA 69, LOTE 15 - CEP: 74.535-090
SETOR COIMBRA - GOIÂNIA - GO.
glagronegocios@hotmail.com
(62)
(62)
(62)

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (20)

Cultivares de algodão
Cultivares de algodão Cultivares de algodão
Cultivares de algodão
 
CULTIVARES DE SOJA
CULTIVARES DE SOJACULTIVARES DE SOJA
CULTIVARES DE SOJA
 
Melhoramento Genético e Biotecnologias de Milho
Melhoramento Genético e Biotecnologias de MilhoMelhoramento Genético e Biotecnologias de Milho
Melhoramento Genético e Biotecnologias de Milho
 
Preparação do Solo e Aplicação
Preparação do Solo e AplicaçãoPreparação do Solo e Aplicação
Preparação do Solo e Aplicação
 
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta(ILPF)
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta(ILPF)Integração Lavoura-Pecuária-Floresta(ILPF)
Integração Lavoura-Pecuária-Floresta(ILPF)
 
Fiscalização em campo de produção de sementes
Fiscalização em campo de produção de sementesFiscalização em campo de produção de sementes
Fiscalização em campo de produção de sementes
 
Plantas daninhas e seu controle
Plantas daninhas e seu controlePlantas daninhas e seu controle
Plantas daninhas e seu controle
 
INTRODUÇÃO À CULTURA DA SOJA
INTRODUÇÃO À CULTURA DA SOJAINTRODUÇÃO À CULTURA DA SOJA
INTRODUÇÃO À CULTURA DA SOJA
 
BIOTECNOLOGIAS DE SOJA E MILHO
BIOTECNOLOGIAS DE SOJA E MILHOBIOTECNOLOGIAS DE SOJA E MILHO
BIOTECNOLOGIAS DE SOJA E MILHO
 
Preparação do solo, uso de corretivos e tecnologias de aplicação.
Preparação do solo,  uso de corretivos e tecnologias de aplicação.Preparação do solo,  uso de corretivos e tecnologias de aplicação.
Preparação do solo, uso de corretivos e tecnologias de aplicação.
 
Tecnologia e Produção de Sementes Forrageiras no Brasil
Tecnologia e Produção de Sementes Forrageiras no BrasilTecnologia e Produção de Sementes Forrageiras no Brasil
Tecnologia e Produção de Sementes Forrageiras no Brasil
 
NEMATOIDES E ÁCAROS NA SOJA
NEMATOIDES E ÁCAROS NA SOJANEMATOIDES E ÁCAROS NA SOJA
NEMATOIDES E ÁCAROS NA SOJA
 
Fertilidade do solo
Fertilidade do soloFertilidade do solo
Fertilidade do solo
 
Viveiricultura
Viveiricultura Viveiricultura
Viveiricultura
 
Agroecologia hoje
Agroecologia hojeAgroecologia hoje
Agroecologia hoje
 
Sistemas de irrigação
Sistemas de irrigaçãoSistemas de irrigação
Sistemas de irrigação
 
Cultura da Mandioca.pptx
Cultura da Mandioca.pptxCultura da Mandioca.pptx
Cultura da Mandioca.pptx
 
Mip- mandioca
Mip- mandiocaMip- mandioca
Mip- mandioca
 
Manejo de Doenças no Sorgo e Milheto
Manejo de Doenças no Sorgo e Milheto  Manejo de Doenças no Sorgo e Milheto
Manejo de Doenças no Sorgo e Milheto
 
Normas de Produção de Sementes
Normas de Produção de SementesNormas de Produção de Sementes
Normas de Produção de Sementes
 

Semelhante a Melhoramento genético para todos

Cartilha SEA 2010
Cartilha SEA 2010Cartilha SEA 2010
Cartilha SEA 2010
nucane
 
Cartilha SAE 2010
Cartilha SAE 2010Cartilha SAE 2010
Cartilha SAE 2010
nucane
 
Importância da manutenção de variabilidade genética para os produtores rurais
Importância da manutenção de variabilidade genética para os produtores ruraisImportância da manutenção de variabilidade genética para os produtores rurais
Importância da manutenção de variabilidade genética para os produtores rurais
Rural Pecuária
 
IAC chega à sua milésima variedade
IAC chega à sua milésima variedadeIAC chega à sua milésima variedade
IAC chega à sua milésima variedade
Agricultura Sao Paulo
 
gps8_a_agricultura_pecuaria.pptx
gps8_a_agricultura_pecuaria.pptxgps8_a_agricultura_pecuaria.pptx
gps8_a_agricultura_pecuaria.pptx
SusanaMarques87
 

Semelhante a Melhoramento genético para todos (20)

Biologia 1001 integral_prof. josiane_projetosemanadomeioambiente_ciep424pedro...
Biologia 1001 integral_prof. josiane_projetosemanadomeioambiente_ciep424pedro...Biologia 1001 integral_prof. josiane_projetosemanadomeioambiente_ciep424pedro...
Biologia 1001 integral_prof. josiane_projetosemanadomeioambiente_ciep424pedro...
 
Cartilha SEA 2010
Cartilha SEA 2010Cartilha SEA 2010
Cartilha SEA 2010
 
Cartilha SAE 2010
Cartilha SAE 2010Cartilha SAE 2010
Cartilha SAE 2010
 
Dac moda ano internacional das leguminosas 2016
Dac moda ano internacional das leguminosas   2016Dac moda ano internacional das leguminosas   2016
Dac moda ano internacional das leguminosas 2016
 
Importância da manutenção de variabilidade genética para os produtores rurais
Importância da manutenção de variabilidade genética para os produtores ruraisImportância da manutenção de variabilidade genética para os produtores rurais
Importância da manutenção de variabilidade genética para os produtores rurais
 
Guia do milho_cib
Guia do milho_cibGuia do milho_cib
Guia do milho_cib
 
Agriculturas abr2014
Agriculturas abr2014Agriculturas abr2014
Agriculturas abr2014
 
HORTALICAS 2014 ANUARIO
HORTALICAS 2014 ANUARIOHORTALICAS 2014 ANUARIO
HORTALICAS 2014 ANUARIO
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Aula 1
Aula 1Aula 1
Aula 1
 
Mesa 2 – conservação da biodiversidade renato2012
Mesa 2 – conservação da biodiversidade renato2012Mesa 2 – conservação da biodiversidade renato2012
Mesa 2 – conservação da biodiversidade renato2012
 
IAC chega à sua milésima variedade
IAC chega à sua milésima variedadeIAC chega à sua milésima variedade
IAC chega à sua milésima variedade
 
Biologia 2001 integral projeto semana do meio ambiente 2018_ciep424_pedroamorim
Biologia 2001 integral projeto semana do meio ambiente 2018_ciep424_pedroamorimBiologia 2001 integral projeto semana do meio ambiente 2018_ciep424_pedroamorim
Biologia 2001 integral projeto semana do meio ambiente 2018_ciep424_pedroamorim
 
Agricultura e pecuária
Agricultura e pecuáriaAgricultura e pecuária
Agricultura e pecuária
 
Cana de açúcar!
Cana de açúcar!Cana de açúcar!
Cana de açúcar!
 
Aula_3
Aula_3Aula_3
Aula_3
 
gps8_a_agricultura_pecuaria.pptx
gps8_a_agricultura_pecuaria.pptxgps8_a_agricultura_pecuaria.pptx
gps8_a_agricultura_pecuaria.pptx
 
agricultura.pptx
agricultura.pptxagricultura.pptx
agricultura.pptx
 
Mesa 2 conservação renato jundiaí2012
Mesa 2   conservação renato jundiaí2012Mesa 2   conservação renato jundiaí2012
Mesa 2 conservação renato jundiaí2012
 

Mais de Agricultura Sao Paulo

Mais de Agricultura Sao Paulo (20)

Usina de Lixo Verde tem expectativa de desfecho
Usina de Lixo Verde  tem expectativa de desfechoUsina de Lixo Verde  tem expectativa de desfecho
Usina de Lixo Verde tem expectativa de desfecho
 
Laboratórios de ponta são inaugurados no IAC
Laboratórios de ponta são inaugurados no IACLaboratórios de ponta são inaugurados no IAC
Laboratórios de ponta são inaugurados no IAC
 
Globo Rural Responde: Laranja atacada
Globo Rural Responde: Laranja atacadaGlobo Rural Responde: Laranja atacada
Globo Rural Responde: Laranja atacada
 
IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019
IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019
IAC/SAA apresenta o censo de irrigação na cana para 2019
 
Chuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e Agosto
Chuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e AgostoChuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e Agosto
Chuvas de Maio de 2019 & previsões para Junho, Julho e Agosto
 
Nova variedades no campo
Nova variedades no campoNova variedades no campo
Nova variedades no campo
 
Batata-Semente produzida no ar
Batata-Semente produzida no arBatata-Semente produzida no ar
Batata-Semente produzida no ar
 
Nova técnica para cultivo de maracujá no PR
Nova técnica para cultivo de maracujá no PR Nova técnica para cultivo de maracujá no PR
Nova técnica para cultivo de maracujá no PR
 
Captação de água em debate
Captação de água em debateCaptação de água em debate
Captação de água em debate
 
Novas Cultivares de uvas para região sul
Novas Cultivares de uvas para região sul     Novas Cultivares de uvas para região sul
Novas Cultivares de uvas para região sul
 
Globo Rural Responde:manchas brancas em limoeiro
Globo Rural Responde:manchas brancas em limoeiroGlobo Rural Responde:manchas brancas em limoeiro
Globo Rural Responde:manchas brancas em limoeiro
 
Captação de água em debate
Captação de água em debateCaptação de água em debate
Captação de água em debate
 
Chuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agosto
Chuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agostoChuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agosto
Chuvas de Abril de 2019 & previsões para junho, julho e agosto
 
Extremistas não terão vez na agricultura paulista
Extremistas não terão vez na agricultura paulistaExtremistas não terão vez na agricultura paulista
Extremistas não terão vez na agricultura paulista
 
Amendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custo
Amendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custoAmendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custo
Amendoim na palha, o caminho para reduzir erosão e custo
 
Para ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimento
Para ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimentoPara ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimento
Para ter raiz profunda é preciso também aprofundar o conhecimento
 
As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados
As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados
As tecnologias do negócio cana-de-açúcar gerando os melhores resultados
 
Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019
Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019
Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019
 
A importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPB
A importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPBA importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPB
A importância do manejo dos insumos e agua: desafios na produtividade de MPB
 
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviaisNematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
 

Último

Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .
Geagra UFG
 
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF LazzeriniFATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
fabiolazzerini1
 

Último (7)

70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx
70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx
70mmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm7367.pptx
 
Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .Biotecnologias e manejos de cultivares .
Biotecnologias e manejos de cultivares .
 
608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx
608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx
608802261-Europa-Asia-Oceania-dominios-morfoclimaticos.pptx
 
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF LazzeriniFATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
FATORES NATURAIS TERAPEUTICOS #NTF Lazzerini
 
Apresentacao-Novo-Marco-do-Saneamento.pdf
Apresentacao-Novo-Marco-do-Saneamento.pdfApresentacao-Novo-Marco-do-Saneamento.pdf
Apresentacao-Novo-Marco-do-Saneamento.pdf
 
PUBERDADE E TIPOS DE REPRODUÇÃO EM CÃES.
PUBERDADE E TIPOS DE REPRODUÇÃO EM CÃES.PUBERDADE E TIPOS DE REPRODUÇÃO EM CÃES.
PUBERDADE E TIPOS DE REPRODUÇÃO EM CÃES.
 
SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.ppt
SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.pptSustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.ppt
SustentabilidadeUrbana_DireitoCidade_21Mai10.ppt
 

Melhoramento genético para todos

  • 1. canal|marçode2015 28 Melhoramento genético para todos pesquisa Líria Rezende E m uma ilha remota próxima ao Polo Norte e habitada por focas, ursos po- lares, aves e leões marinhos, um su- per cofre abriga um dos maiores tesouros da humanidade e, ao mesmo tempo, uma riqueza de valor incalculável. Amostras sele- cionadas de praticamente todos os vegetais existentes permanecem armazenadas de- baixo de uma montanha onde a temperatu- ra nunca ultrapassa os 20ºC negativos. Mais conhecido como Arca do Fim do Mundo, uma espécie de Arca de Noé subterrânea dos alimentos, o Banco Global de Sementes de Svalbard, na Noruega, conta com amos- tras de diversos países e tem capacidade para guardar 4,5 milhões de sementes em embalagens hermeticamente lacradas e, acredite, a salvo de terremotos, inundações, aquecimento e até mesmo explosões nu- cleares e queda de asteróides. É o que os es- pecialistas em melhoramento genético de plantas chamam de acessos, isto é, amos- tras reduzidas com sementes represen- tativas de diferentes populações de uma mesma espécie. A caixa forte foi inaugura- da em 2008 e, de lá pra cá, já recebeu do Brasil acessos de três culturas seculares, bá- sicas na nossa agricultura e extremamente presentes na alimentação cotidiana: milho, arroz e, mais recentemente, feijão – todas cedidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e réplicas de cole- ções nucleares já existentes no País. Do distante arquipélago de Svalbard para terras tupiniquins, o feijão que você come na sua casa passou por no mínimo quinze anos de pesquisa. É o que garante o coordenador da Coleção Nuclear de Feijão Comum da Embrapa Arroz e Feijão, Jaison Pereira. Ele explica que as 514 variedades de feijão depositadas este ano na caixa forte nórdica são uma cópia da coleção nuclear, compilação estratégica que reúne linhagens, cultivares melhoradas e acessos tradicionais Pesquisas desenvolvidas ao longo de anos estão atentas à crescente demanda por alimentos e energia Jaison Pereira, coordenador da Coleção Nuclear de Feijão Comum da Embrapa Arroz e Feijão
  • 2. canal|marçode2015 29 tiplicar mais sementes, é preciso haver um estoque mínimo. À medida que a gente vai multiplicando, disponibilizamos para aqueles que solicitaram primeiro. No próximo ano, a expectativa é conceder mais variedades para outras instituições e pesquisadores, a fim de que possam enriquecer suas pesquisas. É o que chamamos de valoração, aumentar o va- lor do germoplasma, produzir novos genes”, esclarece Jaison Pereira. Reflexos no campo e na mesa Na prática, o melhoramento genético de plantas visando a alimentação humana tem seus reflexos no campo e na mesa, sobretu- do em tempos de aumento da demanda por produção de alimentos. Maior produtividade, resistência a fatores climáticos e tolerância a pragas e doenças, minimizando o uso de in- sumos agrícolas e os impactos ambientais de pulverizações com agrotóxicos, estão entre as principais vantagens, como aponta o co- ordenador. “O melhoramento de plantas em si tem uma contribuição muito grande para o agronegócio brasileiro. É um trabalho ex- tremamente múltiplo e importante para toda a cadeia produtiva, do pequeno ao grande agricultor, e também para o consumidor final. Se a lavoura produz mais, há mais oferta, pre- ço menor e um produto sempre novo, recém- -colhido, na mesa do consumidor, sem falar em segurança alimentar e maior qualidade nutricional”, salienta o pesquisador. Ele pon- tua que, apesar de não ser pioneiro, o Brasil segue como referência em se tratando de melhoramento genético para a agricultura de clima tropical. “O sucesso da humanidade se deve à agricultura e, sobretudo, ao melhora- mento de plantas”, acrescenta. “Não teria tanta gente se alimentando no Planeta se não houvesse melhoramento ge- nético, isso ninguém discute. É a tecnologia mais fundamental com a qual a agricultura pode contar, mais que adubação ou controle de pragas, por exemplo, é o que tem de mais satisfatórioeimportanteparamelhorarapro- dutividade”, enfatiza o diretor de Genética do Instituto Agronômico de Campinas, Carlos C o - l o m - bo. Fun- dado por D. Pedro II em 1887, inicialmente para atender a cafeicul- tura, o IAC é reconhe- cidamente pioneiro na pesquisa latino-americana de culturas como algodão, cana, mandioca, amendoim, arroz, feijão e soja. A propósito, cultura expressiva na agricultura brasileira, a soja é um caso in- teressante que exemplifica a importância do setor de melhoramento. De acordo com o diretor, o que era impossível cerca de trinta anos atrás hoje é realidade graças às pesqui- sas na área: plantação de soja no norte do Maranhão, na linha do Equador. Isso porque a soja plantada na China, de dias curtos e habituada à latitude alta, não daria certo em território brasileiro, já que necessita de certa quantidade de luz inexistente nos países tro- picais. “Foi a seleção genética de plantas de dias longos que possibilitou seu desenvolvi- mento por aqui”, relata. Carlos Colombo conta que, em termos de melhoramento, o feijão “está lá na frente”, lapidando o que já se possui, tudo sempre em cadeia.“O feijão é um bom exemplo. Du- rante muito tempo, o melhoramento visava produtividade, quilos por hectare. Um feijão tem que ser resistente a doenças, tolerante à seca etc. Enfim, uma planta produtiva é uma planta sadia. De uns dez, quinze anos pra cá, o mercado consumidor começou a exigir qua- lidade do feijão tipo carioca na panela. Tem feijão que, depois de colhido, vai oxidando e escurece. Isso não atrai quem vai comprar, prefere-se o mais claro, grãos que não escu- reçam com o passar do tempo. Tempo de cozimento menor é outra característica que também é genética. Isso é o mercado que está exigindo, funciona em cadeia. O melho- ramento tem que enxergar todo o processo. Além disso, o custo de produção não pode ser caro, pois prejudica tanto o produtor quanto o consumidor”, assinala o diretor. cultivados pela população brasileira desde a década de 1970. Trata-se de uma amos- tra representativa porque é o suprassumo de uma biblioteca viva ainda maior, cien- tificamente denominada Banco Ativo de Germoplasma, que totaliza 18 mil acessos de feijão de todos os continentes. Sediado em Santo Antônio de Goiás (GO) e prestes a completar quatro décadas no próximo ano, este é o maior banco brasileiro de germoplasma de feijão comum e o quarto maior do mundo, segundo o pesquisador. Nele, sementes de feijão de tipos bastante consumidos, como carioca, preto, mulati- nho, roxinho e jalo, dentre outras, ficam ar- mazenadas a uma temperatura entre 10ºC a 12ºC e 20% de umidade. Acontece que (não é difícil imaginar) entre 18 mil acessos e 500 acessos, é bem mais fácil trabalhar com uma quantidade reduzida, porém variada. “Este é o objeti- vo da coleção nuclear, reduzir o número de acessos, selecionar o material mais di- vergente possível e sempre ter uma pos- sibilidade maior de trabalho e alcance. A coleção é dinâmica, podem entrar novos genótipos nela. Uma coleção nuclear não pode ser muito grande, não pode dificultar o tra- balho de atender o melhoramento gené- tico de plantas, porque senão fica inviável. Muita coisa que é guardada acaba sendo repetida. É o que a gente chama de redun- dância, a coleta de material aparentado em várias partes do País”, explica Jaison. “O Banco Global faz solicitação a alguns países potenciais que são referência em certa cultura. O Brasil é o que mais produz e mais consome feijão, que mundialmente é extremamente importante, sobretudo para os países mais pobres, porque é considera- do a carne do pobre. O Brasil planta feijão desde a época dos índios, e este material está sendo adaptado há mais de 500 anos, o que cria um acesso regionalizado, adap- tado a muito calor, muita seca, por exem- plo. Então acaba sendo um germoplasma importantíssimo em termos mundiais”, ressalta o coordenador. Em outras palavras, estes bancos funcionam como um verda- deiro backup, resguardando uma seleção sofisticada da variabilidade genética de de- terminado alimento. Destinada à pesquisa e produção de novas variedades, a Coleção Nuclear de Feijão da Embrapa foi estruturada nos últi- mos sete anos e é resultado de um trabalho incansável – adjetivo, aliás, bem conhecido dos geneticistas. A ideia é selecionar os grãos mais divergentes, ou seja, aqueles que não têm parentesco entre si, possibi- litando maior variedade. Em julho último, outra cópia foi cedida ao Instituto Agro- nômico do Paraná (Iapar), e a perspectiva é disponibilizá-la a diferentes instituições, inclusive da China e de países da África. “É um processo continuado, precisamos mul- Carlos Colombo, diretor de Genética do Instituto Agronômico de Campinas (IAC)
  • 3. Mas é um outro produto que vem concentrando os esforços do pesqui- sador Carlos Colombo nos últimos oito anos. A menina dos olhos do diretor de Genética do IAC é a macaúba: “não de- manda muita água, ocorre em ambientes bastante secos, tem óleo de qualidade igual ou superior ao dendê e apresenta produtividade naturalmente alta”, como destaca Colombo. Palmeira nativa que ocorre do Méxi- co ao norte da Argentina e em todas as regiões do Brasil, o fruto da macaúba, algo em torno de cinco centímetros de diâmetro, tem chamado a atenção dos pesquisadores do IAC pelo alto teor de óleo, visando também a alimentação hu- mana, mas sobretudo a geração de ener- gia. “O teor do óleo da polpa vai de 10% a 72%, ou seja, é muito grande a variação. “O objetivo é criar novas variedades da planta, uma alternativa de grande poten- cial para produção de biodiesel”, aponta o responsável. Ele explica que, naturalmente, a ma- caúba chega a produzir anualmente qua- tro mil quilos de óleo por hectare, consi- derando-se 400 plantas por hectare. Para ter uma ideia do que isso representa, a soja, principal matéria-prima para ob- tenção de biodiesel no País, registra uma quantidade dez vezes menor, cerca de 420 quilos por hec- tare, o girassol, 890, a mamona, 1.320 quilos de óleo por ano, e o dendê, que exige muita água, seis mil quilos. “Com o melhoramento da macaú- ba, a expectativa é chegar a oito mil quilos de óleo por hectare”, relata o diretor. A expectativa é lançar uma cultivar de macaúba daqui a oito anos. Usada há muito tempo na alimenta- ção por produtores locais, principalmen- te no Mato Grosso, a macaúba também é bastante conhecida em Minas Gerais, onde o óleo da polpa é tradicionalmen- te usado para fazer sabão. Nos primeiros anos de estudo, os esforços se concen- traram na seleção de variedades, com intenso contato entre melhorista e pro- dutor. “A macaúba é muito interessante para populações de baixa renda, isso porque ela é perene, você planta uma só vez e a mesma planta produz por anos seguidos, a exemplo do café. Além disso, pode-se usar a entressafra para plantar outras coisas, você não vai mecanizar, não exige terrenos planos. É uma alter- nativa importante para essas populações que não plantam culturas mecanizadas porque não dispõem de solo, ambiente e condições propícias”, diz. potencial para gerar energia O que parece redundante resume bem a complexidade deste trabalho: se melhoramento, como o próprio nome diz, é desenvolver uma coisa melhor do que já existe, a tendência é que, quan- to mais variedade houver de uma de- terminada planta e quanto mais ela for pesquisada, mais difícil se tornará o me- lhoramento em algum estágio. Para os especialistas, não é nenhuma novidade nem contradição, mas sim algo inerente à atividade. “A planta mais recente em termos de melhoramento no Brasil é a macaúba. A gente observa uma variabi- lidade grande em quantidade de óleo, fruto, caule. É muito fácil achar coisa boa no começo. Daqui a uns cem anos, quem continuar vai ter muita dificulda- de, esgotando a variação que interes- sa, pois terá se chegado a um patamar. Melhoramento depende disso, é fazer o melhor”, analisa. www.sesigo.org.br O Sesi Ginástica na Empresa é o mais conceituado programa de ginástica laboral do País. Com um quadro de atividades físicas que se adapta às necessidades de sua empresa, o programa estimula a motivação do trabalhador, aumenta sua saúde e diminui a ocorrência de eventuais faltas ao trabalho. Central de Atendimentos: Goiânia - 4002 6213 | Demais localidades - 0800 642 1313 SistemaFieg/Ascom 8 vezes campeão no Prêmio Marca Brasil Contrate o Sesi Ginástica na empresa e eleve sua produtividade. canal|marçode2015 30
  • 4. Pioneirismo no melhoramento da cana canal|marçode2015 31 Com o mais antigo programa de melho- ramento de cana-de-açúcar em atividade no País, desde 1933, a unidade do IAC em Ribei- rão Preto (SP) foi escolhida há pouco mais de um ano para acolher a terceira réplica da coleção mundial da cultura – as outras estão na Índia e nos Estados Unidos. O diretor do Centro de Cana IAC, Marcos Landell, explica que a instituição sempre teve uma coleção, mas começou a dialogar internacionalmente para deter um arquivo com maior variabilida- de genética. Ao todo, são 1.500 variedades de cana vindas principalmente das regiões de origem, na Ásia, como Índia e China. E a escolha do País não foi à toa, relata o pesquisador: se deve à importância estratégica na produção de cana e, também, à insistência do próprio IAC.“Neste primeiro ano de operação, em co- operação com a iniciativa privada, trouxemos 200 materiais dos Estados Unidos que estão sendo introduzidos, mantidos em quarente- na, para que não haja risco de novas pragas. Agora o esforço é aumentar a capacidade de importação através da ampliação do quaren- tenário do IAC, quem sabe com 300, 350 por ano. Para o Brasil, a coleção tem significado econômico. Estamos importando este mate- rial, que está hoje em Miami, e a expectativa é que em três ou quatro anos tenhamos con- cluído esta tarefa”, pontua Landell. Criar novos tipos de cana-de-açúcar para atender a indústria sucroenergética é o prin- cipal objetivo do Centro de Cana IAC, reorga- nizado há vinte anos. Detentor, dentre vários projetos, de 22 variedades sucroalcooleiras, sendo duas com características forrageiras que passaram a ser referência nacional por atender o importante segmento da pecuária de corte e de leite, o Centro vem estudando desde 2009 tipos selvagens, mais rústicos, para desenvolver uma nova cana voltada à produção de energia via biomassa. “A cana- energia, como chamamos, tem alta capaci- dade de acúmulo de biomassa, alto teor de fibra e baixo teor de açúcar”, conta Landell. Ele observa que enquanto a planta conven- cional registra de 10% a 13% de fibra, o novo biótipo apresenta acima de 20%, podendo atingir valores superiores a 30% de fibra. Já o teor de açúcar, próximo a 17% na conven- cional, passará para 1% a 3% na cana-energia. Na prática, isso significa o dobro ou triplo de produtividade quando consideradas as novas possibilidades do etanol de segunda geração, utilizando-se para industrialização a cana- energia. A expectativa, conforme o diretor, é que a tecnologia esteja disponível no merca- do dentro de quatro anos. “Estamos criando o novo tipo de cana a partir de um cenário da futura indústria que irá fazer uso desta matéria-prima. Os progra- mas de melhoramento brasileiros estão num exercício de tentar prever como será a indús- tria que vai converter e, assim, selecionar ge- nótipos que venham atendê-la com grande eficiência. Esse exercício é bastante difícil para nós, pois o desenvolvimento de uma nova cultivar pode durar até quinze anos. Então, temos que nos antecipar em mais de uma década quando realizamos as nossas hibrida- ções, visando produzir os novos tipos que vão atender à indústria de quase duas décadas depois. O melhor seria se tivéssemos uma si- nalização segura da área industrial quanto aos processos que serão utilizados para o proces- samento da nova matéria-prima que estamos “inventando”. Para nós, é um esforço redobra- do”, admite o pesquisador. “Vinte anos atrás, fizemos um exercício para imaginar qual seria a canavicultura do século 21, qual a cana ideal para atender este novo cenário, como seria plantada e colhi- da, se teria ou não mão de obra suficiente e chegamos à conclusão que todo processo de plantio e colheita seria mecanizado. Pas- samos a projetar a cana ideal para atender aos processos de mecanização, selecionan- do aquelas com hábito de crescimento mais ereto, uniformidade biométrica dos colmos e grande capacidade de perfilhamento que garantisse canaviais mais longevos, mesmo sob trânsito mais intenso de equipamentos nos talhões. Com certeza, sofreríamos impacto e ris- co de pisoteio maiores. Então essa cana teria que ter uma habilidade extra para se perpe- tuar, com bastante perfilhamento e, também, maior capacidade de fechamento das entreli- nhas,sombreandoereduzindo,assim,oefeito de plantas daninhas. Tudo isso se confirmou, e a planta ideal para atender a canavicultura atual é bastante próxima desta que projeta- mos há vinte anos. Hoje, nós acreditamos que haverá dois tipos de cana: a cana-de-açúcar e a cana-energia, esta última para atender co- geração e produção do etanol de segunda geração. Podemos ser exatos nesta prospec- ção de cenários do mesmo modo que acer- tamos vinte anos atrás, mas podemos nos equivocar nesta projeção. É um risco inerente à pesquisa”, relata Landell. Com três décadas dedicadas à pesquisa, o diretor avalia que os projetos de melho- ramento genético no País estão bem estru- turados quando comparados ao que é feito em outras regiões canavieiras do mundo, mas alerta para deficiências na área de apro- veitamento efetivo de recursos humanos treinados nas universidades e instituições públicas. “O melhoramento genético de ca- na-de-açúcar hoje é muito dependente de investimento privado. Por um lado, isto indica a sensibilidade da área de produção para um segmento da pesquisa de extrema importân- cia para a sustentabilidade do negócio sucro- energético. Por outro lado, este modelo de financiamento está suscetível às intempéries econômicas, como as que estamos passando no momento, colocando em risco a continui- dade de importantes projetos e estudos que darão sustentabilidade ao setor nas próximas décadas”, alerta. MarcosLandell,diretordoCentrodeCana IAC:ampliaçãodacoleçãodevariedades
  • 5. canal|marçode2015 32 Atender os mercados de etanol, de primeira e segunda gerações, e bio- diesel tem sido o foco das pesquisas de melhoramento genético da Em- brapa Agroenergia, como explica o pesquisador Alexandre Alonso. Coor- denador do projeto Palmáceas para Produção de Óleo e Aproveitamento Econômico de Co-produtos e Resídu- os, ele destaca duas culturas conside- radas tradicionais, com sistemas de cultivo, logística e escala de produção já bem desenvolvidos: cana-de-açúcar e palma de óleo. No primeiro caso, em vez de traba- lhar novas cultivares via melhoramen- to tradicional, a unidade, sediada em Brasília (DF), desenvolve variedades de cana transgênicas mais tolerantes a estresses abióticos, principalmente frio, e adaptáveis à seca. “O objetivo é desenvolver novas variedades que possam ampliar a área de cultivo com a espécie pela inclusão de áreas hoje consideradas não aptas”, esclarece o pesquisador. embrapa tem foco no etanol e biodiesel Alexandre Alonso, coordenador do projeto Palmáceas para Produção de Óleo e Aproveitamento Econômico de Co-produtos e Resíduos da Embrapa Agroenergia
  • 6. canal|marçode2015 33 Já no caso da palma de óleo, a Embra- pa possui um programa de melhoramento estabelecido que vem, ao longo dos anos, disponibilizando materiais genéticos su- periores, cientificamente chamados i.e. híbridos intra e interespecíficos, que re- sultam maior produção de cachos e óleo por hectare. “A finalidade é disponibilizar materiais genéticos mais produtivos e com maior resistência a estresses bióticos e abióticos”, pontua o coordenador. Além dessas culturas, também é desenvolvido o melhoramento de outras espécies co- mumente agrupadas como potenciais, pinhão-manso e macaúba, visando me- lhorar características relacionadas à arqui- tetura da planta para sistemas de cultivo intensivo. “Ambas as espécies destacam-se pela elevada produção de óleo, e o obje- tivo das pesquisas atualmente é conhecer sua diversidade e iniciar o seu processo de adaptação para cultivo tecnificado”, conta. Alonso lembra que o País é hoje refe- rência no mercado de agroenergia, princi- palmente devido ao sucesso obtido com o etanol produzido a partir da canade- -açúcar e do biodiesel a partir do óleo de soja. “O caso da soja é emblemático, pois sem todo o trabalho de melhoramento de- senvolvido com a espécie não seria possível o culti- vo extensivo em áreas de Cerrado. Alonso ressalta que os resultados do me- lhoramento benefi- ciam desde o ho- mem do campo, passando pelas empresas, até chegar ao consumidor final. Ele pon- dera que, para muitas culturas, o desenvolvimento de novas cul- tivares mais produtivas via melhoramento pode significar um salto de produção, tor- nando o empreendimento mais lucrativo e/ou sustentável. Já no caso das espécies destinadas à produção de biodiesel, pros- segue o coordenador, existe ainda um im- portante componente social. “Empresas produtoras de biodiesel devem garantir a compra de matéria-prima de pequenos agricultores familiares. O desenvolvimento de matérias-primas mais produtivas, portanto, tem grande po- tencial de geração de empregos, especial- mente no que tange à agricultura familiar. Em ultima instância é a população que se beneficia das pesquisas em melhoramento genético, pois a disponibilização de mate- riais genéticos mais produtivos contribui para a garantia da segurança energética, para o aumento da quantidade e qualidade dos produtos – nesse caso, biocombustí- veis e coprodutos –, e também para a gera- ção de empregos e renda”, afirma. 3291-5700 3293-2900 3292-4455 RUA 220, 185 - QUADRA 69, LOTE 15 - CEP: 74.535-090 SETOR COIMBRA - GOIÂNIA - GO. glagronegocios@hotmail.com (62) (62) (62)